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Estudo da dinâmica de crescimento de nanofios autosustentados do grupo III-V sobre substratos GaAs(100) e GaAs(111)B a partir de técnicas correlatas e epitaxia por feixes moleculares

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Academic year: 2017

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Estudo da dinˆamica de crescimento de nanofios autosustentados do grupo III-V sobre substratos GaAs(100) e GaAs(111)B a partir de t´ecnicas

correlatas a epitaxia por feixes moleculares.

JOSE LUIS GONZALEZ ARANGO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciˆencias Exatas

Departamento de F´ısica Belo Horizonte

(2)

Estudo da dinˆamica de crescimento de nanofios autosustentados do grupo III-V sobre substratos GaAs(100) e GaAs(111)B a partir de t´ecnicas

correlatas a epitaxia por feixes moleculares.

JOSE LUIS GONZALEZ ARANGO

Disserta¸c˜ao apresentada como requisito parcial para a obten¸c˜ao do grau de MESTRE EM F´ISICA

Orientador

Professor Dr. Juan Carlos Gonz´alez P´eres Co-Orientador

Professor Dr. Marcus Vinicius Baeta Moreira

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciˆencias Exatas

Departamento de F´ısica Belo Horizonte

(3)

Al Amparo de mi madre, padre y hermanos.

Ellos me labraron un camino f´acil.

(4)

AGRADECIMIENTOS

El autor expresa sus sinceros agradecimientos a:

Profesor Juan Carlos Gonz´alez que me ofreci´o la oportunidad de conocer el mundo nanosc´opico.

A mi padre, madre y hermanos que han forjado especialmente para mi un camino de

adoquines labrados con sue˜nos.

A mi angel Jhojana que siempre ha definido la geometr´ıa de mi espacio-tiempo y a

todos los amigos que han viajado siempre dentro de mi cono de luz.

A lo t´erreo y lo divino, la raz´on y la irreflexi´on, la felicidad y la angustia que ha-cen soportable la insoportable levedad del ser.

Al Professor Marcus Vinicius Baeta, Rodrigo Ribeiro de Andrade, integrantes y

ex-integrantes del grupo de epitaxia por hazes moleculares de la UFMG quienes han sido, son y ser´an los bloques constituyentes de arquitecturas cient´ıficas mas complejas.

A las agencias de desarrollo cient´ıfico CNPq, CAPES y FAPEMIG por entender que el

(5)

CONTE ´

UDO

LISTA DE FIGURAS IV

Abstract VIII

Resumo IX

INTRODUC¸ ˜AO X

1. Crescimento de nanofios auto-sustentados 1

1.1. Introdu¸c˜ao . . . 1

1.2. Descri¸c˜ao dos equipamentos e condi¸c˜oes de crescimento . . . 3

1.2.1. Sistema de MBE . . . 3

1.2.2. Dinˆamica na superf´ıcie de substratos semicondutores durante o crescimento por SSMBE . . . 5

1.2.3. Sistema de CBE . . . 6

1.2.4. Dinˆamica na superf´ıcie de substratos semicondutores durante o crescimento CBE . . . 6

(6)

CONTE ´UDO ii

1.3.1. Crescimento de nanofios de InP por CBE . . . 8

1.3.2. Crescimento de nanofios de InAs por MBE . . . 10

2. Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 12 2.1. T´ecnicas de carateriza¸c˜ao . . . 12

2.1.1. Microscopia eletrˆonica de varredura . . . 13

2.1.2. Microscopia eletrˆonica de transmiss˜ao . . . 15

2.1.3. Espectroscopia de raios-X dispersiva em energia . . . 15

2.1.4. Difra¸c˜ao de raios-X . . . 16

2.2. Nanofios de InP crescido por CBE: morfologia, estrutura cristalina e composi¸c˜ao qu´ımica. . . 20

2.3. Nanofios de InAs crescido por SS-MBE: morfologia, estrutura cristalina e composi¸c˜ao qu´ımica. . . 23

3. Modelo cl´assico de crescimento de nanofios autosustentados: Vapor-Liquido-S´olido (VLS) 28 3.1. Introdu¸c˜ao . . . 28

3.2. Modelo Vapor-L´ıquido-S´olido de Wagner, Ellis e Givargizov . . . 29

3.3. Discuss˜ao caso NWs InP . . . 34

(7)

CONTE ´UDO iii

4.2. Aspectos gerais do modelo VLS-ID . . . 40

4.3. Discuss˜ao para o caso de nanofios de InAs crescidos por SS-MBE . . . 44

5. Conclus˜oes 49

(8)

LISTA DE FIGURAS

1. Densidade eletrˆonica de estados em sistemas quˆanticos com diferentes dimensionalidades: 3D, 2D, 1D e 0D. . . xi

1.1. Foto do Sistema MBE RIBER 2300 R&D da UFMG . . . 3

1.2. Esquema mostrando os principais componentes de um sistema de MBE. 4

1.3. Principais processos na superf´ıcie do substrato: (a) deposi¸c˜ao (b) difus˜ao (c ) nuclea¸c˜ao na superf´ıcie (d) liga¸c˜ao. . . 6

1.4. Esquema do sistema CBE da Universidade Estadual de Campinas usado no crescimento de nanofios de InP. . . 7

1.5. Principais processos qu´ımicos na superf´ıcie do substrato no CBE. . . . 8

1.6. Imagem de microscopia de for¸ca at´omica da superf´ıcie de um substrato de GaAs (100) recoberto com nanoparticulas de Au de 20 nm. O campo de vis˜ao corresponde a uma ´area de 2 X 2 µm2. . . . 9

1.7. Imagem SEM de nanofios de InP crescidos pela t´ecnica CBE. . . 9

1.8. Imagem SEM de nanofios de InAs crescidos pela t´ecnica MBE. . . 11

(9)

LISTA DE FIGURAS v

2.2. Representa-se: (a) O volume de intera¸c˜ao e as regi˜oes de onde se detec-tam os el´etrons secund´arios, el´etrons retro-espalhados e raios-X. (b) A distribui¸c˜ao espacial dos el´etrons secund´arios. . . 14

2.3. Processo de emiss˜ao de raios-X caracter´ısticos devido `a relaxa¸c˜ao en-erg´etica das capas internas do ´atomo ionizadas pelo feixe de el´etrons incidentes. . . 16

2.4. Dedu¸c˜ao da lei de Bragg. As ondas interferem construtivamente quando a diferen¸ca de caminhos ´opticos difere num m´ultiplo do comprimento de onda. . . 17

2.5. Geometria utilizada para difra¸c˜ao de raios-X coplanar. . . 18

2.6. Geometria de difra¸c˜ao por incidˆencia rasante (GID). . . 19

2.7. Imagem deSEM de NWs de InP crescidos sobre um substrato de GaAs (100). . . 20

2.8. Gr´afico da correla¸c˜ao entre comprimento m´edio e diˆametro para nanofios de InP crescidos sobre um substrato de GaAs (100) por CBE. . . 21

2.9. (a) Imagem TEM de um nanofio de InP. (b) Padr˜ao de difra¸c˜ao de eletrons do nanofio. . . 22

2.10. Imagem de HRTEM do topo do nanofio de InP. . . 22

2.11. EspectroEDS do nanofio de InP. . . 23

2.12. Imagem SEM de nanofios auto-sustentados de InAs orientados vertical-mente. A figura SEM complementar mostra a face superior (111)B de um NW composto por seis facetas verticais {¯110}. . . 24

(10)

LISTA DE FIGURAS vi

2.14. Espectro de EDS de um nanofio individual de InAs. . . 26

2.15. Correla¸c˜ao entre a concentra¸c˜ao XGa e a temperatura de crescimento. . 27

3.1. (1) transporte de massa na fase vapor para a interface vapor-l´ıquido, (2) rea¸c˜oes qu´ımicas sobre a interface vapor-l´ıquido, (3) dissolu¸c˜ao e difus˜ao atrav´es da fase l´ıquida e (4) precipita¸c˜ao sobre a interface l´ıquido-s´olido e nuclea¸c˜ao. . . 30

3.2. Tens˜oes superficiais associadas `as energias γlv, γls e γsv nas interfaces

l´ıquido-vapor, l´ıquido-s´olido e s´olido-vapor, respectivamente. . . 31

3.3. Diagrama de fase bin´ario Au-In. Quando o catalisador tem uma porcent-agem atˆomica de 25 % de ´Indio e temperatura de crescimento, T , a liga Au-In est´a na fase l´ıquida. . . 35

3.4. Gr´afico da correla¸c˜ao entre taxa de crescimento m´edia e o diˆametro dos nanofios de InP crescidos sobre um substrato de GaAs (100) por CBE. A linha vermelha resulta do ajuste dos dados utilizando a (3.4) na qual ∆µ0 = 1,90926 ergios mol−1 (kBT)−1, αsv = 94,9679 ergios cm−2 e

K = 1,96204 nm s−1 s˜ao os parˆametros de ajuste. As barras verticais

indicam os erros experimentais. . . 36

3.5. A curva vermelha resulta do ajuste para os dados da figura (3.4), em co-ordenadas (dL/dt)12 Versus 1/d. O valor de R

c = 25,9661 nm´e obtido a

partir da extrapola¸c˜ao da curva. A inclina¸c˜ao da curva, m= 2Ωsαsv

kBT K

1/2,

confirma o valor do coeficiente cin´etico K. . . 37

3.6. Comportamento da taxa de crescimento e do raio cr´ıtico, Rc para

difer-entes valores da supersatura¸c˜ao na fase vapor, ξv. As curvas s˜ao obtidas

(11)

LISTA DE FIGURAS vii

4.1. Representa¸c˜ao dos est´agios no modelo de crescimento VLS-ID e os proces-sos cin´eticos b´asicos na superf´ıcie do substrato. Os procesproces-sos sobre a superficie do substrato s˜ao adsor¸c˜ao, desor¸c˜ao, difus˜ao e nuclea¸c˜ao; os processos sobre a superficie lateral do nanofio s˜ao desor¸c˜ao e difus˜ao; os processos no topo do nanofio s˜ao absor¸c˜ao e desor¸c˜ao na superficie da nanogota liquida e, finalmente, a nuclea¸c˜ao bidimensional na superf´ıcie abaixo do catalisador. . . 41

4.2. (b) Diagrama de fase bin´ario Au-Ga. Quando o catalisador tem uma por-centagem atˆomica de 25 % de ´Indio e G´alio a temperatura de crescimento,

Tc = 450oC, a liga Au-In e Au-Ga est´a na fase l´ıquida. . . 45

4.3. Dependˆencia da concentra¸c˜ao, XGa , em In

1−xGaxAs versus

temper-atura de crescimento. A linha vermelha representa o ajuste de dados utilizando a equa¸c˜ao 4.14. Os parˆametros de ajuste s˜ao EGa= 0,76eV e

χ= 9911,60 . . . 47

4.4. Compara¸c˜ao dos valores te´oricos e experimentais da concentra¸c˜ao per-centual de G´alio XGa em In

1−xGaxAs para as diferentes temperaturas

(12)

Abstract

(13)

Resumo

Neste trabalho, apresenta-se o estado da arte sobre o mecanismo de forma¸c˜ao de nanofios semicondutores autosustentados, crescidos a partir de elementos da tabela peri´odica dos grupos III e V pela t´ecnica de MBE. No primeiro cap´ıtulo, apresenta-se uma breve resenha das t´ecnicas experimentais de crescimento de nanofios utilizadas. O segundo cap´ıtulo descreve a morfologia, estrutura cristalina e composi¸c˜ao qu´ımica de nanofios de InP crescidos pela t´ecnica de CBE e nanofios de InAs crescidos pela t´ecnica de MBE. O terceiro cap´ıtulo ´e dedicado `a formaliza¸c˜ao do modelo VLS, e sua aplica¸c˜ao aos resultados experimentais, do crescimento dos nanofios de InP.

No quarto cap´ıtulo faz-se uma revis˜ao do modelo de crescimento VLS induzido por difus˜ao. Nessa etapa, tamb´em prop˜oe-se uma generaliza¸c˜ao do modelo VLS-ID, incor-porando o processo de interdifus˜ao, onde ´atomos do material do substrato difundindo-se por suas monocamadas mais superficiais incorporam-se no nanofio. Ainda nesse cap´ıtu-lo, ser˜ao apresentados os dados experimentais que mostram a presen¸ca de ´atomos de Ga em nanofios na composi¸c˜ao qu´ımica nominal de InAs e o fenˆomeno de interdifus˜ao durante o crescimento dos mesmos. Al´em disso, obteve-se a partir do mode

(14)

INTRODUC

¸ ˜

AO

Nas ´ultimas d´ecadas os sistemas f´ısicos de baixa dimensionalidade tˆem despertado um forte interesse na comunidade cient´ıfica devido a novos fenˆomenos que se manifestam unicamente em estruturas nesta escala e que podem levar a novos desenvolvimentos tecnol´ogicos. Essas nanoestruturas, s˜ao a base para constru¸c˜ao de novos dispositivos funcionais abrindo possibilidades para a cria¸c˜ao de arquiteturas mais complexas em nanosistemas ´opticos e eletrˆonicos integrados.

Nas nanoestruturas os portadores de carga s˜ao confinados espacialmente numa escala que ´e da ordem do comprimento de onda de Broglie dos el´etrons, onde os efeitos de quantiza¸c˜ao chegam a ser importantes. Diferentes nanoestruturas como pontos quˆanticos(QDs), fios quˆanticos (QWWs) e po¸cos quˆanticos (QWs), confinam os porta-dores em trˆes, duas ou uma dimens˜ao espacial e por isso s˜ao respectivamente chamadas de estruturas ou sistemas (quando se fala das propriedades f´ısicas b´asicas e n˜ao rela-cionadas a material algum) zero-, uni-, ou bi-dimensionais. Os sistemas volum´etricos

(bulk), onde os portadores de carga n˜ao s˜ao confinados quanticamente, s˜ao chamados de sistemas tridimensionais. Cada um desses sistemas possui uma densidade de estados caracter´ıstica que determina os estados energ´eticos permitidos para os portadores de carga. Dessa forma, ao trocar a dimensionalidade do sistema tamb´em mudam, funda-mentalmente, as propriedades electr´onicas e ´opticas do mesmo.

(15)

asso-INTRODUC¸ ˜AO xi

3D 2D 1D 0 D

Tipos de con fin am en to

Den sidade de estados

E

n

(E

)

figura 1: Densidade eletrˆonica de estados em sistemas quˆanticos com diferentes dimen-sionalidades: 3D, 2D, 1D e 0D.

ciado ou dentro de uma matriz de outro material. Essas nanoestruturas foram usadas para a fabrica¸c˜ao de FETs [1], LEDs [29], transistores de jun¸c˜ao bipolar [55] [42], bio-sensores[8] e outros nanodispositivos eletrˆonicos e ´opticos. A incorpora¸c˜ao dos NWs em nanodispositivos requer fundamentalmente do entendimento da morfologia, estrutura cristalina, composi¸c˜ao qu´ımica e de suas propriedades ´opticas e eletrˆonicas.

Na atualidade, os nanofios s˜ao produzidos por muitas t´ecnicas de s´ıntese, entre elas destacam-se: abla¸c˜ao por laser [40], epitaxia de metalorgˆanicos na fase vapor (MOVPE) [31], deposi¸c˜ao qu´ımica na fase vapor (CVD) [56] e epitaxia por feixes moleculares (MBE) [36] . Desse conjunto, as t´ecnicas de epitaxia por feixes moleculares tˆem sido as mais populares para a fabrica¸c˜ao de nanofios semicondutores de alta qualidade. Em MBE, os elementos constituintes das camadas epitaxiais a serem crescidas s˜ao depositados, na forma de feixes moleculares, sobre um substrato cristalino aquecido a uma determinada temperatura. Esse processo ´e efetuado num ambiente de ultra alto v´acuo (UHV, press˜ao do sistema menor do que 10−7 torr), possibilitando um alto grau

(16)

INTRODUC¸ ˜AO xii

comprimento de difus˜ao de ´atomos na superf´ıcie dos subs

trato, fra¸c˜oes molares de diferentes compostos, concentra¸c˜ao e perfil de dopantes, entre outros. Todos esses parˆametros s˜ao fundamentais nas propriedades f´ısicas finais dos NWs.

Em geral, crescer materiais 1D significa ter duas dimens˜oes numa escala nanom´etri-ca, enquanto a terceira estende-se para escalas micro ou macrosc´opicas. Para isso, se faz necess´ario o rompimento das liga¸c˜oes atˆomicas isotr´opicas durante o crescimento, ou seja, quebrar a simetria do crescimento. Uma t´ecnica consideravelmente utilizada para conseguir o crescimento 1D ´e a utiliza¸c˜ao de um nanocatalisador que serve como um s´ıtio preferencial de absor¸c˜ao dos precursores. O nanocatalisador, que se considera como uma nanogota durante o crescimento, forma uma liga eut´etica com o material do nanofio, permitindo a ativa¸c˜ao e nuclea¸c˜ao na superf´ıcie abaixo da nanogota que cresce mais r´apido do que as outras regi˜oes do substrato. Devido `as fases envolvidas nas rea¸c˜oes que d˜ao origem aos nanofios, esta aproxima¸c˜ao ´e tipicamente definida como mecanismo vapor-liquido-s´olido (VLS).

O mecanismo vapor-liquido-s´olido foi proposto em 1964 por R.S Wagner e W.C. Ellis [53] para explicar o crescimento de cristais sobre superf´ıcies de sil´ıcio ativadas por uma camada fina de ouro. No ano de 1975 E.I Givargizov e A.A. Chernov [10] desen-volveram o modelo fenomenol´ogico do crescimento VLS de nanofios baseados em leis emp´ıricas. Nesse modelo, usualmente conhecido como modelo VLS cl´assico, os ´atomos que se incorporam na rede cristalina do nanofio provˆeem dos ´atomos precursores que atingem diretamente a superf´ıcie da nanogota e s˜ao absorvidos por ela. Embora, esse modelo explique satisfatoriamente alguns fatos experimentais, ele ainda n˜ao fornece uma explica¸c˜ao exaustiva dos processos f´ısicos que governam o crescimento destsas nanoestruturas.

(17)

INTRODUC¸ ˜AO xiii

O objetivo deste trabalho ´e apresentar o estado da arte sobre o mecanismo de forma¸c˜ao de nanofios semicondutores autosustentados crescidos a partir de elementos da tabela peri´odica dos grupos III e V pelas t´ecnicas correlatas a MBE. No primeiro cap´ıtulo, apresenta-se uma breve resenha das t´ecnicas experimentais de crescimento de nanofios utilizadas neste trabalho. O segundo cap´ıtulo consta de uma descri¸c˜ao da morfologia, estrutura cristalina e composi¸c˜ao qu´ımica de nanofios de InP crescidos pela t´ecnica de epitaxia por feixes qu´ımicos CBE (uma variante da t´ecnica MBE) e nanofios de InAs crescidos pela t´ecnica de MBE. O terceiro cap´ıtulo ´e dedicado `a formaliza¸c˜ao do modelo VLS e sua aplica¸c˜ao aos resultados experimentais do crescimento dos nanofios de InP.

No quarto cap´ıtulo faze-se uma revis˜ao do modelo de crescimento VLS induzi-do por difus˜ao. Nessa etapa, tamb´em prop˜oe-se uma generaliza¸c˜ao induzi-do modelo VLS-ID, incorporando o processo de interdifus˜ao1, onde ´atomos do material do substrato

difundindo-se por suas monocamadas mais superficiais incorporam-se no nanofio. Ain-da nesse cap´ıtulo, ser˜ao apresentados os Ain-dados experimentais que mostram a presen¸ca de ´atomos de Ga em nanofios na composi¸c˜ao qu´ımica nominal de InAs e o fenˆomeno de interdifus˜ao durante o crescimento dos mesmos. Al´em disso, obteve-se a partir do mod-elo proposto uma express˜ao para a dependˆencia da fra¸c˜ao molar de GaAs nos nanofios em fun¸c˜ao da temperatura de crescimento.

1O termo, interdifus˜ao, refere-se a ´atomos que escapam da rede cristalina do substrato e difundem

(18)

1

Crescimento de nanofios auto-sustentados

1.1

Introdu¸c˜

ao

Epitaxia por feixes moleculares (MBE) ´e uma t´ecnica vers´atil para o crescimento de camadas finas de materiais tais como semicondutores, metais e isolantes[43]. A t´ecni-ca de MBE envolve a deposi¸c˜ao de um filme fino, que pode ser dopado ou n˜ao, sobre uma matriz cristalina chamada de substrato. Em condi¸c˜oes termodinˆamicas apropriadas, o filme finoreproduz a estrutura cristalina do substrato formando o que se chama de filme epitaxial. As caracter´ısticas fundamentais dessa t´ecnica s˜ao: a grande pureza e quali-dade cristalina dos filmes finos depositados, o controle da concentra¸c˜ao de impurezas (dopantes ou n˜ao) desde n´ıveis de 1014cm3 at´e mais de 1020cm3, a possibilidade de

forma¸c˜ao de ligas tern´arias e quatern´arias, com controle da composi¸c˜ao da liga maior do que 1 % at´omico, o controle in-situ e em tempo real da maioria das vari´aveis de crescimento e a flexibilidade para o crescimento de heteroestruturas.

(19)

Crescimento de nanofios auto-sustentados 2

Inicialmente, a t´ecnica de MBE foi desenvolvida a partir de fontes s´olidas, que s˜ao f´aceis de evaporar utilizando pequenos fornos (c´elulas) dentro do ambiente deUHV

garantindo uma introdu¸c˜ao m´ınima de impurezas durante sua opera¸c˜ao. Essa t´ecnica chamada desolid source MBE (SSMBE)tem o inconveniente de abrir ou expor o sistema ao ambiente do laborat´orio para a recarga das c´elulas, ao acabar o material dentro de alguma delas. A recupera¸c˜ao das condi¸c˜oes de UHV e de limpeza qu´ımica do sistema ´e um processo lento e complexo. Essas dificuldades levaram `a utiliza¸c˜ao de fontes de g´as no lugar das tradicionais fontes s´olidas.

Na atualidade, novas fontes de g´as tˆem sido montadas fora do equipamento de MBE, obtendo uma gama de t´ecnicas correlatas. Os acrˆonimos para as diferentes al-ternativas foram definidos na International Conference on CBE realizada no Houston, Texas em 1989 [14]. Gas source MBE (GSMBE) foi utilizado para designar a t´ecnica MBE onde os feixes moleculares do grupo III derivam da evapora¸c˜ao de fontes s´olidas, entretanto, os feixes do grupo V resultam da decomposi¸c˜ao t´ermica de hidretos. Quando a cin´etica do crescimento sobre a superf´ıcie do substrato for governada principalmente pelos elementos do grupo III, e relativamente independente dos elementos do grupo V, pode-se aproximar a cin´etica de crescimento do SSMBE convencional.

Metalorganic MBE (MOMBE)designa a t´ecnica na qual os elementos do grupo III s˜ao derivados da pir´olise de compostos organomet´alicos sobre a superf´ıcie do substrato aquecido e os elementos do grupo V provˆem da evapora¸c˜ao de fontes s´olidas. Finalmente,

Chemical Beam Epitaxy (CBE) designa a t´ecnica na qual todas a fontes s˜ao gasosas, sendo os elementos do grupo III derivados da pir´olise de compostos organomet´alicos sobre a superf´ıcie do substrato aquecido e os feixes do grupo V resultam da decom-posi¸c˜ao t´ermica de hidretos. As cin´eticas de crescimento de MOMBE e CBE s˜ao muito similares entre si e substancialmente diferentes do caso MBE.

(20)

Crescimento de nanofios auto-sustentados 3

figura 1.1: Foto do Sistema MBE RIBER 2300 R&D da UFMG

1.2

Descri¸c˜

ao dos equipamentos e condi¸c˜

oes de crescimento

1.2.1.

Sistema de MBE

Na figura (1.1) apresenta-se um esquema geral do sistema MBE (modeloRIBER

2300R&D) do laborat´orio de epitaxia por feixes moleculares da UFMG, utilizado para o crescimento de nanofios de InAs. Os diferentes componentes s˜ao indicados no esquema da figura (1.2).

Resumidamente, o sistema de MBE ´e uma grande cˆamara de UHV (press˜ao resi dual de gases<109 torr), onde o substrato sobre o qual pretende-se fazer o crescimento

´e colocado num manipulador e aquecido `a temperatura de crescimento (TG). Os feixes

(21)

Crescimento de nanofios auto-sustentados 4 S u b s tr a to S u b s tr a to

U H V

Ga Pa d rã o d e RH EED

Vá lvu la d e Is o la m e n to In

Ma n ip u la d o r

N 2

Ca n h ã o d e e lé tro n s As4

LN 2

figura 1.2: Esquema mostrando os principais componentes de um sistema de MBE.

a press˜ao base do MBE, assim como, os fluxos moleculares s˜ao medidos utilizando medidores de v´acuo por ioniza¸c˜ao do tipo catodo aberto. No caso dos fluxos moleculares mede-se uma press˜ao equivalente proporcional ao fluxo de mol´eculas no feixe, chamada

beam equivalent pressure (BEP).

Adicionalmente, o processo de crescimento pode ser monitorizado in-situ e em tempo real utilizando uma ferramenta de diagnostico chamada de Reflection High Energy Electron Diffraction (RHEED), que permite observar altera¸c˜oes na estrutura cristalina das camadas de ´atomos superficiais em fun¸c˜ao dos parˆametros de crescimen-to. Tamb´em, permite a calibra¸c˜ao das taxas de crescimento e da composi¸c˜ao qu´ımica de ligas tern´arias e quatern´arias, al´em do monitoramento da espessura, tens˜oes e com-posi¸c˜ao qu´ımica dos filmes finos durante o crescimento.

O ambiente de UHV ´e mantido dinamicamente por um complexo sistema de bombas de v´acuo, prim´arias e secund´arias, apropriadas para diferentes faixas de press˜ao, e tamb´em, por um grande painel criogˆenico que envolve toda a regi˜ao das c´elulas de evapora¸c˜ao e onde circula nitrog´enio liquido. Este painel, al´em de servir como uma grande bomba de v´acuo para gases com ponto de condensa¸c˜ao maior do que 80◦K,

(22)

Crescimento de nanofios auto-sustentados 5

1.2.2.

Dinˆ

amica na superf´ıcie de substratos semicondutores

durante o crescimento por SSMBE

MBE de semicondutores III-V ´e feito em baixas temperaturas e baixas press˜oes em compara¸c˜ao a outras t´ecnicas de crescimento epitaxial. Baixas temperaturas de crescimento resultam em mecˆanismos de crescimento que s˜ao dominados pela qu´ımica e cin´etica superficial no substrato. A cin´etica e qu´ımica superficial s˜ao, igualmente, forte-mente influenciadas pela orienta¸c˜ao do substrato, pela troca das esp´ecies do grupo V (As4, As2, P2, AsH3, P H3, etc.), pela taxa de crescimento e pela interrup¸c˜ao do

cresci-mento. Esses fatores, por sua vez, afetam a incorpora¸c˜ao das impurezas, assim como, a gera¸c˜ao de defeitos, as qualidades topogr´aficas e qu´ımicas das superf´ıcies e interfaces.

No processo de MBE distinguem-se duas etapas no crescimento. A primeira eta-pa relaciona-se com os processos superficiais de absor¸c˜ao qu´ımica molecular, migra¸c˜ao superficial e forma¸c˜ao de liga¸c˜oes. A segunda etapa, ocorre nas 3 ou 4 ´ultimas monoca-madas atˆomicas abaixo da superf´ıcie do substrato, e consiste na intera¸c˜ao termodinˆamica e reordenamento das esp´ecies para formar o cristalBulk.

Uma certa quantidade das esp´ecies moleculares que chegam ao substrato ´e ab-sorvida na superf´ıcie e sofrem os seguintes processos [13]:

(a) Migrar para um s´ıtio na rede que seja energeticamente favor´avel e vincular-se nesse s´ıtio (liga¸c˜ao qu´ımica).

(b) Acumular-se na monocamada superficial para formar defeitos ovais1.

(c) Formar aglomera¸c˜oes com esp´ecies similares (nuclea¸c˜ao). (d) Migrar ao redor da superf´ıcie e eventualmente desorverse.

Nesses processos, os ´atomos, ou mol´eculas, se movem como entidades indepen-dentes ao longo da superf´ıcie do substrato. Esse movimento ´e termicamente ativado.

1Defeitos superficiais de forma oval que se podem atribuir `a contamina¸c˜ao das fontes ou desloca¸c˜oes

(23)

Crescimento de nanofios auto-sustentados 6

(a) (a)

(b) (c)

(d)

figura 1.3: Principais processos na superf´ıcie do substrato: (a) deposi¸c˜ao (b) difus˜ao (c ) nuclea¸c˜ao na superf´ıcie (d) liga¸c˜ao.

1.2.3.

Sistema de CBE

Na figura 1.4 apresenta-se um esquema geral do sistema CBE RIBER 32 do Depar-tamento de F´ısica da Universidade Estadual de Campinas, utilizado para o crescimento de nanofios de InP. Seus diferentes componentes s˜ao indicados na figura.

No caso do CBE utilizam-se fontes gasosas de arsina (AsH3) e fosfina (P H3) para

os elementos do grupo V, que s˜ao termicamente dissociados em d´ımeros,As2 ,P2,H2 e

hidretos residuais. Os elementos do grupo III s˜ao produzidos pela pir´olise na superf´ıcie do substrato de trimetil´ındio (T M In) e trietilg´alio (T EGa) dilu´ıdos em hidrog´enio gasoso (H2). O fluxo molecular de cada fonte ´e controlado utilizando um controlador

de fluxo por massa.

1.2.4.

Dinˆ

amica na superf´ıcie de substratos semicondutores

durante o crescimento CBE

(24)

Crescimento de nanofios auto-sustentados 7

figura 1.4: Esquema do sistema CBE da Universidade Estadual de Campinas usado no crescimento de nanofios de InP.

III atingir a superf´ıcie do substrato, pode adquirir energia t´ermica suficiente a partir do substrato aquecido e dissociar-se em seus trˆes radicais Alkyl deixando os elementos do grupo III: a) sobre o substrato (incorpora¸c˜ao); b) re-evaporados sem dissociar-se (desor¸c˜ao); c) dissociados parcialmente [14]. A probabilidade que qualquer um desses processos ocorra depende da temperatura do substrato e da taxa de chegada dos com-postos organomet´alicos. Assim, numa temperatura suficientemente alta do substrato, a taxa de crescimento ´e determinada pela taxa de chegada dos elementos Alkyl do grupo III, enquanto em temperaturas baixas do substrato, a taxa de crescimento ´e limitada pela taxa da pir´olise.

(25)

Crescimento de nanofios auto-sustentados 8

p iró lis e

figura 1.5: Principais processos qu´ımicos na superf´ıcie do substrato no CBE.

1.3

Crescimento de nanofios por CBE e MBE

1.3.1.

Crescimento de nanofios de InP por CBE

Os nanofios semicondutores de Fosfeto de ´Indio (InP) foram crescidos sobre um substrato de GaAs (100). Primeiro, nanopart´ıculas coloidais de Ouro (Au), de 20 nm de diˆametro, foram depositadas sobre o substrato pela t´ecnicaspin coating a 5000 rpm. As nanopart´ıculas depositadas servem como catalisadores do crescimento. A figura (1.6) mostra a superf´ıcie do substrato ap´os a deposi¸c˜ao das nanoparticulas de Au.

Ap´os da deposi¸c˜ao dos catalizadores, o substrato ´e introduzido no sistema de CBE sendo degasado a 400oC por duas horas. Posteriormente, a camada de ´oxido da

sua superf´ıcie ´e removida aquecendo-o a uma temperatura de 600oC durante 1020

minutos na presen¸ca de um fluxo de P2 . O processo de desoxida¸c˜ao ´e monitorizado

com RHEED. A seguir, a temperatura do substrato ´e reduzida para 450oC e inicia-se

o crescimento dos NWs expondo o substrato aos fluxos de P2 e T M In. O tempo de

(26)

Crescimento de nanofios auto-sustentados 9

figura 1.6: Imagem de microscopia de for¸ca at´omica da superf´ıcie de um substrato de GaAs (100) recoberto com nanoparticulas de Au de 20 nm. O campo de vis˜ao corresponde a uma ´area de 2 X 2µm2.

(27)

Crescimento de nanofios auto-sustentados 10

As amostras foram caracterizadas pelas t´ecnicas: microscopia eletrˆonica de varredu-ra(SEM), microscopia eletrˆonica de transmiss˜ao(TEM)e espectroscopia de energia dis-persiva de raios-X(EDS). Uma discuss˜ao sobre a caracteriza¸c˜ao das amostras ser´a des crita no cap´ıtulo 2, mas como ilustra¸c˜ao mostramos na figura (1.7) a morfologia dos nanofios de InP crescidos por CBE sobre um substrato de GaAs (100).

1.3.2.

Crescimento de nanofios de InAs por MBE

Os nanofios semicondutores de Arseneto de ´Indio (InAs) foram crescidos sobre um substrato de GaAs (111)B. Primeiro, nanopart´ıculas coloidais de Au, de 5 nm de diˆametro, depositaram-se sobre a superf´ıcie do substrato pela t´ecnica drop-coating. A seguir, o substrato ´e introduzido no sistema de MBE, degasado a 400oC por duas horas

e posteriormente a camada de ´oxido protector da sua superf´ıcie ´e removida aquecendo-o a uma temperatura de 620oC durante 20 minutos e na presen¸ca de um fluxo deAs

4. O

processo de desoxida¸c˜ao ´e monitorizado comRHEED. Inmediatamente, a temperatura do substrato ´e reduzida e inicia-se o crescimento dos NWs expondo o substrato a fluxos deAs4 e In. O tempo de crescimento ´e de 20 minutos. Uma s´erie de 4 amostras foram

crescidas entre as temperaturas de crescimento, numa faixa t´ermica entreTG = 450oC

eTG = 530oC. Essas amostras foram caracterizadas pelas t´ecnicas de SEM, difra¸c˜ao de

(28)

Crescimento de nanofios auto-sustentados 11

(29)

2

Caracteriza¸c˜

oes morfol´

ogica, estrutural e

qu´ımica dos nanofios

2.1

ecnicas de carateriza¸c˜

ao

O desenvolvimento das nanoestruturas requer t´ecnicas espec´ıficas com alta resolu ¸c˜ao espacial para conseguir entender as propriedades f´ısicas e melhorar as estrat´egi-as de s´ıntese [57]. T´ecnicestrat´egi-as como a Microscopia Eletrˆonica de Varredura (Scanning Electron Microscopy - SEM) e Microscopia Eletrˆonica de Transmiss˜ao (Transmission Electron Microscopy - TEM)s˜ao utilizadas para caracterizar a morfologia e a estrutura cristalina dos nanofios. Adicionalmente, a t´ecnica de Espectroscopia de Raios-X Dis-persiva em Energia (Energy Dispersive X-ray Spectroscopy - EDS), associada a SEM

e TEM, permite realizar analises quimicas diretas da composi¸c˜ao qu´ımica local nessas nanoestruturas.

Adicionalmente, dados de morfologia, estrutura cristalina e composi¸c˜ao qu´ımica, promediados sobre um grande n´umero de nanofios (tipicamente da ordem de centenas de milhares) s˜ao obtidas com t´ecnicas de difra¸c˜ao de raios-X(X-Ray Diffraction - XRD). A correla¸c˜ao entre os dados locais e globais obtidos, por esse conjunto de t´ecnicas, permite criar uma imagen mais completa das propriedades fisicas das amostras de nanofios e dos processos de crescimento dos mesmos.

(30)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 13

Fe ixe in cid e n te > 10 0 Ke V

Lu z vis íve l Ra io s -X ca ra cte rís tico s Elé ctro n s

s e cu n d a rio s

Elé ctro n s Au ge r

Elé ctro n s re tro e s p a lh a d o s

Elé ctro n s a b s o rvid o s

P a re s Elé ctro n -b u ra co

Am o str

a

Elé ctro n s e s p a lh a d o s e lá s tica m e n te

Ra io s -X B re m s s tra h lu n g

Eléctrons espalhados inelásticamente Fe ixe d ire to

tra n s m itid o

figura 2.1: Diferentes sinais criados apartir da intera¸cao do feixe de eletrons com a amostra

envolvidos nas t´ecnicas de carateriza¸c˜ao antes mencionadas. Descri¸coes mais detalhadas das t´ecnicas aqui utilizadas podem ser encontradas na literatura [5] [18][16][17][57].

2.1.1.

Microscopia eletrˆ

onica de varredura

A microscopia eletrˆonica de varredura ´e uma ferramenta bastante vers´atil na carac teriza¸c˜ao morfol´ogica dos nanofios[17]. Basicamente, o m´etodo consiste em fazer incidir um feixe de el´etrons, prim´ario, sobre a superf´ıcie de uma amostra resultando na emiss˜ao de um conjunto de sinais produto da intera¸c˜ao do feixe de el´etrons com o s´olido inves-tigado (ver figura (2.1). Ao se varrer a superficie da amostra com o feixe incidente, podem-se detetar um, ou v´arios, dos sinais e construir mapas da intensidade desse sinal numa dada ´area da superf´ıcie da amostras. Esses mapas s˜ao chamados de micrografias deSEM.

(31)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 14

0

D is tâ n cia d e s d e o fe ix e in cid e n te

In te n s id a d e d e e m is s ã o d e e lé ctro n s s e cu n d a rio s

Fe ixe in cid e n te

Elé ctro n s s e cu n d a rio s

Elé ctro n s re tro e s p a lh a d o s

Ra io s -X

figura 2.2: Representa-se: (a) O volume de intera¸c˜ao e as regi˜oes de onde se detectam os el´etrons secund´arios, el´etrons retro-espalhados e raios-X. (b) A distribui¸c˜ao espacial dos el´etrons secund´arios.

constru¸c˜ao de micrografias deSEM.

(32)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 15

2.1.2.

Microscopia eletrˆ

onica de transmiss˜

ao

A microscopia eletrˆonica de transmiss˜ao investiga a morfologia, composi¸c˜ao quim-ica e estrutura cristalina das amostras, a partir dos sinais gerados pela intera¸c˜ao de um feixe eletrˆonico de alta energia que atravessa a amostra [5]. A intensidade e distribui¸c˜ao angular do feixe transmitido ´e dependente de parˆametros como n´umero atˆomico, es-trutura cristalina, orienta¸c˜ao relativa ao feixe e espessura da amostra, entre outros. A absor¸c˜ao na amostra dos eletrons do feixe incidente nos obriga a trabalhar com amostras muito finas. Adicionalmente amostras finas diminuem os efeitos dinˆamicos (sucessivas intera¸c˜oes dos el´etrons com os ´atomos da amostra) no espalhamento dos el´etrons do feixe incidente, facilitando a interpreta¸c˜ao das micrografias de TEM e dos padr˜oes de difra¸c˜ao de el´etrons.

Em virtude do comportamento corpuscular e ondulat´orio do el´etron consideram-se dois processos fundamentais na intera¸c˜ao amostra-el´etron: como part´ıcula, o el´etron sofre espalhamento el´astico e inel´astico, dependendo da conserva¸c˜ao do momento, pelos n´ucleos at´omicos que comp˜oem a estrutura critalina da amostra fina; como onda, os el´ectrons difratam devido ao fato do espa¸camento interatˆomico da rede cristalina ser compar´avel ao seu comprimento de onda, nas energias utilizadas no TEM. Dessas in-tera¸c˜oes extraem-se informa¸c˜oes estruturais e qu´ımicas importantes, na caracteriza¸c˜ao dos nanofios. Tamb´em, outra t´ecnica complementar aTEM ´eHRTEM que fornece uma imagem de contraste de fases dos ´atomos na rede cristalina com maior resolu¸c˜ao[25].

2.1.3.

Espectroscopia de raios-X dispersiva em energia

(33)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 16

Ra io s -X

K

M L

figura 2.3: Processo de emiss˜ao de raios-X caracter´ısticos devido `a relaxa¸c˜ao energ´etica das capas internas do ´atomo ionizadas pelo feixe de el´etrons incidentes.

utilizando o fato de que os el´etrons de um determinado ´atomo possuem energias com linhas de emiss˜ao de raios-X bem definidas, e poss´ıvel determinar quais os elementos qu´ımicos est˜ao presentes na regi˜ao de incidˆencia do feixe.

2.1.4.

Difra¸c˜

ao de raios-X

Quando um feixe de raios-X atravessa um conjunto de ´atomos ele interage com a nuvem de el´etrons, desses ´atomos, sofrendo espalhamento mediante processos el´asticos e inel´asticos. A maior parte da radia¸c˜ao ´e espalhada elasticamente formando o padr˜ao de difra¸c˜ao cujo estudo permite conhecer a distribui¸c˜ao espacial dos ´atomos dispersores.

(34)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 17

B

θ

θ

B

2

θ

B

B

dsen

θ

d

|

1

|

2

2

1

figura 2.4: Dedu¸c˜ao da lei de Bragg. As ondas interferem construtivamente quando a diferen¸ca de caminhos ´opticos difere num m´ultiplo do comprimento de onda.

A difra¸c˜ao de raios-X num cristal pode ser estudada em diferentes n´ıveis de aprox-ima¸c˜ao. De um ponto de vista geom´etrico, a difra¸c˜ao de raios-X interpreta-se como a

reflex˜ao dos raios-X pelos planos da rede cristalina. Esta reflex˜ao acontece unicamente quando as ondas espalhadas pelos planos paralelos est˜ao em fase, isto ´e, quando a diferen¸ca de caminho ´optico das ondas espalhadas pelos planos vizinhos ´e igual a um n´umero inteiro nde comprimentos de ondaλ , como expressa a conhecida lei de Bragg, 2dhklsen(θ) =nλ [35].

A lei de Bragg vincula o ˆangulo de espalhamentoθcom a distˆancia interplanardhkl

(figura 2.4). Entretanto, se a condi¸c˜ao de Bragg n˜ao se cumpre, a soma das ondas de-fasadas resulta em uma intensidade nula. Deste modo, usando a lei de Bragg determinar-se a distˆancia interplanar a partir de uma medida do ˆangulo dos raios difratados em rela¸c˜ao ao plano atˆomico da rede cristalina com ´ındices da rede direta (hkl). Outra for-mula¸c˜ao equivalente foi apresentada por Laue. Nela estuda-se a difra¸c˜ao por um cristal em fun¸c˜ao da rela¸c˜ao entre os vetores difratados e os vetores da rede rec´ıproca [35].

(35)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 18

figura 2.5: Geometria utilizada para difra¸c˜ao de raios-X coplanar.

e a estrutura em n´ıvel atˆomico. Assim, o c´alculo da intensidade realiza-se somando todas as contribui¸c˜oes sucessivas do espalhamento da radia¸c˜ao incidente de raios-X por um ´unico el´etron, por todos os el´etrons de um ´atomo (fator de espalhamento atˆomico) e, por fim, por todos os ´atomos de uma rede cristalina (fator de estrutura). Quando o cristal ´e regular, a largura do pico de difra¸c˜ao fornece uma medida do comprimento de coerˆencia do cristal que coincide com o tamanho do cristal ao longo da dire¸c˜ao [hkl] medida.

Al´em das informa¸c˜oes - lei de Bragg, espalhamento por um el´etron, fator de es-palhamento atˆomico, fator de estrutura - que s˜ao fornecidas pelas aproxima¸c˜oes ante-riormente comentadas, as medidas de difra¸c˜ao podem recorrer a diferentes geometrias de medida: a) a geometria coplanar e b) a geometria de difra¸c˜ao por incidˆencia rasante

(Grazing incident diffraction GID).

Na geometria coplanar, o feixe de raios-X incide sob o angulo θ , relativo ´a su-perf´ıcie da amostra, e a intensidade do feixe difratado ´e medido sob um angulo 2θ

(36)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 19

figura 2.6: Geometria de difra¸c˜ao por incidˆencia rasante (GID).

Por outro lado, a geometriaGID combina as condi¸c˜oes de Bragg com as condi¸c˜oes para a reflex˜ao total externa sobre superf´ıcies cristalinas. A reflex˜ao total externa sobre a superf´ıcie observa-se para os ˆangulos de incidˆencia,αi , menores que o ˆangulo critico

αc, (figura 2.6). O ˆangulo critico corresponde aproximadamente a 0,5o para muitos

s´olidos, e ´e definido utilizando a lei de Snell e o fato do ´ındice de refra¸c˜ao para s´olidos ser inferior ao ´ındice de refra¸c˜ao do ar ou do v´acuo [18].

Nestas medidas o cristal ´e girado em torno do eixo normal `a superf´ıcie at´e que um plano atˆomico perpendicular a este eixo obede¸ca `a condi¸c˜ao de Bragg. O feixe incidente se propaga numa onda evanescente com uma profundidade de penetra¸c˜ao finita (1-10nm) dentro dobulk. Esta onda evanescente se conserva sob o ˆangulo cr´ıtico de reflex˜ao externa total αc. Ent˜ao, o feixe especular difratado fornece um sinal que

(37)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 20

figura 2.7: Imagem de SEM de NWs de InP crescidos sobre um substrato de GaAs (100).

2.2

Nanofios de InP crescido por CBE: morfologia,

estrutura cristalina e composi¸c˜

ao qu´ımica.

A figura (2.7) apresenta uma imagem SEM de nanofios auto-sustentados de InP crescidos sobre um substrato GaAs (100). Infere-se da imagem que eles possuem uma forma levemente cˆonica e est˜ao alinhados ao longo da dire¸c˜ao [111]B do substrato.

Uma pequena quantidade de NWs est´a orientada perpendicularmente `a superf´ıcie do substrato. Tamb´em, pode ser observado que h´a algumas ilhas ou gr˜aos entre as bases dos nanofios. Uma an´alise mais detalhada dessas imagens permite observar que fios de maior diˆametro s˜ao mais compridos. A figura (2.8) mostra um gr´afico correspondente aos dados de comprimento m´edio (m´edia do comprimento de v´arios fios com o mesmo diˆametro) em fun¸c˜ao do diˆametro da base dos nanofios.

Na figura (2.8) pode ser observado um aumento do comprimento m´edio dos NWs com o diˆametro da base. Como ser´a explicado em detalhes no capitulo 3, este compor-tamento ´e caracter´ıstico de um modelo de crescimento por VLS cl´assico, onde a difus˜ao superficial influencia fracamente a taxa de crescimentos dos NWs.

(38)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 21

40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 2

3 4 5 6 7 8 9

Comprim

e

nt

o dos

NW

s

(

μ

m)

Diámetro da base (nm) InP nanowires

figura 2.8: Gr´afico da correla¸c˜ao entre comprimento m´edio e diˆametro para nanofios de InP crescidos sobre um substrato de GaAs (100) por CBE.

Uma pequena semiesfera pode ser observada na ponta do NW. A conicidade do NW tamb´em pode ser observada claramente nesta figura. Na figura (2.9) apresenta-se um padr˜ao de difra¸c˜ao de eletrons de ´area selecionada do NWs. Esse padr˜ao ´e t´ıpico de um monocristal, e sua indexa¸c˜ao permite estabelecer que os NWs de InP dessa amostra em particular apresentam uma estrutura blenda de zinco, sem distor¸c˜oes aparentes.

A figura (2.10) ´e uma micrografia de HRTEM do nanofios de InP apresentado na figura (2.10). Visualiza-se a microestrutura do nanofio de InP na interface nanofio-catalilsador. Conforme a imagem, o nanofio aparenta ser monocristalino sem apresentar defeitos estendidos. O catalisador, por sua vez, apresenta-se num formato semi-esf´erico e aparentemente policristalino

(39)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 22

figura 2.9: (a) ImagemTEM de um nanofio de InP. (b) Padr˜ao de difra¸c˜ao de eletrons do nanofio.

(40)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 23

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 20 40 60 80 100 120 140 In C P Cu Cu In In In Count s Energy (KeV)

InP

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 20 40 60 80 100 120 140 In C P Cu Cu In In In Count s Energy (KeV)

InP

figura 2.11: EspectroEDS do nanofio de InP.

TEM ´e da ordem de 1 % ˆatomico.

Os mesmos estudos de TEM, SAED, HR-TEM e EDS foram realizado em mais de 20 nanofios individuais da mesma amostra de nanofios de InP crescidos sobre um substrato GaAs (100) por CBE. Todos os resultados indicam que os nanofios s˜ao monocristalinos, com estrutura cristalina blenda de zinco, sem distor¸c˜oes aparentes da rede cristalina e com composi¸c˜ao qu´ımica de InP.

2.3

Nanofios de InAs crescido por SS-MBE: morfologia,

estrutura cristalina e composi¸c˜

ao qu´ımica.

(41)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 24

figura 2.12: Imagem SEM de nanofios auto-sustentados de InAs orientados vertical-mente. A figuraSEM complementar mostra a face superior (111)B de um NW composto por seis facetas verticais{¯110}.

faixa de 400nm, entretanto, os nanofios maiores tˆem uma altura entre 1-2µm.

A figura (2.13) mostra trˆes difratogramas de XRD, na configura¸c˜ao θ−2θ, cor-respondente ´as reflex˜oes dos planos (2¯20) , (¯24¯2) e (¯3¯3¯3) na regi˜ao compreendida entre os picos volum´etricos do InAs (a= 6,058˚A) e do GaAs (a= 5,653˚A). A reflex˜ao (2¯20), obtida na geometria GID, mede o parˆametro de rede local na dire¸c˜ao perpendicular `a faceta {1¯10} do NWs. A reflex˜ao (¯24¯2), tamb´em obtida na geometria GID, mede o parˆametro de rede local ao longo de uma diagonal da se¸c˜ao transversal hexagonal do NWs. Entretanto, a reflex˜ao coplanar ( ¯333) mede o parˆametro de rede local ao longo do nanofio.

(42)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 25

figura 2.13: Difratogramas θ −2θ correspondente `as reflex˜oes (2¯20),(¯24¯2) e (¯3¯3¯3) de uma amostra de nanofios de InAs crescidos sobre um substrato de GaAs (111)B por SSMBE.

parˆametro de rede do pico de InAs corresponde aos nanofios

Nesse ponto, deve-se discutir porque os nanofios de InAs apresentam um parˆametro de rede menor do que o do InAs volum´etrico. Como se observa na figura (2.13) os nanofios apresentam o mesmo parˆametro de rede local em 3 dire¸c˜oes espacialmente n˜ao coplanares e n˜ao paralelas. Isso indica que a simetria c´ubica do InAs volum´etrico n˜ao foi fortemente distorcida. Adicionalmente, ao imaginar que a diminui¸c˜ao do parˆametro de rede local dos NWs no plano do substrato -ombro nas refle¸coes (2¯20) e (¯24¯2) - ´e devido a uma contra¸c˜ao biaxial da estrutura cristalina dos nanofios, causada pela diferen¸ca de parˆametros de rede entre o substrato GaAs e os nanofios de InAs, deveria-se esperar uma expans˜ao uniaxial do parˆametro de rede local ao longo dos nanofios e, conseq¨ uen-temente, um ombro (ou pico) do lado de maior parˆametro de rede do pico de InAs na refle¸c˜ao ¯3¯3¯3. Contrariamente ao observado experimentalmente.

(43)

forman-Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 26

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 In O C In In Ga As Si

Contagems (u. arb.)

Energia dos raios-X (keV)

Substrato de Si NW

figura 2.14: Espectro de EDS de um nanofio individual de InAs.

do uma liga tern´aria de InGaAs com simetria c´ubica e parˆametro de rede intermedi´ario entre o InAs e o GaAs volum´etricos. Este fenˆomeno, denominado de interdifus˜ao, j´a tem sido observado em outras nanoestruturas auto-sustentadas como pontos quˆanticos, fios-quˆanticos e an´eis-quanticos [33][28], embora, nunca tenha sido reportado para nanofios. A partir da lei de Vergar [26] e do parˆametro de rede local obtido por meio de ajustes dos trˆes difratogramas da figura (2.13) podemos obter uma composi¸c˜ao de In0,88Ga0,12As

nos nanofios.

A existˆencia de Ga nos nanofios pode ser diretamente comprovada utilizando a t´ecnica de EDS. A figura (2.14) mostra um espectro de EDS, medido num SEM, de um fio individual de InAs arrancado do substrato de GaAs (111)B e depositado sobre um substrato de Si(111). A presen¸ca de Ga ´e claramente observada nesse espectro. Uma analise semi-quantitativo do espectro leva a estimar a fra¸c˜ao molar de GaAs em torno de 10 %. Neste ponto, devem-se destacar que a geometria de medida utilizada n˜ao permite utilizar os modelos de quantifica¸c˜ao de espectros de EDS com acur´acia [16]. Essas medidas foram repetidas em v´arios nanofios e sempre foram obtidos os mesmos resultados.

(44)

Caracteriza¸c˜oes morfol´ogica, estrutural e qu´ımica dos nanofios 27

Te m p e ra tu ra d e cre s cim e n to ( °C)

C

o

n

c

e

n

tr

a

ç

ã

o

X

G

a

4 6 0 4 8 0 5 0 0 5 2 0 5 4 0

0 .1 0 .2

0 .15 0 .2 5

figura 2.15: Correla¸c˜ao entre a concentra¸c˜ao XGa e a temperatura de crescimento.

(45)

3

Modelo cl´

assico de crescimento de nanofios

autosustentados: Vapor-Liquido-S´

olido (VLS)

3.1

Introdu¸c˜

ao

No crescimento de cristais a partir da fase vapor, dois processos podem ocorrer: a deposi¸c˜ao das esp´ecies diretamente sobre o substrato num sistema vapor-s´olido e, segundo, a deposi¸c˜ao das esp´ecies sobre uma fase intermedi´aria entre a fase vapor e o cristal, num sistema vapor-l´ıquido-s´olido ou vapor-s´olido-s´olido [39].

Em muitos casos, o crescimento de nanoestruturas monocristalinas unidimension-ais, como os nanofios, podem ser modelados baseados no mecanismo de crescimento vapor-l´ıquido-s´olido [38][9][10][6]. Nesse mecanismo, a presen¸ca de uma impureza na fase l´ıquida atua como catalisador do crescimento. Usualmente, nanopart´ıculas met´ali-cas de Au, Ag, Fe, entre outros, s˜ao utilizadas [15][22][12][3][21], embora alguns traba lhos reportem crescimento pelo mecanismo VLS sem a inclus˜ao dessa impureza [37][30].

Em contraste, outro mecanismo para o crescimento de nanofios ´e proposto na liter-atura, ´e o chamado mecanismo vapor-s´olido-s´olido (VSS)[24][2]. Diferentes formalismos te´oricos baseados no mecanismo VLS, que pretendem ser mas rigorosos que o modelo VLS cl´assico, tamb´em tˆem-se desenvolvido [54][44][32][46][47][51]. At´e hoje a discuss˜ao segue em aberto, por essa raz˜ao a an´alise da validade dos formalismos, sob o contexto de condic˜oes experimentais de crescimento particulares de NWs, ´e fundamental para o entendimento dos conceitos fisicos envolvidos.

(46)

cresci-Modelo cl´assico de crescimento de nanofios autosustentados: Vapor-Liquido-S´olido (VLS) 29

mento de nanofios. Em primeira instˆancia, os conceitos fundamentais introduzidos por R. S. Wagner (1964) e o formalismo posteriormente desenvolvido por E.I. Givargizov (1975) s˜ao apresentados. Em seguida, os resultados experimentais obtidos dos NWs de InP s˜ao analisados e confrontados com o modelo te´orico.

3.2

Modelo Vapor-L´ıquido-S´

olido de Wagner, Ellis e

Givargizov

O mecanismo de crescimento de cristais, na qual a fase vapor, l´ıquida e s´olida est˜ao envolvidas, ´e conhecido como mecanismo de crescimento vapor-l´ıquido-s´olido VLS [38]. No caso particular de crescimento de NWs, a fase l´ıquida intermedi´aria entre a fase vapor e o cristal ´e formada por uma liga entre uma impureza e os elementos que constituir˜ao o cristal. A impureza ´e tal que os elementos constituintes podem se diluir nela e a sua tarefa principal ´e produzir um efeito de catalisa¸c˜ao das rea¸c˜oes que ocorrem durante o processo de crescimento.

O processo de crescimento de NWs pelo mecanismo VLS consiste em 4 etapas fun-damentais: (1) transporte de massa das esp´ecies fundamentais que comp˜oem o nanofio na fase vapor para a interface vapor-liquido; (2) rea¸c˜oes qu´ımicas sobre a interface vapor-l´ıquido; (3) dissolu¸c˜ao e difus˜ao atrav´es da fase l´ıquida; (4) precipita¸c˜ao sobre a interface l´ıquido-s´olido e nuclea¸c˜ao [11].

Na primeira etapa, para o caso de MBE e CBE, feixes atˆomicos, ou moleculares, s˜ao transportados desde as c´elulas de efus˜ao at´e a interface vapor-l´ıquido. A segunda etapa ocorre na regi˜ao da interface vapor-l´ıquido, onde, sob condi¸c˜oes apropriadas, o catalisador pode absorver material da fase vapor. Os parˆametros que permitem obter um controle nessa etapa s˜ao: (i) a temperatura do crescimento e (ii) a press˜ao de vapor, associada `a supersatura¸c˜ao na fase vapor, definida como [53]:ξv =p/p

0 , em quep ´e a

press˜ao de vapor ep0 ´e a press˜ao de vapor no equil´ıbrio do s´olido `a temperatura T .

(47)

ati-Modelo cl´assico de crescimento de nanofios autosustentados: Vapor-Liquido-S´olido (VLS) 30

1

2

3

4

figura 3.1: (1) transporte de massa na fase vapor para a interface vapor-l´ıquido, (2) rea¸c˜oes qu´ımicas sobre a interface vapor-l´ıquido, (3) dissolu¸c˜ao e difus˜ao atrav´es da fase l´ıquida e (4) precipita¸c˜ao sobre a interface l´ıquido-s´olido e nuclea¸c˜ao.

va¸c˜ao da nuclea¸c˜ao na interface l´ıquido-s´olido. Ao estar na fase l´ıquida, o catalisador possui coeficiente de acomoda¸c˜ao atˆomica (fra¸c˜ao de ´atomos que aderem e se acomodam na superficie) grande, se comparado com a superficie s´olida, tornando-se um s´ıtio prefe rencial para a deposi¸c˜ao dos ´atomos dos gases precursores e dessa maneira, diminuindo a taxa de desor¸c˜ao atˆomica durante o processo de crescimento.

A quarta etapa come¸ca no momento em que a solu¸c˜ao l´ıquida se torna super-saturada. O excesso de material se precipita da solu¸c˜ao l´ıquida supersaturada para a interface l´ıquido-s´olido, levando ao crescimento do cristal num processo de nuclea¸c˜ao bidimensional. A superf´ıcie preferencial para a nuclea¸c˜ao encontra-se logo abaixo do catalisador. Ela oferece aos elementos atˆomicos s´ıtios favor´aveis energeticamente que lhes permitem a incorpora¸c˜ao ao cristal. Portanto, ´e necess´ario que a interface s´olido-l´ıquido seja bem definida cristalograficamente. O efeito da tens˜ao superficial, que resulta da press˜ao entre as duas fases l´ıquida-s´olida sobre uma superficie curvada, faz com que a segrega¸c˜ao do material seja, preferencialmente, em dire¸c˜ao `a interface de maneira que o sistema possa chegar a um estado de energia livre m´ınima.

(48)

Modelo cl´assico de crescimento de nanofios autosustentados: Vapor-Liquido-S´olido (VLS) 31

lv

γlv

γ

sv

γ

lv

γ

ls

γ

θ

figura 3.2: Tens˜oes superficiais associadas `as energiasγlv,γlseγsv nas interfaces

l´ıquido-vapor, l´ıquido-s´olido e s´olido-l´ıquido-vapor, respectivamente.

um aumento no potencial qu´ımico na interface. Esse efeito ´e conhecido como efeito Gibbs-Thompson (figura 3.2) e sua presen¸ca ´e de vital importˆancia no modelo VLS cl´assico, pois estabelece rela¸c˜oes entre as energias das interfaces com a geometria na fronteira catalisador-cristal.

Neste ponto, as caracter´ısticas do catalisador, no contexto do modelo VLS cl´assico, est˜ao bem definidas: a curvatura necess´aria na interface l´ıquido-s´olido para que o efeito Gibbs-Thompson seja comensur´avel, a sua fase deve permanecer l´ıquida no processo de crescimento do nanofio e, por fim, o catalisador deve ser formado por uma impureza, de forma que as esp´ecies precursoras possam se diluir nele. Assim, usualmente o catalisador ´e definido como uma nanogota formada por uma liga, ou solu¸c˜ao, na fase l´ıquida.

Em geral, o catalisador ´e escolhido de tal maneira que forme uma fase eut´etica com o precursor -uma liga com temperatura de fus˜ao mais baixa que o catalisador na fase cristalogr´afica pura. Al´em disso, a nanogota deve ter estabilidade para o mecanismo VLS operar [53]. Este fato imp˜oe uma limita¸c˜ao sobre o raio cr´ıtico,Rc : a estabilidade

(49)

Modelo cl´assico de crescimento de nanofios autosustentados: Vapor-Liquido-S´olido (VLS) 32

Rc =

2αlsΩl

RTlnξv, (3.1)

nesta express˜ao, αlv ´e a energia interfacial l´ıquido-vapor,Ωl ´e o volume molar

l´ıquido,R ´e a constante dos gases e T ´e a temperatura.

At´e este ponto, infere-se que a for¸ca motriz do crescimento de nanofios no mecan-ismo VLS cl´assico est´a determinada por: (a) a supersatura¸c˜ao do catalisador desde a fase vapor sobre a interfase vapor-liquido e (b) a anisotropia da energia interfacial de-vido `a curvatura do catalisador na fronteira s´olido-l´ıquido, que define um aumento no potencial qu´ımico e que propicia o crescimento unidirecional (efeito Gibbs-Thomsom).

Os argumentos expostos acima, junto com evidˆencias experimentais, ser˜ao o cen´ario de fundo para descrever o formalismo sobre a dinˆamica de crescimento de nanofios au-tosustentados no modelo VLS cl´assico. O primeiro objetivo, ´e encontrar uma rela¸c˜ao para a taxa de crescimento dos NWs, a partir dos parˆametros inclu´ıdos na descri¸c˜ao fe nomenol´ogica, isto ´e, estabelecer as rela¸c˜oes entre: a supersatura¸c˜ao, geometria na inter-face l´ıquido-s´olido (raio do catalisador) e energias interfaciais (efeito Gibbs-Thompson).

Em acordo com o efeito Gibbs-Thompson, o decrescimo da supersatura¸c˜ao como fun¸c˜ao do diˆametro do nanofio pode ser escrito como[11].

∆µ= ∆µ0−

4Ωsαsv

d , (3.2)

em que ∆µ´e a diferen¸ca entre os potenciais qu´ımicos do precursor na fase vapor e o NWs, ∆µ0 ´e a mesma diferen¸ca sobre o plano na fronteira (d→ ∞), αsv ´e a energia

livre espec´ıfica na fronteira s´olido-vapor (por unidade de ´area) e Ωs ´e o volume atˆomico

do precursor no cristal.

(50)

Modelo cl´assico de crescimento de nanofios autosustentados: Vapor-Liquido-S´olido (VLS) 33

supersatura¸c˜oes e estabelecendo uma rela¸c˜ao a partir do ajuste de dados, encontrou uma rela¸c˜ao experimental entre a taxa de crescimento e a supersatura¸c˜ao efetiva da forma

dL dt =K

∆µ kBT

, (3.3)

em queK ´e um coeficiente de proporcionalidade independente da supersatura¸c˜ao. Na express˜ao (3.3) a supersatura¸c˜ao efetiva foi definida como ξ = ∆µ/kBT, kB ´e a

constante de Boltzman eT ´e a temperatura de crescimento.

Substituindo ∆µda equa¸c˜ao (3.2) em (3.3), obtem-se uma express˜ao para a taxa de crescimento do nanofio como segue

dL dt =K

∆µ0

kBT

− 2Ωlαsv

kBT 2

, (3.4)

nesta express˜aoL´e a comprimento do nanofio,K´e um coeficiente de cristaliza¸c˜ao, ∆µ0 ´e a diferen¸ca efetiva entre os potenciais qu´ımicos na fase vapor e na fase s´olida, Ωl

´e o volume atˆomico das esp´ecies precursoras no cristal, αsv ´e a energia livre espec´ıfica

da superficie do nanofio,R ´e o radio do catalizador, kB ´e a constante de Boltzman e T

a temperatura de crescimento.

A equa¸c˜ao (3.3) e (3.4) apresenta a dependˆencia da taxa de crescimento do nanofio com o raio do catalisador e estabelece uma rela¸c˜ao direta entre a taxa de crescimento e a supersatura¸c˜ao efetiva. A express˜ao leva em conta o efeito Gibbs-Thompson e, tamb´em, inclui um coeficiente de cristaliza¸c˜ao independente da supersatura¸c˜ao.

Neste modelo, no caso particular em que a taxa de crescimento ´e zero, pode-se encontrar um raio cr´ıtico. Para o raio cr´ıtico, Rc , e uma supersatura¸c˜ao na fase

vapor definida, ξv , o processo de crescimento VLS n˜ao acontece. Isso ocorre pois a

(51)

Modelo cl´assico de crescimento de nanofios autosustentados: Vapor-Liquido-S´olido (VLS) 34

∆µ0

kBT

= 2Ωsαsv

kBT

1

Rc

, (3.5)

a equa¸c˜ao acima, est´a em concordˆancia com a equa¸c˜ao (3.1), al´em disso, permite encontrar a supersatura¸c˜ao efectiva, ξ , a partir de αsv e Rc fornecidos pelos dados

experimentais.

3.3

Discuss˜

ao caso NWs InP

Para estabelecer qual ´e o mecanismo de crescimento de nanofios de InP, em primeira instˆancia, devemos examinar o diagrama de fase em equil´ıbrio que corresponde a liga dos elementos envolvidos. Estritamente, o catalisador deveria obedecer a um dia-grama de fase quatern´ario tipo Au-III-V, embora pela dificultade de obter esses diagra-mas de fase, trabalhamos sob a suposi¸c˜ao na qual o catalisador ´e formado por uma liga Au-III. Desse modo, o diagrama de fase em equil´ıbrio Au-In ser´a o encarregado de pro-porcionar o comportamento da temperatura de fus˜ao como uma fun¸c˜ao da composi¸c˜ao do catalisador.

Por inspe¸c˜ao do diagrama de fase (figura 3.3), observa-se que para a temperatura de crescimento, Tc = 4500C , e uma porcentagem atˆomica pr´oxima de 25 % de ´Indio,

a liga Au-In est´a na fase l´ıquida. De fato, v´arios trabalhos [23][4][45][52] revelam que `a temperatura de fus˜ao de nanopart´ıculas ´e inferior a temperatura de fus˜ao do Bulk

devido a sua grande ´area superficial em rela¸c˜ao a seu volume[6]. Assim, ´e evidente que o catalisador est´a na fase l´ıquida durante o crescimento dos NWs de InP.

(52)

Modelo cl´assico de crescimento de nanofios autosustentados: Vapor-Liquido-S´olido (VLS) 35

figura 3.3: Diagrama de fase bin´ario Au-In. Quando o catalisador tem uma porcentagem atˆomica de 25 % de ´Indio e temperatura de crescimento, T , a liga Au-In est´a na fase l´ıquida.

Sugere-se, neste caso, que o modelo VLS cl´assico de E. I. Givargizov deve predizer o comportamento dinˆamico dos nanofios de InP. Uma evidˆencia direta ´e o comportamento da taxa de crescimento com respeito ao diˆametro do nanofio (figura 3.4) . O ajuste dos dados confirma a rela¸c˜ao funcional t´ıpica do crescimento VLS cl´assico (3.4). Desse modo, ´e evidente que os nanofios de InP crescidos pela t´ecnica CBE nas condi¸c˜oes experimentais espec´ıficas no cap´ıtulo 1, obedecem ao mecanismo VLS cl´assico e devem ser analisados nesse contexto.

A partir da equa¸c˜ao de ajuste, extrai-se valiosa informa¸c˜ao sobre os parˆametros envolvidos no processo de crescimento ∆µ0, αsv e K . Os dois primeiros parˆametros,

determinam o valor da supersatura¸c˜ao efetiva, ξ, al´em disso, proporcionam um valor te´orico (3.1) do raio cr´ıtico,Rc . O coeficiente cin´etico,K , sendo um coeficiente

inde-pendente da supersatura¸c˜ao, provˆe informa¸c˜ao sobre a velocidade de cristaliza¸c˜ao do material, por isso suas unidades s˜ao as de taxa de crescimento.

Para a determina¸c˜ao de Rc a partir dos dados experimentais, utilizou-se o

pro-cedimento sugerido por E. I. Givargizov [10] no qual deve-se ajustar uma curva para os dados na figura (3.4), em coordenadas (dL/dt)12 Versus 1/d . Em seguida, extrapola-se

(53)

Modelo cl´assico de crescimento de nanofios autosustentados: Vapor-Liquido-S´olido (VLS) 36

D iâ m e tro ( n m )

d L / d t (n m / s )

5 0 10 0 15 0 2 0 0 2 5 0 3 0 0

1 2 3 5 4 6 7 8

figura 3.4: Gr´afico da correla¸c˜ao entre taxa de crescimento m´edia e o diˆametro dos nanofios de InP crescidos sobre um substrato de GaAs (100) por CBE. A linha vermelha resulta do ajuste dos dados utilizando a (3.4) na qual ∆µ0 = 1,90926 ergios mol−1

(kBT)−1, αsv = 94,9679 ergios cm−2 e K = 1,96204 nm s−1 s˜ao os parˆametros de

ajuste. As barras verticais indicam os erros experimentais.

A figura (3.5) mostra a curva de ajuste.

Finalmente, na figura (3.6), ´e apresentada uma estima¸c˜ao do comportamento da taxa de crescimento e do raio cr´ıtico,Rc, para diferentes valores da supersatura¸c˜ao na

fase vapor, ξv . As curvas s˜ao obtidas a partir de (3.4) juntamente com os parˆametros

do crescimento dos nanofios de InP. Estes resultados contribuem para a melhor com-preens˜ao da importˆancia dos parˆametros de controle no crescimento dos nanofios. Clara-mente, o aumento da supersatura¸c˜ao resulta na diminui¸c˜ao do raio cr´ıtico e no aumento da taxa de crescimento, conforme previsto pelas equa¸c˜oes (3.1) e (3.4) respectivamente.

(54)

precur-Modelo cl´assico de crescimento de nanofios autosustentados: Vapor-Liquido-S´olido (VLS) 37

1/ d ( n m )-1

(d L / d t) 1 / 2 1 / 2 (n m )

0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5

0 ,5 1 2 3 4 1,5 2 ,5 3 ,5

figura 3.5: A curva vermelha resulta do ajuste para os dados da figura (3.4), em co-ordenadas (dL/dt)12 Versus 1/d . O valor de R

c = 25,9661 nm ´e obtido a partir da

extrapola¸c˜ao da curva. A inclina¸c˜ao da curva, m = 2Ωsαsv

kBT K

1/2, confirma o valor do

coeficiente cin´etico K.

D iâ m e tro ( n m )

d L / d t (n m / s )

1.9 0 9 22

1.6 0 9 6 6 1.4 0 9 2 6 1.2 0 9 2 6 0 .9 0 9 2 6 0 .5 0 2 0 0

(

)

1 v

B

k T

ξ −

5 0 10 0 15 0 2 0 0 2 5 0 3 0 0

1 2 3 5 4 6

figura 3.6: Comportamento da taxa de crescimento e do raio cr´ıtico,Rc para diferentes

valores da supersatura¸c˜ao na fase vapor,ξv. As curvas s˜ao obtidas a partir da equa¸c˜ao

(55)

Modelo cl´assico de crescimento de nanofios autosustentados: Vapor-Liquido-S´olido (VLS) 38

sores e (c) a temperatura de crescimento, como consta nas equa¸c˜oes (1) e (3). Assim, o modelo VLS cl´assico, ainda que n˜ao forne¸ca uma explica¸c˜ao estrita, pode ser uma ferramenta poderosa para o estudo, a priori, da cin´etica de crescimento de nanofios.

(56)

4

Modelo Vapor-L´ıquido-S´

olido induzida por

difus˜

ao (VLS-ID)

4.1

Introdu¸c˜

ao

No cap´ıtulo 3 apresentaram-se a fenomenologia e o formalismo envolvidos no mecanismo de crescimento VLS-cl´assico. Al´em disso, o modelo foi utilizado para de-screver a dinˆamica de crescimento de nanofios de InP crescidos sobre GaAs(100) pela t´ecnica CBE. Embora o modelo se comporta satisfatoriamente neste caso particular, evidˆencias experimentais[49] mostram outra classe de comportamento dinˆamico em rela¸c˜ao `a taxa de crescimento em outros nanofios. Por tanto, o modelo VLS-cl´assi-co resulta inadequado para o estudo de crescimento de nanofios em certas VLS-cl´assi-condi¸c˜oes experimentais. Desse modo, ´e de extrema necessidade utilizar outro formalismo que permita realizar previs˜oes para o comportamento dinˆamico dos nanofios.

Ao contr´ario do modelo VLS-cl´assico - onde a maior contribui¸c˜ao dos ´atomos que formam o NWs provˆem do fluxo de precursores que atingem diretamente a superf´ıcie do catalisador - um modelo para o crescimento dos nanofios, conhecido como vapor-l´ıquido-s´olido induzido por difus˜ao (VLS-ID), explica de maneira satisfat´oria novos resultados experimentais obtidos para crescimento de NWs desde a fase vapor. Nele, os processos de difus˜ao de ad´atomos que ocorrem durante o crescimento tem uma contribui¸c˜ao apreci´avel que determinar˜ao a composi¸c˜ao final dos nanofios.

(57)

Modelo Vapor-L´ıquido-S´olido induzida por difus˜ao (VLS-ID) 40

modelo para o mecanismo de crescimento. O modelo, al´em de incluir a difus˜ao de ad´ato-mos de ´Indio, leva em conta a difus˜ao de ad´atoad´ato-mos de G´alio que provˆem das primeiras monocamadas do substrato e se incorporam ao nanofio. Finalmente, ser´a apresentada uma express˜ao que reflete a dependˆencia da composi¸c˜ao molar XGa em In

1−xGaxAs

com a temperatura do crescimento e ser´a discutida a validade da express˜ao com respeito aos dados experimentais.

4.2

Aspectos gerais do modelo VLS-ID

No cen´ario em que acontece o crescimento dos nanofios est´a claramente determi-nado que a for¸ca motriz do crescimento ´e a diferen¸ca dos potenciais qu´ımicos entre as fases vapor, l´ıquido e s´olido associados fisicamente a fenˆomenos de supersatura¸c˜ao [47]. Assim, o processo de crescimento sob o catalisador ocorre unicamente quando a liga l´ıquida se torna supersaturada. Claramente, a supersatura¸c˜ao da liga l´ıquida depende do excesso de material que se dilui nele. Portanto, entender de que maneira os ´atomos precursores do nanofio atingem o catalisador ´e imensamente importante.

No modelo VLS-ID os ´atomos implicados no crescimento dos nanofios, al´em de serem fornecidos pelos feixes moleculares que alcan¸cam a interface vapor-s´olido sobre o catalisador, tamb´em chegam desde a superf´ıcie do substrato atrav´es de um processo de difus˜ao. Assim, as diferen¸cas fundamentais entre o modelo cl´assico e o VLS-DI estriba-se, unicamente, na maneira pela qual os precursores atingem o catalisador. Evidentemente, o movimento de difus˜ao desde a superf´ıcie do substrato at´e a nanogota catalisadora s´o acontece quando a supersatura¸c˜ao de ad´atomos sobre a superf´ıcie do substrato, σ , ´e maior que a supersatura¸c˜ao na fase liquida .

Em maior grau de especificidade, os processos envolvidos no crescimento dos nanofios s˜ao: (a) sobre a superficie do substrato: adsor¸c˜ao, desor¸c˜ao, difus˜ao e nuclea¸c˜ao; (b) sobre a superficie lateral do nanofio: desor¸c˜ao e difus˜ao; (c) no topo do nanofio: ab-sor¸c˜ao e deab-sor¸c˜ao na superficie da nanogota liquida e (d) a nuclea¸c˜ao bidimensional na superficie abaixo do catalisador (figura 31).

Imagem

figura 1: Densidade eletrˆonica de estados em sistemas quˆanticos com diferentes dimen- dimen-sionalidades: 3D, 2D, 1D e 0D.
figura 1.1: Foto do Sistema MBE RIBER 2300 R&amp;D da UFMG
figura 1.2: Esquema mostrando os principais componentes de um sistema de MBE. a press˜ao base do MBE, assim como, os fluxos moleculares s˜ao medidos utilizando medidores de v´acuo por ioniza¸c˜ao do tipo catodo aberto
figura 1.3: Principais processos na superf´ıcie do substrato: (a) deposi¸c˜ao (b) difus˜ao (c ) nuclea¸c˜ao na superf´ıcie (d) liga¸c˜ao.
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