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Conflitos teológicos e políticos da Igreja Católica no Brasil presentes nos artigos das revistas Hora Presente e Permanência (1968-1974)

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CONFLITOS TEOLÓGICOS E POLÍTICOS DA IGREJA CATÓLICA NO

BRASIL PRESENTE NOS ARTIGOS DAS REVISTAS

HORA PRESENTE

E

PERMANÊNCIA

(1968-1974)

ASSIS

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CONFLITOS TEOLÓGICOS E POLÍTICOS DA IGREJA CATÓLICA NO

BRASIL PRESENTE NOS ARTIGOS DAS REVISTAS

HORA PRESENTE

E

PERMANÊNCIA

(1968-1974)

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências e Letras de Assis – UNESP – Universidade Estadual Paulista para a obtenção do título de Mestre em História (Área de Conhecimento: História e Sociedade).

Orientador: Profº. Drº. Ricardo Gião Bortolotti

ASSIS

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da F.C.L. – Assis – UNESP

Souza, Glauco Costa de

S729c Conflitos teológicos e políticos da Igreja Católica no Brasil presentes nos artigos das revistas Hora Presente e Permanência (1968-1974) / Glauco Costa de Souza. Assis, 2012

257 f. : il.

Dissertação de Mestrado - Faculdade de Ciências e Letras de Assis - Universidade Estadual Paulista.

Orientador: Dr. Ricardo Gião Bortolotti

1. Igreja católica - História - Séc. XX. 2. Integrismo. 3. Mili- tarismo – Brasil. 4. Periódicos. 5. Movimentos anticomunistas. I. Título.

CDD 282 981.06

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CONFLITOS TEOLÓGICOS E POLÍTICOS DA IGREJA CATÓLICA NO

BRASIL PRESENTES NOS ARTIGOS DAS REVISTAS

HORA PRESENTE

E

PERMANÊNCIA

(1968-1974)

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências e Letras de Assis – UNESP – Universidade Estadual Paulista para a obtenção do título de Mestre em História (Área de Conhecimento: História e Sociedade).

Data da Aprovação:

COMISSÃO EXAMINADORA

--- Presidente: Prof. Dr. Ricardo Gião Bertolotti – UNESP/Assis

________________________________________

Membros: Prof. Dr. Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus – UFMG/Belo Horizonte

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Ponto final! Essa é a sensação que sinto nesse momento. Longe de ser uma tarefa fácil, comparo essas linhas finais como uma grande arrumação de armário. Nessa dura empreitada, as “roupas” e os “objetos” que fizeram parte da minha vida são comparados às pessoas que, ao longo dela, contribuíram para a formação do meu “estilo”, da minha “personalidade” e que, no momento atual da pesquisa, “protegeram-me” do “inverno”, das desesperanças que me afligiram no decorrer dessa caminhada.

Antes de iniciar a “arrumação”, primeiramente, gostaria de agradecer à Fundação de amparo à pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela bolsa que oportunizou a dedicação do tempo integral à pesquisa, sem o qual seria quase impossível desenvolvê-la. Graças à bolsa, aprendi o ofício do historiador. Tive a oportunidade de me enriquecer culturalmente por meio dos congressos, das viagens e da palestra que ministrei devido ao apoio incondicional desta instituição. Valeu por tudo!

Dando início a organização, em relação ao compartimento onde guardo minhas “atitudes”, meu “estilo”, quero agradecer a minha família, grande responsável pela formação do meu caráter. Graças à educação propiciada por ela que o interesse pelo estudo do fenômeno religioso tornou-se parte fundamental do meu papel no campo historiográfico. Dessa forma, quero agradecer meus pais, Rodolfo de Souza e Waldeneia Jardim Costa de Souza, pelo carinho, atenção, cuidado e respeito que vocês tiveram por mim ao longo de meu desenvolvimento pessoal. Além deles, tenho outras famílias que, com muito zelo, me apararam como verdadeiros pais de coração: para a minha Tia “mais Linda do mundo” e Priscila, Adail e Vinicius, obrigado pelo amparo, e obrigado a D. Zezé e ao Sr. Luiz Giavara, sem vocês não teria tido a mesma alegria em Assis.

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grato a Naiara Galliani, pela amizade e carinho de irmã. Todos são responsáveis pelas vitórias angariadas ao longo da minha trajetória.

No penúltimo compartimento, guardo nessa arrumação as pessoas que apostaram nesse trabalho, que acreditaram na minha capacidade profissional e que me “protegeram” e “orientaram” nessa criação. Em primeiro, quero agradecer ao professor Eduardo Basto de Albuquerque, pelas conversas e informações que me levaram à ideia original desse trabalho. Agradeço também ao professor Ricardo Gião Bortolotti por apostar na minha competência no momento inicial do mestrado. Aos professores do departamento de história de Assis, em especial aos doutores da minha qualificação, ao professor Milton Costa, pelas memórias resgatadas, e à professora Tânia Regina de Luca, pelo seu profissionalismo, decisivo na estruturação dessa dissertação. Sou grato ao professor Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus, pela sincera contribuição dada na banca de defesa. Não poderia deixar de lado a colaboração de Marcos Francisco D’Andrea, da pós-graduação, e de Auro Sakuraba, da biblioteca, pelas constantes ajudas e boa vontade.

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Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Assis, 2012.

RESUMO

Na contemporaneidade, a utilização de revistas como fonte histórica assumiu uma crescente importância no trabalho acadêmico, principalmente no campo da história das religiões, pois os discursos contidos em tais fontes permitem ao historiador a análise de uma determinada época e, consequentemente, de uma parcela da sua realidade social. Especificamente no caso deste estudo, os artigos das revistas estudadas, Hora Presente e Permanência, que refletem o pensamento de dois grupos do integrismo católico, serão o objeto a partir do qual esta dissertação analisará os conflitos políticos e teológicos da Igreja Católica no Brasil. Em ambos os periódicos, o trabalho se atém à análise dos discursos antiprogressista, anticomunista e antimodernista, com o intuito de se estabelecer uma apreciação sincrônica dos fatos e eventos que remetem à atuação da instituição religiosa durante os “anos de chumbo” do governo Médici (1968-1974). Para tanto, serão utilizados alguns fundamentos da historiografia francesa provenientes da escola dos Annales e, além disso, na interpretação dos discursos, serão utilizados os apontamentos de Bourdieu e do círculo de Bakhtin para se pensar a ideia de campo e da função social da linguagem. Por fim, como se trata de um trabalho com análise de periódicos, o trabalho pautou-se também na obra de Tânia Regina De Luca, cuja importância foi fundamental para o desenvolvimento da dissertação.

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RÉSUMÉ

Actuallement, l'utilisation des magazines en tant que source historique a assumé une importance croissante dans les travaux universitaires, en particulier dans le domaine de l'histoire des religions, parce que les discours contenus dans ces sources permettent à l'historien d'analyser un moment donné et, par conséquent, une partie de leur réalité sociale. Plus précisément, dans le cas dans cette étude, les articles des revues étudiés, Hora Presente et Permanência, qui reflètent la pensée de deux groupes de l'intégrisme catholique, seront l'objet à partir duquel cette dissertation analysera les conflits théologiques et politiques de l'Église catholique au Brésil. Dans les deux revues, il y a la liaison du travail à l'analyse des discours anti-progressisme, anti-communiste et anti-moderniste, avec le but d'établir un examen synchronique des faits et des événements qui se rapportent à la performance de institution religieuse pendant les "années de plomb" du gouvernement Médici (1968-1974). Pour cela, seront utilisé certains éléments essentiels de l'historiographie française de l'École des Annales et, en outre, dans l'interprétation des discours, seront utilisées les notes de Bourdieu et du cercle de Bakhtine pour penser à l'idée de champ et la fonction sociale du langage. Enfin, comme il s'agit d'un travail avec analyse des périodiques, le travail a eté basé aussi dans l’ouvre de Tânia Regina De Luca, dont l'importance était cruciale pour le développement de la dissertation.

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Figura 01: Hora Presente, nº 1, Set-Out/1968 36

Figura 02: Símbolo do grupo Permanência 38

Figura 03: Permanência, nº 1, Out./1968 39

Figura 04: Propaganda Café Caboclo 59

Figura 05: Propaganda do grupo APLIK 59

Figura 06: Propaganda do Açúcar União 60

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Tabela nº01: Jornais, Revistas e Programas Radiofônicos Publicados nas Seções de Hora Presente

30

Tabela nº02: Jornais, Revistas e Programas Radiofônicos Publicados nas Seções de Permanência

32

Tabela nº03: Direção e Secretário da Revista Hora Presente (p. 41)

41

Tabela nº04: Conselho de Redação da Hora Presente

41

Tabela nº05: Colaboradores não Oficiais de Hora Presente

42

Tabela nº06: Direção e Conselho de Redação do grupo Permanência (p. 45)

45

Tabela nº07: Colaboradores da Revista Permanência

47

Tabela nº08: Colaboradores Não Oficiais que escreveram na Seção de Artigos da Revista Permanência

48

Tabela nº09: Redação e Administração, Preços e Assinaturas em Hora Presente

52

Tabela nº10: Redação/Administração, Assinaturas/Preços, Patrocinadores e Gráfica/Editora em Permanência

54

Tabela nº11: Seções da revista Hora Presente

60

Tabela nº12: Seções da revista Permanência

63

Tabela nº13: Artigos Escritos por José Pedro Galvão de Souza em Hora Presente

102

Tabela nº14: Artigos escritos por Gustavo Corção em Permanência

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INTRODUÇÃO 15

CAPÍTULO I - Hora Presente e Permanência: A História da Imprensa Brasileira

nas décadas de 1960 e 1970 e a materialidade das revistas 23

1.1 As Revistas nas décadas de 1960 e 1970 24

1.2 Caracterização das revistas Hora Presente e Permanência 35

1.2.1 Sobre a escolha do título 35

1.2.2 Os idealizadores e colaboradores 39

1.2.3 Localização, dados editoriais e fontes de financiamento 51

1.2.4 Características físicas 58

1.2.5 Estruturação interna 60

CAPÍTULO II – Para uma história dos intelectuais católicos: o conceito de trajetória, rede e geração por meio das obras de José Pedro Galvão de Souza e Gustavo Corção

70

2.1 Um breve histórico 71

2.1.1 O Integrismo católico 71

2.1.2 José Pedro Galvão de Souza 78

2.1.3 Gustavo Corção 79

2.2 O Pensamento conservador: um resgate da história da Igreja católica no Brasil 81 2.2.1 Da Proclamação da República até finais da década de 1940 81

2.2.2 A Renovação católica: de 1950 a 1960 86

2.2.3 O conflito armado: progressistas x conservadores 93

2.2.4 O ano de 1968: o contexto de formação dos grupos Hora Presente e

Permanência 97

2.3 Entre o público e o privado 102

2.3.1 Os artigos escritos por José Pedro Galvão de Souza 102

2.3.2 Os artigos escritos por Gustavo Corção 104

CAPÍTULO III – O discurso antiprogressista: o conflito interno católico representado nos artigos das revistas Hora Presente e Permanência

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3.3 Dom Hélder Câmara e Leonardo Boff 121

3.4 CNBB, ISPAC e IDOC 127

3.5 Papa, Concílio Vaticano II e Culto Mariano 131

3.6 Sacerdócio e celibato 133

3.7 Catecismo Holandês 136

3.8 As revistas Vozes, REB e o jornal O São Paulo 139

CAPÍTULO IV – Representações e Práticas políticas, sociais e culturais nos anos

60 e 70 do século XX: análise dos discursos anticomunista e antimodernista dos grupos Hora Presente e Permanência

143

4.1 O discurso anticomunista 145

4.1.1 Marxismo/Socialismo/Comunismo 147

4.1.2 Ditadura, Perseguição Religiosa e Tortura 152

4.1.3 A Juventude Comunista 159

4.1.4 A representação dos países comunistas 163

4.2 O discurso antimoderno 171

4.2.1 O Pensamento Moderno 172

4.2.2 A Liberdade Sexual no Mundo Moderno 176

4.2.3 O Assalto a Família Brasileira 180

4.2.4 A inversão dos papéis: a diversidade sexual 181

4.2.5 O movimento hippie e as drogas: um fator desagregante 184

CONSIDERAÇÕES FINAIS 188

BIBLIOGRAFIA 192

ANEXOS 196

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Hora Presente e Permanência são periódicos católicos criados por grupos conservadores pertencentes à cúpula da sociedade paulistana e carioca nas décadas de 1960 e 1970. O primeiro e o segundo - lançados, respectivamente, na cidade de São Paulo em 22 de agosto de 1968 e no Rio de Janeiro em Outubro de 1968 - com seus grupos homônimos, surgiram em um momento específico da história política e religiosa brasileira.

No dia 31 de março de 1964, por meio de um golpe de Estado, os militares instauraram no país um regime autoritário e repressor que permaneceu até o ano de 1984, início do processo de redemocratização. Em nome da Doutrina de Segurança Nacional e da ameaça de se implantar no país um governo de caráter comunista, os militares, apoiados por grupos anticomunistas de diversas matrizes,1 passaram a perseguir os grupos de esquerda no Brasil. Assim, no auge dessa perseguição, ocasionada pela promulgação do Ato institucional nº 5 e pela presidência do general Garrastazu Médici, surgem os grupos e as revistas Hora Presente e Permanência em apoio à ditadura e ao combate a esses grupos “subversivos”.

No plano religioso, esse contexto se torna único para a história da Igreja católica no Brasil. Com o golpe militar de 1964, a ala progressista da Igreja passou a atuar contra o regime instaurado, o que acarretou uma forte cisão entre os diferentes setores da instituição. É interessante constatar que em tal contexto a renovação ocasionada pelo Concílio Vaticano II influenciou a ação da esquerda católica no país por meio de duas vias de atuação: a da violência estrutural e a da violência institucional,2 tornando-se um marco importante no conflito armado entre os grupos católicos no Brasil.

1 Rodrigo Patto Sá Motta (2002) identifica três matrizes ideológicas que fomentaram o anticomunismo brasileiro,

tanto na década de 1930 quanto na década de 1960: o catolicismo (vertente tradicional-conservadora), sob a alegação de que a filosofia comunista nega a existência de Deus e professa o materialismo ateu; o

nacionalismo, que enfatiza a defesa da ordem, da tradição e da centralização contra as forças centrífugas da desordem; e o liberalismo, que ataca a liberdade e destrói a propriedade privada.

2 Segundo José Oscar Beozzo (1993, p. 71), o Concílio Vaticano II foi uma tentativa da Igreja Católica Romana

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Assim, justifica-se a criação das revistas nesse momento histórico, pois o discurso conservador e anticomunista dos grupos mesclou-se com os interesses políticos dos militares a partir de 1968. Segundo o conservadorismo católico, o comunismo corrompia os valores morais e cristãos e, por isso, passou a ser combatido por Hora Presente e Permanência através da construção de um discurso antimoderno. Os grupos acreditavam que a sociedade brasileira passava por um processo de secularização dos valores morais graças ao pensamento moderno, o que justifica a aprovação do regime pelos dois grupos.

Dessa forma, pretende-se, neste trabalho, analisar as práticas discursivas e as representações históricas dos grupos Hora Presente e Permanência por meio da identificação, catalogação e indexação dos artigos das revistas que remetem aos conflitos políticos e teológicos existentes entre os setores progressistas e conservadores da Igreja Católica. A partir da identificação desses grupos e de suas posições, a pesquisa procura retratar o contexto histórico da época, cujas marcas são as grandes mudanças estruturais na sociedade brasileira que influíram na dinâmica interna da Igreja Católica no Brasil.

Em um primeiro momento, a intenção era mapear as revistas até o processo de redemocratização brasileira. Mas, devido à grande quantidade de revistas, principalmente do grupo do Rio de Janeiro, seria inviável a realização da pesquisa pelo pouco tempo oferecido pelo programa de mestrado, assim, optou-se pelos anos que vão de 1968 a 1974, ou seja, especificamente os anos de gestão do general brasileiro Garrastazu Médici,3 em cujo governo foram efetivadas as perseguições políticas aos grupos de esquerda iniciadas com a promulgação do AI-54 e em que o conflito entre os grupos conservadores e progressistas da Igreja Católica se intensificou.

Outro fator para a escolha do período é a sua importância historiográfica, pois, por ter sido um governo autoritário e repressivo5, os anos da presidência do general Médici

Nacional, através de prisões arbitrárias, torturas, assassinatos, negando todos os direitos da pessoa humana e suspendendo as garantias jurídicas ao exercitar a repressão política e social”.

3 Emílio Garrastazu Médici (1905-1985) foi presidente do Brasil entre 30 de Outubro de 1969 a 15 de março de

1974.

4 Instituída em 13 de dezembro de 1968, com o AI-5 a tortura passou a ser praticada sistematicamente contra os

oponentes governamentais. O que diferencia o AI-5 dos outros atos é o seu 10º artigo, que outorga: “fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular”. O habeas corpus é a garantia constitucional dada ao cidadão que sofre violência ou ameaça de constrangimento ilegal em sua liberdade de locomoção por parte de alguma autoridade legítima. Desse modo, ao suspender esse direito, AI-5 justificou constitucionalmente a perseguição e o extermínio que efetuava contra os grupos de oposição ao regime. Disponível em: http://www.acervoditadura.rs.gov.br/legislacao. Acesso em: 06/04/2011.

5 A atuação do presidente Médici, considerado um governante “linha dura”, é conhecida como “anos de

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permanecem nos dias de hoje como um grande tabu, principalmente entre as Forças Armadas que tentam preservar o esprit de corps (SERBIN, 2001, p. 10). Com isso, torna-se um dever dos pesquisadores da área uma interpretação mais clara sobre esse passado nebuloso da história política brasileira.

Outra advertência lançada pelo historiador Daniel Aarão Reis Filho6 é a dificuldade de se encontrar estudos de organizações e instituições que foram favoráveis à ditadura militar. Segundo o historiador, nas universidades brasileiras é majoritário o estudo dos derrotados e das minorias do que o estudo acadêmico dos vitoriosos, principalmente quando se diz respeito à história do tempo presente. É evidente, devido ao sucesso do regime militar, que grandes seções da sociedade brasileira apoiaram a instalação deles no poder, como foi o caso dos grupos Hora Presente e Permanência.

Tal dificuldade de estudo foi percebida ao longo da trajetória desta dissertação, pois, desde o início da pesquisa, sabendo que grande parte dos periódicos encontrava-se na biblioteca da Universidade Estadual Paulista - UNESP/Assis -, esperava-se localizar e pesquisar o restante do corpus da revista Permanência na própria sede do grupo, na cidade do Rio de Janeiro.7 No entanto, no começo de 2010, buscou-se estabelecer um contato, por e-mail, com o presidente - Dom Lourenço Fleichman OSB - que, após a descrição do projeto e do objetivo do trabalho, não respondeu à esta primeira mensagem e nem às demais, nem deu maiores explicações sobre o pedido. Em seguida, entrei em contado com algumas bibliotecas católicas de São Paulo e consegui realizar e terminar a indexação das revistas Hora Presente e Permanência, além de levantar alguns dados essenciais para a realização dessa pesquisa. Mas, infelizmente, algumas referências bibliográficas que poderiam ser relevantes para o desenvolvimento da pesquisa ficaram guardadas e reservadas na sede do grupo Permanência.

Pode-se também elencar, como parte da dificuldade para a realização desse trabalho, a falta de bibliografia referente à participação da Igreja nesse contexto específico, o que pode se tornar, ao mesmo tempo, um trabalho importante no cenário historiográfico. Como aponta

governo, os militares defenderam a radicalização das medidas repressivas, representada, sobretudo, pela promulgação do Ato Institucional nº 05. Para mais informações, cf. COIMBRA, 2001.

6 A ideia foi originalmente apresentada na palestra realizada pelo professor da Universidade Federal Fluminense,

Daniel Aarão Reis Filho, no dia 18 de Out. de 2006, na VI Semana Acadêmica de História, América Latina: ditaduras militares e experiências socialistas. Para mais informações, cf: <www.periodicos.unesc.net/index.php/historia/article/download/213/213.> Acesso em: 10/04/2011.

7 O grupo Permanência possui sua sede na Capela da Nossa senhora da Conceição, na cidade de Niterói, sob a

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Reis Filho, a primeira dissertação de mestrado sobre a relação entre a ditadura militar e os setores que a apoiaram apareceu em 2004 - 40 anos após o término do regime.

Quanto ao objeto de estudo, por serem duas revistas de relevância entre os meios eclesiásticos e da elite brasileira, além de comporem o cenário da imprensa na época, tem-se em conta as práticas historiográficas devotadas aos periódicos, que ganharam espaço a partir de 1970, com o surgimento da terceira geração dos Annales e, por conseguinte, com a denominada “nova história cultural”.8

Na análise das revistas Hora Presente e Permanência torna-se importante a atenção do historiador para a materialidade da revista, para seu conteúdo e para os seus idealizadores, pois as condições técnicas e materiais de uma revista são dotadas de historicidade e se atrelam a contextos históricos específicos, “[...] o que permite ao pesquisador localizar sua fonte numa determinada série, uma vez que este não se constitui em um objeto único e isolado” (DE LUCA, 2010, p. 138-139)

A imprensa periódica seleciona, de alguma forma, aquilo que considera digno de chegar até o público, assim, cabe ao historiador pesquisar as motivações que levaram os idealizadores de determinado tipo de imprensa à decisão de dar publicidade a uma determinada notícia. Por isso, é importante o estudo da análise do discurso, uma vez que estes: "[...] adquirem significados de muitas formas, inclusive pelos procedimentos tipográficos e de ilustração que os cercam. A ênfase em certos temas, a linguagem e a natureza do conteúdo tampouco se dissociam do público que o jornal ou a revista pretende atingir." (DE LUCA, 2010, p. 140)

Os conteúdos dos artigos de Hora Presente e Permanência selecionam, ordenam, estruturam e narram uma determinada realidade histórica e, por isso, não podem ser dissociados do lugar ocupado pela publicação e, principalmente, pelos seus idealizadores. Ou seja, para o historiador, o estudo dos colaboradores e dos líderes dos periódicos torna-se essencial para o desenvolvimento da pesquisa, pois os meios intelectuais de uma determinada

8 Em relação às alterações da prática historiográfica ao longo do século XX, a terceira geração dos Annales

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época produzem ideias e discursos que representam as disposições estáveis e partilhadas, próprias de um determinado grupo social.

Por conseguinte, pode-se afirmar que os artigos das revistas revelam o mundo como representação,9 na qual há uma articulação entre o mundo do texto e o mundo do sujeito, entre as maneiras como as narrativas contidas em um documento afetam o leitor e o conduzem a uma nova forma ou compreensão de si próprio e do mundo. Conclui-se, portanto, que os periódicos e seus grupos formam um “mundo à parte”, um “pequeno mundo estreito”. Os intelectuais e suas relações de sociabilidade com os seus grupos são “[...] antes de tudo um lugar de fermentação intelectual e de relação afetiva, ao mesmo tempo viveiro e espaço da sociabilidade, e pode ser entre outras abordagens, estudada nesta dupla dimensão.” (SIRINELLI, 1996, p. 248-249).

Dentro dessa perspectiva, procurou-se identificar cuidadosamente os grupos responsáveis pela linha editorial das revistas Hora Presente e Permanência, assim como atentar para a escolha dos títulos dos artigos e dos textos programáticos “[...] a fim de se fazer uma leitura do passado capaz de inquirir sobre os diferentes poderes e interesses financeiros a que os grupos eram ligados.” (DE LUCA, 2010, p. 140).

Em relação à linha historiográfica deste trabalho, por se tratar de dois grupos que possuem como visão de mundo a religião católica, de base conservadora e integrista, adotou-se como instrumento de análiadotou-se a vertente historiográfica denominada História Religiosa, nascida por meio das contribuições trazidas pela terceira geração dos Annales na década de 1970, pelo historiador francês Dominique Julia. Ela não possui métodos específicos, “[...] pois se preocupa com a inserção social de determinada religião em certo tempo.” (ALBUQUERQUE, 2003, p. 64) Contudo, devido às contribuições teórico-metodológicas advindas da História Cultural francesa para o estudo das diversas manifestações religiosas existentes no Brasil, com análises pautadas na interface do sagrado com os aspectos sociais, culturais e/ou políticos, a História Religiosa, segundo Albuquerque (2007), passou a se denominar História Cultural do Sagrado,10 o que permitiu a apropriação de métodos da História Cultural do político, dos intelectuais e da história da imprensa.

9 O conceito de representação, trabalhado pelo historiador francês Roger Chartier (2009, p. 49), evoca a maneira

como os grupos de uma dada sociedade dão sentido às suas práticas sociais e aos discursos que as permeiam. Assim, as relações sociais que ocorrem em um período histórico, entre diferentes grupos de uma mesma sociedade, “são marcadas pela maneira como os indivíduos e os grupos se percebem e percebem os demais”, por meio dos diferentes discursos que regem uma determinada sociedade.

10 No artigo em questão, o professor Eduardo Bastos de Albuquerque trata das orientações historiográficas

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Os conflitos políticos e teológicos entre os grupos conservadores e progressistas da Igreja Católica no Brasil permitem ao pesquisador a utilização de teorias que são capazes de estabelecer categorias de análises pertinentes ao desenvolvimento da pesquisa. Assim, como gênero discursivo, os artigos escritos pelos grupos, constituídos em sua maioria por artigos de opinião, são marcados pela critica ao “outro” que, no caso, são os progressistas católicos. Partindo desse pressuposto, a pesquisa terá por base teórica, além das teorias de Bourdieu sobre a linguagem como produto ideológico determinado por seu campo social, as contribuições do círculo de Bakhtin, especificamente, as análises sobre as interações sociais, tomando como fundamento a concepção dialógica da linguagem.11

Dessa forma, os discursos antiprogressista, anticomunista e antimodernista dos grupos em questão, permitem a conexão do indivíduo e de seu grupo às condições sócio-históricas determinadas, revelando acontecimentos sociais impregnados por um discurso estruturado na visão de mundo de quem produziu as fontes históricas. Nesse sentido, as contribuições teóricas advindas da sociologia de Bourdieu e do círculo de Bakhtin revelam as relações das forças culturais (centrípetas/centrífugas) na produção do gênero discursivo, afirmando que o sujeito se individualiza, tem a sua personalidade constituída, quanto mais ele se socializa, como se o sentido da constituição do sujeito caminhasse do social para o individual. Como descreve Grillo (2005, p.156)

Os sujeitos são formados pela incorporação de disposições produzidas por regularidades objetivas, situadas dentro da lógica de um campo determinando (ciência, religião, mídia, família, classe social etc), mas que são redimensionadas em razão da trajetória e da posição ocupada pelo sujeito no campo.

Dessa forma, a linguagem, enquanto uma fração ideológica, concebe a palavra como um ato de compreensão e interpretação da dinâmica histórica de um determinado campo

colaboram para o estudo do pesquisador. Assim, Albuquerque propõe o desdobramento epistemológico da história religiosa praticada nos anos anteriores e chama a atenção dos historiadores para os conceitos de

sentidos e práticas, pois possuem a “finalidade de perceber o significado atribuído ao mundo (...) de modo a atribuir historicidade a visões de mundo que estão no cotidiano e que fundam a religiosidade de um grupo social (...)” (2007, p. 47).

11 As análises dos artigos das revistas derivam das reflexões acerca das contribuições teóricas do círculo de

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social. Portanto, o trabalho compreende que todo campo produz uma linguagem própria que caracteriza os seus agentes e seus produtos e cria esquemas e categorias que visam à manutenção da regra social e mantém a lógica interna do campo. Por esse motivo, empreende-se nesempreende-se trabalho a análiempreende-se dos discursos de Hora Presente e Permanência no contexto da ditadura militar brasileira, no intuito de apreender a construção do “outro” na disputa do controle ideológico pelo campo religioso.12

Em última análise, por ser um instrumento de produção vinculado a um grupo de intelectuais católicos de extrema direita, pretende-se, neste trabalho, situar os acontecimentos políticos e religiosos da época tendo como recorte o conflito interno que se processou entre os grupos conservadores e progressistas da Igreja Católica, no intuito de constatar como o “outro” foi tomado e desqualificado pelos articulistas de ambas as revistas. Dessa maneira, a análise busca o estudo de um período conturbado da histórica política e religiosa do Brasil, partindo da visão de um grupo católico que atuou e militou conforme as disposições políticas do regime militar brasileiro.

Para dar conta da trajetória das duas revistas - que sofreram modificações na sua periodicidade - enfocando seus colaboradores, a estrutura interna e a materialidade, optou-se pela subdivisão em temáticas específicas, às quais correspondem os capítulos da dissertação explanados a seguir.

De início, tratou-se de posicionar as revistas Hora Presente e Permanência na história da imprensa, situando-as no amplo painel de publicações das décadas de 1960 e 1970. Além disso, têm-se a apresentação do histórico dos grupos, suas estruturações internas, seus colaboradores, enfim, suas materialidades por meio de métodos do campo historiográfico.

Num segundo capítulo, serão estudadas as influências recebidas pelos grupos, no que diz respeito às linhas de pensamento católico, por meio dos líderes dos grupos: José Pedro Galvão de Souza, da revista Hora Presente; e Gustavo Corção, da revista Permanência. Desse modo, foi possível perceber as “angustias” políticas e teológicas vividos pelos intelectuais por terem sido agentes da disputa pelo controle ideológico do campo religioso católico por meio da descrição de alguns artigos escritos pelos líderes dos grupos referentes a esse embate.

Campo, segundo as análises de Bourdieu, pode ser definido como uma forma de organização social que possui

dois aspectos centrais: (a) uma configuração de papéis sociais, de oposições dos agentes e de estrutura às quais estas posições se ajustam; (b) o processo histórico no interior do qual estas posições são efetivamente assumidas, ocupadas pelos agentes individuais ou coletivos (HANKS, 2008, p. 43). Portanto, as posições no campo são definidas por oposição onde os agentes disputam e competem pelo poder simbólico.

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O terceiro capítulo é dedicado à análise do discurso antiprogressista na tentativa de definir como o “outro” foi representado pela visão dos grupos Hora Presente e Permanência. Dentro desse viés foi possível elencar os principais episódios recorrentes ao longo dos sete anos de publicação. Nesse capítulo, o interessante é observar como a disputa pelo poder simbólico entre os grupos se construiu por meio de imagens depreciativas em relação à atuação dos católicos progressistas em âmbito mundial.

No capítulo seguinte, procurou-se elencar os principais artigos que retratam as ações políticas dos grupos progressistas e dos comunistas (tanto no contexto interno quanto externo) e as influências do pensamento moderno no mundo, como resultado final do processo de secularização da Igreja católica Romana, segundo afirmava o grupo paulista e o carioca. Assim, por meio da representação do anticomunismo e do antimodernismo dos grupos em análise, é possível o resgate de episódios que marcaram a história desse contexto.

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Hora Presente

e

Permanência:

A História da Imprensa Brasileira nas

décadas de 1960 e 1970 e a materialidade das revistas

As revistas Hora Presente e Permanência não se enquadravam entre os principais veículos de comunicação que circularam nas décadas de 1960 e 1970 e este nem era o objetivo dos grupos, apesar de necessitarem de recursos financeiros para a edição das mesmas.13 Com a proposta de veicular em seus artigos pontos essenciais da doutrina católica, referente aos documentos pontifícios e aos principais teóricos conservadores e integristas da instituição, os grupos Hora Presente e Permanência se caracterizavam pela construção de um discurso antiprogressista, anticomunista e antimodernista, mantendo, assim, grande proximidade com as iniciativas da administração de Emílio Garrastazu Médici.14 Tais fatores tornam esses periódicos importantes fontes para se entender as ações políticas do regime

13 Tanto o grupo Hora Presente quanto o Permanência necessitavam de ajuda financeira para a edição de suas

revistas. Notas foram publicadas pedindo aos leitores para angariarem assinaturas e recursos para manterem ativos os periódicos. Assim, na revista número cinco de Hora Presente (Fev. de 1970) encontra-se uma observação: “Não temos à nossa disposição os vultosos recursos que se empregam para a promoção da mística mudança da ‘Igreja dos Pobres’, não estamos ligados a nenhum grupo econômico local ou internacional, não pertencemos a nenhum partido político nem a nenhuma entidade datada de vida financeira autônoma [...]

Hora Presente é fruto de esforço desinteressado de um grupo de leigos, que sacrificam parte do tempo requerido por seus afazeres profissionais e até contribuem com a parcela do que lhes proporciona seu trabalho cotidiano para que a publicação se mantenha” (p. 04). Já em Permanência (Jan/Fev. de 1970) encontra-se a seguinte nota dirigida aos assinantes da revista para renovarem suas assinaturas: “Insistência neste apelo se deve ao fato de tornar-se cada dia mais difícil manter a remessa – como vínhamos fazendo – para nossos assinantes que ainda não renovaram” (p. 64).

14 A ligação entre os grupos Hora Presente e Permanência com a presidência do general Garrastazu Médici

torna-se nítida com a análise dos periódicos. Em várias edições, além de inúmeros artigos e notas referentes aos discursos do presidente, encontra-se publicadas os recursos financeiros provenientes do poder público, além da ligação de ministros do governo ditatorial com as revistas. Como exemplo, no número 07 da revista

Permanência (Abr. de 1969) há a seguinte nota: “nossa organização é reconhecida de utilidade pública (decreto federal nº 63.414 de 11/10/1968). Assim, todos os donativos e mensalidades para Permanência

podem ser descontados no imposto de renda” (p. 64-65). E, a partir do número 30 da revista Permanência,

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militar e do conflito que se processou entre as alas conservadoras e progressistas da Igreja católica na época.

Sendo assim, nesse primeiro capítulo, procura-se posicionar as revistas Hora Presente e Permanência no amplo universo de periódicos que circularam entre às décadas de 1960 e 1970. Posteriormente, a partir da sistematização da sua estrutura interna (seções, títulos e artigos), materialidade (capa, publicidade e preço) e articulistas (redatores e colaboradores), busca-se caracterizar o perfil e descrever as estruturas (interna e externa) dos periódicos ao longo dos sete primeiros anos de circulação.

1.1 As revistas nas décadas de 1960 e 1970

Para que se entenda melhor a dinâmica histórica da imprensa brasileira durante os anos 60 e 70, é necessário retroceder à década de 1950 que foi um marco interessante para se compreender as publicações com as quais os grupos Hora Presente e Permanência dialogaram. Apesar das profundas diferenças que assinalam a materialidade das revistas em análise com o restante das publicações da grande imprensa,15 a explanação desse contexto é primordial para a construção do trabalho.

A partir da década de 1950, ocorreu um processo de modernização nos meios de comunicação que atingiu vários veículos de informação das principais cidades do país e promoveu inúmeras mudanças nas estruturas administrativas no intuito de atingir uma maior racionalização da produção jornalística e um melhor gerenciamento de formas de produzir a matéria de uma maneira mais impessoal.

O primeiro jornal a adotar essa postura jornalística e introduzir notícias de caráter objetivo e neutro foi o Diário Carioca,16 que acabou influenciando os demais, bem como os periódicos existentes ou criados no período. (BARBOSA, 2007, p. 150).

15 Quanto à estruturação física e discursiva das revistas Hora Presente e Permanência, é possível dizer que

ambas se assemelham aos periódicos católicos anteriores a década de 1950, como a revista A Ordem, de 1921. Dessa forma, os artigos escritos pelos grupos possuíam um caráter doutrinário, próximo das narrações literárias, além do tom opinativo de caráter político. Percebe-se também que os próprios intelectuais das revistas que custeavam a produção e a publicação delas, contando com doações extras aos grupos por parte de colaboradores assinantes das revistas. Além disso, a letra impressa nas revistas era miúda, as colunas eram duplas em algumas seções e havia artigos em página inteira. Nota-se que não havia preocupação com a parte estética do produto e nem com as poucas propagandas.

16 O Diário Carioca foi um periódico fundado no Rio de Janeiro em 17 de Julho de 1928, mas, por ser um feroz

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Além dessas modificações na esfera discursiva, a imprensa também sofreu mudanças técnicas (redacionais, editoriais e visuais) e profissionais, com o surgimento de cursos universitários para atender à nova demanda de mercado.17 Em síntese, a imprensa impôs novos padrões de produção discursiva, diferenciando-se das esferas literárias e políticas que até então dominavam as publicações. (RIBEIRO, 2006).

Cabe ressaltar que os espaços opinativo e literário não foram eliminados, apenas foram revalorizados com seções específicas. Além disso, ocorreu um enriquecimento das imagens e dos textos (manchetes, legendas e notícia) com o desenvolvimento das técnicas de diagramação, de fotojornalismo e de caricatura (Id. ibid.). Dessa forma, a década de 1950 torna-se um marco no processo de modernização e, segundo Barbosa: (2007, p. 150)

[…] todo o processo de modernização do jornalismo da década de 1950 sedimentou uma série de mudanças que já vinham sendo implementadas desde a primeira década do século e que se encontra na conjuntura histórica dos anos de 1950 eco favorável ao discurso da neutralidade. Na década seguinte, as condições políticas brasileiras – o golpe de 1964 e a censura à imprensa – consolidaram de vez o processo de transformação do jornalismo.

Com isso, como a autora aponta, (Id., p. 152), esse processo de modernização foi uma forma da imprensa se revestir de poder simbólico, sendo ela, a partir desse período, uma fala autorizada em relação aos acontecimentos fatídicos. Assim, mesmo que grupos da grande imprensa não participassem efetivamente do poder político no período, o profissional da época se tornou um intelectual orgânico,18 “pois se torna um executor do grupo dominante mediando suas ações e decodificando o seu simbolismo.”

Sendo assim, nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, há jornais e revistas que se reafirmaram na cena pública e outros grupos que surgem na mesma época e, em geral, passam a utilizar o poder do discurso para retratar diversos momentos históricos e sociais como, por

17 De acordo com Lago e Romancici (2007, p. 121), o processo de modernização e as intrínsecas relações entre

imprensa e poder no Brasil fizeram com que se desenvolvessem as faculdades de jornalismo. Como consequência, nas décadas de 1930 e 1940, há a criação das graduações em Comunicação e Jornalismo na Universidade do Distrito Federal (1935), Escola de Jornalismo Cásper Líbero (1947) e da Universidade do Brasil, hoje UFRJ (1958). Assim, a área passou a ter 58 cursos de comunicação na década de 1970, até atingir 120 em 1990. Mas, foi durante o regime militar, em 1969, que a profissão de jornalista receberia sua primeira regulamentação, com o Decreto-Lei nº 972.

18 É interessante ressaltar aqui a relação que Marialva Barbosa (2007, p. 152) constrói ao relacionar a função do

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exemplo, o suicídio de Getúlio Vargas, o período desenvolvimentista do governo de Juscelino Kubistchek e outros episódios que influenciaram os diversos grupos sociais dessas capitais.

Na grande imprensa da cidade de São Paulo, circulavam os jornais O Estado de São Paulo19, o Jornal da Tarde20, a Folha de São Paulo21 e o Folha da Tarde,22 e periódicos de renome como a revista Realidade,23 a Manchete24 e a Veja.25 Na cidade do Rio de Janeiro circulavam os jornais Correio da Manhã26, O Jornal,27 o Diário de Notícias28, o Globo29, a Última Hora30 e o Jornal do Brasil31 e entre os periódicos constam o Pasquim32 e O Cruzeiro.33

19 Anteriormente denominado A Província de São Paulo, o jornal O Estado de S. Paulo, fundado em 4 de Janeiro

de 1875 com base nos ideais de um grupo de republicanos, é um dos principais no Estado, tendo sido o pioneiro em venda avulsa no país.

20Jornal da Tarde, ou simplesmente JT, é um dos jornais diários da cidade de São Paulo, publicado desde 4 de

Janeiro de 1966. Inicialmente vespertino, passou a matutino em 1988.

21Folha de S. Paulo é o segundo maior jornal de circulação do Brasil. Na década de 1960, apoiou a ditadura

militar implantada no Brasil. Entretando, a partir de meados da década de 1970, passou a defender o retorno da democracia, dando oportunidade de manifestação tanto aos líderes militares quanto aos políticos de oposição.

22 O Folha da Tarde, um vespertino brasileiro publicado pela Folha de São Paulo e distribuído em São Paulo

entre os anos de 1945 a 1999, foi substituído pelo popular Agora São Paulo.

23 Realidade foi uma revista brasileira lançada pela Editora Abril em 1966. Circulou até Janeiro de 1976.

Apresentava características inovadoras para a época e destacou-se por suas grandes reportagens, permitindo que o repórter “vivesse” a matéria por um mês ou mais, até a publicação.

24Manchete foi uma revista brasileira publicada semanalmente de 1952 a 2000 pela Bloch Editoras. Criada por

Adolpho Bloch, posteriormente, o nome da revista foi dado à emissora de televisão Manchete.

25Veja, uma revista semanal brasileira publicada pela Editora Abril, foi criada em 1968, pelos jornalistas Victor

Civita e Mino Carta. Com uma tiragem superior a um milhão de exemplares, é a revista de maior circulação no Brasil.

26 O Correio da Manhã foi um periódico brasileiro, publicado no Rio de Janeiro, de 1901 a 1974. O Correio da Manhã não sobreviveu ao regime militar instalado em 1964 no país, devido à oposição ferrenha que fazia ao governo. A prisão de membros e a falta de verbas publicitárias, quadro causado pela pressão do governo militar, acabou colocando fim à iniciativa.

27O Jornal, que circulou no Rio de Janeiro, foi fundado em 1919 e comprado em 1924 por Assis Chateaubriand.

Deixou de circular em 1974, período de crise para a imprensa carioca, em que outros jornais também foram extintos, como o Correio da Manhã (1901-1974) e o Diário de Notícias (1930- 1976).

28 O Diário de Noticias foi um jornal criado na cidade do Rio de Janeiro que durou de 1930 a 1976. Pelo mesmo

motivo de O Jornal e Correio da Manhã foi fechado durante o governo ditatorial.

29O Globo, jornal diário de notícias sediado no Rio de Janeiro, foi fundado em 29 de Julho de 1925 e é parte

integrante das Organizações Globo, de propriedade da família Marinho, que inclui a Rádio Globo e a Rede Globo de Televisão. Funcionou como jornal vespertino até 1962, quando se tornou matutino. De orientação política conservadora, é um dos jornais de maior tiragem do país.

30Última Hora foi um jornal carioca fundado pelo jornalista Samuel Wainer, em 12 de Junho de 1951. Chegou a

ter uma edição em São Paulo, além de uma edição nacional que era complementada localmente em Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Niterói, Curitiba, Campinas, Santos, Bauru e no ABC Paulista. Foi vendido em 1971 para a Empresa Folha da Manhã S/A que também era dona do jornal Folha de São Paulo.

31 O Jornal do Brasil, fundado em 1891 por Rodolfo Dantas, é um tradicional jornal brasileiro publicado

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Esse período de modernização e auge dos grandes veículos de comunicação dos principais centros urbanos do país acabou se desmantelando no florescer da década de 1960, quando ocorre um processo, denominado por alguns estudiosos da imprensa de “Concentração”, (RIBEIRO, 2006, p. 428) em que há uma reconfiguração do mercado de imprensa com consequências profundas:

O primeiro está relacionado ao avanço das forças conservadoras, que passaram a controlar o país a partir de 1964. O regime militar – assim como Getúlio Vargas durante o estado Novo – interveio diretamente na atividade jornalística, por intermédio da censura aos jornais e da regulamentação da atividade jornalística (mediante leis de imprensa e profissionalização) e de impostos, subsídios e preços de insumos e matérias-primas. Além disso, o estado manipulava as verbas publicitárias dos órgãos do governo e pressionava os anunciantes a recusar determinados veículos, não simpáticos ao regime. [...] Do ponto de vista econômico, tem-se a queda do volume de publicidade, o desenvolvimento da televisão e os problemas com o preço do papel do jornal, além da queda no ritmo de crescimento da publicidade no Brasil. Ademais, parcela da antiga receita publicitária – sobretudo aquela destinada à promoção dos produtos de grande consumo – começou a se transferir para a televisão. Assim, entre 1960 a 1964 ocorreu uma redução brusca nos valores da publicidade rumo à televisão, ocorrendo uma diminuição e o fechamento de jornais populares e de classe média, concentrando os investimentos publicitários em jornais destinados a um público de poder aquisitivo maior. (Id. Ibid. p. 430-131)

Como descrito, é impossível não relacionar a censura imposta à imprensa com o fim de inúmeros jornais e revistas que circulavam nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro nas décadas de 1960 e 1970. Esse silêncio imposto produziu uma alteração drástica nos conteúdos dos jornais e revistas que, deixando de lado o papel de amplificadores e construtores de enredos, características da década de 1950, afastaram-se, assim, da arena política. Como aponta Barbosa (2007, p. 176):

Ao final da década, publica-se no país a média de um exemplar de jornal diário para 22 pessoas e 90% dos periódicos do país são editados no Rio e em São Paulo. A tiragem dos jornais praticamente estacionada e atribui-se à televisão a responsabilidade por este cenário, uma vez que dos 600 bilhões

32O Pasquim foi um semanário brasileiro editado de 1969 a 1991 e reconhecido por seu papel de oposição ao

regime militar. A princípio caracterizado como uma publicação comportamental (falava sobre sexo, drogas, feminismo e divórcio, entre outros), foi se tornando mais politizado à medida que aumentava a repressão da ditadura, principalmente após a promulgação do repressivo ato AI-5. O Pasquim passou então a ser porta-voz da indignação social brasileira.

33 O Cruzeiro foi a principal revista ilustrada brasileira do século XX. Fundada por Carlos Malheiro Dias,

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de cruzeiros investidos com a propaganda no país, naquele momento, 35 por cento são destinados à televisão.

Percebe-se, portanto, que a imprensa brasileira nesse período torna-se submissa aos ditames do regime ditatorial, trazendo drásticas consequências para os grandes grupos jornalísticos.34 Entretanto, como informa Aquino (2002), a censura política agia de maneira diferenciada em relação aos veículos de comunicação, instaurando mecanismos diversos para vetar e controlar as informações vistas como subversivas, com a preocupação de armazenar informações que a imprensa poderia produzir para o grande público. Dessa forma, desde 1964 é criado o Serviço Nacional de Informações (SNI), no final da década são estruturados os centros de Informação do Exército (CIE), da Aeronáutica (CISA) e rearticulado o centro da Marinha (CENIMAR).

Conforme a autora descreve, com a formação dessas organizações, após o golpe e até 1968, a maneira encontrada para controlar as informações era um telefonema para as redações de jornais proibindo a divulgação de notícias. Contudo, a edição do AI-5 tornou a ação da censura muito mais contundente, fato que atribui ao acirramento das tensões entre o governo e as instituições da sociedade civil e das relações no interior das Forças Armadas. Seguindo a lógica do processo, a censura passou das Forças Armadas, Ministério da Justiça para a Polícia Federal.

Contribuindo com análise de Aquino sobre a história da Imprensa na ditadura militar, Barbosa (2007, p. 194) afirma que existiram múltiplas formas censórias à imprensa, principalmente após o AI-5, mas que a que prevaleceu foi a autocensura:

Decide-se não publicar determinados conteúdos, obedecendo a “ordens superiores” extremamente vagas que estão mais no imaginário dos jornalistas, do que efetivamente na ação dos detentores do poder. Mas, mesmo naquelas publicações em que há efetivamente censura – o Estado de São Paulo, o Jornal da Tarde, a Tribuna da Imprensa, a revista Veja, além dos jornais da chamada imprensa alternativa como o Pasquim e Opinião, a ação é diversa, variando de censor para censor.

Com todo esse aparato censorial imposto a imprensa, poucos veículos de comunicação conseguiram sobreviver e se firmar enquanto grupo hegemônico, como ocorreu

34 Com exemplo têm-se os jornais cariocas o Correio da Manhã e a Última Hora, fechadas devido à oposição ao

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com a empresa “O Globo”.35 É nesse contexto, junto com outros veículos de informação que se caracterizaram pela aliança com a extrema direita, que surgem as revistas Hora Presente e Permanência que, apesar de serem publicações restritas ao meio religioso católico, receberam apoio das elites das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro no início de suas publicações.36

No universo das publicações católicas, apenas outra mídia impressa era companheira do discurso conservador dos grupos estudados: a revista O Catolicismo,37 que foi fundada por Plínio Correia de Oliveira, assim como o grupo Tradição família e Propriedade – TFP38 também direcionado à elite conservadora brasileira durante os primeiros anos do governo ditatorial no Brasil. Outra mídia que se destaca entre as publicações da revista é a radiofônica. Os grupos Hora Presente e Permanência publicavam em suas edições discursos proferidos por membros do clero na rádio A Voz do Pastor.39 O restante das publicações católicas no

35 Como afirma Ribeiro (2006, p. 432), as organizações Globo souberam se modernizar, tecnologicamente e

administrativamente, para enfrentar a nova lógica imposta pelos fatores políticos e econômicos da época. Mas, em parte, construíram seu império devido à ligação com o regime militar. A partir de subsídios a empresa foi construindo uma estrutura de inegável eficiência técnica e administrativa. Além disso, foi fundamental para o grupo a montagem, através da Embratel, de uma infra-estrutura que permitiu a emissora expandir-se e tornar-se a maior rede de televisão do Brasil. À medida que se consolidou a TV, fortaleceram-se o jornal e os outros veículos do grupo.

36 Sobre o início das publicações de Hora Presente é interessante observar a descrição sobre a nota: Esgotado o Primeiro Número de “Hora Presente”. “Com êxito que superou as melhores expectativas, está praticamente esgotada a tiragem de 5.000 exemplares do 1º número de Hora Presente. Lançada oficialmente em São Paulo, no dia 22 de Agosto, em coquetel no saguão da livraria Saraiva, ao qual compareceram figuras expressivas da hierarquia católica, intelectuais e estudantes de vários pontos do Estado e da Guanabara, a revista suscitou desde logo grande demanda e manifestações de simpatia nas mais diversas regiões do país. Seus principais artigos e fatos relacionados com a revista foram comentados ou noticiados pela imprensa de São Paulo, Guanabara, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e inúmeras outras cidades do Brasil, onde continuamente tem sido enviados à nossa redação recortes de jornais locais alusivos a Hora Presente, manifestações de apoio, sugestões e pedidos de assinatura. Isso tudo se conseguiu praticamente sem nenhum esforço de cobertura publicitária, mas graças tão somente as reações espontâneas de entusiasmo de membro do clero e laicato católicos, que tomaram a si a iniciativa de difundir a revista. A eles, no plano simplesmente humano, pertence o êxito representado pelo esgotamento virtual do primeiro número”. (Hora Presente, Nov./Dez. de 1968, p. 254)

37 A revista Catolicismo foi fundada em Jan. de 1951 e contava com a participação e colaboração do ativista

católico, escritor, pensador, e historiador brasileiro, fundador da organização Tradição, Família e Propriedade (TFP), de inspiração católico-tradicionalista. Durante a ditadura militar a revista, junto com os periodicos em análise, fez frente ao combate anticomunista e antimodernista, sendo os principais veiculos católicos conservadores do país.

38 A Tradição, Família e Propriedade (TFP) ou Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e

Propriedade, é uma organização católica tradicionalista e conservadora fundada em 1960 por Plínio Correia de Oliveira que se pauta nos dogmas e tradições católicas. A nova sociedade baseava-se em sua obra

Revolução e contra revolução e propõe uma vigorosa reação com base no amor à ordem cristã e na aversão à desordem. Essa organização foi um dos pilares sobre os quais se assentou o Golpe militar de 1964, pois a participação do movimento com passeatas contra o comunismo serviu de apoio ao regime. Para mais informações, Cf. Oliveira (2007)

39 Criada a partir de 5 de Jun. de 1961, pelo cardeal Dom Alfredo Vicente Cardeal Scherer, a programação da

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Brasil fazia parte da ala progressista da Igreja Católica40 por se oporem ao regime militar e, por isso, acabavam sofrendo os mesmos ditames impostos pela censura da época, como foi o caso do jornal O São Paulo, órgão oficial da arquidiocese de São Paulo.41

As revistas Hora Presente e Permanência, por pertencerem às poucas publicações religiosas de caráter conservador, tinham como referencial as publicações estrangeiras que, além de se caracterizarem pela mesma linha de combate, também se utilizavam dos discursos antiprogressista, anticomunista e antimodernista para denunciarem os males que afligiam os setores da Igreja católica em seus países.

Para uma melhor visualização do grupo de revistas com que Hora Presente e Permanência dialogavam durante o período estudado, as informações foram organizadas nas tabelas expostas abaixo:

Jornais, Revistas e Programas Radiofônicos da Época

Número de Publicações em Hora Presente/ Seções utilizadas

Jornais e Revistas do País

Jornal o Estado de São Paulo 30 publicações em Janelas, Seção de Comentários sobre a Atualidade e Documentos.

Jornal O Globo (Rio de Janeiro) 12 publicações em Janelas, Documentos e Matéria Contracapa. Jornal da Tarde (São Paulo) Oito publicações em Janelas

Diário de São Paulo Duas publicações em Janelas

Jornal do Comércio (Recife) Duas Publicações em Janelas e Livros e Publicações Jornal do Comércio (Rio de Janeiro) Uma Publicação na Seção Janelas

Jornal do Brasil (Rio de Janeiro) Uma Publicação na Seção Janelas Jornal Folha de São Paulo Uma Publicação na Seção Janelas Jornal Folha da Tarde (São Paulo) Uma Publicação na Seção Janelas

Jornal Correio do Povo (Porto Alegre) Três Publicações em Janelas e Documentos

Revista O Pasquim (Rio de Janeiro) Três Publicações em Janelas, Seção de Comentários sobre a Atualidade e Matéria Contracapa.

Revista Realidade (São Paulo) Uma Publicação na Seção Janelas Revista Ilustrada (Rio de Janeiro) Uma Publicação na Seção Janelas

Revista Manchete Duas Publicações na Seção de Comentários Sobre a Atualidade Revista O Cruzeiro Uma Publicação na Seção de Comentários Sobre a Atualidade Revista Veja Uma Publicação na Seção de Comentários Sobre a Atualidade Revista Querida Uma Publicação na Seção de Comentários Sobre a Atualidade Revista Gente Uma Publicação na Seção Janelas

Jornais e Revistas Católicas do País

órgãos de imprensa do Rio de Janeiro e de São Paulo. Foram no total 1.095 alocuções. Esse foi um importantissimo canal de divulgação dos dogmas católicos e de combate ao comunismo e ao pensamento moderno.

40 Como a Revista Vozes, publicada pela Editora Vozes de Petrópolis, pertencente à Ordem dos Franciscanos, a Revista Eclesiástica Brasileira (REB) e a Revista Paz e Terra, também publicadas no Estado do Rio de Janeiro.

41 O jornal Semanal O São Paulo foi fundado em 25 de Janeiro de 1956 pelo cardeal Dom Carlos Carmelo de

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Jornal da Arquidiocese de São Paulo O São Paulo 17 Publicações em Janelas, Documentos, Seção de Comentários sobre a Atualidade e Matéria Contracapa.

A Estrela Polar de Diamantina (Arquidiocese de Diamantina)

Uma Publicação na Seção Janelas

Revista Vozes (Petrópolis) Quatro Publicações em Janelas e Seção de Comentários sobre a Atualidade

Revista Convergência Uma Publicação na Seção Janelas Revista Eclesiástica Brasileira (Petrópolis) Uma Publicação na Seção Janelas Revista Paz e Terra (Rio de Janeiro) Uma Publicação na Seção Janelas Revista Concilium (Petrópolis) Uma Publicação na seção Janelas

Programas de Rádio

A Voz do Pastor (Porto Alegre) Seis Publicações em Janelas, Matéria Contracapa e Documentos Rádio Vaticano (Roma) Uma Publicação na Seção Janelas

Jornais e Revistas da França

Jornal Le Monde (Paris) Uma Publicação na Seção Noticiários Jornal Le Fígaro (Paris) Uma Publicação na seção de Janelas Revista Paris-Match Uma Publicação na Seção Janelas Revista L’homme Nouveau (Paris) Quatro Publicações em janelas e Artigos Revista Permanences (Paris) Duas Publicações em Janelas e Artigos

Revista Itinéraires (Paris) Uma Publicação na Seção de Comentários Sobre a Atualidade Revista La Pensée Catholique (Paris) Duas Publicações na Seção Documentos

Revista Humanisme (França) Uma Publicação na Seção Janelas Informations Catholiques Internationales - IDOC Uma Publicação na Seção Janelas

Jornais e Revistas da Itália

Revista L’Osservatore Romano (Cidade do Vaticano)

Oito Publicações em Janelas e Documentos

Jornal La Stampa (Turim) Uma Publicação na Seção Janelas

Revista La Civiltà Cattolica (Roma) Três Publicações em Janelas e Seção de Comentários sobre a Atualidade

Jornal Il Popolo (Roma) Uma Publicação na Seção Janelas

Revista L’Espresso (Roma) Três Publicações em Seção de Comentários sobre a Atualidade e Janelas

Jornal Corriere della Sera (Milão) Duas publicações na seção Janelas Boletim do Vaticano Uma Publicação na seção Janelas Revista Época (Itália) Uma Publicação na seção Janelas Revista L’Osservatore della Dominica (Vaticano) Duas Publicações na Seção Janelas Revista L’Europeo (Milão) Uma Publicação na Seção Janelas

Jornais e Revistas da Espanha

Revista Verbo (Madri) Duas Publicações na Seção Janelas Revista Eclesia (Madri) Duas Publicações na Seção Janelas Revista Roca Viva (Madri) Uma Publicação na seção Artigos

Revista Iglesia-Mundo (Madri) Uma Publicação na Seção de Comentários Sobre a Atualidade Revista Palabra (Madri) Duas Publicações em Janelas e Documentos

Jornais e Revistas de Portugal

Revista Resistência (Lisboa) Uma Publicação na seção Janelas Diário de Lisboa Uma Publicação na Seção Janelas

Jornais e Revistas da Argentina

Revista Presencia (Cartagena) Uma Publicação na Seção Janelas Jornal La Nación (Buenos Aires) Duas Publicações na Seção Janelas Revista Universitas (PUC-Argetina) Duas Publicações na Seção Janelas Revista La Opinión (Buenos Aires) Uma Publicação na Seção Janelas

Jornais e Revistas do México

Revista Visión (México) Uma Publicação na Seção Janelas

Jornal Excelsior Duas publicações em Janelas e Documentos

Revista do Chile

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Revistas da Rússia

O Pravda Duas Publicações na Seção Janelas Revista Molodoi Kommunist Uma Publicação na seção Janelas

Jornal dos Estados Unidos

Jornal The New York Times Duas Publicações na Seção Janelas

Tabela 1 - Jornais, Revistas e Programas Radiofônicos Publicados nas Seções de Hora Presente

Jornais e Revistas da Época Número de Publicações em Hora Presente/ Seções utilizadas

Jornais e Revistas do País

Jornal o Estado de São Paulo Seis publicações em Atualidades, Sinais do Tempo, Documentos e Artigos

Jornal O Globo (Rio de Janeiro) 25 publicações em Janelas, artigos, Sinais dos Tempos e Correspondência.

Jornal Correio da Manhã (Rio de Janeiro) Uma Publicação na Seção de Artigos

Jornal de São José dos Campos Uma Publicação na Seção de Sinais dos Tempos Jornal do Comércio (Recife) Uma Publicação na Seção de Artigos

Jornal O Estado de Minas (Belo Horizonte) Duas Publicações em Sinais dos Tempos e Documentos Jornal do Brasil (Rio de Janeiro) Quatro Publicações em artigos e Sinais do tempo Jornal A Folha (Nova Iguaçu) Uma Publicação na Seção Janelas

Jornal Diário da Tarde (Belo Horizonte) Uma Publicação na Seção de Janelas Jornal Correio do Povo (Porto Alegre) Uma Publicação na seção de Artigos Jornal Diário de Notícias (Rio de Janeiro) Uma Publicação na Seção de Documentos Jornal Última Hora Uma Publicação na Seção de Documentos

Revista Ele e Ela Uma Publicação na seção Sinais dos Tempos Revista Brasileira de Estudos Uma Publicação na Seção Sinais dos Tempos Revista de Teatro Uma Publicação na Seção de Artigos Revista Manchete Uma Publicação na Seção de Artigos Revista O Cruzeiro Uma Publicação na Seção de Documentos Cadernos Germanos Brasileiro Uma Publicação na Seção de Artigos

Jornais e Revistas Católicos do País

Jornal Catolicismo (TFP) Uma Publicação na Seção de Sinais dos Tempos Revista Vozes (Petrópolis) Duas Publicações na Seção de Artigos

Revista Liturgia e Vida Uma Publicação na Seção de Documentos

Revista Eclesiástica Brasileira (Petrópolis) 20 Publicações em Artigos e Publicações Relativas à Fé. Noticiário da Cruzada Uma Publicação na Seção de Janelas

Revista Nosso Tempo Uma Publicação na Seção Janelas

Programas de Rádio

A Voz do Pastor (Porto Alegre) Três Publicações na Seção de Documentos Ministério da Educação Duas Publicações na Seção Sinais dos Tempos

Jornais e Revistas da França

Jornal Le Monde (Paris) Uma Publicação na Seção Artigos Revista Fígaro (Paris) Duas Publicações na Seção de Artigos Revista Paris-Match Duas Publicações na Seção de Artigos

Revista L’homme Nouveau (Paris) 13 Publicações em Documentos, Artigos e Temas Atuais Revista Permanences (Paris) Uma Publicação na seção de Artigos

Revista Itinéraires (Paris) Oito Publicações em Artigos e Espiritualidade Revista La Documentation Catholique Duas Publicações na Seção de Artigos e Editorial Revista de la Presse Internationale Uma Publicação na Seção de Sinais dos Tempos Informations Catholiques Internationales - IDOC Duas Publicações na seção de Artigos

Revista Défense Du Foyer Duas Publicações em Sinais dos tempos e Artigos Les Infromations Politique et Socials Uma Publicação na seção Sinais dos Tempos Revista L’Aurore Uma Publicação na seção Janelas

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Jornais e Revistas da Itália

Revista L’Osservatore Romano (Cidade do Vaticano)

Nove Publicações em Janela, Artigos, Letra e Arte e Cathedra Petri

Jornal Il Tempo Duas Publicações na seção de Artigos Revista “La Civiltà Cattolica” (Roma) Uma Publicação na Seção Janelas

Revista Relazione Cinco Publicações em Artigos e Correspondência

Jornais e Revistas da Espanha

Revista Verbo (Madri) Uma Publicação na seção de Artigos Revista Roca Viva (Madri) Duas Publicações na seção Artigos O Cruzado Español Duas Publicações na Seção de Artigos

Jornais e Revistas de Portugal

Revista Resistência (Lisboa) Sete Publicações na seção de Artigos Revista A Ação (Lisboa) Uma Publicação na seção de Artigos Jornal Novidades (Lisboa) Uma Publicação na seção Sinais dos Tempos

Jornais e Revistas da Argentina

Revista Universitas (PUC-Argetina) Uma Publicação na Seção de Artigos Revista Roma Uma Publicação na Seção de Atualidades

Revista do Chile

A Cruz Uma Publicação na Seção de Artigos Revista O Clarin Uma Publicação na seção Sinais dos Tempos

Revistas da Rússia

O Pravda Uma Publicação na seção de Artigos

Jornal dos Estados Unidos

Revista Times Uma Publicação na Seção de Artigos

Tabela 2 - Jornais, Revistas e Programas Radiofônicos Publicados nas Seções de Permanência

Pode-se observar a partir dessas tabelas que a influência estrangeira no grupo era forte, em especial os jornais e revistas franceses que eram presença majoritária entre os grupos. Hora Presente se utilizou de nove publicações francesas, enquanto Permanência empregou 15. A maioria era de caráter conservador, como as revistas L’Homme Nouveau42, Permanences43 e Itinéraires44.

Outro país relevante na constituição das revistas em análise foi a Itália, cujos periódicos e jornais totalizam 10 utilizados por Hora Presente e 04 utilizados pelo grupo

42L’Homme Nouveau é uma revista bimensal francesa fundada em dezembro de 1946 sobre o impulso do padre

Marcellin Lillère e do abade André Richard, que possui publicações em Hora Presente. Marcel Clément, um dos maiores nomes do integrismo francês, assume o posto da redação em 1962. Desde 2007 a revista ficou responsável pela publicação em língua francesa do jornal do vaticano L’Osservatore Romano.

43 A Revista Permanences é uma revista católica francesa criada em 1966 por Jean Ousset, um dos maiores

expoentes do integrismo francês no mundo. Ela é a publicação oficial do Centro Internacional de Obras de Formação Cívica e de Ação Doutrinal Segundo o Direito Natural e Cristão (ICHTUS), instituto responsável pela organização dos congressos de Laussane, maior encontro do integrismo internacional que ocorria na Suíça, que contava com a participação dos grupos

44 A revista Itinéraires é uma revista católica tradicional fundada em março de 1956 por Jean Madiran, que a

Referências

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