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w w w . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r
REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
Artigo
de
revisão
Efeitos
dos
exercícios
de
alongamento
muscular
no
tratamento
da
fibromialgia:
uma
revisão
sistemática
夽
Suélem
Barros
de
Lorena
∗,
Maria
do
Carmo
Correia
de
Lima,
Aline
Ranzolin
e
Ângela
Luiza
Branco
Pinto
Duarte
UniversidadeFederaldePernambuco,Recife,PE,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem16demarçode2014 Aceitoem17deagostode2014
On-lineem1denovembrode2014
Palavras-chave:
Fibromialgia Alongamento Fisioterapia
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Opresentetrabalhotemcomoobjetivosistematizarevidênciascientíficassobrea utilizac¸ãodosexercíciosdealongamentomuscularnotratamentodafibromialgia(FM).
Metodologia:Foirealizadoapartirdeconsultaretrospectiva,semlimitecronológicoe lin-guístico,àsbasesdedadosMedLine,LILACS,SciELOePEDro,alémdaferramentadebusca PubMed.Acoletafoirealizadapordoisrevisoresindependentes,emoutubrode2012,sendo aestratégiadebuscaformuladapormeiodocruzamentodedescritoresetermos relevan-tesparaotemanosidiomasinglês,portuguêseespanhol.Foramincluídosensaiosclínicos randomizados(ECRs)compostosapenasporpacientescomdiagnósticoclínicodeFMecom exercíciosdealongamentomuscularcomomedidaterapêuticaempelomenosumdos gru-posdeintervenc¸ão.Osestudosincluídosforamavaliadosquantoàqualidademetodológica pormeiodaescalaPEDro,esuasreferênciasbibliográficas,analisadas,parasedestacar fon-tesadicionais.Abuscatotalizou6.794artigos.Cincoartigosforamselecionados,sendoum delesexcluídoporapresentarbaixaqualidademetodológica.Adorfoiavaliadapor unanimi-dade.Ométodoeotempodasintervenc¸õesvariaramamplamente,houvefaltademenc¸ão deparâmetrosnautilizac¸ãodosalongamentoseausênciadeexamesfísicosespecíficos.
Resultados: Houvemelhorasignificativaemtodososestudosquantoàdor,alémdeaspectos relacionadosaqualidadedevidaecondic¸ãofísica.
Conclusão:ÉevidenteaimportânciadoalongamentomuscularnotratamentodaFM,porém observa-seanecessidadedenovosestudosparaseestabelecerosreaisbenefíciosdatécnica, vistoqueamaioriadostrabalhospublicadosapresentabaixaqualidademetodológicae ausênciadepadronizac¸ãoquantoaousodesserecurso.
©2014ElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.
夽
ProgramadePós-Graduac¸ãoemCiênciasdaSaúdedaUniversidadeFederaldePernambuco,Recife,PE,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:suelem.barros@yahoo.com.br(S.B.deLorena).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2014.08.015
168
rev bras reumatol.2015;55(2):167–173Effects
of
muscle
stretching
exercises
in
the
treatment
of
fibromyalgia:
a
systematic
review
Keywords:
Fibromyalgia Stretching Physiotherapy
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Objective: Thisstudyhastheobjectivetosystematizescientificevidencesabouttheuseof musclestretchingexercisesinthetreatmentofFM.
Methodology: Itwasperformedfromretrospectiveresearchwithoutchronologicaland lin-guisticlimits,atdatabasesofMEDLINE,LILACS,SciELOandPEDro,aswellasatPubMed searchtool.DatacollectionwasperformedbytwoindependentreviewersinOctober2012, withthesearchstrategyformulatedbycrossingdescriptorsandrelevanttermstothetopicin English,PortugueseandSpanishlanguages.Randomizedclinicaltrials,onlywithpatients withaclinicaldiagnosisoffibromyalgiaandmusclestretchingexercisesasa therapeu-ticmeasureatleastinone oftheinterventiongroups wereincluded.Includedstudies wereassessedformethodologicalqualityusingPEDroscaleandtheirreferences analy-zedtohighlightadditionalsources.Thesearchamountedtoanaverageof6,794items.Only fivearticleswereselected,onebeingexcludedbecauseofitslowmethodologicalquality. Painwasassessedunanimously.Themethodandtimingofinterventionsvariedwidely, therewaspoormentionoftheparametersusedinthestretchesandabsenceofspecific physicalexaminations.
Results: Therewassignificantimprovementinallstudiesregardingpain,besidesasrelated toqualityoflifeandphysicalcondition.
Conclusion: ItiscleartheimportanceofmusclestretchinginthetreatmentofFM,however, thereisaneedforfurtherstudiestoestablishtherealbenefitsofthetechnique,because themajorityofpublishedstudiesshowslowmethodologicalqualityandthereisalackof standardizationregardingtheuseofthisresource.
©2014ElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Afibromialgia(FM) éumasíndromereumáticadeetiologia desconhecida,queocorrepredominantementeemmulheres nafaixaetáriade30-55anos.1Écaracterizadapordor
mus-culoesqueléticacrônica egeneralizada, comdurac¸ão maior que três meses, ocasionando problemas físicos e emocio-naisqueinterferemdiretamentenacapacidadefuncionale naqualidadedevida.2Odiagnósticoébaseadonacondic¸ão
clínica,3eotratamentopreconizaocontroledoquadroálgico
por meio de estratégias globais de abordagem interdisci-plinar,comintervenc¸ões nosâmbitos físico,farmacológico, cognitivo-comportamentaleeducacional.1,4
Atuandodiretamentenodomíniofísicodospacientescom FM, merece destaque a fisioterapia, modalidade profissio-nalcompostaporumarsenaldetécnicasresponsáveispela quebradocicloviciosodesintomascaracterísticosde doen-tescrônicos.4–6Evidênciascientíficasrevelamqueexercícios
cinesioterapêuticosminimizamador,afadigaeatensão mus-cular,melhorandoníveisdeestresse,ansiedadeedepressão nosindivíduosportadoresdefibromialgia,quandoexecutados demaneiraregularemonitorada.7,8
Os exercícios de alongamento, por sua vez, permitem a recuperac¸ão do comprimento muscular funcional, pos-sibilitando alívio de tensões, realinhamento da postura e melhora na amplitude, além de liberdade e consciência de movimento.9,10 Porém,emborabastanteempregados na
rotinaclínicafisioterapêutica,porseremdefácilexecuc¸ãoe tolerabilidade,parecenãoexistirumconsensosobreotipo,a
frequênciaeaintensidadedealongamentosmaisadequados paraotratamentodepacientescomFM.4,7
Assim,apropostadesteartigoésistematizarasevidências científicassobreautilizac¸ãodosexercíciosdealongamento muscularnotratamentodaFM.
Material
e
métodos
Arevisãosistemáticadaliteraturafoirealizadaapartirde con-sultaretrospectiva,semlimitescronológicoelinguístico,às basesdedadosMedicalLiteratureAnalysisandRetrievalSystem Online(MedLine),LiteraturaLatino-AmericanaedoCaribeem Ciências da Saúde(LILACS),ScientificElectronicLibraryOnline
(SciELO)ePhysiotherapyEvidenceDatabase(PEDro),alémda fer-ramentadebuscaPubMed.Acoletadeartigosfoirealizada emoutubro/2012,sendoaestratégiadebuscaformuladapor meiodocruzamentodedescritores(DeCSeMeSHs)etermos relevantesparaotema(termos-livre–TL),nosidiomasinglês, portuguêseespanhol.
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Specialty”(MeSH)OR“PhysicalTherapyModalities”(MeSH)OR “Exercise[majr]”(MeSH)OR“Rehabilitation”(MeSH).
ForamincluídosECRscompostosapenasporpacientescom diagnóstico clínico de FM e que apresentassem exercícios dealongamentomuscularcomomedidaterapêuticadepelo menosumdosgrupos deintervenc¸ão.Abuscaeaselec¸ão dosartigos,bemcomoaanálisedosresultados,foram reali-zadasdemaneiracriteriosapordoisrevisoresindependentes. Inicialmente,osartigosforamexcluídospelotítulo,seguido daexclusãopeloresumoe,porfim,pelaleituradoestudona íntegra.
Osestudosquecumpriramoscritériosdeinclusãoforam avaliados quanto à qualidade metodológica por meio da escalaPEDro,11,12queconsisteem10questõessobreoestudo,
com pontuac¸ão total de zero a 10 pontos. Pesquisas com pontuac¸õesinferioresa3pontosforamexcluídaspor apresen-tarbaixaqualidademetodológicaecompoucaspossibilidades deextrapolac¸ãodosresultadosparaapráticaclínica.As refe-rênciasbibliográficasdosartigosselecionadosaofinalforam analisadas,afimdesedestacarfontesadicionais.
Devido ao número escasso de ensaios clínicos sobre o assuntoeàgrandevariabilidadeentreasintervenc¸ões pro-postas,foirealizadaanáliseporrevisãocríticadosconteúdos, com impossibilidade de análise estatística dos resultados pormetanálise. Asinformac¸ões relevantes foram apresen-tadas em forma de tabelas descritivas, considerando-se as seguintes variáveis: ano, país, amostra, desfechos ava-liados/instrumentos de avaliac¸ão, desenho metodológico, intervenc¸ãoeefeitosencontrados.
Resultados
Abuscanasbasesdedadostotalizouumamédiade6.794 arti-gos,sendoomaiornúmerodeestudoslocalizadospormeio daMedLineviaBireme(n=3068)eviaPubMed(n=3181).De acordocomos critériosde elegibilidade,apenas cinco arti-gosforam selecionados, sendo o de Bressan et al. (2008)13
excluídoporapresentarbaixaqualidademetodológica(escala PEDro=2). Como resultado final, foram analisados quatro artigos,apresentadosemordemcronológicanatabela1e ava-liadosmetodologicamentesegundoatabela2.
Discussão
Analisandoos resultados obtidos pela estratégiade busca, observou-se maior concentrac¸ão de estudos nos anos 2000,10,15,16havendoapenasumapublicac¸ãonoanode1986.14
Éválidoressaltarquetodasaspesquisasforam desenvolvi-das emterritórios norte14,15 e sul-americanos,10,16 sendo a
pioneira14frutodoCanadá,paíssededa1aConferência
Inter-nacionalsobrePromoc¸ãodaSaúde,realizadatambémnoano de1986.17Iniciam-se,apartirdesseencontro,asdiscussõesa
respeitodamelhoradaqualidadedevidamundial,em decor-rênciadaampliac¸ãodoconceitodesaúdeedaidentificac¸ão docrescenteenvelhecimentopopulacional.17,18
Diantedamudanc¸adoperfilepidemiológicodapopulac¸ão, observa-seumaumentonaprevalênciadedoenc¸ascrônicas, surgindoanecessidadedepesquisasquetragamabordagens terapêuticascondizentescomanovarealidade.18Em1990,a
AmericanCollege ofRheumatology publicoucritérios diagnós-ticospara FM19 efortaleceu estudossobrea síndromenas
Américas, havendo a consolidac¸ão de grupos de pesquisa-dores dotema, comopôde serobservadonesta revisão,ao selecionardoisartigosdesenvolvidospelosmesmosautores nacidadedeSãoPaulo,Brasil.10,16
ApenasosestudosdeJonesetal.(2002)15edeBerssaneti&
Marques(2010)16descrevemcálculodetamanhomínimoda
amostra,estabelecidocombasenasvariáveisforc¸amuscular isocinéticaequalidadedevida,respectivamente.Asnormas de redac¸ão e publicac¸ão de ECRs, constituintes do CON-SORT,destacamaimportânciadadeterminac¸ãodotamanho daamostraparaextrapolac¸ãodosresultadosencontrados.20
Diantedisso,naanáliserealizada,nãoseobservou homoge-neidadecomrelac¸ãoaonúmerodeparticipantes.
Emcontrapartida,apesardeosautoresdefinirem diferen-tesfaixasetáriasnoscritériosdeinclusãodevoluntários,a média de idade das amostras dos estudos analisados cor-respondeu à populac¸ão de meia-idade, o que condiz com referênciasdaliteratura.21–23 Essesmesmostrabalhos
apon-tam para elevada porcentagem de mulheres com FM,21–23
fatotambémobservadonestarevisão,emquehomensforam incluídos apenas no estudo de McCain (1986),14
provavel-mentepelobaixorigormetodológicoexigidoempesquisasde intervenc¸ãodesenvolvidasnadécadade1980.
Avariável dorfoi aúnicaselecionada porunanimidade paratestedehipótesedospesquisadores,porém,noestudo publicado em 1986,14 o teste de dolorimetria para avaliar
limiardedorfoirealizadodemododistinto,sendoaplicadoem cincopontosespecíficos,vistoqueoscritériosdiagnósticosde FMforamestabelecidosapenasposteriormente,nadécadade 1990.19Houveconsensoquantoàaplicac¸ãodosquestionários
FIQeSF-36paraavaliac¸ãodasintomatologiaedaqualidade devidadepacientesfibromiálgicos;ambossãovalidadospara populac¸ãobrasileiraeapresentambonsíndicesde sensibili-dadeeespecificidade,constituindoferramentasconfiáveise reprodutíveis.24,25
Osmanuscritostrouxeramumavariedadedetestesfísicos aplicados,comexcec¸ãodoartigodeMatsutanietal.(2007)16
que,diantedoobjetivoproposto,considerousuficientea aná-liseapenasdevariáveisdecarátersubjetivo.Dentreostestes deflexibilidadeescolhidos,Jonesetal.(2002)15limitaram-se
àavaliac¸ãodemembrossuperiorespormeio detestes fun-cionais ativos de rotadoresinternos e externos do ombro, enquanto Berssaneti & Marques (2010)16 elegeram o teste
do terceiro dedo-solo,26 bastante utilizadona avaliac¸ão da
flexibilidadedamusculaturaposteriordotroncoedos mem-brosinferiores,masqueexigeexperiênciadoavaliadorpara evitarcompensac¸ões durante suaexecuc¸ão,como abertura do ângulo tibiotársicoou diminuic¸ão da flexão doquadril. Limitac¸õesnaescolhadotesteempregadopodemser expli-cadaspelafaltadeexamesfísicosespecificamentevalidados parapacientescomFM.
Observou-seheterogeneidadenotempodeintervenc¸ãoe na frequência das sessões, bem como na intensidade dos exercícios,corroborandoachadosanteriores,4,7querelataram
170
r e v b r a s r e u m a t o l . 2 0 1 5; 5 5(2) :167–173Tabela1–Descric¸ãodosensaiosclínicosrandomizadosqueutilizamexercíciosdealongamentomuscularcomointervenc¸ãofisioterapêuticanotratamentoda
fibromialgia
Estudo Amostra Desfechosavaliados Desenhometodológico Intervenc¸ão Efeitosencontrados
(McCain, 1986)14 Canadá
Médiadeidade: 42anos
Grupos: GE:Treinamento cardiovascular (n=12♀e6♂) GP:Alongamento (n=16♀)
Dor:
-DolorimetriadeChattillon paraavaliarlimiardedorem cincopontosespecíficos(TP+); -Escalavisualanalógica(EVA); -Diagramadador
Testefísico: -PWC-170CycleTest.
Ensaioclínicorandomizado; avaliac¸õespré/
pós-intervenc¸ãode20semanas
GEeGP:60sessõescom frequênciatrissemanal(não descrevetempodedurac¸ão) GE:Exercíciocom
cicloergômetroquemantivesse omínimode150bpm
GP:Exercíciosgerais deflexibilidade.
Melhoradetodososaspectos avaliadosemambososgrupos, sendoobtidosmaioresganhos nogrupodetreinamento cardiovascular
(Jonesetal., 2002)15 EUA
Médiadeidade: 48anos
Grupos:
GE:Fortalecimento (n=28♀)
GC:Alongamento (n=28♀)
Dor:
-DolorimetriadeFisherpara avaliarnúmerodetenderpoints
positivo(TP+)elimiardedor (LD);
-EscoretotaldoLD;
-Escalavisualanalógica(EVA) Qualidadedevida:
-Questionáriodeimpacto dafibromialgia(FIQ); -Escaladequalidadedevida (QOLS)
Depressão:
-Questionáriodedepressão deBeck
Ansiedade:
-Questionáriodeansiedade deBeck
Autoeficácia:
-Escaladeautoeficácia deartrite
Forc¸amuscular:
-Contrac¸ãovoluntáriamáxima (CVM)deflexoreseextensores dejoelhoerotadoresinternos eexternosdeombrocom dinamômetroisocinético Flexibilidade:
-Testesfuncionaisde rotadoresinternoseexternos doombro
Composic¸ãocorporal: -Gordura(paquímetro); -Peso(kg).
Ensaioclínicorandomizado; avaliac¸ões2semanasantes e2semanasapósintervenc¸ão de12semanas
GEeGC:Reuniãoeducativa, seguidade24sessõesde exercíciosgerais,comdurac¸ão de60minutosefrequência bissemanal,sendo: GE:5minutosiniciaisde aquecimento(caminhada+ alongamento),seguidos de45minutosdeexercíciosde fortalecimentocomevoluc¸ão decargaen◦derepetic¸ões(4-5 atéatingir12)e10minutosde desacelerac¸ão+alongamentos GC:10minutosiniciaisde caminhada,seguidosde 40minutosdealongamentos (intensidadededesconforto médio)e10minutos derelaxamento
GE:Grupodefortalecimento apresentoumelhoraem
12medidasavaliadas(Escoretotal doLD,EVA,CVMde
flexão/extensãodejoelhoe rotac¸õesdeombro,testes funcionaisdeflexibilidade,FIQ, EscaladeBeck,QOLSeEscalade autoeficácia)
GC:Grupodealongamento apresentoumelhoraem6medidas avaliadas(CVMdeextensãode joelhoerotac¸õesdeombro,testes funcionaisdeflexibilidadeeescala deautoeficácia)
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Tabela1(Continuac¸ão)
Estudo Amostra Desfechosavaliados Desenhometodológico Intervenc¸ão Efeitosencontrados
(Matsutaniet al.,2007)16 Brasil
Médiadeidade: 45anos
Grupos: GE:
Alongamento/Laser
(n=10♀) GC:Alongamento (n=10♀)
Dor:
-DolorimetriadeFisherpara avaliarnúmerodetenderpoints
positivo(TP+);
-Escalavisualanalógica(EVA) Qualidadedevida:
-Questionáriodeimpacto dafibromialgia(FIQ); -SF-36.
Ensaioclínicorandomizado; avaliac¸õespré/
pós-intervenc¸ãode5semanas
GEeGC:Orientac¸ões educativasiniciaisenas 10sessõesdetratamentocom durac¸ãode1hefrequência bissemanal
GE:Aplicac¸ãodelaseremtender points(3J/cm2,830nm,30mW) eexercíciosgeraisde
alongamento GC:Exercíciosgerais dealongamento.
Melhoraemtodososaspectos avaliados,nãohavendodiferenc¸a entreosgruposdeintervenc¸ão
(Berssaneti& Marques, 2010)10 Brasil
Médiadeidade: 46anos
Grupos:
GE1:Alongamento (n=14♀)
GE2:Fortalecimento (n=16♀)
GC:Semtratamento (n=14♀)
Dor:
-DolorimetriadeFisherpara avaliarlimiardadornostender points(LD)enúmerodetender pointspositivo(TP+);
--Escalavisualanalógica(EVA) Sintomas:
-Questionáriodeimpacto dafibromialgia(FIQ) Qualidadedevida: -SF-36
Flexibilidade:
-Testedo3◦dedo-solo(3DS) Forc¸amuscular:
-Contrac¸ãoisométrica voluntáriamáxima(CIVM)de flexoreseextensoresdejoelho comcéluladecarga(EMG SystemdoBrasil)
Ensaioclínicorandomizado controlado;avaliac¸õespré/ pós-intervenc¸ãode12semanas
GE:Orientac¸õeseducativasnas 24sessõesdeexercíciosgerais, comdurac¸ãode40minutose frequênciabissemanal,sendo: GE1:inicialmente3séries de30segundos,evoluindo mensalmenteatéatingir 5séries;intensidadede desconfortomédio GE2:1sériede8repetic¸ões inicialmentesemcarga,sendo adicionado0,5kg
semanalmentedesdeque pacienteapresenteEscala deBorg=13.
GC:Reavaliadoapós 12semanas,semintervenc¸ão
GE1:MelhoranasvariáveisLD, 3DS,fadiga,sono,rigidez,escore totaldoFIQ,capacidadefuncional, vitalidade,saúdemental,dore totalfísicoeemocionaldoSF-36 GE2:MelhoranasvariáveisLD, TP+,3DS,CIVMflexãodejoelho, fadiga,sono,rigidez,ansiedade, depressão,escoretotaldoFIQ, capacidadefuncional,vitalidade, saúdementaletotalemocional doSF-36
GC:Semmelhora.
Comparac¸ãoentregrupos:Os exercíciosdealongamento efortalecimentomelhoram significativamenteador,os sintomasdaFMeaqualidadede vida,podendoserconsiderados complementaresporatuarem emaspectosdistintos
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rev bras reumatol.2015;55(2):167–173Tabela2–Classificac¸ãometodológicadosartigosselecionadospelaEscalaPEDro
McCain(1986)14 Jonesetal.(2002)15 Matsutanietal.(2007)16 Berssaneti&Marques(2010)10
1.Critériosdeinclusãoespecificados Sim Sim Sim Sim
2.Alocac¸ãoaleatória Sim Sim Sim Sim
3.Sigilonaalocac¸ão Não Não Não Não
4.Comparac¸ãodebase Sim Sim Sim Sim
5.Sujeitos“cegos” Sim Não Não Não
6.Terapeutas“cegos” Não Não Não Não
7.Avaliadores“cegos” Sim Sim Não Sim
8.Acompanhamentoadequado Não Sim Não Não
9.Análiseporintenc¸ãodetratamento Não Não Não Não
10.Comparac¸ãoestatísticaintergrupos Sim Sim Sim Sim
11.Estimativaspontuaisevariabilidade Sim Sim Sim Sim
TOTALESCOREPEDRO 6 6 4 5
OBS.:Especificac¸ãodoscritériosdeinclusão(item1)nãorecebepontuac¸ãonoEscorePEDro.
(2002),15 Matsutani et al. (2007)16 e Berssaneti & Marques
(2010),10evidenciandoanecessidadedaconscientizac¸ãodos
sujeitosparafacilitaraadesãoaotratamentoegarantir, na medidadopossível,acontinuidadedaterapia.
Quantoaosresultadosencontrados,observou-semelhora estatisticamentesignificativaempraticamentetodosos parâ-metros avaliados pelos estudos trazidos por esta revisão sistemática. Quando os exercícios de alongamento foram comparadosaosexercíciosdefortalecimento,naspesquisas deJonesetal.(2002)15eBerssaneti&Marques(2010),10ouao
recursofototerapêuticolaser,napesquisadeMatsutanietal. (2007),16nãohouvesuperioridadedebenefíciosentreas
técni-cas,ratificandoqueopacientecomFMnecessita,nãosódeum tratamentointerdisciplinar,mastambémdeumaabordagem queenglobediferentesrecursosduranteoatendimento.6,7,27
Conclusão
Diantedoexposto,éevidenteaimportânciadarealizac¸ãode exercíciosterapêuticosparamelhorafísicaementalde paci-entescomFM.Porém,destaca-seanecessidadedepesquisas clínicascommaiorrigormetodológicoparaquesejam conhe-cidos,defato,osreaisbenefíciosdosrecursosfisioterapêuticos empregados, em especial, dos exercícios de alongamento muscular.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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