ESCOLA DE POS-GRADUAÇAO EM ECONOMIA EPGE
-ENSAIOS ECONOMICOS DA EPGE N9 16
ANÁLISE DE CUSTOS E BENEFfcIOS SOCIAIS - I
PROF. EDY LUIZ KOGUT
INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA DA FUNDAÇÃO GETOLIO VARGAS
-ENSAIOS ECONOMICOS DA EPGE
N9 1 - Análise Comparada das Alternativas de política Comercial de ' um País em Processo de Industrialização - Edmar Lisboa Bacha - 1970 ( esgotado) .
2 - Análise Econométrica do Mercado Internacional do Café política Brasileira de Preços - Edmar Lisboa Bacha ( esgotado) •
e da 1970
3 - A Estrutura Econômica Brasileira - Mario Henrique 1971 (esgotado).
Simonsen
N9 4 - O Papel do Investimento em Educação e Tecnologia no Processo de Desenvolvimento Econômico - Carlos Geraldo Langoni - 1972 N9 5 - A Evolução do Ensino de Economia no Brasil - Luiz de Freitas
Bueno - 1972.
N9 6 - política Anti-Inflacionária - A Contribuição Brasileira - Ma rio Henrique Simonsen - 1973.
N9 7 - Análise de Séries de Tempo e Modelo de Formação de Expectat~
N9
N9
vas - José Luiz Carvalho - 1973.
8 - Distribui!ião da Renda e Desenvolvimento Econômico Uma Reafirmação - Carlos Geraldo Langoni - 1973. 9 - Uma Nota Sobre a Popula!ião Otima do Brasil - Edy
1973.
10 - Aspectos do Problema da Absorção de Mão-de-Obra: para Pesquisas - José Luiz Carvalho - 1974
do Brasil:
Luiz Iogut
Sugestões
N9 12 - O Sistema Brasileiro de Incentivos Fiscais - Mario Henrique Simonsen - 1974.
N9 13 - Moeda' - Antonio Maria da Silveira - 1974.
N9 14 - Crescimento do Produto Real Brasileiro - 1900/1947 - Claudio Luiz Haddad - 1974.
N9 15 - Uma Nota Sobre Números fndices - José Luiz Carvalho - 1974. N9 16 - Análise de Custos e Benefícios Sociais - I - Edy Luiz Kogut
INTRODUçKO
Este trabalho é baseado em notas do nosso cur-so "Análise de Custos e Benefícios Sociais", na Escola de Pôs-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas. ( I) O ob-jetivo deste curso é fornecer o instrumental básico para a a-nálise de custos e benefícios de projetos, com ênfase no as-pecto social dos mesmos. Social aqui significa "para a socie~
dade como um todo", isto
é.
os custos e benefícios de projetos são analisados tendo em vista sua rentabilidade para a socie-dade (rentabilisocie-dade social) e nao somente sua rentabilisocie-dade pa ra o empresário (rentabilidade privada).Para compreender porque e como a rentabilidade privada pode diferir da social. começamos no capítulo I apre-sentando algumas noções de Economia do Bem-Estar. Esta parte
ê
baseada em alguns trabalhos clássicos. cuja referência
ê
for-necida para aqueles que estiverem interessados em maioresde-talhes ou esclarecimentos.
O capítulo I começa, pois, definindo eficiên-c ia eeficiên-conômieficiên-ca. Demonstra-se que. na ausênc ia de externalidades t as condições de equilíbrio que caracterizam um sistema de mer-cados competitivos correspondem exatamente aos requisitos da eficiência econômica. Mostra-se, em seguida. como a presença de externalidades pode levar a condições de equilíbrio
2.
rentes das condições de eficiência, caso os custos de transa-ção da barganha entre as partes interessadas sejam muito alto~
Neste caso, um sistema apropriado de impostos e subsídios in-diretos poderia nos levar novamente a um ponto eficiente. Fica
demonstrado; também. que, mesmo na presença de externalidades. um sistema competitivo leva à eficiência ~
.
economlca caso os custos de transação sejam desprezíveis. Por fim, define-se ex cedente do consumidor e mostra-se como podemos estimá-lo uti~
CAPtTULO I
NOÇOES DE ECONOMIA DO BEM-ESTAR
1 - Eficiência Econômica
•
Eficiência econômica, geralmente chamada de Otima de Pareto,
ê
definida em termos do resultado de ativida-des econômicas. Assim, diz-se que uma distribuição de bens e serviços entre consumidores ê eficiente se é impossível realo-car os bens entre consumidores de modo que a satisfação de al-gum (alguns) aumente (m) sem diminuir a satisfação de,pelo me-nos, um outro consumidor. Por outro lado, uma determinada pr~duç~o
ê
dita eficiente se é impossível realocar os insumos en-tre (ou dentro das) as firmas de modo a aumentar a produção de um bem sem diminuir a de pelo menos um outro.Tendo em vista que não podemos comparar "cien-tificamente" níveis de utilidade de diferentes indivíduos ,(1) mudanças que melhoram as posições de alguns mas causam a dete-riorização na posição de outros não podem ser avaliadas em ter mos de eficiência. Se, entretanto, a posição de alguns indiví duos melhorar, sem piorar a de outros, ê possível, então,se fa lar em melhoria do bem-estar geral.
Vamos mostrar que, na ausência de externai ida-des, a competição perfeita leva ao Otimo de Pareto.
( 1 )Dizemos "cientificamente", porque sempre é possível
defi-\IJIl função de bem-estar arbitrária que dê pesos às utilidades individuais,
a) No lado do consumo:
- Seja o indivíduo i (i • 1, ••• h, ••• m),
com uma função utilidade Ui' que tem como argumentos ~ . quan-tidades dos bens e serviços qit consumidos por este indivíduo, isto
~
e:
U. • U. ( q't ) 1 1 1
onde t • 1, ••• j, k, ••• n, indica qual o bem consumido pelo indivíduo i •
.
-Dados os preços P.
J e
~oncorrência perfeita e em equilíbrio, temos
Para um indivíduo i: aU.
1
aqij dqik P.
aO.
= -
dq ..a+.
( 1 )1 1.) k
aqik Para um indivíduo h:
aUh
aqhi dqhk P.
aOh
=
dqhj • --L. P ( 2 ) kaqh k
Comparando ( 1 ) e ( 2 )
,
tem-se: dqik dqhk( 3 ) dq .. • dqhj
·5.
Vamos agora mostrar que a condição de equilí-brio competitivo no consumo, expressa pela igualdade ( 3 ) co~
incide com a condição de eficiência econômica.
Suponha a existência de somente dois
consumi-k ( 1 )
dor.es h e i é dois bens
i
e .•são:
divíduo h
As funções utilidades dos indivíduos i e h
Vamos admitir que o nível de utilidade do se mantenha constante, isto
é,
Uh. U~ , onde....
e
in-u
O
h
é
uma constante. Por outro lado. admitamos que as quantidades dos bensi
e!
sejam dadas, istoé:
:& C
qik + qhk : I d
onde c e d sao constantes.
Queremos maximizar a utilidade de
1,
Ui' da-do um nível de utilidade uO h deh·
l~to.
e...
desejamos definir um ponto do consumo de i no qual seja impossível aumentar sua( I )
-6.
utilidade sem alterar um dado nível de utilidade de h • A função que deve ser maximizada e •
+
(q .. , qik) + ). [Uh (qhj qhk) UO ]
U • U. 1 1) , - h
No ponto de maximo, temos:
.-au+
•au.
1au .
+ À h =
O
a
q. 3q .. aqhjJ 1)
au+ • au. 1 aUh
+ ).
• o
aqk 3qik 3qhkdonde,
au.
1
aU
haq .. aqh'
lJ
• laOi ãOh ( 4 )
fqik ãqhk
A expressão ( 4 ) define um ponto eficiente,uma vez que representando o máximo de Ui para um dado nível de Uh' não é possível se melhorar a posição de i , sem piorar a de h. Por outro lado, como a razão entre as utilidades marginais
é
igualã
taxa marginal de substituição, temos que as taxas marginais de substituição entrei
e k são iguais para os indi-víduos i e h, isto é,.
-
dqik~
a~!a~
dqij • -
dClbj ..
~
~
diferen-.1.
tes indivíduos e, portanto, assegura que a distribuição de bens entre consumidores é ótima no sentido de Pareto.
b) No lado da produção:
- Se há competição perfeita entre os produto-res, o preço dos bens finais e dos insumos não são
pelas variações no nível de produção da firma. Seja. pois:
alterados
,
a função de produção da empresa h, expressa em sua forma mplr-cita, onde as quantidades qhk' (k • 1 ••• s) sao
-
OS insumos que entram na produção das quantidades qhk (k=
5+1, ••• m)de
bens finais. ( 1 ) Havendo competição perfeita, as condições de equilíbrio são.( 1 )
Note-se que· k de 1 a s representa insumos t e de 5+1 a m
-8. Conclui-se, pois que
(4')
Assim, do mesmo modo se prova que a competição perfeita leva à produção eficiente, uma vez que num ponto efi-ciente as taxas marginais de substituição dos insumos e bens
finais são iguais entre empresas, resultando em igualdades ~
( 4' ) acima fI)
c) Otimo de Pareto,em Geral:
A eficiência no consumo e na produção implica em que a alocação de recursos ê ótima (no sentido de Pareto)em toda a economia. Admita que a taxa marginal de substituição' entre os bens finais qk e qj' no consumo, ê igual a:
A taxa marginal de substituição na produção(t! xa marginal de transformação) tem que ser a mesma. Vejamos o que aconteceria se a taxa marginal de transformação não fosse igual
ã
taxa marginal de substituição no consumo. Suponha ,por exemplo que taxa marginal de substituição no consumo ê igual a 1 e a taxa marginal de! transformação
ê
; r 2. Trêsf
9.
des de qj podem ser transformadas em duas unidades de qk' mo-vendo-se ao longo da curva de transformação. Como a taxa ma!
ginal de substituição no consumo ê
-i-'
um consumidor que sa-crifica três unidades dei
(a posição de todos os outros con-sumidores permanecendo a mesma) requereria apenas uma unidade de!
para se manter na mesma curva de indiferença e evitar a diminuição do nível de sua utilidade. O nível de satisfação desse consumidor poderia na verdade aumentar, sem diminuir o nível de satisfação de nenhum outro através da transformaçãotecnológic~ de 3 unidades de qj em duas de qk.
O aumento do nível de satisfação de um consu-midor, sem diminuição do nível de satisfação de nenhum outro,
só pode ocorrer, portanto.se as taxas marginais de substitui-ção no consumo e na produsubstitui-ção não forem iguais •
---~~-~-~--- - - ~-~ ~
10.
2 - Alocação Otima dos Recursos
o
nosso objetivoé
caracterizar um ponto efi-ciente no sentido de Pareto, ou seja, definir para este ponto as quantidades de bens que são produzidas, a alocação de insu-mos entre os bens, e a distribuição destes bens entre consumi-dores. Para tanto, desenvolvemos um Modelo onde são dados:(l)a) Dois insumos perfeitamente divisíveis, ho-mogêneos. e de oferta perfeitamente inelãstica: mão de obra(L) e terra (T).
b) Duas funções de produção,
,
A primeira para maçãs, a segunda para nozes(~
bos são produtos homogêneos).
Estas funções são contínuas, apresentam retor-nos de escala constantes e a taxa marginal de substituição entre L e T é decrescente ao longo de qualquer isoquanta, isto
é.
as isoquantas são convexas com relação à origem.c) Duas funções de preferência ordinais, uma
( 1 ) Veja Francis M. Bator, "The Simple Analytics of Welfare Maximizatian", American Eccnanic Review, Março de 1957, pp. 22-59, reim-presso Em William Brelt e Hãrola M. Hõêhman, ed., Readings in
para o indivíduo ! ' outra para o indivíduo
r'
N )
x
·11.
que representam dois conjuntos de curvas de indiferença contí-nuas e convexas can relação ã origem.
Por conveniência, adotamos para cada função um índice numérico arbitrário para identificar as curvas de indi-ferença. Este índice somente permite afirmar se uma situação é
melhor, igualou pior que a outra, para cada indivíduo. Por outro lado, se X preferir a pos ição b
..
a f, e f..
a ~,eledeve preferir b ã ~. Consequentemente, as curvas de indife-rença não se cruzam. Além disso, conforme as funções utilidade acma mostram, a utilidade de um indivíduo não depende do con-sumo do outro, Não hit portanto, externaI idades no consumo.
d) Uma função de bem'-estar social W· W (Ux .Uy) que permite ordenação única de preferência de todas as
ções possíveis baseada somente na posição dos indivíduos
I ( 1 )
situa-x e
-e) As quantidades produzidas e consumidas de M
e N são positivas. isto
é,
não há equilíbriosde fronteira • .( 1 )
Esta função é arbitrária e sua fo~ depende de JU1ZO • r de
12.
Nosso problema consiste, pois, em determinar M, N,
1M'
TM, TN, e a distribuição de M e N entre! e I, tal que se maximize W.Vamos resolver este problema por etapas,
a) Derivação da curva de possibilidades de produção a partir da
dotação de recursos e das funções de produção.
F I G U R A 1
Luga~ Geométrico dos Pontos Eficientes na Produção
L tt~--- O
r---________
~~---~---__, N---
...
-Na figura 1, são dadas as isoquantas de M e N.
Usamos o vértice inferior esquerdo como origem da produção de maçãs e das quantidades de trabalho (~) e terra (T
M) emprega-das na sua produção. A partir do vértice superior direito me-dimos a produção de nozes e as quantidades de fatores,~ e T
13. Pontos de produção eficiente de M e N são aqu! les pontos onde qualquer aumento na produção de M implica numa necessária redução da produção de N. Como vimos na primeira t
parte deste capitulo. estes pontos são aqueles em que as taxas marginais de substituição entre L e T são iguais para maçãs e nozes e correspondem aos pontos de tangência das isoquantas. / Este lugar geométrico está representado por uma linha pontilha da na figura 1. Cada ponto. como Pl , corresponde a uma deter-minada produção de maçãs e nozes.
Na figura 2, representamos este conjunto de pa res de M e N pela curva
ztz,
Esta curva Z'Z é chamada de cu~va de possibilidades de produção eficiente no sentido de Pare-to.
F I G U R A 2
Curva de Possibilidades de Produção
~Zffi
z'
14.
•
A inclinação de cada ponto da curva de possi-bilidades de produção
ê
igual à taxa marginal de transformação-entre maças e nozes. Assim. pos exemplo, na figura 2, a tan-gente do ângulo ~
ê
igualà
taxa marginal de transformação en-tre Me! no ponto P2• Esta inclinação indica quantas nozes podem ser produzidas transferindo terra e trabalho da produção de maçãs para a produção de nozes, tal que a da taxa marginal de substituição entre L e T na produção de M continue igual taxa marginal de substituição entre L e T na produção de N-
ab) Derivação da Grande Fronteira de Possibilidades de Utilida-de a Partir da Curva Utilida-de PossibilidaUtilida-des Utilida-de Produção.
Na figura 3 reproduzimos a figura 2. Nosso ,,~
blema agora consiste em determinar como se distribui M e N en-tre x e y, dada, por exemplo, a produção indicada pelo ponto P2• Para tanto, construimos uma caixa de vértices 0x Ml 0y Nl , onde 0x e 0y representam as origens das curvas de indiferença de x e
l.
°
problema da eficiência na troca consiste ea encontrar o lugar geométrico dos pontos nos quais é impossível aumentar a satisfação de x sem diminuir a satisfação de y.Es-te lugar geométrico
ê
denominado curva de contrato e é determi nado pelos pontos de tangência das curvas de indiferença de x ....15. _
substituição no consumo entre M e N para
r.
F I G U R A 3
Derivação da Grande Fronteira de Possibilidades de Utilidade OOZES
Cada ponto desta curva
ê
eficiente se levar-mos somente o consumo em consideração. Ao introduzirlevar-mos a pro-dução, entretanto, a eficiência exige que a taxa marginal de substituição no consumo e a taxa marginal de transformação en-tre M e N sejam iguais, conforme vimos no item f da Seção 1 deste capitulo (Otimo de Pareto, em Geral). Isto nos leva ao Ponto P3 na figura 3, onde
~
é o mesmo para o consumo e apr~
dução, e igualã
tangente do ângulo a. Evidentemente,ê
nece! sário que os individuos x er
possam "alcançartt o ponto P3 ,is-to é, a distribuição de renda e riqueza deve permitir que! e I
16.
A repetição desse processo para cada ponto de curva de possibilidades de produção (cada ponto necessita de uma caixa) fornecerá a grande fronteira de possibilidades de utilidade.
c) Derivação do Ponto Máximo de Bem-Estar da Economia.
A grande fronteira de possibilidades de utili-dade, apresentada por BtB na figura 4, é determinada pelo con-junto de pontos como P3 na figura 3. Vemos, assim, que mesmo após determinar todas as combinações de insumos e produtos que
são eficientes no sentido de Pareto, permanece um conjunto de "combinações eficientes" de Ux e Uy' representadas por B'B. Para definir qual
ê
a melhor destas combinações precisamos da função de bem-estar social W • W (Ux ' Uy). O bem-estar da so-ciedade atinge seu máximo quando a grande fronteira de possi-bilidades de utilidadeê
tangente à uma das curvas de indife-rença da função W. Determinamos, assim, o ponto P4 na figu-ra 4.( 1 )F I G U R A 4
PONTO ~OO DE BFM-ESTAR DA ECcm.nA
( 1 ) Cbserve que não se pode afirmar que qualquer ponto eficiente (pcnto
sobre B t B) ê melhor que \IIl pcIlto meficiente. Caupare, por eJCeq)10. o ~
to H can o pcIlto A. Apesar de não ser \IIl pcIlto eficiente, H define \D
ní-'
d) Do Ponto Máximo de Bem-Estar da Economia até a Melhor Alo-cação de Insumos e Bens Finais.
Uma vez determinado P4, o nosso problema está basicamente resolvido.
Ao ponto P4 na curva B'B da figura 4 corres ....
ponde um ponto P2 na curva de possibilidades de produção Z'Z da figura 2. Está assim determinada a produção de M e N. Atr!
~ ~
ves da curva de contrato, na figura 3, nos localizamos as cur-vas de indiferença de Ux e Uy ' onde a taxa marginal de
substi-tuição no consumo é igual
à
taxa marginal de transformação en-tre M e N (ponto P3). Fica assim determinada a distribuição deM e N entre ~ e ~.
Em seguida, na figura 1, localizamos o ponto Pl (que corresponde a P2), e assim determinamos ~, TM, ~ e TN, isto é, fica conhecida a distribuição ótima dos insumos en tre a produção de maçãs e nozes.
18.
3 - Preços, Salários e Aluguel
Na discussão acima, onde estão os preços de ma-çãs (PM) e nozes (PN), os valores do salário (W) e do preço de uso do capital ( r ) ?
Ora, se quisermos minimizar o custo total sabe-mos que:
dL • r
crr-
T
( 5 )•
Assim, o ponto Pl na figura 1, já determina
-W-que é igualã
inclinação da tangente no ponto Pl , isto é, iguala
êIT·
dLRaciocínio análogo, nos leva
ã
relação( 6 )
que
ê
igualã
inclinação da tangente no ponto P2 da curvaztz
(figura 2).Temos, pois, duas equações ( 5 ) e ( 6) para determinar quatro incógnitas (PM, PN, r e W).
( 1)
Podemos introduzir uma equação adicional:
Há, pois, quatro incógnitas e três equações. Como neste modelo não há moeda, somente faz se! tido falar em preços relativos. As três equações estabelecem / as proporções entre estas variáveis, não importando os valores
( 1 'Trata-se, na realidade, da identidade que nos diz que a renda realizada
19. absolutos.
20. 4 - Quando o Sistema de Mercado Pode Falhar
Conforme demonstrado na primeira parte deste capítulo, as condições de equilíbrio que caracterizam um
sis-tema de mercados competitivos correspondem aos requisitos da eficiência Paretiana.
Por outro lado, vimos que se as rendas imputa· das através da competição' são continuamente redistribuidas
a-través de transferêncBs de renda (sem custos de transação), de modo a atingir a distribuição de renda implícita em uma de-terminada função de bem-estar, então a solução de mercado com-petitivo corresponderã a uma solução eficiente, no sentido de Pareto, que maximiza esta função de bem-estar. (1)
Muitos fatores violam no mundo real, a corres-pondência entre competição e eficiência: informação imperfei-ta, inércia, resistência ã mudança, o fato de um imposto do ti po lump-sum sem custos de transação não ser factível, incerte-zas, rendimentos crescentes e externalidades. A presença de externalidades pode às vezes nos afastar do ótimo de Pareto,
mes~o na presença da concorrência perfeita~ Trata-se do item mais importante entre os fatores citados acima. Passamos ag~
ra à sua discussão.
a) Como a externaI idade nos afasta da eficiên-cia de Pareto.
( 1 ) Isto é, dado um sistem de iDpostos do tipo l1.lDP-SUIIl, mercados
caa-petitivos levarão à alocação fornecida pelo pento dêtãijgencia da função de bem-estar can a grande frcnteira de utilidade, isto e, levarão a ~
nania ao ponto P . da figura 4. .F~NDAÇÁ?GETÚUO VARGAS
Admitamos que a mão de obra homogênea ~
ê
utili zada 'para produzir H e ~, dois bens homogêneos e divisIveis. S!! panhamos, também, que a produção de A afeta a produção de H po-sitivamente, isto é aH > O (1)lA"
Temos, então:
A • A ( LA )
H • (LH ' ·A (LA) )
o
lucro conjunto de A e H é:A sua maximixação leva a:
PA ~ + P ~.dA • W
UI. A H cu\.
ãli
( 7 )aH •
w
-aIji
( 8 )A equação ( 8 ) é familiar e coincide com a maximização dos lucros de cada produtor de H, individualmente.
( 1 ) O exenp10 clássico é o da produção de maçãs (App1es) aunentando a produção de mel de abelhas {HcIleyJ. Veja Francis M. Bator. ''The Anatauy of Matket Failure". ~~erlY Jannal of Ecananics (Alosto, 1958) , re~res
.22.
Por outro lado, as decisões dos produtores
!..
não será eficiente. Vamos mostrar que a quantidade dede
-mao de obra empregada na produção de At( LA)' é menor do que asocialmente desejada.
Sob o ponto de vista social, temos' de (7 ) que:
( 9 )
onde S significa social.
Sob o ponto de. vista privado de ~t a maximiza-ção dos lucros leva a:
(10 )
onde
ES
significa privado.3H dA ..
Como
'"""ãA"
> O, vemos que (-dtA
iR
e maiorque ( * - ) S . Tendo em vista que a produtividade marginal de
A
LA'
(*.),
é decrescente, vemos que a maximização sob o pontoA
de vista privado
[ ( crt:A~~ dA L . W ]
leva ao emprego de mão de obra menor do que o socialmente de-sejável
w
PA + PH • 3H
23.
Do mesmo modo, se aH :iA < O, pode-se demons-trar que a produção de A emprega mais mão de obra do que o socialmente desejado.
Por outro lado, na presença de externalidades, a taxa marginal social de substituição. entre dois bens já não
é igual
ã
relação dos preços dos bens. (1) Vejamos porque: De ( 7 )e (
8 ), temos:Dcnde:
aH / dA
""TIH
n.;
P
• A +
~
ã]i"
a
HOra, a competição nos leva a
/
aA •
atA
( 11 )
portanto, não nos leva ao ponto eficiente definido por ( 11 ).
( 1 ) Vej a rel~ (1) da página 4, Seção 1, deste
eapí
tulo. S esta i~dade que, em princípio, assegura que tIJl sisteIIB caupetitivo leva
ã
24.
5 - Como Corrigir as Externa1idades Quando os Custos de Tran-sação são Altos. (1)
As quantidades que seriam produzidas sob maxi-mização conjunta podem ser atingidas taxando-se e
subsidiando-se apropriadamente os produtores.
Imaginemos, por exemplo, que só existam duas firmas A e B produzindo dois bens qa e qb· Os preços Pa e Pb , de qa e qb' são dados. Admitamos que os custos totais
( 2 ) das firmas sejam Ca • f (qa' qb) e Cb • g (qa' qb).
A maximização de lucros de cada firma indivi-dualmente leva a
• (12)
para a firma A e
(13)
para a firma B.
A maximização sob o ponto de vista social con-siste em maximizar o lucro conjunto das duas firmas,
consiste em maximizar a função
isto e,
.-Igualando as derivadas parciais a zero, obtemos:
( 1 )A presente discussão parte do pressuposto que os custos I
transacionais de bargaI!ha entre as partes interessadas são altos can re-lação aos PQssíveis benefícios da mesma. Se, ao cmtrário, estes custos fo rem desprezíveis, pode-se demonstrar que não há necessidade de inte~
governamental para se atingir o ótimo de Pareto. Veja Seção 6 deste caPItu-lo.
( 2 ) Note-se que qa é \IIl dos argt.1llentos da função custo total de B(c;,) t e
.25.
a
L=
Pa qa a
As condições de primeira ordem para o maximo ~
-sao:
a
Caa
Cb=
p ( 14 )- +
a
qaa
qa aa
Caa
Cb- +
a
qb c Pb ( lS )a
qbAs somas
e
são custos marginais sociais, pois medem a taxa de aumento dos custos das duas empresas, quando o nível de produção de uma delas aumenta.
Admitamos que a produção de A aumenta o custo total de B, isto
é,
e a produção de B diminui o custo total de A, isto
é,
26.
a condição de maximização de lucros individual de A, fornecida pela expressão (12), leva a uma quantidade produzida de qa maior que a socialmente desejável, indicada pela expressão(14). Por outro lado, comparando (13) e (15), o mesmo raciocínio nos leva
ã
conclusão que a maximização de lucros individual deB
conduz a uma produção de B inferior ã socialmente desejável. Os níveis de produção ótimos podem ser atingidos através do uso de impostos e subsídios. apropriados, conforme mostramos no..
.
.
exemplo numerlco a segul r·. Sejam, pois
e as curvas de custo total de A e B, respectivamente.(l) Sejam Pa • 10 e Pb • 15, os preços de qa
As condições de maximização de lucros sob o PO! to de vista de cada firma, isto
é,
sob o ponto de vista privadQ, são:a
Ca • P
a
qa a donde 0,20 qa + 5 • 10a
Cb• Pb
a
qb donde 0,40 qb + 7 • 15 Temos, pois, qa· 25 e qb· 20( 1 ) Note-se que
a
Caa
qbo
lucro de A ê, pois,:L
=
25 x 10 - (0,10 x 625 + 5 x 25 - 0,10 x 400) aLa 111 250 - (62,5 + 125 - 40)
L
=
102.5 ao
lucro de Bê:
~
=
20 x 15 - (0,20 x 400 + 7 x 20 + 0,025 x 625)~ 111 300 - (80 + 140 + 15,625)
r"
111 64,375.27.
As condições de maximização de lucros conjunta.-isto
ê,
sob o ponto de vista social, são:a
Ca
c.---! +
-2..
p3Cla 3C1a
a eTeJOOs, pois,
0,20 qa + 5 + 0.05 qa
=
10 - 0,20 qb + 0.40 ~ + 7 • 153 C
a
c.--!. +
---:2. •
P3 ~
a
~ b••• qa • 20 ••• ~ • 40
[I
o
lucro sob o ponto de vista social é , portanto:L 111 2 O O + 6 O O - (40 + 1UO - 160 + 320 + 280 + 10)
L • 800 - 590
=
210Observe-se,pois, que o lucro social (L= 210) é
di-28. ferença é igual a 43,125.
Admitindo que os custos de transação de uma barganha entre A e B são rela~ivamente altos, convém taxar o produto qa da firma A e subsidiar o produto qb da firma B.
O imposto e o subsídio apropriados são aqueles que levam A a produzir 20 unidades e B a produzir 40 unidades. Como o produto da firma A será taxado através de um imposto ta' a receita marginal da firma A é de 10(1 - ta}. O seu custo marginal é 0,20 qa + 5. Ao nível de ~rodução qa-20. este custo marginal é igual a 9 fO.20x20)+~
Temos, pois:
o
imposto ad-valoremé,
pois, ta- 0.10 e cor-responde a um imposto específico de uma unidade monetária para cada unidade de qa.De modo análogo, o subsídio ~ para a
.
firma B, pode ser obtido da seguinte relação:0.4 qb + 7 - 15 (1 + Sb) Para qb - 40, Sb- 0.53
O subsídio ad-valorem
ê,
pois, Sb - 0.53 e corresponde a um subsídio específico de oito unidades monetá-rias (15+8 - 23) para cada unidade de qb.L' - 10 a x 20 - (40 + 100 - 160) - (1 x 20) L' -a 200
29.
o
lucro de B, com o subsídio específico de oi-to unidades monetárias, passa a ser:Lb -
15 x 40 - (320 + 280 + 10) + (320)Lb -
600 - 290 - 310A empresa A aumentou seu lucro de
L' - L • a a 200 - 102.5 - 97.5
A empresa B aumentou seu lucro de
Lb - Lb -
310 - 64,375 - 245,625o
governo taxou A em 20 unidades monetárias e subsidiou B em 320 unidades. Para obter estes recursos ( 320 - 20 ), o governo pode coletar como imposto de ~ 97,5de A e 245,625 de B. Neste caso, lucros de A e B serão os mesmos que antes da imposição do imposto e do subsídio, ainda
restando um excedente de 43,125 para o governo.
Teríamos, assim, os seguintes ganhos líquidos: A 102,5
B 64,375
onde:
impostos indiretos • 20 subsídios • 320
imposto de renda:
97,5 + 245,625 • 343,125
30.
Observamo~, pois, que a sociedade como um todo ganhou um excedente no valor de 43,125.
Através do imposto, o governo faz com que A internalize o custo que está impondo a B. A consequente dimi-nuição da quantidade produzida por A, faz com que diminua o ~ to de produzir uma determinada quantidade de B. O subsídio a B faz com que B interna1ize o benefício externo,aumentando sua produção, o que reduz o custo de produzir uma determinada qua~ tidade de A.
-~-~-- - - - ~-_.- _ _ o
.31.
6 - Externalidades quando os custos de transação entre as par-tes interessadas são nulos ( 1 )
o
objetivo principal desta seção é demonstrar que, mesmo na presença de externalidades, as condições de e-quilíbrio que caracterizam um sistema de mercados competitivos correspondem exatamente aos requisitos de eficiência econômi-ca, desde gue os custos de transação entre as partes interes-sadas sejam desprezíveis.Como corolários, mostra-se que externaI idades podem continuar a existir no equilíbrio de Pareto, e que .a
"solução" do problema da externalidade através do processo de
barganh~ independe do direito legal de um indivíduo participar da atividade que gera a externalidade.
Começemos com algumas definições importantes. Vamos limitar nossa discussão
ã
externalidade no consumo. A mesma discussão poderá ser estendida à produção.Dizemos que uma externaI idade existe quando
Esta relação nos diz que a utilidade do indiví-·duo
A,
além de depender das atividades (Xl' X2, ••• Xm) que estão exclusivamente sob seu controle, é função também de outra( 1 )
Veja James M. Buchanan e William C. Stubblebine, "Externality",
·32.
atividade Yl que está,por definição, sob controle de um outro indivíduo B.
tIy ;
1
o,
ondeUma externai idade marginal existe sempre que
=
Ela é dita positiva se ~ > O, isto é, se a 1
atividade Yl de B aumentar a utilidade de A, e negativa se
~
< O.1
Chamemos de Xj e Yj ' respectivamente, as ati-vidades de A e ! que consistem no consumo ou utilização de um bem ou serviço que pode ser obtido em condições idênticas por A e B.
Definamos uma função utilidade para !' sem
..
qwrl~r externalidades, isto e:•••
Admitamos que! "produza" as atividades Y.
a-I
través de uma função de produção implícita
Para qU& B maximize sua utilidade é preciso que
(16 )
.33.
-custo marginal. Chamemos de Yl o nível de equilíbrio de YI de-finido pela igualdade (16).
Admi tamos que a externaI idade seja negativa( 1 ~
O individuo ~somente poderá convencer o indi-víduo
!
a alterar um nivel de constuno (ou utilização) de Y 1 igual a!, se o ganho marginal que A tiver com esta modificação for maior que a perda marginal de B, isto é, seO que a condição (17 ) nos diz é que a exter-nalidade negativa de B sobre ~deve ser maior que a diferença entre utilidade marginal e o custo marginal de Y
l para!. no ponto YI • K.
Se B está no ponto de equilíbrio de maximiza-ção dos lucros (Yl •
Y
V'
o lado direito da desigualdade (17) se anula e a condição que torna possível uma barganha passa a ser( 18 )
Como e negat1vo, por
..
.
definição, a expressão (18 ) é sempre verdadeira, isto é, existe lugar pa_ ra barganha sempre que o individuo responsável pela externaI i-dade está maximizando sua utilii-dade sem levar em conta a34. ternalidade.
Vamos. agora. através de um exemplo. ilustrar as definições feitas acima. e demonstrar que a livre barganha entre os indiviàuos A e B leva a uma solução eficiente. ( 1 )
Admitamos que ~ e
!
sejam vizinhos e que B tenha poderes legais para construir uma cerca entre as duas ca sas. Façamos as seguintes hipóteses adicionais:a) A utilidade de B cresce com a altura da cerca. Os acrésci-mos adicionais são. porém. decrescentes.
b) A utilidade A crece até um certo ponto. pois a cerca permi-te um maior isolamento em sua casa. Depois de um certo po~
to. porém. passa a decrescer. isto é. a utilidade marginal pa~
sa a ser negativa. Tal poderia se dar, por exemplo, se a cer-ca passasse a obstruir uma paisagem.
A figura 5 mostra como A e
!
avaliam marginal-mente a altura da cerca. As utilidades marginais são medidas no eixo vertical, a de A para cima e a de B para baixo.O eixo horizontal mede a altura da cerca. As utilidades marginais de A e B são representadas por UMA e UMB• O custo marginal de construção da cerca, admitindo-se constan-te, é medido por CMB• A diferença (UMB - CMB) , que é igual
..
a utilidade marginal líquida de B é representada por UMLB.Seja YI a atividade que consiste na construção da cerca. Da altura zero até a altura Hl verificamos a presen
( 1 )Tal resultado depende do valor dos alStos de transação, Se os
FIGURA 5
Equilíbrio Através do Processo de Barganha tN
LM,
'A 'lML \
o
\ 'A \
\
,
\,
\,
35. H ()fB"-,
'"
ça de externalidades positivas, isto é, U~ >
o.
Até estaal-I
tura a utilidade marginal de A é positiva, se bem que decres-cente. A partir, porém, da altura H
I , a externalidade passa a ser negativa. A cerca passa a obstruir uma paisagem.
o
individuo!'
ao maximizar sua utilidade, cons troi a cerca até a altura HB, porque a esta altura, a utilidade marginal derivada da construção da cerca é igual ao seu custo marginal, isto é, UMB • CMB. Quando a cerca tem, porém, aal-tura HBt a utilidade marginal de A derivada da construção da cer ca é negativa, ou seja,
~
< O, e é evidente que A pode fazer1
ofertas a B, no sentido de que ele diminua a altura da cerca. No ponto HB' uma diminuição marginal da altura faz com que A ganhe HBM, enquanto B nada perde.
.36.
i utilidade marginal lIquida de B. A partir deste ponto, o in-divíduo ~, apesar de estar sofrendo uma externalidade não tem condições para fazer com que B diminua o tamanho da cerca. A situação de A somente pode melhorar se piorar a de B. No pon-to H3 as condições especificadas para o equilíbrio de
estão claramente satisfeitas.
Pareto
Esta análise deixa claro que externalidades pc-dem existir mesmo no ponto de equilíbrio de Pareto, isto é, uma posição pode ser chamada de ótima no sentido de Pareto mesmo que, na margem, a a ti vidade de um indivíduo afete a utilidade de .outro. Por outro lado, este ponto tem implicações para
políti-ca porque sugere que a existência de efeitos externos. por só, não oferece uma base para julgamento no que diz re.spei to
si
..
a modificação do estado das coisas. Não se justifica a prior!
in-tervenção em qualquer caso onde se observe uma externaI idade • Os benefícios internos líqUidos de levar a efeito uma ativida-de poativida-dem ser maiores que o prejuízo externo que é imposto a terceiros.
No equilíbrio completo de Pareto., esses bene-fícios internos medidos em termos de algum numerário e livre de custos, deve ser igual, na margem, ao dano externo que é im-posto a terceiros. Este equilíbrio deve ser sempre caracteriz! do pela estrita oposição de interêsses dos dois grupos.
EA simples mostrar que mesmo se A tiver o di-reito legal de construir a cerca, chegamos
ã
mesma soluçã~ Pa-ra tanto, construimos a curva da utilidade marginal líqUida de.37.
altura H3' onde UMLA • UMB.( 1 )
( 1 ) _ ...
O fato que a mesma soluça0 e encontrada independentemente dos di-reitos legais. desde que os custos de transação sejam müos,
é
ccmhecido cano o ''Teorema de Coase". Vej a Ronald Coase, ''The Prob1em of Social Cost"Joumal of Law andEconanics (outubro, 1960) pp. 1-44, reiq)'resso em Breit
.38.
7 - Excedente do Con·s"1.nnidor
a. "Definição
Excedente do consumidor ê a diferença entre o valor que um consumidor está disposto a pagar (para levar a mercadoria e~ vez de não ficar com ela), e o valor que ele re-almente paga.
y
M
FIGURA 6
EXCEDENTE DO CONSUMI DOI.
Medimos a quantidade de um bem ~ no eixo hori. zontal e renda no outro. Se a renda do indivíduo é O M e o preço de ~ (indicado pela inclinação de M.L) ê dado, o ponto de maximização da utilidade é dada pela tangência de M L a uma curva de indiferença (ponto P). Observe que o indivíduo· está disposto a pagar M Q' pela quantidade x
O' Diant·e·n·do ·S118" "re·nda
39. P'Q'
=
P Q é, por definição. o excedente do consumidor.b. Medida do excedente do consumidor
Existe uma certa controvérsia sobre como me-dir o excedente do consumidor. De uma maneira geral,sugere-se que o excendente do cons~idor seja estimado por áreas sob a curva de demanda com real constante (RRC).
Assim, na figura 7 abaixo. onde se apresenta a curva de demanda "RRC" de x. o triângulo APoQ seria uma esti-mativa do excedente do consumidor, quando o preço de
brio
ê
Po.FIGURA 7
MEDIDA DO EXCEDENTE DO CONSUMIDOR
A
p~---~~
x
A crítica a esta medida ê a seguinte:
equilí-Em primeiro lugar. o excedente do consumidor ê
então.me-40.
dir o excedente do consumidor numa curva de demanda com renda real constante? Movimentos nesta curva não geram excedentes do consumidor.
Existe, aqui, entretanto, uma pequena confu-são. A curva da demanda RRC é utilizada para se estimar o ex cedente do consumidor. A figura 8 abaixo esclarece este
pon-to. ( 1 )
EIGURA 8
A UTILIZAÇAo DA CURVA DE DEMANDA uRRC"
Seja x um bem normal, isto é, com elasticida-de renda positiva. Sejam DO a sua curva de demanda RRC e Dl a curva de demanda usual. Dado um preço PO' o excedente do consumidor é estimado por APOQ e o seu valor real é a diferen-ça entre o que ele está disposto a pagar A Q
R
O e o que ele paga,Po
G R O, isto é, é igual A Q Po - I Q G .( 1 ) Veja Miltal Friedman, ''The Marsha11ian Demand Curve", Joumal of
- - - ---~-~--~~
41.
A medida A
Po
Q, pois, superestima o excedente do consumidor, no caso de um bem normal, Se o efeito renda for pequeno, porém. o ponto Q estará bem próximo do ponto G e a es timativa AP.Q ê razoável.c. Medida do excedente do consumidor com a uti-lidade marginal da renda constante.
Vamos demonstrar que se a utilidade mariginal da renda for constante, o triângulo sob a curva de demanda RRC mede exatamente o excedente do consumidor.
A figura 9 abaixo mostra as curvas de indife-rença entre X e Y para um indivíduo qualquer, onde X é um bem qualquer e Y representa sua renda.
Se a utilidade marginal da renda. Uy .~
..
e constante, podemos escrever3
t
au ) •
Oar ar
ou seja.a
ax
2 U 3V • Odeduz-se que
Admitindo que
3
(
3V
a
2 UaX 3V • 3
2 U
5V aX
au
aX ) . O
-42.
isto
é,
deduz-se que a utilidade marginal de X não varia COll!.
~ara um determinado valor de X, igual a XO' temos, pois, que ~é
constante, o que equivale a dizer que o efeitoren-y.
da
é
zero. Cl ) Se o efeito renda é zero, as curvas de deman-da RRC usual coincidem e a medida do triângulo do excedente do consumidor sob a curva RRC é exata.FIGURA 9
EXCEDENTE DO CONSUMIDOR E UTILIDADE MARGINAL DA RENDA CONST~E
x
C 1 ) Ih 8lIDeIlto da renda 1!Presentado pelo deslocamento da reta de
restri-ção orçamentária L para L t nao altera o COl'lS\lllO de X.
000016325