UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE MESTRADOEM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
ANDRÉ LUIZ RAMOS
ESCOLA
DOMINICAL:
HISTÓRIA
E
SITUAÇÃO
ATUAL
SÃO PAULO
ANDRÉLUIZRAMOS
ESCOLA
DOMINICAL:
HISTÓRIA
E
SITUAÇÃO
ATUAL
Dissertação apresentada ao Programa de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Ciências da Religião.
Orientador: Prof. Dr. João Batista Borges Pereira.
SÃO PAULO
ESCOLA DOMINICAL: HISTÓRIA E SITUAÇÃO ATUAL.
Dissertação apresentada ao Programa de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Ciências da Religião.
Orientador: Prof. Dr. João Batista Borges Pereira.
Aprovado em de de 2013.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. João Batista Borges Pereira (Orientador) Universidade Presbiteriana Mackenzie
Prof. Dr. Antônio Máspoli de Araújo Gomes Universidade Presbiteriana Mackenzie
A
GRADECIMENTOSA Deus que tem sido o motivo da minha alegria constantemente; Por isso, sou
grato de todo o coração.
À minha família querida, presente de Deus na minha vida. Este trabalho também
é conquista de todos vocês pela compreensão, pelas noites mal dormidas e feriados
não aproveitados, tudo visando à conclusão desta obra. Deus os recompense.
Ao Conselho da 1ª Igreja Presbiteriana de Nova Iguaçu, minha Igreja querida e
acolhedora que me recebeu vindo do mundo, me preparou e me encaminhou para o
ministério da Palavra e hoje, depois de certo tempo volto para pastoreá-la. Isto é
bênção de Deus!
Aos parentes e amigos de ministério a minha gratidão.
Ao Prof. Dr. João Batista Pereira Borges, meu orientador, de quem pude durante
o tempo de estudo e de acompanhamento receber as mais ricas orientações, sua larga
experiência, dedicação e seriedade para com o estudo contribuíram muito para o meu
crescimento; não tenho como pagar, mas rogo a Deus que o recompense de forma
especial.
À Universidade Presbiteriana Mackenzie por me proporcionar à conclusão de
mais um curso.
Aos professores e direção do Curso Ciências da Religião, minha gratidão pelas
Ao Prof. Dr. Antonio Maspoli de Araújo Gomes, amigo dos pastores,
principalmente os do Rio de Janeiro, minha gratidão, pelos seus conselhos e ajuda.
Deus o recompense!
PENSAMENTOS
SINTO VERGONHA DE MIM
Sinto vergonha de mim, por ter sido educador de parte deste povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade, e por ver este povo já chamado varonil, enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim, por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o ‘eu’ feliz a qualquer custo, buscando a tal ‘felicidade’ em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos ‘floreios’ para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre ‘contestar’, voltar atrás e mudar o futuro.
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo deste mundo!
‘De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto’.
Rui Barbosa
Verdades da Profissão de Professor
“Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho. A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda” .
Paulo Freire
“O saber deve ser como um rio, cujas águas doces, grossas, copiosas, transbordem do indivíduo, e se espraiem, estancando a sede dos outros. Sem um fim social, o saber será a maior das futilidades”.
RESUMO
O autor procura mostrar nesta pesquisa a história da escola dominical, os desafios superados ao longo dos anos, bem como a contribuição dos missionários e igrejas a fim de que esta escola se tornasse uma realidade a partir do seu surgimento. Nesta tentativa, o autor procurou mostrar que a escola dominical contribuiu direta e indiretamente na formação da cultura e da personalidade das pessoas nela inseridas.
Para isto, o estudo apresenta um resumo da história da escola dominical para situar o leitor no tempo, com o objetivo de acompanhar a trajetória, ser crítico e ponderável na avaliação da situação atual. Por este motivo, o autor se preocupa em apresentar a estrutura da escola dominical, as mudanças sofridas ao longo dos anos, assim como a proposta pedagógica para dinamizar o serviço educacional nas igrejas protestantes que desenvolvem este sistema de educação cristã. Além disso, objetivou-se ainda saber da força de influência da escola dominical no passado e sua utilidade na atualidade.
Por isto, o autor apresenta uma entrevista envolvendo alguns intelectuais, cujas respostas apresentadas serviram como instrumento de avaliação do grau de importância desta agência educadora da fé cristã, bem como a qualidade do ensino ministrado nas igrejas de cunho reformado.
As conclusões a que o autor chegou demonstram suficientemente que a escola dominical carece de novos desafios, mas, reconhece, que mesmo assim tem contribuído para o crescimento comportamental, social, intelectual e espiritual das pessoas, bem como não tem deixado de cumprir o seu papel na sociedade por meio das igrejas e por isso, tem se esforçado por meio da liderança em procurar apresentar o melhor para que a escola dominical continue contribuindo e colocando na sociedade brasileira pessoas preparadas e comprometidas com a educação.
ABSTRACT
The author tries to show in this research the history of Sunday school, overcome
challenges over the years, as well as the contribution of the missionaries and churches
in order that this school becomes a reality from your appearance. In this effort, it
became apparent the Sunday school contributed directly and indirectly in the formation
of culture and personality of the people in it inserted.
For this, the study begins by presenting an overview of the history of Sunday
school to situate the reader in time in order that monitoring the trajectory could be critical
and weighty in present status. For this reason, the author is concerned to present the
structure of the Sunday school, the changes undergone over the years, as well as the
pedagogical proposal to streamline the education service in the churches that develop
this system of Christian education. Moreover, our goal is also to know the strength of
influence of the Sunday school in the past and its usefulness today.
Therefore, the author presents a survey of some intellectuals, whose answers
presented served with an instrument of assessing the degree of importance of this
agency educator of the Christian faith, as well as the quality of education in the
Reformed churches.
The conclusions the author reached demonstrates that the Sunday school needs
new challenges, but recognizes that even so has contributed to the growth behavioral,
the churches and therefore has struggled through leadership in seeking to present the
best Sunday school to continue contributing and putting people in Brazilian society
highly prepared and committed to education, and the growth of people.
S
UMÁRIOINTRODUÇÃO ...13
CAPÍTULO 1 – RESUMO DA HISTÓRIA DA ESCOLA DOMINICAL ...25
CAPÍTULO 2 – ESTRUTURA E PROPOSTA PEDAGÓGICA DA ESCOLA DOMINICAL ...47
2.1 – Os modelos pedagógicos da Escola dominical ...61
2.2 – Escola dominical X Escola Secular ...65
2.3 – Os método pedagógicos da Escola dominical ...67
2.3 – Organização da Escola dominical ...73
CAPÍTULO 3 – ESCOLA DOMINICAL E A INTELIGÊNCIA BRASILEIRA ...77
3.1 – Entrevista com Osvaldo Henrique Hack ...95
3.2- Entrevista com Solano Francisco Portela Neto ...98
3.3- Entrevista com Guilhermino da Silva Cunha ...103
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...129
INTRODUÇÃO
O presente trabalho objetiva mostrar por meio de pesquisa de coleta de dados e
análise de observação participante, que a escola dominical é uma agência educadora
e que no seu contexto histórico encontra-se o objetivo inicial que era alcançar as
crianças que viviam nas ruas ocupando-lhes o tempo com trabalho necessário. Na
verdade, a escola dominical tem uma história que inspira, comove e desafia o ser
humano a ser útil na sociedade, pois, sua preocupação no passado estava voltada em
alcançar as crianças de rua. Hoje, os objetivos das escola s dominicais estão mais
voltados para dentro, no sentido de tentar oferecer conforto e segurança para os seus
alunos.
Mesmo tendo feito isto, consciente ou até mesmo inconscientemente, a escola
dominical tem cumprido o seu papel e procurado alcançar os objetivos propostos como,
por exemplo, preparar o aluno para a vida. O campo de atuação desta escola é amplo
e os seus resultados devem ultrapassar suas fronteiras ou campo de atuação. Como
resultado do seu trabalho, esta pesquisa mostrará que pessoas de diferentes níveis
sociais e culturais passaram pela escola dominical quando crianças, mas que por
motivos diversos, não permaneceram.
Para alcançar os objetivos de preparar, educar treinar e promover o crescimento,
esta dissertação de mestrado apresentou o aspecto histórico da escola dominical no
local do seu nascimento, ou seja, na Inglaterra mostrando como foi o desenvolvimento
dela no transcorrer dos anos, até à sua chegada no Brasil, bem como destacar seus
passado um momento de crise educacional, o que se reflete na atualidade. Pretende-se
ainda demonstrar com base em textos e pesquisas, que a escola dominical precisa ser
relevante para a sociedade na realização de trabalho social, sua preocupação
educacional, religiosa bem como despertar a sua importância para a atualidade. Por
esse e outros motivos, a escola dominical não deve ser considerada como um
apêndice da igreja, mas sim, um instrumento de transformação e formação da pessoa
toda1 e da sociedade.
Esta pesquisa tem por objetivo refletir a respeito da importância e do tipo de
ensino que ao longo dos anos tem sido ministrado nas escola s dominicais das
diversas igrejas protestantes do solo brasileiro. O foco principal deste trabalho estará
voltado para análise e compreensão de textos e entrevistas a respeito da história e
situação atual da Escola dominical. O presente trabalho não tem como objetivo
principal refletir o tema em outro contexto que não seja o brasileiro; a não ser no que se
refere à história.
Tendo como objetivo geral apresentar com base numa filosofia de educação a
relevância histórica e cultural da escola dominical na vida das pessoas, esta pesquisa
também especifica os objetivos demonstrando que a fundamentação histórica da escola
dominical é importante para se entender o seu objetivo inicial, para poder refletir a
respeito da estrutura atual e, do tipo de ensino ministrado na Escola dominical. Além
disso, pretendesse ainda neste campo e atuação dos objetivos específicos apresentar
possibilidade de mudanças e destacar pontos fortes e valores presentes na escola
dominical.
Reconhecendo que a escola dominical é uma ferramenta de utilidade para as
igrejas protestantes de linha histórica reformada, percebe-se que ela tem sofrido certa
desvalorização até mesmo por não acompanhar as mudanças do contexto em que se
encontra inserida e como consequência, tem gerado um esquecimento com relação à
sua importância e os seus feitos no passado. Por isso, na análise sistemática destes
problemas, serão apresentadas respostas às seguintes indagações: Qual a
importância da fundamentação histórica para o entendimento dos objetivos atuais da
escola dominical? A estrutura atual da escola dominical bem como o seu tipo de
ensino têm condições de desafiar seus participantes a uma compreensão da
importância dos seus pontos fortes e valores na atualidade? Pode a escola dominical
contribuir na formação da vida familiar e no desenvolvimento da sociedade brasileira?
Como hipóteses a serem trabalhadas, esta dissertação sustenta a tese de que a
fundamentação histórica é importante para entender os objetivos primordiais da escola
dominical e que ela através do ensino, pode influenciar as famílias a serem úteis na
sociedade.
Na área eclesiástica, o trabalho desenvolvido pela Escola dominical ao longo dos
anos, tem sido qualificado como relevante, mas carecendo de melhorias e
objetividades para a sua eficácia. Mesmo reconhecendo a deficiência do ensino
ministrado na Escola dominical em algumas áreas, ela, tem conseguido alcançar os
objetivos propostos no que diz respeito a educar vidas, pois não se pode negar a
atuação do aspecto espiritual que age independentemente da fraqueza do ser humano,
Foi esta forma simples de ser desta agência educadora, que levou o pesquisador
a se debruçar sobre o tema na tentativa de tornar conhecidos os feitos da escola
dominical a partir do seu reconhecimento de agência de transformação da pessoa toda.
Portanto, o motivo da escolha do tema desta dissertação, justifica-se pelo fato do
mesmo ser relevante e de poder contribuir nas seguintes áreas:
Quanto à relevância acadêmica, este trabalho poderá contribuir no desafio de
pesquisar e conhecer os objetivos da escola dominical que não estão limitados apenas
ao círculo eclesiástico, bem como desafiar a comunidade acadêmica a produzir mais
materiais relevantes nesta área do ensino. Com relação à relevância social, espera-se
que a divulgação deste trabalho possa contribuir no sentido de que as pessoas tenham
acesso às informações a respeito da influência da escola dominical ao longo dos anos,
bem como despertar o interesse das comunidades eclesiásticas, no sentido de
desenvolverem projetos sociais relevantes. Portanto, pode se dizer em resumo que
foram o interesse e o desafio que levaram o pesquisador a desenvolver o assunto no
sentido tentar contribuir para o entendimento do tema proposto, bem como o
envolvimento do mesmo no assunto.
Para facilitar o entendimento do tema proposto, tentou-se argumentar com os
autores na intenção de organizar seus pensamentos a respeito do assunto, bem como
comparar cada pensamento fazendo com que eles se comuniquem entre si. Por isso,
neste trabalho, o referencial teórico está pautado no autor Ken Hemphill2 devido à sua
contribuição histórica a respeito da escola dominical, por sua longa experiência no
assunto e além do mais, ele é citado por uma grande maioria que já escreveu sobre o
tema.
Ao descrever a história do surgimento da escola dominical, Ken Hemphill diz que
“o modelo britânico de Escola dominical era principalmente uma escola missionária com propósito de oferecer educação básica aos que não podiam frequentar as escola s
públicas” (HEMPHILL KEN,1977,12). Nota-se que o objetivo primordial não foi criar classe para estudo da bíblia e sim, procurar ocupar o tempo das crianças que viviam
nas ruas. Este foi o modelo britânico de Escola dominical que com o passar dos anos
deixou de existir, surgindo assim então, uma escola ensinada por voluntários que
oferecia um currículo especificamente protestante.
. Em 1785 as ideias de Raikes3 alcançaram William Fox que era diácono da
igreja batista, que impressionado por elas fundou a primeira organização tendo como
objetivos, “evitar os vícios, encorajar a operosidade e as virtudes, debelar as trevas da
ignorância, difundir a luz do conhecimento e ajudar o homem a entender seu lugar
social no mundo” (ARMSTRONG, 1994,p.74).
Apesar de a escola dominical ter surgido com o objetivo de tirar as crianças
das ruas, com o passar dos anos, as dificuldades também aumentaram. Sherron
George contribuiu para este entendimento quando afirmou que “a escola dominical precisa estar mais integrada às atividades da Igreja. Deve estar comprometida com a
problemática do dia a dia. Deve ser dinâmica ao ponto de desafiar, convocar para um
viver cristão tão somente à prática da religião” (GEORGE, 1993, 84). Como se pode perceber, os objetivos da Escola dominical são amplos e sobre tudo desafiadores.
Com o intuito de criar um ambiente favorável ao ensino, a escola dominical
comporta diversas classes com idade que varia de uma classe para outra. É na escola
dominical que o aluno aprende conforme ensino ministrado, os valores, morais e
cristãos para o viver em sociedade. O ensino percorrerá diversas fases no processo de
formação do aluno. Eric Erikson ao discorrer a respeito das fases do desenvolvimento
humano, diz que cada etapa da vida é de vital importância para o ser humano. Ao
cumprir as várias etapas da vida, a criança crescerá consciente a respeito do seu papel
no mundo. Isto aliado ao conhecimento adquirido na escola dominical poderá fazer
uma grande diferença na vida desta criança. Sherron George vai argumentar que a
escola dominical tem condições de contribui na vida do individuo preparando-o para a
vida.
Esta dissertação escolheu como forma metodológica a analise de textos
previamente selecionados que servirão de entendimento do assunto a ser apresentado.
Para fundamentar a tese de que a escola dominical com seu contexto histórico poderá
ser uma ferramenta de grande utilidade para as igrejas, pois tem contribuído para a
educação das pessoas, bem como para a formação das famílias e vivência em
sociedade. Para a elaboração deste trabalho o autor se valeu da análise de vários
escritores em diferentes épocas do momento histórico e teve como fonte primária para
a pesquisa bibliográfica, livros e escritos sobre o assunto, e como fontes secundárias,
internet, artigos e periódicos. Outrossim, além da parte bibliográfica, esta dissertação
elaborou entrevistas com base em questionário previamente preparado para entrevistar
pessoas selecionadas cujas vidas foram influenciadas pelo ensino da escola
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação com base na revisão da literatura examinou escritos existentes
a respeito da escola dominical, sua história e situação atual, explorou citações a
respeito do tema bem como, forneceu elementos que poderão auxiliar as comunidades
eclesiásticas a entenderem a importância da escola dominical e dos objetivos desta
trabalho. Portanto, no estudo de obras que tratam especificamente da história da escola
dominical, constatou-se a posição de autores que trataram o tema com dedicação
especial, ao passo que outros, não deram muito ênfase ao assunto e até mesmo
julgando desnecessária a presença da escola dominical. Dentre os que se importaram
com a escola dominical destacam-se: Hemphill, George, Olivetti, Gilberto, Marra, e
Armstrong.
Hemphill em Redescobrindo a Alegria das Manhãs de Domingo (1977), trata de forma abrangente os meios e modos de dinamizar a escola dominical. Mesmo sendo
o livro escrito para os batistas, pois isto é notório nos exemplos e modelos
apresentados, a obra de Hemphill num todo valoriza o trabalho da escola dominical.
Para o autor, a escola dominical é uma excelente ferramenta integrada de crescimento
da igreja. Mesmo defendendo esta tese, ele encontrou oposição de alguns pastores que
não aceitavam esta tese dizendo que se de fato a escola dominical é uma ferramenta
de auxilio ao crescimento da igreja, eles diziam: “alguém desligou a minha”. (HEMPHIL,
Argumentando ainda a respeito dessa descrença na escola dominical como
ferramenta de crescimento para a igreja, ele tenta desmistificar o assunto apontando a
posição de alguns líderes e o desafio dos defensores da existência da escola
dominical argumentando:
Isso parece difícil de acreditar quando alguns escritores que tratam do assunto em pauta estão predizendo a extinção da escola dominical. Eles a rotularam de dinossauro, uma relíquia de uma época que passou. Alguns argumentam que a Escola dominical foi uma ferramenta de crescimento importante no passado, mas está entrando em extinção. Será que têm razão?
Ao deixar a pergunta no ar, ou seja, “será que têm razão?”, o seu objetivo na obra
citada é procurar apresentar respostas plausíveis que possam mostrar para as
lideranças que a Escola dominical pode ser útil no crescimento da igreja, mas isto,
ele procura fazer com cautela para não deixar margem de dúvida a respeito do seu
posicionamento.
Ao procurar fazer esta demonstração, ele reconhece que algumas coisas ou
ajustes precisam ser feitos e admite ao dizer com toda convicção após análise dos
fatos: “creio que alguns ajustes no sentido de modernização e contextualização, a
estrutura da Escola dominical pode ser curada da sua moléstia de crescimento e
tomar sua posição como ferramenta de crescimento da igreja do século 21. É possível
reanimar o leviatã do crescimento da igreja” (HEMPHIL, 1977, p, 9).
do programa educacional na igreja local é a visão docente do pastor, ou seja, se o
ensino não caminha bem, tem algo de errado com a visão do líder. Além do mais, ela
entende que na igreja local a escola dominical é uma agência de atividades
educacionais e que o alvo da escola dominical é a edificação e o treinamento dos
membros em todas as faixas etárias (GEORGE, 1993, p. 149). Ela argumenta ainda
que a escola dominical não deve ser um fim em si mesma e não deve objetivar apenas
a transmissão de informações bíblicas e doutrinárias”. Sendo assim, a escola dominical tem por obrigação trabalhar a pessoa toda. Sua vida intelectual, espiritual,
emocional e comportamental. Ela deve preparar os/as alunos/as para desenvolverem
seus ministérios e viverem a ética cristã (GEORGE, 1993.p,150).
Partindo do princípio de que a Escola dominical é uma força evangelizadora,
Olivetti, em seu livro Aprimorando a Escola Dominical, diz que a escola dominical
“será, porém, uma força maior, e mais eficiente, se os seus oficiais, professores e
alunos se capacitarem dessa responsabilidade e dessa possibilidade e se capacitarem
para essa gloriosa tarefa” (OLIVETTI,1992. p.82). Ele deixa claro que é preciso haver uma tomada de consciência por parte das pessoas envolvidas e isto sendo feito, será
possível influenciar as pessoas que estão fora do contexto da escola dominical, bem
como aqueles que não acreditam mais nesta Agência Educadora.
Outro defensor árduo da Escola dominical é Claudio Marra. Em sua obra A Igreja Discipuladora – Orientações da Bíblia e da História para o cumprimento de nossa missão, após fornecer um resumo histórico do surgimento da escola dominical até a
igrejas evangélicas do país” (MARRA, 2007, P. 39). Isto quer dizer que a escola dominical é importante para o desenvolvimento e crescimento da igreja.
Ao concluir este capítulo histórico a respeito da Escola dominical, Marra
demonstrou que:
(...) embora a Escola dominical tenha vindo para ficar, a falta de professores treinados tem sido uma séria dificuldade para a Educação Cristã nas igrejas. A publicação de lições padronizadas, a esporádica organização de escola s para treinamento de obreiros leigos e organização de congressos periódicos e geograficamente isolados foram tentativas bem-intencionadas de resolver o problema. Mas elas não conseguiram suprir a falta de treinamento regular de professores nas igrejas locais. Como já ocorrera ao longo dos séculos, mas a maioria dessas tentativas falhou, o que se depreende do clamor por professores capacitados que houve na maioria das igrejas. (MARRA, 2007,p. 40).
Marra aponta em suas palavras uma parte dos problemas que as escola s dominicais
têm enfrentado - o treinamento de professores. Este é um dos desafios dos educadores
cristãos do século 21, mas não pode ser o principal.
Antonio Gilberto, no livro Manual da Escola Dominical, edição atualizada, após traçar resumidamente a história da escola dominical, afirma que esta escola hoje no
Brasil defronta-se com problemas sociais e morais idênticos aos que precederam a
fundação da Escola dominical na Inglaterra. Ele afirma que a solução cabal para esses
males que tanto preocupam o governo e as autoridades em geral, está na regeneração
Deus precisa, pois, explorar todo o potencial da escola dominical, como agência de
ensino da Palavra de Deus e evangelização em geral (GILBERTO, 1974,p.119).
Dois textos que mais se aproximam do objetivo proposto para este trabalho; um
é texto de Hemphill, que de forma abrangente e clara faz uma pesquisa bem
fundamentada a respeito do assunto que servirá também como referencial teórico para
esta dissertação. O outro é o livro Igreja Ensinadora de George Sherron que traz uma contribuição prestimosa a esta pesquisa.
Com a revisão de literatura foi possível chegar a um entendimento com relação à
importância do assunto na pesquisa realizada. É perceptível por meio deste trabalho,
que há uma carência de mais obras de qualidade e de referência em língua portuguesa
a respeito do assunto que contemplem os objetivos e desafios da Escola dominical
na atualidade.
Para facilitar o entendimento dos assuntos tratados, esta dissertação foi
desenvolvida em três capítulos, e o conteúdo abordado está organizado de forma
pedagógica na seguinte ordem de compreensão:
Introdução, na qual é apresentado a delimitação do tema, os objetivos gerais e
específicos, a problematização, as hipóteses, a justificativa, a delimitação e a
metodologia a ser abordada.
O capítulo um apresenta um esboço histórico da Escola dominical tendo como
chegada e estabilidade no Brasil, bem como os modelos pedagógicos, métodos
pedagógicos e estratégia de crescimento da Escola dominical.
O capitulo dois contém a estrutura e proposta pedagógica da Escola dominical.
O terceiro e último capítulo tem como objetivo primordial desenvolver e discorrer a
respeito do tópico a Escola dominical e a inteligência brasileira, cujo propósito, é
apresentar por meio da pesquisa de campo, pessoas que na infância foram
influenciadas pela Escola dominical. O objetivo desta entrevista é mostrar a força que
CAPÍTULO 1
RESUMO DA HISTÓRIA DA ESCOLA DOMINICAL
Para entender a história da escola dominical é fundamental relembrar a
Reforma Protestante que direta ou indiretamente influenciou missionários na dedicação
ao ensino da Bíblia. Este movimento despertou uma identidade religiosa nas pessoas à
medida que passaram a conhecer a Bíblia como regra de fé e prática. Visto não fazer
parte desta dissertação apresentar toda a história da Reforma, o que seria impossível
neste momento, será apresentada de forma sucinta, a contribuição de alguns
reformadores tais como Martinho Lutero,Philip Melanchton e João Calvino objetivando
realçar o espírito cristãos que os levou a influenciar de forma eficaz o tecido da vida
cristã em todos os aspectos. Estes reformadores destacam-se neste aspecto, sem,
entretanto, desmerecer nomes importantes tais como Ulrico Zuínglio e John Knox, até
mesmo em considerar que este último, tenha promovido “a ideia de que os objetivos da educação são aprender a ler e treinar a juventude nas virtudes, preparado-a para ser
útil ao mundo e para glorificar a Deus” (ARMSTRONG, 1992, p.63). Além disso,
convém lembrar que estes personagens e Inácio de Loyola, que foi o fundador da
Companhia de Jesus, atuaram eficazmente em favor do progresso da educação.
Após sua conversão ou novo entendimento da fé cristã, Lutero insistiu num ponto
que incomodava a liderança, ou seja, o despreparo e relaxamento dos clérigos. Estes
que tinham a responsabilidade de nutrir o rebanho, não o estavam fazendo. Desta
condenação da venda de indugências4. Para Lutero, o Papa não tinha autoridade
docente, e nem o Concílio podia definir artigos de fé que contradiziam os ensinamentos
da Bíblia (GEORGE, 1987, P. 79).
Tomando como base e orientação o Velho Testamento, Lutero desenvolveu um
estilo de educação tendo a família como objetivo principal. “Ele entendeu que o lar não
dispunha dos meios para satisfatoriamente cumprir a sua missão, por isso, o Estado
deveria assumir a responsabilidade do ensino das crianças, e os pais deveriam oferecer
um ambiente doméstico que tivesse condições de conduzir a aprendizagem”
(ARMSTRONG, 1992, p. 61).
A respeito de Philipp Melanchton, pode se dizer que foi um homem estudioso e
por isso, destacou-se nas letras e chegou a presidir a Universidade de Wittenberg, onde
procurou levar os professores a uma conscientização de que deveriam ensinar com
base no Credo Apostólico. A adoção desse credo, deu à educação superior condição
de ensinar a verdade baseada em princípios bíblicos, sem receio das tendências
modernas. Melanchton, foi um grande talento da Reforma, amigo de Calvino e uma
pessoa muito respeitada pelas autoridades de sua época. Ele não pertenceu ao clero
de Roma, nem tampouco se incorporou ao da Reforma. Profundo, contudo, foi o seu
saber teológico e valioso o curso que prestou às letras e ao movimento reformador de
seu século. Ele e Calvino foram os maiores teólogos do círculo dos primitivos
reformadores (LESSA, p.56).
4 Na doutrina católica Indulgência (do latim indulgentia, que provém de indulgeo, "para ser gentil") é o
Além disso, Melanchton foi um pedagogo no seu tempo e tinha a preocupação
voltada para área do ensino. Escreveu vários artigos que serviram de lei na Saxônia.
Devido ao seu conhecimento, foi procurado por diversas escola s a fim de ajudar nas
reformas internas. Ajudou a reformar várias universidades e escreveu livros e artigos
didáticos para serem usados nas escolas. Assim sendo, ele procurou valorizar a
educação, colocando-a à disposição de todos.
João Calvino por sua vez, foi outro gigante da Reforma, mais conhecido por seus
escritos, dedicação e zelo pelas coisas santas. O seu principal objetivo foi estudar com
afinco a Bíblia para poder escrever um tratado sobre a fé cristã, possibilitando às
pessoas uma melhor compreensão dos ensinos bíblicos.
Calvino tinha uma visão e paixão educacionais muito grandes e, uma aguda
sensibilidade sociocultural. Percebeu os reclamos da sociedade e da igreja no momento
histórico, inclusive grande necessidade de instituições e estruturas educacionais para a
população em geral e para a igreja. Por isso, nos últimos anos de seu ministério,
fundou a Academia de Genebra. Durante o tempo que esteve em Genebra, realizou
várias propostas educativas para a cidade e com relação aos professores, para ele, não
bastava ter conhecimento pedagógico e sim, ser ministro dedicado à palavra e estar
bem preparado para atuar como um “ponta de lança” no ataque contra a ignorância e o
pecado que assolava Genebra (FREITAS, 2001, p45). O currículo de Calvino continha o
melhor da educação humanística, juntamente com os princípios calvinistas (GEORGE,
1987,p. 81).
Calvino escreveu muitos livros, dentre eles os quatro volumes das Institutas e
catequética. Para ele, tal instrução tinha alguns objetivos fundamentais, como “manter a
união dentro das igrejas e entre elas para preservar a doutrina e ajudar as crianças
batizadas a apropriarem pessoalmente da fé cristã (GEORGE, 1997, p. 81).
A respeito da contribuição de Lutero e Melanchthon sobre o assunto, escreveu
resumidamente Maria Lúcia de Arruda Aranha:
Lutero e Melanchthon trabalharam intensamente para a implantação da escola primária para todos. É a primeira vez que se fala em educação universal. Ao mesmo tempo, Lutero solicita às autoridades oficiais que assumam essa tarefa, pois a educação para todos deve ser da competência do Estado. Mas, é bem verdade, há uma nítida distinção: para as camadas trabalhadoras é preconizado um tipo mais simples de educação primária elementar e, para as camadas privilegiadas, a possibilidade do ensino médio e superior. Dentro do espírito do humanismo, Lutero repudia os castigos e critica o verbalismo oco da Escolástica. Propõe jogos, exercícios físicos, música(seus corais se tornaram famosos), valoriza os conteúdos literários e recomenda o estudo da história e da matemática (ARANHA, 1989, p.106,107).
Outro educador que marcou a época foi João Amós Comênius, o autor de a
Didática Magna, livro este que se tornou conhecido, não por sua vontade, mas porque
fora descoberta trazendo excelentes contribuições no cenário educacional. Comênius
foi um homem avançado em termos de conhecimentos para a sua época, mas como
um dos seus objetivos era ensinar tudo a todos, ele não se deixou levar pelo
tinha para desempenhar ou seja, a educação. A respeito deste educador escreveu Inez
Augusto Borges:
Todo educador consciente da extensão de sua tarefa deverá preocupar-se, em algum momento com duas questões fundamentais, a saber: a natureza do ser ao qual deve educar e o alvo final desta educação. Muito se tem falado sobre educação transformadora, mas é preciso responder à questão sobre “o que” deve ser transformado “em quê”? Esta preocupação será considerada irrelevante apenas para aqueles cujo objetivo educacional consista unicamente em transmitir conhecimentos, sem refletir sobre a possibilidade de estar, através do ensino, formando e transformando a personalidade do educando. Muitas pesquisas de educadores decorrem dessa necessidade de conhecer melhor o ser humano e descobrir o modo como este aprende, visando a adequação de seus recursos pedagógicos à capacidade e necessidade dos alunos. Outros preocupam-se com a questão da motivação (por quê o ser humano tem desejo ou necessidade de aprender?) para tornarem o ensino tão interessante quanto possível, e assim por diante (BORGES, 2001, p. 61, 62).
As ideias de Comênius com relação ao valor do ser humano, e a tentativa de descobrir
como este ser aprende, estão presentes na formação do aluno e na escola dominical.
Portanto, o que a Reforma fez foi infundir no coração dos missionários, este amor e
preocupação com o seu reino. Hoje, estas ideias devem ser trabalhadas e
desenvolvidas através das lições que as escolas dominicais utilizam e ministradas
pelos seus professores nas mais diversas classes.
Tendo apresentado este pequeno resumo a respeito da Reforma protestante e
alguns vultos principais que se destacaram, ainda se faz necessário, conhecer os
fatores históricos que antecederam este momento de criação, crescimento e expansão
lembrar que a prática do ensino já existia, mas não com essa nomenclatura como é
conhecida.
Quando o Novo Mundo foi colonizado pelos europeus eles, trouxeram suas
ideias educacionais e as introduziram na América. Segundo Armstrong, “na América do Norte, os protestantes e evangélicos dominaram a cena religiosa e educacional,
enquanto na América do Sul a conquista ibérica trouxe consigo o predomínio da Igreja
Católica” (Armstrong, 1992,69). Com isso, pode se dizer que a educação protestante como é conhecida na história e nas igrejas evangélicas da América Latina não é
originária diretamente da Europa pelo que aconteceu na Reforma Protestante, mas sim,
é originária da América do Norte; com exceção dos luteranos. Mesmo tendo sua
origem na América do Norte ela não foi totalmente isenta de influência europeia, pois
os missionários que chegaram eram europeus como por exemplo Robert Kalley5.
Quando a Educação Cristã chega à América do Norte, os colonizadores eram
protestantes, o que poderia redundar em benefícios educacionais, principalmente
levando-se em conta que o objetivo primordial deles era que os filhos aprendessem a
ler e principalmente ler as Escrituras. O que facilitou este avanço, foi o fato deles terem
levado suas congregações e costumes de vida o que segundo Armstrong, ofereciam
base para o desenvolvimento da educação protestante. Comentando um pouco mais
esta ideia de crescimento, Armstrong afirma que “o desenvolvimento da educação cristã
era regional, realizando-se mais ou menos em três regiões – a Nova Inglaterra, as colônias centrais e as da colônias dos Sul” (Armstrong, 1992, 70).
Na Nova Inglaterra, a educação protestante seguia o puritanismo calvinista. Para
eles, tudo que faziam na vida tinha que estar debaixo da direção de Deus. Eles
cumpriam os mandamentos, principalmente o de educar os filhos, prova disto é que não
deixavam de praticar o culto doméstico, reservando pelo menos uma hora durante a
semana para a prática de exercício espiritual no lar. Além desta preocupação com a
família, os educadores estabeleceram também escola s como sinal de crescimento e
necessidade, com isso, criaram as escola s de damas, cujos objetivos eram ensinar às
crianças os rudimentos da educação e de todo o povoado; escola s de gramáticas que
preparavam os jovens para o ministério e por fim, a educação superior com a criação
das universidades.
Nas colônias centrais, a educação também teve o seu avanço a ponto dos
presbiterianos terem que organizar em 1746, a Universidade de Princeton e depois de
aproximadamente 22 anos, a Igreja Reformada fundou com muito sacrifício a
Universidade de Rutger. Segundo Armstrong, a primeira Universidade sem filiação
religiosa a ser criada foi a Universidade da Pensilvânia em1755.
As colônias desfrutavam de uma comunhão interna parecia ser duradoura até o
momento do avanço da ciência que traz consigo pensadores tais como Descartes,
Kant, Galileu, Leibnz e outros. As contribuições desses intelectuais conseguiram criar
individualismo e lançar dúvidas com relação a fé e até mesmo zombando do
cristianismo e negando a inspiração das Escrituras.
Além do mais, houve uma imigração em massa de pessoas sem filiação religiosa
que resolveram deixar as colônias e expandir-se para o oeste. Por causa disso, a
se separam. A comunidade evangélica assume a direção e responsabilidade da
educação religiosa, ao passo que o Estado passa a se encarregar da educação secular.
A instrução religiosa fica com os protestantes e eles dão continuidade ao
processo de ensino e aprendizagem, usando os domingos para o exercício dessa
prática religiosa que mais tarde será conhecida por Escola dominical.
Como ficou demonstrado, ao longo dos anos, a educação tem provado ser uma
agência de transformação e formação em vários aspectos da sociedade bem como na
vida do ser humano. Com o alcance dos objetivos educacionais, fica claro que
nenhuma pratica educativa é neutra em si mesma, basta para isso ver o que a
educação tem feito e alcançado.
A educação planejada pode alcançar os objetivos para os quais foi destinada
podendo até mesmo romper barreira que impeça o seu crescimento. A história tem
mostrado as lutas que a educação e educadores têm travados para alcançar seus
alvos, vencendo os obstáculos e as dificuldades para fazer valer a força educacional.
João Calvino por exemplo, após sua passagem por Genebra em 1536 resolveu aceitar
o convite de Guilherme Farel, o que pareceu mais uma “imprecação”, para usar sua
experiência para tirar a cidade do baixo nível moral que se encontrava (NICHOLS,
2008,175).
Olhando pelo viés da educação, tanto a protestante quanto a secular, a história
mostra as lutas e dificuldades enfrentadas a fim de que a educação tivesse um papel
transformador na vida das pessoas, principalmente de algumas crianças que
poderiam ter um futuro promissor e a sociedade, teria menos delinquentes transitando
de um lado para outro.
Traçar um esboço do surgimento da escola dominical requer trazer para o
presente, os fatos mencionados para que à luz da história e da educação protestante,
seja possível analisar o avanço e avaliar os desafios educacionais que a primeira
escola dominical propôs. Além disso, requer-se ainda mostrar que esta escola tem
influenciado direta e indiretamente a vida das pessoas ao longo dos anos, algumas
chegando até mesmo a assumir cargos importantes, enquanto que outras, embora
não o confirmem, também não negam.
O surgimento do conceito de escola dominical é antigo e não se sabe ao certo
quem foi que cunhou este termo. Alguns afirmam que a Escola dominical remota aos
tempos do Conde Zinzendorf, conhecido como pietista que viveu no século XVIII.
Outros argumentam e indicam pessoas diversas na história tais como John Wesley, o
fundador da Igreja Metodista, e outros atribuem ao ministro metodista chamado
Daughasday. Pode se dizer que o termo escola dominical teve seu início na
Inglaterra no século XVIII. No ano de 1780 na cidade de Gloucester na Inglaterra, onde
Robert Raikes ficou conhecido como “o pai da Escola dominical” (Armstrong, 1994,
p.73). Raikes exercia a função de jornalista e desenvolveu um sistema de aulas cujo
objetivo era alcançar os meninos de rua, evitando assim a criminalidade. A história diz
que ele “contratou por conta própria, professores, que ensinavam crianças que
trabalhavam nas fábricas durante seis dias da semana, e que aos domingos ficavam
Raikes foi um homem de visão que usou o próprio jornal para expandir as suas
ideias a respeito da Escola dominical. Em 1785 as ideias de Raike alcançaram
William Fox. Ele Nasceu no mesmo ano de Raikes, e recebeu a instrução religiosa
quando ainda era criança e quando chegou à fase adulta, tornou-se um excelente
homem de negócio vindo a exercer o seu ministério como diácono da Igreja Batista em
London. William Fox Ficou preocupado com a situação dos pobres. Ele particularmente
ficou horrorizado porque tais pessoas não podiam ler a Bíblia, por isso, ele pensou
como seria possível os pobres terem acesso ao entendimento e leitura da Bíblia. A ideia
que surgiu, foi que isso seria possível através da Escola dominical; com isso, Raikes e
Fox enviam cartas para várias empresas, solicitando apoio na concretização dos
objetivos. Deste esforço empregado por Fox e Raikes, foi criada a sociedade para
promover o ensino aos domingos, o que ficou mais tarde conhecido como sociedade da
Escola dominical. Sendo assim, Fox alcançou alguns dos seus objetivos tais como
“evitar os vícios, encorajar a operosidade e as virtudes, debelar as trevas da ignorância,
difundir a luz do conhecimento e ajudar o homem a entender seu lugar social no mundo
(Armstrong, 1994,p.74). Percebe-se com esses objetivos que as escola s dominicais
eram destinadas aos pobres que deveriam ser instruídos no contexto e no nível
social-econômico de cada um.
Apesar da oposição de alguns, o movimento de escola dominical alcançou uma
proporção considerável ganhando mais adeptos às ideias iniciais de Raikes chegando
alcançar no ano de 1797 aproximadamente 250 mil crianças matriculadas somente nas
Inglaterra e o governo britânico. Ela foi rejeitada porque dava aos leigos e pobres o
controle e autoridade e por isso, foi considerada uma divisão e ameaça para apontar a
exploração de um serviço bem feito pelas pessoas, mas mau pago pelos ricos. Por
outro lado, outros apoiavam as ideias de Raikes e traziam seus amigos para assistirem
na escola dominical. O conteúdo programático consistia em aprender a ler tendo a
Bíblia como cartilha. Um simples movimento que começou cujo objetivo era ensinar a
criança a ler, agora alcança as igrejas dos Estados Unidos que também puderam
desempenhar excelente papel na área educacional.
A ideia se expandiu e a escola dominical alcançou o caminho do crescimento
chegando em 1796 mais de 400,000 alunos. A estimativa mais modesta diz que este
número chegou a 500,000 em 1811 e após a morte de Raikes em 1831 este número
chegou a mais de um milhão de alunos matriculados.
A ideia de reunir o povo para estudar a Bíblia já existia, mas não tinha a
conotação de escola dominical. Claudio Marra traça um perfil histórico da Escola dominical mostrando com mais clareza o surgimento da mesma nos Estados Unidos.
Ele diz que “esse sistema foi mais tarde melhor e mais completamente organizado”
(MARRA, 2007, 25). Na verdade, este sistema foi uma “segunda forma de Educação Cristã” que proporcionou o estabelecimento definitivo da Escola dominical no século XIX.
O movimento da Escola dominical alcança as igrejas dos Estados Unidos, mas
de forma diferente. Não foi por meio dos pastores e líderes, mas como afirma Marra,
partes do país o que foi então denominado “Sabbath School”, que adotava material de ensino específico” (MARRA,2007,25). É bem verdade que estes leigos já conheciam a força do ensino, sabendo que ele é capaz de mudar a vida das pessoas.
A chegada da escola dominical aos Estados Unidos não foi bem aceita no
começo tendo em vista a pratica existente de outro modelo como o “Sabbath School”.
Marra diz que a Primeira Igreja Presbiteriana de Princeton só aceitou o novo modelo de
Escola dominical em 1818. No que diz respeito às outras denominações, elas levaram
mais ou menos tempo para aceitarem a inovação. Os metodistas já haviam, desde
Wesley, no século anterior, adotado com entusiasmo a escola dominical; os batistas
os acompanharam pouco depois e os presbiterianos, agora sob influência do
movimento reavivalista, adotaram também o novo modelo. Alguns grupos, como os chamados Batistas Primitivos no sul dos Estados Unidos, rejeitaram a Escola
dominical, bem como outras inovações” (MARRA, 2007, 25).
Como se pode perceber, o movimento de Escola dominical não foi bem aceito
por todos, mesmo sendo um instrumento de união e crescimento das igrejas, algumas
não abriram as portas para recebê-lo, talvez, por não verem ainda segurança no
movimento, ou, temendo que houvesse uma invasão de pessoas pobres na igreja.
História da Escola dominical no Brasil
Desde o seu surgimento, a escola dominical passou a ser um forte instrumento
de divulgação do evangelho e meio estratégico de aproximação das pessoas . Sendo
criado na Inglaterra, este movimento alcançou também os Estados Unidos e, chega ao
Ao contrário do que muitos pensam a escola dominical no Brasil não começou
com o casal Kalley, mas sim com o missionário metodista Spaulding em 29 de abril de
1836. A respeito deste missionário e de seu trabalho, Claudio Marra diz que a chegada
dele “foi marcada por tal dinamismo que, apenas quatro meses depois (1º de setembro de 1836), ele já tinha ótimas notícias a dar ao secretário correspondente da Sociedade
Missionária da Igreja Metodista Episcopal” (MARRA, 2007, 26). O relatório prestado
mostra como o missionário foi bem sucedido no alcance dos seus objetivos. Ele informa
à Missão o seguinte: “conseguimos organizar uma Escola dominical, denominada Escola dominical Missionária Sul-Americana, auxiliar da União das Escola s
Dominicais da Igreja Metodista Episcopal (...). Mais de quarenta crianças e jovens se
tornaram interessados nela (...). Está dividida em oito classes com quatro professores e
quatro professoras. Nós nos reunimos às 16h30 aos domingos (...). Atualmente
parecem muito interessados e ansiosos por aprender...” (MARRA 2007,26).
Apesar deste relatório motivador, os olhos do missionário Spaulding se voltaram
para outro lado sombrio da história que muitos não quiseram mencionar. Ao mesmo
tempo em que via o interesse do povo pela Escola dominical, outras pessoas não
puderam ter acesso devido à escravidão que era muito forte no país. A respeito da
impressão do missionário Spauding sobre a escravidão no Brasil, Mariana Ellen Santos
Seixas em seu trabalho Protestantismo, política e educação no Brasil: a propaganda do progresso e da modernização falando desta impressão:
destino às margens sangrentas da África, nesse negócio de pirata. Os magistrados, solenemente juramentados a fazer cumprir as leis, frequentemente fecham os olhos e recebem subornos. Ninguém ousa cumprir as leis, e ninguém poderia se quisesse tão fraco é o princípio moral neste governo. Tudo o que podemos fazer é usar diligentemente e mui discretamente os meios, observar os sinais dos tempos, e entrar por toda porta aberta pela Providência, para prestar-lhes serviço...
Se por um lado, havia a facilidade de pregar o evangelho tendo em vista a aceitação
das pessoas, por outro, imperava a tristeza da escravidão. Mesmo não podendo fazer
nada no momento, a não ser ensinar as Escrituras, pode se conjecturar que se este
missionário permanecesse no Brasil, a escola dominical teria outra história e os
caminhos seriam bem diferentes. Infelizmente tendo que retornar para o campo de
origem, o trabalho iniciado por Spaulding não foi adiante e com isso, o casal de
congregacionais6 Robert Reid Kalley e sua esposa Sarah Poulton Kalley, chegam ao
Brasil em 10 de maio de 1855 assumindo o novo desafio. Logo de início se
estabeleceram em Petrópolis e no dia 10 de agosto deram inicio à primeira escola
dominical começando com 8 crianças em junho de 1856 e chegando em outubro do
mesmo ano com 25 alunos matriculados.
A grande dificuldade do casal residia na preocupação de encontrar algum
substituto, pois de vez enquanto o casal tinha que viajar e na maioria das vezes não
tinha quem o substituísse. Tendo que mudar para o Rio de Janeiro, o trabalho iniciado
em Petrópolis perde a sua continuidade e uma nova escola nasce na casa do casal. A
história tem mostrado que os missionários na sua grande maioria transformaram suas
casas em verdadeiros espaços do saber. Antonio Gouvêa de Mendonça em seu livro O
Celeste Porvir, afirma que
os pastores e missionários presbiterianos usavam como estratégia missiológica, estabelecer escolas paroquiais como forma de educar o povo para que pudesse ler a Bíblia. O Rev. Miguel Torres fez o mesmo a ponto da escola por ele fundada ser conhecida como “A Escola de ‘seu’ Miguel, que começara em casa de D. Bárbara, foi instalada no prédio onde é hoje o hotel de Caldas. Morava o Rev., na própria casa do externato. A sala de aula era a mesma que servia para Escola dominical e cultos”. Na parede estava escrito em letras garrafais: “Eis -nos, grande Instrutor...” (MENDONÇA, 1984, p.13)
Esta forma de usar o lar como lugar de evangelização e educação, realmente foi bem
aproveitada, e quem dela fez uso pode ver os resultados. Nos primórdios, os
missionários usaram as casas até mesmo devido as dificuldades de se pagar o aluguel,
ou na hipótese do trabalho não vingar, não teriam prejuízo algum.
Depois de certo tempo com residência fixa no Brasil, Robert Kalley e sua esposa
Sarah Kalley voltam em definitivo para a Escócia, deixando o trabalho iniciado nas
mãos da Igreja Fluminense que eles mesmos haviam fundado. Com a saída do casal
Kalley em definitivo, chega no Brasil no dia 12 de agosto de 1859 o jovem pastor
Ashbel Green Simonton. Com o espírito aventureiro e decidido, Simonton chega para
evangelizar e doar sua vida na causa da evangelização.
Tendo passado por várias dificuldades, mas vencendo quase todas, este jovem
pastor americano, em pouco tempo realiza o trabalho singular no solo brasileiro,
conhecendo as riquezas da terra e se aperfeiçoando na língua portuguesa. Como o
funda a 1ª escola dominical em 22 de abril de 1860, com cinco crianças e no seu
diário ele fez o seguinte registro: “no último domingo, dia 22, realizei uma Escola dominical em minha própria casa. Foi meu primeiro trabalho em português. As crianças
dos Eubamks estavam todas presentes” (SIMONTON, 2002, p. 140). É importante destacar que a escola dominical com Simonton começou com crianças e na sua
própria casa. No livro Os Pioneiros – Presbiterianos do Brasil 1859-1900, Alderi Souza Matos afirma que Blackford cunhado de Simonton, também usou a residência para o
funcionamento da escola dominical às quartas-feiras (MATOS, 2004, P.33).
Mesmo ministrando suas aulas na escola dominical para as crianças, Simonton
tinha uma preocupação não só com a transmissão do ensino, bem como com o
aprendizado. Ao relatar ainda em seu diário é perceptível essa preocupação quando
conclui:
Domingo dirigi a Escola dominical com o mesmo número de pessoas e o mesmo interesse. Amália e Mariquinhas acham difícil entender John Bunyan. Elas não tem base para suas lições; é algo diferente do que jamais ouviram, viram ou sentiram, de modo que não podem entendê-las bem. Pobres meninas, estou profundamente interessado por elas (SIMONTON, 2002, p. 141).
Como professor, Simonton tinha uma preocupação fundamental, de que as crianças
aprendessem a lição; é por essa razão, que ele diz estar interessado nelas, pois sabia
que desta internalização do ensino ministrado, dependeria o crescimento espiritual
delas. Portanto, os professores precisam ficar atentos com relação ao retorno que os
alunos dão a respeito do ensino recebido. Claudio Marra destaca que John Beatty
Howell rejeitou 12 candidatos à pública profissão de fé por julgar que não estavam
ignorância da verdade religiosa e da doutrina evangélica. É inconcebível que filhos de
pais crentes conheçam tão pouco as verdades bíblicas e tenham ideias tão vagas das
doutrinas fundamentais da fé” (MARRA, 2007,p. 30). Não basta a pessoa permanecer
na igreja ou Escola dominical, é necessário que ela demonstre que está crescendo e
aprendendo com o passar do tempo.
Ao falar da necessidade de se aprender na escola dominical Mendonça deixa
claro que as reuniões religiosas que aconteciam nas igrejas dos protestantes
brasileiros eram chamadas de “trabalho”, mas ele faz uma diferença e comenta:
“exceto a escola dominical, da qual participam também os adultos, cuja divisa é
“aprender”. Aprende-se a vida toda. Nela estão presentes pessoas que nasceram no
protestantismo e que no fim da vida ainda ali permanecem” (MENDONÇA, 1984,
p.107). Na mesma direção caminha a educadora e pastora Sherron George afirma que
a educação é um processo continuo, ou seja, é feito o tempo todo e “para alcançar a
pessoa toda e a igreja toda em todo tempo, é preciso que a Educação Cristã se
desenvolva por meio do ensino formal, informal ou intencional” (GEORGE, 1993, p.20). Ainda sobre o mesmo assunto, para Vicente Temudo Lessa, a “educação sistematizada dos filhos da igreja é pela igreja e para a igreja” (LESSA, 2010, p.552).
Após o período de experiência e de adaptação, a escola dominical seguiu o seu
objetivo contando sempre com pessoas capacitadas que ajudaram direta ou
indiretamente na concretização dos alvos dessa agência educadora. Dentre tais
pessoas registra-se o nome de Shneider. Homem inteligente que falava vários idiomas.
Janeiro usando para isso diversos equipamentos, o que resultou na conversão do
escritor e filólogo Júlio Ribeiro (MATOS, 2004, p.44).
Outra pessoa de influência na Escola dominical que também ajudou no seu
crescimento foi a missionária Mary Parker Dascomb. Segundo Matos, ela foi a
primeira educadora americana a ser enviada para o Brasil em 1866 para ser
professora dos filhos do presbiteriano James Monroe que era na época o cônsul
americano no Rio de Janeiro. A respeito dela, Chamberlain faz um relato dizendo que
“desde de março de 1871, tem funcionado sob a direção da Sra. Mary P. Dascomb
duas aulas, sendo uma frequentada por 23 meninos e meninas inglesas e a portuguesa
por 10 meninos e meninas”. No relatório da escola dominical de Brotas diz que no dia 7 de setembro quando foi a criada a Escola dominical ela ficou como responsável pela
classe (MATOS, 2004,pp.67, 68).
Por sua vez, James Burton Rodgers ficou conhecido como o ministro da
“reconstrução”, pois como pastor auxiliar da igreja do Rio de Janeiro, na qual só assumiu efetivamente em 1896, promoveu algumas reformas no templo que ficava na
Travessa Barreira, que segundo o historiador Alderi Souza Matos, foi o primeiro templo
presbiteriano do Brasil. Diz o relato que o teto desta igreja ameaçava a cair e Burton foi
desafiado a concertar. A escola dominical desta igreja foi reorganizada por Myron
Clark fundador da Associação Cristã de Moços (MATOS, 2004, p.21).
Cumprindo o seu objetivo de educar as pessoas, a escola dominical
Charlotte Kemper que dedicou toda a vida como educadora na formação e educação
de alguns candidatos ao ministério no Brasil tais como: José Ozias Gonçalves e
Paschoal Luiz Pitta. Residindo em Lavras – Minas Gerais, durante 20 anos, ela foi a
“responsável pelo preparo das Lições Internacionais da Escola dominical, que eram
utilizadas no Brasil, Portugal e outros lugares” (MATTOS, p. 209). A escola dominical deve participar da conquista dos perdidos para Cristo como um dos objetivos supremos
de fazer com que eles conheçam a verdade e sejam livres (FLAKE, 1922p. 106)
A escola dominical é um vasto campo para o labor cristão, quer àqueles que a
organizaram e administram, quer aos que constituem o seu corpo docente. Ensinar na
escola dominical é um labor de grande responsabilidade, um privilégio deveras
elevado. Cada classe assemelha-se a um pequeno rebanho. Os que ensinam e
educam desempenham o papel de verdadeiros pastores.
Adolpho Machado Corrêa em seu livro A Carreira cristã registra que é um
privilégio “Proclamar na escola dominical a grandiosidade do Evangelho, a beleza e nobreza dos ensinamentos bíblicos e o esplendor incomparável da pessoa sagrada e
divina de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador!” (CORREIA, 1979, p. 178)
Outra pessoa que ajudou não só no processo de consolidação, mas também no
de crescimento da Escola dominical, foi o presbítero Eliézer dos Santos Saraiva, que
foi membro ativo da Igreja Unida de São Paulo. Alderi de Souza Mattos diz que ele foi
considerado “o paladino da escola dominical”. Ainda a respeito dele Matos informa que
bom período de tempo. Foi um idealizador e grande incentivador da escola dominical
chegando a promover as primeiras convenções de escola s dominicais”. Na verdade,
este homem dedicou parte da sua vida para ver o progresso de crescimento da escola
dominical. Ele sonhou alto com este projeto e a sua morte, conforme afirmou Matos, “foi inesperada, talvez devido à emoção por ter visto um projeto seu aprovado”.Falando ainda a respeito do assunto ele registra:
Sua morte se deu em circunstâncias inusitadas. Tendo levado ao Conselho da Igreja Unida aprovar um plano que muito agradou, devia expô-lo igualmente ao plenário da Escola dominical. A solenidade começou com um discurso do pastor, Rev. Miguel Rizzo Jr., no qual este expressou todo o reconhecimento da igreja pelo imenso trabalho do Dr. Eliézer. O homenageado comoveu-se até as lágrimas. Nessas circunstâncias é que começou a falar. Falou da forma planejada por cerca de quinze minutos. Ao terminar a exposição desfaleceu; só conseguia dizer umas poucas palavras. Passou a noite inconsciente e às oito horas do dia seguinte faleceu. Eliezer foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. (MATOS, 2004, p.459).
Com a morte do presbítero Eliézer, a igreja local perde o seu grande idealizador e
incentivador, homem que colocou o coração nesta obra e acreditou no sucesso e na
força da Escola dominical.
Desde a sua criação, a escola dominical tem procurado ser um instrumento
importante na formação religiosa do povo, bem como tem buscado cumprir os seus
melhor o assunto, Zózimo Antonio Passos Trabuco conceitua os termos da seguinte
forma:
A Escola Bíblica Dominical era fundamental enquanto Escola porque a educação constituía-se um valor importante no pensamento missionário como elemento evangelizador e civilizatório. Era importante por ser Bíblica, ou seja, voltada principalmente ao estudo dos textos bíblicos que fundamentavam as crenças batistas e a visão de mundo do grupo sobre a sociedade. E por ser Dominical, uma vez que a guarda do Domingo de acordo com a interpretação batista do quarto mandamento, era a evidência de uma vida genuinamente cristã, e o descumprimento injustificado desse mandamento era motivo de disciplina e até exclusão (TRABUCO, 2009, p. 41).
Além do significado dos termos, percebe-se a sinceridade com que as pessoas
deveriam tratar a escola dominical e principalmente o domingo que é dedicado a ela.
Por isso, pode se dizer que a escola dominical tem sido um poderoso instrumento de
doutrinação e formação, que ao longo dos anos, tem levado a pessoa a assumir um
compromisso de fidelidade e amor com relação ao ensino bem como com a
capacitação dos alunos ali matriculados.
O espaço da escola dominical tem que ser visto como um lugar importante que
a igreja como responsável pela educação cristã tem ao seu dispor, nesta escola onde
o educando não termina o ciclo dos estudos; as ações da escola dominical, são
educativas e preparam o educando para a vida. Além disso, no espaço da Escola
dominical pratica-se a cidadania, ensina-se a solidariedade, desperta vocações e
prepara as pessoas para serem agentes de transformação numa sociedade de
A partir do entendimento da Bíblia como Manual do ensino, Jorge Freitas em
sua dissertação de mestrado define escola dominical como “espaço onde se pode
tratar com mais profundidade a educação cristã; esse espaço não pode apenas se
referir com exclusividade à Bíblia, antes porém, a Bíblia referenda ações educativas
que resultem uma prática que trate o ser humano criado a imagem e semelhança de
Deus. inserindo-o em seu próprio meio social de maneira que os/as alunos/as da
Escola dominical conheçam a Igreja especialmente a igreja local; descobrindo suas