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Consumo de semente de linhaça durante a lactação afeta peso e nível de hemoglobina na prole de ratas.

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Abstract

Objective: To investigate the effects of maternal flaxseed consumption during lactation on the body weight, hematological indicators and visceral fat mass of male offspring in adulthood.

Methods: Sixteen female Wistar rats were divided into two groups after giving birth. During lactation the control group (CG) was fed a casein-based diet and the flaxseed group (FG) was fed a casein-based diet containing 25% flaxseed. After weaning, male offspring were fed on commercial chow until adulthood and euthanized at 170 days for blood collection and visceral fat mass assessment.

Results: Offspring of rats in the FG had lower body weight (FG = 42.69±3.06 g; CG = 47.31±4.72 g; p = 0.036) at weaning. At 170 days, lower hemoglobin levels were observed in the FG (FG = 12.30±1.28 g/dL; CG = 13.88±0.91 g/dL; p = 0.02). There was no statistically significant difference in visceral fat mass between groups.

Conclusions: Maternal consumption of a flaxseed-based diet during lactation resulted in lower body weight at weaning and lower hemoglobin levels in adulthood, when compared with the control group.

J Pediatr (Rio J). 2010;86(2):126-130: Flaxseed, rats, programming, lactation, hemoglobin.

Resumo

Objetivo: Avaliar os efeitos do consumo da semente de linhaça durante a lactação sobre o peso corporal, indicadores hematológicos e massa de gordura visceral dos filhotes de ratas na idade adulta.

Métodos: Foram utilizadas 16 ratas Wistar que, após o parto, foram divididas em dois grupos que receberam, durante a lactação, as seguintes dietas: grupo-controle (GC), ração à base de caseína, e grupo linhaça (GL), ração à base de caseína contendo 25% de semente de linhaça. Ao desmame, os filhotes machos passaram a receber ração comercial até a idade adulta, quando foram sacrificados aos 170 dias de vida para coleta de sangue e avaliação da massa de gordura visceral.

Resultados: Foi encontrado menor peso corporal da prole do GL (GL = 42,69±3,06 g; GC = 47,31±4,72 g; p = 0,036) ao desmame. Aos 170 dias de idade foram observados menores valores na hemoglobina do GL (GL = 12,30±1,28 g/dL; GC = 13,88±0,91 g/dL; p = 0,02). Não foram verificadas diferenças estatísticas na massa de gordura visceral entre os grupos.

Conclusões: O consumo materno da ração à base de semente de linhaça durante a lactação promoveu menor peso ao desmame e níveis menores de hemoglobina na idade adulta quando comparados ao GC.

J Pediatr (Rio J). 2010;86(2):126-130: Linhaça, ratos, programação, lactação, hemoglobina.

Maternal consumption of flaxseed during lactation

affects weight and hemoglobin level of offspring in rats

Consumo de semente de linhaça durante a lactação

afeta peso e nível de hemoglobina na prole de ratas

Ludmila F. M. F. Cardozo1, Lavínia L. Soares2, Maurício A. Chagas3, Gilson T. Boaventura4

A

RTiGO

O

RiGinAL Copyright © 2010 by Sociedade Brasileira de Pediatria

126

1. Doutoranda, Ciências Médicas, Laboratório de Nutrição Experimental (LabNE), Faculdade de Nutrição, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ. 2. Doutoranda, Patologia, LabNE, Faculdade de Nutrição, UFF, Niterói, RJ.

3. Doutor. Laboratório de Biomorfologia Celular e Extracelular, Instituto Biomédico, UFF, Niterói, RJ. 4. Doutor. Laboratório de Nutrição Experimental (LabNE), Faculdade de Nutrição, UFF, Niterói, RJ.

Este trabalho foi realizado no Laboratório de Nutrição Experimental (LabNE), Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ. Apoio financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Não foram declarados conflitos de interesse associados à publicação deste artigo.

Como citar este artigo: Cardozo LFMF, Soares LL, Chagas MA, Boaventura GT. Maternal consumption of flaxseed during lactation affects weight and hemoglobin level of offspring in rats. J Pediatr (Rio J). 2010;86(2):126-130.

Artigo submetido em 16.09.09, aceito em 18.12.09. doi:10.2223/JPED.1976

introdução

A prevenção de doenças deve ocorrer ao longo da vida, iniciando com a dieta materna durante a gestação, a lactação, até a idade adulta1. Silveira et al. relataram que estudos

epidemiológicos em diferentes partes do mundo relacionam a influência de determinados fatores ambientais no início

da vida com alterações na expressão da carga genética do indivíduo2. Esse fato é denominado “programação”, processo

pelo qual determinado fator atua no início da vida, num pe

-ríodo crítico ou sensível, podendo gerar efeitos na saúde na

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pré-natal e pós-natal inicial influenciam na predisposição de doenças crônicas associadas à alimentação, incluindo obesidade, hipertensão e doenças cardiovasculares na vida

adulta4. Os resultados dessas investigações demonstram a importância da prevenção de doenças crônicas, bem como a promoção da saúde em diferentes fases da vida2.

A procura por alimentos funcionais, como a linhaça, têm aumentado devido aos seus efeitos benéficos e o poder de atuar na prevenção de doenças5. Além disso, a ingestão da

semente reduz o peso e o índice de massa corporal (IMC)6. Tal semente tem sido consumida por pessoas de todas as

idades e gêneros, gestantes, lactantes e mulheres durante

a menopausa7. Essa oleaginosa é rica em fibras dietéticas e

proteínas e contém 41% de lipídios, sendo 50-55% compostos pelos ácidos graxos poli-insaturados alfa-linolênico (n-3 ou ALA), 15-18%, pelos alfa-linoleico (n-6 ou AL) e 18%, pelos ácidos graxos monoinsaturados ômega-9. Também contém potássio, cálcio, fósforo, magnésio, enxofre e vitaminas8.

Devido às limitações no consumo de peixe pela popula

-ção, o uso do ácido alfa-linolênico de origem vegetal pode ser uma importante alternativa para fornecer concentrações adequadas de ácidos graxos poli-insaturados durante o período de lactação. Os ácidos graxos n-3 são nutrientes essenciais, e uma das suas principais atribuições é fornecer o ácido docosahexaenoico (DHA) para o desenvolvimento e função do sistema nervoso. Assim, a farinha da semente de linhaça é uma boa opção e pode facilmente ser incorporada a itens da dieta como pães, cereais, mufins, margarinas e

em saladas9,10.

Apesar do alto valor nutritivo da linhaça, é válido ressaltar que em sua composição existem fatores antinutricionais que podem causar efeitos adversos. A linatina pode interferir na absorção de vitamina B6, podendo promover sua deficiência e os compostos cianogênicos e o ácido fítico podem quelar

minerais como o zinco, o ferro e o cálcio11. Além disso, foi

demonstrado que óleo rico em ácidos graxos n-3 diminui a absorção e retenção de ferro, diminuindo assim a concen

-tração de hemoglobina12. Foram demonstrados benefícios do consumo da semente na idade adulta, reduzindo colesterol e glicose13, porém poucos estudos avaliaram seu consumo exclusivamente durante o período de lactação. Dessa for -ma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos do

consumo de semente de linhaçadurante a lactação sobre o peso corporal, indicadores hematológicos e massa de gordura visceral (MGV) dos filhotes de ratas na idade adulta.

Material e métodos

Delineamento experimental

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Gra

-duação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói (RJ), sob o número 24-08. Todos os procedimentos seguiram as normas do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA).

Foram utilizadas 16 ratas Wistar provenientes da colônia do Laboratório de Nutrição Experimental (LabNE) da UFF, nulíparas, com 90 dias de idade, acasaladas na proporção

de três fêmeas para um macho, recebendo ração comercial Nuvilab® (Nuvital Ltda., Paraná, Brasil). Após o parto, as mães foram aleatoriamente divididas em dois grupos, recebendo,

durante todo período de lactação, as seguintes dietas: gru

-po controle (GC), ração à base de caseína, e gru-po linhaça (GL), ração à base de caseína contendo 25% de semente de linhaça. Ao desmame, oito filhotes machos de cada grupo (sendo utilizado apenas um animal de cada mãe) passaram a receber ração comercial até a idade adulta, quando foram

mortos aos 170 dias de vida. O peso (g) e consumo (g)

foram coletados três vezes na semana. Todos os animais foram mantidos em biotério com temperatura (21-23 °C) e ciclo claro-escuro (12/12 horas) controlados, recebendo água e ração ad libitum. Os ratos foram anestesiados com

injeção intraperitoneal de Thiopentax (tiopental sódico 1 g, Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda, Brasil) a 5% (0,15 mL/100 g de peso corporal) para a coleta do sangue por punção cardíaca, sendo uma parte desse colocado em tubos contendo ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) para determinação da hemoglobina e hematócrito.

No sacrifício, foram pesadas a gordura retroperitoneal, mesentérica e epididimal em balança analítica (Bosch S2000, Brasil).

Dietas experimentais

A semente foi triturada em liquidificador para obtenção da farinha, que posteriormente foi pesada, ensacada, lacrada e armazenada em geladeira até ser usada para a confecção da ração. As rações experimentais preparadas no LabNE eram isocalóricas, com 17% de proteína, adicionadas de

misturas de vitaminas e minerais segundo as normas do

Committee on Laboratory Animal Diets, 1979, modificadas segundo as recomendações do American Institute of Nu

-trition-93 G (AIN-93G)14. A ração ofertada ao GL possuía uma concentração de 25% de semente de linhaça com o objetivo de suprir toda a recomendação de fibra (AIN-93G). Os ingredientes das rações experimentais (Tabela 1) foram

pesados e homogeneizados em batedeira industrial Hobart®

(São Paulo, SP, Brasil), com água fervente para gelatinização do amido. A massa obtida foi transformada em pellets e seca

em estufa ventilada Fabbe-Primar® (São Paulo, SP, Brasil)

a 60 °C por 24 horas e, após identificação, armazenada sob refrigeração até o uso.

A ração comercial era composta por 23% de fonte pro

-teica, 67,6% de amido, 4% de mistura de minerais, 0,4% de mistura de vitaminas e 5% de óleo de soja.

Avaliação do valor biológico das rações

Para avaliação do valor biológico das rações, foi utilizado o valor de lactância (VL), o qual é baseado no incremento do peso corporal relacionado com a qualidade da proteína e a produção de leite. A duração desta fase do experimento corresponde ao período em que as crias se alimentam ex

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Determinações bioquímicas

O sangue coletado foi centrifugado (centrífuga Sigma) a 3.500 rpm durante 15 minutos para a obtenção do soro. A análise de hemoglobina foi realizada com a utilização de kit comercial (BIOCLIN, Indústria Quibasa - Química Básica Ltda., Belo Horizonte, MG). O hematócrito foi determinado com amostra de sangue total, utilizando a técnica do micro-hematócrito por meio de microcapilares descartáveis.

Análise estatística

Os dados foram apresentados na forma de média e desvio padrão. A distribuição normal dos valores encontrados foi analisada por meio do teste Shapiro-Wilk. Verificando-se a normalidade dos dados, estes foram submetidos à comparação entre os grupos utilizando-se o teste t de

Student para dados independentes. Nos resultados que não seguiram a distribuição normal foi aplicado o teste não paramétrico de Mann-Whitney. A significância em todos os testes foi estabelecida ao nível de p ≤ 0,05. Tais

análises estatísticas foram realizadas pelo programa SPSS

para Windows 10.0.

Resultados

As mães que receberam as rações controle e linha

-ça durante a lactação apresentaram consumo alimentar (GL = 634,0±43,81 g; GC = 661,89±64,69 g; p = 0,364) e proteico (GL = 109,28±8,09 g; GC = 115,33±12,91 g; p = 0,280) sem diferenças. Em todo o período da lactação a variação do peso corporal das ratas foi semelhante entre os grupos, com p = 0,161 aos 21 dias. As mães do GL e

GC apresentaram valor de lactância semelhantes

duran-te os primeiros 14 dias de lactação (GL = 1,93±0,17 g; GC = 1,90±0,22 g; p = 0,764).

O peso dos filhotes ao nascimento foi semelhante entre os grupos (GL = 6,14±0,41 g; GC = 5,86±0,39 g; p = 0,194). O consumo materno da ração à base da semente de li

-nhaça promoveu menor ganho de peso durante a lactação (p = 0,043) e menor peso corporal (p = 0,036) da prole apenas ao desmame (Tabela 2). Na data do sacrifício, aos 170 dias de idade, os animais não apresentaram diferenças no peso corporal (GL = 379,33±38,04 g; GC = 408,07±23,17 g; p = 0,114). O consumo de ração até 170 dias foi se

-melhante entre os grupos (GL = 3.096,21±281,09 g; GC = 3.084,59±243,04 g; p = 0,935).

Foram encontrados menores níveis de hemoglobina aos 170 dias (p = 0,02) no GL comparado ao GC; já nos valores de hematócrito não foram verificadas alterações (Tabela 2).

Com relação à MGV coletada no momento do sacrifício, o GL apresentou uma redução de 21,43% quando comparado ao GC, porém sem diferença significativa (Tabela 2).

Discussão

Não foram verificadas diferenças na variação de peso, no consumo proteico e no consumo de ração das mães que receberam dietas experimentais durante a lactação. Esse consumo foi analisado para garantir que qualquer alteração ocorrida na prole pudesse ser atribuída à presença da semen

-te. Foi demonstrado que o perfil de ácidos graxos da dieta não influencia na ingestão alimentar quando se comparou o consumo de uma dieta rica em n-3 com outra rica em n-6

em ratos16. O consumo de dietas ricas em n-6 aumentou no último século, com implicações desconhecidas para o conteúdo de n-3 e n-6 no cérebro. Esse elevado consumo duplicou as concentrações do n-6 no leite humano e, conse

-quentemente, nas fórmulas infantis, visto que a composição nutricional dessas formulações é baseada na composição do

leite humano17,18.

Tabela 1 - Composição a cada 100 g das rações utilizadas no ensaio durante a fase de lactação

AIN-93G = American Institute of Nutrition-93 G.

* O ingrediente utilizado no preparo das dietas foi fornecido por M. Cassab Comércio e Indústria Ltda. (São Paulo, SP, Brasil).

Ingrediente utilizado no preparo das dietas fornecido por Arma Zen Produtos Naturais Ltda. (Rio de Janeiro, RJ, Brasil). Ingrediente utilizado no preparo das dietas fornecido por Maizena da Unilever Bestfoods Brasil Ltda. (Mogi Guaçu, SP, Brasil). § Ingrediente utilizado no preparo das dietas fornecido por União (Rio de Janeiro, RJ, Brasil).

** Ingrediente utilizado no preparo das dietas fornecido por Liza da Cargill Agricultura Ltda. (Mairinque, SP, Brasil).

†† Ingrediente utilizado no preparo das dietas fornecido por Microcel da Blanver Ltda. (Cotia, SP, Brasil).

Ingrediente Controle (g/100 g de ração) Linhaça (g/100 g de ração)

Caseína* 20 14,11

Linhaça† 0 25

Amido‡ 52,95 45,84

Açúcar refinado§ 10 10

Mistura de minerais AIN-93G* 3,50 3,50

Mistura de vitaminas* 1 1

Óleo de soja** 7 0

Celulose†† 5 0

Bitartarato de colina* 0,25 0,25

Cistina* 0,30 0,30

Terc-butil hidroquinona 0,0014 0,0014

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As fontes de proteína de origem vegetal têm sido ampla

-mente utilizadas para a alimentação humana em razão do baixo custo e do menor teor de gordura quando comparadas

aos alimentos de origem animal19. A adequação da proteína da linhaça para o aleitamento foi comprovada através do valor de lactância, visto que o resultado foi semelhante aos

valores encontrados para o grupo alimentado apenas com

a caseína. Esta é uma proteína de origem animal indicada como proteína padrão em ensaios experimentais que utilizem animais de laboratório14. Já quando a linhaça foi utilizada como fonte proteica exclusiva em ratos Wistar em fase de

crescimento, a semente não obteve bom aproveitamento, sendo este inferior ao do grupo alimentado com caseína20.

A exposição materna a uma dieta contendo 25% de linhaça não alterou o ganho de peso corporal das mães no período de 21 dias, mas promoveu menor peso corporal da

prole ao desmame devido ao menor ganho de peso corporal

do GL durante o período de lactação. Resultado semelhante

foi observado por Collins et al. ao ofertarem dieta contendo

linhaça ou linhaça desengordurada em várias dosagens21.

Outro estudo verificou que 5% de linhaça ou 1,5 mg/dia de diglicosídeo secoisolariciresinol (SDG) reduz as concentrações plasmáticas do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-I)22, o qual age como mediador do hormônio do cres

-cimento (GH), visto que as ações do GH na promoção do ganho de massa corporal são mediadas pelo IGF-I23. Apesar de o GH e o IGF-I não terem sido dosados no presente es

-tudo, esse fato poderia justificar o menor peso dos filhotes

ao desmame.

Não foram observadas alterações no hematócrito, mas

foram encontrados valores menores de hemoglobina no

GL, provavelmente pela presença de fatores antinutri -cionais presentes na semente. Para Harkness & Wagner,

os valores médios de hemoglobina para roedores variam de 11 a 18 g/dL24. Considerando esta referência, mesmo o GL apresentando resultados inferiores, os dois grupos

obtiveram valor de hemoglobina dentro desse intervalo.

Resultado contrário foi relatado por Babu et al. ao oferta

-rem 10% de semente de linhaça a ratos por 56 dias. Os autores encontraram aumento no percentual de hematócrito

e valores inalterados de hemoglobina25.

Grupo GC (n = 8) GL (n = 8) p

Ganho de peso durante a lactação (g)* 41,45±4,81 36,55±3,82 0,043

Peso ao desmame (g)* 47,31±4,72 42,69±3,06 0,036

Hematócrito (%)† 46,71±1,38 44,43±3,86 0,259

Hemoglobina (g/dL)* 13,88±0,91 12,30±1,28 0,020

MGV (g)* 14,56±6,46 11,44±4,39 0,312

Tabela 2 - Dados da prole coletados nas diferentes fases do experimento

GC = grupo-controle; GL = grupo linhaça; MGV = massa de gordura visceral. * Teste t deStudent.

Teste de Mann-Whitney.

A significância em todos os testes foi estabelecida ao nível de p ≤ 0,05.

Apesar de não terem sido observadas diferenças na inges

-tão alimentar e no peso corporal aos 170 dias, verificou-se uma redução de 21,43% na MGV do GL. Foi demonstrada uma tendência para a redução da MGV em ratos que receberam uma dieta rica em óleo de linhaça quando comparados com ratos alimentados com uma dieta rica em gordura saturada; esse

resultado foi semelhante ao encontrado em nosso estudo26. A

nutrição materna durante a lactação já foi comprovada como sendo um fator determinante na programação do peso da

prole na idade adulta27. De acordo com o resultado obtido

neste trabalho, ela parece programar a composição corpó

-rea também. Pesquisadores avaliaram a relação do peso na infância com o risco de doenças na idade adulta. Ylihärsilä et al. verificaram que um rápido aumento do IMC após os

2 anos de vida em humanos está relacionado a um maior

acúmulo de massa adiposa na idade adulta28.

Pesquisas com animais também demonstram a influência da nutrição pré e pós-natal no desenvolvimento de doenças

na idade adulta. Estudo experimental baseado num modelo

de desnutrição fetal durante a gestação seguida de dieta hipercalórica após o parto demonstrou que a hiperfagia na idade adulta é uma consequência da programação fetal e resulta em mudanças permanentes nos níveis plasmáticos

de insulina, leptina e peso corporal em ratos adultos29. Também foi verificado que uma dieta hiperlipídica durante a gestação e a lactação afeta a susceptibilidade da prole à obesidade induzida por dieta, o que acarreta consequências metabólicas adversas30.

Alguns poucos estudos avaliaram os efeitos da progra

-mação nutricional apenas durante a lactação e demonstra

-ram que esse parece ser o período mais crítico para seu

estabelecimento27.

Embora a extrapolação dos resultados de estudos em

animais para os humanos deva ser feita com cautela,

nos-sos resultados sugerem que a transferência de compostos da semente de linhaça pelo leite durante a fase de lactação

programa a prole para um menor peso ao desmame e para

valores inferiores nos níveis de hemoglobina na idade adul

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Agradecimentos

Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoa

-mento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo suporte financeiro.

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Correspondência:

Ludmila Ferreira Medeiros de França Cardozo Rua Barão de Palmares, 337 - Pendotiba CEP 24322-320 - Niterói, RJ

Tel.: (21) 8733.3185

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Tabela 1 -  Composição a cada 100 g das rações utilizadas no ensaio durante a fase de lactação
Tabela 2 -  Dados da prole coletados nas diferentes fases do experimento

Referências

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