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Índice de transmissão da esquistossomose mansônica na Cidade de Riachuelo, Sergipe.

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Academic year: 2017

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ín d ic e d e t r a n s m i s s ã o d a

ESQUISTOSSOMOSE MANSONICA

N A C IDA DE DE RIACHUELO, SERGIPE*

A n t o n i o Pa u lo d e M e n e z e s * * J. Ro d r ig u e s Co u r a * *

Re a liz o u - s e u m e s t u d o p a r a a d e t e r m in a ç ã o d o ín d i c e d e t r a n sm issã o d a e sq u ist o sso m o se m an sô n ica n a c id a d e d e R i a c h u e l o , n o e s t a d o d e S e r g ip e, c u j a p r e v a lê n c ia d e t e r m in a d a p r e v ia m e n t e p e ­ lo e x am e d e f e zes f o i d e 5 0 , 5 4 % .

Co n sid e r o u - se c o m o ín d i c e d e t r a n sm issão , a p e r c e n t a g e m d e c r ia n ç a s d e 0 a 10 a n o s c o m ex am es n e g a t iv o s (f e ze s o u r e a çã o i n t r a d é r m i c a ) q u e a p ó s 1 a n o d e e x p o s iç ã o a o s f o co s, t o r n a m p o s i ­ t iv os o s m esm os.

D iv id iu - se a c id a d e em d u a s ár e a s d i s t in t a s d o p o n t o d e v ist a e c o n ô m i c o e s a n it á r io ( área I e área I I ) e ca lcu la r a m - se o s ín d i c e s d e t r a n sm issã o a t r a v és d e e x a m e s d e f e zes e d e r e a çã o in t r a d é r m ica . Obser v ou - se q u e a ár ea I , d e m e l h o r c o n d i ç õ e s e c o n ô m i c a s e s a n it á r ia s a p r e se n t o u ín d i c e s d e t r a n s­ m issão d isc r e t a m e n t e m e n o r e s, t a n t o p o r e x a m e s d e f e ze s ( 1 1 , 6 2 % ) q u a n t o p o r r e a çã o in t r a d é r m ic a ( 1 3,46% ) , q u a n d o c o m p a r a d a s c o m a ár ea I I ( 1 2 , 3 9 % e 1 7 ,5 9% , r e sp ect iv a m en t e) .

O s a u t o r e s c o n c l u e m , q u e o s ín d i c e s d e t r a n sm issã o d e c o r r e m d a in t e n sid a d e d e c o n t a t o e n ­ t r e as c r ia n ça s e o s f o c o s d e i n f e c ç ã o e q u e o s m e sm o s r e f l e t e m o n ív e l d e h ig ie n e e d e e d u ca çã o sa n i­ t ár ia d a c o m u n id a d e . Ju l g a m t a m b é m q u e a ç õ e s d e sa ú d e p ú b l i c a v isa n d o o c o m b a t e à esq u ist o sso m o se , p o d e m ser a v a lia d o s e m f u n ç ã o d a d e t e r m in a ç ã o d a o s c ila ç ã o d est e s ín d ice s.

INTRODUÇÃO

Baseados em seus est udos n o Nordest e, Pes­ soa e Am o r im 1 1 pr opuzer am ent re as m edidas de avaliação da im por t ân cia da esqu ist ossom o­ se m ansônica em um a det er m inada área, além do est udo m alacológico, a det er m in ação da percentagem de cr ianças nat urais da região, de idade com preendida en t r e 3 e 10 anos, que se apresentavam elim in an d o ov os de S. m ansoni

nas fezes. Dest a for m a, calcula- se para várias localidades, o qu e cham aram de ín dice de

transmissão. Post er ior m en t e, estes m esm os

autores12, com par an do a gravidade da esquis­ tossomose em difer en t es Est ados d o Nor dest e

brasileiro, con clu ir am , ser esta gravidade, alt a no estado de Sergipe, m édia em Alagoas e bai­ xa na Paraíba; referem ainda qu e o ín d ice de transmissão aum ent ava com a qu an t idade e po­ luição dos focos. Nos t r abalh os de Brener e Mourão2 e de K lo e t ze l6 observa-se que a in fec­ ção ocorre t am bém co m fr eq ü ên cia m aior do

qu e parece, em cr ianças de 0 a 3 anos de ida­ de, desde que haja con t at o com os focos; este f a t o f o i dem on st r ado m ais facilm en t e quando u t ilizar am m ét odos m ais precisos6 . Em 1966, Far o o q e Hair st on 4 , n o Eg it o det erm inaram a in cidên cia, ou seja, a percent agem de cr ian ­ ças negat ivas qu e se t or nar am posit iv as em ou ­ t r o ex am e realizado após 1 ano de esposição. Est es aut ores calcular am esse ín d ice, em

crian-t '

ças de 0 a 6 anos de idade, através de exam es de fezes.

N o present e t rabalh o, d efin im os com o ín ­ dice de t ransm issão, a percent agem de crianças na faix a et ár ia com pr een dida ent re 0 a 10 anos qu e se t orn ar am posit ivas pelo exam e de fezes ou reação in t r adér m ica, após 1 ano de ex posição aos focos.

MATERIAL E MÉTODOS

O est u do f o i r ealizado na cidade de Ria­ ch u eio, sede d o m u n icíp io d o m esm o nom e,

* Tr a b a lh o r e a liz a d o c o m o a u x íl i o d o Co n s e lh o N a c i o n a l d e D e s e n v o lv im e n t o C i e n t íf i c o e Te cn o ló g ico .

* * D e p a r t a m e n t o d e M e d i c i n a Pr e v e n t iv a d a Fa c u l d a d e d e M e d i c i n a d a U F R J.

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localizado na região fisiogr áfica cent ral d o Es­ t ado de Sergipe. A prevalência para esquistos- som ose m ansônica, calculada através de exam e de fezes, nesta cidade, em 1974, era de 50,54% e de 45,80% pela int raderm oreação. For am consideradas para efeit o de com paração duas diferent es áreas da cidade (área I e área II), previam ent e det erm inadas p o r cr it ér io s eco­ nôm icos e sanitários, baseados em in q u ér it o onde se colheram dados sobre renda fam ilia r e presença de inst alações sanitárias7-8 assim, na área I, considerada de m elh or padr ão

só-Cr $ 2 1 2,00 ( duzent os e doze cr uzeiros) . Qu an ­ t o à presença de inst alações sanitárias, v er ifica­ m os que, na área I, 85,65% das residências as possuía, ao passo qu e o f a t o só o co r r ia em 21,55% das residências localizadas na área II.

Os cr iador es nat urais de car am u j os en con ­ t rados na cidade, eram co n st it u íd o s por co le­ ções d'água perm anent es, d ist r ib u íd o s na per i­ feria, onde a p op u lação pobr e se banha, lava rou pa e pesca.

Det erm inou- se o ín d ice de t ransm issão para cada área, através de pesquisa de ovos de S.

Fi g u r a 1: V ist a p a r c ia l d a ár ea I d a c id a d e

cio- econ ô m ico e sanit ár io, habit av am 45 f a m í­ lias de nossa am ost ra, per fazen do um t ot al de 27,95% . Na área II m orava o rest ant e das fa ­ m ílias ent revist adas, ou seja, 72,05% . A renda m ediana fam iliar na área I, f o i de C r $ 4 00 ,0 0 ( quat rocent os cr uzeiros) e na área II f o i de

Fig u r a 2 : V ist a p a r c ia i d a ár ea I I d a c id a d e

m ansoni nas fezes, pelo m ét odo de sedim ent a­

ção de Lu t z ( Hoff m an , Pon s e Janer) e através da reação in t r adér m ica para S. m ansoni, r eali­ zada com ant ígen os de verm e adu lt o, seguindo a padr on ização pr opost a p o r Kagan, Pelegr ino e Mem ó r ia5.

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Janeiro-Dezembro, 1979/80

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RESULTADOS

Para se det er m in ar o ín d ice de t ransm issão através de copr oscopia, selecion am os um gru­ po de crianças m enores de 10 anos que em 1974, apresent aram exam e de fezes negat ivo. Este grupo se com pu n h a de 156 pessoas, sen­ do 43 na área I e 113 na área II.

Das 43 cr ianças habit ant es na área I, que em 1974 apresent aram ex am e de fezes negat i­ vo, 5 positivaram no an o seguint e, sendo p o r ­ tanto o ín dice de t ransm issão det er m in ado nes­ ta área, por exam e de fezes, igual a 11,62% . Das 113 crianças m or ador as na área II com exame de fezes negat ivos em 1974, após 1 ano de exposição aos fo co s, 14 t ornaram - se p o sit i­ vos, o que per m it iu calcu lar um ín d ice de transmissão de 12,39% na r eferida área.

Com relação à det er m in ação d o ín d ice de transmissão através da reação in t r adérm ica, procedemos de m aneira sem elhant e, ist o é, selecionamos 160 cr ianças m enor es de 10 anos, com reação in t r adér m ica negat iva, em 1974, sendo 52 habit ant es na área I e 108 na área II. Das 52 crianças com reação in t r adér m ica ne­ gativa m oradoras na área I, após 1 an o de ex ­ posição, 7 t ornaram - se posit iv as, dest a for m a o índice de t ransm issão f o i det er m in ado em 13,46%. Na área II, obser vam os que, das 108 crianças negativas em 1974, 19 posit iv ar am o exame após 1 ano, este fat o , p er m it iu det er m i­ narmos o ín d ice de t ransm issão através de reação int radérm ica na área II em 17,59% .

DISCUSSÃO

Com o se per m it iu observar, o ín d ice de transmissão pode ser con sider ado co m o um dos elem ent os para se car act er izar a din âm ica da esquist ossom ose em um a localidade.

Ficou con fir m ad a n it id am en t e a difer ença entre as duas áreas, um a vez que, p or am bos os m ét odos, se en co n t r o u t ransm issão m aior na área de piores con diçõ es econ ôm icas e sa­ nitárias, onde se sabe, é m aior e m ais int ensa a freqüência de con t at o com os f o co s de in fec­ ção.

Com parando- se o ín d ice de t ransm issão at ra­ vés de exam e de fezes, com o ín d ice o b t id o por reação in t r adér m ica, observam os ser m aior quando u t ilizam os este segundo m ét odo, ape­ sar de alguns aut ores, co m o Pelegr ino, Brener e Silva9 e Pelegr ino, Brener e Mem ó r ia10, acharem ser m ais esp e cíf ico o exam e de fezes do que a reação in t r adér m ica, qu an do se qu er determ inar a prev alência para esquist ossom ose

m ansônica em cr ianças m enores de 10 anos. N o nosso est udo en con t r am os discret a supe­ r ior idade, com a reação int radérm ica. Tal su­ per ior idade t am bém f o i observada p or Pr at a13, em Caat inga d o Mou r a no Est ado da Bahia, p o r Barbosa1 em Águ a Pret a e Mur ibeca em Per n am bu co e p o r Co n ceição 3 em I t anhom i, Min as Gerais.

Caberia ser d iscu t id o a m argem de er ro in­ t r o d u zid a, ist o é, o nú m er o de crianças que m esm o sendo por t ador as de exam e de fezes po sit iv o apresent am reações int radérm icas ne­ gativas. Est e fen ô m en o j á f o i observado por Pelegrino, Brener e Silv a9 e p o r Bar bosa1 Tal f a t o pode ocor r er p o r reação t ardia, por aner- gia ou p o r o u t r o qu alqu er f a t o r im u n ológico ainda não esclarecido.

Em bor a não se possa com parar os índices de t ransm issão o b t id o s com os resultados en con ­ t r ados p o r ou t r os aut ores, dev ido à difer ent e m et odologia aplicada, acham os que os m esm os r eflet em o grau de ex posição aos f o co s de in­ fecção e que program as de saúde pú b lica vi­ sando a in t er r u p ção da t ransm issão podem ser av aliados em fu n ção da det er m in ação de oscila­ ção destes índices.

S U M M A R V

A st u dy t o t he det erm inat ion o f schisto-m iasis schisto-m an soni t ransschisto-m ission rat e was done in the cit y o f Riachuelo, st at e o f Sergipe, in wich t he prevalence in st ool exam inat ion was deter-m in ed in advance, as 50,54%.

A s t ransm ission rat e, i t was considered, the per cen t u al o f ch ild ren bet ween O and Wy ear s oid, w it h negat ive exam inat ions ( st ool o r in-t raderm oreacin-t ion) who, afin-t er a year exposi-t ion exposi-t o exposi-t he focus, exposi-t urn i exposi-t posiexposi-t ive.

The c it y was div ided in t w o d iffer en t areas,

such as: area / — econ om ic and area I I —

sani-t ary, an d sani-t he sani-t ransm ission rasani-t e has been essani-ti- esti-m at ed t hr ough st ool exaesti-m inat ion and intra-derm oreact ion

I t was observed t hat t he area I, w it h bet t er econom ics an d sanit ary con dit ion s present ed a sm aller t ransm ission rat e, such in st ool exa­ m in at ion (11,62% ), as in int raderm oreact ion (13,46%), when com par ed t o area I I (12,39% an d 17,59%).

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reflect s t he com u n it y levei o f hygiene and sa-nit ar y educat ion.

They consider, t oo, p u b lic Health proce-edings aim ed t o schist om iasis st ruggle, can be est im at ed t hrough the det er m inat ion o f rat e oscilat ion.

R E FE R Ê N C I A S B I B L I O G R Á FI C A S

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Referências

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