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Coordenação da ação dos braços no nado crawl analisada em diferentes intensidades, nos exercícios contínuo e intermitente

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Academic year: 2017

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COORDENAÇÃO DA AÇÃO DOS BRAÇOS NO NADO CRAWL ANALISADA EM DIFERENTES INTENSIDADES, NOS EXERCÍCIOS CONTÍNUO E

INTERMITENTE

Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Mestre em Ciências da Motricidade (Área de Biodinâmica da Motricidade Humana)

Orientadora: Profa. Dra. Camila Coelho Greco

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Dedico este trabalho a MEU PAI e a MINHA MÃE

Muito suor, garra e amor incondicional

Vocês são a Minha Vida

E dedico a mim

Período de mudanças, maturidade

Período de muito aprendizado, perdas e aflições

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Agradeço a Profa. Dra. Camila Coelho Greco pela oportunidade dada a mim, pela sua grande força e garra para com o trabalho, humildade e eficiência, amizade e pelos muitos ensinamentos. Muito obrigado.

Agradeço a FAPESP que pelo auxílio dado ao Laboratório de Avaliação da Performance Humana, financiando indiretamente minha pesquisa.

Ao Laboratório de Avaliação da Performance Humana: Prof. Dr. Benedito Sérgio Denadai e seus pesquisadores, momentos em que necessitei, sempre estenderam as mãos.

Treinadores e Atletas. Obrigado pela disposição, transpiração e muito sangue que me deram... Continuam na luta mesmo no “País do Futebol”. Todos me ensinaram muito para a continuação de meu caminho.

UNESP pelo investimento que não foi pequeno, e por ser minha segunda Casa.

Ao amigo, cunhado e engenheiro Fábio Guedes, que desenvolveu toda a estrutura mecânica do meu projeto: trilhos, carro e os suportes para a câmera, muito trabalho, muito suor, muito calculo e pouco dinheiro, porém acreditou no meu sonho. Obrigado.

A Tuta e Vó Candelaria, mulheres que me receberam e transbordaram amor, conforto e ensinamentos, mulheres que conheceram a vida e as ensinam sobre ela. Amo vocês.

A Juliana Ueda, uma mulher que irei guardar por toda a vida...companheira, guerreira, amante da vida e que caminhou comigo para a melhor direção, direção da Vida e do Conhecimento para mudarmos, sempre acreditaremos. Amo-a e respeito-a muito. Muito obrigado Juliet. E vamos crescendo juntos, sempre.

Agradeço a meus Pais pelo eterno investimento que fazem a mim, vivem para fazer o melhor a nós, filhos, e que me ensinaram a ser simples, humilde e respeitar a todos.

As minhas irmãs, Narahana e Janaina, por me ensinarem o quão são importantes às mulheres e merecem muito respeito, mulheres de raça e gana, amantes e mulheres, irmãs e amigas. Obrigado.

Agradeço a Deus por me dar um alicerce e não me deixar escorregar para as coisas que atrapalham o crescimento do ser humano. Vamos andando juntos.

Aos meus amigos e amigas, vários, todos necessários para a minha construção.

Obrigado a todos que me ajudaram e estiveram ao meu lado para acrescentar ensinamentos para o Eterno Caminho do Aprendizado.

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Figura 1 Avaliação dos valores de média ± DP da freqüência de braçada e comprimento de braçada com valores de velocidades médias correspondente a distâncias de prova (1500 a 50m) em nadadores de elite no nado crawl (Adaptado de PELAYO et al., 1996)………..………...6

Figura 2 Protocolo de determinação da MLSSI com os esforços e intervalos e os momentos de coletas de sangue e imagens...17

Figura 3 Figura ilustrativa do carro e trilho alinhados na borda lateral da piscina, em conjunto com a câmera subaquática...20

Figura 4 Figura ilustrativa das filmadoras sincronizadas por meio do acionamento de sinais luminosos simultâneos, ocorrendo um momento único para início das análises de imagens...21

Figura 5 Deslocamento manual do carro sobre os trilhos com velocidade semelhante à velocidade de deslocamento do nadador e alinhado ao ombro do nadador....22

Figura 6 Figura ilustrativa das Fases A, B C e D com seus respectivos pontos de início de cada fase...23

Figura 7 Representação esquemática dos três modelos de coordenação da ação de braços. Adaptado de Chollet et al. (2000)...25

Figura 8 Figura ilustrativa de um sujeito que realizou três cargas constantes de 30 minutos em diferentes porcentagens da V400 para encontrar a velocidade de MLSS, acima e abaixo da MLSS...30

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Tabela 1 Valores médios ± DP das características antropométricas dos voluntários...28

Tabela 2 Valores médios ± DP da performance de 200 (V200) e 400 m (V400), velocidade crítica (VC) e do percentual da V400 correspondente à VC (%V400)...29

Tabela 3 Valores médios ± DP da velocidade (v), concentração de lactato ([La]), freqüência cardíaca (FC) e intensidade relativa (%V400) correspondentes à máxima fase estável de lactato sanguíneo e acima desta, nas condições contínua (MLSSC e ACIMA MLSSC, respectivamente) e intermitente (MLSSI e ACIMA MLSSI, respectivamente)...32

Tabela 4 Valores médios ± DP da frequência de braçada (FB) (ciclos.min-1) e comprimento de braçada (CB) (m.ciclo-1) no 10o e 30o minuto nas intensidades de máxima fase estável de lactato contínuo (MLSSC), acima desta (ACIMA MLSSC), máxima fase estável de lactato intermitente (MLSSI) e acima desta (ACIMA MLSSI)...33

Tabela 5 Valores médios ± DP das fases A, B, C e D (%) no 10o e 30o minuto nas intensidades de máxima fase estável de lactato contínuo (MLSSC), acima desta (ACIMA MLSSC), máxima fase estável de lactato intermitente (MLSSI) e acima desta (ACIMA MLSSI) em valores nas intensidades de máxima fase estável de lactato contínuo (MLSSC) e acima desta (ACIMA MLSSC)...34

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[La] – concentração de lactato sanguíneo CB – comprimento de braçada

EM – economia de movimento

Fase A – entrada e agarre da mão na água Fase B – puxada

Fase C – empurre Fase D – recuperação FB – freqüência de braçada FC – freqüência cardíaca

IdC – índice de coordenação da ação dos braços LAn – limiar anaeróbio

LT1 – intervalos de tempo entre o começo da propulsão (Fase B) do braço direito e o final da propulsão (Fase C) do braço esquerdo

LT2 – intervalos de tempo entre o começo da propulsão (Fase B) do segundo movimento do braço esquerdo e o final da propulsão (Fase C) do braço direito

MLSS – máxima fase estável de lactato sanguíneo

MLSSC – máxima fase estável de lactato sanguíneo contínua MLSSI – máxima fase estável de lactato sanguíneo intermitente MP3 – leitor de mídia portátil

V - velocidade

V200 – velocidade máxima de 200m V400 – velocidade máxima de 400m V50 – velocidade máxima de 50m V800 – velocidade máxima de 800m VC – velocidade crítica

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1. INTRODUÇÃO...1

2. OBJETIVOS...4

2.1 Geral...4

2.2 Específicos...4

3. REVISÃO DE LITERATURA...5

3.1 Variáveis técnicas...5

3.2 Índice de coordenação da ação dos braços...7

3.3 Máxima fase estável de lactato contínua...9

3.4 Máxima fase estável de lactato intermitente...11

4. JUSTIFICATIVA...14

5. MATERIAL E MÉTODOS...15

5.1 Delineamento experimental ...15

5.1.1. Sujeitos...15

5.1.2. Avaliação antropométrica...15

5.1.3. Determinação da velocidade crítica...16

5.1.4. Determinação da máxima fase estável de lactato contínua...16

5.1.5. Determinação da máxima fase estável de lactato intermitente...16

5.1.6. Determinação das variáveis cinemáticas...17

5.1.7. Determinação das variáveis técnicas...21

6. ANÁLISE ESTATÍSTICA...27

7. RESULTADOS...28

8. DISCUSSÃO...37

8.1 Velocidade e concentração de lactato correspondentes à MLSSC e MLSSI...37

8.2 Frequência de braçada, comprimento de braçada e índice de braçada...40

8.3 Fases da braçada...42

9. CONCLUSÕES...44

10. REFERÊNCIAS...45

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1. INTRODUÇÃO

Na natação, os aspectos relacionados à técnica de nado tendem a ser tão ou mais importantes do que os aspectos fisiológicos para o rendimento. Os aumentos de velocidade nesta modalidade em geral são gerados por aumento da força propulsiva e/ou pela redução do arrasto. Desta forma, o nível de habilidade técnica do nadador pode reduzir o arrasto hidrodinâmico (HOLLANDER et al., 1986; KOLMOGOROV et al., 1992) e aumentar a força de propulsão (SCHLEIHAUF et al., 1988; ROUARD et al., 1996). O arrasto hidrodinâmico representa a resistência oferecida pela água e pode ser classificado como arrasto passivo e ativo, já a força de propulsão expressa o nível de força aplicado na água que resulta em deslocamento (TOUSSAINT; BERG, 1992; SMITH et al., 2002). Esses aspectos biomecânicos interferem em variáveis como o gasto energético e na eficiência propulsiva (CHATARD et al., 1990; WAKAYOSHI et al., 1995).

Entre as variáveis técnicas de nado, está a frequência de braçada (FB), que representa o número de ciclos de braçadas realizados por unidade de tempo, o comprimento de braçada (CB), que expressa à distância deslocada em cada ciclo de braçada e o índice de braçada (IB), que corresponde ao produto da velocidade e o CB. Em geral, estas variáveis podem ser determinadas visualmente, através da contagem do número de braçadas em um determinado tempo e da velocidade de nado. Para isso, esta contagem pode ser feita diretamente pelo avaliador ou através de filmagens externas.

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em uma análise mais específica das fases propulsivas e não-propulsivas da braçada (CHOLLET et al., 2000).

Recentemente, Chollet et al. (2000) propuseram um índice denominado índice de coordenação da ação de braços (IdC) para quantificar e qualificar a coordenação da ação dos braços direito e esquerdo no nado crawl. Para a determinação deste, são utilizadas as filmagens externa e subaquática. Segundo os autores, a ação dos braços é dividida em fases propulsivas (puxada e empurre) e não-propulsivas (entrada e encaixe da mão na água e recuperação). O IdC é calculado através do tempo entre o começo da fase propulsiva de um braço e o final da fase propulsiva do outro braço e é expresso em percentagem da duração total da braçada. No momento em que há um intervalo de tempo entre as fases propulsivas dos dois braços, o valor é negativo (alcançar), quando um braço começa a fase de puxada enquanto o outro braço esta terminando a fase de empurre o valor é zero (oposição) e no momento em que as fases propulsivas dos dois braços se sobrepõem parcialmente, o valor é positivo (superposição) (CHOLLET et al., 2000).

Entre os fatores que podem influenciar as fases propulsivas e não-propulsivas, está a velocidade de nado. Quando se analisa os atletas em longas distâncias (800, 1500 e 3000 m) e velocidades proporcionalmente mais baixas, os mesmos tendem a adotar uma maior proporção das fases não-propulsivas (60%) em relação as fases propulsivas (40%). Já em menores distâncias (50 e 100 m) e velocidades proporcionalmente maiores, o modelo adotado das fases não-propulsivas diminui (52-50%) e as fases propulsivas aumentam (48-50%), tornando-as proporcionalmente iguais (SEIFERT et al., 2004a; SEIFERT et al., 2004b). Essas estratégias de nado permitem que, em provas de velocidade, os nadadores apresentem maiores fases de puxada e empurre, aumentando assim a força propulsiva de nado. Já em provas longas, há um aumento nas fases de entrada e agarre para reduzir o arrasto hidrodinâmico e aumentar a velocidade (CHOLLET et al., 2000; SEIFERT et al., 2004b). Enfim, são variáveis bastante interessantes, já que possibilita analisar os ajustes realizados pelos nadadores em relação a diferentes velocidades de nado. No entanto, para que se possa observar mudanças importantes nestas variáveis, em um mesmo nadador, são necessárias grandes diferenças de velocidade (SEIFERT et al., 2004b).

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frequência de movimentos nestas modalidades, está a alteração no recrutamento das unidades motoras e perfusão muscular, fadiga neuromuscular e muscular (VERCRUYSSEN et al., 1997; LEPERS et al., 2000).

Na natação, apesar destes mecanismos ainda não terem sido bem definidos, sabe-se que os aspectos biomecânicos podem ficar bastante comprometidos por mecanismos fisiológicos associados à fadiga, particularmente o CB. Esses dados, juntamente com o fato do CB ter uma relação significante com o gasto energético e a eficiência propulsiva (ZAMPARO, 2006), sugerem que uma ou as duas fases propulsivas da braçada podem ter sido comprometidas nestas condições.

Nessa modalidade, a prescrição do treinamento aeróbio, mesmo em atletas fundistas, é feita em sua maioria de forma intermitente, o que permite que as mesmas sejam feitas em intensidades proporcionalmente maiores do que se realizadas de forma contínua (MAGLISHO, 1993). Esta melhora da performance no exercício intermitente tem sido atribuída a fatores como remoção de lactato (recuperação ativa e passiva) e restauração de creatina fosfato (recuperação passiva). Bentley et al. (2005) analisaram as respostas fisiológicas e a técnica de nado durante o treinamento intermitente submáximo, realizado através de duas séries diferentes, porém com a mesma intensidade, e com distância total e relação esforço/pausa proporcional com ao tempo de estímulo. Nesse estudo, os valores de freqüência cardíaca (FC), concentração de lactato sanguíneo ([La]), FB e CB foram mantidos constantes durante as duas séries, sem diferenças significantes entre elas. Assim, o aumento da duração das séries no treinamento intermitente na natação não influencia a duração mantida acima 90% VO2MAX e FCMAX, porém a duração dos intervalos de recuperação é um

parâmetro chave para a elaboração das sessões de treinamento intermitente (BENTLEY et al., 2005).

No entanto, parece importante analisar se exercícios realizados em intensidades acima da MLSS provocam modificações na contribuição das fases da braçada e se, a realização do exercício de forma intermitente pode modificar o comportamento destas.

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2. OBJETIVOS 2.1 Geral

- O objetivo desse estudo foi analisar as respostas fisiológicas e a coordenação dos braços no nado crawl no exercício contínuo e intermitente realizado em diferentes intensidades.

2.2 Específicos

- Comparar a velocidade e concentração de lactato sanguíneo correspondentes à MLSS obtida de forma contínua (MLSSC) e intermitente (MLSSI);

- Analisar e comparar a coordenação dos braços e a duração de cada fase da braçada na MLSSC e na MLSSI;

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3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Variáveis técnicas

Na natação competitiva, os aspectos biomecânicos, que representam a técnica e a habilidade de nado podem contribuir igualmente para o rendimento quando comparados com os aspectos ligados aos sistemas de produção de energia (PELARIGO et al., 2007). Entre os aspectos biomecânicos, estão o nível de aplicação da força propulsiva (SCHLEIHAUF et al., 1988; ROUARD et al., 1996) e o arrasto passivo e ativo (HOLLANDER et al,. 1986; KOLGOMOROV; DUPLISCHEVA, 1992). Estudos têm verificado que os aspectos biomecânicos interferem em variáveis como o gasto energético e a eficiência propulsiva, sendo esses fatores fundamentais para o deslocamento no meio líquido (CHATARD et al., 1990; WAKAYOSHI, et al., 1995).

Entre as variáveis que expressam a habilidade de nado, está a frequência de braçada (FB), que representa o número ou ciclos de braçadas realizados em uma unidade de tempo, o comprimento de braçada (CB), que representa a distância que o nadador realiza em cada ciclo de braçada e o índice de braçada (IB), que corresponde ao produto da velocidade e o CB. Essas variáveis têm apresentado correlação significante com a economia de movimento (EM) em uma dada velocidade submáxima e com a performance (100, 200, 368 e 400 m) nessa modalidade (COSTILL et al., 1985; CHATARD et al., 1990). Mesmo em nadadores altamente treinados, a melhora da FB também tem sido associada com o aumento do rendimento (HUOT-MARCHAND et al., 2005).

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1992). Porém, os aspectos que podem explicar a redução do CB ao longo do tempo ainda não são bem compreendidos.

A velocidade de nado representa o produto da FB pelo CB (HUGSHON et al., 1987; SMITH et al., 2002), portanto, para manter uma dada velocidade, os nadadores em geral adotam uma combinação de FB e CB que julgam ser a mais eficiente. No entanto, segundo Dekerle et al. (2002) nadadores de elite adotam diferentes combinações FB e CB em relação aos menos experientes, podendo ser esse um dos fatores que determinam seus maiores níveis de rendimento, isso ocorrendo também entre gênero, nível de performance, modalidade e distância de nado (MILLET et al., 2002; GRECO et al., 2006, 2007; PELARIGO et al., 2007; SEIFERT et al., 2007).

A relação existente entre as variáveis técnicas FB e CB e intensidade de nado é inversamente proporcional, ou seja, em intensidades mais baixas, o CB tende a ser maior e a FB tende a ser menor quando comparadas com intensidades mais altas, em que o CB é mantido ou reduzido e a FB é aumentada (MILLET et al., 2002; SEIFERT et al., 2004b; GRECO et al., 2006, 2007; PELARIGO et al., 2007;). A figura 1 apresenta o comportamento da FB e do CB entre distâncias de 1500 a 50m em nadadores de elite.

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Em estudos que analisamos a FB na velocidade máxima de 30 minutos em nadadores com diferentes níveis de performance, verificaram valores similares de FB. Nesses estudos, os maiores valores de CB apresentados pelos nadadores mais habilidosos explicam as maiores velocidades dos mesmos (GRECO et al., 2006; PELARIGO et al., 2007).

O IB também tem sido utilizado como um índice importante na avaliação da técnica de nado, pois utiliza a velocidade e o CB, ou seja, nadadores com elevados IB conseguem nadar em altas velocidades e com elevados CB. Costill et al. (1985) analisaram o gasto energético durante o nado crawl na natação e correlacionaram o VO2max com a performance máxima

nos 365,8 m, os melhores preditores do VO2maxdos nadadores foram o peso da massa magra

e IB (r = 0,97), sugerindo que IB é uma importante variável técnica nu custo energético e nas variações da performance na natação.

Outros estudos sugerem que esforços realizados em intensidades acima do limiar anaeróbio (LAn) (WELLS; DUFFIN; PLYLEY, 2001) e da MLSS (DEKERLE et al., 2005b), que é considerada o método padrão-ouro (gold-standard) na avaliação da capacidade aeróbia (BENEKE; VON DULLIVARD, 1996), podem reduzir o CB, em função da fadiga. Estes dados sugerem que pode haver uma relação entre parâmetros fisiológicos e parâmetros relacionados à técnica de nado. Porém, apesar de terem encontrado redução no CB, nenhum estudo investigou quais partes da braçada ficam comprometidas nessas condições.

3.2 Índice de coordenação da ação dos braços

A coordenação da ação dos braços é descrita classicamente na literatura em quatro fases, entrada e encaixe, puxada, empurre e recuperação. A braçada pode ser comprometida por diversos fatores: tipo de nadador (velocista, meio-fundo e fundista), padrão de pernada (duas, quatro ou seis pernadas por ciclo), condição de arrasto e velocidade e nível dos nadadores (MILLET et al., 2002).

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a propulsão quando o outro ainda não terminou de realizar a segunda fase de propulsão (CHOLLET et al., 2000; MILLET et al., 2002; SEIFERT et al., 2004b, 2007).

Posteriormente, a duração de cada fase e a proporção das mesmas em relação à duração do ciclo de braçada foram quantificadas através do índice de coordenação dos braços (IdC) (CHOLLET et al., 2000). O IdC expressa o tempo que separa o começo da fase propulsiva de um braço e o final da fase propulsiva do outro braço. Esse índice é negativo quando há um intervalo de tempo entre as fases propulsivas dos dois braços, igual a zero quando a fase propulsiva de um braço começa imediatamente ao terminar a fase propulsiva do outro braço, e positivo quando parte das fases propulsivas dos braços se sobrepõem (CHOLLET et al., 2000; MILLET et al., 2002; SEIFERT et al., 2004b, 2007).

Entre os fatores que podem influenciar as fases propulsivas e não-propulsivas, está a velocidade de nado. Quando se analisa os atletas em longas distâncias (800, 1500 e 3000 m) e velocidades proporcionalmente mais baixas, os mesmos tendem a adotar uma maior proporção das fases não-propulsivas (60%) em relação às fases propulsivas (40%). Já em menores distâncias (50 e 100 m) e proporcionalmente maiores velocidades, o modelo adotado das fases não-propulsivas diminui (52-50%) e as fases propulsivas aumentam (48-50%), tornando-as proporcionalmente iguais (SEIFERT et al., 2004a,b). Essas estratégias de nado permitem que, em provas de velocidade, os nadadores apresentem maiores fases de puxada e empurre, aumentando assim a força propulsiva de nado. Já em provas longas, há um aumento nas fases de entrada e encaixe para reduzir o arrasto hidrodinâmico e aumentar a velocidade (CHOLLET et al., 2000; SEIFERT et al., 2004b). Enfim, são variáveis bastante interessantes, já que possibilitam analisar os ajustes realizados pelos nadadores em relação a diferentes velocidades de nado. No entanto, para que se observe em um mesmo nadador variações importantes nestas variáveis, são necessárias grandes diferenças de velocidade (SEIFERT et al., 2004b).

Chollet et al. (2000) analisaram as fases da braçada e a coordenação dos braços durante o nado crawl e verificaram o efeito da velocidade de nado e nível de performance. O grande achado foi que as durações das fases propulsivas (puxada e empurre) aumentaram significantemente com o aumento de velocidade, ocorrendo o mesmo com o IdC. Já entre o nível de performance, os mais habilidosos apresentaram um menor valor de IdC, com o aumento de performance, comparados aos menos habilidosos (-1,76% e -6,07%, respectivamente).

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aumentos no IdC com o aumento de velocidade, porém, triatletas reduziram a fase propulsiva (-0,6%) enquanto nadadores aumentaram (3,2%). A menor velocidade dos triatletas foi associada ao menor CB comparado aos nadadores e a FB não foi estatisticamente diferente.

Seifert et al. (2004b) demonstraram ainda que nadadores de elite mantém uma alta FB (53,7 ciclos.min-1) e se ajustam ao modelo de superposição em velocidades máximas e distâncias curtas. Já em menores velocidades e longas distâncias eles se ajustam no modelo alcançar, com menores valores de FB (29,7 ciclos.min-1). Esses achados concordam com Keskinen e Komi (1993), que verificaram diminuição da fase de entrada da mão na água e aumento nas fases de puxada e empurre com aumentos de velocidade, com variabilidade entre 1,1 m.s-1 para 1,8 m.s-1.

Portanto, esses estudos sugerem que a velocidade de nado e o nível de performance são fatores determinantes do IdC, ou seja, quando analisados em distâncias mais longas e velocidades proporcionalmente baixas (800, 1500 e 3000 m) os nadadores adotam o modelo de oposição. Já em curtas distâncias e altas velocidades (50 e 100 m), os mesmos adotam o modelo de superposição. Nesses estudos, os autores sugerem que, com essas estratégias, em provas curtas os nadadores conseguem aumentar a força de propulsão na água e nas provas longas, os mesmos conseguem se deslocar em uma posição mais hidrodinâmica, minimizando a resistência da água.

3.3 Máxima fase estável de lactato contínua

O exercício de alta intensidade causa no organismo um estresse fisiológico em que estimula a produção do ácido lático para que seja utilizado na forma de lactato pelo músculo. No entanto, o organismo utiliza de ajustes fisiológicos para que isso seja o mais estável possível, mas pode chegar um momento em que a intensidade de exercício é tão aumentada, que a produção de lactato supera a remoção, causando o acúmulo de íons H+, e a incapacidade de manutenção da intensidade de exercício com o passar do tempo.

Durante o repouso e em moderadas intensidades de exercício, até 50-60% do consumo máximo de oxigênio (VO2max), o lactato é produzido e removido em taxas iguais (BILLAT

et al., 2003), resultando em um equilíbrio na concentração desse metabólito. Quando o indivíduo exercita-se em intensidades acima das descritas acima, há um desequilíbrio dessas taxas, o que pode resultar em aumento do lactato sanguíneo (BENEKE et al., 2003).

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à MLSS tem sido fortemente relacionada com a performance em esportes de endurance (BILLAT et al., 2003), podendo ser usada para avaliação da capacidade aeróbia dos atletas, e também como um dos principais parâmetros para prescrição do treinamento aeróbio (BENEKE; VON DUVILLARD, 1996; BILLAT et al., 2003). A sua determinação requer 3-5 testes submáximos de carga constante realizados em diferentes intensidades (BENEKE et al., 2003). O critério mais utilizado para a determinação dessa variável é o proposto por Heck et al. (1985), onde a concentração de lactato não aumente mais do que 1 mM nos últimos 20 minutos de exercício. Como as cargas submáximas têm até 30 min de duração, os testes devem ser realizados em dias diferentes e com o indivíduo recuperado da carga anterior.

Estudos que tentaram analisar os fatores que potencialmente poderiam influenciar na MLSS, não encontraram relação entre diversas variáveis fisiológicas (e.g. atividade da enzima citrato sintase, capacidade de tamponamento celular, transportadores de lactato, tipo de fibra muscular, estado de treinamento aeróbio e idade) e a MLSS (BENEKE et al., 2000; PEDERSEN et al., 2002; MATTERN et al., 2003; DENADAI et al., 2004). Beneke et al. (1996) não verificaram efeito da idade na concentração de lactato correspondente à MLSS (4,2 mM) e na intensidade correspondente à MLSS (% potência máxima atingida em um teste incremental) (%MLSS) (66,5%), em indivíduos de 11 a 20 anos. Denadai et al. (2004) verificaram no ciclismo que, indivíduos sedentários apresentaram uma menor intensidade correspondente à MLSS do que os ciclistas, porém a MLSS foi similar entre os grupos (4,9 e 5,0 mM, respectivamente).

Um aspecto que parece influenciar a MLSS é o tipo de exercício e a variabilidade interindividual. Beneke e Von Duvillard (1996) realizaram um estudo analisando atletas de elite (remadores, patinadores e ciclistas), cada um realizando seu tipo específico de exercício, e obtiveram MLSS de 3,1, 6,6 e 5,4 mM, respectivamente, mostrando que a MLSS parece depender da quantidade de massa muscular envolvida. Posteriormente, Beneke (2003) verificou em remadores, um menor valor de MLSS no remo (3,4 mM) em relação ao ciclismo (4,8 mM). No entanto, a intensidade relativa ao consumo de oxigênio pico (%VO2pico) foi

similar nos dois tipos de exercício (75,2 e 74,2%, respectivamente). Os autores sugerem que a MLSS parece diminuir com o aumento da massa muscular utilizada.

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Na natação, alguns estudos verificaram valores médios de MLSS de 3,2 mM (WAKAYOSHI et al., 1993), 2,8 mM (DEKERLE et al., 2005a) e 3,3 mM (DEKERLE et al., 2005b), correspondendo a aproximadamente 88% da velocidade máxima de 400 m (V400) (DEKERLE et al., 2005a,b). Esses dados sugerem que a MLSS é inversamente proporcional à massa muscular primariamente envolvida no exercício (BENEKE, 2003). Portanto, a concentração de MLSS é maior quanto menor a massa muscular envolvida.

Wakayoshi et al. (1993) realizaram um estudo em que verificaram a [La] e a MLSS proporcional a VC (98, 100 e 102%). A VC correspondeu à MLSS, onde os nadadores nadaram 1600 m (4 x 400 m) e a [La] foi de aproximadamente 3,2 mM entre o décimo e trigésimo minuto. Neste estudo, a VC foi determinada com as distâncias de 200 e 400 m.

Baron et al. (2004) analisaram se as variáveis fisiológicas e técnicas permanecem estáveis durante um teste máximo de duas horas e as associaram com os valores de MLSS. Os valores de MLSS foram de 1,22 m.s-1 e relativo a 86,5% V400, com [La] de lactato de 2,8 mM e demonstraram, desta forma, que a velocidade e CB mantiveram semelhantes até 68 min, posteriormente diminuindo e apresentando diferença significante entre o teste máximo de duas horas e a MLSS, entretanto não ocorrendo o mesmo com a TB, que se manteve similares.

Dekerle et al. (2005a) compararam a VC e a MLSS realizada de forma contínua e encontraram valores de VC (92,7%V400) diferentes estatisticamente dos valores de MLSS (88,3%V400), porém altos valores de correlação (r = 0,87), demonstrando que a VC superestima a velocidade de MLSS. Em um outro estudo, o mesmo grupo de autores analisou as respostas das variáveis técnicas e fisiológicas em relação a intensidade de MLSS e 5% acima dessa intensidade, onde os valores de MLSS foram 1,22 m.s-1, relativo a 88,9%V400, FB de 27,7 ciclos.min-1 e CB de 2,64 m.ciclo-1, porém quando os nadadores realizaram a intensidade acima MLSS houve um comprometimento nas variáveis técnicas, sugerindo que a fadiga parece comprometer a FB e CB nos nadadores (DEKERLE et al., 2005b).

3.4 Máxima fase estável de lactato intermitente

Exercícios intermitentes são freqüentemente utilizados em programas de treinamento a fim de melhorar o VO2max (TABATA et al., 1996) e/ou a capacidade aeróbia (BENTLEY et

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Além do tipo de exercício e do estado de treinamento aeróbio, os protocolos utilizados também podem interferir na intensidade correspondente à MLSS (BENEKE, 2003). Segundo alguns estudos (BILLAT, 2001; LAURSEN; JENKINS, 2002; TARDIEU-BERGER et al., 2004; THEVENET et al., 2007), a interrupção do exercício através de recuperações ativas ou passivas pode interferir de forma significativa nas respostas fisiológicas, já que nos períodos de recuperação pode haver uma restauração das reservas de creatina fosfato (pausa passiva) e uma remoção do lactato sanguíneo (pausas passiva e ativa). Esses fatores podem contribuir para uma redução significativa da concentração de lactato sanguíneo e com isso, a maior intensidade que o indivíduo consegue realizar em uma determinada duração é maior. Na corrida, Heck (1990) verificou em um protocolo incremental, com pausas de 30 s, um aumento na intensidade correspondente a 4 mM de lactato sanguíneo quando o tempo das pausas foi aumentado para 90 s. Em um estudo realizado no ciclismo, Beneke et al. (2003) verificaram que a intensidade correspondente à MLSS foi significantemente maior quando feitos intervalos de 30 e 90 s a cada 5 min de exercício, em relação ao exercício feito de forma contínua. No entanto, a concentração de lactato correspondente a essa intensidade não foi modificada.

Na natação, Bentley et al. (2005) analisaram as repostas fisiológicas e da técnica de nado em duas séries diferentes (16 x 100 m e 4 x 400 m) em uma mesma intensidade absoluta, que correspondeu a 25% do delta entre o limiar ventilatório e o VO2max, que em

média representou 89% V400. Nesse estudo, os nadadores apresentaram valores similares e estáveis de lactato sanguíneo nas duas séries (2,8 a 3,3 mM). Da mesma forma, os valores de FB e CB também apresentaram estabilidade e foram similares entre as duas séries. Porém, apesar da intensidade ter sido próxima da MLSS (89% V400) (DEKERLE et al., 2005b), a mesma não foi determinada.

Ribeiro et al. (2008) analisaram em seu estudo a relação das variáveis técnicas e fisiológicas em uma série (5 x 400 m) com intervalos de 90 s entre as repetições e que foi realizada na VC (200 e 400 m), que correspondeu a 93% V400. Os nadadores apresentaram aumentos significantes na [La] (5,7 – 7,9 mM), FB (29,6 – 32,1 ciclos.min-1) e FC (169 – 181 bpm) e diminuição significante no CB da primeira para o quinta repetição (2,48 – 2,31 m.ciclo-1).

(26)
(27)

4. JUSTIFICATIVA

(28)

5. MATERIAL E MÉTODOS 5.1 Delineamento Experimental

Inicialmente, foram obtidas as medidas antropométricas massa corporal, estatura e dobras cutâneas (triciptal, suprailíaca e abdominal), para a determinação da composição corporal. Posteriormente, foram realizados os seguintes procedimentos experimentais: repetições máximas nas distâncias de 200 (V200) e 400 m (V400) para a determinação da velocidade crítica (VC) e de 2 a 4 repetições submáximas com duração de até 30 minutos em diferentes intensidades, para a determinação da MLSSC. Posteriormente, foram realizadas 2 a 4 repetições submáximas de 12 x 150 segundos em diferentes intensidades com 30 s de recuperação passiva, para a determinação da MLSSI. Todos os testes foram realizados em diferentes dias e em uma piscina de 25m. Os indivíduos compareceram ao local do teste, com um intervalo entre os testes de um a três dias, também foram instruídos a não treinarem exaustivamente no dia anterior à avaliação e a comparecerem alimentados e hidratados no dia do teste. Todos os testes foram executados no mesmo horário do dia.

5.1.1 Sujeitos

Participaram desse estudo nove nadadores meio-fundistas e fundistas, especialistas em provas de 400, 800, 1500m ou águas abertas do sexo masculino, com pelo menos cinco anos de experiência e que treinavam pelo menos 12 horas semanais na respectiva modalidade. Foram selecionados indivíduos considerados saudáveis após exame clínico, não fumantes e que não façam uso regular de qualquer tipo de medicamento. Os mesmos foram submetidos a um questionário e, após serem informados textual e verbalmente sobre os objetivos e a metodologia desse estudo, assinaram um termo de consentimento. Toda e qualquer informação individual obtida durante o estudo foi totalmente sigilosa entre o pesquisador e o voluntário, inclusive um relatório final, o qual foi entregue ao voluntário. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade e foi aprovado (CEP: 097/2007).

5.1.2 Avaliação antropométrica

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estendidos e ombros em abdução de 90 graus em cm), dobras cutâneas (tríceps braquial, suprailíaca e subescapular) e percentual de gordura corporal (GUEDES; GUEDES, 1998; SIRI, 1962).

5.1.3 Determinação da velocidade crítica

Para a determinação da velocidade crítica (VC), foram realizadas performances máximas nas distâncias de 200 e 400 m, anotando-se os respectivos tempos. Estas tentativas foram realizadas durante as sessões de treinamento, com saída de dentro da piscina e um aquecimento de 800 a 1000 m feitos em intensidade moderada. Foi realizado um teste por dia. A VC foi determinada através do coeficiente angular (b) da reta de regressão linear entre as distâncias e os respectivos tempos obtidos em cada repetição. Estudos anteriores verificaram a validade da determinação da VC com duas distâncias em nadadores treinados (WAKAYOSHI et al., 1993; DEKERLE et al., 2002; RODRIGUEZ et al., 2003).

5.1.4 Determinação da máxima fase estável de lactato contínua

Para a determinação da MLSSC foram realizadas de 2 a 4 tentativas de 30 min de duração, velocidade constante, com a primeira mantida na intensidade correspondente à 88,5%V400. Nas próximas tentativas foram utilizados aumentos ou reduções de 2,5% da V400 entre cada teste até que um aumento menor ou igual a 1 mM de lactato entre o décimo e trigésimo minuto fosse observado como critério para determinação da velocidade correspondente à MLSSC (HECK et al., 1985).

No 10o e ao final do teste, 25 ȝl de sangue arterializado foram coletados do lóbulo da orelha através de um capilar heparinizado e imediatamente transferidos para microtúbulos de polietileno com tampa tipo Eppendorff de 1,5 ml contendo 50 ȝl de NaF (1%) para a mensuração do lactato (YSL 2300 STAT, Yellow Springs, OH, U.S.A.). A FC foi monitorada durante todo o teste através do frequencímetro (Polar S810i Polar Electro, Finland). A velocidade foi controlada através de sinais sonoros emitidos em intervalos constantes de tempo por um aparelho leitor de mídia portátil (MP3) (MP120B/F, Oregon, São Paulo) e de marcações feitas no fundo da piscina com tijolos encapados escritos BIP colocados a cada 5 m. Ao ouvir cada sinal sonoro, o nadador tinha que estar com a cabeça em cima da marcação. A concentração de lactato correspondente a essa velocidade foi expressa como a média dos valores obtidos no décimo minuto e ao final do teste.

(30)

Para a determinação da MLSSI foram realizadas de 2 a 4 tentativas de 12 repetições de 150 s, com intervalos de recuperação passiva de 30 s para a determinação da MLSSI, em velocidade constante, com a primeira mantida a 102,5%MLSSC. A relação esforço/pausa utilizada foi de 5:1, ou seja, para cada 5 s de nado, 1 s de recuperação. Essa relação foi escolhida por ser próxima da utilizada nas sessões de treinamento de capacidade aeróbia e por proporcionar uma individualização pela performance dos nadadores. Nas próximas tentativas foram utilizados aumentos ou reduções de 2,5% da V400 entre cada teste até que um aumento menor ou igual a 1 mM de lactato entre o décimo e trigésimo minuto de exercício fosse observado como critério para determinação da velocidade correspondente à MLSSI (HECK et al., 1985).

Os procedimentos de coleta e análise do lactato e da mensuração da FC foram já descritos anteriormente. Caso o nadador estivesse no meio da piscina ao final da repetição para coleta de sangue, ele foi parado e se deslocou até o alinhamento da piscina lateral para a coleta e posteriormente voltou ao mesmo lugar para recomeço do teste. A FC foi monitorada durante todo o teste através do frequencímetro (Polar S810i Polar Electro, Finland). O controle da velocidade foi realizado como descrito anteriormente no protocolo da MLSSC. A Figura 2 ilustra o protocolo de determinação da MLSSI.

Figura 2. Protocolo de determinação da MLSSI com os esforços e intervalos e os momentos de coletas de sangue e imagens.

5.1.6 Determinação das variáveis cinemáticas

(31)

(Panasonic – NV-GS 320). A aquisição das imagens foi realizada a uma freqüência de 30 Hertz (Hz) com alta velocidade de obturação (shutter 1.1000s-1). Para fins de análise, as imagens capturadas foram desentrelaçadas a 60 Hz (1.60 s-1 ou 0,017 s) por meio da interface do software Dvideow.

Abaixo, está exemplificado o cálculo que é realizado para encontrar as durações das fases da braçada e o ciclo total da braçada para um único ciclo do braço direito, onde será mostrado a seguir:

Inicialmente, faz a sincronização das câmeras externa e subaquática, onde o sinal luminoso da câmera subaquática aparece no quadro 37 e o da câmera externa no quadro 31, faz uma subtração destes quadros e a diferença entre eles é de 6 quadros, então somando 6 quadros na câmera externa ou subtraindo 6 quadros na câmera subaquática, elas se encontram no mesmo momento da imagem.

Posteriormente, o quadro anterior ao toque da mão na água é o início da Fase A e o quadro anterior do primeiro movimento para trás da mão é o final da Fase A (lembrar que o início da Fase A é capturada pela câmera externa, então não esquecer de fazer a adição de 6 quadros para encontrar o mesmo momento na câmera subaquática). O quadro anterior do primeiro movimento da mão para trás é o início da Fase B e o quadro anterior ao alinhamento de 90º da mão em relação a linha do ombro é o final da Fase B. O quadro anterior ao alinhamento de 90º da mão em relação a linha do ombro é início da Fase C e o quadro da saída da mão na água é o final da Fase C (lembrar que o final da Fase C é capturada pela câmera externa, então não esquecer de fazer a adição de 6 quadros para encontrar o mesmo momento na câmera subaquática). O quadro da saída da mão na água é o início da Fase D e quadro anterior ao toque novamente da mão na água é o final da Fase D. O quadro anterior ao toque da mão na água e o quadro anterior ao toque novamente da mão na água é o um ciclo total de um braço (o início da Fase A e o final da Fase D).

Quadro 1. Exemplo do cálculo correspondente a cada fase da braçada.

Ciclo total do braço Fase A Fase B Fase C Fase D

228 (final Fase D) * -106 (início Fase A) * 122 (ciclo total)

173 (final Fase A)# -112 início Fase A (+ 6)# 61 (Fase A)

193 (final Fase B)# -173 (início Fase B)# 20 (Fase B)

217 final Fase C(+6)# -193 (início Fase C)# 24 (Fase C)

228 (final Fase D)* -211 (início Fase D)* 17 (Fase D)

* câmera externa; # câmera subaquática

(32)

Com esses resultados, calculamos o ciclo total de um braço (122 = 100%), Fase A (61 = 50%), Fase B (20 = 16,39%), Fase C (24 = 19,67%) e Fase D (17 = 13,93%). Essa demonstração foi realizada apenas com um ciclo do braço direito, para efeito didático do cálculo.

Durante a coleta dos dados as câmeras filmadoras foram posicionadas na borda lateral da piscina, uma subaquática e outra externa, fixadas a um carro e trilhos especialmente desenvolvidos, que permitiram o alinhamento e deslocamento das mesmas, ilustradas nas figuras 3 e 4. O carro foi deslocado manualmente sobre os trilhos a uma velocidade semelhante à velocidade de deslocamento do nadador, alinhado ao ombro do mesmo (Figura 5). As filmadoras foram sincronizadas por meio do acionamento de sinais luminosos simultâneos, permitindo que seja estabelecido um momento único para início das análises das imagens obtidas de ambas. Todas as imagens foram capturadas no percurso de 12,5 m compreendidos entre os 10 m e os 22,5 m da piscina.

(33)

Figura 3. Figura ilustrativa do carro e trilhos alinhados na borda lateral da piscina, em conjunto com a câmera externa e subaquática.

(34)

Figura 4. Figura ilustrativa das filmadoras sincronizadas por meio do acionamento de sinais luminosos simultâneos, ocorrendo um momento único para início das análises de imagens.

5.1.7 Determinação das variáveis técnicas

As variáveis técnicas foram determinadas conforme descrito no item anterior.

(35)

Figura 5. Deslocamento manual do carro sobre os trilhos com velocidade semelhante à velocidade de deslocamento do nadador e alinhado ao ombro do nadador.

O IdC foi determinado através da análise de duas braçadas com o braço esquerdo e uma com o braço direito, totalizando três braçadas (Figura 7) (CHOLLET et al., 2000; MILLET et al., 2002; SEIFERT et al., 2004b). O movimento de cada braço foi dividido em quatro fases, com suas respectivas durações e está ilustrado na Figura 6:

Fase A - Entrada e agarre da mão na água – da entrada da mão na água ao início de seu movimento para trás.

Fase B – Puxada - do início do movimento da mão para trás até que a mão esteja em uma posição perpendicular ao ombro, abaixo do mesmo. Primeira fase propulsiva.

Fase C - Empurre – inicia com a mão na posição perpendicular ao ombro até a saída da água. Segunda fase propulsiva.

(36)

Figura 6. Figura ilustrativa das Fases A, B C e D com seus respectivos pontos de início de cada fase.

Início Fase A

(37)

A duração das fases da braçada foi determinada com a precisão de 0,017 s e expressa como a porcentagem da duração de uma braçada completa. A duração das fases propulsivas correspondeu à soma das fases B e C e das fases não-propulsivas a soma das fases A e D. Além das fases da braçada, foram determinados os intervalos de tempo entre o começo da propulsão (fase B) do braço direito e o final da propulsão (fase C) do braço esquerdo (LT1), e entre o começo da propulsão (fase B) do segundo movimento do braço esquerdo e o final da propulsão (fase C) do braço direito (LT2). O LT1 e LT2 foram expressos como uma porcentagem da duração média de um ciclo de braçada e o IdC correspondeu à média dos dois valores.

(38)

OPOSIÇÃO:um braço começa a fase de puxada quando o outro está terminando a fase de empurre

ALCANÇAR:um intervalo de tempo entre as fases propulsivas dos dois braços

SUPERPOSIÇÃO: uma sobreposição é situada dentro das fases propulsivas

Figura 7. Representação esquemática dos três modelos de coordenação da ação de braços. Adaptado de Chollet et al. (2000).

Braço esquerdo (2 ciclos)

Braço direito (1 ciclo) Propulsão

Intervalo de Tempo (IT)

Índice de Coordenação (IdC)

Braço esquerdo (2 ciclos)

Braço direito (1 ciclo) Propulsão

Intervalo de Tempo (IT)

Índice de Coordenação (IdC)

Braço esquerdo (2 ciclos)

Braço direito (1 ciclo) Propulsão

Intervalo de Tempo (IT)

Índice de Coordenação (IdC)

1 ciclo de braçada

A: fase subaquática não propulsiva: ENTRADA E AGARRE

B: fase subaquática propulsiva: PUXADA

C: fase subaquática propulsiva: EMPURRE

D: fase externa não propulsiva: RECUPERAÇÃO

OPOSIÇÃO

ALCANÇAR

SUPERPOSIÇÃO

LT = (LT1 + LT2) = 0 2 IdC = 0%

LT = (LT1 + LT2) = 20 1 ciclo = 120 2

IdC = -16,6%

LT = (LT1 + LT2) = 20 1 ciclo = 200 2

(39)
(40)

6. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram expressos como média ± DP. A comparação da MLSSC e da MLSSI foi feita através do teste t Student para dados pareados. A existência da normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de Shapiro-Wilk. Para as variáveis correspondentes à MLSSC e MLSSI que apresentaram distribuição normal, o efeito do tipo de exercício (contínuo e intermitente) e do tempo (10o e 30o min) foi analisado por meio da ANOVA TWO

(41)

7. RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta as características antropométricas (idade, massa corporal, estatura e envergadura) dos nadadores.

Tabela 1. Valores médios ± DP das características antropométricas dos voluntários. N = 9 Idade

(anos)

Massa corporal

(kg)

Estatura

(cm)

Envergadura

(cm)

Média 18,56 68,06 176,00 181,42

(42)

A Tabela 2 apresenta os valores médios ± DP da velocidade máxima de 200m (V200), velocidade máxima de 400m (V400), velocidade crítica (VC) e o percentual da V400 correspondente à VC (%V400).

Tabela 2. Valores médios ± DP da performance de 200 (V200) e 400 m (V400), velocidade crítica (VC) e do percentual da V400 correspondente à VC (%V400). N = 9

V200

(m.s-1)

V400

(m.s-1)

VC

(m.s-1)

%V400

Média 1,49 1,39 1,30 93,77

(43)

Não houve diferença significante nos valores de [La] e FC obtidos tanto no 10o quanto no 30o min entre a MLSSC e a MLSSI em ambas as intensidades (p > 0,05). A Figura 8 ilustra um exemplo de nadador que realizou três cargas constantes de 30 minutos em diferentes percentuais da V400 para encontrar a velocidade de MLSSC, acima e abaixo da MLSSC, demonstrando as respostas de lactato em função da intensidade e ao longo do tempo.

(44)

A Figura 9 ilustra um exemplo nadador que realizou três tentativas de 12 repetições de 150 s com intervalos de recuperação passiva de 30 s para a determinação da MLSSI, em velocidade constante, demonstrando as respostas de lactato em função da intensidade e ao longo do tempo.

(45)

A Tabela 3 apresenta os valores médios ± DP da velocidade (v), [La], FC e percentual da performance de 400 m (%V400) correspondentes à MLSS e acima desta, nas condições contínua (MLSSC e 102,5%MLSSC, respectivamente) e intermitente (MLSSI e 102,5%MLSSI, respectivamente). A velocidade correspondente à MLSSC foi significantemente menor que a correspondente à MLSSI, tanto em valores absolutos como relativos (p < 0,05), porém não houve diferença significativa entre as [La] e FC entre as respectivas velocidades (p > 0,05). A velocidade relativa e absoluta e [La] ACIMA MLSSC foi significantemente maior que na MLSSC, ocorrendo o mesmo entre ACIMA MLSSI e MLSSI, respectivamente (p < 0,05).

Tabela 3. Valores médios ± DP da velocidade (v), concentração de lactato ([La]), freqüência cardíaca (FC) e intensidade relativa (%V400) correspondentes à máxima fase estável de lactato sanguíneo e acima desta, nas condições contínua (MLSSC e ACIMA MLSSC, respectivamente) e intermitente (MLSSI e ACIMA MLSSI, respectivamente). N = 9

v (m.s-1)

[La] (mM)

FC

(bpm) %V400

MLSSC 1,23 ± 0,05 3,22 ± 0,99 173 ± 6 88,69 ± 1,15

ACIMA MLSSC 1,27 ± 0,04 4,16 ± 1,28b 175 ± 10 91,34 ± 1,11

MLSSI 1,26 ± 0,06a 3,53 ± 1,34 172 ± 8 91,16 ± 2,74a

ACIMA MLSSI 1,29 ± 0,06a 4,71 ± 0,97c 176 ± 8 93,38 ± 2,30a

a p < 0,05 em relação à MLSSC na mesma intensidade; b p < 0,05 em relação à MLSSC. c p <

(46)

A Tabela 4 apresenta os valores médios ± DP da FB, CB e IB obtidos no 10o e 30o min nas intensidades de MLSSC e ACIMA MLSSC, MLSSI e ACIMA MLSSI. Com relação ao efeito do tipo de exercício (contínuo e intermitente), não houve diferença nos valores de FB obtidos no 10o e 30o min na MLSSC e na MLSSI (p > 0,05). Com relação ao efeito do tempo, houve aumento significante da FB do 10o para o 30o min em todas as condições analisadas (p < 0,05). Para o CB, houve diferença significante nos valores obtidos no 10o e 30o min nas condições MLSSC e MLSSI (p > 0,05). Com relação ao efeito do tempo, houve redução significante do CB do 10o para o 30o min em todas as condições analisadas (p < 0,05). Para o IB, o valor obtido no 10o e 30o minuto na MLSSI foi significantemente maior do que na MLSSC (p < 0,05). Houve redução significante do 10o minuto para o 30o minuto em todas as

condições analisadas (p < 0,05).

Tabela 4. Valores médios ± DP da frequência de braçada (FB) (ciclos.min-1) e comprimento

de braçada (CB) (m.ciclo-1) no 10o e 30o minuto nas intensidades de máxima fase estável de lactato contínuo (MLSSC), acima desta (ACIMA MLSSC), máxima fase estável de lactato intermitente (MLSSI) e acima desta (ACIMA MLSSI). N = 9

FB (ciclos.min-1) CB (m.ciclo-1) IB

10o min 30o min 10o min 30o min 10o min 30o min

MLSSC 30,66 ± 3,61 31,73 ± 3,58a 2,43 ± 0,24 2,35 ± 0,23a 2,98 ± 0,29 2,88 ± 0,30a ACIMA MLSSC 30,98 ± 3,44 32,26 ± 3,56a 2,47 ± 0,22 2,38 ± 0,24a 3,12 ± 0,24 3,01 ± 0,31a

MLSSI 30,36 ± 2,36 31,25 ± 2,51a 2,51 ± 0,20b 2,44 ± 0,20a,b 3,17 ± 0,34b 3,08 ± 0,34a,b ACIMA MLSSI 32,66 ± 3,42 33,85 ± 2,84a 2,40 ± 0,24 2,30 ± 0,17a 3,10 ± 0,34 2,98 ± 0,27a

(47)

A Tabela 5 apresenta os valores médios ± DP das fases A, B, C e D no 10o e 30o minuto nas intensidades de MLSSC e ACIMA MLSSC, MLSSI e ACIMA MLSSI em valores relativos. Houve aumento significante da fase B do 10o para o 30o min nas condições ACIMA MLSSC e ACIMA MLSSI (p < 0,05). Houve redução significante da Fase A e aumento significante das Fases B e C entre as condições ACIMA MLSSC e ACIMA MLSSI (p < 0,05).

Tabela 5. Valores médios ± DP das fases A, B, C e D (%) no 10o e 30o minuto nas intensidades de máxima fase estável de lactato contínuo (MLSSC), acima desta (ACIMA MLSSC), máxima fase estável de lactato intermitente (MLSSI) e acima desta (ACIMA MLSSI) em valores relativos. N = 9

FASE A (%) FASE B (%) FASE C (%) FASE D (%)

10o min 30o min 10o min 30o min 10o min 30o min 10o min 30o min MLSSC 38,14 ± 6,29 37,68 ± 6,91 21,31 ± 3,18 22,17 ± 3,88 24,10 ± 3,18 24,14 ± 3,21 16,44 ± 0,88 16,00 ± 1,37 ACIMA MLSSC 38,36 ± 5,97 36,90 ± 6,76 21,78 ± 3,43 22,95 ± 3,92b 23,51 ± 2,99 23,93 ± 2,52 16,34 ± 1,41 16,22 ± 1,38

MLSSI 38,31 ± 5,86 39,02 ± 4,91 22,20 + 3,18 21,73 ± 2,85 22,98 ± 2,26 23,30 ± 2,35 16,51 ± 1,83 15,96 ± 1,24 ACIMA MLSSI 35,52 ± 6,77a 34,50 ± 5,73 23,01 ± 3,51a 24,29 ± 3,29b 25,12 ± 2,70a 24,79 ± 2,60 16,35 ± 1,60 16,42 ± 1,88

(48)

A Tabela 6 apresenta os valores médios ± DP das fases propulsivas e não-propulsivas (%) no 10o e 30o minuto dos nadadores nas intensidades de MLSSC e ACIMA MLSSC, MLSSI e ACIMA MLSSI. Em relação ao efeito do tempo e ao tipo de exercício, não houve diferença estatística entre as variáveis (p > 0,05). O valor obtido no 10o min na condição ACIMA MLSSI foi significantemente maior para as fases propulsivas e significantemente menor para as fases não-propulsivas do que na condição ACIMA MLSSC (p < 0,05).

Tabela 6. Valores médios ± DP das fases propulsivas e fases não-propulsivas (%) no 10o e 30o minuto nas intensidades de máxima fase estável de lactato contínuo (MLSSC), acima desta (ACIMA MLSSC), máxima fase estável de lactato intermitente (MLSSI) e acima desta (ACIMA MLSSI). N = 9

Fases Propulsivas (%) Fases Não-propulsivas (%)

10o min 30o min 10o min 30o min

MLSSC 45,42 ± 5,91 46,31 ± 6,21 54,58 ± 5,91 53,68 ± 6,22

ACIMA MLSSC 45,30 ± 5,62 46,88 ± 6,17 54,70 ± 5,62 53,12 ± 6,17

MLSSI 45,18 ± 5,04 45,03 ± 4,59 54,82 ± 5,04 54,97 ± 4,59

ACIMA MLSSI 48,13 ± 5,84# 49,08 ± 5,07 51,87 ± 5,84# 50,92 ± 5,07

(49)

A Tabela 7 apresenta os valores médios ± DP do IdC no 10o e 30o minuto dos nadadores nas intensidades de MLSSC e ACIMA MLSSC, MLSSI e ACIMA MLSSI. Em relação ao efeito do tempo e ao tipo de exercício, não houve diferença estatística entre as variáveis (p > 0,05). Em todas as condições, o modelo de ação dos braços adotado foi o de alcançar.

Tabela 7. Valores médios ± DP do índice de coordenação da ação dos braços (IdC) (%) no 10o e 30o minuto nas intensidades de máxima fase estável de lactato contínuo (MLSSC), acima desta (ACIMA MLSSC), máxima fase estável de lactato intermitente (MLSSI) e acima desta (ACIMA MLSSI). N = 9

IdC (%)

10o min 30o min

MLSSC -4,68 ± 6,61 -3,84 ± 6,29

ACIMA MLSSC -3,85 ± 6,24 -3,15 ± 6,19

MLSSI -5,15 ± 4,96 -4,90 ± 4,53

(50)

8. DISCUSSÃO

O objetivo central desse estudo foi analisar a coordenação dos braços no nado crawl e a resposta do lactato sanguíneo no exercício contínuo e intermitente realizado em diferentes intensidades. Para nosso conhecimento, esse é um dos poucos estudos que analisaram as variáveis técnicas FB, CB e as fases da braçada em conjunto com as respostas fisiológicas associadas ao exercício de longa duração na natação. Entre os grandes achados desse estudo, está o de que é possível realizar um exercício de forma intermitente acima da velocidade correspondente à MLSSC com estabilidade e valores similares de [La] e FC. Há um efeito importante do tempo no aumento da FB e na redução do CB, que ocorre independente da condição (contínua e intermitente) e da intensidade (na e acima da MLSS) do exercício analisado. No entanto, a realização do exercício contínuo ou intermitente acima da MLSS parece modificar o comportamento das fases da braçada, particularmente a fase B. Este dado sugere que a organização da braçada parece ser mais sensível do que a FB e o CB, já que estes apresentaram comportamentos similares, independente da intensidade e condição de exercício analisadas.

8.1 Velocidade e concentração de lactato correspondentes à MLSSC e MLSSI Com relação aos valores de V200, V400, velocidade e [La] correspondentes à MLSS, estes foram similares aos observados em nadadores treinados (WAKAYOSHI et al., 1993; BARON, et al., 2005; DEKERLE et al., 2005a,b; GRECO et al., 2006,2007; PELARIGO et al., 2007). Dekerle et al. (2005b) mostraram em seu estudo que a velocidade média da MLSS encontrada foi de 1,22 m.s-1, [La] de 3,3 mM e 88,9% da V400, dados muitos parecidos com o nosso estudo, em que encontramos uma velocidade média da MLSSC de 1,23 m.s-1, [La] de 3,22 mM e 88,69% da V400. Em outro estudo, o mesmo grupo de autores encontrou valores similares aos apresentados anteriormente, em que a velocidade média da MLSS encontrada foi de 1,24 m.s-1, [La] de 2,8 mM e 88,4% da V400, dados muitos próximos ao nossos

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da V400, sugerindo que um teste de performance máxima na distância de 400 m pode ser utilizado como referência na prescrição da intensidade do treinamento para a melhora da capacidade aeróbia.

No entanto, a velocidade correspondente à MLSSC foi significantemente menor do que a MLSSI, mostrando que no exercício intermitente, onde a relação esforço-pausa é de 5s de nado para 1s de descanso, ou seja, proporção de 5:1, os nadadores conseguem aumentar a velocidade em 2,76%, porém mantendo o organismo em estabilidade fisiológica. No ciclismo, Beneke et al. (2003) verificaram um aumento de 11,5% na intensidade correspondente à MLSS utilizando relações de esforço:pausa de 3,33:1. No entanto, na natação, diferente de outras modalidades como o ciclismo, a relação entre a potência exercida pelo nadador para vencer a resistência imposta pela água é a velocidade ao cubo, sendo importante considerar estas diferenças na comparação destes dados. Como a potência é o produto da força pela velocidade, deste modo, a potência realizada durante a MLSSI foi de aproximadamente 8% maior comparada à MLSSC, sendo próxima do encontrado por Beneke et al. (2003), apesar das diferenças no tipo de exercício e na relação esforço:pausa.

Estes dados sugerem que, ao se realizar a prescrição da intensidade do treinamento aeróbio na natação a partir de um teste de MLSS realizado de forma contínua, é necessário um ajuste no valor da velocidade obtida. O ajuste a ser feito, irá depender da duração total da série e da relação esforço:pausa, já que modificações nas distâncias e nos tempos de recuperação utilizados nas séries pode modificar o estímulo oferecido ao nadador (MAGLISCHO, 1993).

Bentley et al. (2005) analisaram as repostas fisiológicas e da técnica de nado em duas séries diferentes (16 x 100 m e 4 x 400 m) em uma mesma intensidade absoluta, que correspondeu a 25% do delta entre o limiar ventilatório e o VO2max, que em média

representou 89% V400. Em nosso estudo, a MLSSI foi realizada em 12 repetições de 2,5min, que representou em média de 177 a 200m cada repetição com intensidade relativa de 91% V400, média de 2% de aumento. Porém, apesar da intensidade ter sido próxima da MLSSI (89% V400), a mesma não foi determinada. Nesse estudo, os nadadores apresentaram valores similares e estáveis de lactato sanguíneo nas duas séries (2,8 a 3,3 mM). Assim, o aumento da duração das séries no treinamento intermitente (tempo dos esforços) na natação não influencia a duração mantida acima 90% VO2max e FCmax, porém a duração dos intervalos de

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Ao se analisar os valores de [La] e FC obtidos na MLSSC e MLSSI, é possível sugerir que a MLSS não é influenciada pela forma de execução do exercício. Estes dados são similares aos obtidos por Beneke et al. (2003) no ciclismo, que verificaram valores similares de [La] nas condições contínua (4,7 mM), intermitente com relação esforço:pausa de 10:1 (5,7 mM) e intermitente com relação esforço:pausa de 3,33:1 (5,9 mM). Assim, os dados obtidos no presente estudo confirmam uma das hipóteses do estudo, ou seja, é possível realizar um exercício intermitente em uma intensidade acima do exercício contínuo, com estabilidade metabólica.

A VC em nosso trabalho apresenta valores de 1,30 m.s-1 e 93,77% V400. Outros estudos na natação mostram valores de 1,30 m.s-1, 94,9% V400 (PELARIGO et al., 2007),

1,25 m.s-1, 94,7% V400 (GRECO et al., 2007), 1,35 m.s-1, 95% V400 (DEKERLE et al.,

2002), 1,31 m.s-1, 92,7% V400 (DEKERLE et al., 2005a) e 1,44 m.s-1, 94,2% V400

(WAKAYOSHI et al., 1993). Nesses estudos que vemos grandes amplitudes de velocidade quando comparados uns com os outros, porém no momento em que analisamos a % relativa a V400, todos os estudos encontram valores próximos a 94% da V400, valores que superestimam a MLSS, portanto, tornando a realização de exercícios na MLSS e VC em diferentes respostas metabólicas. Porém com valores relativos que se estabilizam em torno de 94% V400, pode-se fazer ajustes de 3 a 5% nos valores de VC para que se aproximem da velocidade de MLSS, tornando-se, desta forma, fácil e útil a aplicação na prescrição do treinamento aeróbio. Dekerle et al. (2002) verificaram uma diferença de 3,2% entre a VC e a performance máxima de 30 min onde sugerem ao técnicos que façam uma correção de no mínino 3,2%, pois a VC requer somente dois testes máximos V200 e V400 e por ser um teste fácil e útil.

Esta diferença entre a VC ou a potência crítica (ciclismo) e a MLSS que já foi observada em outros estudos realizados previamente (PRINGLE; JONES, 2002; DENADAI et al., 2003; DEKERLE et al., 2002, 2005a,b) ajuda a explicar os diferentes tempos de exaustão na VC (~ 30 min) e MLSS (~ 60 min) associados a estas intensidades. Em um estudo recente, Pelayo et al. (2007) sugerem que há um quarto domínio de exercício, denominado muito pesado, que engloba as intensidades localizadas entre a MLSS e a VC. Neste domínio, não há estabilização da [La], porém o indivíduo não atinge o VO2max ao final

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entre as duas velocidades pode ter importantes implicações na prescrição da intensidade do treinamento e na duração total do exercício que pode ser realizada.

Diversos estudos sugerem que a MLSS determinada de forma contínua representa aproximadamente 88%V400 (DEKERLE et al., 2005a,b; BARON, et al., 2005) e [La] de 2,8 a 3,3 mM (WAKAYOSHI et al., 1993; BARON et al., 2004; DEKERLE et al., 2005a,b), valores próximos aos apresentados nesse presente estudo, concluindo que os dados aqui apresentados corroboram aos grandes estudos encontrados nessa área da natação, performance e parâmetros biomecânicos e fisiológicos.

8.2 Frequência de braçada, comprimento de braçada e índice de braçada

Com relação às variáveis da técnica de nado, o principal achado deste estudo foi que a duração do exercício parece proporcionar um comprometimento da técnica de nado, expresso pela redução no CB. Portanto, para manter a velocidade, o nadador aumenta a FB. Este efeito da duração do exercício parece ser independente da intensidade e do tipo de exercício.

O valor de FB encontrado no presente estudo (31,20 ciclos.min-1) foi maior do que o obtido por Dekerle et al. (2005b) (27,7 ciclos.min-1). Entretanto o valor de CB (2,39 m.ciclo-1) e o IB (2,93) encontrados neste estudo foram menores do que os obtidos por Dekerle et al. (2005b) (2,64 m.ciclo-1 e 3,22, respectivamente), apesar da velocidade correspondente à MLSS ter sido similar entre os estudos. Em um outro estudo, Pelarigo et al. (2007) verificaram valores de FB (31,38 ciclos.min-1), CB (2,38 m.ciclo-1) e IB (2,92) próximos aos apresentados nesse estudo, para uma velocidade de 1,23 m.s-1 obtida em um teste máximo de 30 min. As diferentes combinações de FB e CB podem ser explicadas em parte por possíveis diferenças na habilidade de nado.

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Ao analisar o efeito do tipo de exercício, verificou-se que a FB na MLSSC (31,20 ciclos.min-1) foi similar à obtida na MLSSI (30,81 ciclos.min-1), apesar dos diferentes valores de velocidade correspondentes à MLSSC e a MLSSI. Entretanto, o CB (2,47 m.ciclo-1) e o IB (3,13) na MLSSI foram significantemente maiores do que o CB (2,39 m.ciclo-1) e o IB (2,93) na MLSSC, sugerindo que o aumento da velocidade na condição intermitente foi proporcionado pelo aumento no CB. Este dado difere do obtido em outros estudos (SEIFERT et al., 2004a,b), os quais sugerem que o aumento na velocidade ocorre principalmente pelo aumento na FB, com manutenção ou redução no CB, dependendo do incremento na velocidade.

Com relação ao efeito do tempo, houve um aumento significante da FB e uma redução significante do CB ao longo do tempo em todas as condições analisadas. Alguns estudos sugerem que esforços realizados em intensidades acima do Limiar Anaeróbio (LAn) (WELLS, DUFFIN, PLYLEY, 2001) e da MLSS (DEKERLE et al., 2005b) podem reduzir o CB em função da fadiga. Fatores como o acúmulo de lactato sanguíneo (WEISS et al., 1988; KESKINEN, KESKINEN, 1988a,b,1993; WAKAYOSHI et al., 1996; WELLS et al., 2001), alterações no recrutamento das unidades motoras (HAUSSWIRTH et al., 1997; VERCRUYSSEN et al., 2002) e na perfusão muscular (VERCRUYSSEN et al., 2002), fadiga neuromuscular (LEPERS et al., 2000) e fadiga muscular local (HAUSSWIRTH et al., 1997; VERCRUYSSEN et al., 2002), podem reduzir a capacidade muscular de gerar força (TOUSSAINT, BERG, 1992), e desta forma têm sido relevantes para explicar a redução no CB. Desta forma, com a redução do CB, os nadadores precisaram aumentar a FB para manter a velocidade de nado tanto na MLSS quanto acima desta, nas condições contínua e intermitente. De qualquer forma, nossos dados sugerem que o comportamento da técnica de nado parece ser mais influenciado pela duração do exercício do que pela condição metabólica (estabilidade ou não da [La]).

Em relação ao efeito do tempo, a FB no 30o minuto foi significantemente maior que a FB no 10o minuto em todas as condições analisadas (p < 0,05) e o CB no 30o minuto foi significantemente menor que o CB no 10o minuto em todas as condições analisadas (p < 0,05). Esses resultados demonstram que os nadadores adotam diferentes combinações das variáveis técnicas ao longo do tempo, tanto em situações onde ocorre equilíbrio das variáveis fisiológicas quanto em situações que os atletas se encontram em fadiga, fator este que deve despertar atenção dos técnicos no momento da prescrição e avaliação do treinamento.

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sujeitos que não conseguiram terminar os 30 min de exercício. Estes resultados, diferentes dos obtidos no presente estudo, podem ser explicados pela utilização de um aumento maior de intensidade utilizado no estudo de Dekerle et al. (2005b), que foi de 5% da V400. Algumas diferenças nos procedimentos experimentais (número de coletas por teste) também podem ajudar a explicar os diferentes resultados obtidos.

Para a realização da prescrição das sessões de treinamento intervalado, afim de melhorar a capacidade aeróbia, sugere-se que estas sejam feitas utilizando-se dados da MLSS obtida de forma intermitente, o que permite um ajuste melhor às condições de realização do exercício do que a MLSSC.

8.3 Fases da braçada

Com relação às fases da braçada, houve um aumento significante na fase B na condição de não estabilidade metabólica, tanto no exercício contínuo quanto no intermitente. O aumento nas fases B e C, que são as propulsivas, têm sido verificados em condições de aumento de velocidade (SEIFERT et al., 2004a,b). No entanto, nenhum estudo analisou as respostas destas fases de nado ao longo de testes prolongados. Nos estudos que verificaram aumento das fases propulsivas com o aumento da velocidade, os testes foram de performance máxima, não houve instrução para que os nadadores mantivessem a velocidade constante e foram feitos vários testes em diferentes velocidades (SEIFERT et al., 2004a,b). Nestes estudos, os autores verificaram que, ao aumentarem as fases propulsivas, os nadadores tendem a adotar o modelo de sobreposição nas velocidades mais altas. No entanto, em nosso estudo, os atletas eram meio-fundistas ou fundistas e as velocidades utilizadas foram menores do que às dos estudos citados anteriormente, o que dificulta uma comparação direta dos resultados. De qualquer forma, nossos dados sugerem que, ao realizar um exercício acima da MLSSC e da MLSSI há um comprometimento da técnica de nado, já que os atletas aumentam uma das fases propulsivas para manter a velocidade em condições de não estabilidade metabólica, em um exercício de longa duração.

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dados propõem que o nadador somente modifica a estratégia de organização da braçada quando está em condições de não estabilidade metabólica.

As outras fases do nado não se modificaram nas condições analisadas. Provavelmente, um fator que pode ajudar a explicar estes dados, é o de que as modificações foram tão discretas e presentes em mais de uma fase, que nas condições deste estudo não atingiram significância.

Com relação ao tipo de exercício, a organização da braçada parece apresentar um comportamento similar nas condições contínua e intermitente na MLSS e acima desta intensidade. Nas condições de não estabilidade metabólica, os nadadores reduziram a fase A e aumentaram as fases B e C no 10o min na condição intermitente. Este ajuste na coordenação

de nado pode ser uma estratégia para gerar aumento de velocidade. Ou seja, um ajuste na posição corporal para reduzir o arrasto e um aumento na propulsão de nado produzir aumento de velocidade. Estas modificações não se mantiveram no final do exercício. Ao se analisar as comparações no final do exercício, nota-se que a fase A quase atingiu significância (p = 0,06). Assim, como os nadadores estavam em uma velocidade maior na condição intermitente, e considerando que atletas fundistas podem utilizar-se da melhora na posição corporal para gerar aumento de velocidade (SEIFERT et al., 2004b), provavelmente a modificação da posição corporal seja também uma estratégia utilizada nas condições do presente estudo, para manter a velocidade.

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9. CONCLUSÕES

Com base nos resultados encontrados neste estudo pode-se concluir que:

1) É possível realizar um esforço de forma intermitente acima da MLSS determinada por meio do protocolo contínuo, com condições similares de [La] e FC, provavelmente por aspectos relacionados à restauração das reservas de creatina fosfato e a remoção do lactato sanguíneo;

2) O comprometimento da técnica de nado, representado pela redução do CB ocorre provavelmente por um efeito da duração do exercício e não da forma de execução (contínuo e intermitente) ou da condição de estabilidade (MLSS) ou não estabilidade (acima da MLSS) metabólica.

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