uma avaliação por meio do efeito fronteira
Sérgio Leusin Jr.
Professor de Economia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
André Filipe Zago de Azevedo
Professor do Mestrado em Economia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.
Marcos Tadeu Caputi Lélis
Professor do Mestrado em Economia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Resumo
O Rio Grande do Sul tem se notabilizado pe lo elevado volume de suas exportações, sendo atualmente o terceiro maior estado exporta dor brasileiro. Este artigo busca examinar o viés exportador do estado através do chama do “efeito fronteira” para o período 19972002. Esse efeito foi estimado empiricamente, utili zandose dados agrupados e dados em painel, em um modelo gravitacional com os 27 esta dos brasileiros e 40 países. Os resultados apon tam para a inexistência de um viés de comércio para os demais estados brasileiros; portanto as fronteiras nacionais não representariam custo maior para as exportações do Rio Grande do Sul em relação aos demais estados. Possíveis causas da inexistência do viés doméstico de comércio do Rio Grande do Sul podem estar relacionadas à maior proximidade geográfica do estado com outros países, principalmente os do Mercosul, às preferências comerciais ga rantidas pelo bloco, bem como ao perfil de suas exportações, baseadas principalmente em produtos primários.
Abstract
Rio Grande do Sul is one of the most
important states in terms of exports in Brazil, and is currently the third largest exporter. This paper examines the export bias of the
state through the so-called border effect in the period 1997-2002. This effect, defined as the negative impact of national borders on trade volumes, was estimated empirically, using a gravity model with both pooled and panel data with all 27 Brazilian states and 40 countries. The results suggest that borders do not represent an additional cost to the state’s international trade. Possible explanations for the absence of the border effect are related to the proximity of Rio Grande do Sul with other countries, especially those from MERCOSUR, to the trade preferences granted by the bloc and to the state’s export profile, based on primary products.
Palavras-chave
efeito fronteira, modelo gravitacional, integração regional.
Classificação JEL R12, R15, F15.
Key-Words
Border Effect, Gravity Model, Regional Integration
1_Introdução
As fronteiras nacionais parecem estar per dendo relevância, na medida em que o pro gresso tecnológico tem diminuído signifi cativamente os custos de transporte e de comunicação nas últimas décadas. Além disso, as barreiras tarifárias e não tarifárias têm sido reduzidas multilateral e preferen cialmente, desde que um número cada vez maior de países tem se engajado nas nego ciações da Organização Mundial de Co
mércio (OMC) e na formação de blocos
econômicos.1 Tal aumento da integração
econômica internacional, que tem levado os fluxos de comércio a crescer mais rapi
damente que o PIB dos países, confirma
ria essa impressão.2
Conforme destaca Frankel (1997),
é usualmente aceito que, em termos de comércio internacional, o mundo está ficando cada vez menor. Alguns econo mistas chegam a concordar com Ohmae (1990), que afirma que as fronteiras na cionais teriam desaparecido efetivamente.
Ou, ao menos, que o impacto negativo das fronteiras nacionais sobre o volume de comércio, o chamado “efeito frontei ra”, teria sido dramaticamente reduzido. Ou seja, o processo que se convencionou chamar de “globalização” estaria tornan do menores os custos associados ao co mércio internacional, que não seriam ob servados no comércio intranacional.
Esses custos podem ser inerentes à diferença de gosto entre as populações, que, por sua vez, pode ser originada pela diversidade de renda per capita entre as economias, ou ainda, por diferenças na língua e na cultura, ou de política comer cial. Em relação ao processo de homoge neização cultural e econômica promovi do pela globalização, Baldwin e Martin
(1999) destacam a significativa redução
dos custos de transportes e comunicação como fatores determinantes para o vigor apresentado no crescimento das exporta
ções mundiais na história recente.3
1 Segundo Rodriguez (2007), a
tarifa média das importações mundiais, entre 1990 e 2002, passou de 10,5% para 6%, e o grau de abertura mundial, de 75,2% para 86,8%. O grau de abertura é mensurado mediante a razão entre a soma das exportações e a das importações pelo PIB.
2 Segundo dados da OMC
(2010), nos 25 anos após a 2ª
Guerra Mundial, o comércio mundial cresceu em média
8% ao ano, ao passo que o crescimento econômico mundial foi em média de
5% ao ano.
3 Bairoch (1989) apud Baldwin
e Martin (1999) observou que, em 1830, o custo de transporte do ferro e do trigo, por exemplo, representava, respectivamente, 92% e 79%
do custo de produção desses bens, caindo para 19% e
O modelo gravitacional tem sido o principal instrumento utilizado pela lite ratura para medir esse viés doméstico do comércio ou efeito fronteira (por exem
plo, McCallum, 1995; Silva et al., 2007).
A equação gravitacional controla os fa tores que determinam o fluxo bilateral
de comércio, incluindo PIB e distância,
além de um conjunto de variáveis eco nômicas, geográficas e culturais, permi tindo estimar o efeito fronteira, por meio de uma variável dummy, que captaria o impacto adicional de comércio específi co ao par de estados/países. McCallum
(1995) foi o precursor a estimar o impac
to das fronteiras no padrão de comércio de dois países contíguos. O autor veri ficou que, mesmo para países com ren da semelhante e integrantes de um acor do de livre comércio, como é o caso dos
EUA e do Canadá, as barreiras nacionais
ocasionaram grande viés doméstico dos fluxos de comércio entre esses países. O efeito fronteira existente entre o Canadá
e os EUA, em 1988, revelou que o comér
cio entre duas províncias canadenses se
ria 22 vezes maior que o comércio entre
uma província e um estado dos Estados
Unidos. Silva et al. (2007), por sua vez,
buscaram medir a magnitude do efeito fronteira para o Brasil. Os resultados en contrados mostraram que o comércio en
tre dois estados brasileiros, em 1999, era
37 vezes maior que o comércio interna
cional desses estados.
Dessa forma, podese argumentar que, mesmo ocorrendo um processo de in tegração internacional, o Brasil ainda apre sentaria elevado impacto de suas fronteiras no comércio internacional. Um aspecto im portante do efeito fronteira para as regiões brasileiras é que a sua magnitude mostra va riação extremamente elevada entre as regiões, sendo significativamente maior nas regi ões Norte e Nordeste, em relação às regi ões Sul e Sudeste (por exemplo, Daumal;
Zignago, 2005; Leusin Jr.; Azevedo, 2009).
Nesses trabalhos, a Região Sul apresentou o menor viés doméstico de seus fluxos co merciais, indicando o maior grau de aber tura dessa região para o exterior. Tais re sultados vão ao encontro da magnitude do
grau de abertura1 dos estados da Região Sul
encontrados por Souza (2003), em que o
Rio Grande do Sul (22,2%), Santa Catarina
(20,5%) e o Paraná (19,2%) figuram, respec tivamente, como terceiro, quarto e sétimo no ranking brasileiro com maior grau de
abertura para o período entre 1991 e 2000.
Este artigo tem como objetivo prin cipal, portanto, mensurar a magnitude do efeito fronteira para o estado do Rio Gran
de do Sul, para o período 19972002, o úni
co estado com informações consolidadas disponíveis para o comércio interestadu al no país. Está dividido, além desta in 4 Grau de abertura mensurado
trodução, em três seções. Na seção 2, são apresentados os resultados empíricos en contrados na literatura econômica sobre o efeito fronteira, baseados no modelo gravitacional, com ênfase nos trabalhos que estimaram o efeito fronteira no Bra
sil. Na seção 3, são mostrados os dados, a
abordagem econométrica e os resultados do efeito fronteira, estimados mediante o modelo gravitacional, para o estado do
Rio Grande do Sul, para o período 1997
2002. A seção 4 aponta as conclusões.
2_O efeito fronteira
A maior integração econômica entre os países tem criado uma imagem que as fronteiras nacionais estariam perdendo relevância até o ponto de se tornarem ir relevantes, ou seja, para um estado de um país, seria indiferente exportar para outro estado do próprio país ou para o exterior, controlandose para as variáveis econô micas, geográficas e culturais que deter minam o comércio internacional. Nesse
contexto, a partir da década de 1990, co
meçou a surgir uma série de estudos que buscou, por meio do modelo gravitacio nal, mensurar e analisar o impacto das fronteiras sobre o padrão de comércio in ternacional e intranacional (McCallum,
1995; Helliwell, 1998; Hidalgo; Vergolino,
1998; Nitsch, 2000; Anderson; Wincoop,
2003; Daumal; Zignago, 2005; GilPareja
et al., 2005; Silva et al., 2007).
Graças a sua capacidade de explicar os fluxos bilaterais de comércio, o mode lo gravitacional tem sido bastante utiliza do para mensurar o viés doméstico dos fluxos de comércio, ou seja, medir qual é a intensidade do viés de comércio in tranacional visàvis o comércio interna cional ou o efeito fronteira internacio nal. Para tal propósito, são introduzidas
dummies que assumem valor igual a 1
(um), quando o comércio é entre esta
dos/províncias de um mesmo país, e 0
(zero), quando o comércio é internacio nal. Desta forma, encontrase o coefi ciente que mede o tamanho do viés de comércio entre os estados de um país comparativamente com o comércio ex terno. O viés doméstico pode ser causa do por uma série de fatores, tais como a preferência dos consumidores por pro dutos nacionais e a política comercial ex
terna do país.5
O trabalho inicial devese a Mc
Callum (1995), que utilizou dados de
1988 de exportações entre as províncias
do Canadá e os estados dos Estados Uni dos, com o objetivo de comparar o co mércio intranacional do Canadá com as exportações daquele país para os Estados Unidos. Dessa maneira, o autor buscou mensurar o tamanho do viés doméstico
5 Este coeficiente também
existente no Canadá, quando os fluxos de comércio entre as províncias são com parados com o comércio entre províncias e estados americanos de similar tamanho e distância. Para tanto, o autor selecio
nou 10 províncias canadenses e 30 esta
dos norteamericanos, que seriam os 20
estados mais populosos, mais todos os es tados americanos que fazem divisa com
o Canadá.6 Assim, sua amostra era com
posta de 690 observações (90=10x9, refe
rente ao comércio interprovíncias, mais
600=10x30x2, referente ao comércio en
tre províncias do Canadá e estados ame
ricanos).7 Desta forma, a regressão esti
mada pelo autor, através de Mínimos
Quadrados Ordinários (MQO), foi:
(1)
6 Segundo o autor, a amostra
dos estados americanos (30
estados) correspondia a 90%
do comércio do Canadá com os EUA, no período examinado.
7 Em sete casos, não havia
registro de comércio, deixando a amostra final com 683 observações.
LnX
ij=
β
0+
β
1LnY
i+ +
β
2LnY
j+
β
3LnDIST
ij+
β
4Dummy
ij+
ε
ij8 Em que:
β1 = 1,21 (0,03),
β2 = 1,06 (0,03),
β3 = 1,42 (0,06) e
β4 = 3,09 (0,13). Os valores entre parênteses se referem ao erro padrão dos coeficientes estimados (R2=0,811).
9 Como a equação é estimada
em logs, o coeficiente associado a qualquer variável dummy é: [exp(coeficiente da dummy)], ao passo que o percentual equivalente é: [(exp(coeficiente da dummy)1) x100].
onde:
Xij: exportações nominais do país i
para o país j;
Yw: PIB nominal dos países i e j;
DISTij: distância entre os países i e j;
Dummyij: assume o valor de 1 no ca
so de exportações intraprovíncias do Canadá e zero para exportações de províncias canadenses para estados norteamericanos;
β
0atéβ
4 são parâmetrosque se esperam que tenham,
à exceção de
β
3, sinal positivo;ε
ij : erro.Os resultados8 encontrados evidenciam
forte viés doméstico dos fluxos de comér cio canadense. O autor observou, por in termédio do modelo gravitacional, que o comércio entre duas províncias do Cana
dá seria 22 vezes superior ao comércio en
tre províncias canadenses e estados ameri
Com base nesse resultado, seria possível afirmar que as fronteiras nacionais conti nuariam sendo um obstáculo importan te para os fluxos de comércio internacio nais. Tais resultados mostram não apenas a importância das fronteiras para o co mércio, mas constituem um desafio para algumas hipóteses comumente feitas so bre a importância do comércio interesta dual e internacional, tornando questio nável a possibilidade do ajustamento de preços através da arbitragem internacio
nal.10 Além disso, devese ressaltar que o
resultado é no mínimo paradoxal, uma
vez que Canadá e EUA são países com
culturas de consumo semelhantes, com partilham uma fronteira seca e já haviam firmado alguns acordos bilaterais de co
mércio entre si, em 1988.
Estendendo os resultados apresen tados acima e utilizando a mesma equa
ção de McCallum (1995), Helliwell (1998)
questiona qual o padrão de comércio de Quebec (província canadense) comparan do com outras províncias do país. Os re sultados, baseados em dados revisados pa
ra 1988, 1989 e 1990, em uma abordagem
por MQO, mostram que, enquanto uma
província típica comercializa 20 vezes mais
com outras províncias do que com os esta dos americanos de semelhante tamanho e distância, para Quebec o múltiplo é ainda
maior, isto é, 26 vezes. Assim, o comércio
entre Quebec e os EUA parece, segundo o
autor e confirmando os resultados de Mc
Callum (1995), uma alternativa menos vi
ável do que o comércio entre Quebec e o resto do Canadá.
Anderson e Wincoop (2003), uti
li zando o modelo gravitacional, revisa ram novamente a relação comercial entre
Canadá e EUA em uma abordagem por
Regressões Aparentemente Não Relacio
nadas (SUR – Seemingly Unrelated
Regres-sions) e encontraram um valor diferente
daqueles obtidos por McCallum (1995)
e Helliwell (1998). Os autores chegaram
a um valor inferior, de 16,4. Além disso,
também estimaram o efeito fronteira pa
ra uma perspectiva dos EUA. O coeficien
te encontrado do viés doméstico para os Estados Unidos foi significativamente in ferior ao encontrado para o Canadá, de
apenas 1,50.
Neste artigo, os autores inovam ao incluir uma segunda série de resultados obtidos com base em uma equação gravi tacional mais elaborada, acrescentando a
distância relativa ponderada pelo PIB das
economias. Para essa nova equação, eles adicionaram variáveis que buscavam cap tar o custo de oportunidade (ou resistên cia multilateral ao comércio) de se estar exportando do estado “i” para o estado “j”, assim como o custo de oportunidade de o estado “j” estar comprando de “i”.
10 A argumentação da
Ou seja, quando um estado “i” comer cializa com o estado “j”, ele está abrindo mão de comercializar com outros estados. Desta forma, essas novas variáveis sugeri das pretendem captar esse efeito, assim como atenuar as distorções ocorridas por estados isolados geograficamente ou sig nificativamente desiguais em suas rendas. Assim, os autores revisaram a equa ção de gravidade usada por McCallum
(1995) e buscaram explicar as razões para
os resultados obtidos. Segundo os autores, dois fatores contribuíram para a obten ção de um viés doméstico tão significati
vo para o comércio CanadáEUA. Primei
ramente, argumentam que o padrão de
comércio do Canadá com os EUA é, em
grande parte, explicado pela reduzido ta manho do Canadá se comparado à eco
nomia dos EUA. Nesse contexto, insere
se tanto a maior diversidade de produtos
existente nos EUA quanto as peculiarida
des culturais e geográficas verificadas nas principais províncias canadenses (movi mentos separatistas em Quebec, isola mento geográfico entre o lado leste e o oeste, etc.). A segunda linha de explica ção para o significativo valor encontrado do viés doméstico de comércio canaden se é a ausência de variáveis que expres sem a resistência multilateral ao comér cio nos modelos que o precederam. De qualquer forma, valendose dos estudos
de McCallum (1995), Helliwell (1998) e
Anderson e Wincoop (2003), podese di
zer que a magnitude do efeito fronteira
entre Canadá e EUA é bastante elevada,
com as províncias canadenses comercia
lizando entre 16 e 26 vezes mais com ou
tras províncias do Canadá do que com estados norteamericanos de similar ta manho e distância.
Para o caso da União Europeia (UE),
também se esperava a priori que o efeito fronteira fosse insignificante, dado que o bloco é uma região profundamente inte grada, tanto domesticamente como inter
nacionalmente. Contudo, Nitsch (2000)
sinalizou o contrário, ao mensurar o im pacto das fronteiras nacionais no comér
cio internacional dos países da UE. Atra
vés do modelo gravitacional, estimado de acordo com uma abordagem por Regres sores Aparentemente não Relacionados
(SUR) com dados dos fluxos comerciais
internacionais e intrabloco para o perío
do compreendido entre 1979 e 1990, o
autor encontrou um viés doméstico igual
a 10. Isso significa dizer que, após con
trolar para as variáveis do modelo gra vitacional, os fluxos comerciais entre os
países integrantes da UE eram 10 vezes
fronteiras regionais para blocos econô micos com elevado grau de integração econômica.
GilPareja et al. (2005) analisaram
o impacto do efeito fronteira na Espa nha mediante um modelo gravitacional com dados do comércio intranacional e
internacional para o período de 1995 a
1998. Os autores buscaram estimar tam
bém o efeito fronteira para cada uma das
17 regiões espanholas. Para tanto, utiliza
ram informações do comércio entre as regiões, assim como o comércio interna
cional de cada região para 27 países da
OCDE. Os resultados indicam que, após
controlar para as variáveis do modelo, as regiões espanholas comercializam cerca
de 22 vezes mais com outras regiões da
Espanha do que com os países da OC
DE. Eles observam que o resultado pa
ra o efeito fronteira da Espanha é seme lhante ao encontrado por McCallum
(1995) e também que o viés doméstico
dos fluxos comerciais varia significativa mente entre as regiões espanholas. Ma dri, por exemplo, no centro do país, co mercializa nove vezes mais com outras regiões espanholas do que com o exte rior; já para Cantabria, no extremo nor
te do país, o viés doméstico é igual a 53.
As ilhas Balearic apresentam o maior im pacto das fronteiras sobre os fluxos de
comércio (59 vezes), seguidas por Extre
madura (42 vezes) e Asturias (41 vezes).
Excluindo esses resultados extremos, po dese observar que o viés doméstico para a maioria das regiões espanholas situase
entre 14 e 30 vezes. Os resultados apre
sentados pelos autores mostram que o viés doméstico, além de não ser neces sariamente uniforme para regiões de um país, pode variar significativamente en tre elas. Segundo os autores, tais resulta dos podem ser explicados pela geografia da Espanha, assim como pelas significa tivas diferenças na estrutura das firmas entre as regiões espanholas.
2.1_O efeito fronteira no Brasil
Alguns trabalhos recentes buscaram esti mar o efeito fronteira para a economia brasileira. O maior problema é a ausên cia de dados referentes aos fluxos comer ciais entre os estados do Brasil, também por vias internas é um importante instru mento para avaliar as relações comerciais entre os estados, bem como o grau de (in) dependência econômica desses. Contudo, a produção sistemática e continuada das informações relativas às operações de co mércio por vias internas é precária ou ine xistente. Segundo Vasconcelos e Oliveira
(2006), existem informações consolida
das para as décadas de 1940, 1960, 1970 e
Silva et al. (2007) analisaram o efei to fronteira para o mercado brasileiro pa
ra o ano de 1999, com base nos dados da
matriz de comércio interestadual obtidas
de Vasconcelos (2001). O modelo utiliza
variáveis como a diferença entre os PIBs
per capita dos estados e dos países, as
sim como uma variável dummy que as
sume o valor unitário no caso da adja cência entre estados brasileiros ou países, e zero, caso contrário. Utilizandose de dados de corte seccional, em um mode lo gravitacional, com todos os estados
brasileiros mais o Distrito Federal e 40
países, os autores encontraram um viés doméstico consideravelmente alto para os padrões observados na literatura eco nômica. Controlando as variáveis “dis tância” e “tamanho” das economias, o viés doméstico dos fluxos de comércio
do Brasil mostrouse 37,7 vezes maior
do que para fora do país. Entre as jus tificativas para um viés dessa magnitu de, os autores citam o baixo grau de substituição entre os produtos domés ticos e estrangeiros e também as gran des barreiras ainda existentes ao comér cio internacional.
Além disso, Moreira e Correa (1997)
sinalizaram que fatores geográficos, como o tamanho do território e a distância em relação aos principais mercados, assim co mo o tamanho da população brasileira,
contribuem para uma baixa internaciona lização dos fluxos comerciais brasileiros. Em todas as estimativas apresentadas aci ma, tanto para Canadá, União Europeia e Brasil, notase ainda a importância das fronteiras nacionais para a determinação dos fluxos comerciais.
Daumal e Zignago (2005) propõem
se a medir o efeito fronteira internacio nal e intranacional para o Brasil, entre os
anos de 1991 a 1999. Para tanto, os autores
utilizam duas dummies, “home” e “Brasil”, onde a primeira capta a preferência dos es tados brasileiros pelo comércio interno, ou seja, entre municípios do mesmo estado, e a segunda dummy capta a preferência pelo comércio entre os estados brasilei ros, e não com o exterior, ou seja, o efeito fronteira internacional. De forma análo ga, podese afirmar que a dummy “home” capta o impacto das fronteiras estaduais – devido a isso chamarse também “efei to fronteira intranacional” – e a variável dummy “Brasil” busca captar a importân cia da fronteira nacional para a determi nação dos fluxos comerciais internacio nais ou efeito fronteira internacional. Os dados utilizados englobam os fluxos co
merciais entre 26 estados brasileiros11 e os
fluxos internacionais de cada estado para
164 países, para 1991, 1997, 1998 e 1999.
Segue abaixo a equação estimada em uma abordagem por efeitos fixos:
11 Os autores não
(2)
áveis “home” e “Brasil” [exp(homebrasil) = hb] para medir o grau de fragmentação interna, ou, no sentido inverso, o nível de integração doméstica. O coeficiente hb captura a preferência dos estados bra sileiros pelo comércio consigo mesmo, e não com os demais estados do Brasil ou com um país estrangeiro. Assim, quanto maior é o valor de hb, maior é o nível de fragmentação doméstica, pois maior de verá ser a porção de comércio intraesta dual da equação. Para a variável “Brasil”, a sistemática é semelhante, isto é, quan to maior o seu valor, menor é a integra ção internacional, e maior é o impacto do efeito fronteira. Desta forma, pode se comparar o engajamento dos estados no comércio doméstico e internacional.
Os resultados para o efeito frontei ra intranacional (dummy “home”) mos
tram que, em 1999, um estado brasileiro,
depois de controlado para as variáveis do
modelo gravitacional, negociava 11 vezes
mais com ele mesmo do que com outra
unidade federativa, enquanto, em 1991,
esse número chegava a 19 vezes. Ou se
ja, com o passar dos anos, teria ocorrido
Ln
X
Y Y
LnDIST
Home
Brasil
E
ij
i j
i j i ij
=
β
0+
β
1+
β
2+
β
3+
β
4+
ε
em que:
Xij: exportações do estado “i” para o pa
ís ou estado “j”;
Yw: PIB nominal dos estados ou países
i e j;
DISTij: distância do estado i ao estado
ou país j;
Home: variável dummy que assume va lor 1 no caso do comércio seja entre ci dades de um mesmo estado (intraesta dual) e zero para o caso do comércio ser interestadual ou internacional;
Brasil: variável dummy que assume va lor 1, caso o comércio seja entre os esta dos brasileiros, e valor zero, em todos os outros casos;
Ei: efeitosfixos de exportação;
β
0atéβ
5 são parâmetros que se esperam que tenham, à exceção de
β
3, sinalpositivo;
ε
ij: erro.redução da preferência comercial intra estadual em benefício do comércio in terestadual no Brasil, mas ele continua ria muito elevado quando comparado ao de outros países. Na tentativa de justifi car esses resultados, os autores apontam alguns de seus possíveis determinantes, tais como alíquotas de tributos internos
(ICMS) não uniformizadas para o comér
cio doméstico, diferenças culturais e na estrutura de suas economias e o padrão das compras governamentais dos esta dos. Para o efeito fronteira internacional (dummy “Brasil”), os resultados são sur
preendentes. Em 1999, o viés doméstico
dos fluxos de comércio, após controlar o tamanho das economias e a distância en
tre elas, é igual a 33, ao passo que, para
o ano de 1991, é de apenas 17.12 Desta
forma, os autores observam que os resul tados apresentados para o Brasil contra riam aqueles esperados de acordo com a literatura econômica. Em um país como o Brasil, engajado no processo global de integração internacional, através da aber tura comercial observada no decorrer da
década de 1990 e a formação do Merco
sul, a partir de 1991, esperavase queda
do efeito fronteira internacional.
Apesar de os autores não terem realizado o cálculo do efeito fronteira por regiões brasileiras, podese deduzi lo valendose dos coeficientes estaduais
do efeito fronteira internacional. Em ge ral, os estados das regiões Sul e Sudeste apresentam os menores custos de frontei ra internacional, ou seja, menores impac tos do efeito fronteira para a determina ção dos fluxos comerciais para o exterior.
Em 1999, o intervalo de variação do co
eficiente do efeito fronteira internacional
dos estados do Norte vai de 6,2 até 10,3;
para a região Nordeste, o intervalo é de
5,8 até 8. Para os estados do Sul e do Su
deste, o intervalo de variância apresenta amplitude menor, com limite inferior de
1,3 e limite superior de 4. Com base nos
resultados apresentados pelos autores, po dese afirmar que os estados das regiões Sul e Sudeste são mais integrados inter nacionalmente que os das regiões Norte e Nordeste. Além disso, aqueles estados mais integrados nacionalmente também o são internacionalmente. Estados da região Norte, como Amapá e Acre, por exem plo, possuem elevado coeficiente do efeito fronteira intranacional, assim co mo alto coeficiente para o efeito frontei ra internacional. Em contraposição, São Paulo, na região Sudeste, apresenta bai xo coeficiente para o efeito fronteira, tan to para os fluxos domésticos quanto para os internacionais. Na prática, isso signi fica dizer que os estados que comercia lizam proporcionalmente mais interna mente, ou seja, com os demais estados 12 Ou seja, para 1999, os fluxos
de comércio doméstico eram
brasileiros, também tendem a comercia
lizar mais com o exterior.13
Leusin Jr. e Azevedo (2009) busca
ram mensurar o impacto do efeito fron teira para o Brasil e suas regiões, também através do uso do modelo gravitacional, utilizando dados de corte seccional para
o ano de 1999, com todos os 27 estados
brasileiros e 40 países. A conclusão prin cipal é que as fronteiras ainda represen tam significativo custo de comércio pa ra o Brasil, especialmente para as regiões Norte e Nordeste. Observouse que, pa
ra o Brasil, em 1999, o impacto do efeito
fronteira se traduz em um viés domésti
co dos fluxos de comércio 33 vezes supe
rior aos fluxos comerciais internacionais. Esse resultado mostrase muito se melhante aos encontrados por Silva et al.
(2007), que encontraram um viés de 37
vezes, assim como o resultado encontrado
por Daumal e Zignago (2005), de 32 vezes.
Todos esses trabalhos analisaram o efeito
fronteira para o Brasil, em 1999. O coefi
ciente do efeito fronteira apresenta grande variação entre as regiões, indicando que as exportações intranacionais são entre cin co (região Sul) e 83 vezes (região Nordes te) maiores do que aquelas para os demais países. Vale notar que o efeito fronteira de cresce significativamente do norte para o sul do país. Estados do Norte e do Nordes te apresentam efeito fronteira relativamen
te alto, se comparados com dados da lite ratura internacional. A grande parcela do comércio intranacional no comércio total dos estados das regiões Norte e Nordeste parece contribuir para um viés doméstico mais elevado para tais regiões. Além disso, a malha de transportes dessas regiões mos trase mais precária, menos diversificada e mais distante do centro econômico do pa ís do que das regiões Sul e Sudeste.
Na literatura brasileira que tan ge à temática do efeito fronteira regional, também se destaca o trabalho de Hidalgo
e Vergolino (1998). Os autores discutem
o fluxo de comércio do Nordeste para o resto do Brasil e exterior usando o mode lo gravitacional. No estudo, eles procura
ram avaliar, para o ano de 1991, a impor
tância das fronteiras (internas e externas) sobre o padrão do comércio internacio nal e intranacional. Para tanto, usaram as exportações de cada estado do Nor
deste para cada um dos outros 26 esta
13 Sá Porto (2002) mostrou
em seu estudo que as regiões Norte e Nordeste parecem ter tirado proveito menor dos ganhos de bemestar obtidos com o processo de integração internacional promovido pelo Mercosul, no decorrer da década de 1990. Ou seja, segundo os resultados do autor, as regiões Sul e Sudeste
apresentaram impactos comparativamente mais significativos com a criação do Mercosul. Em relação ao bloco, uma série de trabalhos buscou estimar os efeitos do bloco sobre os fluxos de comércio intra e extrabloco (por exemplo, Kume; Piani, 2000; Sá Porto,
dos da Federação e para cada um dos pa íses com os quais os estados nordestinos mantinham comércio.
A fim de conhecer melhor o papel da existência de fronteiras para o comér cio exterior da região Nordeste, os auto res estimaram o modelo gravitacional em
uma abordagem por MQO, usando a for
ma loglinear. Constataram que o efeito da existência das fronteiras sobre os flu xos de comércio são significativos, uma vez que as exportações interestaduais re
presentam para o Nordeste cerca de 11
vezes mais que as exportações internacio nais. Os autores mostram também que
os fluxos de comércio interno na região
Nordeste são 1,75 vez maior que as ex
portações para as outras regiões do Bra sil. A existência de fronteiras parece mos trarse um determinante importante do comércio nordestino, principalmente a fronteira internacional. Na tentativa de justificar esses resultados, os autores argu mentam que a produção da região Nor deste é mais concentrada em bens primá rios e intermediários, e o seu comércio consiste basicamente na troca de bens agrícolas e matériasprimas por produtos manufaturados, caracterizando um co mércio interindustrial.
Autores Período Região Analisada Dimensão do
Efeito fronteira Nº de obs. Método R2
McCallum (1995) 1988 (CanadaEUA) 22 683 MQO 0,8
Helliwell (1996) 19881990 (CanadáEUA) 20 677 MQO 0,8
Anderson e Wincoop (2003) 1993 (CanadáEUA) 16,4 589 SUR 0,7
1993 (EUACanadá) 1,5 589 SUR 0,8
Nitsch (2000) 19791990 (EU mundo) 10 972 SUR 0,9
GilPareja et al. (2005) 19951998 (regiões espanholasmundo) 9 até 59 3808 Efeitos fixos 0,7
Daumal e Zignago (2005) 1991 (Brasil mundo) 17,04 2249 Efeitos fixos 0,7
1999 (Brasil mundo) 32,55 2441 Efeitos fixos 0,7
Hidalgo e Vergolino (1998) 1991 (Nordeste mundo) 11,5 461 MQO 0,6
1991 (NordesteBrasil) 1,75 461 MQO 0,6
Silva et al. (2007) 1999 (Brasil mundo) 37,7 1334 MQO 0,7
Leusin e Azevedo (2009) 1999 (Brasil mundo) 33,1 1782 MQO/ Tobit 0,65
Os trabalhos apresentados eviden ciam que as fronteiras estaduais e nacio nais ainda representam significativo custo adicional de comércio. Os resultados pa ra o efeito fronteira brasileiro mostramse
muito semelhantes. Silva et al. (2007) en
contraram um viés de comércio nacio nal
de 37 vezes, ao passo que o resultado en
contrado por Daumal e Zignago (2005)
chegou a 32 vezes. Leusin Jr. e Azevedo
(2009) encontraram um viés doméstico
dos fluxos de comércio 33 vezes superior
aos fluxos comerciais internacionais. Há uma série de justificativas para o elevado viés doméstico do comércio brasileiro, tais como o baixo grau de substituição entre produtos nacionais e estrangeiros, as ele vadas barreiras ainda vigentes no comér cio internacional, o tamanho do território e da população brasileira e a distância em relação aos principais mercados.
Um aspecto importante do efeito fronteira para as regiões brasileiras é que a sua magnitude apresenta variação ex tremamente elevada entre as regiões, sen do significativamente maior nas regiões Norte e Nordeste em relação às Sul e Su deste. A região Sul mostrou o menor viés doméstico de seus fluxos comerciais, in dicando o maior grau de abertura dessa região para o exterior. Dado o menor vi és apresentado para a região Sul, na próxi ma seção buscase mensurar a magnitude
do efeito fronteira para esse dado, o úni co estado com informações consolidadas para o período posterior a publicação de
Vasconcelos (2001).
3_O efeito fronteira para
o Rio Grande do Sul
A seção anterior apresentou uma revi são de literatura sobre o efeito fronteira, com ênfase no caso brasileiro. Notouse a existência de forte viés intranacional do comércio brasileiro, mesmo após o pro cesso de abertura comercial ocorrido nos
anos 1990. O trabalho de Daumal e Zig
nago (2005) sugere inclusive que o viés
doméstico dos fluxos comerciais brasilei ros teria aumentado no decorrer da déca
da de 90. Valendose dos resultados apre
sentados, é possível supor que haja um padrão para o efeito fronteira brasileiro
para o ano de 1999, oscilando entre 32 e
37 vezes. Esta seção busca calcular o efei
to fronteira do Rio Grande do Sul, no pe
ríodo entre 1997 e 2002.
3.1_Dados
A variável dependente são as vendas do
Rio Grande do Sul para os 26 estados da
Federação e as exportações desse mesmo
estado para os 46 países da amostra. O
fluxo comercial do RS para os estados do
Divisão de Estudos Econômicos (DEE)
da Secretaria da Fazenda do Estado (2004),
expresso em R$ correntes. Os dados das
vendas do RS para os estados brasileiros,
entre 1997 e 2002, foram transformados
em valores constantes de 2000, através
do IPCA.14 As exportações do RS para os
países de amostra foram obtidos do si te Aliceweb, do Ministério do Desenvol vimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC) em US$ correntes. Para a atuali
zação dos fluxos de comércio internacio
nais do RS, foi usado o indicador da in
flação americana ao consumidor.15 Com
esse procedimento, passamse a ter os flu xos de comércio internacionais em dóla res constantes para o ano de 2000, sendo convertidos para reais pela taxa de câm bio média do ano de 2000 (R$/US$ = 1,8302). Desta forma, obtêmse os flu
xos de comércio internacionais em reais constantes para o ano de 2000.
Os dados do Produto Interno Bru
to (PIB) e do PIB per capita dos estados
brasileiros encontravamse a preços cons
tantes de 2000, deflacionados pelo Defla
tor Implícito do PIB nacional, calculados
pelo IBGE e obtidos no site do IPEADA
TA. Os dados dos países selecionados
(PIB e PIB per capita em US$ constan
tes de 2000) foram obtidos no banco de
dados do Banco Mundial; para Taiwan e Coreia do Sul, os dados foram con seguidos no banco de dados do Fundo
Monetário Internacional. O PIB e o PIB
per capita dos países da amostra encon travamse em dólares constantes para o
ano de 2000, sendo necessária a conver
são desses para reais de 2000 pela taxa de
câmbio média anual desse ano.
A distância, medida em quilôme tros, foi obtida no Departamento Na cional de Infraestrutura de Transportes
(DNIT) e representa a distância física en
tre Porto Alegre e as capitais de cada es
tado.16 Para a distância entre Porto Ale
gre e os países da amostra, considerouse aquela entre Porto Alegre e o principal porto de cada país da amostra, sendo es ses dados extraídos do site Sea Distances – Voyage Calculator (http://eships.net/
dist.htm).17 Para a construção da amos
tra dos países importadores, foram con siderados alguns critérios seguidamen te usados na literatura, tais como ampla 14 Os dados terão como base
o ano de 2000, uma vez que o PIB para os países e para os estados brasileiros geralmente está disponível ou em valores correntes ou a preços constantes de 2000.
15 Conhecida sob a
denominação; CPI – All Items, (2005=100).
16 A distância entre duas
cidades é medida de centro a centro, e os caminhos são os mais curtos, dando preferência às rodovias asfaltadas (DNIT, 2007).
17 Para os países sem acesso ao
abrangência geográfica, considerando no mínimo um país para cada continente e elevada participação no comércio to
tal, contendo ao menos 80% do total das
exportações para os períodos pesquisa
dos.18 A amostra selecionada inclui 46 pa
íses, contemplando ambos os critérios. As exportações para os países da amos
tra representam 91% das exportações do
Rio Grande do Sul, entre 1997 e 2002, e
abrange todos os continentes.19
3.2_Abordagem econométrica
Para este estudo, o modelo a ser utilizado estabelece as variáveis tradicionais ante riormente citadas como aquelas que pro curam captar os efeitos da adjacência e da similaridade da renda no padrão de comércio entre os parceiros comerciais. Assim, a forma da equação gravitacional aplicada ao comércio nacional e interna cional utilizada para a estimação do efei to fronteira do Rio Grande do Sul, basea
da em Silva et al. (2007), é expressa como:
(3)
onde:
Xij: vendas nacionais e exportações do RS
para o estado ou o país j;
Yw: PIB dos estados ou dos países i e j;
Distij: distância em km de Porto Alegre
ao estado ou ao país j;
FC: uma variável “dummy” que assume
o valor 1, se as vendas do RS vão para o
estado j do Brasil, e zero, se elas têm co mo destino outro país;
Adj: uma variável “dummy” que assume
o valor 1, se as vendas do RS vão para um
estado ou um país adjacente, e zero, ca so contrário;
(PPCi – PPCj)²: quadrado da diferença
entre o PIB per capita do RS e o PIB per ca
pita dos estados ou dos países da amostra;
β
00 aβ
6 são parâmetros com sinais positivos, à exceção de
β
3 eβ
6;ε
ij: erro.O modelo foi inicialmente esti mado por meio de Mínimos Quadra
dos Ordinários (MQO), seguindo uma
especificação loglinear, o que permite interpretar os coeficientes como elasti cidades e se baseia em uma amostra de dados agrupados (pooled data), referen
tes ao período entre 1997 e 2002, do Rio
Grande do Sul, dos demais estados brasi
leiros e de 46 países, obtendo dessa forma
432 observações (6 anos x(26 estados +
46 países)). Na medida em que não hou
ve dados censurados para a variável en dógena (exportações do Rio Grande do
18 Ver McCallum (1995) e Sá
Porto (2002).
19 A lista completa dos países
está em anexo.
LnX
ij=
β
0+
β
1LnY
i+
β
2LnY
j+
β
3L
LnY
LnDIST
FC
Adj
i
+
β
2 j+
β
3 ij+
β
4+
β
5 ij+
β
−
Sul para os demais estados e países), não foi preciso empregar o modelo Tobit. A vantagem de se combinar os dados em uma única equação (regressão combina da), em relação à opção de se usar dados em corte transversal, referese à obtenção de estimativas dos parâmetros mais con fiáveis, bem como aliviar o problema de multicolinearidade, dar mais grau de li berdade e maior eficiência. Essas carac terísticas são particularmente importan tes quando se busca estimar coeficientes do efeito fronteira considerandose ape nas um estado exportador.
Também foi realizado um exer cício estatístico estruturado em dados em painel, que se utiliza de três estima dores diferentes. Na primeira especifica ção, é aplicado o estimador de Mínimo Quadrado Ordinário clusterizado (Poo led Cluster). Já a segunda estrutura im põe um modelo hierárquico, tal que, na
equação de 1º nível, se aplica o estima
dor de efeito fixo, e a equação de 2º ní
vel é organizada sobre a metodologia de dados de corte. Por fim, a última parti cularização emprega o estimador de efei to aleatório.
O método de Mínimos Quadra dos clusterizados permite estimar parâ metros eficientes mesmo quando se en contra entre as variáveis independentes do modelo considerado componentes in
variantes no tempo. O estimador de efei to fixo “puro” apresenta multicolineari dade perfeita entre o efeito individual e aquelas variáveis independentes invarian tes no tempo, problema que é superado ao se construir um modelo hierárquico. Em geral, um modelo hierárquico acaba por estabelecer certa ordem na estima ção dos coeficientes. Isto é, uma estru tura hierárquica prescreve unidades indi
viduais, em um 1º nível, agrupadas em
unidades maiores, em um 2º nível, e as
sim sucessivamente. No caso específico do modelo estimado neste artigo, sugere se uma arquitetura hierárquica que com bine componentes variantes no tempo e entre as regiões no 1º nível (dados em painel) com componentes variantes ape nas entre as regiões no 2º nível (crosssec tion). Ou seja:
Y
i t kX
k i tv
k K
i i t
,
=
.
, ,+
+
,=
∑
β
µ
1
(4)
(5)
Assim,
Y
i t, representa a variáveldependente do modelo hierárquico; nes se caso, a corrente de comércio do Rio Grande dos Sul com os parceiros selecio
nados. Por sua vez, o componente
X
k i t, ,µ
iγ
γ
j j i jJ
i
Z
e
=
+
+
=
∑
0 1
indica o conjunto de variáveis que apre
senta variação em “i” e “t”; PIB do Rio
Grande do Sul; PIB do parceiro comer
cial desse estado; e PIB per capita. O vetor
Z
j i, representa todas as j variáveis quenão variam no tempo: distância, efeito adjacência e efeito fronteira. Nesse sen
tido, no 1º nível temse uma estrutura
de dados em painel, já no 2º nível, pro
porcionase um modelo de dados de cor te puro. A estrutura hierárquica de 2º ní vel encaixase no processo de geração de dados referente ao efeito individual esti
mado no 1º nível. Já o estimador de efei
to aleatório não identifica o problema da multicolinearidade perfeita entre o efei to individual e os componentes invarian tes no tempo. Salientase ainda que todas as estimativas foram geradas controlando a autocorrelação e a heterocedasticidade nos resíduos. Ou seja, é empregado um estimador robusto.
3.3_Resultados
Na Tabela 2, são apresentadas as principais
estimativas obtidas para o modelo de co mércio do Rio Grande do Sul. Na primeira coluna, são mostrados os resultados da esti mação em sua forma mais simples, excluin do as variáveis adjacência e similaridade
de renda (equação 1), sendo a versão mais
simples do modelo, sem as variáveis adja cência e similaridade de renda. Na segunda
coluna (equação 2), vêse a versão do mo
delo com a inclusão da variável adjacên cia e sem a variável similaridade de renda.
Na terceira coluna (equação 3), mostrase
a versão do modelo com a inclusão da va riável similaridade de renda e sem a vari ável adjacência. Na quarta coluna (equa
ção 4), é apresentada a versão completa do
modelo da equação gravitacional, incluin do todas as variáveis que constam na equa
ção 3. Tradicionalmente, os modelos gra
vitacionais baseados em dados agrupados, que analisaram o efeito fronteira, apresen taram heterocedasticidade. Em virtude desse his tórico, o presente trabalho consi dera a iminência de violação das condições para que se obtenha o melhor estimador
não viesado (MELNV). O teste de White
confirmou a existência de heterocedastici dade e, desta forma, o modelo foi corrigi do pelo método de White para todas as es
timações via MQO.
De maneira geral, os resultados fo ram muito bons, especialmente quando se considera aqueles com a especificação
mais completa (equação 4), com as variá
veis consideradas explicando mais de 69%
das variações nas exportações estaduais, em que todos os parâmetros estimados são es tatisticamente significantes, em sua maio
ria ao nível de probabilidade de 1%. As
cia e/ou similaridade de renda mostram a importância do uso da especificação com pleta do modelo. A inclusão da dummy adjacência ocasionou queda marginal no coeficiente da variável distância, o que era esperado e coerente com a literatura in ternacional. Já a inclusão da variável de similaridade de renda gerou elevação da
significância do PIB do país/estado impor
tador para a determinação do fluxo de co mércio entre as partes.
Os resultados mostram que a elas ticidade das exportações em relação ao
PIB do estado exportador se situa ligeira
mente acima de 3,2 e é significativamen
te maior que a elasticidade das exporta
ções em relação ao PIB do estado ou país
importador, que se situa em torno de 0,9.
Ou seja, os resultados parecem mostrar
que o PIB do estado exportador explica
em maior grau o volume de comércio en tre os estados ou os países. Além disso, a elasticidade do comércio bilateral com relação às rendas dos países é bastante elevada e razoavelmente estável indepen dentemente da especificação utilizada.
Em geral, um aumento de 1% no
PIB dos estados ou dos países importado
res implica um crescimento de 3,2% das
exportações do Rio Grande do Sul. Na literatura empírica que envolve o efeito fronteira, é corriqueira a observação de que a elasticidade das exportações em re
lação ao PIB do estado/país exportador
seja superior à elasticidade das exporta
ções em relação ao PIB do estado/país
importador. Ou seja, tradicionalmente a renda do estado/país exportador explica em maior grau o volume exportado en tre dois parceiros do que a renda do esta do/país importador.
Tabela 2_Estimativas do modelo gravitacional para o Rio Grande do Sul, entre 1997 e 2002
Variável Independente Equações
(1) (2) (3) (4)
Constante 79,70** 80,72*** 79,32*** 80,34***
(39,34) (36,63) (36,48) (33,57)
Log (PIBi) 3,25** 3,27*** 3,22*** 3,24***
(1,56) (1,45) (1,45) (1,33)
Log (PIBj) 0,81* 0,80* 0,89* 0,89*
(0,03) (0,03) 0,03 (0,03)
Log (DISTij) 0,33* 0,28* 0,30* 0,25*
(0,04) (0,04) (0,04) (0,03)
Log (PPCi PPCj) 0,12* 0,12*
(0,01) (0,01)
Dummy Adj 1,99* 2,00*
(0,16) (0,17)
Dummy FC 0,28 0,66*** 0,34 0,73**
(0,36) (0,35) (0,30) (0,27)
R2 Ajustado 0,5745 0,6351 0,6336 0,6954
Teste F 146,50 151,08 150,10 165,06
Num. Obs. 432 432 432 432
Método Est. MQO MQO MQO MQO
Os valores entre parênteses são os errospadrão das estimativas.
*Significância no nível de 1%.
**Significância no nível de 5%.
A proximidade dos valores estima dos para o coeficiente relacionado à va riável distância reflete a robustez das es timativas. A elasticidade das exportações em relação à distância é negativa e se si
tua em torno de 0,3, com elevado grau de
significância estatística. O coeficiente es timado da distância absoluta demonstra sua importância como fator de resistên
cia ao comércio: o acréscimo de 1% na
distância entre o RS e seus parceiros co
merciais acarreta queda de 0,3% no co
mércio entre eles.
A estimação do efeito adjacên cia no comércio está indicada na segun da e quarta colunas por coeficientes que
se situam em torno de 2 e apresentam
significância no nível de 1%. Mantendo
se constantes as demais variáveis, esses valores indicam que o comércio de um estado com outro adjacente é, em mé
dia, 7,4 vezes maior que as exportações
para aqueles estados que não têm fron teira em comum. A magnitude desse re
sultado é surpreendente, dada a inexis tência conceitual de barreiras tarifárias, mas que encontra alguma explicação na extensão territorial do Brasil e nas difi culdades de transporte entre os estados, principalmente para os estados do Norte
e do Nordeste do país.20
A hipótese frequentemente usada em modelos gravitacionais de que os es tados ou os países com renda per capi-ta semelhantes tendem a comercializar mais entre si do que aqueles estados ou países com renda per capita diferentes foi testada com a inclusão da variável simila
ridade de renda.21 Observase que o valor
encontrado para o coeficiente foi negati vo, conforme esperado, e estatisticamen te significativo, porém muito inelástico, indicando que, para o Rio Grande do Sul, a hipótese de Linder não é tão relevante.
A especificação completa do mo delo mostra que o coeficiente da variável
dummy FC, que mede o efeito frontei
ra do Rio Grande do Sul, foi significati
20 Na prática as diferentes
alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) existentes entre os estados brasileiros acabam por criar um tipo alternativo de barreira tarifária.
21 Tradicionalmente,
muitas teorias do comércio internacional enfatizam a ótica da oferta para explicar o padrão do comércio internacional. A Hipótese de Linder (1961) implica que o padrão de comércio bilateral é determinado pela similaridade de renda entre
os países. Ou seja, países de renda alta tenderiam a comercializar com países de renda semelhante, e países de renda baixa apresentariam propensão maior de comercializar com países de renda baixa. Resumidamente, podese dizer que as hipóteses de Linder são as que seguem:
vo, com valor de 0,73. O coeficiente en contrado para o efeito fronteira significa
que, ceteris paribus, as exportações do
Rio Grande do Sul para os demais esta dos brasileiros é cerca de duas vezes maior do que as exportações do estado para o exterior. É importante salientar o menor valor encontrado para o efeito fronteira do Rio Grande do Sul, no período exa minado, com os observados na literatura para o país, bem como para os estados e as regiões brasileiras. De acordo com Sil
va et al. (2007), o efeito fronteira do Bra
sil em 1999 era de 37,7 vezes, ao passo
que, para Daumal e Zignago (2005), ele
chegava, em 1999, a 32,5 vezes. Já para a
região Sul, o efeito fronteira chegou a 5
vezes, em 1999, para Leusin Jr. e Azeve
do (2009), enquanto Daumal e Zignago
(2005) encontraram um viés doméstico
para o Rio Grande do Sul, em 1999, de
22 vezes, muito acima daquele encontra
do neste artigo.
Embora os trabalhos utilizem perí odos e abordagens econométricas diferen tes, tal resultado para o Rio Grande do Sul chama a atenção. Esse fenômeno reflete a grande propensão do estado a exportar, captado pelo modelo gravitacional. Con forme mostra o Gráfico 1, o valor das ex portações do estado em relação às vendas para os demais estados brasileiros chegou a
26,7% em 1999, sendo o estado com a ter ceira maior relação no país, somente atrás do Pará e do Espírito Santo. A partir de
1991, o estado se beneficiou de sua posi
ção geográfica para elevar suas vendas aos parceiros do Mercosul. Considerandose a participação das exportações dos estados para o bloco em relação às exportações to tais do país, observase que o Rio Grande do Sul ocupa a segunda posição. No esta do, as exportações para o Mercosul repre sentam 1,22% das exportações totais do país, superado apenas por São Paulo, on
de essa relação é de 6,16%.
Dada a discrepância dos resulta dos encontrados na literatura, conforme observado acima, também foram realiza das estimações baseadas em dados em pai nel, mediante três estimadores diferentes. Conforme mencionado na seção anterior, na primeira especificação é aplicado o es timador de Mínimo Quadrado Ordiná rio clusterizado. Já a segunda estrutura emprega o estimador de efeito aleatório,
enquanto a última particularização im põe um modelo hierárquico, tal que, na
equação de 1º nível, se aplica o estima
dor de efeito fixo, e a equação de 2º ní
vel é organizada sobre a metodologia de dados de corte.
Os resultados das estimações em
painel são apresentados na Tabela 3. Per
cebese que os coeficientes relacionados
ao PB do país importador, da distância
e da adjacência apresentam os valores es perados, sendo significativos e muito se melhantes nas três estimações realizadas, bem como aqueles obtidos nas estima
ções em MQO (Tabela 2). Os valores do
coeficiente relacionado ao PIB do país
exportador, no entanto, mostram queda significativa nas três estimações, varian
do entre 1,2 e 1,3, quando comparados às
estimações via MQO. Esse resultado po
de indicar que parte do efeito do PIB do
país exportador, estimado por MQO, es
tava atrelado ao efeito individual, respei tando um modelo de dados em painel.
Uma mudança fundamental em
re lação às estimações através do MQO se
seada em dados em painel. Ou seja, o efei to fronteira não ocorreria no Rio Grande do Sul. Esse resultado estatístico remete a maior proximidade geográfica do estado de outros países, principalmente do Mer cosul, corroborado pelo sinal negativo es timado para o parâmetro associado a dis tância. Não obstante a questão geográfica, a relação comercial entre o estado e o Mer cosul se beneficia também de um acordo tarifário. Ademais, o estado tem maior propensão à exportação de produtos pri mários, que são mais direcionadas para pa íses do que para os demais estados brasilei ros, seguindo um padrão bem explicado pelas vantagens comparativas do estado, e ambos os fenômenos estariam sendo mais adequadamente captados pela estimação por meio de dados em painel.
4_Conclusão
O Rio Grande do Sul tem se destacado co mo importante estado exportador brasilei ro. Este artigo buscou mensurar o impac to do efeito fronteira para o Rio Grande
do Sul, no período 19972002, conside
randose as exportações do estado e as vendas internas a outros estados brasilei ros. A forma usual de se estimar o efeito fronteira é por meio do modelo gravita cional, que, além das variáveis convencio
nais, como PIB e distância absoluta, inclui
Tabela 3_Estimativas do modelo gravitacional para o Rio Grande do Sul, entre 1997 e 2002
Variável Independente
Métodos
MQO Clusterizado Efeito Aleatório Efeito Fixo Hierárquico
Constante 31,27* 28,07* 30,15*
(6,44) (3,94) (3,96)
Log (PIBi) 1,32* 1,19* 1,23*
(0,27) (0,17) (0,24)
Log (PIBj) 0,84* 0,80* 0,68*
(0,07) (0,06) (0,12)
Log (DISTij) 0,28* 0,28* 0,26**
(0,10) (0,07) (0,10)
Log (PPCi PPCj) 0,09** 0,03*** 0,02
(0,04) (0,02) (0,03)
Dummy Adj 1,96* 2,01* 2,07*
(0,32) (0,32) (0,31)
Dummy FC 0,69 0,15 0,90
(0,82) (0,62) (0,88)
R2 Ajustado 0,6990 0,6876 0,1259
Teste Wald 110,08**** 732,38 204,80
Num. Obs. 432 432 432
Os valores entre parêntesis são os erros padrão das estimativas.
*Significância no nível de 1%.
**Significância no nível de 5%.
***Significância no nível de 10%.
**** A estatística referese ao teste F.
uma variável dummy associada ao comér cio intranacional e/ou internacional. Es sa dummy indica se o fato de o fluxo de comércio necessitar cruzar fronteiras re gionais ou nacionais tem alguma influ ência sobre o padrão de comércio de um estado e/ou de um país.
Os resultados estimados pelo mé todo dos Mínimos Quadrados Ordiná rios indicaram que as fronteiras represen tam custo significativamente menor para as exportações do Rio Grande do Sul em relação ao país e a outras regiões brasi leiras. Observouse que, para o estado, o impacto do efeito fronteira se traduz em um viés doméstico do fluxo comér cio apenas duas vezes superior aos fluxos comerciais internacionais. Tal resultado mostrase muito inferior aos encontra
dos para o Brasil, em 1999, por Silva et
al. (2007), que encontraram um viés de
37 vezes, assim como o resultado apurado
por Daumal e Zignago (2005) de 32 vezes.
O efeito fronteira do Rio Grande do Sul estimado neste artigo também é inferior ao estimado para a região Sul do país por
Leusin Jr. e Azevedo (2009), que chegou
a cinco vezes, bem como aquele estima do para o estado por Daumal e Zignago
(2005), que chegou a 22 vezes.
A estimação baseada em dados em painel não apenas confirmou o menor vi és doméstico das exportações do estado,
como também mostrou não haver viés algum. Através do estimador de Mínimo Quadrado Ordinário clusterizado, do es timador de efeito aleatório, e de um mo
delo hierárquico, que na equação de 1º
nível aplicase o estimador de efeito fi
xo e a equação de 2º nível é organizada
sobre dados de corte, o valor do efeito fronteira não foi significativo, sinalizan do que as exportações para os demais es tados brasileiros não seria superior àque las destinadas aos países da amostra. Isto é, o efeito fronteira não ocorreria no Rio Grande do Sul.
Embora os trabalhos utilizem perí odos e abordagens econométricas diferen tes, tal resultado para o Rio Grande do Sul reflete a grande propensão do estado a exportar, captado pelo modelo gravita cional. O valor das exportações do estado em relação às vendas para os demais esta
dos brasileiros chegou a 26,7% em 1999,
sendo o estado com a terceira maior re
lação no país. A partir de 1991, o estado
também se beneficiou de sua posição ge ográfica para elevar suas vendas aos par ceiros do Mercosul, levandoo a apresen tar a segunda posição na participação das exportações dos estados para o bloco em relação às exportações totais do país.
Referências bibliográficas
DNIT,2007. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Disponível em: <http://www1.dnit.gov.br/ rodovias/distancias/distancias. asp>. Acesso em: 23 dez. 2007.
FRANKEL, J.Regional Trading blocs in the world economic system. Washington: Institute for International Economics, 1997.
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E-mail de contato dos autores:
leusin01@gmail.com. aazevedo@unisinos.br. mlelis@unisinos.br.
Anexo 1
Países da amostra
Angola Holanda
Argentina Nigéria
Austrália Noruega
Bélgica Paraguai
Bolívia Peru
Canadá Filipinas
Chile Portugal
China Porto Rico
Colômbia Rússia
República Dominicana Arábia Saudita
Equador Cingapura
Egito África do Sul
França Espanha
Alemanha Suécia
Hong Kong, China Suíça
Índia Tailândia
Indonésia Taiwan
Irã Turquia
Itália Emirados Árabes Unidos
Japão Reino Unido
Coreia do Sul Estados Unidos
Malásia Uruguai