• Nenhum resultado encontrado

O que a eleição municipal de 2016 está pondo à prova

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "O que a eleição municipal de 2016 está pondo à prova"

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

Fundação Getulio Vargas Veículo: Nexo Jornal - SP Data: 01/10/2016 Tópico: DAPP Página: 00:00:00

O que a eleição municipal de 2016 está pondo à prova Clique aqui para ver a notícia no site

Campanhas pelo país e perfil das candidaturas refletiram os efeitos do veto a doações empresariais, da redução do tempo de propaganda e da crise política nacional. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil -07.10.2012 Santinhos de candidatos nas ruas de Luziânia, em Goiás Os brasileiros vão às urnas neste domingo (2) escolher prefeitos e vereadores após uma campanha eleitoral municipal mais curta e mais barata do que as anteriores, além de marcada pela desconfiança do eleitor em relação à política

tradicional. Não à toa, candidatos que adotaram a frase “não sou político”, ou a variação “não sou político profissional”, se tornaram comuns nas disputas realizadas nas mais de 5.500 cidades do país. 33.520 é o número total de candidaturas a prefeito e a vice nas 5.568 cidades onde haverá eleição 463.376 é o número de candidatos a vereador no país O avanço da Operação Lava Jato, maior operação contra a corrupção já realizada no país, além de uma crise política que levou ao impeachment da presidente da República compõem esse cenário inédito. Temas que marcaram estas eleições Sem doações de

empresas e teto de gastos As medidas aprovadas na minirreforma eleitoral de 2015 tinham por objetivo inibir a influência do poder econômico e o desequilíbrio da disputa em favor dos candidatos que atraem mais recursos. Esperava-se também baratear as campanhas, que passaram a ter o custo limitado pela Justiça Eleitoral. Até a manhã de sexta-feira (30), o total arrecadado foi R$ 2,4 bilhões. Em 2012, em todo o pleito, os partidos declararam gastos de R$ 4,6 bilhões (em valores não corrigidos pela inflação). Tempo de campanha menor Candidatos tiveram 45 dias, e não mais 90 dias, para fazer campanha na rua. O tempo para pedir votos e apresentar propostas no rádio e na TV também foi reduzido de 45 para 30 dias. O programa eleitoral passou de 20 minutos para 10 minutos. Candidatos a prefeito de partidos pequenos, como PSOL e Rede, tinham em média de 15 segundos no horário eleitoral. Já os filiados a partidos maiores ou que formaram grandes coligações, atingiram em média 3 minutos. Crise política A campanha coincidiu com a mais aguda crise política, permeada pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, concluído em 31 de agosto. Foi um processo marcado por dezenas de protestos nas ruas, em especial nas capitais. A Lava Jato, outro componente da crise política, deflagrou 13 das 35 fases da operação entre janeiro e setembro de 2016. Os reais impactos desses três temas serão conhecidos somente após os resultados da votação do primeiro turno. Mas já é possível verificar como aquelas mudanças e o contexto nacional influenciaram as campanhas e a busca pelo voto. Empresa não doou, mas empresário sim Sem empresas, o dinheiro para as campanhas veio de doações de pessoas físicas e do Fundo Partidário (dinheiro público dividido entre as legendas). A uma semana das eleições, apenas 0,16% (229 mil) dos eleitores brasileiros deram dinheiro a candidatos de todo o país. Os dados parciais das prestações de contas indicam que, a despeito do veto a empresas, foram os donos ou

representantes delas os principais responsáveis pelo total doado. No Rio, pesquisa feita pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), revelou que entre os 59 principais doadores, 58 eram associados a grandes empresas. Em entrevista ao jornal “O Globo”, Natalia Maciel, uma das pesquisadoras responsáveis, afirmou que esses números mostram que as novas regras não diminuíram a influência do poder

econômico. 40% das doações declaradas vieram de pessoas físicas, incluindo as feitas pela internet, até a manhã de 30 de setembro A concentração fica mais evidente quando se observa que somente 1% daqueles 229 mil doadores responderam por quase 25% de todo o valor contribuído, segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”. Ou seja, poucos doaram muito e somente para algumas campanhas. Até sexta-feira (30), 3.239 candidatos a prefeito não receberam nada de pessoas físicas. É o equivalente a 19% do total de candidaturas. Entre os vereadores, os sem doações chegam a 41%. No Congresso, parlamentares já discutem a possibilidade de rever a proibição a doações e o tema deve voltar ao debate político em breve. Vantagem de candidatos ricos O veto a doações empresariais causou ao menos dois efeitos: fez

(2)

com que candidatos usassem recursos próprios e/ou com que os partidos bancassem boa parte das campanhas. Em 2016, os políticos puderam se autodoar à vontade. A regra favoreceu aqueles com maior patrimônio. Eles aparecem entre os 20 maiores doadores, de acordo a “Folha de S.Paulo”. As

autodoações representam cerca de 40% do total doado. Com menos dinheiro e com uma campanha menor, a máquina partidária teve papel fundamental nestas eleições. Grandes partidos, como PMDB, PT e PSDB, ou coligações numerosas, além de terem fatia maior do Fundo Partidário (recurso público destinado às siglas), contam com maior tempo do horário eleitoral de rádio e TV. Maior exposição, em geral, deixa esses candidatos em condição mais vantajosa. Aqueles dois efeitos sinalizam que tanto o veto a doações quanto à redução da campanha não tornaram a disputa mais equilibrada, como se esperava. “Muito embora tenha havido redução do custo, a redução [do tempo de campanha] acabou favorecendo candidatos que já têm poder político. E aqueles que já são conhecidos do eleitor. Isso acaba prejudicando a renovação da classe política” Admar Gonzaga ministro do Tribunal Superior Eleitoral, em entrevista ao Nexo O cálculo para teto de gastos também teve resultado controverso porque revelou distorções. Candidatos de cidades com menos eleitores puderam gastar até duas vezes mais que políticos de grandes cidades. Imagem de partidos e dos políticos em xeque Foto: Júnia

Garrido/Flickr/alexandrekalil Alexandre Kalil, ao centro, faz caminhada em campanha pela prefeitura O processo de impeachment e os sucessivos escândalos de corrupção ampliaram o descontentamento do eleitor com a política e causaram reflexos na campanha municipal, na avaliação de cientistas políticos. Ficou mais evidente, por exemplo, a presença de candidatos que se apresentam como “não políticos” ou cuja força não está atrelada a partidos. Casos por exemplo do empresário João Doria (PSDB) e até mesmo do atual prefeito Fernando Haddad, candidato à reeleição, que diversas vezes disse que não era “um político tradicional” em entrevistas e nas propagandas. Em Belo Horizonte, o slogan do candidato Alexandre Kalil (PHS) é “chega de político”. Deixar os partidos em segundo plano foi a estratégia de muitas campanhas na tentativa de vencer o mau humor do eleitor, principalmente em um contexto em que os candidatos tinham menos tempo para conquistar votos. Ainda não é possível dizer se esse tipo de discurso será bem-sucedido nas urnas, mas ele demonstrou contar com a simpatia de parte do eleitorado, ao menos segundo as pesquisas de intenção de voto. PT enfraquecido e o futuro em jogo Estiveram entre os alvos das 13 fases da Lava Jato realizadas ao longo de 2016 ex-ministros dos

governos Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, e o próprio ex-presidente, que se tornou réu em duas ações penais. A operação da Polícia Federal, somada ao impeachment de Dilma em agosto, foram

determinantes para o PT ser o partido mais afetado pela crise política. O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci foi preso seis dias antes da votação. O reflexo apareceu já na redução do número de

Referências

Documentos relacionados

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Como já destacado anteriormente, o campus Viamão (campus da última fase de expansão da instituição), possui o mesmo número de grupos de pesquisa que alguns dos campi

A tem á tica dos jornais mudou com o progresso social e é cada vez maior a variação de assuntos con- sumidos pelo homem, o que conduz também à especialização dos jor- nais,

A motivação para o desenvolvimento deste trabalho, referente à exposição ocupacional do frentista ao benzeno, decorreu da percepção de que os postos de

Este estudo apresenta como tema central a análise sobre os processos de inclusão social de jovens e adultos com deficiência, alunos da APAE , assim, percorrendo

nesta nossa modesta obra O sonho e os sonhos analisa- mos o sono e sua importância para o corpo e sobretudo para a alma que, nas horas de repouso da matéria, liberta-se parcialmente

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de