PLANTA DANINHA V (1): 57-64, 1982
EF EI TO S DE MI ST UR AS DE DI NI TR AM IN E E
D I U R O N E M P R É - P L AN T I O I N C O R P O R AD O
NA CU LT UR A DO AL GO DÃ O
(Gossypium hirsutum L.)
RESUMO
Com o objeti vo de se verifica r o comporta -mento de mis turas de dinitram ine e diuro n no controle de pla ntas daninhas na cul tura do al -godão, foram conduzidos dois experime ntos de campo nos municípios pau lis tas de Casa Bra nca e Jaboti cabal, em solo argilo so (3,6% m.o.) e barre nto (2,3% m.o .), res pec tivame nte . A varie -dad e de algodã o semeada foi a IAC -13 -1 em Ca sa Bra nca (05 - 11- 75) e a RM- 4A em Jaboti cabal (03 12 75) . O delineamento experime ntal adota -do foi o de blocos ao aca so com os tra tamen tos de dinit ramine a 0,2 5 kg; 0,40 kg; 0,5 0 kg/ ha; de diu ron a 1,2 0 kg; 1,5 0 kg; 1,8 0 kg/ha, e das mis turas de dinitramine e diu ron nas combina çõe s pos síveis com essas dos es alé m do tra ta -mento de tri flu ralin a 1,00 kg/ha ou mis tura com diuro n a 1,2 0 kg/ha . Consto u do experi -mento também um trata-mento sem apl icação de herbicida, mantido no lim po por meios me -cânicos.
Qua ndo foi considerado o con trole ger al das plantas daninhas , no ens aio de Casa Bra nca, os melho res resultados foramobtidos pelas mis turas em comparação c om as aplicações iso-ladas de dinit ramine e de diuron sob re capim--colchão (Digitar ia san guinalis (L.) Scop.), ca pim-pé - de- galinha (Eleusine indica (L.) Gae rtn.), carrapicho - ras tei ro (Ac anthospermum australe (Lo ef) O. Kúntze), poa ia (Borre ria ala ta (Aubl . ) D.C .), poa ia -bra nca (Rich ardia brasi liensis Gomez) e gua nxuma (Sida spp). Porém,
no experime nto de Jaboti cabal, onde as pla ntas daninhas mais fre quentes foram capim -colchão, cap im- carrapicho (Cenchrus ech inatus L.) , ca -pim-ofe recido (Pennisetum setosum L.) Rich. Pers.) carrapicho -rastei ro, poa ia e guanxu ma, os melho res índ ice s de con trole foram obtidos com tri fluralin + diuro n e com dinitramine a 0,25 kg; 0,4 0 kg; 0,50 kg/ha em mis tura com diu ron a 1,8 0 kg/ ha.
Não foram obs erv ado s s intoma s fitotóxi cos à cultu ra na fas e inicia l de desenvol vimento; e, não houve difere nça signi ficati va na produç ão de algodã o em caroço obt ida .
Palav ras cha ve: dinit ramine, diuro n, mis tu -ras , algodã o, plantas dan i-nhas.
SUMMARY
EFFECTS OF DINITRAMINE AND DIURON MIXTURES APPLIED PRE -PLANTING INCORPORATED ON COTTON (Gossypium hirsutumL.)
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The e xpe rime nt had a d esign o f rand o mize d bl oc ks wi th the trea tm en ts di ni tr am in e at 0. 25 kg; 0.40 kg ; 0.5 0 kg/ha ; diu ron at 1.2 0 kg; 1.5 0 k g; 1 .8 0 k g/h a and ali d in itramine + d iu ro n mi xtu re s wi th thi s ra te s; one tr eatm ent wit h tr if lu ra li n + di uro n at 1.0 0 + 1.2 0 kg/ ha , and one hoeded treatment.
Th e best we ed cont ro l re sult s on th e cla y soil we re ob ta in ed by th e mi xtu re s wh en com -pa re d wi th the di ni tr am in e an d di ur on ap pl ica-tion on larg e crab grass (D igitaria sanguinallis (L.) Sco p .), go o se gras s (El e usine in di ca (L .) Gaertn.), Paraguay starbur (Acanthospermum au str al e ( Lo e f.) O . Ku ntz e ), Bo rr er ia al at a (A ub l. ) D. C., Bra si l cal la li ly (R ic ha rd ia br as i-lie nsi s Gomez ) and sid as (Si da spp.) but on the cla y lo am so il we re th e mo st im po rt an t we eds w e r e l a r g e c r a b g r a s s , s o u t h e r n s a n d b u r (Ce nchrus echinatus L.) , We st Indies pe nnisetum (Pe nnisetu m se tos um (L .) Rich . Pe rs), Pa ra gu ay sa nd bu r, Bra sil cal la li ly and sid as th e be st we ed con tro l re sult s we re obta i ne d wi th trifluralin + diu ron and wit h dinit ramine at 0.2 5 kg ; 0.40 kg ; 0. 50 kg in mi xt ur e wi th di ur on at 1.80 kg/ha.
The tre a tme nts use d d i dn' t p re se nt a ny phyto toxic ity to co tton at the initia l deve lo p -me nt and there wasn't si gnif ic an t di fference in the total yield.
Ke yw ord s: din it ra mi ne , diu ro n, mi xtu re s, cotton, weed control.
INTRODUÇÃO
No Estado de São Paulo a cultura do algodão sofre a concorrência das plantas daninhas monocotiledôneas e dicotoledô-neas (1, 2, 3, 4, 5, 8, 10) tornando difíci l o controle com o emprego de um só herbicida residual, nos programas que incluam o controle químico do mato.
Em 1966, Leiderman et alii (8) já di-vulgavam os resultados da experimentação com trifluralin em mistura de tanque com diuron, combinando portanto, o uso de um graminicida com outro herbicida, com efeito sobre plantas daninhas de folhas-largas.
Com o desenvolvimento, nos labora-tóri os da Bor ax Cons oli da te d Li mite d, dos Estados Unidos, de mais um grami-nicida (3), procurou-se combinar esse produto com diuron, em mistura de tanque, para se conhecer a ação dessa mistura sobre representantes das duas classes de plantas daninhas encontradas em algodoeiros, comparando ainda, seu
efei-to , co m o da mi s tu ra de tr if lu ra li n
e
diuron, em uso pelos cotonicultores pau-listas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os experimentos foram instalados em área da Fazenda Ypê, em Casa Branca, e da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias "Campus" de Jaboticabal, em solo contendo 3,6% de matéria orgânica e 45% de argila, em Casa Branca, e 2,3% de matéria orgânica e 32,5% de argila em Jaboticabal, com o plantio das variedades IAC-13-1 e RM-4A, a 05-11-75 e 03-12-75, respectivamente em Casa Branca e Jaboticabal.
O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com 17 tra-tamentos e quatro repetições, com parcelas de cinco linhas com 5,00 m de com-primento, espaçadas de 1,00 m em Casa Branca e de 0,90 m em Jaboticabal. Os tratamentos que compuseram o experi-mento encontram-se no quadro 1. Todos os herbicidas foram aplicados em pré--plantio incorporado, com pulverizador costal, manual, sem pressão determinada, munido de um bico de jato em leque 80-03, com vazão corresponden te a 450 1 ha, no experimento de Casa Branca ; e, com pulverizador costal, à pressão cons tante (CO2), trabalhando a 2,1 kg/cm2, munido de barra aplicadora com três bicos de jato em leque 80.02, com vazão correspondente a 250 1/ha, no experimento de Jaboticabal. A incorporação dos herbicidas ao solo foi realizada imediata mente após sua aplicação, com grade de discos, a 12 cm de profundidade.
A temperatura ambiente, por ocasião da aplicação dos herbicidas, era de 26,0°C em Casa Branca e de 25,2°C em Jaboti-cabal ; e, as condições dos solos eram de boa umidade, na aplicação nos dois locais.
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Qu ad ro 1 — He rb ic id as, pro du to s co me rc ia is e do se s emp re ga das no s exp eri me nt os co m al go dã o em Casa Branca, SP e Jaboticabal, SP, em 1975/76.
preconiza Igue et al (6), aos 37 dias após a ap li ca çã o, em Ca sa Bran ca e ao s 43 dias, em Jaboticabal. As plantas daninhas em maior número e frequência nos expe-rimentos foram as seguintes :
No experimento de Casa Branca foi feita a contagem do número de
algodoei-ros , por oca siã o da col hei ta do alg odã o em caroço, realizada nas três linhas cen-trais de cada parcela, onde também foi realizad a a colh eita de algo dão em caro-ço, para avaliação da produção.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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rapicho, presente no experimento de Ja-boticabal, foi controlado somente por trifluralin + diuron, com 92,8°/ode controle, resultado esse também encontrado por Leiderman et al (8 ). Laca -Buendia e Bar ros (7) , emp re gan do dos es mai ore s da mistur a de dinitramine com diuron, de respectivamente, 0,63 kg + 2,00 kg/ha, consegui ram bons resu ltad os de cont role para o capim-carrapicho, em solo com 2,0% de maté ri a orgâ ni ca, qua nt ida de essa um pouco menor que a presente no solo em Jaboticabal.
Din itr ami ne, aplica do isolad o, tam -bém teve dificuldade para controlar o capim-oferecido. Somente quando esse herbicida foi misturado com diuron é que alcançou índice satisfatório de controle dessa gramínea ; sendo que diuron isola do também apresentou índice baixo de controle, parecendo ter havido, neste ca-so, um sinergismo. O maior índice de controle de capim-oferecido porém, foi conseguido por trifluralin + diuron, al-cançando 97,8%, quando comparado com a testemunha sem herbicida.
As plantas daninhas foram reunidas em classes, e suas porcentagens de con-trole, dadas pelos tratamentos que com-puseram os experimentos, estão no quadro 4.
Os mel hores resultados de con tro le de monoc otiledône as foram obtidos com a mi st ur a de tr if lu ra lin e di ur on , co m 98,0% de contr ole, seguido das misturas de dinitramine a 0,25 kg ; 0,40 kg ; 0,50 kg/ha com 1,80 kg/ha de diuron, com ín-dices de controle que variaram de 85,2% a 93,6%.
Quanto às dicotiledôneas do experi -men to de Jab oti cab al, so-ment e a poa ia f oi be m con tr ol ada po r t od os os tr a -ta ment os, com exc eçã o de din it ra mi ne a 0,25 kg/ha e de diuron a 1,20 kg e 1,50 kg/ha ; o mesmo ocorrendo com os re-sultados de Casa Branca sobre essa planta daninha.
Os resultados de controle para a quanxuma e carrapicho-rasteiro, os quais também apareceram nos dois experimen tos, foram diferentes, sendo que em Casa Branca os herbicidas apresentaram um
ef ei to me lh or . Aq ui , as qu an xu ma s fo -ram cont rol adas em mais do que 80, 0% por dinitramine a 0,50 kg/ha, por diuron nas trê s dos es, e por tod as as mis turas de dinitramine e diuron; e, o carrapicho--rasteir o foi con tr ola do pel as misturas de dinitramine com as doses maiores de diuron. Em Jaboticabal, somente a mis-tu ra co m a do se m ai or de di ni tr am in e (0,50 kg/ha) e de diuron (1,80 kg/ha), conseguiu controlar essa malvácea, com índice de 82,1%; e, somente a mistura de din itramine a 0,40 kg/h a com diur on a 1,20 kg/ha, assim como diuron aplicado isolado, a 1,10 kg/ha, alcançaram índices de controle de carrapicho-rasteiro supe-riores a 80,0%.
Esses resultados de controle não ho-mogêneos encontr ados para a guanxuma e o carrapicho-de-carneiro, às vezes ocor-rem em condições de campo, pois, são di-vers os os fatores que podem infl uenciar o comportamento dos herbicidas no solo.
Cruz e Leiderman (3) encontraram resul tados de cont role de qua nx uma s, por dinitramine, semelhantes aos encontra dos em Casa Branca, nos experimen -tos conduzidos em 1971/72, em Aguai, em solo co m 17 ,5 % de ar gi la e 0, 9 % de ma -téria orgânica, onde esse herbicida con-seguiu controle de 73,5%, 92,3°/oe 92,9% contra 68,7%, 71,1% e 79,5%, para as mesmas doses empregadas, quando com-parado com resultados de experimento con duz ido em San to Ant oni o de Pos se, em solo com 33,7% de argila e 2,7% de matéria organica.
A poaia-branca, do experimento de Casa Branca foi eficientement e contr ola -da pelas misturas de dinitramine e de trifluralin com diuron.
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ap re se nt ar am re su lt ad os in fe ri or es a 80,0% de controle (Quadro 4).
No co nt ro le ge ra l de pl an ta s da ni -nhas os melhores resultados foram obtidos por trifluralin (1,00 kg/ha) + diuron (1 ,2 0 kg /h a) e po r di ni tr am in e a 0, 25 kg;0,40
kg; 0,50 kg ha em mistura com diuron a 1,80 kg/ha.
No experimento de Casa Branca, os dado s de número de plan tas de algo dão e de pro duç ão de alg odã o em car oço fo ram analisados estatisticamente e o resultado da análise de variância mostrou que os tr ata ment os não in flu enciar am esses parâmetros (Quadro 4).
Esses resultados permitem concluir que as misturas testadas foram superio-res aos seus componentes quando empre-gad os isolad amen te, sendo as mistur as de dinitramine a 0,25 kg; a 0,40 kg ou a 0,50 kg, ha com diuron a 1,80 kg/ha ou de trifluralin a 1,00 kg/ha com diuron a 1,20 kg/ha as que apresentaram os melhores índices de controle de monocotiledôneas e de dicotiledôneas em cultura de algodão sem prejuízo de sua produção.
