• Nenhum resultado encontrado

Associação da deficiência de vitamina D com mortalidade e marcha pós-operatória em paciente com fratura de fêmur proximal.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Associação da deficiência de vitamina D com mortalidade e marcha pós-operatória em paciente com fratura de fêmur proximal."

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

w w w . r b o . o r g . b r

Artigo

original

Associac¸ão

da

deficiência

de

vitamina

D

com

mortalidade

e

marcha

pós-operatória

em

paciente

com

fratura

de

fêmur

proximal

David

Nicoletti

Gumieiro

,

Gilberto

José

Cac¸ão

Pereira,

Marcos

Ferreira

Minicucci,

Carlos

Eduardo

Inácio

Ricciardi,

Erick

Ribeiro

Damasceno

e

Bruno

Schiavoni

Funayama

GrupodecirurgiadoQuadril,DisciplinadeOrtopediaeTraumatologia,DepartamentodeCirurgiaeOrtopedia,FaculdadedeMedicinade Botucatu,UniversidadeEstadualPaulista(UNESP),Botucatu,SP,Brasil

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo:

Recebidoem23deabrilde2014

Aceitoem4demaiode2014

On-lineem5demarçode2015

Palavras-chave:

VitaminaD

Mortalidade Marcha

Fraturasdofêmur

r

e

s

u

m

o

Objetivo:Avaliarseaconcentrac¸ãoséricadevitaminaDestáassociadaaostatusdemarcha

eàmortalidadeempacientescomfraturadefêmurproximalseismesesapósafratura.

Métodos:Avaliadosprospectivamentepacientesconsecutivoscomfraturadefêmur

proxi-mal,comidade≥65anos,internadosnaenfermariadeortopediaetraumatologiadoservic¸o,

entrejaneiroadezembrode2011.Foramfeitasanálisesclínica,radiológica,epidemiológicae

laboratorial,incluindovitaminaD.Foramsubmetidosàcirurgiaeacompanhados

ambulato-rialmenteemretornos15,30,60e180diasapósaalta,quandoforamavaliadososdesfechos

demarchaemortalidade.

Resultados: Avaliados88pacientes.Doisforamexcluídosporcausadefraturapatológica.

Oitentaeseispacientescomidademédiade80,2±7,3anosforamestudados.Emrelac¸ão

àvitaminaDséricaamédiafoide27,8±14,5ng/mLe33,7%dospacientesapresentavam

deficiênciadessavitamina.Emrelac¸ãoàmarcha,aanálisederegressãologísticaunie

mul-tivariadamostrouqueadeficiênciadevitaminaDnãoesteveassociadaasuarecuperac¸ão,

mesmoapósajusteporgênero,idadeetipodefratura(OR1,463;95%IC0,524-4,088;p=0,469).

Considerandoamortalidade,aanálisederegressãodeCoxmostrouqueadeficiênciade

vita-minaDtambémnãoesteverelacionadaàsuaocorrênciaemseismeses,mesmonaanálise

multivariada(HR0,627;95%IC0,180-2,191;p=0,465).

Conclusão:Aconcentrac¸ãodevitaminaDséricanãoesteverelacionadaaostatusdemarcha

e/ouàmortalidadeempacientecomfraturadefêmurproximalseismesesdepoisdela.

©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora

Ltda.Todososdireitosreservados.

TrabalhodesenvolvidonoGrupodeCirurgiadoQuadril,DepartamentodeCirurgiaeOrtopedia,FaculdadedeMedicinadeBotucatu

(Unesp),Botucatu,SP,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:gumieiroort@hotmail.com(D.NicolettiGumieiro).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.05.010

(2)

Associations

of

vitamin

D

deficiency

with

postoperative

gait

and

mortality

among

patients

with

fractures

of

the

proximal

femur

Keywords:

VitaminD

Mortality Gait

Femoralfractures

a

b

s

t

r

a

c

t

Objective: ToassesswhetherserumvitaminDconcentrationisassociatedwithgait

sta-tusandmortalityamongpatientswithfracturesoftheproximalfemur,sixmonthsafter

sufferingthefracture.

Methods: Consecutivepatientsaged≥65yearswithfracturesoftheproximalfemur,who

wereadmittedtotheorthopedicsandtraumatologywardofourservicebetweenJanuaryand

December2011,wereprospectivelyevaluated.Clinical,radiological,epidemiologicaland

laboratoryanalyseswereperformed,includingvitaminD.Thepatientsunderwentsurgery

andwerefollowedupasoutpatients,withreturnvisits15,30,60and180daysafterdischarge,

atwhichtheoutcomesofgaitandmortalitywereevaluated.

Results: Eighty-eightpatientswereevaluated.Twoofthemwereexcludedbecausethey

pre-sentedoncologicalfractures.Thus,86patientsofmeanage80.2±7.3yearswerestudied.

InrelationtoserumvitaminD,themeanwas27.8±14.5ng/mL,and33.7%ofthe

pati-entspresenteddeficiencyofthisvitamin.Inrelationtogait,univariateandmultivariate

logisticregressionshowedthatvitaminDdeficiencywasnotassociatedwithgaitrecovery,

evenafteradjustmentforgender,ageandtypeoffracture(OR:1.463;95%CI:0.524-4.088;

p=0.469).Regardingmortality,CoxregressionanalysisshowedthatvitaminDdeficiency

wasnotrelatedtoits occurrencewithinsixmonths,eveninmultivariateanalysis(HR:

0.627;95%CI:0.180-2.191;p=0.465).

Conclusion: SerumvitaminDconcentrationwasnotrelatedtogaitstatusand/ormortality

amongpatientswithfracturesoftheproximalfemur,sixmonthsaftersufferingthefracture.

©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora

Ltda.Allrightsreserved.

Introduc¸ão

Aincidênciadasfraturasdefêmurproximaltemaumentado

nasúltimasdécadaseexisteumaexpectativadeque

conti-nueaaumentarporcausadoenvelhecimentodapopulac¸ão.1,2

Espera-se que em 2020 16,3% da populac¸ão americana e

25% da populac¸ãocanadenseestejam acimados 65anos.2

Esse aumentodosindivíduos idososprovavelmente

acarre-tará uma elevac¸ão de incidênciae prevalênciade doenc¸as

dosistemamusculoesquelético,comofraturassecundáriasa

osteoporoseeosteoartrose.SegundoThorngren,nosúltimos

20anosonúmerodefraturasdequadrildobrouem

pacien-tescommaisde80anos.3SegundoHuetal.,41,5milhãode

fraturasdequadrilocorremnomundoeessenúmeropode

alcanc¸ar2,6milhõesem2025e4,5milhõesem2050.

Asfraturassecundáriasàfragilidadeóssea,principalmente

as que ocorrem no fêmur proximal, estão relacionadas à

importantediminuic¸ão da independênciaeaoaumentoda

morbidadeedamortalidade.5 SegundoHoltetal.,6 apenas

22%dospacientes queantesda fraturadeambulavamsem

apoioedesacompanhadosrecuperaramesse nívelde

inde-pendêncianosprimeiros120diasapósafratura.Aperdade

independênciaé aindamaisgrave nos pacientes acimade

95anos,grupoemqueapenas2%conseguiramrecuperara

marchapré-operatórianomesmoprazo.Alémdisso,astaxas

demortalidaderelacionadas àsfraturasde fêmurproximal

sãobastantealtasepodemvariarde14%a47%noprimeiro

anoapósasuaocorrência.Todosessesaspectosressaltama

importânciaeointeresseemrecuperaramarchaemelhorar

oprognósticodepacientescomessetipodefratura.6

Entre osmicronutrientesrelacionadosao riscode

fratu-ras e quedas em idosos destaca-se a vitaminaD. Trata-se

deummicronutrientelipossolúvelcujafunc¸ãoclassicamente

relacionada ao aumento da absorc¸ão intestinal de cálcio,

participando do transporte ativo deste íon nos

enteróci-tos. Participa também da mobilizac¸ão docálcio dos ossos,

napresenc¸adoPTH,eaumentaareabsorc¸ãorenaldecálcio

notúbulodistal.7Atualmente,entretanto,novasfunc¸õestêm

sidoatribuídasaela.Estudosmostrarampapelimportantena

modulac¸ãodeprocessosinflamatórioseimunológicos,além

de possivelmente estar relacionadacom acicatrizac¸ão das

feridas e asalterac¸ões namassae naforc¸a musculares.8,9

Asconcentrac¸õesmaisaltasdevitaminaDestariam

relaci-onadasaummenoríndicedequedasempacientesidosos.

Consequentemente,diminuiriamoriscodenovasfraturas.10

Osobjetivosdesteestudoforamavaliarascaracterísticas

demográficas,clínicasebioquímicasdepacientescom

insufi-ciênciaounãodevitaminaDeseaconcentrac¸ãoséricadesse

nutrienteestáassociadaaostatusdamarchaeàmortalidade

empacientescomfraturadefêmurproximalseismesesapós

amesma.

Casuística

e

métodos

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética de

(3)

legaisassinaramotermodeconsentimentolivreeesclarecido.

Foram avaliados prospectivamente pacientes consecutivos

comfraturadefêmurproximal,comidade≥65anos,

inter-nadosnaenfermariadeortopediaetraumatologiadoservic¸o,

de janeiro a dezembro de 2011. O critério de exclusão foi

presenc¸adefraturapatológica(secundáriaaneoplasia).Todos

os pacientes foram submetidos ao procedimento cirúrgico

paracorrec¸ãodafratura.

Naadmissão,foramregistradosdadosdemográficos.Nas

primeiras 72horasde internac¸ão,foi coletadosanguepara

dosagem dos exames laboratoriais e da 25(OH) vitamina

D3sérica.Os dadosreferentesaotipo defratura de fêmur

proximal(colodefêmur,intertrocanterianaou

subtrocante-riana), tempo de espera entre a internac¸ão e a cirurgia e

otempo cirúrgico tambémforam registrados. Ospacientes

foramacompanhadosporaté seismesesapós aocorrência

dafraturaeavaliadosemrelac¸ãoaostatusdemarcha

pós--operatórioeàmortalidade.Paraisso,foramreavaliadosno

primeirodiaapósoprocedimentocirúrgico,naaltahospitalar

eemretornoscom15,30,60e180diasapósaalta.Paraos

pacientesquemorreramantesde180dias,foiconsideradaa

avaliac¸ãodostatusdemarchadoúltimoretorno.

A deficiência de vitamina D foi caracterizada por

concentrac¸ões séricas inferiores a 20ng/mL.11 Em relac¸ão

ao status da marcha, os pacientes foram classificados

emdeambuladores(queandavamcomousemapoio=1)enão

deambuladores(quenãoandavam=0).

Avaliac¸ãolaboratorial

Asamostrasdesanguecoletadasnasprimeiras72horasapós

admissãodopacienteforamusadasparadosagemlaboratorial

edevitaminaD.

Parao hemogramafoi usado métodode automac¸ão em

auto-analisador Coulter STKS, seguido de confirmac¸ão dos

achadosmorfológicos decontagem deplaquetas,

leucome-triaediferenciaisleucocitáriospormétodoconvencionalde

hematoscopia.Paraadosagemdesódio,potássio,magnésio,

cálciototal,glicemia,ureia,creatinina, proteínaCreativa e

albuminafoiusadoométododequímicaseca(Ortho-Clinical

DiagnosticsVitros950®,Johnson&Johnson).Otempode

pro-trombina(TP) eo tempodetromboplastina parcialativado

(TTPA)foramobtidospormétodosmanuais.

Determinac¸ãode25(OH)vitaminaD3nosoro

Asconcentrac¸õesde25(OH)vitaminaD3nosoroforam

ana-lisadaspor cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC).

Inicialmente foram pipetados 150␮L de soro em frasco de

vidro.Foram adicionados200␮Ldereagente precipitadore

agitadoemvortexpor30segundos.Apósforamadicionados

400␮Ldereagentedeextrac¸ãoenovamenteagitadoem

vor-texpormais30segundos.Posteriormentecentrifugou-sepor

10minutosa13.000rpm.Osobrenadantefoientãotransferido

paraoutrofrascodevidro,evaporadocomnitrogênio,

ressus-pendidocom300␮Ldeetanoleagitadopormaisumminuto.

Depoisforaminjetados20␮LnoaparelhodeHPLC.Após

cor-ridade20minutos,aguardou-seestabilizac¸ãodacolunapara

novaleitura.

Oequipamento usadofoi oHPLCisocrático,cominjetor

manualRheodynecomloopde20␮L.Aanálisefoifeitaem

colunadesílicade4␮m,comdimensãode125mm×4mm(KC

3420RP–Immundiagnostik).Ocomprimentododetectorde

ondaultravioletafoifixadoem264nmefluxoem0,75mL/min.

AfasemóvelfoifornecidapelofabricanteImmundiagnostik.

O padrãointerno usadofoi oda Sigma-Aldrich(C9774) eo

controledaChromsystems(25[OH]vitaminaD3serumcontrol,

bi-levelI+II).Asensibilidadedotestefoide2,5␮g/Leo

coefi-cientedevariac¸ãode<7%.12,13

Análiseestatística

Osdadosforamapresentadosemmédiaedesviopadrãoou

medianaepercentis25%e75%.Asvariáveiscategóricasforam

analisadaspelotestede␹2oudeFisher.Asvariáveiscontínuas

foramanalisadaspelotestetdeStudentquando

apresenta-ramdistribuic¸ãoparamétricaepelotestedeMann-Whitney

quandoapresentaramdistribuic¸ãonãoparamétrica.Para

ava-liarsea25(OH)vitaminaD3estáassociadaàrecuperac¸ãoda

marcha180diasapósafraturausamosaregressãologística

uni e multivariada.Para avaliac¸ão da mortalidadeusamos

o modelo de risco proporcional de Cox.Nas análises

mul-tivariadas, as variáveis foram ajustadas por gênero, idade

e tipo de fratura. O nível de significância adotado foi de

5%.

Resultados

Foram avaliados 88 pacientes consecutivoscom fratura de

fêmur proximal. Desses, dois foram excluídos por causa

de fraturapatológica. Foramentãoestudados 86pacientes,

comidademédiade80,2±7,3anos.Dentreesses,77%eram

mulheres,70%apresentaramrecuperac¸ãodamarchae12,8%

morreramseismesesapósafratura.Emrelac¸ãoàvitaminaD

sérica,amédiafoide27,8±14,5ng/mL;e33,7%dospacientes

apresentavamdeficiênciadessavitamina.

Osdadosdemográficoseclínicosdospacientes segundo

aconcentrac¸ãoséricadevitaminaDestãoapresentadosna

tabela1.Amaioriadospacientesinternadosapresentou

fra-turatranstrocanteriana(55%)efraturadecolodefêmur(38%).

Nãohouveinfluênciadaconcentrac¸ãodevitaminaDnotipo

defratura.Alémdisso,adeficiênciadevitaminaDnãoesteve

associada aos dadosclínicos edemográficosdos pacientes

avaliados (tabela 1). Os dados bioquímicos estão

apresen-tados na tabela 2. Não houve diferenc¸as, em relac¸ão aos

exameslaboratoriais,entreogrupocomesemdeficiênciade

vitaminaD.

Emrelac¸ãoàmarcha,aanálisederegressãologísticauni

emultivariadamostrouqueadeficiênciadevitaminaDnão

esteveassociadaasuarecuperac¸ão(OR1,212;95%IC

0,451-3,252;p=0,703),mesmoapósajusteporgênero,idadeetipo

defratura(OR1,463;95%IC0,524-4,088;p=0,469)(tabela3).

Considerandoamortalidade,aanálisederegressãodeCox

mostrouqueadeficiênciadevitaminaDtambémnãoesteve

relacionadaàsuaocorrênciaemseismeses(HR0,565;95%IC

0,172-1,853; p=0,346), mesmo na análise multivariada (HR

(4)

Tabela1–Variáveisclínicasedemográficasdospacientescomfraturadefêmurproximalsegundoaconcentrac¸ãosérica

devitaminaD

Variáveis VitaminaDsérica(25OHvitD3) Valordep

≥20ng/mL(n=57) <20ng/mL(n=29)

Idade(anos) 79,8±6,7 81,0±8,3 0,475

Sexofeminino,n◦(%) 47(82,5) 19(65,5) 0,137

IIC(dias) 6(4-8) 4(3-7,5) 0,091

Tempocirurgia(min) 70(50-90) 65(50-90) 0,667

Tipodefratura,n◦(%) 0,590

Colodefêmur 24(42) 9(31)

Transtrocantérica 29(51) 18(62)

Subtrocantérica 4(7) 2(7)

HAS,n◦(%) 37(64,9) 14(48,3) 0,210

DMtipoII,n◦(%) 14(24,6) 6(20,7) 0,895

Recuperac¸ãomarcha,n◦(%) 39(68,4) 21(72,4) 0,894

Óbito,n◦(%) 6(10,5) 5(17,2) 0,497

Tabela2–Variáveislaboratoriaisdospacientescomfraturadefêmurproximalsegundoaconcentrac¸ãosérica

devitaminaD

Variáveis VitaminaDsérica(25OHvitD3) Valordep

≥20ng/mL(n=57) <20ng/mL(n=29)

Hematócrito(%) 34,5±6,2 34,0±7,5 0,755

Hemoglobina(g/L) 12,1(10,5-12,9) 11,9(9,6-13,4) 0,924

Plaquetas(×103/L) 206(157-258) 196(158-251) 0,756

Leucócitos(×103/L) 8.200(6.550-10.450) 7.700(5.750-9.750) 0,267

TP 1,05(1,0-1,13) 1,07(1,04-1,14) 0,217

TTPA 1,06(0,93-1,18) 1,05(0,97-1,22) 0,689

PCR(mg/dL) 5,2(3,6-8,8) 4,6(3,0-17,8) 0,491

Sódio(mmoL/L) 138(136-141) 139(137-141) 0,745

Potássio(mmoL/L) 4,1(3,9-4,4) 4,2(3,7-4,7) 0,701

Magnésio(mg/dL) 2,0(1,8-2,1) 1,9(1,7-2,1) 0,498

Cálciototal(mg/dL) 8,78±0,58 8,72±0,61 0,625

Ureia(mg/dL) 52(36-72) 58(39-75) 0,698

Creatinina(mg/dL) 0,80(0,70-1,11) 0,80(0,65-1,05) 0,528

Glicemia(mg/dL) 119(95-150) 128(97-146) 0,827

Albumina(g/dL) 3,22±0,49 3,16±0,50 0,585

Tabela3–Regressõeslogísticasparapredic¸ãoda

recuperac¸ãodamarchanospacientescomfratura

defêmurproximal

Oddsratio 95%IC p

VitaminaD<20ng/mL 1,212 0,451-3,252 0,703

VitaminaD<20ng/mLa 1,439 0,515-4,023 0,488

VitaminaD<20ng/mlb 1,463 0,524-4,088 0,469

a Ajustadoparagêneroeidade.

b Ajustadoparagênero,idadeetipodefratura.

Tabela4–RegressõesdeCoxparapredic¸ãode

mortalidadenospacientescomfraturadefêmur

proximal

Hazardratio 95%IC p

VitaminaD<20ng/mL 0,565 0,172-1,853 0,346

VitaminaD<20ng/mLa 0,639 0,189-2,163 0,471

VitaminaD<20ng/mLb 0,627 0,180-2,191 0,465

a Ajustadoparagêneroeidade.

b Ajustadoparagênero,idadeetipodefratura.

Discussão

Oaumentodapopulac¸ãoidosaéacompanhadopelapresenc¸a

de doenc¸as como a fratura de fêmur proximal. Após sua

ocorrência,amortalidadeeaperdadeindependência,

prin-cipalmente no que diz respeito ao retorno do status de

marcha pré-fratura, são complicac¸ões frequentes e trazem

consequências muito vezes devastadoras para a qualidade

devidatantodopacientequantodeseuscuidadores.6Dessa

forma,torna-seimportanteaidentificac¸ãodefatoresque

pos-samseassociarà recuperac¸ãodamarchaeàmortalidade.

AvitaminaDtemsido aventadacomo micronutrientecom

potenciaisefeitossobreforc¸amuscularemortalidade.Sendo

assim,esteestudocomparouparâmetrosdemográficos,

clí-nicosebioquímicosempacientescomesemdeficiênciade

vitaminaD.Adicionalmente,analisouasconcentrac¸ões

séri-casdevitaminaDcomopotenciaispreditoresderecuperac¸ão

damarchaedemortalidade.

ConsiderandoadeficiênciadevitaminaD,foram

compara-dospacientesqueapresentaramconcentrac¸õesmenoresque

20 ng/mLcom pacientes que apresentavam concentrac¸ões

(5)

demográficas, clínicas e bioquímicas. Na realidade, não

sesabeseessasconcentrac¸õesrefletemconcentrac¸ões

sufi-cientespara asac¸õesnãoclássicasda vitaminaD. Não há

consensonaliteraturasobrequaisseriamasconcentrac¸ões

séricas normais de vitamina D, nem sobre os valores

que caracterizariam a deficiência e a insuficiência desse

micronutriente.14 Esses valores sempre foram baseados na

relac¸ãoentreasconcentrac¸õesdevitaminaDeosdistúrbios

queenvolvemahomeostasedocálcioeaocorrênciade

fra-turas.Pensandonasnovasfunc¸õesdescritas,aconcentrac¸ão

devitaminaDsuficienteparasuaatuac¸ãonessesdiferentes

sítiosaindanãofoiestabelecida.

AInternationalOsteoporosisFoundation,noCanadá,

reco-menda uma concentrac¸ão de vitamina D sérica acima de

30ng/mL.15,16 Poroutrolado, oInstituteofMedicineofthe

National Academies americanocaracteriza a deficiênciade

vitaminaDporconcentrac¸ãoséricaabaixode12ng/mLesua

insuficiênciaporconcentrac¸õesentre12e20ng/mL.17

Emrelac¸ãoàrecuperac¸ãodamarcha,Cooperafirmaque

afraturaestárelacionadaaumataxadeincapacidade

per-manentenasatividadesdevidadiáriade30%eincapacidade

de deambular de maneira independente de 40%.18 Larson

et al.19 observaram a recuperac¸ão funcionaldos pacientes

comfraturadefêmurproximal.Participaramdoestudo607

pacientes.Desses,446conseguiamdeambulardeforma

inde-pendenteesemapoioantesdacirurgiae80%recuperaram

ostatusdemarchapré-operatórioapósumanodacirurgia.

Ekstromet al.20 encontraram queapenas 55% dos

pacien-tescom fraturade fêmurproximal recuperaramseu status

de marchapré-operatória e66% recuperaram seu nível de

desempenhopré-cirurgiaematividadesdevidadiária.

Fize-mosahipótesedequeaconcentrac¸ãoséricadevitaminaD

poderiainfluenciaressestatusdemarchapós-operatório.Ela

ébaseadanasfunc¸õesmaisrecentementeatribuídasà

vita-minaD.Classicamente,elaestárelacionadaàmanutenc¸ãoda

homeostasedocálcio,masrecentementetemsidovinculada

àcontrac¸ãomuscularpormeioda captac¸ãointracelularde

cálcioediferenciac¸ãodemioblastos.Issodiminuiriaa

incidên-ciadequedase,consequentemente,onúmerodefraturas.10

Nospacientes com afratura, aumentaria a chance de um

melhorstatusdemarchapós-operatório.Emnossoestudo,a

concentrac¸ãoséricadevitaminaDnãoesteverelacionadaao

statusdemarchapós-operatório,mesmonaanálisecorrigida.

Sobreamortalidade,oadventodafixac¸ãocirúrgicadas

fra-turasdofêmurproximalreduziu-a.Entretanto,permaneceu

estávelem25%a30%desdeentão.21Emnossoestudo,oíndice

emseis meses foi de 12,8%. A relac¸ão entre concentrac¸ão

séricadevitaminaDeamortalidadeépoucoestudada.Alguns

estudosmostraramquesuabaixaconcentrac¸ãoséricaestá

associadaaoaumentodamortalidadenapopulac¸ãogerale

emidosos.22–27 Saliba etal.,28 emumestudocommaisde

180mil participantes,mostraramqueorisco demorte por

todas as causas é significativamente maior em pacientes

com baixa concentrac¸ão sérica de vitamina D (abaixo de

50nmoL/L).Empacientescujasconcentrac¸õessãoinferiores

a30nmoL/L(deficiência),esseriscochegaadobrar.Thomas

etal.mostraramqueconcentrac¸õesadequadasdevitamina

Dreduzemem75%e69%amortalidadeportodasascausas

eporcausascardiovasculares,respectivamente,empacientes

comsíndromemetabólica.29

Encontramosnaliteraturapoucostrabalhosqueavaliaram

aconcentrac¸ãoséricadevitaminaDeamortalidadeem

paci-entes com fratura dofêmurproximal. Madsen et al.,30 em

estudoqueincluiu562pacientescommaisde70anoscom

essafratura,concluíramqueoPTHeocálcioséricoestavam

significativamente associados com amortalidade, masnão

aconcentrac¸ãodevitaminaD.Domesmomodo,emnosso

estudoasconcentrac¸õesséricasdevitaminaDnãoestiveram

associadasàmortalidadeseismesesapósafraturadefêmur

proximal.

Conclusão

Emconclusão,emnossoestudo,aconcentrac¸ãodevitaminaD

séricanãoesteverelacionadaaostatusdemarchaeà

morta-lidadeempacientecomfraturadefêmurproximalseismeses

depoisdela.Osachadosdotrabalhoreforc¸amanecessidade

denovosestudosquepossamidentificarfatorespreditoresde

complicac¸õespós-fraturadefêmurproximal.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

r

e

f

e

r

ê

n

c

i

a

s

1.KimSM,MoonYW,LimSJ,YoonBK,MinYK,LeeDY,ParkYS.

Predictionofsurvival,secondfracture,andfunctional recoveryfollowingthefirsthipfracturesurgeryinelderly patients.Bone.2012;50(6):1343–50.

2.DunbarMJ,HowardA,BogochER,ParviziJ,KrederHJ. Orthopaedicsin2020:predictorsofmusculoskeletalneed. JBoneJointSurgAm.2009;91(9):2276–86.

3.ThorngrenKG.Fracturesinolderpersons.DisabilRehabil. 1994;16(3):119–26.

4.HuF,JiangC,ShenJ,TangP,WangY.Preoperativepredictors formortalityfollowinghipfracturesurgery:asystematic reviewandmeta-analysis.Injury.2012;43(6):676–85.

5.HartholtKA,OudshoornC,ZielinskiSM,BurgersPT, PannemanMJ,vanBeeckEF,etal.Theepidemicofhip fractures:areweontherighttrack?PLoSOne. 2011;6(7):e22227.

6.HoltG,SmithR,DuncanK,HutchisonJD,GregoriA.Outcome aftersurgeryforthetreatmentofhipfractureinthe

extremelyelderly.JBoneJointSurgAm.2008;90(9):1899–905.

7.HouwingRH,RozendaalM,Wouters-WesselingW,Beulens JW,BuskensE,HaalboomJR.Arandomised,double-blind assessmentoftheeffectofnutritionalsupplementationon thepreventionofpressureulcersinhip-fracturepatients. ClinNutr.2003;22(4):401–5.

8.HengstermannS,FischerA,Steinhagen-ThiessenE,SchulzRJ. Nutritionstatusandpressureulcer:whatweneedfor nutritionscreening.JPENJParenterEnteralNutr. 2007;31(4):288–94.

9.PattersonBM,CornellCN,CarboneB,LevineB,ChapmanD. Proteindepletionandmetabolicstressinelderlypatientswho haveafractureofthehip.JBoneJointSurgAm.

1992;74(2):251–60.

(6)

11.HolickMF.VitaminDdeficiency.NEnglJMed. 2007;357(3):266–81.

12.MerkeJ,RitzE,SchettlerG.Newviewpointsontherole ofvitaminD.Currentknowledgeandoutlook.DtschMed Wochenschr.1986;111(9):345–9.

13.WichertsIS,vanSchoorNM,BoekeAJ,VisserM,DeegDJ,Smit J,etal.,VitaminD.statuspredictsphysicalperformanceand itsdeclineinolderpersons.JClinEndocrinolMetab. 2007;92(6):2058–65.

14.PattonCM,PowellAP,PatelAA,VitaminD.inorthopaedics. JAmAcadOrthopSurg.2012;20(3):123–9.

15.HanleyDA,CranneyA,JonesG,WhitingSJ,LeslieWD. GuidelinesCommitteeoftheScientificAdvisoryCouncilof OsteoporosisCanada.VitaminDinadulthealthanddisease: areviewandguidelinestatementfromOsteoporosisCanada (summary).CMAJ.2010;182(12):1315–9.

16.Dawson-HughesB,MithalA,BonjourJP,BoonenS,Burckhardt P,FuleihanGE,etal.IOFpositionstatement:vitaminD recommendationsforolderadults.OsteoporosInt. 2010;21(7):1151–4.

17.RossCA,TaylorCL,YaktineAL,DelValleHB.Consensus report:dietaryreferenceintakesforcalciumandvitaminD. WashingtonDC:InstituteofMedicineoftheNational Academies;2010.

18.CooperC.Thecripplingconsequencesoffracturesandtheir impactonqualityoflife.AmJMed.1997;103(2A):12S–7S.

19.LarssonS,FribergS,HanssonLI.Trochantericfractures. Mobility,complications,andmortalityin607casestreated withthesliding-screwtechnique.ClinOrthopRelatRes. 1990;(260):232–41.

20.EkströmW,MiedelR,PonzerS,HedströmM,SamnegårdE, TidermarkJ.Qualityoflifeafterastabletrochantericfracture –Aprospectivecohortstudyon148patients.JOrthop Trauma.2009;23(1):39–44.

21.AbrahamsenB,vanStaaT,ArielyR,OlsonM,CooperC. Excessmortalityfollowinghipfracture:asystematic epidemiologicalreview.OsteoporosInt.2009;20(10):1633–50.

22.VisserM,DeegDJ,PutsMT,SeidellJC,LipsP.Lowserum concentrationsof25-hydroxyvitaminDinolderpersons andtheriskofnursinghomeadmission.AmJClinNutr. 2006;84(3):616–22.

23.GindeAA,ScraggR,SchwartzRS,CamargoCAJr.Prospective studyofserum25-hydroxyvitaminDlevel,cardiovascular diseasemortality,andall-causemortalityinolderU.S.adults. JAmGeriatrSoc.2009;57(9):1595–603.

24.FiscellaK,FranksP.VitaminD,race,andcardiovascular mortality:findingsfromanationalUSsample.AnnFamMed. 2010;8(1):11–8.

25.VirtanenJK,NurmiT,VoutilainenS,MursuJ,TuomainenTP. Associationofserum25-hydroxyvitaminDwiththeriskof deathinageneralolderpopulationinFinland.EurJNutr. 2011;50(5):305–12.

26.FordES,ZhaoG,TsaiJ,LiC.VitaminDandall-causemortality amongadultsinUSA:findingsfromtheNationalHealthand NutritionExaminationSurveyLinkedMortalityStudy.IntJ Epidemiol.2011;40(4):998–1005.

27.FreedmanDM,LookerAC,ChangSC,GraubardBI.Prospective studyofserumvitaminDandcancermortalityintheUnited States.JNatlCancerInst.2007;99(21):

1594–602.

28.SalibaW,BarnettO,RennertHS,RennertG.Theriskof all-causemortalityisinverselyrelatedtoserum25(OH)D levels.JClinEndocrinolMetab.2012;97(8):

2792–8.

29.ThomasGN,HartaighB,BoschJA,PilzS,LoerbroksA,Kleber ME,FischerJE,GrammerTB,BöhmBO,MärzW.VitaminD levelspredictall-causeandcardiovasculardiseasemortality insubjectswiththemetabolicsyndrome:theLudwigshafen RiskandCardiovascularHealth(Luric)Study.DiabetesCare. 2012;35(5):1158–64.

Referências

Documentos relacionados

(...) Não é correto (...) dizer “suspensão do contrato”, expressão que mantivemos porque assim é na doutrina preponderante. O contrato não se suspende. Suspende-se sempre

Ao mesmo tempo vemos desaparecer a realeza burocrática, a escrita, que não passava de uma técnica de administração, e todas as criações artísticas...&#34; (Pierre

Em todos os estudos disponíveis que já investigaram o efeito do consumo de cigarros na cicatrização periodontal, existe uma contaminação prévia por biofilme bacteriano nos

A proposta da tese surge ainda das necessidades de reflexão sobre o trabalho com música no dia a dia da escola de educação infantil e, com isso, de questões

13 Além dos monômeros resinosos e dos fotoiniciadores, as partículas de carga também são fundamentais às propriedades mecânicas dos cimentos resinosos, pois

Utilizando uma grande amostra de citações de documentos de todas as áreas temáticas publicadas em inglês, traz conclusões interessantes e constata que o Google

Em condições de laboratório, os isolados de Verticillium lecanii (ARSEF 6430, 6431 e 6432) e Aphanocladium album (ARSEF 6433) foram testados em ninfas de terceiro e quinto

c) em relação ao padrão de crescimento adotado: ao propiciar as condições para o crescimento desproporcionado do ramo de duráveis, o modelo em comento limitava a capacidade