Moratória interna, dívida pública e juros reais
*
.:\IARIA SILVIA BASTOS :MARQUES
**
Sí:RGIO RIBEIRO DA COSTA \VERLANG.to.
lJesetl7!ol-l.'e-se, .'leste tmIJalha, um modelo de oteria e de demanda de dívida pública. Al1"aves 、・ィセ@ estuda-se a dinâmica da dívida !Jública e 、ッセ@ juros reais. Introduz-se a jJOssibifidade de moratória interna e seus efeitos srio analisados. Para o caso do Brasil, descoIJrt'-.\c que a seignioragc do govertlo é ull/a variá"oel aleatória independente da taxa de inflação, quando esta atinge valores ele"ados. Atral'és de estimativas, são feitas simu-lações jJara o caso brasileiro. Um dos resultado.1
e
que, sem a possibilidade de moratória interl/a, o gO-l'enw não teria problemas nu financiar sita dívida. Pon!m, uma pequena chance de ocolT(Jncia desta moratória intema faz. com que os juros reais e a relação dh,ida/PIB exPlodam.1 -
Introdnção
Em diversas ocasiões, no passado recente, circularam rumores de que o governo poderia deixar de honrar o serviço de sua dívida interna. Diversos fatores alimentam ・セエ。ウ@ especulações como, por exemplo, a possibilidade de que para viabilizar um novo plano de estabilização, seja necessário elevar fortemente as taxas reais de juros. n・セエ・@ 」。セッL@ dada uma relação dívida/P lB elcvada, o peso dos encargos da dívida pública poderia
tornar-se insup0rlJveL
lJ ma desconfiança desta natureza poderia levar à retração dos deman-dantes de dívida interna, que se recusariam a renovar seus créditos com
°
セ」エッイ@ púhlico. O governo, então, ver-se-ia constrangido a monetizar suadívida, gcrando, em conseqüência, um processo de hiperinflação.
O governo dispõe de duas fontes para financiar seu excesso de despesas
Lセッ「イ・@ receitas: emissão de moeda e endividamento. A primeira fonte de
* ッセ@ autores agradecem os comenliírios de ;\lario Henrique Simonsen, Fernando de Holanda Barbosa, Pedro Yalls Pereira, Rubens Penha Cysne, Carlos Ivan Simonsen Leal, AIllonio Carlos Portn HセッョセG。ャカ・ウL@ Eliana Cardoso, aョョ■セゥッ@ Fraga l\'eto, Paulo セッァオ・ゥイ。@
Batista J1'., Fabio Gialllhiagi e dois parcceristas anônimos.
** Do Centro de Estndos :MOlictários e de Economia Internacional do IBRE/FGV.
i\ aUlora agradece o financiamento do Instituto Latino-Americano de d・セョカッャカゥュ・ョエッ@ Econômico e Social ([Ides).
セLh@ Da EPCE/FG," e do IMPA/CNPq.
recursos corresponde
à
seignioragc
do governo ou
à
」ッュ「ゥャャ。セ ̄ッ@da
arre-cadação do imposto inflacionário e do crescimento da oferta de moeda em termos reais. O endividamento, por sua vez, está restrito à colocaçãode dívida interna desde o início da crise da dívida externa, em 1982, que
interrompeu o fluxo de recursos externos para o país.
Examinando-se a variação da base monetária (medida pelo estoque
médio anual) como proporção do PIB nos últimos anos, constatou-se que sua trajetória lem sido gerada por um processo do lipo "ruído branco",
para inflações elevadas. I Isto significa que, para taxas de inflação elevadas
como as que se têm verificado no Brasil, a variação da base monetária
como proporção do PIR in depende do nível da taxa de inflação, oscilando em torno de um determinauo valor médio. Conseqüentemente, ao tentar
financiar o déficit público 。エイ。カ←セ@ de emissão crescente de moeda, o
go-verno conseguiu apenas elevar ainda mais a taxa de inflação, sem afetar
sua receita de seigniorage.
Resta ao governo (dados o déficit púhlico e a taxa de inflação), por-tanto, a alternativa do endividamento interno. O objetivo deste trabalho é examinar como evoluem a taxa real de juros e a dívida interna do setor público, em um modelo onde os demandantes de dívida pública acreditam na possibilidaue de ocorrência de algum tipo de moratória da dívida interna. A probabilidade de moratória, que se admite função crescente do ・セエッアオ・@ da dívida em rcla(;ão ao PIB, afeta a rentabilidade real esperada
dos créditos do setor público e, por 」ッョセ・ァオゥョエ・L@ sua demanda.
Recentemen[e, muito tem sido escrito sobre a relacão entre o déficit e a dívida pública e o processo inflacionário, como em Aghevli e Khan (1978), Carneiro Netto e Modiano (1983), Cardoso e Reis (1986), Simonsen (1988), Cardoso (1988), Giambiagi e Pereira (1988) e Giambiagi (1988). Paralelamente, vários estudos sobre a evolução dCl dívida pública foram realizados, como em Lerda (1987) e Ro"i (1987). Este eSludo difere dos
primeiros porque toma a inflação como dada a priori, j;;í que esta não
afeta a seigniorage, quando é elevada. E difere dos tr<-tbalhos セッ「イ・@ a
dinâ-mica da dívida pública porque não torna a taxa de juros real como um
parâmetro, mas a determina como resultado da ゥョエ・イ。セMZゥゥッ@ entre a oferta e a
demanda de dívida pública.
A próxima seção apresenta a equação de oferta de dívida pública como proporção do PIB, obtida a partir da restrição orçamentária do setor pú-blico. Descreve-se, também, o comportamento da receita do governo com
a emissão de moeda, nos últimos anos. Na Seção:': é desenvolvida a
equa-ção de demanda ele dívida pública interna, onde se considera a
possibili-dade de corte no :-.erviço da dívida. l\' a セ・ ̄ッ@ seguinte resolvem-se c
anali-1 Cardoso (anali-19H7) observa que, ao se examinar o gr<Ífico da seigniorage tomo propon;ão do PIB contra a taxa de inflação, nenhuma relação entre estas \'ariávcis pode ser dedu-zida.
sam-se 。セ@ equações do modelo, com e sem a possibilidade de ocorrência de moratória. Os resultados das simulações para a taxa real de juros e a dívida pública interna são apresentados na Seção :). Finalmente, a última
seção resume as principais 」ッョ、オセ」ウ@ do trabalho.
2 -
A oferta de dívida pública
Para deduzir a equação da oferta de dívida pública, como proporção do
PIB, foram ・sャ。「・ャ・」ゥ、。セ@ 。セ@ seguintes hipóteses:
1) os pagamentos de jurm. referentes à dívida externa do setor público
são automaticamente イ・・セ」。ャッョ。、ッウ[@
2) a taxa nominal de juros, i, é dada por:
(1
+
i)=
(1+
r) (I+
P)onde r é a taxa real de j liras e
P
a taxa de inflação;3) a taxa de inflação é definida como:
onde P é o índice geral de preços;
4) o produto real da economia cresce a uma taxa constante, ll;
5) o produto nominal, y, é dado por:
Y = (1
+
P) (I+
11)6) o déficit primário, G - T, é uma parcela constante do PIB,
repre-senLada por y .
.. -\ oferta de dívida pública é obtida ,I partir da identidade l)(Ísica quc
representa a re:Hrição orçmllent<Íria do setor público:
onde: G
1) B
(G - T)
+
iLJ_1=
LJ - LJ_1+
B - B_l (I)T = déficit primário (gastos não-financeiros menos
impos-tos líquidos de transferências e subsídios) ; estoque nominal de dívida interna pública; e estoquc de base monetária.
Esta identidade apresenta, em seu primeiro membro, o déficit nominal (D1\') do sctor público, que rcsulta da soma do déficit primário e do
viço ela dívida interna. No outro lado da ・クーイ・セウ ̄ッ@ estão as fontes de finan-ciamento do déficit, que são a colocação de dívida e a emissão primária de moeda.
Substituindo em (1) a expressão da taxa nominal de juros e rearnlfl-janela os termos, obtém-se a expressão do déficit operacional (DO):
(G - T) + r (1 + P) D_r = D - (I
+
P) V_r + B - E_I (2)Comparando-se as expressões (1) e (2), verifica-se que a difereIH;a entre os conceitos de déficits nominal e operacional est;:Í em que o segundo leva em conta apenas os pagamentos de juros reais, de:o.considerando os encargos
referentes à rol agem do principal da dívida (está-se supondo na análise
que a correção monetéÍria seja igual à taxa de inflaç'ão) .
A partir de (2) e utilizando a definição da taxa de inflação, chega-se à
expressão para a variação ela divida interna real entre t e t - 1 (avaliada
em moeda do tempo I) • que é igual ao déficit operacional menos o ganho
ele seigniorage do governo (B - B -1) :
( ーMセ@ D D_l ) P = (G - T)
+
r (I+
P) D_l - (n - E_r) (3)Finalmente, dividindo-se (3) pelo produto nominal e utilizando sua expressão, obtém-se a oferta de dívida interna pública como percentagem do PlB:
( 1
+
r )=y+ 1+'1 (4)
A oferta de dívida como proporção do PIB é íunÇ:o do déficit primário como percentagem do produto, do estoque da dívida em relação ao PIB no período anterior, e da emissão de base monetária como proporção do produto. Observa-se que, quanto maior o diferencial entre a taxa real de remuneração da dívida pública e a taxa de crescimento do produto real, maior será o impacto do estoque de dívida do período anterior sobre a dívida atual.
Dados o déficit primário do setor público como proporção do PIE, a
taxa real de crescimento da economia e o estoque da dívida em relação ,lO
produto no período t - I, o montante de dívida interna no período t
dependerá da taxa real de juros e da receita do governo com a ernissão de
base monetária como proporção do PIB. Quanto maior esta receita, cetcris
paribusJ menor a necessidade de colocação ele dívida pública.
A seigniomge real, ou a receita do governo derivada de セ・ャャ@ poder de
emitir moeda, é definida como:
onde t.X
II
P
t.ll P (5)Em outros termos, a quantidade real de base monetária que o governo 」ッョセ・ァオ・@ emitir é o resultado de duas parcelas:
J) a yariação no estoque real de base monetária; e
2) a arrecadação do chamado imposto inflacionário, derivado da perda
que a inflação impõe sobre os encaixes reais de moeda (a base de
recolhi-mento do imposto é o estoque real de moeda e a alíquota é dada pela taxa
de inflação).
Um dos fatores que afetam a receita do governo com a emissão de moeda
é, portanto, a taxa de inflação. Dado o estoque real de moeda, quanto
maior for a taxa de inflação, maior será a arrecadação do imposto infla-cionário. Alternativamente, supondo constante a taxa de inflação, acrés-cimos nos encaixes reais representarão acrésacrés-cimos na receita do financia-mento inHacioll,írio do déficit.
No entanto, o comportamento dos encaixes reais de moeda não inde-pende do comportamento da taxa de inflação. Aumentando a taxa de inflação, diminuem os encaixes reais desejados, já que o custo de
oportu-nidade de demandar moeda agora é maior. I\T este caso, a receita do
im-posto inflacionário como função da taxa de inflação deve evoluir conforme
ilustrado no Gráfico I [ver Tanzi (1977, pp. 419-23)
l .
. . . 'FlCO 1 - - - -_ _ _ _ _ _ _ _
Imposto Inflacionório (11) e Taxa de Inflação
(P)
11
MMMMMMMMMセMBiBMセ@
•
li"
o
p'
1\0 ponto 0, a taxa de ゥョAャ。セ ̄ッ@ e a receita do imposto
inflacionário são
iguais a zero. À medida que a inflação aumenta, cresce também a
arreca-dação do imposto. Até o ponto A, o efeito sobre a receita do aumento da
taxa de inflaç:ão é maior do que o da queda em B/P. j|セ・ウエ・@ ponto, a arre-cadação do impmto intlaciomírio atinge um máximo. A partir daí, o efeito
da redução nos encaixes reais será superior ao do aumento da inflação, resultando em receita decrescente do financiamento inflacionário. Antes do
ponto A, a elasticidade da demanda de moeda é menor do que 1, no
ponto A é igual a I, e após este ponto a demanda torna-se elástica.
Como, dado o modelo que está sendo desenvolvido, a dívida do setor
público é funçàa da receita com a emissão de base monetária (c da taxa
real de juros) , decidiu-se investigar o comportamento da variação do esto-que da base monetária, como proporção do PIB, nos últimos anos.
Por questão de cocrência com os dados que serão utilúados para 。セ@
セゥュオャ。・ウL@ mensurados em termos médios, foram analisadas a::, variações trimestrais médias do estoque de base monetária, como percentagem do PIB, entre os primeiros trimestres de 1980 e de 1988. O valor do produto trimestral em cruzados correntes foi obtido a partir do índice trimestral do
produto real, elaborado pelo IPEA [ver Bonelli e Ardeo (1988)]. O índice de preços utilizado foi o IGP-DI médio do trimestre.
A Tabela 1 apresenta as taxas médias de inflação medidas pelo IGP-DI, no período considerado, e a receita do governo com a emissão dc moeda, mensurada pela diferença entre os estoques médios da base monetária nos
triltlestres I e t - I, como percentagem do PIR trimestral. Estes dados
estão pIo ta dos no Gdfico 2, q uc tem no eixo vertical a recei ta com a emissão monetária e no eixo horizontal as taxas médias de inflação no trimestre.
Examjnando-se o gráfico, observa-se que a partir da taxa de inflação
média mensal de ULSWセLセ@ os valores não apresentam tendência definida,
parecendo oscilar em torno de um ponto médio, ou seja, aparentemente,
para エ。ク。セ@ mais baixas de inflaç_ão a receita do governo com a ・ュゥセウ ̄ッ@
de moeda diminui, quando a taxa de inflação aumenta. 1\To entanto,
ultra-pa:-;sado um determinado patamar de inflação, a variação da base
mone-túria como proporção do PIB não apresenta 。ャエ・イ。・セ@ significativas, isto
é, a partir de um certo ponto (e par;-j os níveis de inflação atingidos até
o primeiro trimestre de 1988), a aceleração da inflação não teria efeito sobre a receita do governo com a emissão de base monetária. Este fato decorreria da elevação do custo de oportunidade de reter moeda e do pro-cesso de substituição de moeda por outros ativos financeiros.
B - B 1
Em princípio, portanto, na equação (4) o termo y - poderia ser
considerado constante. Neste caso, as variáveis a serem explicadas restrin-gir-se-iam à dívida pública como percentagm do PIB c à taxa real de juros.
Para verificar esta hipótese, os dados de variação da base monetária como proporção do PIB foram submetidos a tesles estatísticos de indepen-dência e de normalidade, descri tos no Apêndice. Dos dados apresentados
TABELA 1
Inflaçiio e variação da base lfIonettÍriajPTB (médias trimestrais)
19BO - I
I'
I!I
IV
1981 セ@ : 11
li! IV
19B2 - I II
111
IV
1983 - I
II
111
IV
19B4 - I
11 111
IV
19B5 - I
11
lil
IV
1985 - I
11
!II IV
1987 - !
11 111 IV
188B - I
Anos-Trimewes Taxa média de inflação" (% a ,m ,)
5,66 5,99 6,8B 7,03 7,47 5,37 5,61 4,4B 8.78 6.4B 5,17 5,30 8,54 9,37 11,06 8,72 10,67 9,01 10,48 10,99 11,B3 7,61 10,66 11,37 12.64 0,08 1.02 3,77 13,71 14,47 7,16 13,B1 1 B,31
ヲontセsZ@ Fcndaçâo Getulio Vargas, cAスヲiOオセャャャイ。@ Ecoflômlca, VáriOS número,. e Bane!11 iセ@ tlraro (lBS8;.
a MsdldJ pelo ZgセMdiN@
/!/o/"a!úria in/ema, divida f)/íbliU! e jllros reais
GRÁflÇO セ@ MMMMMMMMMMMMMMMMMMMセ@
Inflaçõo e Variaçõo da Base Monetária / PIB
(Médias Trimestrais)
(Base't )-Bose(f-l})/F'IB
6 N⦅MMMMMMセ@
5
4
3
2
o
MQlL⦅NMGMMN⦅イMセMGMG@
____________
セ@,
0,1 3,8 5,2 5,4 5,7 6,5 6,9 7,3 7,6 9,0 9,7 10,6 11,0 12,1 12,6 13,824,5 MÉDIA DA INFLAÇAO NO TRIMESTRE
na Tahela I foram ・ク」ャオ■、。セ@ セ・ゥウ@ observações, corre:-.pondentes a taxas
médias trimestrais de inflação inferiores a ULSゥH[セB@ Três observações
refe-rem-se ao pcriodo de vigência do Plano Cruzado (segundo, terceiro e
quarto trimesnes de 1986), quando a ゥャャヲャ。セG ̄ッ@ reduziu-se substanciahnentc, e as outras ao quarto trimestre de 1981 c aos terceiro e quarto trimestres
de 1982.
Constatou-se que a variação da base monetária colllO percentagem do
PIB pode ser com"ider<ida uma variável aleatória independente e
normal-mente distribuída,:! com média = i[QWHZLセ@ e desvio-padrão = oLWTセOセN@ Este
resultado sugere que a receita do goyerno com a emissão de moeda seria
uma variável do tipo "ruído branco", ou seja, que não seria afetada por
l l - B_l
outras variáveis. Isto explicaria o comportamento de y no Grá·
fico 2.
B _ R 1
2 Xa wrdadc, __ y __ -_ pode ser considerada uma variável log-noYlual. Entretanto,
log (I
+
X) t· aproximadamente igual a x. quando x t' pequeno.Adicionalmente, para te:;,tar a consistência deste resultado, estimou-se a seguinte regressão, pelo método de イョ■ョゥュッセ@ quadrados ordinários:
(6)
onde E (f,) = O, E (f,') = a'.
Esperava-se que, :;,e a variação da base monetária seglllsse, de fato, um processo do tipo "ruído branco", ter-se-ia:
bu aproximadamente 1,5(;-;)' estatisticamente significativo; b1 estatisticamente igual a zero;
R'2 próximo de zero; e
D H' próximo de 2.
o
resultado obtido roi (os カ。ャッイ・セ@ entre parênteses são as estatísticas tele Student) :
log [I
+ (
B,)]
= 0,0174 - 0,0301 Iog(4,·j237) (- 0,7791) (I
+
I"',)graus de liherdade 2:'};
R'l 0,0237; e
DH' 2,2513 .
. \s estatlstH as 」ッイイ・セーッャャ、・ュ@ exatamente ao ・セー」イ。、ッL@ o que reforça a hipótese de que, para os níveis de taxa de innação analisados, a receita do governo com a emissao primária de moeda pode ser considerada cons-talHe e independente da taxa de inflação.
Com 「。セ・@ neste resultado, a equação (4) pode ser イ・・セ」イゥエ。L@ fazendo-se
(B - B_1 ) / Y = I. (= 1,5%), D/Y = d c D_,jY -1 =
,L,:
d
y+
( 1+1')
I
'L,
+'1
(1').-\ expressão acima tem quatro varÍ<l.veis exógenas (y, 1], d_1 e I.) e, como
vari;ívcis endógenas, a taxa de juros real e a dívida do setor público em percentagem do PIB.
1'\a próxima seção セ・イ\ゥ@ desenvolvida a e(plação de demanda real de dívida do setor público.
3 -- A demanda de dívida pública
Completa-se o modelo para a dívida do setor público com a equa(;ão de demanda. Supõe-se qtle a variação entre m períodos I e L_I na demanda real de dívida seja função crescente ela taxa real esperada de juro') (ri'):
D/P
(1
+
イGIセ@ (7)Utilizou-se esta forma funcional, em que se esuí analisando a \'ariação na dívida real c não o estoque de dívida em determinado período, para captar o efeito da rcduç50 no custo de transação da troca de moeda por ativos financeiros e vice-versa. Esta redução deve-se ao slFgimento de ino-vac;ões financeiras, tjue facilitam o acesso a ativos financeiros_
A hipótese Júsica do trabalho, de que os dcmandantes de dívida pública acredit;:tlll na possibilidade de ocorrência de algulll tipo de moratória da dh-ida interna, reflete-se na rentabilidade real ・セー」イ。、。@ das ッ「イゥァ。・セ@ do
セ・エッイ@ público_ A.dmitc-sc que os 、・ュ。ョ、。ョエ」セ@ de dívida pública atribuam probabilidade q à ocorrência ele moratória, caso em (pie a taxa real de juros seria 8r, sendo -l/r
< () <
1. Por outro lado, a probabilidade de recebcrem a taxa real de .iurm integral セ・イゥ\ャ@ de (I - q) :r
8r
Supondo-se que os agentes sejam neutro", ao risco, o \'alor esperado do retorno dos títulos da díyicla pública é dado por:
R' = q (1
+
er) lJ_1+
(l - 'I) (1+
r) lJ_1 (8)ou:
II
+
(1 - 'I) r+
'ler] ])-1 (8')セ・ウエ・@ caso, a taxa de juros real esperada pode セ・イ@ escrita como;
r' = (I - 'I) r
+
qOrou, rearranjando os termos:
r' = [I - q (I - e)
1
r(9)
(9')
Examinando-se a expressão acima, vcrifica-se que, caso nâo ocorra a moratória, ou seja, (J ;:::::: }, a taxa de juros real esperada sertÍ igual à taxa
ele juros efeti\'a.
Por hipütese, a probabilidade que o setor privado atribui セャ@ ocorrência ele moratúria no período t, representada por q, depende do estoque da dívida do setor público em relação ao PIE no período t - l. :-\ idéia é
intuitiva: quanto mais elevada a relação dívida/PIB hoje, mais difícil, para o setor púhlico, pagar a dívida amanhã. ;\
Para simplificar, admite-se que a probabilidade q セ・ェ。@ lllua função linear do estoque da dívida em relação ao PIR, no período f - l. A função tem o seguinte comportamento: quando D_l/Y -1 for maior ou igual a um
determinado valor x, q será igual a I c, quando D_1/L_1 for menor do
I ])-1
que x, q ser:í. ig-ual a x
---Y:-;-'
(Gráfico 3).
q (
セ]Z@
)
/--- XD_l
MMMセ@ X
Y -1
(
lJ_1
Substituindo (9') e (10) cm (í) supondo-se que
---y:-;-
LD/P
(I ü)
(11 )
:\Iultiplicando e dividindo D/P por Y e D_1/P -1 por Y -1' fazendo
DIY , ti, D_,,!Y _; ;:::::: rI_1' efX ;:::::: A, e lemhrando que o produto real crcsce a taxa 11, ohtem-se:
1+'1 x (12)
d= A . d_1 I-O
;1 Es[a hipótese é, llaturalUH'l1le, simpli[ic;adora, dado que existelll países com rela-HjᅪャGセ@ di\'ida do selor público,i 1'1B JJ\uito mais de\"adas do tlue a brasileira e que llrLO
apresentam prublemas de finanLiamento. :\0 caso brasileiro, uutro parú11lctru (te
desc;on-ヲゥ。ョセG。@ seria o t'ncurt<llllenlo do prazo médio da dívida púhlica.
GRÁFICO 3 - - - -_ _ _ _ _ _ _ _ _ --,
o _I )
q
(v=;-
+---I.
- - - MセMMMMM
MMMMMMMMMセMMMMMMMMMMMM
A expressão (12) representa a demanda real de dívida pública. Obser-va-se que:
1) quando a taxa de juros real é zero, o estoque da dívida em
percen-Lagem do PIB é igual ao estoque no período anterior, multiplicado por
uma constante; e
o o
(I - 8)
oI
f o oI
2) o coeflnenLe '--x- pode ser IIlterpretac o como o coe luente (e
desconfiança dos demandantes de dívida pública; quanto menor (j (ou
maior o corte esperado no serviço da dívida) ou quanto menor x (ou a
relaÇ'lO dívidajPIB tolerada pelo público) , menor será a taxa de juros real esperada c, por conseguinte, a demanda de obrigações do setor público.
As equações (12) e ('1') formam o sistema de equações simultâneas que
explicam a dívida pública em percentagem do PIB e a Laxa real de juros.
Para realizar simulações para o comportamento destas variáveis é
necessá-rio estimar valores para os parâmetros e a (constante) e
B
(elasticidadc-juro de longo prazo da demanda de dívida pública) .
Estes valores foram obtidos estimando-se uma versão log-linear de curto prazo da equ<l<;ão (7) (onde substituiu-se r' por r) :
log
(2)' _
log ( li,_'2 ) ="1
+
セL@
101', (1+
ri)+
\ FI PI-12
I (
D,_l )+
b, log;-_ Pt-l - 101',
(13)
sendo E (fi) = 0, E (f;) = 02,
A equação
e
uma ver:-.ão de curto prazo porque a unidade de tempo t é mensal, variando de dezembro de 1983 a fevereiro de 1986. O período do Plano Cruzado foi excluído, pelo fato de os índices de preços então apurados não refletirem o comportamento efetivo dos preços.Os valores de Pt e Dt são, respectivamente, o lGP-DI do mês t e a dívida mobiliária federal em poder do público no rnês f. Observe-se LJue Df deve-ria ser, de acordo com o modelo que ・セエ\■@ セ・ョ、ッ@ estudado, a dívida total do setor público, exclusivc a base monet,Íria. Por não se dispor de estima-tivas mensais deste dado, nem tampouco da taxa real de juros média inci-dente セッィイ・@ a mesma, supôs-se que a dívida mobili<íria federal em poder do público (fora da carteira do Banco Central) seja uma proporção cons-tante da dívida total do setor público.
Finalmente, fi é a taxa real acumulada entre o mês t セ@ 12 e o mês I
incidente セッィイ・@ o O1.wrnight. Foi utilizado, por questão de coerência, o IGP-DI para deflacionar a taxa de mercado aherto. Os dados estão apre-sentados na Tabela 2.
A estimativa desta equação resultou em:
10g
graus de liberdade 24;
R'2 0,9:")50;
R'
O,YS'l2; F 509,7; e= 1,4044 loK (3,2371 )
・セエZャエ■ウエゥ」。@ h de Durbin = 1,6573.
Jfom/()ria illten/ll, d{uida jní/lfim I:' juros H'(ÚS
(1
+
ri)+
0,6820 (7,2352)TABELA 2
Taxa de juros e títulos federaís em poder do público
Período Taxa real de juros do overnighta Variação na dívida mobiliária rea!h
- - -
-1983 - Demnbro
1884 - Janeiro Fevereiro Mmço Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro
セjッカ・ュ「イッ@
Dezembru
1985 - Janeiro FevereifIJ Marco Abril Maio Junho Julho Aqosro Setembro Ou!uuro Novembro Dezembro
1986 - Janeiro Fevereiro -4,82 -2,66 -2,93 -1,14 -1,55 -4,60 -2,07 1,88 2,02 6,75 10,57 10,57 9,52 10,47 12,40 11,45 16,47 20,36 22,45 21,76 16,74 16,73 18,11 12,52 12.46
10 ,1
°
r.76 -865,21 -792,91 -784,95 -492,82 -532,81 -373,55 -240,24 -123,36 -37,97 492,22 E24,72 814,76 1 .124,41 1.204,.10 1 .191,34 1 .192,23 1,590,50 1751,00 1925.47 2.107,14 1.929,53 1 .712,94 1 ,807,01 1.377,86 1 .151,09 916,44 655,79
FONTES: b。セ」ッ@ Ccntról do Bras"!, [lrasIPrOjlama[cG{lômicu, vセiGios@ nllmBros, B run.iaçJO GetuliO Valgil.1, COfli/Jotura [eMam'C'!,
\'á-fiOS numeroso
a Em %, acumulada em 12 meses_ Delator = IGP-rJl
b Enl 12 meses {Cz$ 11l1I\õesl. d・Aャセエッイ@ = IGP-jl.
Os valores entre parênteses são as estatísticas t, todas ::,ignificativas a níveis superiores a I セZセN@ O teste F e os coeficientes R'2 e R'2 também são elevados. Além disso, a estatística h de Durbin está bcm abaixo do \'alor 2, o que indica que não sC pode rejeitar a hipóte:-.e nula de ausência de
correlação serial dos resíduos. Em outros termos, a estimativa também satisfaz ao teste h.·1
4; Há problemas que poderbm estar afetando a estimativa da equação (13). Em
Para as セェュセ[ャ。・ウ@ interessam os valores ele cCi e r3, que são impactos de
longo prazo. É daro que, no prazo de um ano, um mês pode ser conside-rado como cuno prazo. Desta forma, segue-se que:
o
e セ@ セi@ '1,4164
1 - õ I-õ
Na próxima ウ・セG ̄ッ@ serão analisadas as soluções das equações de oferta e de demanda de dívida púhlica.
4. -
Resolução do modelo
o
modelo adotado compõe-se de duas equações de diferenças finitas, dcduJ:Ídas nas seções anteriores. Para facilitar a compreensão do compor-tamento 、。セ@ equações, introduziu-se o índice de tempo:À
(I
+
ri ) Iy -
+
1+
'1 ( , - I (14)1+'1 x ( 15)
A
d'_I
{I
+
ri[1 -
(I - O)A ウッャオセG ̄ッ@ geral do sistema de equações de diferenças finitas aClma é muito complexa. Primeiramente será feita uma análise detalhada do com-portamento das soluções no caso em que não há possibilidade de mora-tória (() = 1). Depois verifica-se como esta possibilidade afeta os resultados. Como ficar;i claro, conclusões gerais são difíceis. Por este motivo, a seção seguinte apresenta resultados ele simulações onde foram utilizados dados
do Brasil. , .. " ·f
Das cqua<;ões (14) e (15) obtêm-se, após algumas manipulações:
(I
+
ri) - A (1+
tLIセ@+
<it - A-l/{3(y - ic)
=
O(1
+
q) = Oセ@
d セ@
1-)
( 16)
( 17)
Ob!:'ervando (16), deduz-se que hú uma taxa de juros real pOSItIVa (y - i,) (1
+ ,])
sempre que I
+
1>
A. Este fato é tão mais provável( l - I
quanto maiores forem o déficit primário e o crescimento real (y - À
>
O)e a seigniorage do governo. Além disso, esta taxa de juros pOSItlVa será
única no C"SO em que aセ@
>
I.
Para o Brasil os resultados indicam queeste valor é L1,4 (em bases anuais). Tomando como hipótese aセ@
>
I ederivando-se (16), tem-:;,e:
Of
<
0,or
l>
0, Ort<
OoA
oY
oÀ
(18)c:
ar,
L O,ar,
"-o
), ""-o
セ]]^@
Y
-a
d,-l 011 (19)OH seja, a taxa ele juros é tão maior quanto maior o eléficit primano,
me-nores a demanda de dívida pública e a seigniorage e, se o déficit primário
excede a seigmorage, qUélnto maior o crescimento real e menor a dívida
em títulos do início do período. Estes resultados são esperados, com a possível exceção do último. De fato, um aumento da dívida do início do
período tem duas conseqüências de sinais contrários: UlIl aumento da
dívida de fim de período, que pressiona para cima as taxas reais de juros
- equaçJo (H) -, e um aumento da demanda de obrigações de fim de
período, que reduz as taxas de juros - equação (15). A combinação final
é negativa sempre que aセ@
>
1.A resolução intertemporal do modelo é feita através da equação de
dife-renças finitas (1 í). Como se pode ver, esta é altamente nâo linear, de
modo que não se pode esperar encontrar uma solução fechada da equação.
Após alguns algebrismos, mostra-se:
Proposição I: a equação (1 í) tem solução única di :::::::". O, com do dado, 8-1
se y - À
>
O e 11>
I. Neste caso, quando A'! セ@ (I +11) única relação dívida/PIB de equilíbrio, dada por:f3
>
1, há umad*
=
1 _ A y - I.ャOセ@ (I KセI@ (j3 1) I セ@ (20)
Este equilíbrio é globalmente estável, e se d(1
<
d*, dt cresce com t atéatingir <1*, o contrário acontecendo se do
>
d*.セMi@
Além disso, quando Al/f3 (I
+
11) f3 L I, não há equilíbrio e osis-tema explode, sendo lim ril
==
ê.Ç, para qualquer relação divida/PIB inicial.iMGセ@ n:>
Como conseqüência da proposição 1 e da equação (16), tem-se:
セMi@
Proposição 2: quando y - À
>
O e セ@>
I, se aQOセ@ (I+
111
セ@:>
1a taxa real de juros atinge o valor r
= (
Iセ@
11)1/(3 _
1 no longo prazo.Se o estoque dívida/PIB inicial é menor que d*, rt é declinante com o
tempo até atingir r, o contdrio ocorrendo quando do
>
d*. Além disso, ff-lse AI/13 (1
+
q) (3 ..:::::::: 1 os juros reais são sempre declinantes,tor-nando-se negativos depois de um certo tempo.
Notc-se que o resultado declinante dos juros com o tempo decorre das ohservações anteriores, acrescidas da proposição 1.
a _. 1
Para os parâmetro:, do Bra:,il (se 11 = ULUセセ@ ao ano), Al/(3 (1
+
11)-ff-1,042
>
I. Desta forma, se não houver desconfiança por parte do público, セi@ _ ) ,o estoque dívida/PIR é crescente até セLPTR@ e a taxa real de juros tem
1 LRセZセ@ ao ano como seu valor de longo prazo. Por exemplo, se o déficit
primário exceder a seignioTage em RセZセ@ do PIB, a relação dívida/PIB de
equilíbrio Hセ@ 47 LUセセ@ do PIB. Observe-se que este fato só seria possível se
não houvesse possibilidade alguma cle moratória.
Vê-se, pelo exposto acima, que o sistema funcionaria muito bem a favor
do governo no ('a::,o em que não houvesse desconfiança. É claro que isto
não ocorre, pois depois de algum tempo, quando a relação dívida/PIB torna-se elevada, o público começa a achar muito improvável que o go-verno tenha condi(:ões de algum dia quitar sua dívida. Aí as complicações aparecem. Como se verá na seção seguinte, as simulações mostram que com probabilidade:, de moratória não muito elevadas, a tendência de queda nos juros reverte-::,e em um horizonte curto de tempo toda vez que o
esto-que da clívida é gnlllde o suficiente.
lntrocllllindo-se nas equações a possibilidade de moratória, ou seja
() <
1, a nova equação de diferenç'as finitas que rege o processo é:Mセ@
ri, - A-1!f(1
+
11) f8
(/-6-'-1
l-H x
(21 )
oィセ・イカ。MウHG@ que aparece um termo intermediário ゥョ・クゥセエ・ョエ・@ em (17).
O que セ・@ nota de (21) é que dt _1 agora passa a in{luenciar dt por outros
canais. Se o PIB real cresce, é fácil ver que di é maior que a solução de
(17) (para valores de y - À inferiores ao crescimento real do PIB) , e tão
" I t" " , 1 - 0
IllaIOr quanto lIlaIOr <l (escon .wnça, ls10 e, quanto maIOr - - --,
x
Uma conseqüência deste fato é que agora o efeito negativo do aumento
de dt _1 sobre r, que se verificaria sem a pmsibilidade de lIloratória, deixa
l-O de existir para valores de
x elevados. hto porque a pressão altista
sobre ッセ@ juros do aumento de d, causado por dl_I' pa:,sa a ser superior ao
efeito de redução dos juros reaü, que é exercido pelo aumento da demanda de dívida do setor público quando dt _1 aumenta.
Portanto, o comportamento das taxas de jurm. ao longo do tempo muda sobremaneira. Estas ー。Lセ。ャャャ@ a :-:cr mais elevadas com maiores ョ■カ・ゥセ@ de
、・セ」ッョヲゥ。ョ。L@ causando 。オュ・ョエッセ@ ainda mais rápidos da relação dívida/
PIB.
Por fim, como se está supondo que a relação dívidajPIB não pode ser superior a um valor x, o estado estacionário torna-se também muito mais difícil de ser atingido. Ver-se-,Í, na próxima seção, a simulação do modelo para os parâmetrm. da economia brasileira.
5
Simulações para
a
taxa real de juros e para a relação
dívida/PIE
Nesta seção são feitas simulações para 10 anos (1988/97) das n,ljetollas da taxa real de ェャャイッセ@ e da dívida interna pública em percentagem do PIE, sob diferentcs cenários.
A primeira \"ariável 。ョ。ャゥセ。、。@ é a taxa real de juros necessana para equilibrar o modelo, com e sem probabilidade de moratória, e consideran-do-se uma receita constante elo governo com a emissão de moeda. A taxa de juros real foi obtida igualando-se as ・アオ。・セ@ (l') e (12.) e re\iolvendo-se de forma implícitê.. a equação resultante:
y-À
-,"--;-'_1_\
A .[1
+
r(I _
I
+
'I x (I+
r)I
HセセI@
l-e
Para medir o cstoque da dívida cm relação ao PIE, utilizou-se o conceito de Dívida Líquida do Setor Público, ;; exdusivc a base monetária. cッョセゥᆳ
derou-se somente a parcela interna do estoque médio ela dívida total, que em 1987 (tomado com.o o período t - 1) foi QXLTRHZLセ@ do produto real da economia." l\""estc caso, na equação (22), <1_1 = 0,18'12 .
. 1 Para um exame do conceito de Dívida Líquida do Setor púhlico. ver Banco Central
do Brasil, 1Ilformati<,o mOI.lal, セ・ー。イ。エ。L@ jan. 1986.
H Banco Central do Brasil, Brasil - programa econômico, jun. 1988. p. 103.
As hipúte:;cs adicionais foram:
y 0,035; 7
I, O,OIS;
l] O em 1988 c 0,055 nos anos seguintes; セ@
A I; c
13 HI6'1.
Note-:;e que os diferentes de moratória somente por
ヲゥ。ョセ@ .. a. !l
valores de () e x influenciam a probabilidade 1-8
o chamado coefieien te de
descon-x
As simulações foram feitas para os seguintes casos:
1-8
O (8 = qualquer) ;
I) I e x
x
2) 1-8 0,5 (8 セMセ@ O e x - 2) ;
x
3) I -
e
I (8 -o
c x - I) ;x
"') 1-8 1,5 (8 2 e x 2) ;
x
5) 1-8 2,5 (8 - I e x - 2);
x
6)
I-O
4 (8 - -3 e x - I) ;x
7)
1-8 4,5 (8 - -8 e x - 2) ; e x8) 1 -
e
5 (8 - -·1 e x - I) .x
1\0 primci1'O ca,o, ・ウエオ、。セウ・@ a evolução da> variáveis sem probabilidaue de moratória. Nos casos 2 e 3, acredita-se em um corte de 9 e QXセGセL@ respec-tivamente, nos j LIros reais. Este corLe na taxa real de juros é ampliado para 28, 46, 7-'1, 8:3 e YRサZLセI@ nos caso:; 4, .1, 6, 7 e 8.
:\'a verdade, COI110 se est:i considerando para a resolução do modelo que os juros
externos são rees('alonados automaticamente. o que nào ocorre na prática, o parâmetro y engloba não somente o déficit prilll<Írio do setor público como também os juros cxternm
devidos. ->1 セ@ ,
s 5,5°" foi a taxa média de í.rescimento do produto n'al no Brasil nos últimos 15 anos (1973/87) .
D
fi Isto não é ('stritamentc \·erdadc. pois sempr(' que (-v-) -1 fica superior a x
teríamos - pela ・アオ。セG ̄ッ@ (lO) - que o público acreditaria セtiャ@ 'moratória com certeza. Contudo, novas ウゥュャャャ。セ」セ@ podem ser feitas como セ・@ o valor ;\ não エoセU・@ at;asidD,
エ|ーセ@ ッャjャゥ、ッセ@ oセ@
valare,1 y"ra a taxa
real de
jurOl,
ilevolução do estoque
da dívida pública intern;l como proporção do PIR foi calculada a partir da equação (-V), reprodu/.ida abaixo:
1
+)'
1+'1 ) <I_I (4')
.''\ segUIr são 。ーイ・セ・ョエ。、ッウ@ e comentados os resultados das simulações.
Observa-se que a simulação sem possibilidade de moratória evolui con-forme o esperado: taxas de juros reais pm.itiv<ls ligeiramente decIlnantes
(em 10 anos decaem um ponto percentual), dívida corno proporção do
PIE aumentando para seu valor de equilíbrio (o valor de equilíbrio de
longo prazo é de cerca de UPセLセ@ do PIR neste caso) .
. A partir desta simulação básica, introduleIl1-Se valores distintos para o
1 -
e
coeficiente de desconfiança
x . Isto permite que se tenha uma visão
ampla dos impactos de diferentes gr;ms de desconfiança do público quanto
;'l capacidade de pagamento da dívida pelo governo.
ャG|ッエ。Mセ・@ que para UIlla desconfianc;a ainda baixa (de 0,5 e 1) a tendên-cia dos resultados da simula(,:fío b,Ísica não mudam qualitativamente no horizonte de de/. anos: luros reais ueclinantes e relação dívida/PIR cres-cente, mas de maneira suave. Observam-se, contudo, dois efeitos: quanto
maior o coeficiente de desconfiança, maiores os juros reais e a イ・ャ。セG ̄ッ@
dívida/PIB no ano. Estes efeitos serão uma constante durante toda a an,i-lise. ::\Iaiores coeficientes de desconfiança implicam juros reais maiores
para que ex (ln!r-: ,tS taxas de juros reais sejam equivalentes às sem
descon-fiançl. Estes j lIrm reais mais eleyados transmitem-se para a rolagem da (líyid<l, causando um aumento maior da relac;ão dívida/PIR
.\ Tabela;) indica o que acontece para o coeficiente de desconfiança de 1,5. Os juros reais, maiores que nos casos anteriores, aumentam no
primeiro ano. Este efeito é causado pelas hipóteses da simulação, pois
supõe-se que o crescimento do PIR seja Bulo em 1988, mas seja de ULUセセ@
de 1989 em diante. A partir deste primeiro ano os juros caem, até que em
trés anos, quando a イ・ャ。セG ̄ッ@ dÍvida/PIB já atinge RXHIセL@ ocorre uma
rever-Nセ¢ッZ@ ao contrário dm casos anteriores os ·,uros começam a se elevar. Ao
final de 10 anos os juros aumentaralIl de PLUサjᄋセ@ ao ano. Este número não
é rnuito elevado, mas demonstra com clareza a 、ゥヲ・イ・ョセG。@ qualitativa do:-.
resultauos do modelo q lIando ocorrem p;:;-,ms moderados de desconfiança .
...\. Tabela g mostra o que acontece quando o grau (te desconfiança é 2,5.
Em quatro <lnos a taxa de juros passa para 301
,J;)
ao ano e a relação dívida/PIR para GャiHZᄋセN@ A partir do quinto ano, o modelo "cxplode", isto é, somcnte
UUla taxa real de juros negativa poderia equilibrar oferta e demanda de
divida pública. Isto quer dizer que, de certa forma, o governo seria forçado a fazer uma moratória interna para que a dívida pública fosse financiada_
Este é o ponto básico que se pretende ilustrar: uma desconfiança
nuada do setor privado de que poderá ocorrer
UIIlallloratórüI intcrllil,
pode le\'ar o goyerno a ter que bucr esta moratória.
Para coeficientes de desconfiança mais elevadm., de 4, 4,5 e 5, nota-se que mesmo no セ・ァオョ、ッ@ ano da simulac,:ão, o governo é forçado a fazer a moratória interna. Por exemplo, no caso extremo de 5, a Tabela;) mostra
que os juros reais que equilibrariam o sisLema são de XGhセセI@ aO ano! E a
relação dívida/PIE de iWVHZL[セA@
É importante ressaltar que mesmo com o mais alto grau de desconfiança, 5, tem-se um corte apenas na parte real dos juros HYRH[Lセ@ neste caso). Em meados de 1987 as especulações eram de que o governo faria um corte
nominal da dívida internJ. Alguns até mesmo sugeriram que esta seria
urna solução para os problemas de controle do déficit no hイ。セゥャN@ v↑Mセ・L@ de ュセョ・ゥイ。@ cristalina, que esta desconfiança por parte do setor privado ウ・イゥセエ@
extremamente negativa. Poderia implicar que o governo tives.'.e que fazer lima moratória interna, de conseqüências imprevisíveis.
(. -
Conclusões
Os resultados deste trabalho evidenciam o impacto desestabilizador de especulações イ・」ッイイ・ョセ・ウ@ sobre a inadimplência interna do setor público.
Um primeiro resultado importante foi a descoberta de que a receita do governo com a emissão de moeda tem oscilado em torno (ie QLUHZLセI@ do PIB, para o.', níveis ele taxa de inflação verificados no pas.',aelo recente. Isto indica que ao tentar rinanciar o déficit público através de emissão monetária crescente, o governo conseguiu apenas aLImentar adicionalmente a tax<l de inflação, sem afetar sua receita de seigniorage. d・カ・Mセ・@ ressaltar que, para taxas' de inflação superiores às 。ョ。ャゥウ[Zセ、。ウL@ n'-ão se pode ーイ・」ゥセ←Qイ@
qual seria o comportamento da receita do governo com a emissão prirlléÍria de moeda.
Pelo exame dos y,írios exercícios de simulação, pôde-se avaliar as conse-qüências da existência de 、・ウ」ッョヲゥ。ョセG。L@ por parte dos credores do setor público, quanto à capacidade deste de continuar servindo セQ@ dívida interna:
o governo pode ser forçado a fazer uma moratória, devido à "explosão" dos juros reais e da dívida, mesmo para pequenos graus de desconfianÇ'<L Ou então, devido ;\ forte イ・、オセG ̄ッ@ na demanda ele elívida pública, o governo pode ser levado a pagar em moeda a dívida intcrna, gerando um processo de hiperinflação. Um aspecto que reforça estas po%ibiJidade.', é o encurta-mento progressivo elo prazo médio da dívida internCl do setor público.
O serviço da dívida externa pode contrihuir para trajetórias ainda mais desfavoráveis das variáveis analisadas. Os pagamentos de juros externo.'" desconsiderados na análise, pressionam a colocaç,10 de dívida pública ou a emissão de moeda. Isto ocorre na medida em que o setor público, o maior devedor externo, precisa adquirir do setor privado os dólares gerados pelo supcrávit comercial.
Apêndice
Keste apêndice descrevem-se oセ@ lestes e'itatísticos que foralll mencionados
na Seção 3. O objetivo é a determinação do comportamento da seigniorage
(medida como a variac,'ão da base monetária média em relação ao PIB) em relação à taxa de inflação, quando esta ating-e valores elevados. Con-clui-se que no Brasil, do primeiro trimestre de 19RO até o primeiro trimes-tre de 1988, se a inflação média mensal é superior a NijLSWHjセL@ a seigniorage
(ou melhor, o logaritmo de [1
+
(B - B. l)/Y]) é um ruído branco com média de 1,-1-70-;) e dC'ivio-padrão de oLWMエj[⦅セIN@ Portanto, a inflação não tem efeito de aumentar (ou diminuir) esta fonte de financiamento do setorpúblico.
O primeiro teste rcalifado foi o de independência. Como o número de
observações é pequeno (n
=
27) , dividirallH,e as realiLações da seigniomgeem dois eventos: abaixo de QLT■サ[セ@ (que é a média) e acima de QLTWセLセN@
Talllbém as taxas de ゥョョ。セG ̄ッ@ foram agrupadas, desta "ez em três hlocos:
de 5,:n a XLHIc[LセL@ de R,l a 1 HINWH[セQ@ e de 1 PLXHZLセ@ elll diante. Bf[ャiNMセ・@ agora o teste
de independência do X'2, como descrito, por exemplo, em DeGroot (1975). O número de graus de liberdade é (2 -- 1) (3 - 1)
=
2. O valor do testeé 0,7·'181. eョエイ。ョ、ッMセ・@ COlll este valor na tabela de X'2 (2), vê-se que a
pro-babilidade da cauda é 0,69. O que quer diJ:er que não se rejeita a hipótese nula, pois a probabilidade {le estar-se cometendo um erro caso a hipó-tese nula seja verdadeira é de gケヲZGセイ@ Em outras ー。ャ。カイ。セL@ o teste diz que a hipótese de independência é bastante razoável p,wa a amostra em questão. O próximo teste realizado roi o de aderência, para saber se log
(1
+
n-R_I)
y e norma llIente (Istn'
1 ]' 'b '] T UH a. estou-se para a me 'd' la1 LTWセイLセ@ e o desvio-padrão ü, 7 TsZセQG@ A estatú,tica de KoIl1log'orov-Smirnov lver, por exemplo, DeGroot (1975)] foi ü,6í40, o que representa uma probabilidade de rejeiLar a hipótese nula, sendo ela \'Crdadeira, de WケイセN@
Isto quer dizer {lue o modelo da distribui<::lo normal é adequado para descrever <t amostra.
Por fim, fe/-se UlIl último teste. Se as hipótoes anteriores são
verda-] , . ' 1 - 1 1 ( B -
R_I)
l eIras, entao l evc-se ter que a regres:-.ao (e og'
.1
+
y contrauma constante e o logaritmo de 1
+
P,
ondeP é a taxa de inflação, tem
que obedecer a: 1) constante ig'ual à média (1,4í{;o) estatisticamente; 2) coeficiente de log' (l+
P) estatisticamente nulo; 3) ]{'J próximo dezero; e -I) DUl'bin-\Vatwn próximo ele 2. Como visto na Ser;ão 3, estes valores sâo todos confirmados.
tッ、ッセ@ ッセ@ testes corroboram :l hipótese do ruído branco. Depreende-se
também da análise acima, que o intervalo de セャ@ :::::;::: 20 (aproximadamente YUHNILセ@ de chance de ocorrência) é {oLo[Lセ[@ :I,Of,:O].
Ahstract
/11 Ifl/,I j)(/pn rue Imitd a I//odt'l of /JUhlic delll sujJjJ/y al/d demand, ill order lo .lllUl)'
file d.wlamir.1 of jmlJlic debf and real interesl rale. The possibilily of a moratorium on
internal delJt is (onsidered aI/ri its elfecls are arlah'sed. For lhe case of Braz.il we found
olil lha! lhe gO"1'elll/llent's seigniorage is a random· variable independent of the inflation
rale, for high (eFel.'; of inflaliol!. Based on eslill/ales, 11'e jlerfor/n .ümulations for the
Brazilian case. alie of tlle filldiHgs is lhat !zvithoul the possibility of internal moralorium
fhe g01!erllll/t'lIt u'ould nol hm'e un)' problem to finana the debt. HO'lJ.'ever, a small chance of oCII)"rence of エィゥセ@ moralorium 'u'ould cause an explosion of fhe debt,/GNP
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