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Rânula congênita: diagnóstico ultrassonográfico antenatal.

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Academic year: 2017

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Rios LTM et al. Rânula congênita: diagnóstico ultrassonográfico antenatal

Radiol Bras. 2012 Set/Out;45(5):300–301

Rânula congênita: diagnóstico ultrassonográfico antenatal

*

Congenital ranula: antenatal sonographic diagnosis

Livia Teresa Moreira Rios1, Edward Araujo Júnior2, Luciano Marcondes Machado Nardozza3, Antonio Fernandes Moron4, Marília da Glória Martins5

Rânula congênita uma rara malformação cística visualizada na cavidade oral. É um pseudocisto habitualmente loca-lizado no espaço sublingual entre o músculo milo-hioideo e a mucosa da língua. Relata-se um caso de gestante de 24 anos, G3P2, com idade gestacional de 29 semanas, encaminhada por conta de polidrâmnio e grande massa de ca-vidade oral de natureza cística.

Unitermos: Diagnóstico pré-natal; Ultrassom; Tumor oral; Rânula.

A congenital ranula is a rare cystic malformation seen in the oral cavity. This pseudocyst is normally located in the sublingual space between the mylohyoid muscle and the lingual mucosa. A 24-year-old woman, gravida 3, para 2, at 29 weeks’ gestation was referred to our institution because of polihydramnios and large oral mass.

Keywords: Prenatal diagnosis; Ultrasound; Oral tumor; Ranula. Resumo

Abstract

* Trabalho realizado no Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, MA, e no Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), São Paulo, SP, Brasil.

1. Mestre, Médica do Setor de Ultrassonografia do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, MA, Brasil.

2. Doutor, Professor Adjunto da Disciplina de Medicina Fetal do Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), São Paulo, SP, Brasil.

3. Livre-Docente, Professor Adjunto da Disciplina de Medicina Fetal do Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), São Paulo, SP, Brasil.

4. Livre-Docente, Professor Titular do Departamento de Obs-tetrícia da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), São Paulo, SP, Brasil.

5. Doutora, Professora Associada do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, MA, Brasil.

Endereço para correspondência: Dr. Edward Araujo Júnior. Rua Carlos Weber, 956, ap. 113, Visage, Vila Leopoldina. São Paulo, SP, Brasil, 05303-000. E-mail: araujojred@terra.com.br

Recebido para publicação em 17/3/2012. Aceito, após revi-são, em 20/7/2012.

Rios LTM, Araujo Júnior E, Nardozza LMM, Moron AF, Martins MG. Rânula congênita: diagnóstico ultrassonográfico antenatal. Radiol Bras. 2012 Set/Out;45(5):300–301.

0100-3984 © Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem REL ATO DE CASO • CASE REPORT

proposta por Moore e Cayle(4)). Na 30ª se-mana de gestação foi diagnosticada rup-tura premarup-tura pré-termo de membranas ovulares, tendo a gestante entrado em tra-balho de parto pré-termo. Realizou-se ce-sariana, e o exame macroscópico do neo-natal confirmou os achados prévios. Foi realizada descompressão via aspiração per-cutânea da coleção cística. O neonato fa-leceu algumas horas após o nascimento por complicações respiratórias.

DISCUSSÃO

A ultrassonografia, nos últimos anos, tem sido amplamente utilizada em todos os serviços de referência em obstetrícia. Den-tre os recentes avanços temos o uso da ul-trassonografia tridimensional (US3D), com o Doppler de amplitude na avaliação da vascularização cerebral fetal(5), ou na ava-liação do volume de membros fetais(6).

Rânula é mais comum em crianças e adultos jovens e raramente ocorre em neo-natos. Pode ser classificada, de acordo com sua localização, em rânula simples, locali-zada no assoalho da boca, rânula cervical, situada na região paracervical, e rânula mergulhante, localizada nas proximidades da via aérea superior, resultante do rompi-mento da rânula simples. Poucos casos de detecção antenatal de rânula têm sido rela-tados na literatura(2). Massas sólidas e cís-mumente localizado no espaço sublingual

entre o músculo milo-hioideo e a mucosa da língua. Sua prevalência está estimada em 0,74%(3). Poucos casos de diagnóstico pré-natal têm sido relatados na literatura.

Relata-se um raro caso de rânula con-gênita diagnosticada por ultrassonografia no período antenatal, enfatizando possíveis diagnósticos diferenciais.

RELATO DO CASO

Gestante de 24 anos, G3P2, com idade gestacional em torno de 29 semanas, foi encaminhada ao Serviço de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) por conta de polidrâm-nio e grande massa de cavidade oral de na-tureza cística. Antecedentes pessoais e his-tória familiar sem dados relevantes. Reali-zou-se ultrassonografia obstétrica, que re-velou grande massa cística anecoica homo-gênea medindo 5,0 cm de diâmetro, de paredes finas e regulares medindo 2,8 mm de espessura (Figuras 1 e 2). Ao estudo com o Doppler colorido não se evidenciou sinal de vascularização. O rastreamento fetal não revelou outras malformações associadas.

O volume de líquido amniótico estava aumentado. O maior bolsão mediu 112 mm, sendo que o índice de líquido amniótico mediu 317 mm (normal entre 92 e 231 mm para a idade gestacional, segundo tabela

INTRODUÇÃO

Rânula congênita é um raro tumor no assoalho da boca que eleva a língua, cau-sado tanto por um cisto mucoso de extra-vasamento, decorrente da obstrução e rom-pimento de glândulas sublinguais ou sali-vares menores ou, menos comumente, por um cisto mucoso de retenção derivado da dilatação de um ducto obstruído de glân-dulas submandibulares, portanto, com epi-télio circundando-o(1,2).

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Rios LTM et al. Rânula congênita: diagnóstico ultrassonográfico antenatal

Radiol Bras. 2012 Set/Out;45(5):300–301 ticas exofíticas devem ser consideradas no diagnóstico diferencial, tais como malfor-mações linfáticas, epignatus (teratoma oro-faríngeo) e outras lesões císticas da boca(2,7). As malformações linfáticas (hamartomas vasculares e linfangiomas) são sólido-cís-ticas, de margens indistintas e irregulares, estando presentes desde o nascimento, e permanecem crescendo acompanhando o desenvolvimento do paciente(2,7,8). O tera-toma orofaríngeo ou epignatus é um tumor sólido com áreas hipo e hiperecoicas, in-comum, associado a alta taxa morbidade e mortalidade, e afetando entre 1:35.000 a 1:200.000 nascidos vivos(2,9,10). As lesões císticas que entram no diagnóstico diferen-cial da rânula congênita incluem cistos gengival e palatal, cuja resolução é espon-tânea(2), e mais raramente, cisto de ducto tireoglosso, de localização atípica no as-soalho da boca, cisto de duplicação do tubo digestivo e cisto mucoso gástrico hetero-tópico(7). Nestes casos, a ressonância mag-nética (RM) poderia ajudar no diagnóstico diferencial. Tamaru et al.(11) descreveram um caso de rânula diagnosticado na 36ª se-mana, na qual a RM identificou pequena le-são na linha média da boca, no espaço su-blingual, abaixo do músculo milo-hioideo, em que a incidência em T2 definiu clara-mente uma massa homogênea. Outro mé-todo de diagnóstico pré-natal descrito é a US3D, que pode atuar de forma adjuvante à ultrassonografia bidimensional,

permi-tindo uma avaliação espacial da relação da massa com a cavidade oral do feto(12).

Em nosso caso, o diagnóstico da lesão cística relatada foi facilitado pela sua na-tureza homogênea, paredes finas e regula-res à ultrassonografia, avascular ao Dop-pler colorido, além do conteúdo mucoso aspirado. Um diagnóstico antenatal correto assume grande importância, pois, em geral, esses recém-nascidos apresentam graus variados de obstrução de vias aéreas, neces-sitando de equipes multidisciplinares com-postas de obstetras, neonatologistas e cirur-giões de cabeça e pescoço no momento do nascimento. Esta equipe multidisciplinar é necessária para se evitar a insuficiência respiratória, sendo, muitas vezes, necessá-ria a realização de tratamento intraparto extraútero, procedimento realizado durante a cesariana, com preservação da circulação fetoplacentária, que permite manuseio se-guro da via aérea do concepto, com risco de obstrução das vias aéreas.

Em síntese, descrevemos um caso de diagnóstico pré-natal de rânula. O correto diagnóstico é essencial, de modo a obter seguimento pré-natal em serviço de refe-rência, além de planejamento do parto com equipe multidisciplinar.

REFERÊNCIAS

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4. Moore TR, Cayle JE. The amniotic fluid index in normal human pregnancy. Am J Obstet Gynecol. 1990;162:1168–73.

5. Moron AF, Milani HJ, Barreto EQ, et al. Análise da reprodutibilidade do Doppler de amplitude tridimensional na avaliação da circulação do cé-rebro fetal. Radiol Bras. 2010;43:369–74. 6. Cavalcante RO, Araujo Júnior E, Nardozza LM,

et al. Reprodutibilidade do volume de membros fetais pela ultrassonografia tridimensional utili-zando o método XI VOCAL. Radiol Bras. 2010; 43:219–23.

7. Fernandez Moya JM, Cifuentes Sulzberger S, Díaz Recaséns J, et al. Antenatal diagnosis and man-agement of a ranula. Ultrasound Obstet Gynecol. 1998;11:147–8.

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12. Pires P, Pereira M, Machado L, et al. Prenatal di-agnosis of a ranula with 2- and 3-dimensional sonography and sonographically guided aspira-tion. J Ultrasound Med. 2006;25:1499–502.

Figura 1. Perfil da face fetal evidenciando volumosa coleção anecoica ho-mogênea de paredes finas e regulares, dificultando deglutição fetal.

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