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Contabilidade com juros reais

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(1)

NÇ 140

CONTABILIDADE COM JUROS REAIS lO.

(2)

-CONTABILIDADE COM JUROS REAIS*

RUBENS PENHA CYSNE Março de 1989

ESCOLA DE POS-GRADUAÇÃO EH ECONGMIA DA FUNDAr.ÃO GETULIO VARGAS

.

• 1 t,,~~.·, ~J'" ~/.:»~, ;~~) f " , . '

(3)

Resumo

Desenvolvem-se neste artigo as bases teoricas da

contabilidade com juros reais. A Seção 11 apresenta uma evidência empírica que corrobora, do ponto de vista

macro-econômico, a utilização de juros reais no cálculo do

défi-cit público.A Seção 111 descreve a metodologia de cálculo com juros reais. Inicialmente apenas no tocante aos ativos

financeiros denominados em moeda doméstica e, em seguida,

analisando tambem o caso em que tais ativos se denominam em moeda estrangeira. As seções IV e V visam apenas a exem

plificar, tomando-se como base as contas do setor público

brasileiro, a utilização da metodologia aqui apresentada. Calcula-se aí, a partir dos dados da dívida líquida do

se-tor público publicados pelo Banco Central, o deficit real do governo e a diferença entre juros nominais e rea~s

li-quidamente pagos pela dívida pública. A seção VI·

apresen-ta uma série historica de imposto inflacionário e

transfe-renc~a inflacionária (a favor dos bancos comerciais) para

o Brasil. A Seção VII estende toda a metodologia de cálcu lo com juros reais à Contabilidade Social. Introduz-se tam

bém a contabilidade operacional, onde a discriminação en-tre juros reais e nominais se estende a todos os ativos

financeiros da economia, exceto ã base monetária. Um resul tado importante dessa seção é mostrar que as tautologias

usualmente utilizadas nas Contas Nacionais são válidas em qualquer contabilidade, seja ela nominal, real ou operac~~

nal. Por último, a Seção VIII mostra que todo este arcabo~

ço pode ser visualizado como uma extensao dos meca nismos de correção de lucros das empresas, amplamente

uti-lizados no Brasil desde 1964.

(4)

Abstract

This paper a~ms at providing theoretical bases for real interest accounting. Section 11 presents empirical evidence which

corroborates the use of real interest in the evaluation of the

budget deficit and other macroeconomic aggregates. Section 111 provides the methodology of accounting with real interest. Section

IV, V and VI are used to exemplify the use of this methodology, as

well as to present à brazilian historical series of inflationary tax ar.d inflationary transfers to commercial banks. Section VII

extends the real interest accounting techniques to Social Accounts.

An useful corolary of this section is that the .us.ual identitites derived from Social Accounts remain valid under the alternative methodology here derived. Finally, it is displayed in Section

VIII that alI this apparatus can be regarded as an extension of the mechanisms of corporate profits correction which have been

(5)

CONTABILIDADE COM JUROS REAIS

I - Introdução

Rubens P. Cysne

Março de 1989

Um intrincado problema surgiu durante as negocia-çoes entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional inicia-das ao final de 1982: a questão da contabilização ou nao, no cálculo do déficit governamental, da correção monetária inci-dente sobre a divida interna.

(6)

.2.

A solução para o impasse, sugerida por técnicos brasileiros,foi eliminar a componente inflacionária dos juros do conceito relevante de déficit para fins de negociação .. Eles argumentavam que, por mais exatas que fossem as previsões de inflação, o elevado montante da dívida interna levaria a dis-crepâncias significativas entre as despesas previstas e aque-las efetivamente realizadas. Surgiu assim o chamado IIdéficit operacional", que retirava do total de despesas correntes do governo a correção monetária incidente sobre a dívida inter-na.

A sugestão nao foi fácil nem prontamente assimi-lada pelos técnicos do FMI (nem pela grande maioria de econo-mistas brasileiros). Argumentava-se à época que as despesas com correção monetária em nada diferiam das outras, devendo ser pagas via arrecadação de impostos, financiadas por expan-sao monetária ou por nova emissão líquida de titulos. Neste sentido, não haveira sentido em eliminar este componente, ex~ tamente o de maior expressão no total, do somatório dos gas-tos correntes lançados a débito do governo.

Seis anos mais tarde (1988), entretanto, o cálcu-lo do déficit com juros reais parece ter se constituído em lu gar comum. No Brasil, o conceito operacional é o mais divul-gado e utilizado, sejõ no tocante ao pUblico interno ou ex-terno. O conceito nominal, que incorpora a correção monetá-ria como despesa corrente (na conta de juros) não tem mereci-do mais mereci-do que uma curta menção na avaliação das contas no se

(7)

.3.

início de 1988, girava em torno do chamado "déficit primário" que ignora não apenas a correçao monetária mas também (a nos-so ver, erroneamente) os juros reais incidentes nos-sobre a divi-da governamental. Como regra geral, outros países com eleva-dos índices de inflação também têm eliminado da conta corren-te do governo a parcela relativa à diferença entre juros no-minais e reais. Porque então essa mudança de consenso entre os economistas, que em 1982 discordavam· em grupo da utiliza-ção de estatísticas com as quais hoje em dia lidam continua-mente?

A resposta pode ser dada em duas etapas. Primei-ro, ao contrário da argumentação anteriormente : apresentada quanto à total simetria entre as despesas com juros e as de-mais despesas correntes do governo, há efetivamente uma dis-tinção contábil entre os rendimentos do capital financeiros e aqueles relacionados, por exemplo,ao capital humano (salário), capital físico (aluguéis) ações ou quotas de capital: apenas os ativos financeiros (denominados em moeda doméstica) tem o seu valor sistematicamente depreciado pela inflação. Isso não significa que o aumento de preços nao comprima o poder aquis~

tivo de salários, aluguéis ou dividendos, mas apenas que es-sa compressão não é sistemática. Esses valores, ao contrário dos valores de débitos e créditos denominados em moeda domes-tica, são renegociados ao longo do processo inflacionário de

,

forma a manter o poder aquisitivo real.

(8)

pe-.4.

ríodo contábil, para efeito do cálculo do lucro corrigido, en tre juros nominais e reais. Mas não entre salários, aluguéis ou dividendos nominais e reais (observe que este problema na-da tem a ver com o deflacionamento de séries). Vale ainda ressaltar que todo esse arrazoado independe dos títulos serem indexados ou não. O que interessa na análise e se há ou nao uma perda de valor aquisitivo na moeda na qual eles são deno-minados.

Segundo, há de se reconhecer a:· impossibilidade prática de se trabalhar com o conceito nominal de déficit. Co mo argumentavam os técnicos brasileiros, esse conceito retira qualquer possibilidade de uma previsão segura dos gastos go-vernamentais num ambiente de .inflação instável. Em adição, a estipulação de um alvo fixo para o valor do déficit torna a amortização real da dívida função crescente do nível de infla çao, o que pode não ser o mais apropriado para o devedor.

Afora esta breve introdução, este trabalho divi-de-se em seis partes. Na primeira (Seção 11), apresentam-se

evid~ncias empíricas que corroboram o procedimento da

utili-zação de juros reais no cálculo do déficit pÚblico.

(9)

5.

ta de bens e serviços adquirida no exterior. Essa dicotomia de procedimentos dá origem a dois conceitos alternativos de déficit real, cuja diferença se expressa em termos das perdas e ganhos de capital decorrente de mudanças de valor do câmbio real.

A Seção IV exemplifica a utilização da metodologia desenvolvida na Seção 111 para olcálculo do déficit déficit público real (e operacional) no Brasil. Tomando como matéria prima os dados da dívida líquida do setor público divulgados: pelo Banco Central, o procedimento apresentado mostra que o cálculo do déficit real do governo pode ser facilmente efetua do a partir de uma simples conta envolvendo tais estatísticas.

A Seção V visa novamente ilustrar os procedimentos contábeis com juros reais, desta vez calculando a diferença entre juros nominais e juros reais liquidamentepagos pela dívida pública em 1987. Novamente, algumas hipóteses simpli-ficadoras acerca das variáveis em questão são efetuadas, vi-sando

à

operacionalização dos conceitos apresentados. Depen-dendo da metodologia relativa a dívida pública externa, a di-ferença entre o déficit nominal e o real pode variar

30% e 66% do PIB.

entre

A Seção VI apresenta a série histórica (de 1947 a 1987), para o Brasil, do imposto inflacionário (11), da trans-ferência inflacionária bruta para os bancos comerciais (11) e da transferência inflacionária total (TT

=

TI

+

11).

conceitos são devidamente definidos ao longo do texto.

Tais

(10)

6.

Contas Nacionais. Na ausência de ilusão monetária, a troca de juros nominais por juros reais no cálculo dos componentes da renda líquida do governo, do setor privado e do setor externo é fundamental para a adequação desses agregados

à

análise ma-croeconômica. Numa economia com altas taxas de inflação e um governo altamente endividado, como no caso brasileiro na déca da de 80, a parcela dos juros pagos pelo governo a seus cred2 res,visando

à

reposição dovalor real de sua dívida, distorce significativamente cada um dos componentes de alocação da ren-da. Em particular, tanto a renda líquida do governo quanto a sua poupança sao estatisticamente reduzidos, dando origem a elevados valores do déficit governamental. Em contrapartida, a renda bruta do setor privado é engordado pela inclusão de um montante (diferença entre juros nominais e juros reais) ~

na ausência de ilusão monetária, não deverá dar origem a qua! qualquer aumento de demanda (dado que tal montante apenas se destina a repor o valor real do passivo líquido do governo nas mãos do pÚblico). Todo esses fatores sugerem que se utilizem juros reais no cálculo dos componentes da renda. Não necessa-riamente de forma substituta, mas ao menor de forma compleme~

tar.

Por último, a seçao VIII compara a metodologia de cálculo com juros reai~ ao arcabouço de correção inflacionrria de balanços das empresas instituído pela Lei n9 1758 de 1976. Mostra-se aí, utilizando-se o conceito de juro real relevante para as Contas Nacionais, que o lucro corrigido difere do

(11)

7.

nao no lucro real.

Um ponto importante a ser levantado nesta

introdu-çao e o conceito de governo. Nos cálculos da diferença entre

juros nominais e juros reais efetuados na seção lI,

utilizou-se como dívida do governo a dívida mobiliária federal, estadu

al e municipal. Os argumentos desenvolvidos na seção (III) ~

daptam-se a qualquer definição de governo, pois são de cunho

apenas teórico. Nas seções IV e V utilizam-se os dados da

dí-vida líquida do setor pUblico, onde se incluem as três

esfe-ras governamentais, as autarquias, o Banco Central e as Empre

sas Estatais. Por último, trabalha-se na seção VI com a defi

nição de governo utilizado em Contabilidade Social, que incoE

para apenas as três esferas da administração pUblica

(fe-deral, estaduais e municipais) e autarquias. Toda

essa alternância de definições de governo, implícita nos

da-dos utilizada-dos ou no contexto no qual o assunto se desenvolve,

em nada altera os objetivo básico. deste trabalho, que

consis-te em estabelecer as bases metodológicas da contabilidade com

juros reais. Apenas torna necessária uma certa precauçao do

leitor na interpretação dos resultados obtidos ao longo do

texto (que visam, em sua maior parte, somente a exemplificar

a utilização da metodologia desenvolvida).

(12)

.8.

rr -

Déficit e Demanda Agregada

Pelo que vimos até aqui, nao apenas a distinção e~ tre juros nominais e reais já vinha desde há muito sendo utili zada no Brasil (no caso da correçao dos lucros das empresas), o que traduz uma distinção efetiva entre os rendimentos de ati-vos financeiros em relação aos demais, como também ela aprese~

ta algumas vantagens de natureza prática. Cabe agora apenas uma pergunta: ela realmente é apropriada, quando utilizada na elaboração das contas do governo, do ponto de vista macroecono mico?

A resposta a essa pergunta já nao pode ser obtida apenas no terreno das definições contábeis. Surge aqui a ne-cessidade de avaliações empíricas que respondam se os agentes econômicos efetivamente distinguem entre juros reais e nomi-nais. Se isso ocorrer (o que no jargão técnico é denominadollau sência de ilusão monetária ll ), e o consumo nao ~esponder ao va-lor da correção monetária recebida pelo setor privado por de-t er ltu os ao governo .. , o

t

~ 1 - 11 ) d-e lClt operaclona f . . . I sera o - mais relevante. Nesse caso, a inclusão da correção monetária leva-ria a uma falsa avaliação do papel do governo na determinação de demanda agregada: em epocas de aumento de inflação aumenta riam também os juros nominais recebidos pelos credores e, con-comitantemente o déficit público. Mas não o consumo privado, ou

(1)

q u a l q u e r outro elemento da despesa agregada.

(13)

.9.

Se, entretanto, os agentes econômicos confundem ren dimentos nominais com reais, aumentando seu consumo em função da correçao monetária recebida, o déficit operacional torna-se um conceito incompleto. Isso nao significa que, sob esta hipótese, o conceito nominal seja o mais apropriado (o que ocorreria se toda, e não apenas parte da correção monetária fosse dedicada ao consumo). Mas que ambos os conceitos deveriam servir de base para a avaliação do desequilíbrio das contas pUblicas e seu efei to sobre o restante da economia.

Um exercício inicial de correlação parcial indica que a propensao marginal a consumir sobre a diferença entre ju-ros nominais e reais, se diferente de zero, não deveria ser sig-nificativamente importante. De fato, entre 1983 e 1985 a infla-ção, que nos últimos três anos havia se situado na faxa dos 100%, passou para a casa dos 220%. Com o aumento da inflação, aument~

raro também de forma significativa os juros nominais pagos pelo governo ao setor privado. A poupança privada corno percentagem do PNB, entretanto, que deveria apresentar-se em queda sob a hipó-tese de ilusão monetária, apresentou um aumento significativo no período (13,5% em 1985, 19,4% em 1984 e 25,9% em 1985).

Objetivando apresentar urna análise empírica mas deta-lhada para o problema, apresentamos abaixo algumas estimativas para a função consumo, nos quais a diferença entre juros nomi-nais e reais incidentes sobre a dív.ida pUblica interna (federal, . estadual e municipal) é tornada corno urna das variáveis

(14)

onde

10.

c

=

a

+

bY

D

+

cI (1)

c =

Consumo privado

YD

=

Renda Disponível do Setor Privado

I

=

Diferença entre juros nominais e juros reais incidentes sobre a dívida pUblica interna(l)

A renda disponível do setor privado foi calcula-da deduzindo-se do produto nacional bruto a rencalcula-da disponível do setor pUblico (imposto menos subsídios e transferências (ex ceto juros» e o imposto inflacionário "pago" pelo setor priv~

do. Esta última dedução é necessária pelo fato de estarmos tra balhando com juros reais.* Devido ao conhecido problema de simultaneidade na estimativa da função consumo, apresentamos também algumas estimativas baseadas no método de variáveis ins trumentais. A tabela 1 apresenta os resultados obtidos. Teori camente, o coeficiente b deveria situar-se no intervalo (O,l). Na presença de ilusão monetária, o coericiente c deveria ser estatisticamente significativo e positivo.

(15)

.

Tabela 1

ESTIMATIVAS DA FUNÇÃO CONSUM0 (Eguação (1)

~I

.

Núme

R2 de O

Constànté Y

t Y t-1 It It_1 Dummy "1étodo V.I. D.W. Pp.ríodo serv

!&ruações çoes

\

.

9,4.10" 0,85 0,093

1 (0,14) (23,17)

-

(0,61)

-

-

O.L.S.Q.

-

0,988 1,48 1971/19~5 1

6,9.105 0,802 0,01 4,5.105

2 (0,81)

-

(0,059)

-

(1,11) O:L.S.Q~

-

0,989 1,94 1971/1985 1

(14,33)

I

3,1.106 0,734 0,312

3 (3,24)

-

(13,23) (1,243)

-

-

O.t.S.Q.

-

0,966 1,87 1971/1985 1

-5,2.10s : 0,882 0,022 y. t-l

4

(-0,56) (17,65)

-

(0,116)

-

-

V.I. ICl 0,983 1,51 1972 /1985 1

t_1

11,3.103 0,845 -0,035 2,9.105 Y

t-1

5 -3

-

-

V.I.

0,984 1,81 1972/1985 1

(9,1.10 ) (11,03) (-0,166) (0~589)

leI

t-1

3,7.106 0,71 0,39

6 (3,10)

-

-

-

O.L.S.Q.

-

0,95 2,07 1972/1985

1

(10,02) (0,94)

Cbservaçôes: 1) V.I.

=

Variáveis Instrumentais 2) D.W.

=

Durbin-Watson.

3) O número abaixo ~as estimativas dos coeficientes representa a estatística t.

(16)

.12.

Corno se pode observar pelas equaçoes apresentadas, nao se pode rejeitar a hipótese de que o consumo do setor pri-vado independa da diferença entre juros nominais e reais. Pelos 00-tivos anteriormente citados, este resultado constitui urna ba se empirica para a utilização de juros reais na avaliação do dé ficit do setor público.

(17)

13.

111 - A Metodologia da Contabilidade com Juros Reais

Trataremos inicialmente do caso em que o passivo fi nanceiro líquido (V) (títulos emitidos menos títulos possuídos) do agente econômico em questão

é

denominado em moeda doméstica. Fazendo P representar o índice de preços e o ponto sobre a va-riável a sua derivada em relação ao tempo, o déficit nominal (D) entre os instantes t e t

+

dt expressa-se por

.

dD

=

V e o déficit real (D ) por

r

.

dDr

=

V VP/P •

(2)

(3 )

A integração entre dois instantes de referência O e 1 de qualquer urna dessas expressões mostra que os dois

concei-- . ( l) . d d 1 d d~ f . . t

tos sao conslstentes , no sentl o e que o va or o e lCl corresponde exatamente à variação, durante o período de tempo considerado, do passivo externo líquido do atente econômico (in-divíduo, firma, governo ou país) em questão:

D

=

V - V

1 O (4)

no caso do déficit nominal, ou

(5)

no caso do déficit real (expresso em moeda de poder aquisitivo do instante j) .

A expressa0 (3) deixa claro que, fundamentalmente,

(18)

14.

o déficit real difere do nominal pela exclusão da correçao infla

.

cionária (VP/P). Esse montante (correção inflacionária) deve ser calculado utilizando-se o índice de preços ao consumidor (que pode diferir dos indexadores de tal passivo) que melhor reflita a variação de poder de compra do poupador em questão.

Tratemos agora do caso em que V representa a expre~

sao, em moeda doméstica, de um ativo denominado em moeda estran-geira, ou seja,

V

=

EK, (6)

sendo E a taxa nominal de câmbio (preço da moeda estrangeira) e K o passivo líquido, denaninado em noeda estrangeira, de um determinado agente econômico em questão. Cabe notar de início que dois conceitos de déficit nominal podem ser definidos. O primeiro, mais

abran-gente, incluindo os ganhos e perdas de capital decorrentes de alterações de valor do câmbio nominal

dD

=

(LK) •

=

EK

+

KE (7) e o segundo, também avaliado entre os instantes t e t + dt,

ape-incorpora~do a emissão líquidos de ativos (denominudo:: moeda estrangeira) ocorrida durante o período:

dD

=

EK

(8)

Conquanto o primeiro conceito seja o único que in-corpora o princípio da consistência (integrando-se (7), obtém-se

(19)

I

".' o.o··~ ,

15.

Seguindo esta linha divisória, trabalharemos com o conceito menos ampliado de déficit nominal (D) visando a obten ção de dois conceitos alternativos de déficit real}l) No pri-meiro caso, o déficit real é obtido do déficit nominal somando-se a correçao cambial e substraindo-somando-se a correção inflaciónaria ocorrida no período:

dO

=

EK +

KE -

(EK) P/P

r (9 )

No segundo caso, o procedimento é totalmente dive~

SOe Ao invés de acrescentar-se a diferença entre as alterações

relativas do câmbio e do índice de preços, corrige-se o passivo líquido do agente com base na inflação externa, traduzindo-se o resultado para moeda doméstica

à

taxa de câmbio então vigente:

.

dD

=

EK - EKQ/Q

r (lO)

Das equaçoes (9) e (10), obtém-se a expressa0 que relaciona as duas metodologias:

dO

r

.

dD r

=

EK (E/E

+

Ó/q

P/P)

.

Definindo-se o câmbio real

e

=

EQ/P, conclui-se que o conceito mais ampliado de déficit real (O ) distingue-se

r

do menos ampliado (D ) por incluir as perdas e ganhos de ca-r . pital decorrentes de desvalorizações do câmbio real:

(1)

dO r dDr

=

(EK) 9/S (lOa)

(20)

16 •.

Em moeda de instante de referência j temos, inte-grando,

(Õ -D ) . :;: 'P

J: fol EK dO dt

r r J P Odt

Em termos práticos, qualquer uma das expressões (7) a (lOa) pode ser utilizada para cálculos aproximados das variá-veis em questão. Basta efetuar hipóteses simplificarloras sobre as variáveis e proceder-se a devida integração. Exemplos nesse sentido pode ser obtidos em Cysne (1988), onde são apresentadas expressões simplificadas para o cálculo da di-ferença entre juros nominais e reais cbtidas scb diferentes suposições. Um trabalho posterior a esse no qual hipóteses de crescimento log-linear para algumas variáveis são também utilizadas visan-do-se

à

obtenção de expressões simplificadas para o cálculo de seignorage, crescimento real da base monetária e imposto infla-cionário é dado por Lerda (1989).

No nosso contexto, interessa-nos por enquanto ape-nas demonstrar que o conceito ampliado de déficit real é o úni-co que inúni-corpora a propriedade de úni-consistência em termos reais, ou seja, em que o valor do déficit ocorrido num certo per iodo se iguala

à

variação de passivo liquido. Para isto, basta obse~

var que, multiplicando-se (9) por P./P e integrando-se entre os

)

instantes O e 1, obtém-se facilmente:

. ' ,

onde

1

-

(

-D . rJ

=

j

:p ' . /P) dD r

O

J

representa o déficit real, a preços do p~'~~

(21)

:o - ~. ' ... .., " ... '" : I~ ' . : ... ~.

17.

Qual o conceito mais apropriado do déficit real, se aquele que incorpora ganhos e perdas de capital (Õ ), ou se

. r

o conceito mais restrito (D ), é uma questão que depende

funda-r

mentalmente dos objetivos do usuário de tal estatística. O dé-ficit ampliado tem a vantagem, devido

à

propriedade de consis-tência apresentada, de apresentar uma maior facilidade de cálcu lo pelo lado do financiamento: divide-se, em cada período, o valor nominal do passivo líquido do governo pelo índice de pre-ços correspondente (quer seja tal passivo denominado em moeda nacional ou estrangeira) e exprime-se a sua variação no espaço de tempo considerado tomando-se como base o nível de preços num instante de referência j qualquer.

Quando se tem por objetivo avaliar-se o papel das contas pUblicas na determinação da demanda agregada, entre-tanto, esse conceito apresenta um grave inconveniente: valoriza ções ou desvalorizações do câmbio real ocorridas no período po-dem reduzir significativamente, coeteris paribus, a correl~

(22)

18.

IV - O Déficit Real do Governo

Visando a exemplificar a utilização da sistemáti-ca desenvolvida no item anterior, apresentamos aqui a metodolo-gia de cálculo do déficit real do governo (D ) a partir dos da

gr

-dos da dívida líquida interna e externa. Corno estamos mais in-teressados numa estatística que traduza a determinação de deman da agregada decorrente da política fiscal do setor pÚblico, tra balhamos, segundo o arrazoado anteriormente apresentado, com o conceito menos abrangente de déficit real (D ), que não incorpo

r

-ra ganhos ou perdas de capital decorrentes de alte-rações de va-lor do câmbio real. Para operacionalizar a expressão (10), rel~ tiva à parte da dívida denominada em moeda estrangeira, utiliz~

mos duas hipóteses. A primeira, de que o câmbio seja indexado à inflação interna (E/P constante). E a segunda, de que a taxa de

.

inflação externa (n*

=

Q/Q) seja constante no tempo. Com essas hipóteses obtém-se facilmente, a partir das expressões (5) (no caso da dívida líquida denominado em moeda doméstica) e (10)

(quando esta última é denominada em moeda estrangeira) :

K

=

fi

K(t) dt

O

. representa o estoque médio da dívida

denominada em moeda estrangeira havida durante o pe-ríodo,

E.

=

taxa de câmbio nominal média relativo ao ano j.

J

P.

=

índice de preços médio referente ao ano j.

)

V

(23)

19.

Kt

=

valor (em moeda estrangeira) da dívida pUblica lí-quida externa (supõe-se aqui que os dois conceitos dívida externa e dívida denomin~da em moeda estran-geira coincidam) no intante t .

D grJ , = Déficit real do governo, em moeda do instante J'

Nesta expressa0, o primeiro termo, Pj (Vl/Pl - VO/PO) traduz o montante do déficit pUblico financiado com passivos àenominados em moeda doméstica. Pelas hipóteses efetuadas, trata-se de au-mento real da parte interna da dívida líquida do setor pUblico. Da mesma forma, o termo Ej(KI-KO) - Ej TI* K traduz o ,aumento de endividamento pUblico junto a não residentes , corrigido pela perda do poder aquisi ti vo da moeda extrangeira na qual tais obri-gaçoes se denominam. Trata-se do componente do déficit real financiado junto a não residentes. K foi aproximado pela média

aritmética dos valores da dívida no inicio e fim do ano. Utilizando-se os dados da dívida líquida do setor públi-co publicado no boletim "Brasil Programa Epúbli-conômipúbli-co" e fazendo

DE

=

E, (K - K ) - E, TI *j(

=

J I o J

PIB

=

Produto Interno Bruto

D

gr

=

Déficit Real de Governo, calculado a partir da equação (12)

11

=

Imposto Inflacionário

(24)

20.

D go-Bacen

=

Déficit Operacional do Setor pUblico, da

forma como calculado e divulgado pelo Banco

Central

obtém-se a sqquinte tabela de valores~

Tabela 2

Déficit Real e Déficit Operacional do Setor ?úblico

Cálculo Pelos Dados da Dívida

-1984

1985

1986

1987

( 1)

DI/PIB

3,9

2,6

0,5

2,73

(2)

DE/PIB

0,44

2,32

5,29

1,57

(3 )

DE/(DI+DE)

0,11

0,47

0,90

0,36

(4)

D /PIB(%)

4[34

4,92

5,79

4,3U

gr

(5)

II/PIB(%)

2,23

2,11

1,17

3,53

(6)

DgO/PIB(%)

6,57

7,03

6,96

7,83

(7) D -

-

-

--

... , - - -

2,7

4,3

3,6

5,5

gO .tjl\\"'l:..l'11/l:'" .l..tj

Obs.: 1) Os dados referentes ao câmbio nominal, índice de pre ços e inflação foram obtidos da Revista Conjuntura

E

conômica, edições de Abril/88 e Fevereiro/86. -2) O PIB foi obtido da listagem divulgada em Fevereiro

de 1987 pelo IBGE, datada de 21/06/88. 3)· O deficit operacional calculado pelo Banco

(D g 0- BACEN) -bem como os dados relativos •. ã

Central dívida interna e externa do setor público, foram obtidos a partir das publicações de l-1arço/87 a Harço/88 de Bra sil Programa Econômico.

4) Imposto Inflacionário obtido de Cysne(1988).

~ ., '.rTl'UüVARGAS .y

(25)

21.

Nesta tabela, a primeira, segunda e terceira linhas permitem avaliar a parcela relativa, no f~nanciamento do se-tor público, do sese-tor privado e do sese-tor externo. A quarta l~ nha apresenta os valores do déficit real segundo a fórmula (12) e, de acordo com a definição de déficit operacional apresent~

da em Simonsen e Cysne (1985):

Déficit Operacional

=

Déficit Real

+

Imposto

Inflacionário ( 13)

também o valor desta estatística calculado a partir dos dados da dívida (linha 6). A linha (7) repete os valores do déficit operacional divulgados FeIo Banco Central (D D7\~'). A relevância

macro-go-~'\j

econômica das discrepâncias entre os números das linhas (6) e (7), principalmente na avaliação da condução de política du-rante o Plano Cruzado, são analisados em Cysne (1988a). Enco~

trata-se também nesse trabalho urna análise detalhada dos núme ros aqui apresentados.

Interessa-nos aqui apenas os detalhes de caráter me todológico. Nesse sentido, cabe deixar claro o que estamos e-xatamente fazendo ao somar ao déficit real do governo o impo~

to inflacionário, bem corno discutir a utilidade prática de se definir tal estatística de política fiscal alternativa ao dé-ficit real. Iniciemos com o primeiro problema.

Um primeiro passo no entendimento dessa questão re-side na definição da dívida líquida do setor público divulga-da pelo Banco Central, que utilizamos para o nosso cálculo. A listagem detalhada dos elementos que a compõem pode ser obti-da no período "Brasil Programa Econômico", publicado por esta

(26)

22.

a sua obtenção, de forma análoga ao que se apresenta em Simo~

sen e Cysne (1985), consolida o Banco Central ao governo e parte dos seguintes princípios:

a) Por definição, ao déficit nominal do governo D contra-g

poe-se a sua necessidade líquido de financiamento (6F) que, supomos, seja colocada junto ao Banco Central (nF

l ), setor privado exceto Banco Central (ÔF

2) e setor externo (EÔK): (13a)

2) Também de forma tautológica,

ÔFI

=

ÔBase Monetária (B) - Ô créditos líquidos do Banco Central contra o setor privado (ÔC

l ) e contra o setor externo (ÔC2)

=

nB - (nC

l

+

ÔC2) (13b)

3) De (13a) a (13b) , obtém-se

onde nF

=

~~

3 2 (~Cl + ÓC2' , e nB

=

variação aa base monetá ria. Fazendo-se

v

=

B

+

F3

obtém-se finalmente a versao discreta de (2) e (8):

D

=

ÔV

+

EnK g

(14)

(27)

23.

ao subtrairmos de acordo com (3), o termo VP/P do déficit no-minaI do governo, de forma a chegar ao déficit real, estamos implicitamente lançando a crédito da conta corrente real do governo (calculada com juros reais) o imposto

BP/P, já que B é parte de V (equação 14).

inflacionário

Assim, somar-se ao déficit real do governo o im-posto inflacionário equivale a não lançar tal receita a crédi to do governo. Tudo se passa como se a distinção entre juros nominais e reais se estendesse a todos os ativos financeiros da economia, exceto

à

base monetária.

o

conceito operacional de déficit é útil na medida em que/no arcabouço da contabilidade com juros reais, permite uma visualização do desequilíbrio das contas do setor público antes que tal desequilíbrio se torne parcialmente mascarado pela inclusão do imposto inflacionário a crédito do governo. Observe-se por outro lado que o déficit real é o mais correIa cionado com a demanda agregada. De fato, a redução do imposto inflacionário implica num aumento da renda disponível real do setor privado e, consequentemente, do consumo. Este fato

(28)

24.

V -C&lculo da Diferença Entre o D~fj.cit Nominal e o D~ficit Real

Iniciemos apenas com a dívida denominada em moeda dom~sti

ca, supondo a princípio que a dívida do governo denominada em moeda estrangeira seja igual a zero. Segue diretamente das ex-press6es (3) e (4), por deflacionamento e integraçâo, que a di-ferença entre o d~ficit nominal D e real D se expressa, em

moe-r

da do instante j, por:

D,

J D , rJ

V

p2

dP

dt

dt (15)

sendo V o passivo líquido do governo denominado em moeda dom~~ti ca.

Vale observar que, conceitualmente, a diferença entre o déficit nominal e o d~ficit real equivale a:

D - D

=

Juros nominais pagos pelo governo menos juros

r

nominais recebidos pelo governo m~nos juros reais pagos pelo governo mais juros reais re-cebidos pelo governo.

Um procedimento anã logo a este deve ser utilizado para a correçao dos lucros inf~acionãrios. Este ponto é tratado na se ção 8.

Objetivando o cálculo de D - D(fórmula 15),

trabalha-r

, h' -t ' l ' f ' d (1)

mos com as segulntes lpO eses slmp 1 lca oras :

(29)

a) Crescimento log linear da dívida interna real:

o

~ t ~ 1

b) Taxa de inflaçâo instantânea constante:

1

P

dP dt

=

Substituindo (16) e (17) em (15),

D. - D .

=

(P./PO) V

o

TI (ea - l)/a

J rJ J

25.

(16)

( 17)

(18)

Utilizando-se os dados disponíveis em "Conjuntura Econ6m~

ca" e Brasil - Programa Econ6mico" (volume 16), e trabalhando com um valor médio do índice de preços ao consumidor por:

P

ã7 =

P ( O ) ( e TI - 1)

In

obtém-se para o ano de 1987.

(n - n )

!

P!R

=

0,29

,- -r'

A diferença entre déficit nominal e real de 29% do PIB calculada acima refere-se apenas à dívida interna. No tocante à dívida externa, como vimos antes, dois procedimentos são possf veis. No primeiro, a dívida externa é convertida em moeda do-méstica à taxa de câmbio vigente à cada instante, e tratada de forma exatamente equivalente à dívida interna líquida do gover-no:

De (7) e (9),

dO

=

(EK) - (EK) P/P

=

dO - (EK) P/P

(30)

26.

Decorre daI, apos a passagem dos valores à moeda de p~ der aquis i ti vo do instante j e integração, que:

dP

dt dto (19)

Ou seja, sob esta metodologia, _a fórmula anteriormente utilizada (expressão (18» para o cálculo da diferença entre juros nominais e reais liquidamente pagos pelo governo no tocante à dívida in-terna pode ser também utilizada para a dívida exin-terna. Como esta última representou, em 1987, 56,1% da dívida líquida total da governo, concluiu-se que a diferença entre juros nominais e reais seria, nesse ano, da ordem de 66% do PIB (0,29/0,439)"

Um segundo procedimento consiste _ em utilizar-se os dois conceitos não amplos de déficit nominal e real D e Dr" Nes-se caso, segue de (8) e (10) que

dD - dD

=

EKQ/Q

r

onde Q representa o índice de preços externo" Daí obtém-se a d! ferença entre juros nominais e reais relativa à dívida externa:

(D - D )

r ,

J

=

P

J

-,

Jl

EK dQ P Qdt dt

O

(20)

Para um cálculo aproximado deste valor, trabalhamos com as seguintes hipóteses simplificadoras:

a) Crescimento log - linear para a taxa real de câmbio

(31)

27.

b) Crescimento log linear para o passivo externo líquido do go-verno (denominado em moeda extrangeira) :

c

+

d

f

O

c) Taxa de inflação externa instantânea constante dlnQ

-cTI:

=

r

Sob estas hipóteses, obtemos de (20), a expressa0

(D - Dr).

=

(P. /P ) E K r

*

« c+d 1 )

J J O O O e - / (c+d) ) ( 20a)

Utilizando-se esta metodologia e os dados apresentados nos dois periódicos anteriormente citados obtém-se, para o ano de 1987, a seguinte diferença entre o déficit nominal e o déficit real do governo, no tocante aos juros ~agos e recebidos

sua divida externa liquida:

(D - D .)/PIB

=

0,0107

rJ

sobre

Este número significa que, em 1987, aproximadamente um por cento do PIB foi gasto pelo governo visando a "nanutenção do valor . real de sua divida para com o setor

externo. Esse

é

o montante relativo

à

diferença entre juros no minais e reais, agora tomando-se corno parâmetro a inflação ex-. terna ~ não mais a interna, como no cálculo precedente) .

(32)

28.

VI.-Imposto Inflacionãrio e Transfer~ncia Tnflacionãria

dt (21)

lI. =

PjJl

B dP dt

J p2 dt (22)

O

A. = Pj

(p

Bl - ) BO ).

1 Po

(23)

onde lI'

=

seignorage, B

=

Base monetãria, II

=

imposto infla-cionãrio, A

=

aumento do valor real da base monetãria e o sub-indice j significa "em moeda de poder aquisitivo do instante j". Como

.

.

.

(~)

=

B BP

P P p2

segue, por integração, que

II ~

=

lI.

+

A.

J J J (24)

ou seja, a seignorage ,iguala o imposto inflacionãrio mais o aumento da base real ocorrida no período, tudo em moeda do ins-tante j.

(1) Lerda (1989) aborda o problema de semântica existente na literatura a respeito do imposto inflacionario, onde diferentes autores utilizam di-ferentes denominações para a mesma coisa. Utilizamos aqui a

(33)

29 .

Pela definição apresentada, imposto inflacionário e sinônimo de juro real negativo pago pela base monetária (pois o juro nominal pago pela base é igual a zero)~ e a seignorage pode ser entendida como a receita total do governo oriunda da cria-çao de moeda.

Qualquer expressa0 para o imposto inflacionário obti-da a partir de hipóteses simplificadoras a respeito das variá-veis B (t) e P (t) em (22) será sempre uma aproximação e, como tal, nao se pode alegar que essa ou aquela expressão é a mais corre-ta. O melhor cálculo possivel para o imposto inflacionário ob-tém-se substituindo-se a integral por somatórios, e tarem-do-se a média mensal dos saldos diários da base monetária divul gados pelo Banco Central. Ainda assim, surge o problema da es-colha do indice de preços, bem como de sua defasagem ideal.

Nos cálculos aqui efetuados, trabalhamos com uma defa sagem arbitrariamente escolhida para os indices de preços e, no tocante à base monetária, apenas com dados mensais de final de periodo. Isso porque a média mensal dos saldos diários só está disponivel até 1982, e o nosso objetivo era colher uma série histórica mais abrangente. De qualquer forma, a comparaça~ nos resultados obtidos a partir de 1982, com aqueles que teriam si-do obtisi-dos caso tivéssemos utilizasi-do a média mensal si-dos saldos diários não mostra diferenças significativas.

Se substituirmos B por

M - B

=

Meios de Pagamentos menos Base Monetária

1

=

(34)

30.

nas expressões (21), (22) e (23) obtemos os mesmos conceitos an-teriormente apresentados, desta vez com respeito aos bancos c~ merciais.

cano

os juros reais líquidos recebidos pelos bancos comerciais (o que eles recebem nos depósitos à vista, que nao rendem juros, menos o que transferem ao Banco Central por man-ter encaixes não remunerados) não são impostos, damos a eles o nome de "transfer~ncia inflacioniria" (TI):

TI.

=

P.

j

1

) )

O

dP dt dt

As mesmas observações relativas ~o cilculo do imposto inflacionirio aplicam-se à transfer~ncia inflacioniria.

A tabela abaixo apresenta os resultados obtidos rela-tivos ao período 1947-1987, utilizando-se dados mensais para o índice de preço (IGP-DI), Base Monetiria e M

l - B. A fórmula utilizada, bem como outros detalhes técnicos, são apresentados em

ap~ndice. Tanto 11 quanto TI são apresentados como percentagem

(35)

31.

I ' I / ( ' , ' , . /

Tabela 3

Imposto Inflacionário (11), Transferência Inflacionária para os Bancos Comerciais (TI) e Transferência Totais (Brutas) vara o Sistema Bancário (TT

=

TI + lI).

---

"---_._-_

..

_-INFLAÇÃO II/PIB TI/pID Tl'/pID 11 TI TT

47 2.6 o.~o 0.20 0.&0 0.10 0.05 O.l~

48 8.2 1.13 0.55 10GB 0.29 0.14 O.H

49 12.4 1.5& 0.85 2.41 0.44 0.24 O.b~

50 12.4 1.5& 1.05 2.&2 0.47 0.31 0.78

51 12.0 1. 4& 1.00 2.4(, 0.4& 0.32

0.78

52 13.1 1.53 1.10 2.&3 0.51 0.37 0.87

53 20.7 2.33 1.&2 3.95 0.81 0.5&

1.37

54 25.3 2.44 1.84 4.28 0.91 0.&9

1.&0

55 12.& !'2& 0.94 2.20 0.49 0.37

0.8ó

5& 24.3 2.15 1.70 3.B5 0.88 0.70 1.58

57 7.0 0.&9 0.52 1.21 0.30 0.23 0.5::1

58 24.1 2.27 1.8& 4.14 1.09 0.90

1.99

59 39.4 2.97 2.45 5.42 1.55 1.28 2.82

60 30.& 2.34 2.12 4.47 1.30 1.18 2.47

6~ 47.7 3.54 2.84 &.38 2.09 1.68

3.77

62, 51.4 3.7& 2.8& 6.62 2.34 1.78 4.12

(,3 81.3 5.04 3.44 8.48 3.22 2.20 5.42

&4 91.9 5.23 3.39 8.62 3.44 2.23 5.&7

&5 34.5 . 2.50 1.74 4.24 1.71 1.18

2.89

H, 38.2 2.74 1.91 4.&& 1.99 1.39 3.39

67 24.9 1.85 1.2& 3.11 1.3B 0.94 2.32

68 25.5 1.85 1.44 3.29 1.54 1.20 2.74

&9 20.1 1.44 1.24 2.69 1.32 1.13 2.45

70 19.3 1.33 1.27 2.&0 • • ..,'V ?I\ 1.24 2.5~

"

71 19.5 1.2& 1.2& 2.52 1.37 1.37 2.74

I

72 15.7 1.01 . 1.01 2.02 1.26 1.25

2.5!

73 15.5 0.95 1.1& 2.11 1.43 1.75 3.18

74

34.5 1. 91 2.25 4.15 3.27 3.8& 7.13

75 29.4 1.43 1.~5 3.38 2.71 3.69

&.33 7& 4&.3 1.87 2.49 4.3& 4.05 5.40 9.44

77 38.8 1.70 1.&& 3.3& 3.95 3.87 7.81

78

40.8 1.79 1.59 3.38 4.3& 3.89 8.25

79 77.2 2.82 2.32 5.14 7.4& &.12 13.58

80 110.2 3.04 2.&3 5.&7 8.39 7.21

! 5.(.f,

81 95.2 2.25 2.01 4.27 5.80 5.1S 10.95

82 99.7 2.20 2.01 4.21 5.&5

5.1& 10.61

83 211.0 2.97 2.30 5.27 7.35

5.&B 13.03

84 223.8 2.23 1.&0 3.83 5.&5 4.05 9.70

8S 23~.1 2.11 1.53 3.&4 5.94 4.32

10.27

8& b5.0 1.17 1.&2 2.79 3.48 4.81

8.29

87 415.8 3.53 4.05 7.58 11.07 12.71

23.7C

---

.-._---

--- ---_

...

_---_

...

_---Cbs. : l) As três últimas colunas apresentam valores em dólares de 1987.

(36)

32. :", .... ~ . : ..

Algumas observações preliminares devem preceder a aná-lise dos resultados aqui apresentados. Para os anos de 1986 e 1987 utilizou-se o novo conceito de base rronetária, tomando-se o Banco do

Brasil ccmo banco corrercial.

, -.' :':-:,_< ,:' . '.

',.1 _ ... ~." : . ,

Dados no conceito antigo de Base" não se encontram disponíveis para o período posterior a março de 1986. Isso ex-pliéa o aumento relativo na razão TI/lI a partir de 1986. Devi-do a essa modificação na definiç~o de Base, as séries II e IT

I '

(37)

33.

As seguintes observações decorrem dos dados apresenta-dos:

a) Em dólares constantes de 1987, o ano de 1987 aparece com r~ cordista em transferências totais (aproximadamente 23,8 bilhões de dólares). Esse foi também o ano de inflação mais elevada da série (415,8%). Desse total, aproximadamente 11 bilhões de dó-lares (3,53% do PIB) representaram juros reais pagos sobre a b~

se monetária e 12,7 bilhões de dólares @,05% do PIB) juros re-ais brutos recebidos pelos bancos comercire-ais sobre as contas de seu passivo líquido que rendem juros nominais nulos (depós~

tos

ã

vista menos encaixes totais).

b) Como percentagem do PIB, o valor mais elevado das transfe-rências totais ocorreu em 1964 (8,62% do PIB). Deste tota~5,23%

do PIB foram transferidas para as Autoridades Monetárias e 3,39% do PIB para os bancos comerciais. Observe-se que isto ocorreu com uma inflação bem mais modesta (91,9%) do que aquela havi-em 1987 (415,8%) ou no período 1982-1985 (220%). Isto se deve ao . fato de que, em 1964, apenas iniciava-se o processo de ino vações financeiras na economia brasileira .. Processo este que acelerou-se sobremaneira a partir de 1979, impondo uma queda

_ - (1)

autonoma na funçao da demanda por moeda ;

c) Entre 1947 e 1987 tanto o imposto inflacionário II quanto as transferências para os bancos comerciais (TI), em dólares constantes de 1987, atingiram um máximo em 1987. Como percenta gem do PIB, isso ocorre, entretanto em 1964 (lI) e 1963 (TI). Novamente, concorre para isso a maior relação M/PIB e Base/

(38)

34.

PIB existente na década de 60;

d) Depois dos anos 50, o período de menores transferências in-flacionárias para o sistema bancário como um todo (TT) ocorreu nos anos 1969-73. Isto se deve às taxas de inflação relativa-mente modestas então ocorridas;

e) No período 1980-86 a taxa de inflação média nos últimos 3 anos (1983-85) foi um pouco mais elevada do que o dobro daqu~

la ocorrida entre 1980 e 1982.- O imposto inflacionário, entre tanto, permaneceu praticamente o mesmo. As transferências to-tais (TT), em média, cairam com o aumento da inflação;

(39)

...

35.

VII -A Extensão da Contabilidade com Juros Reais às Contas Nacio-nais

Num contexto de inflação elevada e ausência de ilusão monetária, a Contabilidade Social torna-se muito mais útil, do ponto de vista da análise macroeconômica, se realizada com ju-ros reais. No tocante aos ativos denominados em moeda doméstica, a diferença entre juros nominais e reais pode ser facilmente ob tida fazendo-se a correção inflacionária da forma como se apre-senta em (3). Com relação aos ativos denominados em moeda estran geira, vale lembrar que a Contabilidade Social tem como praxe a não inclusão dos ganhos e perdas de capi tal de cada agente. Isto posto, a metodologia a seguir, com relação aos ativos financei-ros denominados em moeda estrangeira, deve apoiar-se no conceito menos amplo de juro real, que não inclui as perdas e ganhos de capital decorrentes das mudanças de valor do câmbio real. A dife rença entre juros nominais e reais (JN-JR). deve então ser dada

J por (20) e não (19):

; 1

EK (JN - JR).

=

(D - D )

=

P.

-J r J P

O

dQ dt

Qdt (equação 20)

onàe K: representa o passivo líquido em moeda estrangeira do age!!, te econômico em questão. Na Seção 5, esta fórmula foi deduzida p~ ra o setor governamental, mas pode também para o setor privad9 ou para o setor externo. De fato, ela decorre originalmente das ex-pressões (8) e (10), introduzidas para o caso de um agente econô-mico qualquer.

(40)

onde

36.

C+S + RLG + RLE

=

Y

=

C + I + I + G + H

P

P

g (26)

c

=

Consumo Final das Famílias (Consumo)

Sp

=

Poupança Bruta do Setor Privado (Poupança Pessoal

mais Poupançc das Empresas).

RLG

=

Renda Líquida do Governo (Impostos Diretos e

Indi-retos mais Outras Receitas Correntes menos

Subsí-dios menos Transferências menos Outras Despesas

Correntes)

RLE

=

Renda Líquida Enviada para o Exterior

Y

=

Produto Interno Bruto a Preços de Mercado

I

=

Investimento Privado

p

I

=

Investimento do Governo

g

G

=

Consumo do Governo

H

=

Transferência Líquida de Recursos para o Exterior

(Saldo do Balanço Comercial mais saldo do Balanço

de Serviços não Fatores).

A passagem da contabilid~(de com juros reais

à

contabi-lidade com juros nominais não modifica o valor do Produto Interno

Bruto nem dos componentes da demandd C,I,G e H, onde não se devem

incluir juros recebido nem deduzir os juros pagos. Assim, consumo,

investimento, gastos do governo e transferência líquida de

recur-sos para o exterior apresentam os mesmos valores, seja na contabi

lidade com juros nominais ou reais. () mesmo vale para o PIB. O

(1) Tanto o item "Juros da Dívic1a Interna" como o item "Juros da Dívida Ex-terna" devem merecer rubricas específicas na contabi lidade do setor pu-blico. Nenhum dos dois deve ser incluído na rubrica de "Consumo do

Go-u

(41)

37.

que se modifica na passagem de uma contabilidade

à

outra sao os elementos de alocação da renda, S , RLG e RLE. Segue-se que as

p

equaçoes expressas por \ 26) pode~n tarr.bém sel.' escri tdS na contabi lidade com juros reais (onde o sub-índice r denota os novos valo res de S , RLG e RLE quando se utiliza juros reais para p o seu cálculo), sob a forma:

c

+ Spr

+

RU;r +- RLEr =Y=C+I+I+G+H

P

g ( 27)

Decorre de (26) e (27) que o total dado por S

+

RLG + P

RLE é sempre o mesmo, quer se trabalhe com juros nominais ou re-ais:

S . + RLG + RLE = S + RLG + RLE

P pr r r ( 28)

Das equaçoes expressas por (27), obtém-se também as versoes, na contabilidade com juros reais, das tautologias usualmen te utilizadas em contabilidade social. Fazendo

temos:

Sgr

=

Poupança real(l) do governo = RLG

r - G

D

=

Déficit real do governo = I + G - RLG

gr g r

S

er = Poupança Externa real

=

RLE r - H

ST = Poupança Total (que é a mesma nas duas contabil! dades, real ou nominal)

= I p + I g = Investimento Total

T r

=

RLE r - H

=

Déficit em conta Corrente Real

(42)

S + S + S

=

ST

=

I

gr er pr T

D gr

=

S pr - I p

+

S er

=

D _

+

I - S

=

I

gr p pr g S gr

+

I p S pr

38.

(29)

(30)

(31)

Um procedimento aI ternati vo àquele aqui utilizado oonsis-te em oonsolidar o Banco Central ao governo esoonsis-tender a contabilidade com

juros reais a todos os ativos e passivos financeiros da econania, exceto a base nonetária. Define-se dessa forma a contabilidade operacional, cujo elo

com a contabilidade real é dado pelas expressões (onde o 'índice "o" indica o valor da variãvel no contexto operacional e 11

=

im posto inflacionãrio) •

RLG

=

RLGn + 11

r 'J (32)

S gr

=

S + 11

go (33)

D

gR

=

D go

-

11 (34)

As equaçoes (27), (2a), (29),(30) e (31) sao também vãli-das na contabilidade operacional (ou seja, o sub~índice r pode ser trocado pelo sub-índice "dl em qualquer uma dessas tautologias).

Para obtermos uma visão mais clara das relações até aqui apresentadas, iniciemos tornando UIPé' econania fed1ada. Temos

então RLE

=

RLE

r

=

RLE

o

=

O. Decorre de (27) que

RLG - RLG

=

S - S (35)

r p pr

S - S = S - S (36)

gr g p pr

D - D

=

S - S (37)

(43)

39.

Estas equaçoes mostram que a diferença entre a renda líquida real e nominal do governo tem corno contrapartida uma idêntica diferença entre a poupança privada nominal e a poupança privada real. Quando se trabalha com juros nominais, a renda líquida do governo (cuja dívida líquida se supõe positiva) e me-

-nor, e a poupança privada maior. O oposto ocorre quando se ope-ra com juros reais. A renda líquida do governo se eleva, redu-zindo-se a poupança do setor privado. As equações (36) e (37) trazem a mesma mensagem, desta vez e~ termos de poupança e défi-cit do governo. Decorre do fato das equações (27) serem váli-das também na contabilidade operacional que, .ainda no caso de uma economia f~chada:

RLG

o

-

RLG

=

S P

-

S po ( 38)

S go

-

S g

=

S

-

S

p po (39)

D g - D

=

S

-

Spo

go p (40)

As seis

últimas

equaçoes (35 a 40), errbora deduzidas para uma economia fechada, podem ser também utilizadas no caso de uma eco nomia aberta em que a) os não residentes detenham um montante desprezível de ativos e passivos denominados em moeda doméstica

(44)

40.

VIII - Extensão

à

Contabilidade das Empresas

Numa economia inflacionária, pelo menos dois motivos

tornam extremamente importante a distinção entre juros

nomi-nais e reais: a taxação sobre os lucros e a distribuição de

dividendos. Uma firma credora líquida apresentará, ao-fim do

período contábil, uma receita sobre seus ativos financeiros cu

jo objetivo é repor o seu valor real. Se este fato não for le

vado em consideração no cálculo do lucro, a firma pagará impo~

to e distribuirá dividendos não apenas sobre a sua renda no p~

ríodo (que deveria incluir apenas os juros reais), mas também

sobre o total de seu patrimônio líquido (já que a diferença en

tre juros nominais e reais, que objetiva exatamente repor o va

lor real desse patrimônio, estará sendo taxada e distribuída

aos acionistas) •

A utilização de juros nominais ao invés de juros

re-ais no cálculo da renda das empresas, gerando o que se costuma

chamar de "lucros ilusórios", pode, pelos motivos

anteriormen-te ~tos, constituir-se em importante fator de descapitaliz~

çao destas últimas. Um exemplo neste sentido ocorreu no

Bra-sil entre 1958 e 1964, onde a aceleração inflacionária deu ori

gem a uma série de distorções na contabilidade das empresas. O

(45)

'rAPELA 7

EsrIMATIVAS DE LUCROS n.UsORIOS PARA AS EMPRESAS PERIOOO 1958-64

1958 1959 1960

I

1961 1962 1963 1964

.

A) Número de Firmas 6.818 7.104 5.587 6.441 6.882 6.998 7.915

B) Ativos Financeiros Líquidos em Início de

Período 112.876 156.876 163.873 201.279 298.284 404.639 712.357

C) Taxa de Inflação 27,9 36,1 32,8 50,1 50,3 81,9 93,3

D) Lucros Ilusórios

'31.

49 3 56.474 53.750 100.838 150.037 331.399 664.629 E) Lucros Totais (em milhões

de cruzeiros) 56.399 84.936 102.849 168.287 288.193 447.975 1.140.187

F) Percentagem D/E (%) 53,9 66,5 52,3 59,9 52,1 74,0 58,3

(1) Fonte Original: Olace1, Wald e 'Smmseri· (1976).

(2) O cálculo do item E implicitamente admite que: a) Os ativos financeiros Uquidos a que se referem o item B são mantidos constantes em ternos naninais durante todo o ano; b) Os lucros totais descritos em C sãc denaninados em moeda de final de período ..

~

(46)

42.

Observa-se claramente que os lucros ilusórios

repre-sentavam uma alta parcela (entre 52 e 74%) dos lucros apurados

~

.

no exercl.Cl.o.

Uma série de Leis de Decretos-Leis foram introduzidos

entre 1964 e 1969, visando a reconhecer o problema da

distribui-çao e taxação de lucro ilusórios (Lei 4.357 de Julho de 1964,

D~

creto-Lei 62 em 1967, Decreto-Lei 401 de Dezembro de 1968 e

De

creto-Lei 417 em 1969). O último importante passo nesta direção

veio em 1976

com a Lei 1758 que instituiu regras bem definidas

para a correção de balanços das empresas.

Em 16/01/89, com

a

introdução do "Plano Verão", extingiu-se a OTN e,

concomitante-mente, o mecanismo de. correção plena dos lucros das empresas

p~

la inflação. Na hipótese de um recrudescimento da

taxa de

cresci-o

rrento

dos

índices

de preços,

entretanto,

uma

reediçoo do :mecanisrro

de oorreção

de lucros das empresas deverá

ser novamente

instituído.

O mecanismo de correção de balanço é teoricamente bas

tante simples: no tocante aos ativos financeiros líquidos

deno-minados em moeda doméstica, a passagem de juros nominais a

ju-ros reais é efetuada com base em

um índice de preços fixado

pe-lo governo (até a introdução do Plano Verão em 02/89, utilizava

-se a correção monetária).

Com respeito aos ativos líquidos em

moeda estrangeira, a passagem dos lucros nominais aos lucros reais

é efetuada adicionando-se a correção cambial (que não

é

comput~

da no lucro nominal) e retirando-se a correção monetária

(aqu~

no sentido de perda de poder aquisitivo da moeda doméstica)

0

-corrida durante o período.

Especificamente, seja uma firma

cu-jo balancete patrimonial se expresse, simplificadamente, da

for

(47)

Ativo

A - Ativos físicos

D - Ativos financeiros líquidos

denominados em moeda

domés-tica

c -

Ativos financeiros líquidos

denominados em moeda estran

geira

43.

Passivo

W - Patrimônio Líquido

De acordo com a Lei 1758, de 1976, os lucros corrigi

dos obtém-se dos lucros nominais:

a) Acrescentando-se a correçao monetária aos ativos físicos;

b) Acrescentando-se a correçao cambial aos ativos financeiros

líquidos denominados em moeda estrangeira;

c) Subtraindo-se a correção monetária do patrimônio líquido.

Os

item (b) e (c) -sugerem que, utilizando-se a definição de

lucro real que tem como base a inflação externa (na passagem de

juros nominais a reais), os lucros corrigidos deveriam

diferen-ciar-se dos lucros reais apenas por incorporar os ganhos e

per-das do capital decorrentes per-das alterações do câmbio real ocorri

das no período.

Isto de fato ocorre

(1). De

acordo com

CE

procedi-mentes anteriormente apresentados, ternos (fazemo E

=

taxa

naninal de canbio):

[

1 D di?

fI

EX: dQ

(Lucros Nominais - Lucros Reais) .

=

P.

-2 dt

dt

+

P.

PQ

dt dt

J J p J

O

O

e

(48)

(Lucros Cruzados - Lucros Nominais).

=

P.

J

1 EC

J J

-O P

Caro A-T,Il = - (D+EC) , c:btérn-se

(Locros corrigidos _ Lucroo Reais) j = P j

j

1

~

O

J

1 EC da

=

Pj P8 dt dt O

44.

f

I

dE A-W dP

Edt dt

+

P.

2

dt dt J O P

(1 dE + 1 dP _

1:.

dP) dt

=

• E dt Q dt P dt

.... j l E C d 9 dt anh

ome

a

= EQ/P representa o cãnbio real, e P j O P8 dt o 9 o ou

perda. de capital da finna devido

às

oscilações do cârrbio real ocorridas entre

(49)

45.

AP~NDICE

1) Fórmula utilizada para o cálculo da diferença entre Juros

No-minais Reais Pagos Pela Dívida Interna Interna Líquida (NR):

NR.

=

P.

J J

12

r

t=l

P.

=

Média aritmética dos índices de preços mensais do

J

(IGP-DI)

(1)

ano J

F

t

=

Dívida lígmda do governo (federal, dos estados e municípios)

ao final do mês

t.

P

t

=

!ndice de Preços Relativo ao mês t (IGP-DI)

A

fórmula (1) representa

uma aproximação de diferença en

tre juros nominais e reais.

2)

Estimativa do Imposto Inflacionário'da Transferência

Inf1acio-nária para os bancos comerciais.

11. J

12

IT.

=

P.

r

J J

t=l

(M

t - Bt) + (Mt - 1 - Bt _l )

(50)

46.

Bt

=

Estoque de Base Monetária ao final do mês t •

.

=

Estoque de meios de payfu1u:mt..o dO flna.l do mes t.

=

taxa de juros real (bruta) recebida pelo sistema ban-cário sobre M

I .

Fontes de Dados: Fundação Getulio Vargas - Conjuntura Econômica e Projeto ARIES.

Banco Central do Brasil - Várias publicações.

Referências

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