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Perfil epidemiológico dos clientes com HIV/AIDS da unidade ambulatorial de hospital escola de grande porte: município de São Paulo

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Academic year: 2017

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PERFI L EPI DEMI OLÓGI CO DOS CLI ENTES COM HI V/ AI DS DA UNI DADE AMBULATORI AL

DE HOSPI TAL ESCOLA DE GRANDE PORTE – MUNI CÍ PI O DE SÃO PAULO

1

Rosim eir e Gabr iel2 Du lce Apar ecida Bar bosa3 Lucila Am ar al Car neir o Vianna4

Gabriel R, Barbosa DA, Vianna LAC. Perfil epidem iológico dos client es com hiv/ aids da unidade am bulat orial de hospit al escola de gr ande por t e - m unicípio de São Paulo. Rev Lat ino- am Enfer m agem 2005 j ulho- agost o; 13( 4) : 509- 13.

Os obj et iv os dest e est udo for am : car act er izar o per fil epidem iológico dos client es com HI V/ AI DS de Am bulat ór io de hospit al/ escola no Município de São Paulo de 1 9 9 3 a 2 0 0 1 ; analisar a fase da infecção dos cl i en t es q u e co m p ar ecer am ao r et o r n o ; a l et al i d ad e e a ev asão d o at en d i m en t o . O m ét o d o d e est u d o ep id em iológ ico d escr it iv o an alít ico, f oi u t ilizad o d u r an t e as con su lt as d e en f er m ag em com 1 8 3 7 clien t es. Result ados: relação hom em / m ulher 1,71/ 1; m aiores concent rações: faixa et ária 30 a 39 anos ( 46,8% ) , resident es no Município ( 86,5% ) , baixa escolaridade ( 76,3% ) . Ent re as m ulheres 45,4% viviam com com panheiros; 53,3% dos h om en s er am solt eir os. Cat egor ia sex u al com com por t am en t o h et er ossex u al f oi pr edom in an t e ( 8 3 , 5 % dos h om en s e 7 1 , 2 % das m u lh er es) . Am bos ( 5 7 % ) descobr ir am ser por t ador es em est ágios con sider ados av ançados. A infecção opor t unist a pr edom inant e foi a t uber culose ( 26,2% ) , CD4 < 350 foi significat iv am ent e m aior ( p = 0,04) ent re as m ulheres. O risco de óbit o foi m aior nas m ulheres ( OR = 1,72) , e para abandono foi m aior nos hom ens ( OR = 1,72) .

DESCRI TORES: síndr om e da im unodeficiência adquir ida; assist ência am bulat or ial; epidem iologia

EPI DEMI OLOGI CAL PROFI LE OF OUTPATI ENTS W I TH HI V/ AI DS

AT A SCHOOL HOSPI TAL - SÃO PAULO CI TY

This st udy aim ed t o charact erize t he epidem iological profile of pat ient s wit h HI V/ AI DS at an out pat ient service, t o analyze t he infect ion st age on t he pat ient ’s first ret urn, let halit y and program evasion. A descript ive an d an aly t ical ep id em iological st u d y w as car r ied ou t d u r in g n u r sin g ap p oin t m en t s w it h 1 8 3 7 clien t s. Most par t icipant s w er e m en ( 1.71 m en / 1 w om an) , bet w een 30 and 39 year s old ( 46.8% ) ; r esident s in São Paulo ( 8 6 . 5 % ) ; low edu cat ion lev el ( 7 6 . 3 % ) . Most w om en w er e liv in g w it h par t n er s ( 4 5 . 4 % ) , w h er eas m ost m en w er e sin gle ( 5 3 . 3 % ) . Th e m ain cat egor y of ex p osu r e w as h et er osex u al b eh av ior ( 8 3 . 5 % am on g m en an d 7 1 . 2 % am ong w om en) . Bot h m ale and fem ale par t icipat ions discov er ed t heir HI V/ AI DS posit iv e condit ion in advanced st ages ( 57% ) . Opport unist ic infect ion levels were significant ly higher ( p< 0.05) am ong m en. For m en and w om en, t he pr edom inant oppor t unist ic infect ion w as t uber culosis ( 26. 2% ) . CD4< 350 r esult s on t he fir st ret urn w ere significant ly higher ( p = 0.04) am ong w om en. Deat h risk w as great er am ong w om en ( OR = 1.72) , w her eas t he r isk of t r eat m ent evasion w as gr eat er am ong m en ( OR = 1.72) .

DESCRI PTORS: acqu ir ed im m u n odef icien cy sy n dr om e; am bu lat or y car e; epidem iology

PERFI L EPI DEMI OLÓGI CO DE PACI ENTES CON VI H/ SI DA EN ATENCI ÓN AMBULATORI A

DE UN HOSPI TAL ESCUELA - MUNI CI PI O DE SÃO PAULO

El obj et iv o del est u dio fu e car act er izar la población con VI H/ SI DA; an alizar la fase de in fección , la let alidad y deser ción del pr ogr am a. Mét odo: est udio epidem iológico descr ipt iv o analít ico r ealizado dur ant e las con su lt as d e en f er m er ía con 1 8 3 7 clien t es. La r elación h om b r e- m u j er er a d e 1 , 7 1 / 1 . El g r u p o d e ed ad predom inant e fue de 30 a 39 años ( 46,8% ) . La m ayoría de los part icipant es vivía en el Municipio de São Paulo ( 86, 5% ) , con baj o gr ado de inst r ucción ( 76, 3% ) . Las m uj er es v iv ían con una par ej a ( 45, 4% ) y los hom br es er an solt er os ( 53, 3% ) . La cat egor ía de ex posición pr edom inant e en la t r ansm isión del VI H fue la sex ual con com port am ient o het erosexual ( el 83,5% ent re los hom bres y el 71,2% ent ra las m uj eres) . Am bos descubrieron ser por t ador es del VI H/ SI DA en est adios avanzados ( 57% ) . Par a am bos la infección opor t unist a pr edom inant e fue la t uberculosis ( 26,2% ) , CD4 < 350 en el prim er reingreso fue significat ivam ent e m ayor ( p= 0,04) ent re las m uj er es. El r iesgo de m uer t e fue m ay or ent r e las m uj er es ( OR= 1,72) .

DESCRI PTORES: síndr om e de inm unodeficiencia adquir ida; at ención am bulat or ia; epidem iología

1 Trabalho ex t raído da disser t ação de m est rado; 2 Mest r e em Enfer m agem , Enfer m eir a da Unidade Am bulat or ial Hospit al São Paulo, e- m ail:

(2)

I NTRODUÇÃO

O

int eresse dest e est udo sobre aspect os da

infecção pelo HI V/ AI DS na população at endida em unidade am bulat orial vem da convivência profissional e o b se r v a çã o d a s r á p i d a s e si g n i f i ca t i v a s

t r ansfor m ações epidem iológicas que essa pandem ia vem sofrendo com o passar dos anos. As diferent es

form as de ocorrência da epidem ia dependem , ent re out ros fat ores, do com port am ent o hum ano individual e colet iv o( 1 ). Dev ido ao lon go per íodo de lat ên cia

cl ín i ca ( m ed i a n a d e o n ze a n o s, n a a u sên ci a d e qualquer int ervenção t erapêut ica) , m esm o que um a

v acina cem por cent o eficaz, capaz de int er r om per t oda t r ansm issão, fosse desenv olv ida e em pr egada no m om ent o, casos de Aids cont inuar iam a ocor r er

em grande núm ero nos próxim os dez a vinte anos( 2). Em escala m undial, estim a- se que 42 m ilhões

d e p e sso a s e n t r e h o m e n s, m u l h e r e s e cr i a n ça s convivem com o HI V/ AI DS, sendo que as m ulheres, em 2000, representavam 45% dos infectados. No ano

de 2002 cer ca de cinco m ilhões de pessoas for am infect adas, e o t ot al de óbit os ult r apassou os t r ês

m ilhões nest e m esm o ano( 3- 4).

No Brasil, desde o início da década de 80 até f in al d e m ar ço d e 2 0 0 2 , f or am n ot if icad os, p elo

Minist ério da Saúde, 237588 casos de AI DS. Desse t ot al, 1 5 9 m il ( 6 7 , 3 % ) encont r av am - se na Região

Sudest e( 5). A at ual sit uação da epidem ia no Brasil é result ado das profundas desigualdades da sociedade brasileira, revelando epidem ia de m últiplas dim ensões

q u e v e m , a o l o n g o d o t e m p o , so f r e n d o t r a n sf o r m a çõ e s si g n i f i ca t i v a s e m se u p e r f i l

epidem iológico( 1). Têm sido observadas tendências de in t er ior ização, h et er ossex u alização, f em in ização e pauperização da epidem ia. Exist e a t endência geral

de est abilização no núm er o de casos da epidem ia, a p e sa r d a e l e v a çã o d o n ú m e r o d e ca so s e n t r e

m ulher es j ov ens de baix a r enda e escolar idade, e ent re os hom ossexuais j ovens( 1,5- 6).

OBJETI VOS

1. Car act er izar o per fil epidem iológico dos client es

da Unidade Am bulat or ial do Hospit al São Paulo no

período de 1993 a 2001.

2. Analisar em que fase da infecção pelo HI V/ AI DS

os clien t es com par ecer am ao pr im eir o r et or n o n o

am bulat ório, segundo result ados de exam es clínicos

e labor at or iais.

3. Analisar a let alidade e a evasão do at endim ent o

entre hom ens e m ulheres no período de 1993 a 2001.

METODOLOGI A

Est e é um est udo epidem iológico descr it ivo

e an alít ico, r ealizado n a Un idade Am bu lat or ial da

Disciplina de Doenças I nfecciosas e Parasitárias Adulto

n o Ho sp i t al São Pau l o , I n st i t u i ção d e En si n o d a

Un i v e r si d a d e Fe d e r a l d e Sã o Pa u l o ( UNI FESP) ,

p r eced i d o d a ap r o v ação d o Co m i t ê d e Ét i ca em

Pesquisa da univer sidade.

Foram incluídos 1837 clientes cadastrados na

unidade am bulatorial e atendidos durante as consultas

d e e n f e r m a g e m p o r u m a d a s p e sq u i sa d o r a s n o

per íodo de 1993 a 2001. Recor r eu- se, t am bém , ao

b an co d e d ad os d o SI NAN ( Sist em a Nacion al d e

Agravos de Not ificação) , disponível na Com issão de

Epidem iologia Hospit alar onde são not ificados t odos

os ób it os ocor r id os n o Hosp it al São Pau lo; e ao

SI CLON ( Si st e m a d e Co n t r o l e Lo g íst i co d e

Medicam ent o) , onde são not ificadas as t ransferências

dos clientes, após autorização prévia desses Serviços.

As taxas dos subgrupos de hom ens e m ulheres foram

com paradas segundo as variáveis sociodem ográficas

e aquelas relacionadas à infecção: t ipo de exposição,

f a ses d a i n f ecçã o e t i p o d e ev o l u çã o d u r a n t e o

tratam ento, caracterizando o estudo analítico( 7). Esses

d a d o s f o r a m p r o ce ssa d o s e m p r o g r a m a

Microsoft®Access, elaborado pela em presa I nt ellisoft .

LTDA. Para a análise dos dados foram realizados: 1)

t este do Qui- quadrado, com ( p< 0,05) ; 2) odds rat io

( OR) e os respectivos intervalos de confiança em nível

d e 9 5 % en t r e os p acien t es d o sex o m ascu lin o e

(3)

E s c o la rid a d e H om e m M u lh er n % n %

S e m e sco larid a de 1 0 0,8 11 1 ,6

1 º g rau c om p le to 2 98 2 5 ,6 1 8 5 2 7 ,4 1 º g rau in co m p leto 5 54 4 7 ,8 3 4 4 5 0 ,8

2 º g rau 1 50 1 3 ,1 80 1 1 ,8

S u pe rio r 1 08 9,3 24 3 ,6

Ig n ora d o 4 0 3,4 33 4 ,8

E s ta d o C o n ju g a l

C asa d o 3 44 2 9 ,6 2 2 7 3 3 ,4

E m u n ião c on se n sua l 7 1 6,3 80 1 2 ,0

S o lte iro 6 23 5 3 ,7 2 0 3 3 0 ,0

S e pa ra do 6 1 5,2 65 9 ,5

V iú vo 2 7 2,2 82 1 2 ,1

Ig n ora d o 3 4 3,0 20 3 ,0

S e to re s O c u p a ç ã o

S e rviço s/a sse m elh ad o s 1 73 1 4 ,9 1 5 0 2 2 ,2 A d m inistraçã o /a sse m e lha d os 1 41 1 2 ,9 1 3 8 2 0 ,4

D on a s d e ca sa - - 1 2 0 1 7 ,8

P ro du çã o ind u strial 1 77 1 5 ,3 53 7 ,8

O u tro s 6 69 5 6 ,9 2 1 6 3 1 ,8

T o ta l 11 6 0 6 3 ,2 6 7 7 3 6 ,8

S e x o / f a i x a e t á r i a H o m e n s M u l h e r e s n % n %

< 2 0 1 0 , 9 1 0 , 1

2 0 - 2 9 9 7 8 , 4 1 4 8 2 1 , 8

3 0 - 3 9 5 5 9 4 8 , 2 3 0 1 4 4 , 5

4 0 - 4 9 3 5 9 3 0 , 1 1 6 4 2 4 , 3

5 0 - 5 9 1 0 9 9 , 4 5 1 7 , 5

> 6 0 3 5 3 , 0 1 2 1 , 8

N a t u r a l i d a d e

S u d e s t e 7 3 6 6 3 , 4 4 8 0 7 0 , 9

N o r d e s t e 2 7 4 2 3 , 6 1 3 9 2 0 , 5

S u l 1 0 0 8 , 6 2 7 4 , 0

C e n t r o - o e s t e 1 5 1 , 3 4 0 , 6

N o r t e 2 0 , 2 2 0 , 3

I g n o r a d o 3 3 2 , 9 2 5 3 , 7

R e s i d ê n c i a

M u n i c í p i o S . P a u l o 9 9 3 8 5 , 6 5 9 6 8 8 , 1

G . S . P a u l o 9 2 8 , 0 4 2 6 , 2

O u t r o s m u n . 3 5 3 , 0 2 5 3 , 6

I g n o r a d o 4 0 3 , 4 1 4 2 , 1

T o t a l 1 1 6 0 6 3 , 2 6 7 7 3 6 , 8

tipo d e exp osição Hom ens n =1160 M ulheres n =677

n % n %

Hom ossexual 383 33,1 - -

Heterossexual 397 34,3 565 83,5

Bissexual 45 3,9 - -

Usuário de droga endovenosa 227 19,6 47 7,0

Por transfusão de sangue 24 2,0 7 1,0

Ignorada 84 7,1 58 8,5

D oenças oportunistas

Candidíase esôfago 80 11,2 34 10,2

Tuberculose 182 25,5 91 27,2

Pneum ocistose 149 20,8 66 19,7

Toxoplasm ose 145 20,4 68 20,2

Criptococose 45 6,3 14 4,2

Citom egalovirose 44 6,2 27 8,0

Herpes 39 5,4 25 7,5

Outras 30 4,2 10 3,0

Total 714 100 335 100

contagem de células cd4(m m3

)

C d4<350 500 43,0 355 52,4

C d4>350 488 42,3 209 30,8

N ão realiza do 172 14,8 113 16,8

Total 1160 100 677 36,8

Tipo Evolução < 1

ano 1-3 anos

4–6 anos

7-9

anos Total %

Em acompanhamento 53 180 66 77 376 55,5

Óbito 25 26 9 0 60 8,8

Abandono 39 41 4 0 84 12,6

Transferência 45 63 45 4 157 23,1

TOTAL 162 310 124 81 677 100

Tabela 2 - Car act er íst icas sociais dos client es com HI V/ AI DS - Unidade Am bulat orial, 1993- 2001

RESULTADOS

Va r i á v e i s r e f e r e n t e s a o s d a d o s p e sso a i s e sociodem ogr áf icos

Tabela 1 - Caract eríst icas dem ográficas dos client es com HI V/ AI DS - Unidade Am bulat orial, 1993- 2001

Va r i á v e i s r e l a ci o n a d a s a o HI V/ AI D S: t i p o d e ex p osi ção, f ases d a i n f ecção e t i p o d e ev ol u ção durant e o t rat am ent o

Tabela 3 Car act er íst icas r elat ivas ao HI V/ AI DS -client es da Unidade Am bulat orial, 1993- 2001

A p r e se n ça d e i n f e cçã o o p o r t u n i st a f o i significat ivam ent e m aior ent re os hom ens ( p< 0,05) , as m ulher es apr esent ar am os pior es r esult ados de cd4, ist o é, cd4 m enor que 350 células por m m3 no prim eiro ret orno ( p= 0,04) .

As Ta b el a s 4 e 5 , a p r esen t a m d a d o s d a ev olu ção dos clien t es da Un idade Am bu lat or ial n o per íodo est udado.

Tabela 4 - Dist ribuição de client es do sexo m asculino da Unidade Am bulatorial, segundo tipo de evolução e t em po, 1993- 2001

Tabela 5 - Dist ribuição de client es do sexo fem inino da Unidade Am bulatorial, segundo tipo de evolução e t em po, 1993- 2001

A chance de óbito para as m ulheres foi 1,72 v ezes m aior q u e p ar a os h om en s e a ch an ce d e abandono para os hom ens foi 1,72 vezes m aior que para as m ulheres com o OR de 1,72 ( I C 95% : 1,13-2,60) .

DI SCUSSÃO

O perfil epidem iológico dos 1837 clientes com HI V/ AI DS, at en d id os n a Un id ad e Am b u lat or ial d o Hosp it al São Pau lo, n o p er íod o d e 1 9 9 3 a 2 0 0 1 , acom p an h ou a ev ol u ção d a ep i d em i a n o País. A escolar idade t em sido ut ilizada com o m ar cador da sit uação socioeconôm ica, e o aum ent o na proporção d e casos d e aid s n aq u eles in d iv íd u os com m en or escolar idade t em sido denom inado pauper ização( 8). Ent r e 1988 e 1999, a pr opor ção de casos ent r e os indivíduos com at é o prim eiro grau acresceu de 28,6 p a r a 6 0 , 7 %( 8 ). Ne st e e st u d o , a p r o p o r çã o d e indivíduos com at é o prim eiro grau com plet o foi de 7 6 , 3 % ( 1 4 0 2 ) . En t r e as m u lh er es, dest acou - se o m en or con t in g en t e com n ív el su p er ior, 3 , 6 % , em relação aos hom ens, esse cont ingent e foi de 9,3% , confirm ando que exist e progressiva pauperização da

Tipo de Evolução ano <1 anos 1-3 anos 4–6 anos 7-9 Total %

Em acompanhamento 104 237 210 133 684 59,0

Óbito 21 62 5 0 88 7,6

Abandono 160 32 20 0 212 18,3

Transferência 38 71 45 22 176 15,1

(4)

epidem ia, com tendência a atingir m ulheres com níveis de escolar idade cada v ez m ais baix os( 9). No Br asil, em 1 9 9 9 , n a d ist r ib u ição d a p op u lação f em in in a ocupada por set ores de at ividades, 56,6% est avam no set or dos serviços( 10). Da m esm a m aneira, nest e est udo, a m aior concent ração de m ulheres ( 22,2% ) estava inserida no m esm o setor. Destacou- se tam bém n est e est u d o o g r an d e con t in g en t e d e “ d on as d e casa” ( 17, 8% ) .

No presente estudo, 86,5% da população têm com o local de residência a cidade de São Paulo. Dos indivíduos que at ualm ent e vivem com HI V/ AI DS no Br asil, 7 5 % en con t r am - se n os m u n icípios de São Paulo e Rio de Janeiro( 11).

Com o pr incipal t ipo de ex posição ent r e as m u l h e r e s d e st e e st u d o e n co n t r o u - se a f o r m a het erossexual, com 83,5% ( 565) dos casos.

A r e l a çã o h e t e r o sse x u a l é a f o r m a d e t r a n sm i ssã o q u e m a i s t e m co n t r i b u íd o p a r a a fem inização da epidem ia em nosso País. No Brasil, a incidência de casos entre os heterossexuais foi a que m ost r ou o m aior aum ent o, influenciando de for m a decisiva a expansão da epidem ia entre as m ulheres( 2). A prát ica assist encial do pesquisador no Am bulat ório da Disciplina de Doenças I nfect o- cont agiosas Adult o ( Unidade Am bulat or ial) est á de acor do a afir m ação de que a vulnerabilidade de um grupo à infecção pelo HI V e ao adoecim ento é resultado de um conj unto de car act er íst icas dos cont ex t os polít ico, econôm ico e so ci o cu l t u r a i s q u e a m p l i a m o u d i l u e m o r i sco individual. A socialização de brasileiros e brasileiras com o h om en s e m u lh er es, ou sej a, a con st r u ção sociocult ural das relações de gênero, das definições co l e t i v a s o u su b j e t i v a s d o q u e é se r “ v i r i l ” o u “ fem inina”, é o principal obst áculo para a percepção da vulnerabilidade à infecção ou reinfecção pelo HI V e tem sido desconsiderado na organização do cuidado dos port adores. Norm as sociais negam às m ulheres conhecim ento sobre sexualidade e saúde reprodutiva, o que lim it a suas chances de t er em cont r ole sobr e seu cor po e decidir em com quem e com o desej am m ant er r elações sex uais. De m odo ger al, elas não p od em ex ig ir o u so d e p r eser v at iv os ou r ecu sar m ant er relações sexuais, o que pode gerar suspeit a de infidelidade( 12).

Na prát ica assist encial, observa- se que t ant o hom ens com o m ulheres dem onst ravam conhecim ent o sobr e a t ransm issão do HI V, sabiam as for m as de p r e v e n çã o , e n t r e t a n t o , a s m u l h e r e s, q u a n d o pergunt adas sobre parceria sexual, m uit as relat avam sa b e r q u e se u s p a r ce i r o s m a n t i n h a m r e l a çõ e s

ext raconj ugais rot ineiram ent e, além de considerarem isso “ nor m al”, “ coisa de hom em ”, não cogit avam a idéia do uso do preservativo entre eles; apesar desse com por t am ent o nunca se im aginar am sob r isco de adquirir a infecção, m esm o após receber o diagnóstico de HI V posit ivo. A sit uação da cont am inação rem et e à con d ição f em in in a, r ef er in d o- se à su b m issão e d ep en d ên ci a d e seu s p ar cei r o s e ao am o r co m o e l e m e n t o s i n t e g r a n t e s d a i d e n t i d a d e f e m i n i n a , im pedit ivos de ações prevent ivas.

Segundo a definição do Minist ério da Saúde, e d a Rev isão d a Def in ição Nacion al p ar a f in s d e Vigilância Epidem iológica( 13), 57% ( 1049) dos clientes da Unidade Am bulat orial vieram no prim eiro ret orno com o caso de aids e, conseqüent em ent e, indicação d e in ício d o u so d e t er ap ia an t i- r et r ov ir al, sen d o 3 1 , 9 % ( 3 3 5 ) m u l h er es e 6 8 , 1 % ( 7 1 4 ) h o m en s, co n si d e r a n d o - se o p â r a m e t r o d a p r e se n ça d e infecções opor t unist as. Esse par âm et r o at ua com o d ef in id or d e m elh or ou p ior p r og n óst ico além d a necessidade do uso de t erapia com ant i- ret rovirais. Vários est udos( 13) dem onst raram que a sobrevida no início da epidem ia era de 10 a 18 m eses dependendo do t ipo de infecção. At ualm ent e, acr edit a- se que a sob r ev id a m éd ia t en h a au m en t ad o p or cau sa d o desenv olv im ent o de nov as abor dagens t er apêut ico-profiláticas e de m elhor conhecim ento sobre a doença em g er al. Lev an d o- se em con sid er ação o cr it ér io contagem de células T- CD4, 46,5% ( 855) dos clientes t i n h a m cr i t é r i o s d e n o t i f i ca çã o co m o a i d s, p o r ap r esen t ar em CD4 + m en o r q u e 3 5 0 cél / m m3. A pr opor ção de m ulher es com r esult ados de ex am es d e con t ag em d e célu las CD4 , ab aix o d e 3 5 0 , f oi est at ist icam ent e m aior que ent re os hom ens ( 52,4 e 43% respect ivam ent e) . O CD4 m ais baixo pode ser pr edit iv o de pior pr ognóst ico par a as m ulher es. A contagem CD4+ em sangue periférico tem im plicações prognóst icas na evolução de infecção pelo HI V, pois é a m arca registrada de déficit im unológico e associa-se a cert os parâm et ros clínicos( 13).

(5)

per íodo 1 9 9 0 a 1 9 9 3 , en con t r ou - se t am bém r isco relativo para óbito m aior entre as m ulheres. O evento óbito foi reportado em 27,5% das m ulheres enquanto nos hom ens foi 12,2%( 14).

Qu an t o ao ab an d on o, 1 6 , 1 % d o t ot al d e clientes deixaram o tratam ento, desses, 71,6% ( 212) eram hom ens e 28,4% ( 84) m ulheres. Nesse grupo, a chance para abandono foi m aior ent re os hom ens com OR de 1,72 ( I C 95% : 1,13 - 2,60) . Ent re os que aban don ar am , 9 5 , 2 % ( 8 0 ) das m u lh er es e 9 0 , 5 % ( 192) dos hom ens o fizer am at é t r ês anos, após o pr im eir o r et or n o. O f at o da in dicação de in iciar a t er ap i a an t i - r et r ov i r al com b i n ad a j á n o p r i m ei r o r et o r n o p ar a a m ai o r i a d o s cl i en t es d a Un i d ad e Am bulat or ial pode t er influenciado o abandon o do t rat am ent o, vist o que provavelm ent e o client e ainda não havia elaborado a idéia de ser um pacient e com aids e a indicação m édica de início de t erapia ant i-ret roviral t alvez possa não t er sido assim ilada, além de pr ov ocar v ár ios efeit os colat er ais. Est udo sobr e adesão( 15), r ealizado em Cam pinas, SP, dem onst r ou a g r a n d e d i f i cu l d a d e em a cei t a r a t er a p i a a n t i

-r et -r ov i-r al, dim inundo conseqüent em ent e a adesão, p r o p o n d o q u e se e l a b o r e m e d i d a s e sp e cíf i ca s, respeit ando- se as caract eríst icas de cada grupo para se at enuar essa dificuldade.

Ap esar d e t od os os av an ços con seg u id os durant e m ais de vint e anos de epidem ia, em t erm os d e t r at am en t o , m el h o r a d a q u al i d ad e d e v i d a e prognóstico não se pode esquecer que a aids continua sendo um a doença incurável. A descoberta tardia em r e l a çã o a se r so r o p o si t i v o , a l é m d e p i o r a r o p r o g n ó st i co , cau so u e co n t i n u a cau san d o d an o s irreversíveis em term os de não- prevenção, na m edida qu e o in div ídu o in f ect ado per m an ece lon gos an os transm itindo o HI V sem estar ciente de sua situação, expondo a risco um núm ero considerável de pessoas. Nesse con t ex t o, a i n f or m ação e a p r ev en ção d a i n f e cçã o p e r m a n e ce e sse n ci a l . No q u e t a n g e à Enferm agem , o bem assist ir os port adores HI V/ AI DS exige enferm eiros crít icos, com com pet ência t écnica e conhecim ent o da polít ica de saúde para lut ar por um m odelo de sociedade que assegur e os dir eit os dos cidadãos independent e de sexo, cor ou raça.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

1. Br it o AM, Cast ilho EA, Szw ar cw ald CLl. Aids e infecção pelo HI V no Br asil: um a epidem ia m ult ifacet ada. Rev Br as Med Tr op 2001 fever eir o; 34( 2) : 36- 9.

2. Rachid M, Schecht er M. Manual de HI V/ AI DS. 6ª ed. Rio de Janeiro ( RJ) : Revint er; 2001.

3. World Healt h Organizat ion. Fact Sheet s. Gender and HI V/ AI DS. Genev a ( SWZ) : WHO/ UNAI DS; 2001.

4. World Healt h Organizat ion. Aids epidem ic updat e. Geneva ( SWZ) : WHO/ UNAI DS; 2 0 0 2 .

5. Minist ér io da Saúde ( BR) . Dados e pesquisas em DST/ AI DS. Brasília ( DF) : Minist ério da Saúde; 2002.

6. Ant onio DG, Baham andes LG, Cupert ino CV. Conhecim ent o, at it udes e pr át icas de m ulher es br asileir as at endidas pela rede básica de saúde com relação às doenças de transm issão sexual. Cad Saúde Púbica 2000 j aneiro; 16( 1) : 1- 3. 7. Pereira MG. Epidem iologia t eoria e prát ica. Rio de Janeiro ( RJ) : Guanabara Koogan, 2000.

8. Minist ério da Saúde ( BR) . Coordenação Nacional de DST e AI DS.A epidem ia de Aids no Brasil: Sit uação e Tendências. Brasília ( DF) : Minist ério da Saúde; 1997.

9. Guim arães MDC. Est udo t em poral das doenças associadas a Ai d s n o Br a si l , 1 9 8 0 - 1 9 9 9 . Ca d Sa ú d e Pú b l i ca 2 0 0 2 j aneir o; 16( 1) : 56- 60.

10. I nst it ut o Brasileiro de Geografia e Est at íst ica ( BR) . Censo Dem og r áf i co 2 0 0 0 : i n d i cad or es soci ai s sob r e a m u l h er. Br asília ( DF) : I BGE; 2002.

11. World Healt h Organizat ion. HI V e Aids nas Am érica, um a ep i d em i a m u l t i f acet ad a. Gen ev a ( SWZ ) : WHO/ UNAI DS; 2 0 0 0 .

12. Buchalla CM, Paiva V. Da com preensão da vulnerabilidade social ao enfoque m ult idisciplinar. Rev Saúde Pública 2002 abr il; 3 6 ( 4 ) : 1 0 8 - 1 6 .

13. Minist ério da Saúde ( BR) . Coordenação Nacional de DST e AI DS Pr ogr am a Br asileir o de DST e AI DS. Br asília ( DF) : Minist ério da Saúde; 2001.

1 4 . Le v i n e A. H I V d i se a se i n w o m e n . H I V Cl i n i ca l Managem ent . Philadelphia ( PEN) : Sarvier; 1999; 9( Pt 2) : 89-9 5 .

15. Figueir edo RM, Sinkoc VM, Tom azim CC, Gallani MCJ, Colom brini MRC. Adesão de pacient es com Aids ao t rat am ent o com ant ir et r ovir ais: Dificuldades r elat adas e pr oposição de m edidas at enuant es em um hospit al escola. Rev Lat ino- am Enferm agem 2001 j ulho; 9( 4) : 50- 5.

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Tabela 5 -  Dist ribuição de client es do sexo fem inino da Unidade Am bulatorial, segundo tipo de evolução e t em po, 1993- 2001

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