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Estudo comparativo da ação da toxina botulínica tipo A e da crotoxina sobre as células satélites da musculatura extrínseca ocular em modelo animal

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Academic year: 2017

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(1)

ESTUDO COMPARATIVO DA AÇÃO DA TOXINA

BOTULÍNICA TIPO A E DA CROTOXINA SOBRE AS

CÉLULAS SATÉLITES DA MUSCULATURA EXTRÍNSECA

OCULAR EM MODELO ANIMAL

Belo Horizonte

(2)

Marta Halfeld Ferrari Alves Lacordia

ESTUDO COMPARATIVO DA AÇÃO DA TOXINA

BOTULÍNICA TIPO A E DA CROTOXINA SOBRE AS

CÉLULAS SATÉLITES DA MUSCULATURA EXTRÍNSECA

OCULAR EM MODELO ANIMAL

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em

Medicina, área de Oftalmologia, da Faculdade de Medicina

da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito

parcial à obtenção do grau de Doutor em Medicina.

Orientador: Prof. Dr. Henderson Celestino de Almeida

Co-orientador: Prof. Dr. Geraldo de Barros Ribeiro

Belo Horizonte

(3)

L143e Lacordia, Marta Halfeld Ferrari Alves

Estudo comparativo da ação da toxina botulínica tipo A e da croto- xina sobre as células satélites da musculatura extrínseca ocular em mo- delo animal. / Marta Halfeld Ferrari Alves Lacordia. – 2007.

140 f.

Orientador: Henderson Celestino de Almeida Co-orientador: Geraldo de Barros Ribeiro

Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais. Facul- dade de Medicina.

1. Músculos oculomotores. 2. Células satélites de músculo esquelé- tico. 3. Toxina botulínica Tipo A. 4. Crotoxina 5. Estudo comparativo 6. Animais. I. Almeida, Henderson Celestino de. II. Ribeiro, Geraldo de Barros. III. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Me- dicina. IV. Título.

NLM: WW 400

(4)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Reitor

Prof. Ronaldo Tadêu Pena

Pró-Reitor de Pós-Graduação Prof. Jaime Arturo Ramirez

Pró-Reitor de Pesquisa

Prof. Carlos Alberto Pereira Tavares

Diretor da Faculdade de Medicina Prof. Francisco José Penna

Diretora do Hospital das Clínicas Profª. Tânia Mara Assis Lima

Coordenador do Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina Prof. Carlos Faria Santos Amaral

Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Oftalmologia Prof. Joel Edmur Boteon

Chefe do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia Profª. Ana Rosa Pimentel de Figueiredo

Membros do Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Medicina, área de Oftalmologia Prof. Fernando Oréfice

Prof. Henderson Celestino de Almeida Prof. Homero Gusmão de Almeida Prof. Joel Edmur Boteon

Prof. Márcio Bittar Nehemy Prof. Marco Aurélio Lana Peixoto Prof. Sebastião Cronemberger Sobrinho

(5)
(6)

DEDICATÓRIA

Ao meu pai, Amaury, pelo amor incondicional e pelo exemplo de vida, de caráter

e de força.

À minha mãe, Dalva, também pelo amor, carinho e apoio constantes.

À minha irmã, Mírian, pela amizade e pela maneira de estar sempre presente na

minha vida, apesar da distância geográfica.

Ao meu irmão, Mauro, pelo modelo de dedicação aos estudos e à profissão.

Ao meu marido, Roberto, pelo amor, pelo companheirismo e por nunca ter me

deixado desistir.

E especialmente à minha filha, Raquel, que veio junto com este meu sonho,

trazendo mais alegria para a minha vida.

Eu te quero a todo instante Nem mil alto-falantes Vão poder falar por mim. Eu não existo longe de você E a solidão é meu pior castigo Eu conto as horas Pra poder te ver Mas o relógio tá de mal comigo

(7)

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me poupado a vida e por ter me dado forças para continuar minha

missão.

Ao Professor Dr. Henderson Celestino de Almeida, pelo incentivo, pela dedicação,

pelo carinho e por ter contribuído tanto para meu aprimoramento científico e para a realização

deste grande sonho.

Ao Professor Dr. Geraldo de Barros Ribeiro, pela disponibilidade, pela competência,

pela simplicidade e por sua extraordinária orientação.

Ao Dr. Carlos Henrique Reis de Araújo Silva, médico veterinário e diretor da

Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC

Campus VI – Juiz de Fora), pelo grande auxílio prestado no desenvolvimento deste trabalho,

pela excelência e pelo profissionalismo.

Ao Dr. Raul Fernando Binato Lamim e à Dra. Maria do Carmo Jordão Coelho,

professores adjuntos do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da

Universidade Federal de Juiz de Fora, pelo auxílio no estudo imunoistoquímico.

Ao Dr. Márcio José Martins Alves, professor adjunto do Departamento de Saúde

Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, pela dedicação e

pela disponibilidade em ajudar na realização deste estudo.

À Dra. Maria de Lourdes Motta Moreira Villas Boas, por ter despertado em mim o

gosto pelo estudo do estrabismo e pelo privilégio de tê-la como amiga.

Ao Dr. Galton Carvalho Vasconcelos, pelos constantes incentivos.

Ao Professor Dr. Joel Edmur Boteon, coordenador do Curso de Pós-Graduação em

Oftalmologia da Faculdade de Medicina da UFMG, por ter acreditado em mim e por ter me

(8)

Ao Professor Dr. Márcio Bittar Nehemy, subcoordenador do Curso de Pós-Graduação

em Oftalmologia da Faculdade de Medicina da UFMG, pelos incentivos desde a minha

residência médica no Instituto Hilton Rocha e pelas gentilezas que lhe são peculiares.

A Rosemary Rodrigues Silva e a Maria do Rosário Pompéia de Aquino, secretárias do

Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da UFMG,

por terem sempre sido prestativas, acolhedoras, carinhosas e bem humoradas.

Ao Dr. Rafael Vidal Mérula, pelo apoio, pela amizade, pelos desabafos, pelos

estímulos e por ter entendido verdadeiramente o significado desta tese para mim.

À Dra. Juliana Lambert Oréfice, pelo coleguismo, pelo exemplo e pelo apoio.

Ao Laboratório de Anatomia Patológica da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora

e, em especial, a Débora Tavares Grizendi, pelo trabalho de preparação das lâminas.

À Universidade Federal de Juiz de Fora, por ter contribuído para a realização desta

etapa tão importante na minha vida profissional.

À UNIPAC (Faculdade de Medicina Veterinária), por ter cedido o espaço físico para a

realização do experimento com coelhos.

Ao Cleber Ornelas e à Beth Halfeld, por terem me hospedado com muito carinho

durante o curso do doutorado, incentivando-me a todo o momento. À Dona Cleonice, à Karla,

ao Pierre, à Renata, ao Nélson e a todos os familiares, pela torcida. Aos meus lindinhos

Alberto, Bernard, Henrique, Manuela, Pedro e Gustavo, por conseguirem, juntamente com

(9)

Aos amigos:

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

Vinícius de Moraes

Cristine Sotto-Maior (pela generosidade), Ronaldo (merci beaucoup), Monica (companheira de estrada), Cristiana, Martinha e família (tão importantes para mim, desde

minha residência no Instituto Hilton Rocha), Christiane Marie (“meu anjo da guarda”), Eliane,

Carla, Angelina e Cleide (pela ajuda nos momentos mais críticos), Rubens, Ema, Dale (thank you), Regina Beluco, Lucianno e Hélio De Maria (amigos da pós-graduação), Dilourdes, Neide e Lúcia Gerhein (minha torcedora fiel e sempre presente) e todos aqueles que de

(10)

Dias inteiros de calmaria, noites de ardentia, dedos no leme e olhos no horizonte, descobri a alegria de transformar distâncias em tempo. Um tempo em que aprendi a entender as coisas do mar, a conversar com as grandes ondas e não discutir com o mau tempo. A transformar o medo em respeito, o respeito em confiança. Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer.

Amyr Klink

(11)

RESUMO

Lacordia MHFA. Estudo comparativo da ação da toxina botulínica tipo A e da crotoxina sobre

as células satélites da musculatura extrínseca ocular em modelo animal. Tese [Doutorado].

Belo Horizonte: Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais; 2007.

Introdução: Quando ocorre uma lesão muscular, as células satélites tornam-se ativas,

dividem-se e reparam as fibras lesadas ou formam novas miofibras. Ao contrário da

musculatura esquelética, que é pós-mitótica, os músculos extrínsecos oculares apresentam-se

em contínua renovação celular, devido às células satélites. O tratamento cirúrgico do

estrabismo visa equilibrar as forças geradas pelos músculos oculares extrínsecos, porém

compromete a dinâmica muscular normal e, inevitavelmente, provoca cicatrizes,

incomitâncias e, ocasionalmente, estrabismos secundários. A necessidade de se descobrir um

tratamento farmacológico para o estrabismo que não cause enfraquecimento muscular

permanente, mas que tenha uma duração maior que a da toxina botulínica, estimula a

comunidade científica a pesquisar novas substâncias. Estudos recentes verificaram que a

crotoxina é capaz de induzir uma paralisia transitória em músculo reto superior de coelhos e

que sua ação e seu efeito foram semelhantes aos da toxina botulínica do tipo A.

Objetivo: Avaliar o efeito da toxina botulínica do tipo A e da crotoxina na ativação de células

satélites das fibras musculares de músculos retos superiores de coelhos.

Material e métodos: Os músculos retos superiores do olho direito de 29 coelhos machos

albinos neozelandeses foram inoculados com toxina botulínica do tipo A, ou com crotoxina,

em diferentes doses. Os músculos retos superiores contralaterais de cada coelho foram

inoculados com solução salina em volume igual ao das toxinas. Os animais foram sacrificados

(12)

retos superiores intactos. Cada músculo foi preparado para análise imunoistoquímica, com

marcadores de células satélites – Myo D e PCNA. Foi realizada contagem dos núcleos

corados pelos marcadores a cada cem miofibras.

Resultados: A aplicação de toxina botulínica e de crotoxina provocou um aumento no

número de células satélites ativadas e em proliferação nos músculos retos superiores dos

coelhos. A inoculação de solução salina nos músculos contralaterais não causou aumento

significativo. Uma maior ativação celular foi observada após a aplicação de crotoxina embora,

estatisticamente, a diferença do efeito de ativação entre os grupos botox e crotoxina não tenha

sido considerável. Nos grupos botox e crotoxina, não houve correlação estatisticamente

significativa entre a dose e o aumento na ativação das células. Da mesma forma, não foi

encontrada correlação entre o volume de substância aplicada e a ativação celular nos grupos

botox, crotoxina e controle. O tempo de vida após a aplicação contribuiu para o aumento de

células satélites ativadas em todos os grupos. No estudo histológico, o grupo crotoxina

revelou acentuado desarranjo na arquitetura das fibras musculares e mais evidências de

regeneração.

Conclusão: A observação de maior desorganização na estrutura muscular e de sinais de

regeneração mais evidentes no grupo crotoxina parece estar correlacionada ao aumento de

células satélites ativadas. Supõe-se que o processo de regeneração das fibras musculares após

a aplicação da crotoxina seja mais lento que após a aplicação da toxina botulínica, o que

explicaria a ação mais duradoura da crotoxina.

Palavras-chave: Células satélites. Toxina botulínica do tipo A. Crotoxina. Estrabismo.

(13)

ABSTRACT

Lacordia MHFA. A comparative study of the effects of type A botulinum toxin and crotoxin

on satellite cells of extraocular muscles in rabbits. Thesis (Doctorate) Belo Horizonte:

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais; 2007.

Introduction: When muscle lesions occur, the satellite cells spring into action, by dividing

and either repairing damaged fibers or forming new myofibers. Unlike skeletal muscle which

is postmitotic, the extraocular muscles are in a continuous process of cellular regeneration,

due to these satellite cells. Surgical treatment of strabismus attempts to balance the forces

generated by extraocular muscles. However, this procedure modifies the normal muscle

dynamics and unavoidably causes scarring, incomitant gaze and, occasionally, secondary

strabismus. The need to discover pharmacological treatment for strabismus, which does not

cause permanent muscle weakening, but has a longer lasting effect than botulinum toxin, has

stimulated the scientific community to seek alternative substances. Recent studies have

verified that crotoxin was successful in inducing temporary paralysis in the superior rectus

muscles of rabbits and that its action and effects were similar to those produced by botulinum

toxin A.

Purpose: To evaluate the effect of botulinum toxin A and crotoxin on satellite cell activation

in the muscle fibers of superior rectus muscles of rabbits.

Material and Methods: The superior rectus muscles in the right eyes of 29 male, albino,

New Zealand rabbits were inoculated with different doses of botulinum toxin A or crotoxin.

The contra-lateral superior rectus muscles in each rabbit were inoculated with the same

volume of saline solution only. The animals were sacrificed either 12, 18 or 25 days after the

(14)

Subsequently, each muscle was prepared for immunohistochemical analysis, using satellite

cell markers – Myo D and PCNA. The positive nuclei, revealed by the markers in each 100

myofibers, were counted.

Results: The application of the botulinum toxin A and crotoxin triggered a more significant

increase satellite cell activation and proliferation in right superior rectus muscles in rabbits

when compared with a saline solution inoculation in the contralateral muscles. Greater cell

activation was observed after crotoxin application, although, statistically, the difference in the

effects of this activation between the botox and crotoxin groups was not significant. There

was no statistically significant correlation between the dose applied and resulting cell

activation in the botox and crotoxin groups. Similarly, no correlation was found between the

volume of the applied substance and cell activation in the botox, crotoxin and control groups.

Post-application survival time contributed to the increase in activated satellite cells in all

groups. Histological examination revealed more accentuated disorganization in muscle fibre

architecture and more evidence of regeneration in the crotoxin group.

Conclusion: The observed increase in disorganization in the muscle structure together with

more obvious signs of regeneration in the crotoxin group suggests a correlation with the

increase in satellite cell activation. It may be concluded that the process of muscle-fibre

regeneration after the crotoxin application is slower than that which occurs after the

botulinum toxin A application, which may explain the longer lasting action of crotoxin.

Key words: Satellite cells. Botulinum toxin A. Crotoxin. Strabismus. Muscle-fibre

(15)

Lista de ilustrações

Figura 1- Desenho esquemático ilustrando a organização do músculo estriado

esquelético...9

Figura 2- Diagrama ilustrando a estrutura e a posição dos filamentos finos e grossos do

sarcômero...9

Figura 3- Estrutura dos tecidos conectivos orbitários e suas relações com as camadas de

fibras musculares...11

Figura 4- Desenho esquemático de uma célula satélite quiescente envolta pela lâmina basal e

pelo sarcolema da miofibra justaposta...14

Figura 5- Modelo computacional da estrutura da crotoxina...34

Figura 6- Aplicação de toxina no músculo reto superior do olho direito de

coelho...44

Figura 7- Fase final da aplicação de toxina no músculo reto superior do olho

direito...44

Figura 8- Globo ocular de coelho enucleado...48

Figura 9- Lâmina preparada para análise imunoistoquímica ...52

Figura 10- Corte longitudinal do músculo reto superior de um coelho, submetido à marcação

pelo anticorpo anti- Myo D...53

Figura 11- Corte longitudinal do músculo reto superior de um coelho, submetido à marcação

pelo anticorpo anti- PCNA...54

Figura 12- Ptose palpebral discreta em olho direito do coelho 12...60

Figura 13- Ptose palpebral moderada em olho direito do coelho 23...60

Figura 14- Coelho 28 com lesão na pálpebra inferior esquerda causada por provável

(16)

Figura 15- Corte histológico de área do músculo reto superior normal de coelho (aumento

de 100 vezes, corado pela hematoxilina-eosina)...101

Figura 16 - Corte histológico de área do músculo reto superior normal de coelho (corte

transversal, aumento de 100 vezes, corado pela hematoxilina-eosina)...101

Figura 17- Corte histológico do músculo reto superior do olho esquerdo do

coelho1...102

Figura 18 - Corte histológico de área do músculo reto superior do olho esquerdo do coelho

2...102

Figura 19 - Corte histológico de músculo reto superior do olho direito do coelho

6...103

Figura 20- Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

6...103

Figura 21- Corte histológico do músculo reto superior do olho direito do coelho

7...104

Figura 22 - Corte histológico do músculo reto superior do olho direito do coelho

7...104

Figura 23 - Corte histológico do músculo reto superior do olho direito do coelho

7...105

Figura 24 - Corte histológico do músculo reto superior do olho direito do coelho

7...105

Figura 25 - Corte histológico do músculo reto superior do olho direito do coelho

7...106

Figura 26- Corte histológico de músculo do reto superior do olho direito do coelho

(17)

Figura 27- Corte histológico do músculo reto superior do olho direito do coelho

9...107

Figura 28- Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

15...107

Figura 29- Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

15...108

Figura 30- Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

15...108

Figura 31- Corte histológico de músculo reto superior do olho direito coelho

16...109

Figura 32 - Corte histológico do músculo reto superior do olho direito do coelho

19...109

Figura 33 - Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

20...110

Figura 34 - Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

20...110

Figura 35 - Corte histológico do músculo reto superior do olho direito do coelho

21...111

Figura 36 - Corte histológico do músculo reto superior do olho direito do coelho

23...111

Figura 37 - Corte histológico do músculo reto superior do olho direito do coelho

23...112

Figura 38 - Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

(18)

Figura 39 - Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

25...113

Figura 40 - Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

25...113

Figura 41 - Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

25...114

Figura 42 - Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

25...114

Figura 43 - Corte histológico de área do músculo reto superior do olho direito do coelho

25...115

Figura 44 - Corte histológico do músculo reto superior do olho esquerdo do coelho

25...115

Figura 45- Esquema dos estágios de regeneração da reparação

muscular...86

(19)

Lista de tabelas

Tabela 1- Núcleos corados e total de núcleos em cada grupo (botox e controle)...100  

Tabela 2- Núcleos corados e total de núcleos em cada grupo (crotoxina e controle)...100

Tabela 3-Percentuais de núcleos corados pelo Myo D e PCNA nos grupos controle, botox e crotoxina...63

Tabela 4- Percentuais de núcleos corados pelo Myo D e PCNA nos grupos botox e

crotoxina...66

Tabela 5- Percentuais de núcleos corados pelo Myo D e pelo PCNA nos grupos de acordo com as doses...67

Tabela 6- Percentuais de núcleos corados pelo Myo D e pelo PCNA nos grupos de acordo com os volumes...71

(20)

Lista de quadros

Quadro 1- Ações dos músculos oculomotores a partir da posição primária do olhar...7

Quadro 2- Distribuição dos coelhos em grupos...43

Quadro 3- Toxina botulínica aplicada no músculo reto superior do olho direito dos coelhos 1 a 14...45

Quadro 4- Crotoxina aplicada no músculo reto superior do olho direito dos coelhos 15 a 29...46

Quadro 5- Relação dos dias em que foram realizadas as eutanásias dos coelhos, coelhos sacrificados e número de olhos enucleados...47

Quadro 6- Ocorrência de ptose palpebral no olho direito dos coelhos após a aplicação de toxina botulínica e de crotoxina...59

Quadro 7- Alterações histológicas de cada músculo reto superior em que foram aplicados Botox® 10 U e solução salina em igual volume...80

Quadro 8- Alterações histológicas de cada músculo reto superior em que foram aplicados Botox® 5 U e solução salina em igual volume...80

Quadro 9- Alterações histológicas de cada músculo reto superior em que foram aplicados Botox® 2,5 U e solução salina em igual volume...81

(21)

Quadro 11- Alterações histológicas de cada músculo reto superior em que foram aplicadas crotoxina 5 U e solução salina em igual volume...82

(22)

Diagrama

Diagrama 1-Representação gráfica das variáveis do presente estudo...56

(23)

Lista de gráficos

Gráfico 1- Representação em box-plot dos percentuais de núcleos de CS ativados e marcados pelo Myo D...64

Gráfico 2- Representação em box-plot dos percentuais de núcleos de CS ativados e marcados pelo PCNA...65

Gráfico 3-Diagrama de dispersão representando a correlação entre a dose (U) e o percentual de núcleos ativados marcados pelo Myo D...68

Gráfico 4- Diagrama de dispersão representando a correlação entre a dose (U) e o percentual de núcleos ativados marcados pelo PCNA...69

Gráfico 5- Diagrama de dispersão representando a correlação entre o volume (ml) e o

percentual de núcleos ativados marcados pelo Myo D...72

Gráfico 6-Diagrama de dispersão representando a correlação entre o volume (ml) e o

percentual de núcleos ativados marcados pelo PCNA...73

Gráfico 7- Diagrama de dispersão representando a correlação entre os dias de vida após a aplicação e o percentual de núcleos ativados marcados pelo Myo

D...76

Gráfico 8- Diagrama de dispersão representando a correlação entre os dias de vida após a aplicação e o percentual de núcleos ativados marcados pelo

PCNA...77

(24)

Lista de abreviaturas, siglas e símbolos

ANOVA- análise de variância

Brd U- bromodeoxiuridina

°C- grau Celsius

CETEA- Comitê de Ética em Experimentação Animal

CICS- crotoxin inhibitor from Crotalus serum

COBEA- Colégio Brasileiro de Experimentação Animal

Crtx- crotoxina

CS- células satélites

DAB- diaminobenzidina

DFP- di-isopropil-fluor-fosfato

DL-50- dose letal em 50% dos animais inoculados

EUA- Estados Unidos da América

FDA- Food and Drug Administration

FGF- fibroblast growth factor

FUNED- Fundação Ezequiel Dias

g- grama

GB- grupo botox

GC- grupo controle

GCrtx- grupo crotoxina

H0- hipótese de nulidade

HGF- hepatocyte growth factor

IGF - I- insulin-like growth factor I

(25)

IL-6- interleucina 6

kDa- quilodalton

kg- quilograma

LIF- leukemia inhibitory factor

M- mol

mg- miligrama

MG- Minas Gerais

MIFs- multiply innervated muscle fibers (fibras de contração lenta) ml- mililitro

MOE- músculos oculares extrínsecos

Myo D- myogenic determination gene D

μg- microgramas

nº- número

N-CAM- neural cell adhesion molecule

OD- olho direito

OE- olho esquerdo

p- nível de significância

PBS- phosphate-buffered saline

PCNA- proliferating cell nuclear antigen

pH- potencial de hidrogênio iônico

PR- Paraná

r- coeficiente de correlação

SIFs- singly innervated muscle fibers (fibras de contração rápida) SP- São Paulo

(26)

TGF- - transforming growth factors

U- unidade

UFMG- Universidade Federal de Minas Gerais

UNIPAC- Universidade Presidente Antônio Carlos

%- percentual

®- marca registrada

™- marca comercial

(27)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...1 2 REVISÃO DA LITERATURA...5 2.1 Musculatura ocular externa e células satélites...6 2.1.1 Anatomia dos músculos oculares extrínsecos...6 2.1.1.1 Aspectos macroscópicos...6 2.1.1.2 Organização celular...8 2.1.1.3 Tipos de fibras da musculatura extrínseca ocular...10 2.1.2 Células Satélites...13 2.1.2.1 Identificação das células satélites musculares...15

2.1.2.2 Marcadores para células satélites...15 2.1.2.3 Distribuição e quantificação das células satélites...17

2.1.2.4 Fatores de crescimento como reguladores das células satélites..18 2.1.2.5 Respostas funcionais das células satélites a estímulos

fisiológicos...21 2.1.2.5.1 Estímulo hipertrófico...21 2.1.2.5.2 Estímulo atrófico...22 2.1.2.5.3 Envelhecimento...23 2.1.2.6 Respostas funcionais e estados de doença...23

2.1.2.7 Modelos de regeneração muscular...24 2.1.3 Particularidades da musculatura ocular extrínseca...24

(28)

2.3.2 Estrutura...34

2.3.3 Mecanismo de ação...34 2.3.4 Imunologia da crotoxina...36 2.3.5 Utilização da crotoxina...36

3 OBJETIVOS...38 4 MATERIAIS E MÉTODOS...40 4.1 Estudos anatomopatológico e imunoistoquímico...47 4.2 Metodologia estatística...55 5 RESULTADOS...58 5.1 Análise estatística dos dados...62 5.1.1 Comparação das médias entre os grupos independentemente dos

co-fatores...62 5.1.1.1 Comparação com o grupo controle...62 5.1.1.2 Comparação sem o grupo controle...66 5.1.2 Avaliação da influência dos co-fatores nos grupos...67 5.1.2.1 Comparação entre a dose e a resposta...67 5.1.2.2 Comparação entre o volume e a resposta...70 5.1.2.3 Comparação entre os dias de vida após a aplicação e a resposta.74

(29)
(30)

(31)

1 Introdução

O estrabismo é um desalinhamento dos olhos, freqüentemente associado à hiper ou à

hipofunção de músculos oculares extrínsecos. Quando surge na infância, pode causar

ambliopia e incapacidade visual permanente; quando surge na fase adulta, pode acarretar

diplopia.

O objetivo do tratamento cirúrgico do estrabismo é equilibrar as forças musculares, de

maneira que, na presença de impulsos motores eferentes anormais, o alinhamento binocular

normal possa ser alcançado ou mantido. Normalmente, um ou mais músculos oculares

extrínsecos são fortalecidos ou enfraquecidos, o que altera o comprimento do músculo

(ressecção) ou a inserção do músculo no globo ocular (retrocesso). (1, 2)

Embora eficaz na mudança da posição rotacional do globo ocular, a cirurgia

compromete a dinâmica muscular normal. O arco de contato com o globo ocular, a

elasticidade intrínseca dos músculos envolvidos na cirurgia, a tensão latente no

agonista/antagonista e a contração muscular mudam após a cirurgia. Além disso, tal

procedimento inevitavelmente provoca cicatrizes que podem alterar a função do músculo

ocular extrínseco. Ressecções e retrocessos amplos podem resultar em incomitâncias e,

ocasionalmente, em estrabismos secundários. (1)

Em 1977, Scott começou a utilizar a toxina botulínica do tipo A para a correção do

estrabismo em seres humanos. A toxina foi aprovada para uso clínico na década de 1980 e

tem sido utilizada eficazmente para o enfraquecimento de músculos hiperfuncionantes no

estrabismo de crianças e adultos, o que mostra que a idéia de um tratamento medicamentoso

para o estrabismo é possível. A toxina botulínica gera um enfraquecimento do músculo em

que é aplicada, sem alterar sua inserção e sem causar as cicatrizes e/ou fibroses que um

(32)

Outras toxinas e outras substâncias começam a ser estudadas com o objetivo de se

aprimorar o tratamento do estrabismo.

A crotoxina, principal neurotoxina do veneno da cobra cascavel sul-americana

Crotalus durissus terrificus, atua como bloqueador neuromuscular. Ribeiro (2001) avaliou, em coelhos, a ação e a aplicabilidade da crotoxina na indução da paralisia da musculatura

extrínseca ocular, comparando seus efeitos com os da toxina botulínica do tipo A. (5)

As fibras musculares esqueléticas dos mamíferos adultos não são substituídas nem

remodeladas sem que haja algum processo de crescimento ou trauma. Entretanto, tais

músculos possuem uma população quiescente de células progenitoras, conhecidas como

células satélites. Após um trauma, essas células tornam-se ativas e dividem-se, promovendo,

assim a regeneração do músculo lesado. (6)

As células satélites foram identificadas e descritas pela primeira vez por Mauro, em

1961, como células intimamente associadas à periferia de fibras musculares de rãs. Tal

denominação se deve a sua localização anatômica. (7)

Em 2002, McLoon et al. utilizando marcadores específicos, demonstraram a existência de células satélites ativadas na musculatura extrínseca ocular de mamíferos, incluindo

coelhos, macacos e humanos. (8, 9) McLoon e Wirtschafter (2003) identificaram, em macacos

e humanos adultos, células satélites ativadas em miofibras de músculos extrínsecos oculares

que não haviam sofrido qualquer trauma. (9) Ugalde et al. (2005) estudaram o efeito da paralisia induzida pela toxina botulínica nas fibras musculares remodeladas de músculos

extrínsecos oculares de coelhos. (10) O aumento de células satélites nos músculos retos de

coelhos submetidos à ressecção foi verificado por Christiansen e McLoon, em 2006. (11)

(33)

comparados com os músculos oblíquos inferiores de pacientes sem história de estrabismo.

(12)

A compreensão do efeito dos procedimentos cirúrgicos, assim como da utilização de

toxinas na ativação de células satélites musculares, é útil para o aperfeiçoamento do

tratamento do estrabismo.

Este estudo tem o propósito de verificar comparativamente o efeito da aplicação da

toxina botulínica do tipo A e da crotoxina sobre as células satélites de músculos retos

superiores de coelhos, o que poderá ajudar na investigação da ação dessas toxinas e na

(34)
(35)

2 Revisão da literatura

2.1 Musculatura ocular externa e células satélites

2.1.1 Anatomia dos músculos oculares extrínsecos

2.1.1.1 Aspectos macroscópicos

Os músculos oculares extrínsecos (MOE) exercem uma função importante para a

visão, promovendo não só um ajuste estático para o alinhamento binocular, necessário para se

obter a fusão e a estereopsia, como também movimentos dinâmicos precisos, importantes para

adquirir e manter a visão foveal, independentemente da movimentação da cabeça e do corpo.

(2)

Os MOE e suas ações a partir da posição primária do olhar estão resumidos no

QUADRO 1. (2)

Os quatro músculos retos originam-se de um anel tendinoso, o anel de Zinn, que

envolve o forame óptico e uma porção da fissura orbital superior, circundando o nervo óptico.

(2, 13) Eles inserem-se na esclera, perto do limbo, a distâncias crescentes em relação a este,

partindo do reto medial (RM) em direção horária e formando uma espiral imaginária chamada

espiral de Tillaux.

O músculo oblíquo superior também se origina do anel de Zinn, no ápice da órbita.

Entretanto, sua origem funcional é a tróclea, situada na porção súpero-medial, próxima à

borda orbitária. Nos humanos, o músculo é tendinoso após passar por esse anel

(36)

temporal súpero-posterior do globo ocular. O músculo oblíquo inferior origina-se da parede

medial da órbita e insere-se no quadrante temporal ínfero-posterior do globo ocular. (2, 13)

QUADRO 1

Ações dos músculos oculomotores a partir da posição primária do olhar

O III nervo craniano (nervo oculomotor) inerva os músculos reto medial, reto

superior, reto inferior e oblíquo inferior. O IV nervo craniano (nervo troclear) inerva o

oblíquo superior. O VI nervo craniano (nervo abducente), inerva o reto lateral. (2, 13)

As artérias musculares provêm dos ramos musculares medial e lateral da artéria

oftálmica e dirigem-se anteriormente, pelos corpos dos músculos retos. A partir das inserções

dos músculos retos, percorrem um curto trajeto pela episclera e, denominando artérias ciliares

anteriores, perfuram a esclera e passam a constituir importantes vias de irrigação para o

segmento anterior do olho. Cada músculo reto possui duas artérias musculares, exceto o reto

lateral, que possui apenas uma. (2)

Músculo Ação primária Ação secundária

Reto medial Adução ---

Reto lateral Abdução ---

Reto superior Elevação Adução, inciclodução

Reto inferior Depressão Adução, exciclodução

Oblíquo superior Inciclodução Depressão, abdução

(37)

2.1.1.2 Organização celular

Embora a musculatura ocular extrínseca difira em vários aspectos da musculatura

esquelética típica, algumas características são comuns. (13)

O músculo é envolvido por uma membrana de tecido conjuntivo chamada

epimísio. Do epimísio, partem septos muito finos de tecido conjuntivo, que se dirigem para o

interior do músculo, dividindo-o em fascículos. Esses septos são denominados perimísios.

Cada fibra muscular, por sua vez, é envolvida por uma camada muito fina de fibras

reticulares, formando o endomísio. (13)

A fibra muscular é delimitada por uma membrana, o sarcolema. O seu citoplasma

(sarcoplasma) é preenchido principalmente por fibrilas paralelas, as miofibrilas, que

correspondem ao tecido contrátil. (FIGURA 1) (13, 14)

As miofibrilas possuem estriações que alternam zonas claras (bandas I) e escuras

(bandas A). No centro de cada banda I, aparece uma linha transversal escura – a linha Z. A

banda A apresenta uma zona mais clara no centro – a banda H, que possui uma linha escura

central, chamada banda M. (13, 14)

A unidade contrátil da miofibrila chama-se sarcômero e localiza-se entre duas

linhas Z sucessivas. Quando estimulado, o sarcômero contrai-se pela aproximação das bandas

(38)

FIGURA 1: Desenho esquemático ilustrando a organização do músculo estriado esquelético. À direita, esboço de um músculo do qual foi retirado um segmento, representado na figura maior, à esquerda.

Fonte: Junqueira LC, Carneiro J. Histologia básica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1982.

FIGURA 2: Diagrama ilustrando a estrutura e a posição dos filamentos finos e grossos do sarcômero.

(39)

As miofibrilas do músculo estriado contêm pelo menos quatro proteínas principais:

miosina, actina, tropomiosina e troponina. Os filamentos grossos são formados de miosina, e

as outras três proteínas são encontradas nos filamentos finos. (14)

A miosina e a actina, juntas, representam 55% do total de proteínas do músculo

estriado. (14)

A força contrátil de um músculo é gerada pela interação da miosina e da actina. As

bandas I (regiões claras) são compostas de filamentos finos (actina); as bandas A (escuras)

são compostas de filamentos espessos (miosina) e de filamentos finos (actina) interpostos. A

banda H apresenta apenas filamentos espessos. (13, 14)

A contração muscular é estimulada por impulsos nervosos que levam à liberação

de cálcio do retículo sarcoplasmático, gerando mudanças nas interações entre as pontes de

ligação formadas entre a porção globular da molécula de miosina e a molécula de actina. Isso

resulta no deslizamento dos filamentos finos sobre os espessos. A banda A permanece com o

mesmo tamanho, e as bandas I e Z diminuem de tamanho quando ocorre contração. (14)

2.1.1.3 Tipos de fibra da musculatura extrínseca ocular

As miofibras da musculatura ocular externa são derivadas do mesoderma,

enquanto o tecido conectivo adjacente e a musculatura lisa da órbita são derivados da crista

neural. (2, 15, 16)

A miogênese dos músculos estriados oculares ocorre em duas fases: primária e

secundária. (2, 15)

Cedo, na primeira etapa da miogênese, na 11ª semana de gestação, os tecidos

(40)

associações com as condensações de mioblastos que irão formar os MOE. Os tecidos

conectivos perioculares desenvolvem-se posteriormente, por volta da segunda etapa da

miogênese. O desenvolvimento dos MOE induz a inervação pelos nervos cranianos

correspondentes. (2)

A musculatura ocular externa é classicamente dividida em duas camadas distintas.

(FIGURA 3) A camada orbital periférica estende-se ao longo da superfície muscular,

faceando a parede da órbita. Essa camada circunda outra, a camada global, próxima ao globo

ocular. (13, 16, 17, 18, 19) Uma zona intermediária entre as camadas orbital e global tem sido

descrita. (2)

FIGURA 3: Estrutura dos tecidos conectivos orbitários e suas relações com as camadas de fibras musculares. IO: oblíquo inferior; IR: reto inferior; LPS: elevador da pálpebra superior; LR: reto lateral; MR: reto medial; SO: oblíquo superior; SR: reto superior.

(41)

A camada orbital contém fibras de diâmetro menor, com numerosas mitocôndrias

e abundantes vasos. A camada global contém fibras de diâmetro maior, com variável

conteúdo mitocondrial e poucos vasos. (16)

A camada global existe por toda a extensão de cada músculo reto, desde a origem,

no ápice da órbita, até a continuidade com o tendão, que se insere no globo. (2) A porção

média do músculo (correspondente à região entre a terminação anterior das miofibras no

tendão e sua origem posterior no ápice da órbita) contém de 8 280 a 16 374 fibras, com

variação discreta entre os quatro músculos retos. (17)

Na porção média da camada orbital, o número de fibras varia amplamente de

acordo com o músculo reto considerado, sendo maior no músculo reto medial (de 7 845 a 14

991 fibras) e menor no músculo reto superior (de 5 119 a 9 367 fibras). (2, 17)

As fibras da camada orbital não são contíguas com as inserções esclerais, pois se

inserem nas polias dos respectivos músculos. (19)

Estudos anatômicos recentes confirmaram que cada músculo reto passa através de

uma polia, que consiste em um anel (ou uma bainha) de colágeno, localizado próximo ao

equador do globo ocular, na fáscia de Tenon. (18)

No mínimo seis tipos diferentes de fibras musculares foram identificados nos

músculos oculares. Esses tipos podem ser divididos em duas categorias principais: fibras

musculares de contração lenta e fibras musculares de contração rápida. (20) Pela classificação

de Siebeck e Krüger (1955), as fibras de contração lenta são aquelas com inervação múltipla

(multiply innervated muscle fibers - MIFs) e são chamadas de “Felderstruktur”; as fibras de contração rápida são inervadas por terminações nervosas simples (singly innervated muscle fibers - SIFs) e denominadas de “Fibrillenstruktur”. (13, 20, 21)

As fibras de contração rápida (SIFs) são o tipo de fibra muscular que constitui

(42)

apresentam contração total, que se propaga ao longo de toda fibra. São inervadas por nervos

relativamente grandes (de 7 a 11 μm), que terminam como uma grande placa motora no terço

central do músculo. (20)

As fibras de contração lenta (MIFs) são incomuns em mamíferos, ocorrendo

apenas em músculos oculares, na laringe e em músculos do ouvido médio. Entretanto, são

comuns em músculos de anfíbios. Elas são resistentes à fadiga e respondem ao estímulo

elétrico com uma contração tônica lenta que se propaga ao longo da fibra muscular. São

inervadas por fibra nervosa mielinizada, usualmente de calibre fino (de 3 a 5 μm). As placas

motoras são tipicamente pequenas e estão distribuídas ao longo de toda a fibra, mas têm uma

concentração maior na metade distal do músculo. (13, 20)

A camada orbital dos MOE contém dois tipos de fibras musculares.

Aproximadamente 80% das fibras são de contração rápida e 20% são de contração lenta. (2,

13)

A camada global possui um tipo de fibra de contração lenta e três tipos de fibra de

contração rápida. (2)

2.1.2 Células satélites

Em 1961, Mauro identificou e descreveu pela primeira vez células intimamente

relacionadas com a fibra muscular esquelética de rãs. Denominou-as de células satélites (CS)

devido à localização anatômica – periferia da fibra muscular. (FIGURA 4)(7)

Os músculos esqueléticos de mamíferos adultos apresentam uma notável

capacidade de adaptação a exigências como crescimento, remodelação e trauma. Os

processos pelos quais essas adaptações ocorrem são largamente atribuídos à pequena

(43)

CS quiescentes distinguem-se fisicamente das fibras musculares adultas por

localizarem-se nas identações entre o sarcolema e a lâmina basal. Fibras musculares

esqueléticas são terminalmente diferenciadas, de modo que o crescimento muscular e a

regeneração são realizados pelas CS. (6, 22)

FIGURA 4: Desenho esquemático de uma célula satélite quiescente

envolta pelalâmina basal e pelo sarcolema da miofibra justaposta.

Fonte: adaptado de Vierk J, O’Reilly B, Hossner K, Antonio J, Byrne K, Bucci L, et al. Satellite cell regulation following myotrauma caused by resistance exercise. Cell Biol Int 2000; 24: 263-72.

Enquanto o tecido muscular esquelético encontra-se livre de agressões, as CS

permanecem em um estado não proliferativo, quiescente. Entretanto, em resposta a

estímulos como trauma, as CS tornam-se ativas, proliferam-se e expressam marcadores

miogênicos, sendo então denominadas mioblastos. Essas células fundem-se a fibras

musculares pré-existentes ou a CS vizinhas para formar novas fibras musculares. (6, 22,

(44)

2.1.2.1 Identificação das células satélites musculares

Tais células constituem uma população de células miogênicas mononucleadas

e indiferenciadas. São encontradas nos músculos esqueléticos de mamíferos, aves, répteis

e anfíbios. (24)

Uma característica importante das CS é que a lâmina basal que as circunda e a

fibra muscular associada são contínuas. Outras características das CS são: alta relação

núcleo/citoplasma com poucas organelas; núcleo menor em comparação com os núcleos

adjacentes da fibra muscular; e aumento na quantidade de heterocromatina nuclear,

comparada à do mionúcleo. (6, 22, 23, 24)

Essas características morfológicas são compatíveis com a idéia de que, em

condições normais, as CS são relativamente quiescentes e menos ativas, mas desaparecem

após a ativação ou a proliferação das CS em resposta ao crescimento, à remodelação ou ao

trauma muscular. (6, 22, 23, 24)

Após a ativação, as CS são mais facilmente identificadas, pois aparecem como

um edema na fibra muscular devido ao aumento na relação citoplasma/núcleo. Em

associação com o aumento da atividade mitótica, existe uma redução na heterocromatina e

um aumento no número de organelas intranucleares. (6, 23, 24)

2.1.2.2 Marcadores para células satélites

O método mais fidedigno para identificar as CS é a microscopia eletrônica.

Porém esse método não é muito acessível. (25)Conseqüentemente, grande interesse foi

dado a bons anticorpos para a identificação de proteínas específicas nas CS quiescentes e

(45)

O perfil de expressão gênica das CS quiescentes ou ativadas ainda é pouco

conhecido. (6, 27)

Através da identificação de marcadores de CS, pesquisadores estarão aptos a

lidar com a origem das CS, com o controle do ciclo celular e com a regulação molecular

dessa população única de células durante o crescimento e a regeneração. (6)

Diversos marcadores de CS foram identificados, mas são restritos para os

estados quiescente, ativado ou proliferativo. (6, 23, 24, 27)

Alguns marcadores já bem estabelecidos são:

a) Myo D (Myogenic determination gene D)

É um fator de transcrição descoberto em 1987, pertencente à família de

proteínas basic helix-loop-helix, à qual também pertencem outras proteínas, como o Myf 5, a miogenina e o MRF 4. Tais proteínas controlam a diferenciação de células da

linhagem miogênica. (23)

CS Myo D negativas apresentam capacidade de diferenciação reduzida e

retardada. (28)

O Myo D é um excelente marcador para CS ativadas. (28) É encontrado em

elevados níveis no músculo em regeneração e em recém-nascidos. Sua função na

musculatura esquelética após o nascimento de mamíferos ainda não é clara. Doze horas

após o trauma muscular, pode-se detectar a presença de Myo D e de outras proteínas

relacionadas à diferenciação de células da linhagem miogênica, como desmina e

miogenina. Em relação às fases do ciclo celular, o Myo D apresenta-se em altos níveis

(46)

baixos na transição G1/S e aumenta novamente no transcorrer da fase S para a mitose

propriamente dita. (23, 27, 29)

b) PCNA (Proliferating cell nuclear antigen)

É uma proteína cuja síntese ocorre no início das fases G1 e S do ciclo celular.

Mesmo sendo inespecífica, é um excelente marcador para CS em proliferação. (23)

2.1.2.3 Distribuição e quantificação das células satélites

A quantificação da população de CS na musculatura esquelética de adultos

tornou-se possível graças à utilização de técnicas ultraestruturais. Recentemente, técnicas

imunoistoquímicas foram utilizadas para identificação de CS. (6)

A expressão de Myo D ocorre precocemente durante a ativação de CS

(aproximadamente seis horas após o trauma muscular). (6)

Vários marcadores não seletivos para proliferação celular têm sido utilizados

também para caracterizar a proliferação de CS. Esses marcadores incluem antígeno

nuclear de células proliferativas, bromodeoxiuridina (Bdr U) e [³H] timidina. (6)

O número de CS depende da espécie animal, da idade e do tipo de fibra

muscular. (6, 23, 24, 31, 32, 33, 34, 35)

Em ratos, as CS constituem aproximadamente 30% dos núcleos no músculo de

neonatos. Decrescem para cerca de 4% nos adultos e para 2% nos idosos. (6, 23, 24, 31,

32, 35)

A diminuição da porcentagem de CS com a idade é resultado de um aumento

(47)

A distribuição de CS entre os grupos de músculos é resultado da

heterogeneidade no conteúdo de CS nos diferentes tipos de fibras musculares. Há um

aumento no número de CS nas proximidades de capilares, nos mionúcleos e nas junções

mioneurais. (6, 23, 33)

2.1.2.4 Fatores de crescimento como reguladores das células satélites

O processo de regeneração muscular requer a influência de fatores de

crescimento e uma seqüência de eventos celulares que resulta na regulação da população

de CS. (6, 24)

Muitos dos estudos que analisaram o efeito dos fatores de crescimento na

biologia das CS têm utilizado cultura de CS. Esses estudos têm definido o efeito de

fatores de crescimento isolados ou combinados e têm proporcionado um discernimento

preciso sobre a regulação de CS. (6)

Os estudos in vitro são limitados devido à carência de fatores permissivos ou repressivos que estão presentes in vivo e que podem influenciar a atividade celular. (6, 23)

A maioria das culturas de CS é feita na musculatura esquelética neonatal

devido à abundância delas nesses tecidos em comparação com indivíduos mais idosos. (6)

Fatores de crescimento que são importantes na regulação da proliferação,

(48)

a) Fatores de crescimento semelhantes à insulina

Músculos esqueléticos secretam fatores de crescimento semelhantes à insulina

(IGF – insulin-like growth factor) I e II (IGF-I e IGF-II). Tais fatores são importantes na regulação do metabolismo da insulina. Também são importantes na regulação da

regeneração da musculatura esquelética. Tanto o IGF-I quanto o IGF-II aumentam a

proliferação e a diferenciação de CS in vitro. (6)

b) Fator de crescimento do hepatócito

O fator de crescimento do hepatócito (HGF – hepatocyte growth factor) é uma citoquina multifuncional, inicialmente descrita como um mitógeno para hepatócitos

maduros. (6)

Atualmente, o HGF é considerado um dos fatores de crescimento mais

importantes no que diz respeito à regeneração orgânica devido às suas propriedades

mitogênica e motogênica. (24)

O HGF é a chave reguladora da atividade das CS durante a regeneração

muscular. (24)

O HGF e seu receptor c-Met têm sido localizados nas CS e miofibras

adjacentes, mas estão ausentes nos fibroblastos adjacentes. (6)

A expressão do HGF é proporcional ao grau de lesão muscular. (2) O

estiramento mecânico induz a ativação das CS em cultura, com liberação de HGF. Assim,

(49)

c) Fatores de crescimento de fibroblastos

O fator de crescimento de fibroblastos (FGF – fibroblast growth factor) tem nove isoformas diferentes (FGF-1 a FGF-9). A isoforma FGF-6 é restrita para músculos

esqueléticos. (37)

Os FGFs estimulam a síntese de tecido conjuntivo, induzem a proliferação de

CS e suprimem a diferenciação miogênica. (23)

Os níveis dos FGFs são proporcionais ao grau de expressão dos seus

receptores. Quando ocorre um aumento na expressão dos receptores para o FGF, há

aumento na proliferação e redução na diferenciação de CS. (23)

d) Fatores de crescimento de transformação

Fatores de crescimento de transformação (TGF-β - transforming growth factors) são importantes citoquinas que regulam o crescimento celular. (6, 24)

Geralmente, a função dos membros da família dos TGF-β é a inibição da

proliferação e da diferenciação musculares através da inibição da transcrição de genes da

família Myo D. (6)

e) Citoquinas interleucina-6

O fator inibidor de leucemia (LIF – leukemia inhibitory factor) e a interleucina-6 (IL-6) são membros da família de citoquinas IL-6 produzidas por diferentes

(50)

A regeneração de músculo esquelético é atenuada após lesão no LIF de

camundongo mutante. A administração exógena de LIF aumenta o processo de

regeneração e produz aumento de miofibras. (6, 24, 38)

A IL-6 promove a degradação de tecido necrótico, sincroniza o ciclo de CS e

induz a apoptose de macrófagos após trauma muscular. (6, 30)

Diferente do LIF, a expressão de IL-6 em músculo lesado não aumenta a

proliferação de CS. Coletivamente, essa família de fatores de crescimento parece ter a

função integral na regeneração da musculatura esquelética. (6)

Muitos outros fatores podem estar envolvidos na regulação de CS de músculo

esquelético adulto, como, por exemplo, óxido nítrico e testosterona. (6)

2.1.2.5 Respostas funcionais das células satélites a estímulos fisiológicos

2.1.2.5.1 Estímulo hipertrófico

Exercícios de resistência e de carga induzem à hipertrofia muscular, tanto em

humanos como em modelos animais. (6) A hipertrofia muscular ocorre através de um

processo de ativação, proliferação e quimiotaxia de CS, além da fusão dessas células a

miofibras já existentes, para contribuir com o crescimento muscular. (39)

A capacidade migratória (quimiotaxia) das CS depende da integridade da lâmina

basal. Após a ruptura ou interrupção na lâmina basal ocasionada por miotrauma, CS podem

migrar para as miofibras adjacentes, utilizando pontes de tecidos. (40) Em resposta a

miotrauma em que não ocorra ruptura da lâmina basal, CS migram da porção proximal intacta

da miofibra, por baixo da lâmina basal, para o local do trauma, com a finalidade de participar

(51)

Miotrauma induzido por exercícios provoca uma resposta imunológica, resultando

no fluxo de macrófagos para a região lesada. Após a fase aguda, a infiltração de macrófagos

chega ao máximo em quarenta e oito horas. Inicialmente, acreditava-se que a função desses

macrófagos era limitada à fagocitose e à digestão de fibras musculares necrosadas. Entretanto,

novas funções dos macrófagos, durante o estágio inicial do reparo muscular, foram descritas.

Os macrófagos são essenciais na orquestração do processo de reparo muscular, pois secretam

uma coleção de fatores citoquímicos que regulam o número de CS. (41, 42, 43)

Não há regeneração muscular na ausência de uma resposta dos macrófagos, mas,

na presença dessa resposta, ocorre aumento na proliferação e na diferenciação de CS. (44)

Na resposta a exercícios de resistência, o miotrauma resulta na liberação de fatores

de crescimento que irão, em parte, regular a população de CS durante a regeneração. (42)

Embora ainda existam dúvidas sobre a função das CS na remodelação muscular, a

conseqüência fisiológica primária da resposta hipertrófica é produzir um músculo com

capacidade para gerar força máxima. (6)

2.1.2.5.2 Estímulo atrófico

A atrofia de um músculo esquelético resulta na redução do número de núcleos da

miofibra e pode ser induzida por diversos fatores, como denervação, imobilização e nutrição

deficiente. (45)

Em experiências com ratos pré-púberes, a imobilização de um músculo levou à

diminuição do número e da capacidade proliferativa de CS, o que alterou irreversivelmente a

remodelação muscular. Isso não ocorreu em animais adultos, nos quais as CS proliferaram e

(52)

Após a denervação, há um aumento de CS na fase aguda; posteriormente, na fase

crônica, ocorre um decréscimo dessas células. (47)

2.1.2.5.3 Envelhecimento

O aumento da idade está associado à diminuição da capacidade de proliferação e

de diferenciação das CS. (6, 23, 48)

2.1.2.6 Respostas funcionais a estados de doença

A maioria das miopatias apresenta uma mutação molecular que afeta as proteínas

musculares, acarretando alterações estruturais no músculo esquelético. (6, 23)

A distrofia muscular de Duchenne é a mais comum e a mais devastadora das

distrofias musculares. (6, 23, 49) A progressão da doença e a morte ocorrem porque as CS

falham em manter a regeneração muscular. (6) É uma doença recessiva ligada ao cromossoma

X, que resulta em mutação em um gene relacionado a uma proteína do citoesqueleto da fibra

muscular. A ausência dessa proteína no citoesqueleto torna a fibra muscular extremamente

frágil. O estresse mecânico associado a contrações repetidas leva a uma degeneração difusa.

As CS respondem a essa lesão repovoando o músculo esquelético com miofibras defeituosas,

com falta de distrofina. Tal processo resulta em ciclos contínuos de degeneração-regeneração,

culminando com a exaustão das CS. (6, 23, 50, 51)

Renault et al. demonstraram que a sobrevida das CS provenientes de um paciente de nove anos com distrofia muscular de Duchenne era de aproximadamente um terço da

(53)

2.1.2.7 Modelos de regeneração muscular

Uma estratégia para o estudo da ativação, da proliferação e da regeneração de CS

é produzir experimentalmente uma lesão muscular controlada. Estratégias incluindo

compressão, congelamento e lesão química induzida foram utilizadas com sucesso para o

estudo biológico das CS. (6, 38)

Um dos modelos mais estudados consiste na injeção da cardiotoxina (purificada

do veneno da cobra Naja nigricollis) no músculo gastrocnêmico, levando a uma degeneração de cerca de 80% a 90% das fibras musculares. Seis horas após a lesão, as CS tornam-se ativas

e proliferam durante dois a três dias. A arquitetura do músculo lesado regenera-se após dez

dias. (6, 23)

2.1.3

Particularidades da musculatura ocular extrínseca

A presença de um grande número de isoformas da cadeia pesada da miosina (uma

das proteínas responsáveis pela contração muscular) representa uma das características que

tornam a musculatura ocular extrínseca distinta dos outros músculos esqueléticos. As

isoformas rápida e lenta, a específica para a musculatura cardíaca e as isoformas encontradas

no período de desenvolvimento e no período neonatal estão presentes na musculatura ocular

extrínseca. Existe também uma co-expressão de mais de um tipo de isoforma em uma mesma

fibra. (52, 53, 54)

Outra característica das fibras musculares da musculatura ocular extrínseca é a

(54)

em fibras musculares em desenvolvimento ou em regeneração; ela é ausente em fibras

musculares esqueléticas adultas. (55, 56)

Fibras musculares esqueléticas normais de mamíferos adultos não são substituídas

nem remodeladas, a menos que sofram algum trauma. Após o trauma, as CS tornam-se ativas

e dividem-se, resultando na regeneração do músculo lesado. Os músculos em regeneração

expressam um número de fatores de crescimento miogênico e isoformas de cadeia pesada de

miosina imatura que permanecem metabolicamente ativas na musculatura ocular extrínseca

adulta lesada. (9,57)

McLoon e Wirtschafter demonstraram, em 2002, que existe uma adição contínua

de mionúcleos a miofibras normais, não lesadas, na musculatura ocular extrínseca de coelhos

e ratos adultos. (8, 57) Em 2003, os mesmos autores descreveram a presença de CS ativadas

nos MOE de macacos e humanos adultos normais. (9)

Novos estudos sobre o papel das CS na musculatura ocular extrínseca são

necessários para aumentar os conhecimentos e a capacidade de tratar desordens musculares

(55)

2.2 Revisão da toxina botulínica do tipo A

2.2.1 Introdução

O fisiologista Claude Bernard, em 1875, escreveu que “venenos podem ser

empregados com o objetivo de destruir a vida ou como agentes terapêuticos na doença”.

Diversas substâncias tóxicas de origem animal e vegetal foram usadas na prática médica

durante sua época. Atualmente, uma grande variedade de substâncias venenosas de plantas,

animais e microrganismos é utilizada em estudos de fisiologia animal, e algumas já são

aplicadas medicinalmente em humanos. (59, 60)

A primeira descrição dos sintomas do botulismo foi publicada entre os anos de

1817 e 1822, pelo médico e poeta alemão Justinus Kerner (1786-1862). Kerner descreveu

clinicamente o botulismo: os sintomas, a duração dos sintomas e os achados clínicos (o

desaparecimento da secreção lacrimal, as pupilas dilatadas, a paralisia dos músculos oculares

extrínsecos, a supressão da secreção salivar, o ressecamento da pele, a paralisia dos músculos

esqueléticos e a preservação da cognição). Finalmente, Kerner sugeriu o uso terapêutico da

toxina causadora do botulismo para bloquear movimentos anormais, como na coréia, e o uso

em desordens como hipersecreção. (61, 62, 63)

Em 1895, a bactéria Bacilinum (posteriormente denominada Clostridium botulinum) foi identificada por E. P. van Ermengem, professor de bacteriologia da Universidade de Gante, na Bélgica. Na década de 1920, a toxina botulínica do tipo A foi

isolada na forma purificada pelo Dr. H. Sommer, da Universidade da Califórnia, São

Francisco. Em 1946, a toxina foi isolada na forma cristalina por Edward J. Schantz, ph.D. da

Universidade de Wisconsin-Madison. Na década de 1950, o Dr. Vernon Brooks provou que a

(56)

provocando um relaxamento dos músculos. Na década de 1960-1970, o processo de

purificação da toxina botulínica do tipo A foi aprimorado. (64)

A idéia de injetar um agente farmacológico nos músculos extrínsecos oculares

para produzir uma paralisia temporária foi de Conrad Behrens. Ele injetou álcool, método que

se demonstrou ineficaz. Em 1973, Alan Scott e colaboradores experimentaram várias drogas

como o di-isopropil-fluor-fosfato (DFP), a neurotoxina bungaro (toxina do veneno da cobra

Bungarus multicinactus), o álcool e a toxina botulínica tipo A – na tentativa de paralisar os músculos extrínsecos oculares de macacos Rhesus. (3, 4, 65, 66)

A intoxicação alimentar, ou seja, o botulismo, provoca sintomas oculares como

visão embaçada e diplopia, pois paralisa os músculos oculares intrínsecos e extrínsecos. Daí a

idéia de se utilizar a toxina botulínica para provocar o enfraquecimento transitório de

músculos oculares e mudanças permanentes no alinhamento ocular, sem efeitos colaterais

severos. (3)

Scott iniciou a utilização da toxina botulínica do tipo A em seres humanos em

1977. Seus relatos preliminares haviam demonstrado que a toxina poderia ser utilizada como

alternativa à cirurgia tradicional de estrabismo. (3, 66)

Posteriormente, a toxina botulínica foi considerada eficaz para o tratamento de

outras patologias, como blefaroespasmo, espasmo hemifacial, mioquimias, entrópio da

pálpebra inferior, oftalmopatia de Graves, nistagmo, úlcera corneana e regeneração aberrante

do sétimo nervo. (65)

Em 1982, a toxina passou a ser utilizada, ainda experimentalmente, por vários

pesquisadores nos Estados Unidos e em outros países, sob a orientação de Scott. Foram

tratados 5 725 pacientes com estrabismo, 9 983 pacientes com blefaroespasmo e 3 571

(57)

Em 29 de dezembro de 1989, o FDA (Food and Drug Administration) liberou a toxina botulínica para o tratamento do estrabismo, do espasmo hemifacial e do

blefaroespasmo, em pacientes acima de 12 anos de idade. (60, 65)

2.2.2 Farmacologia

As toxinas do Clostridium botulinum (bactéria anaeróbica, Gram positivo) são potentes neurotoxinas. São classificadas em oito sorotipos (A, B, C1, C2, D, E, F e G),

baseados nas propriedades imunológicas. Os tipos A, B e E são comumente associados à

intoxicação humana. O tipo A foi o primeiro a ser obtido na forma cristalizada, altamente

purificada e estável. (3, 60, 65, 66, 67)

A forma cristalizada do tipo A é uma proteína de alto peso molecular (cerca de 900

kDa [quilodaltons]) e consiste em duas subunidades que se dissociam em solução. Cada

subunidade (450 kDa) consiste de três cadeias peptídicas de peso molecular semelhante (150

kDa). Uma das cadeias é tóxica, enquanto as outras duas não têm toxidade. A cadeia peptídica

tóxica consiste de uma unidade pesada (100 kDa) e de uma leve (50 kDa). (65, 66, 67)

2.2.3 Mecanismo de ação

A ação da toxina botulínica do tipo A ocorre na terminação nervosa e é processada

em três etapas: acoplamento, internalização e paralisia. A toxina, quando injetada, é rápida e

firmemente acoplada aos receptores das fibras colinérgicas. O acoplamento ocorre através da

porção pesada da cadeia peptídica tóxica. A penetração da toxina através da membrana até o

(58)

causada pela inibição da liberação da acetilcolina. A toxina ocupa os sítios que seriam

ocupados pelo cálcio e, desse modo, previne a exocitose da acetilcolina, que é

cálcio-dependente. (65, 68, 69)

O efeito parético da toxina botulínica é dose-dependente, e o efeito máximo ocorre

de cinco a sete dias após a injeção. (70)

Histopatologicamente, o músculo denervado mostra atrofia muscular e um grau

leve de mudanças desmielinizantes na terminação nervosa, com subseqüente regeneração. O

tempo é de seis a nove meses para que se recupere totalmente dos efeitos da toxina. (3, 70, 71)

Os experimentos de Scott com macacos Reshus indicaram que:

1- a toxina botulínica produziu um enfraquecimento transitório dos músculos

oculares extrínsecos e mudanças permanentes no alinhamento ocular, sem efeitos colaterais

severos;

2- o início e a duração da denervação foram dose-dependentes;

3- o efeito da toxina foi reduzido pela injeção de antitoxina no músculo tratado (se

a injeção fosse aplicada de 0 minuto a 30 minutos após a primeira injeção);

4- injeções repetidas de toxina não foram reconhecidas pelo sistema imune;

5- os efeitos tóxicos locais foram evitados por imunização prévia com toxóide. (3,

70)

2.2.4 Preparações comerciais

A toxina botulínica do tipo A é comercializada com o nome de Botox® 100 U

(Allergan Herbert, Irvine, Califórnia), Dysport® 500 U (Speywood Group Beautour-Ipsen) e

Imagem

FIGURA 2: Diagrama ilustrando a estrutura e a posição dos filamentos finos  e grossos do sarcômero
FIGURA 3: Estrutura dos tecidos conectivos orbitários e suas relações com as  camadas de fibras musculares
FIGURA 5: Modelo computacional da estrutura da crotoxina. N p , C p :
FIGURA 9 - Lâmina preparada para análise imunoistoquímica. À esquerda,  identificação que foi recoberta durante toda a contagem no microscópio
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Referências

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 bastante
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 a


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