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Família e vulnerabilidade social: um estudo com octogenários.

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Academic year: 2017

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FAMÍ LI A E VULNERABI LI DADE SOCI AL: UM ESTUDO COM OCTOGENÁRI OS

Sofia Cr ist ina I ost Pav ar ini1 Elizabet h Joan Bar ha2 Mar isa Silv ana Zazzet t a de Mendiondo3 Car m en Lucia Alv es Filizola4 José Fer nando Pet r illi Filho5† Ar iene Angelini dos Sant os6

Par a dir ecion ar polít icas pú blicas par a cu idado ao idoso com dem ên cia, é im por t an t e v er if icar f at or es qu e variam com a vulnerabilidade social dessa população. O obj et ivo foi ident ificar a relação ent re um a m edida de vulnerabilidade social ( I PVS) e alguns indicadores de apoio fam iliar para idosos acim a de 80 anos, com alt erações cognit iv as ( N= 49) . Todos os cuidados ét icos for am obser v ados. Os dados for am colet ados nos dom icílios dos idosos. A gr ande m aior ia dos ent r ev ist ados m or av a com a fam ília ( 88% ) . Em m et ade das fam ílias os idosos m oravam com m ais um ( 41% ) ou dois idosos ( 9% ) . Em m édia havia um a pessoa a m ais, não idosa, m orando no cont ext o fam iliar de alt a vulnerabilidade ( M= 3,6, dp= 1,70) do que no cont ext o de m uit o baixa vulnerabilidade ( M= 2 , 4 , dp= 1 , 0 7 ) , F ( 2 , 4 3 ) = 3 , 3 6 4 , p< 0 , 0 5 . Por ém , h á n ecessidade de v er ificar a fu n cion alidade do apoio fam iliar n esses con t ex t os.

DESCRI TORES: idoso de 80 anos ou m ais; dem ência; saúde da fam ília; apoio social; v ulner abilidade social

FAMI LY AND SOCI AL VULNERABI LI TY: A STUDY W I TH OCTOGENARI ANS

I n order to guide the developm ent of dem entia- related public policies for the elderly, it is im portant to identify fact or s t hat v ar y t oget her w it h t he social v ulner abilit y of t his populat ion. This st udy aim ed t o ident ify t he relat ionship bet ween t he São Paulo Social Vulnerabilit y I ndex ( I PVS) and various indicat ors of fam ily support for elderly people over 80 years of age, who presented cognitive alterations ( N= 49) . All ethical guidelines were followed. Data were collected at the hom es of the elderly people. A large m aj ority of the respondents lived with fam ily m em bers ( 88% ) . I n half of t he cases, t he respondent s lived wit h one ( 41% ) or t wo ( 9% ) ot her elderly persons. On average, t here was one m ore non- elderly person living in t he high vulnerabilit y fam ily cont ext ( M = 3.6, sd = 1.70) than in contexts of very low vulnerability ( M = 2.4, sd = 1.07) , F( 2.43) = 3.364, p < 0.05. However, t he funct ionalit y of t he support provided by t hese fam ily m em bers needs t o be verified, in each of t hese cont ext s.

DESCRI PTORS: aged, 80 and ov er ; dem ent ia; fam ily healt h; social suppor t ; social v ulner abilit y

LA FAMI LI A Y LA VULNERABI LI DAD SOCI AL: UN ESTUDI O CON OCTOGENARI OS

Par a elabor ar polít icas públicas par a el cuidado de anciano con dem encia, es im por t ant e ver ificar fact or es que varían con la vulnerabilidad social de esa población. El obj et ivo de est e est udio fue ident ificar la relación ent re una m edida de vulnerabilidad social ( I PVS) y algunos indicadores de apoyo fam iliar para ancianos, con m ás de 80 años, con alt er aciones cognit iv as ( N= 49) . Todas las r ecom endaciones ét icas fuer on obser v adas. Los dat os fueron recolect ados en los dom icilios de los ancianos. La gran m ayoría de los ent revist ados vivía con la fam ilia ( 88% ) . En la m it ad de las fam ilias los ancianos vivían con uno ( 41% ) o dos ancianos ( 9% ) . En prom edio había una persona m ás, que no era anciana, viviendo en el cont ext o fam iliar de alt a vulnerabilidad ( M= 3,6, DE= 1,70) que en el cont ext o de m uy baj a vulner abilidad ( M= 2,4, DE= 1,07) , F ( 2, 43) = 3,364, p< 0,05. Sin em bar go, es necesar io v er ificar la funcionalidad del apoy o fam iliar en esos cont ex t os.

DESCRI PTORES: anciano de 80 o m ás años; dem encia; salud de la fam ilia; apoyo social; vulner abilidad social

Universidade Federal de São Carlos, Brasil:

1Enferm eira, Dout or em Educação, Professor Associado, e- m ail: sofia@ufscar.br; 2Psicóloga, Dout or em Psicologia Social e Aplicada, Professor Associado,

e-m ail: lisa@ufscar.br; 3Assist ent e social, Dout or em Serviço Social, Professor Adj unt o, e- m ail: m arisam @ufscar.br; 4Enferm eira, Doutor em Enferm agem ,

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I NTRODUÇÃO

D

e n t r e a s i n v e st i g a çõ e s so b r e o env elhecim ent o populacional, o cuidado dispensado a idosos longevos t em recebido especial at enção. Os est udos dem ogr áficos m ost r am que o cr escim ent o da população idosa t em ocorrido de form a bast ant e a cel er a d a . Est i m a - se q u e em 2 0 5 0 h a v er á d o i s bilhões de idosos no m undo e, nesse m esm o ano, no Br asil, as pr oj eções indicam m ais de cinco m ilhões de hom ens e quase nove m ilhões de m ulheres com 80 anos ou m ais( 1).

A r ed u ção d a m or t alid ad e em id ad e m ais avançada t em result ado em aum ent o do núm ero de idosos com m aior fragilidade( 2). A Política Nacional de

Atenção à Saúde do I doso, baseando- se num conceito m ais genérico de fragilidade, considera idosos frágeis o s a ca m a d o s, h o sp i t a l i za d o s r e ce n t e m e n t e p o r qualquer razão, port adores de doenças sabidam ent e causador as de incapacidade funcional, aqueles que v iv em em sit u ações d e v iolên cia d om ést ica e os m aiores de 75 anos( 3). Em bora a fragilidade, no sentido

m ais est r it o do t er m o, sej a con sider ada sín dr om e ainda sem definição consensual, sabe- se que ela pode int erferir na funcionalidade dos idosos, causando, em geral, m aior dependência. A síndrom e da fragilidade t em m aior pr ev alência na idade m ais av ançada( 4 ).

Est i m a - se q u e e n t r e 1 0 e 2 5 % d e i d o so s n ã o inst it ucionalizados, com idade acim a de 65 anos, são co n si d e r a d o s f r á g e i s e a ci m a d e 8 5 a n o s e ssa porcent agem chega a 46%( 5).

Assi m , i d o so s l o n g e v o s co m a l t e r a çõ e s cognit ivas podem ser considerados do grupo de risco par a a fr agilidade na velhice e, consequent em ent e, co m m a i o r p r o b a b i l i d a d e d e a l t e r a çõ e s n a su a capacidade funcional. A síndrom e dem encial pode ser causada por diversas pat ologias que t êm em com um a alt er ação das funções cognit iv as com o m em ór ia, lin gu agem / pr ax ia, gn osia, abst r ação, or gan ização, capacidade de planej am ent o e sequenciam ent o. Os e st u d o s d e p r e v a l ê n ci a d e d e m ê n ci a m o st r a m aum ent o im port ant e relacionado à elevação da faixa etária, baixa escolaridade e tendência a m aior núm ero d e ca so s e m m u l h e r e s( 6 ). É sín d r o m e q u e se

car act er iza pelo com pr om et im ent o cognit iv o e que t r a z co m o co n seq u ên ci a a p er d a d a ca p a ci d a d e funcional, o que lev a ao aum ent o da dem anda por cu i d a d o s( 7 ). No Br a si l , o cu i d a d o a o i d o so co m

alt erações cognit ivas ocorre na m aioria das vezes no âm bit o fam iliar( 8- 9).

As m u d a n ça s n o s m o d e l o s d e f a m íl i a , associadas ao aum ento do segm ento populacional com cr escen t e gr au de depen dên cia, t êm t r azido f or t e im pact o par a as fam ílias br asileir as t ant o do pont o de vist a em ocional quant o financeiro. As alt erações nos padrões de m ortalidade e fecundidade trouxeram m odificações im port ant es na arquit et ura das fam ílias que podem influenciar na form a com o cuidam de seus idosos. A dim inuição da fecundidade tornou as fam ílias m ais est r eit as, r esult ando em declínio das r elações intrageracionais e a longevidade, por sua vez, trouxe aum ent o da m ult igeracionalidade( 2).

A e st r u t u r a f a m i l i a r d e i d o so s p o d e se r en con t r ada em qu at r o dif er en t es sit u ações: 1 - os q u e v i v e m so zi n h o s, 2 - o s q u e r e si d e m co m o côn j u ge, m ais f ilh os e par en t es, 3 - os qu e v iv em com filhos e par ent es e sem o cônj uge, e 4- aqueles que m or am apenas com o cônj uge( 1). Em bor a com

a l o n g e v i d a d e a e s t r u t u r a f a m i l i a r m a i s f r e q u e n t e m e n t e e n c o n t r a d a s e j a a f a m íl i a m u l t i g e r a ci o n a l , n ã o h á g a r a n t i a d e q u e n e sse c o n t e x t o a s f a m íl i a s e s t e j a m p r e p a r a d a s p a r a assum ir o papel de cuidador a do idoso. As pr incipais lim it ações f r en t e à n ecessid ad e d e cu id ar d e u m idoso n o con t ex t o f am iliar est ão r elacion adas aos aspect os de or dem financeir a, pessoal e social( 10).

Q u a n d o s u r g e m s i t u a ç õ e s d e f r a g i l i d a d e e d e p e n d ê n c i a , h á n e c e s s i d a d e d e a d a p t a ç ã o e r e o r g a n i z a ç ã o d a f a m íl i a q u e s e r e f l e t e m n o aj u st am en t o d o s p ap éi s f am i l i ar es, d ef i n i d o s ao longo do t em po e das for m as com o cada m em br o i n t e r a g e c o m o s d e m a i s . A o m e s m o t e m p o , r eaj ust es na est r ut ur a fam iliar dependem de com o a s m u d a n ç a s e e v e n t o s s e o r i g i n a r a m e d o s r e c u r s o s d i s p o n ív e i s p a r a l i d a r c o m t a i s m od if icações( 1 1 ).

O apoio fam iliar, port ant o, est á relacionado ao contexto de m aior ou m enor vulnerabilidade social. Vu ln er ab ilid ad e é u m con st r u t o m u lt id im en sion al ent endido com o um processo de est ar em risco para alteração na condição de saúde, resultante de recurso econôm ico, social, psicológico, fam iliar, cognit iv o ou f ísi co i n a d e q u a d o( 1 2 ). Ne st e t r a b a l h o , p a r a

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com bat e à pobreza. Esse índice classifica os set ores censit ários do Est ado de São Paulo, segundo níveis de vulnerabilidade social a que estão suj eitos os seus resident es. Os grupos foram gerados com base nas car act er íst icas socioeconôm icas e dem ogr áficas dos resident es no conj unt o do Est ado, com paráveis ent re si( 13). Foram est abelecidos seis grupos.

“ Gr u p o 1 - n en h u m a v u ln er ab ilid ad e: en g lob a os se t o r e s ce n si t á r i o s e m m e l h o r si t u a çã o socioeconôm ica ( m uit a alt a) , com os r esponsáv eis pelo dom icílio possuindo os m ais elevados níveis de renda e escolaridade. Apesar de o estágio das fam ílias no ciclo de vida não ser um definidor do grupo, seus responsáveis t endem a ser m ais velhos, com m enor p r esen ça d e cr ian ças p eq u en as e m or ad or es n os dom icílios, quando com par ados com o conj unt o do Est ado de São Paulo.

Gr upo 2 - v ulner abilidade m uit o baix a: abr ange os set or es censit ár ios que se classificam em segundo l u g a r, n o Est a d o , e m t e r m o s d a d i m e n sã o so ci o e co n ô m i ca ( m é d i a o u a l t a ) . Ne ssa s á r e a s concent ram - se, em m édia, as fam ílias m ais velhas. Gr u p o 3 - v u l n er ab i l i d ad e b ai x a: f o r m ad o p el o s setores censitários que se classificam nos níveis altos ou m édios da dim ensão socioeconôm ica e seu perfil dem ogr áfico car act er iza- se pela pr edom in ân cia de fam ílias j ovens e adult as.

Gr u po 4 - v u ln er abilidade m édia: com post o pelos set ores que apresent am níveis m édios na dim ensão socioeconôm ica, est ando em quart o lugar na escala em t er m os de r enda e escolar idade do r esponsável pelo dom icílio. Nesses setores, concentram - se fam ílias j ovens, ist o é, com fort e presença de chefes j ovens ( com m enos de 30 anos) e de crianças pequenas. Gr upo 5 - v ulner abilidade alt a: engloba os set or es cen sit ár ios q u e p ossu em as p ior es con d ições n a dim ensão socioeconôm ica ( baixa) , est ando ent re os d o i s g r u p o s e m q u e o s ch e f e s d e d o m i cíl i o s apr esen t am , em m édia, os n ív eis m ais baix os de renda e escolaridade. Concentra fam ílias m ais velhas, com m enor presença de crianças pequenas.

Grupo 6 - vulnerabilidade m uit o alt a: o segundo dos d o i s p i o r e s g r u p o s e m t e r m o s d a d i m e n sã o socioeconôm ica ( baixa) , com grande concent ração de fam ílias jovens. “A com binação entre os chefes jovens com baixos níveis de renda e escolaridade e a presença significat iva de crianças pequenas perm it e inferir ser este o grupo de m aior vulnerabilidade à pobreza”( 13).

Assi m , o b j e t i v o u - se , n e st e t r a b a l h o , i d e n t i f i ca r a r e l a çã o e n t r e u m a m e d i d a d e

vulnerabilidade social ( I PVS) e alguns indicadores de apoio fam iliar par a idosos acim a de 80 anos, com alt er ações cognit iv as.

MÉTODO

Trat a- se de est udo descr it ivo, baseado nos pressupostos do m étodo quantitativo de investigação. Todos os princípios ét icos que regem pesquisas com ser es h u m an os for am r espeit ados. O pr oj et o t ev e in ício após a apr ov ação pelo Com it ê de Ét ica em Pesquisa ( Parecer nº . 055/ 2006) .

Suj eit os

For am suj eit os dest a pesquisa 4 9 pessoas com m ais de 80 anos (M= 11 e F= 38) , cadast r ados em um a das set e Unidades de Saúde da Fam ília de um m unicípio paulist a que at ender am os seguint es cr it ér ios de elegibilidade: ser cadast r ado em u m a unidade de saúde da fam ília, ter m ais de 80 anos, ter apresentado resultado no Miniexam e do Estado Mental abaixo da not a de cor t e, de acor do com o gr au de escolar idade.

Pr ocedim en t os

Fo r a m r e a l i z a d a s v i s i t a s d o m i c i l i á r i a s , p r ev i am en t e ag en d ad as, n as r esi d ên ci as d o s 4 9 o c t o g e n á r i o s . A c o l e t a d e d a d o s c o n s i s t i u d e e n t r e v i s t a e s t r u t u r a d a c o m o s i d o s o s e s e u s f am iliar es, u t ilizan d o- se in st r u m en t o d en om in ad o g e n o g r a m a p a r a a c o m p r e e n s ã o d a e s t r u t u r a f am iliar.

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diagram a as fam ílias que viviam no m esm o lar foram agrupadas( 14). A partir do genogram a de cada fam ília,

o s d a d o s f o r a m si st e m a t i za d o s e a n a l i sa d o s est at ist icam ent e.

Par a análise do gr au de v ulner abilidade foi ut ilizado o Í ndice Paulist a de Vulnerabilidade Social -I PVS( 13). Neste estudo, foi considerado o I PVS do setor

censitário da Unidade de Saúde da Fam ília - USF, onde o idoso est av a cadast r ado. Em pr im eir o lu gar f oi l ocal i zad o o set or cen si t ár i o d a USF, at r av és d o ender eço. Nessa et apa, cont ou- se com o apoio da unidade do I BGE no m unicípio para conferir os dados relacionados ao setor censitário daquele endereço. Em seguida, foi realizada a consult a ao m apa do I PVS, co m o Í n d i ce Pau l i st a d e Vu l n er ab i l i d ad e So ci al atribuído àquele setor censitário. As unidades de saúde da fam ília que não tinham o I PVS foram excluídas.

l a i c o s e d a d i l i b a r e n l u

V Númerodeidososavaliadosem l a i c o s o t x e t n o c a d a c e s o n a 0 8 e d a m i c a s o s o d i e d o r e m ú N e t r o c e d a t o n a d o x i a b a M E E M m o

c Porcentagem(%)

a x i a b o t i u

M 145 19 13,1

a i d é

M 278 13 4,7

a t l

A 243 14 5,8

a t l a o t i u

M 103 3 2,9

RESULTADOS

A m aior ia dos ent r ev ist ados m or av a com a fam ília, porém , sem o cônj uge ( 71% ) , 12% m oravam com o cônj uge e fam iliares, 12% m oravam sozinhos e os dem ais ( 5% ) m oravam apenas com o cônj uge. Contudo, na m aioria dos casos, as fam ílias não eram m uit o grandes. Em m édia, os idosos m oravam com m ais 1,9 pessoas (dp= 1,34) . Em m et ade dos casos, os idosos m oravam com m ais um ( 41% ) ou m ais dois idosos ( 9% ) .

Cont ext o de vulnerabilidade social

A co m p o si çã o d e st a a m o st r a ( Ta b e l a 1 ) in clu ía id oso m or an d o em con t ex t os d iv er sos d e v ulner abilidade social.

Tabela 1 - Com posição da am ost ra, por nível de vulnerabilidade social. São Carlos, SP, 2008

A expect at iva de vida est á relacionada com o n ív el socioecon ôm ico à m edida qu e esse r eflet e condições de vida que afetam a saúde do indivíduo e a cesso a ser v i ço s d e sa ú d e( 1 5 ). Assi m , co m o se

e sp e r a v a , p o r ce n t a g e m m u i t o p e q u e n a d o s oct og en ár ios m or av a em con t ex t os d e m u it o alt a vulnerabilidade social, χ2 ( 3) = 11,0, p< 0,05

.

Cont ex t o de v ulner abilidade social e r ede de apoio social

A presença garant ida de um a rede de apoio f am iliar ( por ex em plo, qu an do o idoso m or a com fam iliar es de ger ações m ais novas) pode ser m uit o im portante para garantir o bem - estar do octogenário. No entanto, a presença desse tipo de apoio pode ser influenciada pelo cont ex t o de v ulner abilidade social do idoso. Os dados r ev elar am que a por cent agem dos idosos m or ando num cont ex t o m ult iger acional versus unigeracional est ava significat ivam ent e ligado ao seu nível de vulnerabilidade social, χ2 ( 3) = 10,18,

p< 0, 05 ( Tabela 2) . No cont ex t o de v ulnerabilidade so ci a l a l t a , h a v i a p o r cen t a g em m a i o r d e i d o so s m o r a n d o e m r e si d ê n ci a s u n i g e r a ci o n a i s d o q u e

m ult igeracionais, enquant o nos dem ais cont ext os de v u l n e r a b i l i d a d e so ci a l p r e v a l e ce r a m a r r a n j o s fam iliar es m ult iger acionais.

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d o s ca so s, f o i u m a p e sso a co m p o t e n ci a l p a r a o f e r e ce r a p o i o a o o ct o g e n á r i o , u m a v e z q u e o n ú m e r o t o t a l d e p e sso a s m o r a n d o n o d o m i cíl i o v ar iou em f u n ção do con t ex t o de v u ln er abilidade,

m as n ão o n ú m er o de pessoas acim a de 6 0 an os ( p> 0,05) . Ent r et ant o, o fat o de v iv er em um m esm o am bient e não im plica que o apoio necessár io sej a o f er eci d o .

Tabela 2 - Com posição fam iliar no dom icílio, por cont ext o de vulnerabilidade social. São Carlos, SP, 2008

* o idoso m orava sozinho ou com cônj uge.

* * o idoso m orava com out ros fam iliares ( com ou sem o cônj uge) .

I dade e vulnerabilidade social

A idade dos idosos ( t odos com m ais de 80 a n o s) n ã o e r a si g n i f i ca t i v a m e n t e d i f e r e n t e n o s diversos contextos de vulnerabilidade social. Mais um a v ez not a- se que o gr upo de idosos no cont ex t o de m uit o alt a vulnerabilidade não pode ser usado para se t er m ed id a con f iáv el d as car act er íst icas d esse grupo, por incluir apenas t rês pessoas.

DI SCUSSÃO

Com pr eender o cont ex t o fam iliar de idosos inseridos em diferent es cont ext os de vulnerabilidade social pode cont r ibuir par a o planej am ent o de um a linha de cuidado ao idoso com dem ência no sist em a público de saúde, especialm ent e para o at endim ent o d e i d o so s n o â m b i t o d o Pr o g r a m a d e Sa ú d e d a Fam ília. A Polít ica Nacional de At enção à Saúde do I doso, de 2 0 0 6 , define que a at enção à saúde do idoso t em com o port a de ent rada a At enção Básica/ Saúde da Fam ília( 3,16).

Est u d o s r e ce n t e s a p o n t a m q u e n ã o h á consenso ent re pesquisadores a respeit o do conceit o de apoio social. Trata- se de term o com plexo que deve ser cr it er iosam en t e u t ilizad o( 1 7 - 1 8 ). Est a p esq u isa

lim it ou- se a inv est igar alguns indicador es de apoio fam iliar para idosos acim a de 80 anos, com alterações cog n it iv as, m or an d o em d if er en t es con t ex t os d e v ulner abilidade social.

O cuidado ao idoso no contexto fam iliar deve ser v ist o com o u m a r ealidade com plex a, m ar cada p o r v a r i á v e i s so ci o d e m o g r á f i ca s, cu l t u r a i s e psicológicas, pela hist ória do relacionam ent o fam iliar,

pela nat ureza das necessidades e das dem andas de cuidados para suprir tais necessidades, pelos recursos exist ent es e apoios oferecidos por redes form ais ou inform ais e pela avaliação subj et iva que o cuidador, e dem ais m em bros da fam ília, constrói sobre o cuidar e sobre as etapas da vida( 19- 20).

Os dados revelam que havia significativam en-te m enos octogenários no conen-texto de vulnerabilidade social m uito alta (N= 3) do que nos dem ais contextos. Excluindo esses t rês casos, os idosos no cont ext o de alta vulnerabilidade contavam com m aior potencial de apoio fam iliar do que os idosos no contexto de baixa vulnerabilidade, por t er um a pessoa adicional na sua residência, com idade inferior a 60 anos.

A l o n g e v i d a d e , a f r a g i l i d a d e e a m ult igeracionalidade est ão ent re os principais focos de int er esse par a a com pr eensão da dinâm ica das fam ílias brasileiras vivendo em cont ext os diferent es de vulnerabilidade social, especialm ente nos contextos d e m a i o r p o b r e za . I n f e l i zm e n t e , n o Br a si l , o crescim ent o da população idosa ocorre em am bient e de pobreza e de grandes desigualdades sociais( 21).

CONCLUSÃO

A longevidade da população brasileira t rouxe aum ent o da m ult iger acionalidade. I dosos longev os con st it u em g r u p o d e r isco p ar a a f r ag ilid ad e n a velhice. Nest e est udo, a m aioria dos idosos m orava com a fam ília ( 88% ) , porém , sem o cônj uge ( 71% ) . As fam ílias eram pequenas e os idosos m oravam em m édia com m ais 1,9 pessoa (dp= 1,34) . Em m et ade dos casos, os idosos m oravam com m ais um a pessoa acim a de 60 anos ( 41% ) .

l a i c o s e d a d i l i b a r e n l u

V Unigeracional*(%) Multigeracional**(%) Númerodepessoasnodomicílio Númerodeidososnodomicílio

M dp M dp

a x i a b o t i u

M 21,1 78,9 2,4 1,07 1,8 0,63

a i d é

M 0 100 3,2 1,07 1,3 0,63

a t l

A 7,1 92,9 3,6 1,70 1,6 0,65

a t l a o t i u

M 66,6 33,3 2,3 1,53 1,7 0,58

l a t o

(6)

Ha v i a m e n o s i d o so s o ct o g e n á r i o s n o s contextos de alta vulnerabilidade do que nos contextos de m édia e m uito baixa vulnerabilidade. Em contextos de alta vulnerabilidade havia um a pessoa a m ais não idosa, m or ando com o idoso. Esse apoio adicional p o d e se r e x t r e m a m e n t e i m p o r t a n t e p a r a a longevidade do idoso, um a vez que as fam ílias num cont ext o de alt a vulnerabilidade parece não possuir recursos financeiros para pagar serviços de t erceiros. Ter um a pessoa a m ais, porém , não significa necessar iam ent e dispor de cuidado m ais adequado. Assim , para direcionar polít icas públicas de cuidado ao idoso com dem ência, há necessidade ainda de se

invest igar a funcionalidade da rede de apoio fam iliar especialm en t e par a os idosos m ais lon gev os, com alterações cognitivas e m orando em contextos de alta v ulner abilidade social.

AGRADECI MENTOS

A g r a d e c e m o s o a p o i o f i n a n c e i r o d a Fi n a n c i a d o r a d e Es t u d o s e Pr o j e t o s - FI N EP, d o Min ist ér io d a Ciên cia e Tecn olog ia e d o Con selh o N a c i o n a l d e D e s e n v o l v i m e n t o Ci e n t íf i c o e Tecn ológ ico – CNPq .

REFERÊNCI AS

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