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ARTIGO
ORIGINAL
Portuguese
cultural
adaptation
and
validation
of
the
Activities
Scale
for
Kids
(ASK)
夽
,
夽夽
Daniela
Paixão
a,∗,
Luís
Manuel
Cavalheiro
a,b,
Rui
Soles
Gonc
¸alves
a,be
Pedro
Lopes
Ferreira
b,caInstitutoPolitécnicodeCoimbra,CoimbraHealthSchool,Coimbra,Portugal
bCentrodeEstudoseInvestigac¸ãoemSaúde,UniversityofCoimbra,Coimbra,Portugal cFaculdadedeEconomia,UniversityofCoimbra,Coimbra,Portugal
Recebidoem24demaiode2015;aceitoem23desetembrode2015
KEYWORDS
Child; Disability; Performance; Capability; Outcomemeasures
Abstract
Objectives: Themainpurposeofthecurrentstudywastoperformthecrosscultural adapta-tionandvalidationoftheActivitiesScaleforKids(ASK)bothinitscapabilityandperformance versionstotheEuropeanPortugueselanguagesoitcanbeusedinPortugalbyhealthcare pro-fessionalsinchildrenfrom5to15yearsofagewithfunctionaldisabilitiesrelatedtospecific healthconditions.
Methods: The cross-culturaladaptation ofASKfollowed theclassic sequentialmethodology for linguistic equivalence.To test itsvalidity, internal consistency,and reproducibility,the PortugueseversionofASKwasadministeredtogetherwiththeKINDLQuestionnaire(KINDL)to88 children(10±3yearsofage)withfunctionallimitations.Thetest---reteststudywasconducted twoweeksapart.
Results: After obtaining the semantic and content validity, the Portuguese version ofASK demonstrated goodlevels ofreproducibility(performance: intraclasscorrelationcoefficient [ICC]=0.99;capability:ICC=0.98)andinternalconsistency(performance:˛=0.98;capability: ˛=0.97).ThecorrelationsbetweenASKandKINDLwerepositiveandmoderate.
Conclusions: ThePortugueseversionofASKshowedacceptablelevelsofvalidity,internal con-sistency,andreproducibility;theauthorsrecommenditsuseinclinicalsettings.
©2016PublishedbyElsevierEditoraLtda.onbehalfofSociedadeBrasileiradePediatria.Thisis anopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/ by-nc-nd/4.0/).
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2015.09.010
夽 Comocitaresteartigo:PaixãoD,CavalheiroLM,Gonc¸alvesRS,FerreiraPL.PortugueseculturaladaptationandvalidationoftheActivities
ScaleforKids(ASK).JPediatr(RioJ).2016;92:367---73.
夽夽EstudofeitonoInstitutoPolitécnicodeCoimbra,EscolaSuperiordeTecnologiadaSaúdedeCoimbra,Coimbra,Portugal. ∗Autorparacorrespondência.
E-mail:danielapaixaomartins@gmail.com(D.Paixão).
PALAVRAS-CHAVE
Crianc¸a; Deficiência; Desempenho; Capacidade; Medidasdos resultados
Adaptac¸ãoàculturaportuguesaevalidac¸ãodaEscaladeAtividadesparaCrianc¸as (ASK)
Resumo
Objetivos: Fazeraadaptac¸ãotransculturalparaoportuguêseuropeueavalidac¸ãodasversões decapacidade edesempenhodaEscala deAtividadesparaCrianc¸as(ActivityScalefor Kids
[ASK]),deformaquepossaserusadaemPortugalporprofissionaisdasaúdecomcrianc¸asde5 a15anoscomdeficiênciasfuncionaisrelacionadasadoenc¸asespecíficas.
Métodos: Aadaptac¸ãotransculturaldaASKseguiuametodologiasequencialclássicaparaobter equivalêncialinguística.Paratestarsuavalidade,coerênciainternaereprodutibilidade,a ver-sãoemportuguêsdaASKfoiadministradajuntamentecomoquestionárioKINDLem88crianc¸as (10±3anos)comlimitac¸õesfuncionais.Oestudodeteste-retestefoifeitocomumintervalo deduassemanas.
Resultados: Após obter a validade semântica e de conteúdo, a versão em português da ASK demonstrou bons níveis de reprodutibilidade (desempenho: coeficiente de correlac¸ão intraclasse (CCI)=0,99; capacidade: CCI=0,98) e coerência interna (desempenho: ␣=0,98; capacidade:␣=0,97).Ascorrelac¸õesentreaASKeoKINDLforampositivasemoderadas.
Conclusões: AversãoemportuguêsdaASKapresentouníveisaceitáveisdevalidade,coerência internaereprodutibilidadeerecomendamosseuusoemambientesclínicos.
©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeSociedadeBrasileiradePediatria.Este ´
eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/ by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
A Organizac¸ão Mundial de Saúde estimou que 15% da populac¸ão mundialvivem comdeficiências.1 Assim,medir
a deficiência é essencial para desenvolver programas e políticasquepromovamaintegrac¸ãoeaparticipac¸ão des-saspessoas.1 Da mesmaforma, paraavaliar aeficácia de
intervenc¸õesna assistênciamédica, é necessário quantifi-caroimpactodaslimitac¸õesfuncionaissobreaatividadee aparticipac¸ãodosindivíduos.2
Apesardosesforc¸osedosestudospublicados,nãohavia instrumentodemensurac¸ãoqueabrangessetodosos compo-nentesdafuncionalidade.3,4Recentemente,váriasmedidas
de resultado foram desenvolvidas especificamente para crianc¸as comdeficiências;5 contudo, poucas sãoadotadas
naculturaportuguesa.
AEscaladeAtividadesparaCrianc¸as(ActivityScalefor Kids[ASK])éumamedidaespecíficaparaapopulac¸ão pediá-tricadestinada aavaliarograudedeficiênciaemcrianc¸as de 5-15 anos com limitac¸ões funcionais em uma ampla gamade condic¸õesde saúde.Ademais, essa medida mos-trouterboaspropriedadespsicométricaseutilidadeclínica significativa.2,5 Suautilidade clínica é importante, é uma
medidaválidacomvaloresdecorrelac¸ãoentre0,82( Acti-vityScalefor Kids---Desempenho [ASKp])e 0,85(Activity ScaleforKids−Capacidade[ASKc])comoQuestionáriode Avaliac¸ãodeSaúdeemCrianc¸as(CHAQ).Eleapresentabons valores de reprodutibilidade em duas semanas (CCI=0,97 paraASKpeCCI=0,98paraASKc)evalordealfade Cron-bach de 0,99. Também se mostrou capaz de diferenciar níveisdedeficiência.6Elefoiamplamente mencionadona
literatura.7---19
Umadaspoucasmedidasderesultadodecrianc¸as ado-tadopelaculturaportuguesaéoquestionárioKINDL.Éum instrumentogenéricoconcebidoparamediraqualidadede
vidadecrianc¸ase adolescentesdoentes ousaudáveisde4 a17anos.Eleestádisponívelparaserusadoportrêsfaixas etárias(4a6,7a13e14a17)etemcincoversões,depende daidadedoentrevistadoedafontedeinformac¸ões(versão dascrianc¸asoudospais).20
Aversão em português doKINDL tem demonstrado ser semanticamente equivalente à medida original; ela ofe-rece bons níveis de confiabilidade e níveis aceitáveis de validade.20
Oobjetivogeraldesteestudofoiadaptarculturalmente osmódulosdecapacidade(ASKc)edesempenho(ASKp)da ASKparaoportuguêseuropeueavaliarsuavalidadee con-fiabilidade.
Métodos
Opresenteestudofoifeitoemduasfases
A primeira seguiu a abordagem sequencial, normalmente usada nesses tipos deestudos paraobter umaversão lin-guisticamente equivalente.9,21,22 Isso inclui a autorizac¸ão
fornecida pelo autor do instrumento original2 e sua
adaptac¸ãoparaoidiomaeaculturadoportuguêseuropeu. Uma permissão formal para a adaptac¸ão transcultural paraoportuguêsfoiobtidadeNancyYoung,desenvolvedora daASK.Esseprocessofoifeitodeacordocomadiretrizde etapasusadaemmedic¸õesdotipoautorrelatório.6
• Traduc¸ão.A versãooriginal daASKfoi traduzidapara o portuguêspordoistradutoresportuguesesindependentes fluenteseminglês.
consensoentreambasastraduc¸ões(primeiraversão pre-liminar). Oprocessodesíntesefoidocumentadoemum relatórioescrito.
• Retraduc¸ão.Umtradutor,nativoem inglêsefluenteem português,retraduziuaversãodeconsensoparaoinglês. Essa retraduc¸ãoe todasastraduc¸ões anterioresdaASK foram levadas em considerac¸ão para chegar a um con-senso e se obteve a segunda versão preliminar. Esse processofoidocumentadoemumrelatórioescrito. • Validade do conteúdo. Um comitêde análise
especiali-zado, compostopor doisfisioterapeutas pediatrase um médicoespecializadoemmedicinafísicaedereabilitac¸ão pediátrica, chegoua um consenso sobre a traduc¸ão da ASK.Areuniãodessecomitêdeespecialistasresultouem umaversão pré-final.Aetapa final daadaptac¸ão trans-culturaldaASKfoiopré-testecognitivodoquestionário. Crianc¸as epais foramentrevistadospara verificarseos itenseramcompreensíveis.Paraobterumarepresentac¸ão geral dapopulac¸ão,ogrupoinicialeracompostopor15 crianc¸as com diferentes características e um grupo de pais composto por quatro pais de crianc¸as com menos de 10 anos; duas dessas crianc¸as eram saudáveis. Após o preenchimento doquestionário,solicitou-sequecada participanteindicassequaisquerdificuldadesde compre-ensãoouambiguidadesnatraduc¸ão.
Essa etapa concluiu a criac¸ão da versão em português tantodaASKpquantodaASKc.
Asegundafaseexaminouostestesdevalidadee confiabi-lidadedaversãoemportuguês.Especificamente,avaliamos avalidadedoconstructo,acoerênciainternaea reprodu-tibilidade.
Participantes
Foi usada uma amostra de conveniência coletada em 11 instituic¸ões de saúde (hospitais e associac¸ões de pacientes), incluindo 88 crianc¸as entre 5 e 15 anos e com vários tipos de distúrbios funcionais (neuromuscular, ortopédico/traumatológicoe/oureumatológico, cardiorres-piratório ou outros). Crianc¸as com déficits cognitivos e crianc¸as com alterac¸ões sensoriais que os impediriam de responder ou compreender a medida foram excluídas da análise.2
As instituic¸ões de saúde obtiveram aprovac¸ão de seus respectivosconselhosderevisãoinstitucionaiseo consen-timento foi obtido de diferentes participantes. Antes de cada entrevista presencial, houve um esclarecimento do estudo, incluindo seus objetivos, sua confidencialidade e suascondic¸õesdeparticipac¸ão.
Coletadedados
Osprotocolosforamenviadosporcorreioparaasinstituic¸ões que concordaram em participar, juntamente com cartas--resposta. Um fisioterapeuta de cada instituic¸ão ficou responsávelporescolheroselementosdeamostrae admi-nistrarosprotocolosduranteosperíodosdefinidos.
Crianc¸asdeaté10anos(inclusive)responderamao ques-tionário na presenc¸a de adultos (fisioterapeuta, pais ou cuidadores).Contudo, a respostasempreveio dacrianc¸a.
Crianc¸ascommaisde10 anoslerame responderamporsi mesmas,exceto nocaso de terem deficiências visuais ou motorasqueasimpediriamderesponder.
Oprotocolodecoletadedadoscontinhaambosos módu-losASK, aversãoem portuguêsdoKINDL eumformulário para coletar algumas perguntas sobre características do paciente, incluindo duas perguntas clínicas (necessidades relacionadasacondic¸õesdemobilidadeedesaúde).AASK foiaplicadaduasvezesparaosmesmosparticipantescom umintervalode 1-2 semanas paraavaliar a reprodutibili-dade.
Instrumentos
ForamadministradasasversõesemportuguêstantodaASK quantodoKINDL.
AASKéumamedidapediátricaespecíficacompostade doismódulos:ASKc(capacidade),querefleteoqueacrianc¸a consegue fazer em seu ambiente diário, e ASKp (desem-penho), que reflete o que a crianc¸a de fato faz em seu ambientediário.
Ambos os módulos são organizados em sete domínios (higienepessoal,vestuário,outrashabilidades,locomoc¸ão, brincadeiras,habilidades de ficar depé e transferências) com 30 itens idênticos cada um, porém com diferentes opc¸õesderesposta.5 Esseinstrumentoé autoadministrado
porcrianc¸asde10anosoumais.Ascrianc¸ascommenosde 10anosdevemserauxiliadasporseuscuidadores,porémas respostasdevemserdadasexclusivamentepelas crianc¸as. AASKnãopodeseraplicadaacrianc¸asquenãoconseguem entenderoqueestásendoperguntado.
Em ambos osmódulos,as pontuac¸ões resumidas foram calculadas pela média das respostas (0 a 4 pontos) e o resultadofoiregistradocomo pontuac¸ãopercentual (faixa 0-100),emque100%indicafunc¸ãofísicatotal.6
OKINDLmedeseisdimensõesdequalidadedevida (bem--estar físico e emocional, autoestima, família, amigos e escola).Comrelac¸ãoàfaixaetária,foramusadastrês ver-sões do questionário: Kiddy para crianc¸as (4 a 6 anos) (entrevista);Kidparacrianc¸as(7a13);e Kiddopara ado-lescentes(14a17).20
As pontuac¸ões das dimensões individuais podem ser calculadaspelasomadasrespostasdadasàsperguntas trans-formadasemumaescalapositivade0a100,deacordocom omanualKINDL.23 Apontuac¸ãototalpodeserobtidapela
somadaspontuac¸õesdasdimensões,emquevaloresmaiores indicarammelhorqualidadedevida.Apontuac¸ãoinvertida foiaplicadaaalgunsitensdeformaqueaspontuac¸õesmais altasrepresentammelhorqualidadedevida.20
Análiseestatística
Tabela1 ExemplodeumasubamostradaASKoriginaledeitensadaptadosdaASK
Módulo Item Original Versãoemportuguês
ASK
Desempenho
2 Iusedthetoiletathomebymyself...
(includesgettingonandoffthetoilet)
Emcasa,fuiàsanitasozinho/a...
(incluisentarelevantardasanita)
3 Iwashedmywholebodybymyself... Lavei-metodo/asozinho/a...
4 Iputmyshirtonbymyself... Vestiacamisola,blusaout-shirt
sozinho/a...
ASK Capacidade
2 IthinkIcouldhaveusedthetoiletat homebymyself...
(includesgettingonandoffthetoilet)
Pensoqueteriaconseguido,emcasa,irà sanitasozinho/a...
(incluisentarelevantardasanita)
3 IthinkIcouldhavewashedmywhole bodybymyself...
Pensoqueteriaconseguidolavar-me todo/asozinho/a...
4 IthinkIcouldhaveputmyshirtonby myself...
Pensoqueteriaconseguidovestira camisola,blusaout-shirtsozinho/a...
ASK,ActivityScaleforKids.
(paravalores≥ 0,90).24 Otestet deStudenttambémfoi
usadoparacompararasmédiasdasdimensõesdaASKentre gruposformadospelasduasperguntasclínicas.
Trabalhamos com a hipótese de que as melhores pontuac¸ões em qualidade de vida devem corresponder a melhor func¸ão física. Da mesma forma, indivíduos com doenc¸asneuromuscularese/ouqueprecisamdeapoiopara semovimentardevemterpontuac¸õespioresnaASK.
Paracalcular areprodutibilidade,usamosocoeficiente decorrelac¸ãointraclasse(CCI)paraverificara compatibili-dade,fórmula2.1.Valoressuperioresouiguaisa0,70foram consideradosaceitáveis.25 A coerência interna da ASK foi
testadacomo alfade Cronbach.Osvaloressuperiores ou iguaisa0,70foramconsideradosaceitáveis.25
UsamosaSPSSparaWindows(Inc.Released2009,PASW Statisticsfor Windows,Versão 18.0, IL, EUA) para a aná-liseestatística.Osvaloresdep<0,05foramconsiderados estatisticamentesignificativos.
Resultados
Adaptac¸ãotranscultural
AASKfoiadaptadatransculturalmentecomsucessoparao portuguêseuropeu.Ogrupoeracompostopor15crianc¸as, 8 do sexo feminino e 9 com paralisia cerebral espástica
unilateraloubilateral.AASKlevoucercade34±9minutos paraserpreenchidapelascrianc¸as.
Contudo,duranteesseprocesso,surgirampequenas difi-culdades com relac¸ão ao significado dos termos ‘‘blusa’’, ‘‘camisa’’e‘‘apoio’’.Nessescasos,váriossinônimosforam usados,paraincluirtodasasopc¸ões,em ambasasversões emportuguêsdaASK.Oitem29daASKcgeroualgumas dis-cordânciasnoprocessodetraduc¸ãocomrelac¸ãoàestrutura da sentenc¸a. Como asrecomendac¸õesdos tradutores não foramtotalmenteaceitas,decidiu-secombinaraspropostas paraobterumanovasoluc¸ão,maissimpleseclara.Porfim, todososmembrosdocomitêdeespecialistasconcordaram comaversãopré-final.
Nenhumaalterac¸ãoresultoudocomitêdeespecialistas, grupodecrianc¸as ougrupo depais(tabela 1).Aextensão doprotocolo podetersido, em algunscasos, considerada inconveniente,porém elefoi, em geral, consideradofácil deentendereresponder.
Validadedoconstructo
Noestudodevalidade,usamosumaamostrade88crianc¸as de10,2±3,2anos.Atabela2apresentaasprincipais carac-terísticasdaamostra.
Para abordar a validade do constructo, avaliamos as pontuac¸õesdaASK comrelac¸ão adoisresultadosclínicos:
Tabela2 EstudodeValidac¸ãodaAmostra(n=88)
Características Frequências Percentual
Sexo Masculino 48 54,5%
Feminino 40 45,5%
Nívelde escolaridade
Pré-escolar 13 14,8%
Primeirociclo 30 34,1%
2◦ou3◦ciclos(ensinomédio) 45 51,1%
Preenchimento doformulário
Feitoporsimesmo 39 44,3%
Porentrevista 49 55,7%
Doenc¸a Neuromuscular 76 87,4%
Tabela3 ASKemcomparac¸ãocomaexistênciadeapoioedoenc¸a(n=88)
Apoio/Doenc¸a n Média DP p
ASKp Ambiente
interno
Semapoioespecial 48 78,60 14,35 0,000
Qualquertipodeapoio 40 44,32 30,47
Ambiente externo
Semapoioespecial 47 79,97 13,49 0,000
Qualquertipodeapoio 41 43,59 29,23
Doenc¸a Musculoesquelética 11 81,97 12,74 0,000
Neuromuscular 76 59,91 29,31
ASKc Ambiente
interno
Semapoioespecial 49 83,64 14,65 0,000
Qualquertipodeapoio 39 52,84 29,68
Ambiente externo
Semapoioespecial 47 85,15 12,28 0,000
Qualquertipodeapoio 41 52,62 29,28
Doenc¸a Musculoesquelética 11 87,64 10,51 0,000
Neuromuscular 76 67,13 27,97
ASKc,ActivityScaleforKids−Capacidade.
Tabela4 ASKemcomparac¸ãocomoKINDL(n=57)
Kindla BEF BEE AE F A E TT
ASKp r 0,023 0,559 0,538 0,386 0,624 0,343 0,631
p 0,867 0,000 0,000 0,003 0,000 0,009 0,000
ASKc r 0,093 0,464 0,396 0,386 0,440 0,292 0,523
p 0,493 0,000 0,002 0,003 0,001 0,027 0,000
ASKp,ActivityScaleforKids---Desempenho;ASKc,ActivityScaleforKids---Capacidade.
a DimensõesdoKINDL:BEF:Bem-estarfísico;BEE:Bem-estaremocional;AE:Autoestima;F:Família;A:Amigos;E:Escola;TT:Total
doKINDL.
necessidade de apoio de movimentac¸ão e condic¸ões de saúde,bemcomoascorrelac¸õesentreasdiferentes dimen-sõesdaASKedoKINDL.
Oestudodarelac¸ãoentreasrespostasdaASKea exis-tência de apoio (tabela 3) mostrou que indivíduos com pontuac¸õesda ASK mais elevadas (ASKp e ASKc) estavam menos propensos a exigir qualquer tipo de apoio para se movimentar.
A tabela 3 também apresenta a relac¸ão entre as pontuac¸õesdaASK e a condic¸ão desaúdedos indivíduos. Eraevidentequeaquelesqueapresentavampontuac¸õesda ASK maiselevadas estavamtambémmaispropensos a ter doenc¸asmusculoesqueléticas.
Ao comparar a ASK e o KINDL, foram encontradas correlac¸ões positivas entre a ASKp e a ASKc e todas as dimensõesdo KINDL, com excec¸ão de bem-estar físico. A maior parte dessas correlac¸ões era baixa e/ou moderada (tabela4).
Confiabilidade
Noquedizrespeitoàcoerênciainternadaversãoem por-tuguêsdaASK,foramencontradosvaloresaceitáveistanto paraaASKpquantoparaaASKc.
OsvaloresdereprodutibilidadedaASKpedaASKc tam-bémeramaceitáveis(tabela5),apósosquestionáriosserem preenchidosduasvezes,separadosporumintervalodeuma ouduassemanas.
Tabela5 CoerênciainternadaASKereprodutibilidadeda ASKportuguesa(n=88)
ASK ␣de
Cronbach
CCI Cota
inferior
Cota superior
ASKp 0,980 0,986 0,979 0,991
ASKc 0,972 0,978 0,967 0,986
ASKp,ActivityScaleforKids---Desempenho;ASKc,ActivityScale
forKids−Capacidade.
Discussão
Considerando os resultados dos grupos de consenso, de análiseclínica e de crianc¸as e pais,podemos dizer que a equivalênciasemânticaedeconteúdoentreaversão tradu-zidadaASKeaversãooriginalfoiatingida.
Emgeral,essamedidafoiconsideradaclara, compreen-sívele adequada paraumapopulac¸ãopediátrica. O único fator negativo foi o fato de ser uma medida relativa-menteextensa,principalmentequandoasduasversõessão aplicadas, conforme mostrado pelo tempo médio de pre-enchimentodasduasversões(33,4min).Concluímosquea versãoem portuguêsdaASK apresentaumnívelaceitável devalidadedoconteúdo.
internos e externos. Esses achados parecem mostrar uma correlac¸ãoentreoqueascrianc¸asrealmentefazememsua rotinaeoquepensamqueconseguemfazer.
Para avaliaravalidade daASK,pressupusemosque ela poderiapermitiradiferenciac¸ãoentrediferentesníveisde capacidade(ASKc)edesempenho(ASKp)entregruposque, hipoteticamente,teriam essasdiferenc¸as. Essashipóteses foramconfirmadasentreindivíduosqueusamounãoalgum tipo de apoio de movimentac¸ão em ambas as versões da ASK.Portanto,osindivíduosqueusamapoioparase movi-mentardevemapresentarmenorgraudefuncionalidadee, portanto,menorespontuac¸õesnaASK(tabela3).
Adicionalmente,esperava-seencontrardiferenc¸as esta-tisticamente significativas entre crianc¸as com doenc¸as musculoesqueléticase crianc¸ascom doenc¸as neuromuscu-lares, na suposic¸ão de que as doenc¸as neuromusculares resultassemem estágios maisincapacitantes.5 Os
resulta-dosobtidosemambasasversõesdaASKnãorejeitaramessa hipótese.
Noestudodevalidade,asrelac¸õesentreaASKeoKINDL tambémforamanalisadas.A suposic¸ão foiaexistênciade valoresdecorrelac¸ãopositivosentreosconstructos compa-rados,quereforc¸amquecondic¸õesdesaúdemaisfavoráveis devem corresponder a melhores níveis de capacidade e desempenho.
AescolhadoKINDLocorreuemvirtudedafaltadeuma medida padrão adequada para o idioma e a cultura por-tugueses. Adicionalmente,está disponívelumaversão em português doKINDLque abrange asidadesexigidas. Além disso, uma estratégiasemelhante foi usada noestudo da versãooriginal.2
Aoanalisarosvaloresdascorrelac¸õesentreoKINDLTotal eambasaspontuac¸õesdeASKpeASKc,pudemosverificara existênciadecorrelac¸õespositivasemoderadas(tabela5). Confirmou-se,assim,ahipótesedequecrianc¸ascommaior grau de funcionalidade também apresentam melhor nível dequalidadedevida.Tambémencontramosumacorrelac¸ão dasduasversõesdaASKcomtodasasdimensõesdoKINDL, exceto a de bem-estar físico. Para tentar explicar esse achado, comparamos as perguntas da dimensão de bem--estarfísicodoKINDLeositensdaASKeobservamosqueas quatroperguntasdadimensãodebem-estarfísicodoKINDL dizemrespeitoasentirdor,doresnocorpo,cansac¸oouforc¸a eositensdaASKestãorelacionadosàsatividadesdiárias. Entretanto,adimensãofísicadoKINDLpodecombinar con-ceitosdeformas diferentesdosdaASK. Poroutro lado,o fatodeaamostrasercompostaporcercade18%de indiví-duoscomparalisiacerebralpoderárepresentarumviésnos resultados.Comosabemos,ascrianc¸astendema supervalo-rizarseuestadodesaúde,emespecialaquelascomparalisia cerebral,quetêmumaexpectativadiferente comrelac¸ão àssuascapacidadesfísicasemcomparac¸ãocomindivíduos quetêmumadeficiênciaadquirida.
Apesar de nãoincluir perguntas relacionadasa dimen-sões debem-estar emocional e autoestima, osvaloresde correlac¸ão obtidos tanto para ASKp quanto para ASKc, emboradefracosamoderados,foramaceitáveis(tabela4). Esses valores podem ser justificados pela diferenc¸a de constructos e pelo fato de a amostra ser composta por crianc¸asque percebiamsuas incapacidadescomofracas a moderadas,o quelevaàhipótese debonsníveisde auto-estima e bem-estar emocional. Bjorson13 corrobora essa
suposic¸ão,comprovaqueafeituradeatividadesinfluencia positivamenteasaúdefísica,ocomportamentoeoestado emocionalemcrianc¸ascomparalisiacerebral.
Na dimensão familiar, houve uma fraca correlac¸ão na ASKpe na ASKc(r=0,386).Esse tipo decorrelac¸ão jáera esperado,pois aASK nãoconsidera questõesdiretamente relacionadas à família. No caso da dimensão de amigos, os valoresde correlac¸ão forammoderados (rentre 0,624 e 0,440) naASKc e ASKp.Esse resultado eraesperado,já que aASKtemperguntas diretamentefocadasnosamigos dacrianc¸a.Porúltimo,nadimensãoescolar,foiencontrada apenas umafraca correlac¸ão com a ASKp (r=0,343), que tambémeraesperado,jáquetambémnãohápergunta rela-cionadaaodesempenhoescolarnaASK.
Arespeito dacoerênciainterna e dareprodutibilidade daASK,osresultadosapresentaram valoresaceitáveis.Os valores doCCI obtidostanto na ASKc (CCI=0,978) quanto na ASKp (CCI=0,986) foram compatíveis, representaram alta reprodutibilidade de acordo com os critérios lista-dos anteriormente.25 Quando comparados com os níveis
dereprodutibilidadedaversãooriginal,verificamosqueos resultadosdoteste-retestesãocompatíveis,poisovalordo CCInoestudo originalfoide0,97emambasasversões.2,6
Pode-seconsiderarqueaversãoemportuguêsdaASK apre-sentabonsníveisdereprodutibilidade.
Arespeito dacoerênciainterna, osresultadosde cada versãodaASK(␣=0,980paraaASKpe␣=0,972paraaASKc)
foramsemelhantesaosoriginais,consideradosaltos.25Esses
números sugeremque todosos itens daescalamedem os mesmosconstructos.
As principais limitac¸ões deste estudo estavam relacio-nadas à extensão doprotocolousado, incluindoambas as versõesdaASK,o questionárioKINDL easperguntas soci-odemográficas.Alémdisso, otamanhodaamostranãonos permitiufazerumaanálisedefatoresparatestaravalidade doconstructo.
Considerandoosresultados, concluímosque asversões emportuguêsdaASKapresentamequivalênciassemânticas edeconteúdocomaversãooriginal,bemcomovalores acei-táveisdevalidadeeconfiabilidade.Porfim,propomosfazer estudosadicionaisparaaprofundarnossosachadose explo-raraindamaisascaracterísticaspsicométricasdamedida, incluindoaavaliac¸ãodesuaresponsividade.
Consideramosque ambos podemser usados na prática clínicaeempesquisa.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
Àequipedasinstituic¸õesdesaúde.Alémdisso,ascrianc¸ase ospaisqueparticiparamdesteestudomerecemnosso pro-fundoreconhecimento.
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