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Do clientelismo coronelista ao clientelismo de Estado: a ascensão de imigrantes na política do interior paulista

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Academic year: 2017

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DO CLIENTELISMO CORONELISTA AO

CLIENTELISMO DE ESTADO: A ASCENSÃO DE

IMIGRANTES NA POLÍTICA DO INTERIOR PAULISTA

Maria do Carmo Campello de SOUZA1

Maria Teresa Miceli KERBAUY2

Osw aldo Mário Serra TRUZZI3

!RESUMO: O a rt igo procu ra a n a lisa r a rela çã o qu e h á en t re pa drões de mobilidade social e o processo de entrada de imigrantes e de seus descendentes de primeira geração na atividade política institucional na região conhecida como o oeste paulista. Tal processo pode se constituir num indicador das relações de resistência ou de aproximação entre os imigrantes e as elites loca is t ra dicion a is, a lém de ser elem en t o ch a ve pa ra se com preen der o processo de su pera çã o do sistem a coron elista n o esta do de Sã o Pa u lo, a ascensão de uma nova fração burguesa e o advento do populismo.

!PALAVRAS-CHAVE: Im igra n tes; clien telism o coron elista ; clien telism o de Estado; mobilidade; elites políticas locais.

1 Introdução

Esse texto tem como objetivo analisar padrões de mobilidade de uma camada social específica – imigrantes e seus descendentes – no interior de uma determinada estrutura social – o oeste paulista. Desde o final do século XIX, essa região se desenvolveu sob o impacto da economia cafeeira, liderada pelas oligarquias agrárias tradicionais que dominavam, em cada município, a política local.

Nos anos 30, uma série de processos atenuarão esse domínio quase exclusivo, entre os quais se sobressaem a perda de poder econômico e político dos coronéis decorrente da crise do café e as mudanças no sistema

1 Pesquisadora Sênior do Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo (IDESP) – São Paulo-SP. 2 Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Departamento de Antropologia, Política e Filosofia – Faculdade de Ciências e Letras-UNESP – 14800-901 – Araraquara-SP. (E-mail: kerbauy@travelnet.com). 3 Departamento de Engenharia de Produção – Universidade Federal de São Carlos-UFSCAR – 13565-905

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político advindas da centralização do Estado, que forçou a reorganização institucional do jogo político. Em 1945, ao ocorrer a redemocratização, a recomposição das elites teve que contar com o influxo crescente de descendentes de imigrantes.

Nosso interesse foi o de investigar esse processo de recomposição das elites políticas no nível local. A forma como este processo se deu se constitui num indicador importante da flexibilidade do meio social paulista, da permeabilidade de suas elites e das características de representação política.

Acredit a m os qu e o exa m e da en t ra da de im igra n t es n a polít ica form a l p ode revela r-se com o in dica dor p rofícu o da s rela ções de resistência ou de aproximação entre os imigrantes e as elites tradicionais loca is e com o elem en t o ch a ve p a ra se a p reen der o p rocesso de su pera çã o do sist em a coron elist a n o est a do de Sã o Pa u lo, a a scen sã o de uma fração burguesa e o advento do populismo, que oportunamente acolherá elementos não pertencentes a famílias tradicionais – mas sim de origem imigra nte.

A inserção dos imigrantes e seus descendentes na sociedade paulista e os impactos de diferentes correntes migratórias sobre a composição dessas elites e sobre as estruturas de poder local e estadual ajudam a entender as mudanças que ocorreram no poder político local no estado de São Paulo, assim como os recursos políticos (materiais e ideológicos) utilizados para a montagem do estado brasileiro a partir de 1930 e as especificidades de seus impactos regionais.

2 A pe squisa

Para analisarmos a entrada de imigrantes e de seus descendentes de primeira geração na política formal, realizamos um levantamento dos membros do executivo e do legislativo municipal no período de 1889 a 1964, b em com o en t revist a s com p erson a lida des dos m u n icíp ios, complementados pela análise de jornais da região. O período delimitado (1889-1964) encontra justificativa na necessidade de acompanhar a trajetória da inserção dos imigrantes e seus descendentes na sociedade brasileira e, em especial, no estado de São Paulo, que foi o estado que acolheu a maior corrente imigratória do país.

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descendentes na política local, focalizando um espaço político-institucional onde se expressam a representação, a aliança, o confronto e a disputa de interesses; 2) a facilidade de acesso tanto ao material empírico como às entrevistas. Apesar de termos conhecimento e informações a respeito das vá ria s form a s de orga n iza çã o dos im igra n t es, qu er seja m ét n ica s, beneficentes ou de caráter profissional, a fragilidade ou inexistência de fontes sistematizadas e dados mais significativos não permitiu que avançássemos muito longe por esse caminho.

Adotamos uma perspectiva comparativa procurando entender como os municípios se aproximam ou diferenciam neste processo de inserção política dos imigrantes na estrutura do poder local. O trabalho discute e compara os casos das cidades de Araraquara, Bauru, Ribeirão Preto, São Carlos e São José do Rio Preto, ora apontando singularidades, ora buscando delinear padrões comuns, observáveis na composição do executivo e das câmaras legislativas municipais.

3 Ce ntraliz ação do Estado e socie dade local

O período que se inicia em 1930, que da perspectiva do poder local é pouco estudado e pouco compreendido, marca no nosso entendimento o in ício da reorga n iza çã o do poder loca l qu e va i cu lm in a r com a expressiva participação política dos imigrantes e descendentes a partir de 1945.

A subida de Vargas ao poder em 1930 forçou a reorganização do jogo político e abriu espaços para a ascensão de novos grupos sociais. Durante os 15 anos em que Vargas foi o chefe do Executivo federal (1930-1945), o país passou por transformações profundas. Além das alterações trazidas sobre os rumos da economia, o novo governo revolucionário realizou reformas sobre todo o sistema político com conseqüências significativas sobre a estrutura do poder municipal e sobre a composição das elites paulistas.

Da da s a s ca ra cterística s do Movim en to de 30, a cen tra liza çã o do Est a do b ra sileiro n ã o sign ificou a m a rgin a liza çã o dos in t eresses econômicos domina ntes no período a nterior, ma s uma redefiniçã o dos ca n a is de a cesso e de in flu ên cia n a a rticu la çã o de todos os in teresses, velhos e novos.

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paralelamente a um alto grau de intervenção estatal na economia, de modo a promover a industrialização; 2) a criação de símbolos de identidade nacional com a adoção de uma política cultural baseada no nacionalismo e no carisma do posto presidencial; 3) a implementação de políticas previdenciárias e a concessão de direitos trabalhistas, com o intuito de integrar a crescente classe operária numa rede de sindicatos controlada pelo Estado; 4) a deslegitimação de partidos e da vida parlamentar nas lides políticas.

Ta is ob jet ivos leva ra m à con st ru çã o de est ru t u ra s decisória s centralizadas e burocratizadas, estruturas sindicais dependentes do Estado, um presidencialismo plebiscitário, inexistência de partidos políticos e um tipo de nacionalismo que teve como componente chave a liderança do papel do Estado. O Estado expandiu seu papel intervencionista nas inúmeras áreas da administração e uma pletora de agências foi criada expandindo a provisão de empregos públicos.

A inventividade institucional do poder revolucionário manifestou-se n a c r ia ç ã o d e u m s is t e m a d e in t e r ve n t or ia s -d e p a r t a m e n t os administrativos, de uma vasta gama de órgãos técnico-econômicos (institutos, autarquias e grupos técnicos) designados como instrumentos de intervenção e controle na economia.

Todas essas inovações por certo exerceram profunda influência na transformação das políticas estaduais e municipais. Nos primeiros anos da década de 1930, porém, os mecanismos estratégicos que de imediato alteraram as bases do poder local foram aqueles ativados pelo sistema in t erven t oria s-depa rt a m en t os a dm in ist ra t ivos, qu e in t erliga va a s oligarquias municipais e estaduais aos ministérios e à Presidência da República.

Esse sistema consistia, essencialmente, no seguinte: o Executivo federal nomeava para a chefia dos governos estaduais indivíduos que, embora nativos dos estados, eram destituídos de maiores raízes partidárias, com escassa biografia política ou que, se a possuíam, fizeram-na até certo ponto fora das máquinas tradicionais nos estados. No estado de São Paulo, Adhema r de Ba rros é u m exemplo típico desse processo, conforme notaremos adiante.

O sistema de interventorias pouco ou nada interferia com os pilares econômicos do poder político nos estados, nem era esse seu intuito. Não obstante, enfraquecia as antigas situações na medida em que o interventor não devia a elas sua permanência, mas sim ao beneplácito do Executivo federal.

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Democrático designando pessoas não pertencentes ao partido para liderarem os governos municipais.

O sistema de interventorias foi aperfeiçoado pelo Decreto-Lei nº 1.202, de 8 de abril de 1939 (Lei dos Estados e Municípios), com a criação do Depa rta mento Administra tivo que deveria legisla r na s ma téria s de competência do estado e dos municípios conforme o estabelecido no Art. 17. O poder de decisão do Departamento era tão grande que, para o interventor recorrer das mesmas, cabia recurso direto ao Presidente da República.

Veda dos os ca n a is t ra dicion a is de rep resen t a çã o, a s a n t ig a s e n ova s oliga rqu ia s fora m en cu rra la da s n u m sist em a qu e t in h a com o fu lc r o t a is in t e r v e n t or ia s , a c op la d a s a ór g ã os b u r oc r á t ic os su b ordin a dos a o Dep a rt a m en t o Adm in ist ra t ivo do Serviço Pú b lico (DASP) su jeit os p or su a vez a o Presiden t e da Rep ú b lica , com o já dissemos a n teriormen te.

O DASP – representado nos estados pelos departamentos estaduais, ou “daspinhos” – foi decisivo na função de montagem da estrutura de poder burocrático: a de um cinto de transmissão entre o Executivo federal e a política dos estados e destes com a dos municípios.

Embora concebido como um Departamento Administrativo Geral, encarregado de realizar um estudo global do sistema administrativo do país, para transformá-lo, ele se tornou uma espécie de super-ministério. Os “da spin h os” fu n cion a va m a o m esm o tem po com o u m a espécie de legisla tivo esta du a l e com o corpo su pervisor pa ra o in terven tores e o Ministério da J ustiça. Os prefeitos municipais tinham que se submeter n ã o só a o in terven tor, m a s ta m bém a o presiden te do Depa rta m en to Estadual do Serviço Público. Membros do DASP orgulhavam-se de fazer o tra ba lh o da a n tiga Câ m a ra e do Sen a do e de m a is 271 câ m a ra s municipais.

Os est a dos deveria m ser govern a dos p elo in t erven t or e p elo Departamento de Administração, mas grande parte das políticas e das legislações implementadas pelos estados dependia da aprovação do Executivo federal. Na prática, isto acabava com a autonomia legislativa dos estados e municípios, destruindo o sistema federativo criado em 1891, e transferindo para o governo federal quase todos os recursos para o exercício do clientelismo.

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intelectuais –, ampliando a presença do Estado na vida nacional. No estado de São Paulo, o impacto do crescimento demográfico é bastante forte para obrigar o estado a multiplicar-se em serviços e pessoal.

Este conjunto de medidas estrutura institucionalmente este período, qu e t em n a cria çã o do DASP, com o órgã o con su lt ivo da Presidên cia e agência de formulação de políticas, dos institutos, autarquias e grupos técnicos, bem como da garantia de novas posições legais com a criação do Ministério do Trabalho, J ustiça do Trabalho, institutos de previdência socia l e m a is t a rde a Con solida çã o da s Leis do Tra ba lh o (CLT), a su a ba se de su sten ta çã o. Além disso, a a ssocia çã o profission a l ou sin dica l foi decla ra da livre, ma s somente o sindica to reconhecido pelo governo tin h a o direito da represen ta çã o lega l.

As interventoria s situ a va m-se, a ssim, a meio ca minho entre a identidade e a independência diante de grupos dominantes estaduais e foram implantadas em todo o país como um sistema e instrumento de controle, uma cunha do poder central em cada estado.

O n ovo reg im e in st a la do t ra t ou log o de p rom over a s p rim eira s m e d id a s com o ob je t ivo d a ce n t ra liza çã o, in a u g u ra n d o u m a e ra m u it o d ife re n t e d os t e m p os d e vig ê n cia d o coron e lism o, e m q u e ca d a ch e fe p olít ico n o m u n icíp io m a n t in h a a u t on om ia q u a se irre st rit a n a con d u çã o d o g ove rn o loca l. Por m e io d o De cre t o n º 20.348, d e 29 d e a g ost o d e 1931, o Gove rn o Provisório p a ssou a e st a b e le ce r n orm a s sob re a a d m in ist ra çã o loca l, con ce d e n d o u m p a p el b a st a n t e releva n t e a os in t erven t ores federa is n os est a dos. O decret o in st it u ía os ch a m a dos Con selh os Con su lt ivos, t a n t o n o n ível est a du a l qu a n t o m u n icipa l. Em bora t a is con selh os n ã o t en h a m sido im p la n t a d os e m t od os os m u n icíp ios, e n e m m e sm o op e ra d o e m circu n st â n cia s m u it o fa vorá ve is, se u s m e m b ros e ra m n om e a d os p e lo in t e rve n t or e e m ce rt o se n t id o e le s t om a va m p a ra si a t a re fa da s a n t ig a s Câ m a ra s, de a u xilia r e fisca liza r o p re fe it o. E de m odo sign ifica t ivo, a com p osiçã o de t a is con selh os p revia a p ossib ilida de d e in clu sã o d e e st ra n g e iros e n t re os m a iore s con t rib u in t e s d o m u n icípio.

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p r ofis s ion a is e líd e r e s loc a is for a m n om e a d os p e lo p r e fe it o e in t e rve n t or p a ra in t e g rá -los.

Uma das claras evidências de tentativas do novo governo estadual pós-revolucionário para diversificar a liderança política pode ser sentida na composição social dos Conselhos Consultivos.

Na Rep ú b lica Velh a , a s Câ m a ra s Mu n icip a is era m com p ost a s majoritariamente por membros da tradicional aristocracia rural [...] Os h omen s design a dos pa ra os Con selh os Con su ltivos, en treta n to, era m bastante diferentes. Em Ribeirão Preto, seis, entre nove, eram estrangeiros n a t os. Apen a s dois t in h a m sobren om e port u gu ês. Apen a s u m en t re nove, obtinha renda advinda da profissão rural. (WALKER, 2000, p.86, grifos do autor).

O Decreto-Lei nº 20.348, de 19 de agosto de 1931, que criou os conselhos, determinava, especificamente, que os estrangeiros poderiam ser incluídos nesses órgãos. E em Ribeirão Preto, por exemplo pode-se notar a presença de um novo tipo de ator político – novos ricos imigrantes, profissionais liberais provenientes de classes médias.4

A presen ça de im igra n t es t a m bém se fa z sen t ir n a s a ssocia ções, nos gru pos sindica is de emprega dos e emprega dores, a ntes do Esta do Novo, e n a s orga n iza ções pa rt idá ria s qu e se cria ra m pa ra a s eleições m u n icip a is de 1936. Em Sã o Ca rlos, p or exem p lo, a p resen ça de im igra n t es se fa z sen t ir em pra t ica m en t e t odo o espect ro polít ico, da Açã o In t egra list a a o PC, da s a ssocia ções pa t ron a is a os sin dica t os operários.

O congelamento da representação política municipal de 1930 a 1945, p elos da dos da n ossa p esqu isa , n ã o sign ificou o corresp on den t e congelamento da política local. Novos mecanismos de participação no processo decisório loca l fora m su rgindo, dentre eles a a tu a çã o da s Associações Comerciais em cada município que, a partir de 1930, passam a ter uma inserção permanente na vida política local. Ressalte-se que a gra n de m a ioria dos diret ores dessa s a ssocia ções era com post a de indivíduos de origem imigrante, que haviam se fixado como pequenos industriais e comerciantes nas cidades.

Em São J osé do Rio Preto, por exemplo, o comerciante Nagib Gabriel, nascido em J aboticabal em 1890, foi um dos fundadores, em 1920, da Associação Comercial de Rio Preto, logo assumindo o cargo de vice-presidente (1920) e vice-presidente (1926). Pascua Valle, comerciante natural de Caures, que se tornou Vice-Cônsul da Espanha em São J osé do Rio

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Preto, ocupou vários cargos nessa mesma entidade, presidindo-a por mais de cinco anos durante a década de 1930. Foi Delegado de Polícia, entre os anos de 1914 a 1925, e um dos fundadores do Automóvel Clube, o mais tradicional das cidade, além de freqüentar a Loja Maçônica Cosmos, de muita influência na sociedade local. Também atuou como diretor da Santa Casa, além de presidir o Rio Preto Esporte Clube, que mantinha uma equipe de futebol. Embora não tenha concorrido a nenhum cargo no Legislativo municipal, a abrangência de sua rede de relações evidencia quão enraizadas eram na sociedade local algumas lideranças de origem imigrante.

Em São Carlos, dos 18 indivíduos que em 1931 fundaram a Associação Comercial e Industrial local, pelo menos 11 deles eram descendentes de imigrantes. Entre esses, os italianos constituíam a maioria (Maricondi, Flosi, Petroni, Ambrogi, Cattani, Sabadini, Cardinalli e Botta).

Em Araraquara, a Associação Comercial foi fundada em 1934, por um imigrante italiano, Benevenuto Colombo, e sua diretoria foi ocupada por inúmeros descendentes de imigrantes, sendo que o diretor que mais se sobressaiu foi Rômulo Lupo, que ocupou a direção da associação de 1941 a 1942, tendo se tornado mais tarde prefeito do município.

A Associação Comercial de Bauru, criada em 1931, cuja diretoria era com post a fu n da m en t a lm en t e de im igra n t es e seu s descen den t es, demandou e conseguiu trazer para a cidade o ramal Bauru-Piratininga (dpoise Fepasa e hoje Ferroban), a elevação de classe da Agência Postal e a construção de seu prédio próprio, uma regional do Departamento Estadual do Trabalho, a Inspetoria Regional do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários e a construção da rodovia entre os estados de São Paulo e Mato Grosso.

O que sobressai na história da criação das associações comerciais dessas cidades é que todas elas iniciaram, aproximadamente no mesmo período, suas atividades nas sedes de associações de imigrantes: São Carlos na Espanhola, Araraquara na União Síria e Bauru na Sociedade Dante Aligerieri. Com o tempo, tais associações fortaleceram-se, tornando-se um forte grupo de interesse na política local.

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4 Inserção de imigrantes na política após a Revolução de 1930

Vitoriosa a Revolução em outubro de 1930, os prefeitos perrepistas da antiga situação, que em maior ou menor grau haviam se engajado na campanha de J úlio Prestes contra a Aliança Liberal, tiveram que entregar seus cargos às Juntas Provisórias locais, em geral compostas por militantes ou simpatizantes do Partido Democrático (PD).

De modo geral, podemos afirmar que a Revolução de 1930 propiciou, do ponto de vista da política local, mudanças entre as elites que comandavam a cena política nos municípios analisados. Os antigos chefes perrepistas foram deslocados, ao menos temporariamente, e em seu lugar vicejaram figuras de oposição ao situacionismo, que de algum modo haviam apostado nos ideais propugnados pelo PD. Contudo, não se pode dizer que a matriz social desses novos elementos que se aglutinaram ao redor do PD fosse muito distinta da dos antigos dirigentes. Em alguns casos, talvez a nova elite fosse um pouco mais ilustrada, em comparação aos velhos coronéis habituados a comandar o cenário local; mas os dados indicam que, em termos de extração social, as mudanças foram poucas, o que provavelmente facilitou, mais tarde, a recomposição dos setores alijados em 1930. Do ponto de vista do tema que nos interessa, por exemplo, podemos afirmar que a participação de personalidades de origem imigrante durante o episódio de 1930, foi muito reduzida, não se observando praticamente nenhuma liderança expressiva entre as hostes do PD que assumiram os governos locais nos municípios analisados.

No n ível loca l, o pa pel do in terven tor esta du a l foi, porta n to, se m ost ra n d o ca d a ve z m a is p re se n t e , o q u e fru st rou m u it a s d a s expecta tiva s de qu e os n ovos dirigen tes do m u n icípio pa ssa ria m a controlar a política local como os antigos coronéis o faziam. Em São J osé do Rio Preto e em Ribeirão Preto, por exemplo, nenhum dos membros da J u n ta Provisória , com posta por m ilita n tes do PD, fora m con firm a dos como prefeitos pelo interventor J oão Alberto. Tais decepções, associadas à m á época viven cia da pelos n egócios do ca fé, desa pon ta ra m m u itos espíritos e precipitaram, em abril de 1931, o rompimento do PD, no plano estadual, com o novo regime.

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m em bro do diretório do Pa rtido Repu blica n o Sa n ca rlen se a n tes da Revolução de 30. Em São J osé do Rio Preto assume o governo o advogado Eduardo Figueiredo Nielsen, Delegado Regional de Polícia.

Aos poucos, as hostes perrepistas, derrotadas pela Revolução de 30, vão se recompondo e tomando coragem para se apresentar novamente como alternativa de governo. Em Ribeirão Preto, embora o prefeito tenha resistido à crise de abril de 1931, logo no mês seguinte simpatizantes do PRP publicaram um artigo no periódico A Cidade sob o título de “O PRP e a Revolução”, “[...] lamentando-se de que a ‘ocupação revolucionária [de São Paulo] está agora completando sete longos meses [...]’ e que os invasores eram como ‘presunçosos genros na casa de seus sogros’”. (WALKER; BARBOSA, 2000, p.90-91).

J ornais de São Paulo, como A Gazeta , noticiavam já em agosto de 1931 que “[...] o reaparecimento do PRP no cenário político tem sido o assunto palpitante destes últimos dias” (CORREIO..., 1931, p.1), embora o partido na capital apenas tenha se reorganizado formalmente em janeiro de 1932, lançando um manifesto em que atacava “o regime ditatorial imposto por Vargas”, ao mesmo tempo em que reclamava o retorno ao regime constitucional republicano.

No mês seguinte, o anúncio da Frente Única Paulista, unindo o PD e o PRP sob a bandeira da constitucionalidade, despertou mobilizações significativas nos municípios analisados.

Em Ribeirão Preto, em fevereiro e maio, comícios públicos reuniram os dois pa rt idos, vá rios clu bes e a ssocia ções. Qu a n do a n ot ícia do movimento se espa lhou, em julho, líderes loca is – entre os qua is, diga -se de passagem, não -se ob-serva nenhum sobrenome de origem imigrante – reu n ira m -se p a ra fu n da r o “Cen t ro Pa u list a Pró-Con st it u in t e”, in icia n do o recru t a m en t o de volu n t á rios. Ao lon go dos dois m eses e m eio qu e du rou o con flit o, t oda a socieda de, eu fórica , se m obilizou , desde o já en ferm o Coron el Qu in zin h o (qu e fa leceria pou co a n t es da re n d içã o p a u list a ), a t é a Associa çã o Com e rcia l, a Com p a n h ia Antarctica, fabricante de cerveja, os caçadores que doaram suas armas, a s m u lh eres qu e cost u ra ra m u n iform es ou orga n iza ra m ca n t in a s, os comerciantes que doaram gêneros diversos. Padrão semelhante ocorreu nos demais municípios.

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Grupos sociais de origens muito distintas acabaram sendo mobilizados dia n te de u m in im igo com u m , a pa ra n do a resta s e eviden cia n do, pela p rim eira vez em cida des do in t erior p a u list a , qu e os im ig ra n t es t ra zidos à p rin cíp io a p en a s p a ra o t ra b a lh o n a s la vou ra s de ca fé, ha via m sido requisita dos a toma r pa rtido em um episódio de na tureza p olít ica , p a rt icip a n do e lu t a n do m u it a s vezes om b ro a om b ro com setores da elite loca l. Isso ocorreu , m u ito em bora pou co se n ote, en tre os líderes da Fren te Ún ica n os m u n icípios, a presen ça sign ifica tiva de sob re n om e s de orig e m e st ra n g e ira . De q u a lq u e r m odo, da da a elevada mobilização que arrastou todos os setores, as diversas colônias de im ig ra n t es, p or m eio de seu s líderes, a ssocia ções e socieda des b en eficen t es fora m in evit a velm en t e leva da s a con t rib u ir com os revolu cion á rios pa u lista s. Nos m u n icípios estu da dos os exem plos dos líderes de colôn ia s de imigra n tes qu e pa rticipa ra m deste episódio sã o constantes.

Podem os a firm a r qu e a pa rt icipa çã o polít ica propria m en t e dit a , e m ca rg os de re p re se n t a çã o p ú b lica , de im ig ra n t e s ou de se u s descendentes, durante o período do chamado Governo Provisório (1930-1934), foi b a st a n t e redu zida n o n ível dos m u n icíp ios a n a lisa dos. A m a ior pa rte dos políticos com a tu a çã o m a is sign ifica tiva provin h a de fa m ília s já h á m a is t em po est a belecida s n o pa ís. Ou t ra ca ra ct eríst ica do p eríodo é a in flu ên cia m a rca n t e do in t erven t or federa l do Est a do n a vida p olít ica dos m u n icíp ios, seja n om ea n do efet iva m en t e os prefeit os, seja redefin in do o fu n cion a m en t o e a t ribu ições do govern o loca l a tra vés do Decreto n º 20.348, de 19 de a gosto de 1931. Esse tra ço de in ova çã o, de cu n h o cen t ra liza dor, con t ra st a en orm em en t e com o sist e m a p olít ico coron e list a vig e n t e n o p e ríod o a n t e rior. Ba st a observa r, du ra n t e o cu rt o período de qu a t ro a n os, o n ú m ero eleva do de cida dã os n om ea dos p elo in t erven t or qu e exercera m o ca rg o de p refeit o n os m u n icíp ios a n a lisa dos: dez em Ara ra qu a ra , cin co em Ba u ru , cin co em Rib eirã o Pret o, cin co em Sã o Ca rlos e cin co em Sã o J osé do Rio Pret o.

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quadros (embora com elementos oriundos de famílias tradicionais) que, aliada à presença marcante do interventor, embaralhou o jogo político local, minando as bases anteriores de operação do coronelismo.

4.1 O inte rm e z z o constitucional (1934-1937)

O novo regime constituciona l previa a rea liza çã o de eleições pa ra deputa do federa l e pa ra a s a ssembléia s constituintes dos esta dos (que elegeria m por su a vez o govern a dor e dois sen a dores por est a do) em outubro de 1934. Dois partidos polarizaram as votações nos municípios a na lisa dos: o a ntigo PRP e o Pa rtido Constituciona lista (PC), a rticula do p or Arm a n do de Sa lles Oliveira , qu e h a via se t orn a do in t erven t or federa l em Sã o Pa u lo a p ós Va rg a s se con ven cer da n ecessida de de a t e n u a r a op osiçã o d a in flu e n t e b a n ca d a p a u list a d u ra n t e os tra ba lh os da Con stitu in te. Assim , com certo com prom isso de a ssu m ir u m a lin h a de pa cifica çã o com o govern o federa l (in t eressa do por su a vez em deb ilit a r os p a rt idos rep u b lica n os est a du a is), Arm a n do de Sa lles Oliveira em p en h ou -se n a con st ru çã o de u m p a rt ido qu e n ã o fosse, seg u n do ele, “[...] n em con t ra 30, n em con t ra 32, m a s u m a s ín t e s e d a s a s p ira çõe s q u e a s d u a s re volu çõe s d e fe n d e ra m .” (BELOCH; ABREU, 1984, p.3036).

A própria form a çã o do PC t ra t ou de a rregim en t a r sim pa t iza n t es e m ilit a n t es em b a ses diversa s, desde o a n t ig o PD a dissiden t es do PRP, pa ssa n do por orga n iza ções de ex-com ba t en t es da Revolu çã o de 32. Do con fron t o en t re os dois p rin cip a is p a rt idos (o PC e o PRP) em ou t u bro de 1934, o PC de Arm a n do de Sa lles Oliveira sa iu vit orioso, o qu e lh e va le u a con firm a çã o n o ca rg o, a g ora com o g ove rn a dor con st it u cion a l. Vá ria s t u rb u lên cia s a com p a n h a ra m a s eleições de 1934, con t rib u in d o p a ra u m clim a p olít ico e xa ce rb a d o. Com a dissolu çã o da ch a p a ú n ica em ju lh o de 34, e com Arm a n do de Sa lles com o in terven tor,

[...] o PC usou dos mesmos artifícios de pressão política que o PRP exercera con t ra seu s a dversá rios a o lon go de 36 a n os de dom ín io. Arm a n do p a rt icip ou p e ssoa lm e n t e da ca m p a n h a , p e rcorre n do os p rin cip a is municípios paulistas5, formando diretórios e capturando para seu partido

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Além do PC e do PRP, organizaram-se ainda nesse período outros partidos de menor expressão eleitoral, mas de inegável mobilização política, como a Ação Integralista Brasileira, à direita, que na região estudada teve grande força de arregimentação sob o comando de Alfredo Buzaid. Além disso, o Partido Comunista articulou a formação da Aliança Nacional Libertadora, à esquerda, logo fechada em meados de 1935. Apesar disso, esses partidos tiveram, como veremos, pouco significado eleitoral nos municípios analisados.

Foi nesse clima turbulento e de radicalizações que ocorreram as eleições para o pleito municipal em março de 1936, quando novamente os dois principais partidos (PC e PRP) se confrontaram. O Quadro 1 dá uma mostra desse embate em alguns municípios do interior paulista.

Qua dro 1 Qua dro 1Qua dro 1 Qua dro 1

Quadro 1 – Resultados das eleições municipais 15.3.1936

* Pró-Pira cica ba – n o OESP de 16/03/1936 este pa rtido sa iu com o PRP. No “Correio Pa u lista n o” ta m bém con sta PRP.

Fon te: NPD-DCSo (Pa sta 5.8 – Resu lta dos Eleitora is).

Em Ribeirão Preto, o PC a princípio parecia mais forte, pois vinha de uma vitória anterior, em outubro de 1934, quando o partido bateu o PRP em 33 dos 37 locais de votação da cidade. Contudo, ao final de 1935, o PC local enfrentou problemas internos, debilitando-se para as eleições que ocorreriam em março do ano seguinte. Apurados os votos,

[...] o PRP obteve 51,52% dos votos enqua nto o PC e a AIB obtivera m respect iva m en t e 38,76% e 9,71%. Isso deu a os repu blica n os con t role sobre a Câmara Municipal com sete cadeiras, em oposição às cinco cadeiras do PC e uma da AIB. O partido da velha guarda havia apresentado uma notável retomada. (WALTER; BARBOSA, 2000, p.95).

PC PRP Integralismo Outros Partidos Total

Araraquara 3.916 1.794 352 - 6.062

Catanduva 2.812 - 191 - 3.003

Jahú 2.832 - 1.076 - 3.908

Jaboticabal 1.513 1.447 213 - 3.173

Piracicaba 3.403 - 568 1.057* 5.028

Rio Claro 2.482 2.576 219 - 5.277

São Carlos 1.618 1.874 139 - 3.631

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Dado o porte e a importância política de Ribeirão Preto, o feito toma maior relevância, sobretudo quando se leva em conta que o PC bateu o PRP em cerca de 80% dos municípios paulistas.

De modo geral, podemos dizer que o curto interregno constitucional entre o final do Governo Provisório e a decretação do Estado Novo, período em que ocorreu uma única eleição municipal, pautou-se, nos municípios analisados, pelo embate acirrado entre antigos perrepistas e o partido organizado pelo interventor e depois governador constitucional Armando de Salles Oliveira. Em Ribeirão Preto e Rio Preto, o novo partido deu pouca expressão a elementos de origem imigrante, enquanto o contrário ocorreu em São Carlos, onde se registra a influência marcante da Associação Comercial e Industrial local.

4.2 O Estado Novo (1937-1945)

Com a nova constituição nacional promulgada pelo Estado Novo, fica ra m dissolvida s a s câ m a ra s legisla tiva s – federa is, esta du a is e municipais – em todo o território brasileiro. Na esfera municipal, o novo ím pet o cen t ra liza dor en feixou boa pa rt e da s fu n ções legisla t iva s, a n t e riorm e n t e e xe rcid a p e la s Câ m a ra s , n o De p a rt a m e n t o d e Municipalidades, órgão que crescerá em influência, vigiando prefeitos e agindo como mecanismo de transmissão política do interventor federal nos municípios. O fechamento do Regime também se consubstanciou pelo ressu rgim en t o da cen su ra , circu n st â n cia qu e in clu sive dificu lt a a recuperação da atividade política no período (deslocada das atividades partidárias para os bastidores) através dos jornais.

Os prefeitos, por sua vez, voltam a ser nomeados pelos interventores federais, o que aproxima a duração de seus mandatos da duração dos m a n da t os de Adh em a r de Ba rros e Fern a n do Cost a , in t erven t ores sucessivos em São Paulo. As exceções são os casos de Bauru e Ribeirão Preto. Na primeira, o prefeito indicado, Ernesto Monte, permaneceu de 1938 até a eleição em 1947.

Em Ribeirão Preto, Fábio de Sá Barreto permanece ao longo de quase oito anos no cargo, provavelmente em função de relações privilegiadas com Getúlio Vargas.6

Em São Carlos, meses após o falecimento de Elias Salles, o interventor Adhemar de Barros nomeou Carlos de Camargo Salles, irmão do primeiro,

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para ocupar o cargo de prefeito. Substituiu-o Sabino de Abreu Camargo, fazendeiro nomeado por Fernando Costa.

Em Rio Preto, a nomeação de Adhemar como interventor paulista propiciou o ressurgimento de Cenobelino de Barros Serra, seu primo, e antiga liderança perrepista no município, dos tempos ainda da Velha República.7 Com a saída de Adhemar do governo do estado, em 1941,

assumiu o cargo de prefeito o médico Ernani Pires Domingues.

Como já afirmamos, é digno de nota no período o grau de controle sob re os a ssu n t os m u n icip a is e xe rcid o p e lo De p a rt a m e n t o d e Municipalidades. Em São Carlos, em fevereiro de 1939, Adhemar visitou a cidade acompanhado do diretor das Municipalidades, que recebeu elogios na imprensa. A esse respeito, uma notícia colhida no principal periódico da cidade já no crepúsculo do Estado Novo, ilustra o grau de ingerência do órgão nos assuntos municipais: o interventor federal,

[...] à vista do parecer do Diretor Geral das Municipalidades, [...] determina ao prefeito municipal de São Carlos que readmita [um funcionário] nas antigas funções de zelador do cemitério do distrito de Ibaté (pertencente a São Carlos), ou em outras, de acordo com as aptidões do reclamante. (CORREIO..., 1944, p.1).

Também chama a atenção a presença crescente, nos jornais, de sindicatos de trabalhadores, muito embora sempre acompanhados da tutela de autoridades do município. Assim por exemplo, em São Carlos, quando o novo prefeito (Carlos de Camargo Salles), nomeado por Adhemar, assumiu a prefeitura, uma suposta articulação entre diversos sindicatos, denominada Sindicatos Reunidos, vem declarar pela imprensa seu apoio ao novo prefeito e ao interventor federal em São Paulo (CORREIO..., 1938, p.1). Esse tipo de relacionamento frutificou: três anos após, o jornal local noticia diversas solenidades que se realizaram em “[...] comemoração ao dia consagrado do trabalho [...], organizadas pelos Sindicatos Reunidos e sob o alto patrocínio da prefeitura municipal.” (CORREIO..., 1941, p.1). Na época, os chamados Sindicatos Reunidos agrupavam, no município, os trabalhadores de cinco setores (metalúrgico, têxtil, de energia, madeireiro e de couros). Observando-se os sobrenomes dos respectivos presidentes, é notável que todos apresentem origem imigrante (Toseli, Ganzoto, Mazzei, Perez e Piva).

Desse modo, é lícito se supor que, no caso dos sindicatos, a armadura institucional promovida pelo regime imposto por Vargas credenciou novos indivíduos, antes absolutamente desprezados pela política local, a tomarem

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contato (em boa medida orientados pelos prefeitos) com as questões da administração municipal. Tal movimento obviamente não se restringiu à esfera sindical, mas a todo o aparato institucional comandado a partir do governo federal e dos interventores no estado. É paradigmático, a esse respeito, o caso de Antonio Massei, em São Carlos. Filho de uma família de im igra n t es it a lia n os h u m ildes qu e h a bit a va a zon a ru ra l, Ma ssei empregou-se ainda muito jovem na prefeitura. Com o tempo, tornou-se Chefe da Recebedoria e em 1945 assumiu também o cargo de tesoureiro da Legião Brasileira de Assistência (LBA), criada, em 1942, com o objetivo de amparar as famílias dos soldados brasileiros. Ao longo de sua longa carreira política, iniciada com a redemocratização, Massei elegeu-se prefeito do município em 1952, 1964 e 1977, permanecendo no cargo por nada mais nada menos do que 15 anos.

Para os que cultivavam suas origens étnicas em associações, muito freqüentes até bem entrados os anos 30, os tempos não foram muito fáceis, uma vez que o Estado Novo logo tratou de liquidá-las, proibindo na prática seu funcionamento, sob a alegação de banir as ideologias políticas trazidas de fora. Em 21 de abril de 1938, o Correio de São Carlos já noticiava:

Proíbe-se em nosso pa ís qu e esses elementos cu ltivem a s idéia s políticas de suas pátrias, contribuindo, desse modo, para acentuar as dissensões nas colônias. Igualmente ficam vedadas manifestações nesse ca rá t er, em reu n iões p ú b lica s ou p riva da s, n ã o p oden do n en h u m a sociedade estrangeira ostentar bandeira ou exibir uniforme, distintivos ou qualquer outros símbolos de caráter partidário. A imprensa estrangeira fica sujeita à censura, vedando-se comentários de ordem política, mesmo que seja exclusivamente referente à situação de seus respectivos países. As escolas mantidas pelos estrangeiros ficam sob direta fiscalização do governo. As sociedades estrangeiras só serão permitidas de funcionar se fundadas ou mantidas para fins culturais, recreativas e de assistência. As reuniões dessas sociedades só poderão ser realizadas com autorização prévia e fiscalização da autoridade competente. O decreto culmina penalidades, entre as quais a da expulsão para os estrangeiros que não acatarem, devidamente as disposições dessa lei. (CORREIO..., 1938 apud COSTA, 2001, p.601).

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J á vã o lon g e a q u e le s d ia s e m q u e n os s a p op u la ç ã o, n ã o compreendendo o quanto se deve a essa massa produtora, interpretava a palavra sindicato como um núcleo de terríveis anarquistas. O operariado en con t ra h oje a qu i u m a m b ien t e a colh edor e, a m p a ra do p or u m a organização modelar, que constitui um dos melhores frutos da política socia l do a tu a l govern o, será sem pre pa ra a n ossa terra u m fa tor de ordem e progresso. (CORREIO..., 1938 apud TRUZZI, 2000, p.771).

Em dezembro, outro periódico na cidade anunciava o encerramento das atividades do Clube Oriental, associação representativa da colônia sírio-libanesa em São Carlos (A CIDADE, 1938 apud COSTA, 2001, p.63). Para os italianos, possivelmente com maior capacidade de resistência porque mais numerosos, a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial sepultou o destino de suas associações. Em São Carlos, dois meses após Getúlio romper as relações diplomáticas com a Alemanha, a Itália e o Japão, em janeiro de 1942, foram fechadas a Sociedade Vittorio Emanuelle III e a Organização Nacional Desportiva (OND), de inspiração integralista, sob os argumentos de que esta última era uma sociedade criada sob o Regim e Fa scist a , en qu a n t o a prim eira era con sidera da u m clu be puramente de jogos, sob a farsa de organização regular (CORREIO..., 1942 apud COSTA, 2001, p.64).

Assim, o período estadonovista, ao mesmo tempo em que adotou uma ideologia nacionalista forte, que limitou severamente as atividades de associações de estrangeiros (e em boa parte dos exemplos impediu seu funcionamento), foi também fértil em oferecer oportunidades nos níveis básicos (do município) da estrutura burocrática em gestação, coordenada pelo poder central. Aos poucos, esses novos elementos foram ocupando ca rg os e se con st it u in do com o in t erlocu t ores a t ivos, m a is t a rde representantes de interesses legítimos na política local.

5 Do clie nte lism o corone lista ao clie nte lism o de Estado

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partilha dos impostos que seriam transferidos dos estados aos municípios: a) impostos de licenças; b) imposto predial e territorial urbano; c) imposto sobre diversões públicas; d) taxa sobre serviço, excluindo o imposto cedular sobre a renda dos imóveis rurais que estava contemplado na Constituição de 1934. Isso significou uma maior independência financeira, num processo de centralização, colocando trunfos nas mãos dos prefeitos nomeados vis-à-vis os proprietários da terra.

O clie n t e lism o d e Est a d o d e it a su a s ra íze s n o n íve l loca l n ã o o b s t a n t e a r e fo r m a c e n t r a liz a d o r a d o E s t a d o . Mu d a n ç a s sign ifica tiva s n o período estu da do podem ser m elh or com preen dida s se observa rm os a t ra n siçã o n o t ipo de esqu em a clien t elist a vigen t e. Em 1936, em b ora a m a ioria dos verea dores e p refeit os eleit os a in da fosse oriu n da da s elit es t ra dicion a is da Rep ú b lica Velh a , in dica n do u m a rein t eg ra çã o da velh a ordem a o n ovo sist em a p olít ico, n ã o h á com o n ega r o fa to de qu e n o período in icia l, 1930-1934, fora m cria dos vá rios in st ru m e n t os p a ra o a ce sso de im ig ra n t e s à p olít ica . E e ssa a b e rt u ra os t rou xe à a re n a p olít ica com o in t e rlocu t ore s d a s e lit e s dom in a n t es e even t u a lm en t e serviu de t ra m polim pa ra su a en t ra da n a elit e p olít ica .

Qua dro 2 Qua dro 2Qua dro 2 Qua dro 2

Quadro 2 – Eleições Municipais de 1936 e imigrantes eleitos

* Em Ara ra qua ra o prefeito eleito, J osé Ma ria Pa ixã o, era descendente de portugueses.

Em b ora o n ovo sist em a sob a égide do b in ôm io in t erven t oria s-DASP n ã o t e n h a im p e d id o in ic ia lm e n t e a r e c om p os iç ã o d a s oliga rqu ia s est a du a is e m u n icip a is n u m cert o gra u , é lícit o a firm a r q u e t a l re com p osiçã o loca l se e fe t ivou sob a clá u su la d e su a sim u ltâ n ea vin cu la çã o a o sistem a bu rocrá tico govern a m en ta l qu e se m on ta va e qu e se firm ou com o regim e do Esta do Novo. Em a m bos os pla n os, n o da ideologia e n o da forma çã o con creta de u m n ovo pa drã o

Vereadores Cidade

Italianos Portugueses Suíço

Total de vereadores eleitos

Araraquara* 1 13

São Carlos 2 1 1 13

Ribeirão Preto 1 1 13

São José do Rio Preto 1 13

Bauru 1 1 11

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in st it u cion a l, deu -se u m a n ova in flexã o a o desen volvim en t o polít ico bra sileiro cria n do-se u m pa drã o coopt a t ivo ba sea do n a s ben esses do Est a do. Polít icos t ra dicion a is, fa cções p a rt idá ria s n ova s, set ores de cla sse m édia m ob iliza dos p olit ica m en t e, t odos cedo recon h ecera m qu e su a s cha nces de sobrevivência e de a scensã o política residia m no a cesso privilegia do a os ben efícios ga ra n t idos pela s n ova s est ru t u ra s bu rocrá tica s.

As elit es p olít ica s, n ova s e velh a s, p a ssa ra m a se a lim en t a r indistinta mente de u m “clientelismo de esta do”, fa zendo dele u ma estratégia de aquisição e consolidação de poder. Esse processo, como argumentam vários autores, teria profunda significação na formação de vários partidos no pós-45.

O regime que surge da democratização de 1945 não desmantelou a estrutura institucional montada no período de 1930-1945. Segundo Souza (1976, p.105-106),

[...] o advento do pluralismo partidário, de eleições diretas e o retorno à sep a ra çã o form a l dos p oderes do Est a do, det erm in a dos p ela Ca rt a Con st it u cion a l de 1946, fora m su perpost os ou a copla dos à est ru t u ra a n terior, m a rca do pelo sistem a de in terven toria s, por u m a rca bou ço sindical corporativista, pela presença de uma burocracia estatal detentora de importante capacidade decisória.

A rede de interventores e prefeitos nomeados vai se constituir na base para a estruturação do sistema partidário e das lideranças políticas que surgiram neste período, fortalecendo o clientelismo. O aparelho estatal conta com recursos para a montagem da máquina partidária. Os partidos nacionais PSD e PTB são exemplos da utilização destes recursos.

Contudo, em São Paulo não há exemplo mais nítido de utilização da estrutura das interventorias para a reorganização partidária posterior do que o de Adhemar de Barros e a fundação do Partido Social Progressista (PSP).

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O novo interventor passou assim a construir sua própria máquina política em lugar de prestigiar as correntes já estabelecidas.

Com esse objetivo, Adhemar demitiu todos os prefeitos do estado, nomeando para seus lugares elementos jovens, muitos dos quais sem qualquer ligação com o PRP e, às vezes, vinculados a grupos rivais a esse partido. Ao mesmo tempo, impôs um estilo dinâmico de administração, realizando obras públicas de grande porte, como a eletrificação da Estrada de Ferro Sorocabana e a construção das rodovias Anhanguera e Anchieta, esta última de proporções gigantescas para a época. (BELOCH; ABREU, 1984, p.317).

A nomeação de elementos jovens, muitos dos quais sem qualquer liga çã o com o PRP, foi o p rim eiro p a sso de u m a t en dên cia qu e com o t e m p o só iria se con solid a r: a re n ova çã o d a s e sfe ra s p olít ica s m u n icipa is, opera da por elem en t os recru t a dos a pa rt ir de u m a ba se socia l m a is a m p la , q u e p a ssou a in clu ir in d ivíd u os d e orig e m im ig ra n t e, em la rg a m edida descon sidera dos a n t eriorm en t e p elos qu a dros perrepist a s.

A administração de Adhemar, além de se fortalecer na capital com a notável remodelação urbana empreendida por Prestes Maia, prefeito da capital por ele nomeado, tampouco descuidou do interior. E é aí que podemos visualizar com maior nitidez o notável esforço de montagem de sua máquina clientelista.

A a ssist ê n cia a o in t e rior t a m b é m foi d in a m iza d a a t ra vé s d o Departamento de Municipalidades, órgão diretamente subordinado ao interventor, que abriu créditos especiais para obras de saneamento e implantou um sistema de financiamento mais flexível para as prefeituras, com menores taxas de juro. As obras realizadas com o apoio do governo eram sistematicamente inauguradas com festividades em que Ademar entrava em contato direto com a população local, o que contribuiu para a firm a r su a im a gem de a dm in ist ra dor ou sa do e polít ico a t en t o a os problemas do povo humilde. Essa imagem foi cuidadosamente alimentada através da utilização da máquina administrativa do estado, dos prefeitos nomeados e de uma ativa política de propaganda que chegou a utilizar o cinema, como na série de documentários intitulada O bandeirante na tela. Além disso, todas as noites, às 19:00h, o interventor fazia pelo rádio a ‘Palestra ao pé do fogo’ destinada especialmente ao povo do interior. Segundo Mário Beni, Ademar ‘tinha aquela conversa de caboclo franco... Não era discurso inflamado, não... falava errado até’. (BELOCH; ABREU, 1984, p.317, grifo do autor).

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qu e os n ovos p a rt idos e a s lidera n ça s p olít ica s n os vá rios n íveis de g ove rn o, d e p e n d e sse m ca d a ve z m e n os d os ve lh os coron é is p a ra serem bem su cedidos n os m u n icípios do in t erior pa u list a , a n a lisa dos n a pesqu isa . As ben esses est a t a is, o clien t elism o a dvin do do “Est a do ca rt oria l” (J AGUARIBE, 1950) a lia d os in t im a m e n t e a o id e á rio “p o p u lis t a - t r a b a lh is t a ” s e d im e n t a r a m - s e c o m o r e c u r s o s org a n iza cion a is d e g ru p os p olít icos e p a rt id os e su b st it u íra m os c or on é is c om o á r b it r os s u p r e m os d a vid a p olít ic a d a r e g iã o in t eriora n a a n a lisa da .

Parece não haver muitas dúvidas de que o ideário modernizador e cen tra liza dor da Revolu çã o de 30, qu e in spira va a reform u la çã o da estru tu ra decisória do pa ís, fez su rgir u m a pletora de n ovos postos de poder burocrá tico-a dministra tivo nos municípios. Seus ocupa ntes – a í in clu ídos pa rcela s de descen den tes de im igra n tes – fizera m va ler ta is t ru n fos n a lu t a pelos m a n da t os elet ivos qu e en t ã o se m ost ra ra m disponíveis com a democratização em 1945. Podemos dizer que durante os 15 anos (1930-1945) do poderio de Vargas foram atiradas, em terreno fértil, as sementes de um processo que pode ser chamado de “clientelismo de esta do”, qu e veio a forma r a s ba ses dos pa rtidos cria dos pós-45, em especia l o PSD, o PTB, o PSP (com a n da do por Adem a r de Ba rros) e o Partido Trabalhista Nacional (PTN – versão e ramo do PTB, dirigido por Hugo Borghi).

Nossa conclusão é a de que a entrada de descendentes de imigrantes na política em municípios do interior paulista deve contemplar – a par das explicações mais comumente mencionadas na literatura, como maior urbanização, ampliação do número de votantes, perda de poder político das oligarquias rurais e mobilidade econômica e social ascendente dos imigrantes – um elemento estrutural que realça um novo ordenamento institucional na esfera pública capaz de acolher novos estratos sociais. Esses novos representantes, egressos de camadas antes alijadas da política formal, logo passarão a construir suas carreiras com interesses próprios e a efetivamente atuar e não raro monopolizar a política local.

SOUZA, M. C. C.; KERBAUY, M. T. M.; TRUZZI, O. M. S. From t h e “coronel’s” clientelism to the State’s clientelism: the rise of immigrants in the politics of Sã o Pa u lo sta te’s inla nd. Perspectiva s, Sã o Pa ulo, v.26, p.11-34, 2003.

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descendents in the institutional political activity in the region know n as “oeste paulista” (w est of São Paulo state). This process may be an indicator of the relations of resistance or of approach betw een the immigrants and t h e loca l t ra dit ion a l elit es. Besides, it cou ld b e a key elem en t in t h e compreh en sion of th e process of overcomin g th e colon els system in th e state of São Paulo, w hat contributed to the ascension of a new bourgeois fraction and the advent of populism.

!KEY-WORDS: Immigrants; “clientelismo coronelista”; State’s “clientelismo”; mobility; local political elites.

Re fe rê ncias

BELOCH, I.; ABREU, A. A. Dic ion á r io h is t ór ic o-b ib liog r á fic oDic ion á r io h is t ór ic o-b ib liog r á fic oDic ion á r io h is t ór ic o-b ib liog r á fic oDic ion á r io h is t ór ic o-b ib liog r á fic oDic ion á r io h is t ór ic o-b ib liog r á fic o bra sileir

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bra sileiro (1930-1983)o (1930-1983)o (1930-1983)o (1930-1983)o (1930-1983). Rio de J aneiro: Forense Universitária, 1984. CARVALHO, J . M. de. Estudos do poder local no Brasil. Revista BrasileiraRevista BrasileiraRevista BrasileiraRevista BrasileiraRevista Brasileira de Estudos Políticos

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