• Nenhum resultado encontrado

A formação profissional dos oficiais da primeira turma do curso de bacharelado em segurança pública e do cidadão (2002/2005) no estado do Amazonas: estudo de caso

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "A formação profissional dos oficiais da primeira turma do curso de bacharelado em segurança pública e do cidadão (2002/2005) no estado do Amazonas: estudo de caso"

Copied!
154
0
0

Texto

(1)

F U N D A Ç Ã O GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS

CURSO DE MESTRADO

RIO DE JANEIRO

(2)

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

VERSÃO PRELIMINAR DA DISSERTAÇÃO DE

MESTRADO APRESENTADA POR

MARCIO RYS MEIRELLES DE MIRANDA

A formação profissional dos Oficiais da primeira Turma do Curso de Bacharelado em Segurança Pública e do Cidadão (2002/2005) no Estado do Amazonas.

PROFESSOR ORIENTADOR ACADÊMICO

Dr. VICENTE RICCIO

VERSÃO PRELIMINAR ACEITA DE ACORDO COM O PROJETO APROVADO

____________________________________________________

PROFESSOR ORIENTADOR ACADÊMICO

(3)

AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar comigo em todas as travessias.

Aos meus pais, meu respeito e gratidão.

A minha amiga e avó Maria Garcia Meirelles, um exemplo de vida.

Ao professor Randolpho de Souza Bittencourt, Diretor da Escola Superior de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Amazonas, que nas conversas orienta e incentiva a enfrentar os desafios. Obrigado “Comandante”, é uma honra fazer parte da sua equipe de trabalho.

Ao dileto amigo Ozafran Lima de Oliveira, pertencente ao Quadro de Praças da Polícia Militar, servidor exemplar nas suas atribuições, executadas com disciplina e dedicação. Participou na execução da primeira Turma do Curso, na qualidade Secretário da Coordenação Didático-pedagógica; e hoje, honra-nos em participar da segunda Turma do Curso, exercendo a mesma função. É um privilégio tê-lo como colaborador em nossa equipe de trabalho.

Ao Professor Doutor Vicente Riccio, a quem agradeço a generosidade com que dirigiu e incentivou a pesquisa e a produção do texto, cujos comentários e críticas permitiram-me aprofundar a reflexão na revisão deste estudo.

A Universidade do Estado do Amazonas que tem a missão de proporcionar o desenvolvimento do Estado, capacitando e formando quadros que possam atuar no sistema produtivo, na gestão da coisa pública, na produção de conhecimento, na geração de novas tecnologias e na valorização do patrimônio imemorial, tendo sempre o objetivo maior: a qualidade de vida, a cidadania e a integridade cultural e ambiental da Amazônia.

(4)

serão alcançadas. Avante!

Ao amigo Coronel QOPM Francisco das Chagas Gomes Pereira, pelas conversas compartilhadas e desafios enfrentados. Participamos do I Encontro sobre a Matriz Curricular, realizado em Brasília, em março de 2004, naquela ocasião foi solicitado que todos os participantes se levantassem e em voz alta dissessem o Estado que estavam representando. Empresto suas palavras naquele momento “Amazonas com muito orgulho!”.

Aos meus companheiros do Mestrado, obrigado pela camaradagem.

Ao Corpo Docente da EBAPE/FGV, pela dedicação e desempenho na nossa formação intelectual e profissional.

A todos os colaboradores da EBAPE/FGV, meu reconhecimento.

(5)

“... mas, se defendendo esta Brasileira Amazônia, tivermos que perecer, ò Deus! que o façamos com dignidade e mereçamos a Vitória!”

(6)

RESUMO

Este trabalho de pesquisa trata da formação profissional do oficial policial militar no Estado do Amazonas. Trata-se da 1ª turma do Curso de Bacharelado em Segurança Pública e do Cidadão – Curso de Formação de Oficiais (CFO), iniciado em agosto de 2002 e concluído em março de 2005. A abordagem acadêmica foi adotada no sentido de se verificar a adaptação do Curso à Matriz Curricular Nacional (MCN) para o ensino policial, versada nas Bases Curriculares para a Formação dos Profissionais da Área de Segurança do Cidadão, apresentada pelo Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) em 2000. A Matriz Curricular Nacional integra um conjunto de ações do Governo Federal para balizar o ensino policial, buscando assim, capacitar os oficiais para atuar de maneira adequada em uma sociedade democrática. O conteúdo empírico do trabalho revela o dimensionamento da formação do oficial policial militar consubstanciado pelo ensino, pesquisa e extensão, realizado em parceria entre a Polícia Militar do Estado do Amazonas e a Universidade do Estado do Amazonas, no cenário em que desempenhará suas funções para dirimir os conflitos da ordem pública.

(7)

ABSTRACT

This work portrays the professional formation of a police officer in the State of Amazonas. It refers to the first group of professionals that graduated in Bachelor of Public Security and of the Citizen, a specific course for military servants that started in 2002 and finished in 2005. The academic approach used in this course had the purpose of fitting it in National Curriculum Mould (NCM) to teaching police officer based on Curriculum Basis of the Training of Professionals in the Area of Security of the Citizens, introduced by Ministery of Justice through National Secretary of Public Safety, in 2000. National Curriculum Mould integrates a set of actions from the Federal Government to improve teaching/learning into the police area attempting to have a better qualifier police stuff in a democratic society. The empirical content of the teaching process reveals the importance of high education to the military corporation members from the State of Amazonas, well as to the University of the State of Amazonas, according to its commitment, which is minimizing public conflicts.

(8)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUADRO 1 - Dimensões do conhecimento

QUADRO 2 - Dimensões do conhecimento - conteúdo

(9)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Grade Curricular - Base Comum

(10)

LISTA DE SIGLAS

APMCNA Academia de Polícia Militar “Cel Neper Alencar” BPM Batalhão de Polícia Militar

CAO Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais

CAPEC Centro de Assessoramento à Programas de Educação para a Cidadania CAS Centro Assistência Social da Polícia Militar

CBSPC Curso de Bacharelado em Segurança Pública e do Cidadão CEE Conselho Estadual de Educação

CFO Curso de Formação de Oficiais CICOM Companhia Interativa Comunitária

CIPM Companhia Independente de Polícia Militar COMVEST Comissão Permanente de Concursos

CONAESO Conselho Acadêmico da Escola Superior de Ciências Sociais CONSUNIV Conselho Universitário da Universidade do Estado do Amazonas CSP Curso Superior de Polícia

FUA Fundação da Universidade do Amazonas IDDEHA Instituto de Defesa dos Direitos Humanos

INFOSEG Sistema Nacional de Informações de Justiça e Segurança Pública LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MCN Matriz Curricular Nacional

PIPM Pelotão Independente de Polícia Militar PMAM Polícia Militar do Estado do Amazonas PNDH Programa Nacional de Direitos Humanos RIC Registro de Identidade Civil

SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública UEA Universidade do Estado do Amazonas

(11)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1 A FORMAÇÃO DO POLICIAL MILITAR ... 15

1.1 ORIGEM E NATUREZA DO TRABALHO POLICIAL ... 15

1.2 TRABALHO E CULTURA POLICIAL MILITAR ... 21

1.3 FORMAÇÃO DO POLICIAL MILITAR ... 25

1.4 POLÍTICAS EM SEGURANÇA PÚBLICA ... 43

2 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO OFICIAL POLICIAL MILITAR NO AMAZONAS ... 49

2.1 A REALIDADE NO ESTADO DO AMAZONAS ... 49

2.2 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO PROJETO POLÍTICO ... 52

2.3 O CONVÊNIO ENTRE AS INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS ... 58

2.4 A DURAÇÃO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DA 1ª TURMA ... 64

3 AS INFERÊNCIAS DOS OFICIAIS POLICIAIS MILITARES EM RELAÇÃO A FORMAÇÃO DA 1ª TURMA ... 72

3.1 CATEGORIA “A” – A DEMOCRACIA E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA ... 73

3.2 CATEGORIA “B” - A ATUAÇÃO DOS PROFESSORES/INSTRUTORES NO CURSO ... 81

3.3 CATEGORIA “C” - A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL OBTIDA NO CURSO ... 87

3.4 CATEGORIA “D” - ASPECTOS A MELHORAR NO CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAL ... 90

CONCLUSÃO ... 96

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ... 99

APÊNDICE ... 102

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS OFICIAIS DA 1ª TURMA DO CURSO DE BACHARELADO EM SEGURANÇA PÚBLICA E DO CIDADÃO – CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS ... 103

ANEXOS ... 105

(12)

11

INTRODUÇÃO

O objetivo pela pesquisa é sobre a formação profissional dos Oficiais da 1ª Turma do Curso de Bacharelado em Segurança Pública e do Cidadão - Curso de Formação de Oficiais (2002/2005) no Estado do Amazonas, em função da edição das Bases Curriculares para a Formação dos Profissionais da Área de Segurança do Cidadão, pelo Ministério da Justiça (2000), através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), como o objetivo de padronizar o ensino policial nas polícias militares das diversas Unidades da Federação. O interesse pelo estudo do caso se deu em virtude da importância e da necessidade de criar as bases curriculares para a homogeneização da formação para segurança pública e do cidadão, adequando a formação do oficial policial militar no Estado. O estudo de caso, segundo Vergara (2006) é o circunscrito a uma ou a poucas unidades, entendidas essas como pessoa, família, produto, empresa, órgão público, comunidade ou mesmo país e tem caráter de profundidade e detalhamento. O cumprimento desta meta se refletirá como parte da implantação de uma política de segurança pública direcionada ao cidadão e da garantia dos direitos humanos, características próprias de uma sociedade democrática contemporânea.

(13)

12

O processo de formação do oficial policial militar no Estado do Amazonas, visa a observância em transmitir informações, conceitos, habilidades e atitudes que correspondem a uma atuação pró-ativa, solucionando os problemas em suas diversas causas sociais e não meramente na atuação reativa e isso é possível a partir da Matriz Curricular Nacional (MCN), versada nas Bases Curriculares para a Formação dos Profissionais da Área de Segurança do Cidadão, que traz no conteúdo conhecimentos de ordem administrativa, sociológica, filosófica, jurídica, psicológica, dentre outros, além daquelas de natureza militar. A relevância deste estudo se funda na possibilidade de se criar um cenário para que todos os atores envolvidos, ou seja, os responsáveis pela formação e os que estão em formação possam vivenciar para o pleno exercício da cidadania, liberdade, auto-suficiência e autonomia nesse contexto de autoridade.

A proposta da Matriz Curricular Nacional (MNC) estabelece uma base comum e uma diversificada. A base comum se constitui nas seguintes áreas: missão do policial, técnica policial, cultura jurídica, saúde do policial, eficácia pessoal, língua e informação, estando essas áreas interligadas com as seguintes temáticas centrais como: sociedade, ética, cidadania, direitos humanos e controle de drogas, enquanto a parte diversificada tem a finalidade de atender a própria natureza institucional voltada para as suas particularidades. Isto posto, esta pesquisa busca responder a seguinte pergunta: Qual a importância da realização da primeira turma do Curso de Bacharelado em Segurança Pública e do Cidadão no Estado do Amazonas, balizados na proposta curricular da Secretaria Nacional de Segurança Pública do ano de 2000?. E, para se atingir o objetivo final, é necessário: identificar os resultados da realização da primeira turma do Curso de Bacharelado em Segurança Pública e do Cidadão no Estado do Amazonas, balizados na proposta curricular da Secretaria Nacional de Segurança Pública do ano de 2000.

(14)

13

cumprimento dessa missão que a sociedade necessita a cada dia, a todo instante.

A universidade é uma instituição civil que pode desempenhar relevante atuação, quanto a capacitação e o incentivo às pesquisas relacionadas com os problemas educacionais de natureza policial. Permite ainda, o estabelecimento e ampliação na capacidade de oferecer instruções importantes para o aprimoramento da instituição policial.

A presente pesquisa se insere na abordagem qualitativa por ter a pretensão de compreender a formação profissional realizada pela primeira vez no Estado. E para esse entendimento se faz necessário compreender as políticas públicas, num contexto amplo e depois direcionado para a área de segurança pública para em seguida fazer uma abordagem específica. E, para caracterizar a pesquisa qualitativa, encontram-se as descritas por Chizzotti (2003), quais sejam: a imersão do pesquisador nas circunstâncias e contexto da pesquisa, considerando os sentidos e as ações; o reconhecimento dos atores sociais como sujeitos que produzem conhecimentos e práticas; os resultados emergidos da labuta coletiva na corrente dialógica entre pesquisador e pesquisado; a aceitação de todos os fenômenos como igualmente importantes e preciosos às constâncias e à ocasionalidade, tais como a freqüência e a interrupção, a fala e o silêncio.

A metodologia utilizada se buscou a compreensão da origem e natureza do trabalho policial, enfocando a própria evolução histórica das Forças Armadas para poder melhor compreender os valores transferidos ao longo do tempo para as polícias, mormente a Polícia Militar; bem como o conhecimento sobre a formação policial militar. A classificação da pesquisa seguiu a taxionomia proposta por Vergara (2006) que se baseia em dois critérios: quanto aos fins e quanto aos meios.

Quanto aos fins a pesquisa é descritiva, pois buscará expor a concepção de Segurança Pública pelo balizamento da Base Curricular para Formação dos Profissionais da Área de Segurança do Cidadão, dispondo sobre a formação do policial militar.

(15)

14

Coordenação Geral de Ensino da Secretaria Nacional de Segurança Pública, vinculada ao Ministério da Justiça, na Academia de Polícia Militar “Cel Neper Alencar” da Polícia Militar do Amazonas e na Escola Superior de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Amazonas.

O primeiro capítulo se destinou a uma abordagem sobre a origem e a natureza do trabalho policial, buscando compreender o que o policial militar realiza dia-a-dia, revelando assim, o treinamento que está diretamente relacionado com o serviço prestado à sociedade, no contexto democrático. Analisou-se as políticas públicas de segurança pública no País e em seguida foram feitas considerações específicas no caso do Amazonas.

O segundo capítulo tratou detalhadamente da formação do oficial policial militar, desde o processo seletivo para inclusão no quadro da Polícia Militar, matrícula acadêmica, grade curricular, carga horária, critério de escolaridade, dentre outros e nesse contexto aferindo a aplicabilidade da Matriz Curricular Nacional, orientada pela Senasp, verificando a adequação da abordagem, tais como: os objetivos, grade curricular, área temáticas, metodologia de ensino, dentre outras.

O terceiro capítulo foi destinado ao tratamento dos dados coletados na pesquisa empírica, visando aferir por análise e conteúdo das entrevistas realizadas com os ex-alunos oficiais que participaram da primeira Turma do Curso, que são inicialmente discutidas, e posteriormente discutidas as ilações em relação à formação do oficial policial militar no Estado do Amazonas. Os resultados são agrupados em cinco categorias: democracia, atuação dos professores/instrutores, qualificação dos ex-alunos oficiais, avaliação e a contextualização do Curso como ação de política pública.

(16)

15

1 A FORMAÇÃO DO POLICIAL MILITAR

Neste capítulo se buscou conhecer as variáveis que orbitam a formação do oficial policial militar. Na primeira parte será tratada a origem e natureza do trabalho policial para conhecer o seu cotidiano. Em seguida, na segunda parte se buscará enfocar o trabalho e cultura policial militar inserido em uma sociedade democrática. Posteriormente, será analisada a formação do policial militar que está diretamente relacionada com o grau de democracia compartilhado entre o cidadão e governo. E por fim, são abordadas as políticas em segurança pública, desenvolvidas nos últimos anos no Brasil, mormente no Estado do Amazonas.

1.1 Origem e Natureza do trabalho policial

A relação entre a liberdade do indivíduo e a autoridade do Estado representa delicado e complexo problema que deve ser objeto para ser interpretado e executado como política social, pois funda-se num binômio inseparável. A liberdade consiste na capacidade individual de autodeterminação, que o Estado deve proteger e garantir. Cada indivíduo, é membro do corpo social, tem deveres e obrigações junto a sociedade à qual está subordinado, porque nela está presente o ambiente e as garantias necessárias para o seu desenvolvimento, para a realização dos seus ideais de paz, segurança e felicidade.

Ao longo da história, são várias as teorias que tratam da organização social, que procuram investigar os vários aspectos que justificam o seu surgimento e implantação, dentre eles, a necessidade de assegurar à sociedade a proteção à vida; outra, busca enfatizar a necessidade de proteção à paz social, que pelo desenvolvimento da sociedade estava sendo quebrado, visto que o aumento populacional leva faticamente ao aumento de conflitos, e uma terceira teoria que entendia haver a necessidade da formação de um acordo que preservasse a sociedade como um todo.

(17)

16

ser humano e da própria sociedade. No entanto, esse prisma necessita de uma interpretação atualizada do papel do Estado frente aos desafios da implantação das políticas públicas, nesse contexto, Ruediger e Riccio, entendem que:

O papel das instituições na definição dos rumos de uma nação é fundamental nas estratégias de desenvolvimento adotadas por um povo. Elas organizam a vida de uma comunidade. Além disso, as escolhas dos indivíduos e atores políticos baseiam-se nos delineamentos que vinculam o comportamento público a um contexto histórico específico. Desta forma, o novo contrato social parte de uma realidade na qual os direitos fundamentais (individuais e coletivos) são um referencial de ação do Estado na aplicação da lei, como também na formatação das políticas públicas (2005, p. 18-19).

Importante observar a necessidade da leitura atualizada desse cenário, onde os direitos fundamentais são considerados um referencial da própria ação do Estado na aplicação das leis e responsável também pela elaboração das políticas públicas, uma vez conhecida a realidade para um acompanhamento dessas ações. E, como não pode deixar de ser, a segurança pública é uma vertente sistemática dessas normas que tem por fim a preservação da ordem utilizando-se do meio coercitivo e imposição da norma jurídica aos transgressores que violam a lei, pelo cometimento de infrações penais, em busca da ordem pública e da paz social, que é um direito, nesse entendimento Rosa, aponta que “o Estado não pode ser omisso no exercício de suas funções, e as corporações policiais por meio do uso legítimo da força garantem a efetividade das decisões e a integridade física e patrimonial dos cidadãos” (2004, p. 54).

Faz-se necessário, ainda que em caráter suplementar do trabalho, descrever resumidamente, a evolução militar no Brasil, sob a ótica política das Forças Armadas, que esclarecerá preliminarmente, a própria característica da formação militar e consequentemente do cumprimento das suas funções, a ideologia do Estado, dentre outros aspectos que foram transferidos e influenciaram as instituições policiais.

(18)

17

As alterações sucessivas que a organização militar colonial sofreu refletiram as alterações da estrutura econômica e social, como não podia deixar de ser, e foram introduzidas, de acordo com as necessidades, sem nenhuma idéia de plano, sem nenhuma concepção política como aquela que preside, hoje, a montagem de organizações militares, em qualquer parte do mundo. Se abstrairmos as particularidades, os traços circunstanciais e secundários, e refizermos as grandes linhas dessas evolução colonial, partindo de um plano, verificaremos que a missão das forças militares, durante os três séculos de dominação lusa, pode ser resumida no seguinte: assegurar a empresa da colonização. A forma de assegurar essa empresa e, portanto, de cumprir a missão, desdobrar-se-ia em três aspectos: apossar-se do território, manter o território e expandir a conquista do território. (1979, p. 58-59).

Observa-se que a estrutura da organização militar no Brasil, se funda em assegurar a empresa da colonização, uma vez que basicamente compreendia no apossamento do território, a manutenção desse domínio territorial e na expansão da conquista do território, fundamentalmente é nítida a característica da proteção ao território, em uma sociedade dividida em senhores e escravos. A segunda fase apresentada por Sodré (1979) trata da fase autônoma, assim relatada:

Para as Forças Armadas, ao iniciar o país a sua vida autônoma, trata-se, e nisso consiste, portanto, a sua missão, de manter a base física herdada da fase colonial, e de assegurar o exercício da autoridade central em toda a extensão daquela extensa base física. É o problema da unidade, entendido, aqui, em sua significação mais simples e rudimentar, isto é, a de manter unidas as antigas capitanias, agora províncias, reduzindo as resistências locais, sufocando os movimentos de rebeldia, impondo a todos a autoridade central, evidentemente no interesse da classe dominante senhorial, que empresara a autonomia e procuraria configurá-la dentro dos limites de seus interesses, e afastando do poder outras classe e camadas, que poderiam disputar com ela (1979, p. 229-230).

(19)

18

A democratização da estrutura militar, pois, é a fase final, a de acabamento, para que o caráter nacional apareça em sua inteireza, nas Forças Armadas. Os próprios conceitos de hierarquia, de ordem e de subordinação, que se vão despojando de seu antigo conteúdo, assumem aspectos novos, porque traduzem um conteúdo novo. Haverá uma hierarquia mais sólida, uma ordem mais estável, uma subordinação mais consciente, na medida em que as Forças Armadas completem a sua transformação em instituições nacionais. Com a aceitação plena de que só é nacional o que é popular (1979, p. 410).

Observa-se que o avanço do País está ligado, consequentemente, a organização, ao aparelhamento, à melhoria e à eficiência das Forças Armadas, buscando o cumprimento de sua missão precípua e específica e não o cumprimento de outras missões, de natureza especificamente e ostensivamente política. E, na medida que asseguram as liberdades democráticas é que o País avança, inexoravelmente, para a realização de seu destino nacional. Por outro lado, Sodré aponta que em algumas situações podem comprometer o avanço do destino nacional, ou seja, quando as Forças Armadas na intenção de deter as liberdades democráticas, utiliza a única saída – o golpe contra as instituições democráticas, como tantas vezes empreenderam, com alguns triunfos parciais e transitórios que, sem a menor dúvida atrasam nosso processo histórico (1979, p. 408-409).

A partir de 1964, o ensino militar foi direcionado e unificado em todo o País, tendo como fundamento a doutrina de segurança nacional, com a idéia de “inimigo interno”; desse modo, o regime militar instalado legou um sistema policial militarizado1, que na compreensão de Cerqueira (1997) essa militarização é vista como um processo de adoção e emprego de modelos, métodos, conceitos, doutrina, procedimentos e pessoal militares em atividade de natureza policial, dando assim uma feição militar às questões de segurança pública. Isso significa dizer que, do ponto operacional, a polícia trabalhou com o modelo de guerra. A retirada do termo “segurança interna” do texto que definia as atribuições da Polícia Militar na Constituição de 1969, se trata na verdade da Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969, retirando essa atribuição, restituindo as atribuições de policiamento de natureza ostensiva.

Com a inserção da segurança pública na atual Constituição, o papel das polícias e das Forças Armadas, os conceitos de segurança interna e de ordem pública foram tópicos que

1

(20)

19

provocaram calorosos debates na Constituinte, e a partir daí se observa a retomada da democracia, sendo necessário identificar as atribuições, as situações e ações próprias ao serviço policial. Importante destacar a interpretação atual a respeito da natureza do trabalho policial, de acordo com Bayley, que aduz:

Definir o que a polícia faz não é uma questão simples, não só porque é difícil assegurar o acesso permanente a ela, mas também por motivos intelectuais. Podem ser usadas três maneiras bem distintas de descrever a atividade policial, cada uma a partir de diferentes fontes de informação. O trabalho policial pode se referir, primeiro, ao que a polícia é designada para fazer; segundo, a situação com as quais ela tem de lidar; terceiro, às ações que ela deve tomar ao lidar com as situações (2002, p. 118).

Na interpretação de Bayley as atribuições dos policiais compreendem no patrulhamento, investigação, controle de tráfego, aconselhamento e administração. As atribuições não representam um sensor fiel para aferir o trabalho da polícia, uma vez que o serviço de patrulhamento detém múltiplas facetas, ou seja, é a atribuição designada para a maior parte dos policiais em todos os países. O trabalho da polícia também é descrito em situações cotidianas em que acaba se envolvendo, como por exemplo: crimes em execução, brigas domésticas, acidentes automobilísticos, pessoas suspeitas, arrombamentos, desordem pública e mortes não-naturais. Nesses casos, o trabalho dos policiais é o que efetivamente os policiais acabam fazendo nas ocorrências que se deparam no dia-a-dia.

(21)

20

Quanto as ações que o policial deve tomar ao lidar com as situações, contextualizado na administração racional da força policial, nas informações sobre a natureza e a incidência de situações se afetarão a distribuição de atribuições. Somados a isso, as informações pertinentes as situações encontradas na ocorrência podem ser facilmente direcionadas para incluir o modo de investigação, numa clara demonstração de orientação da atividade da polícia pelo público ou pelo Estado, ou seja, existem razões teóricas para se refletir que as situações são o lugar onde se pode iniciar a compreender o trabalho da polícia em toda sua complexidade.

A polícia divide-se em administrativa e judiciária, subdividindo-se a primeira em ostensiva e preventiva, tendo cada uma, uma função específica, cabendo desta forma à primeira, cuidar dos bens jurídicos individuais concernentes à liberdade e à propriedade, sendo exercida por policiais militares responsáveis pelo policiamento; quanto a polícia judiciária, que tem por função, investigar, apurar a autoria de crimes, colhendo materiais necessários à elucidação da prática de crimes, nesse entendimento Rosa assevera que:

A partir do cometimento do ilícito, ou seja, quando a polícia administrativa não alcança seus objetivos, caberá a polícia judiciária a elucidação dos fatos, utilizando os métodos investigatórios e científicos que se encontram a sua disposição para descobrir o autor do fato e comprovar a materialidade (2004, p. 61).

A polícia judiciária também tem função repressiva, contudo, há de se observar que é um pouco forçada tal concepção, visto que esta não reprime delitos, mas atua como auxiliar do Poder Judiciário investigando, buscando autoria e materialidade, sendo esta, a fase preparatória para a instauração de processos, com vistas a punir o agente causador do crime, pela transgressão à lei. Na atuação da polícia judiciária é preciso ter conhecimento, que se inicia quando a administrativa não consegue atingir aos seus propósitos, como impor ou manter a disciplina em sociedade, sendo sem dúvida uma tarefa extremamente difícil, em função da complexidade de tratar com a natureza humana.

Especificamente, a função da Polícia Militar é de função administrativa, cabendo o policiamento ostensivo e preventivo em prol da manutenção da ordem pública, tem estrutura semelhante a das Forças Armadas, pois seguem aos princípios de disciplina e hierarquia, inclusive com adoção de patentes e graduações similares à do Exército2. E nessa ampla

2

(22)

21

preservação da ordem pública que, engloba inclusive a competência específica dos demais órgãos policiais, que no caso de falência operacional deles, à exemplo de suas greves e suas causas que os tornem inoperantes ou ainda incapazes de dar conta de suas atribuições, pois a Polícia Militar é a verdadeira força pública da sociedade.

1.2 Trabalho e cultura policial militar

Neste momento, será realizado uma abordagem da atuação da polícia em uma sociedade democrática, cujas origens remontam a própria evolução da conquista de direitos e necessidades para atender a satisfação da coletividade. A polícia, como instituição de prestação de serviço à cidadania, em uma de suas demandas, nitidamente, das mais básicas – segurança pública – tem tudo para ser respeitada e valorizada, necessitando para isso, resgatar a consciência da importância do seu papel institucional.

Na esteira da democratização, o policiamento é concebido como um serviço público de integração com a sociedade de forma a permitir uma aplicação da força mais qualificada, daí a razão do monopólio, sendo esta a característica exclusiva da polícia que autoriza o emprego do uso da força física, se necessário, para regular as relações interpessoais, essa visão isoladamente, minimiza o papel da polícia, na concepção de Sung:

O processo de democratização é um esforço institucional interminável em direção dos ideais-chaves da democracia: liberdade, equidade e fraternidade. Portanto, há uma expectativa que as derivações desses valores poderiam integrar as políticas dos governos democráticos. Participação, equidade, consentimento para policiar, responsabilidade, entrega de serviços e mecanismos de revisão têm sido identificados como procedimentos requeridos para a polícia em uma sociedade democrática (2006, p. 347).

(23)

22

Encontramos, dessa forma, aí, um know how que pode se generalizar, expandir, perpassar e inspirar as estruturas e ações dos sistemas de segurança pública: a interatividade, objetivamente não mais como experiência piloto mas como integralidade, dando o tom de todas as relações policiais em todos os segmentos, não somente com a grande população mas também com a sociedade organizada, também no contexto interno das instituições e também com os demais órgãos de governo, não policiais (2003, p. 55).

O processo de modernização democrática em curso conta com a parceria de Organizações Intergovernamentais, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, de Organizações Não Governamentais como o Centro de Assessoramento à Programas de Educação para a Cidadania (CAPEC), o Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (IDDEHA), o Projeto Axé, o Movimento Tortura Nunca Mais – PE, o Viva Rio, dentre outros como as Universidades Públicas e Privadas, Fundações, assim como de Organizações Governamentais, Secretarias de Estado e Ministérios. Isso se traduz no entendimento de Balestreri onde “o policial, pela natural autoridade moral que porta, traz consigo o potencial de ser o marcante promotor dos Direitos Humanos, revertendo o quadro de descrédito social que o atinge e qualificando-se como um dos mais centrais protagonistas da democracia brasileira” (2003, p. 37).

As mudanças no trabalho e cultura policial se deram pelo próprio avanço e desenvolvimento da sociedade em todos os seus aspectos, necessitando rigoroso exame e por isso, tem alcançado o topo das prioridades de políticas institucionais para ser reformada, principalmente por causa da acumulação de riquezas e porque não dizer, do aperfeiçoamento do sistema capitalista que desenvolveu na sociedade novos valores moral e também jurídico, não antes imaginado, tornando-se uma sociedade extremamente ligada ao acúmulo de riquezas e a detenção de bens materiais que antes eram somente para a própria subsistência e paralelo a esta nova forma de vida, tornou-se imprescindível, meios que assegurassem a posse desses bens, com métodos menos severos, mas eficazes, à manutenção deste e o próprio controle social. Nesse contexto, o trabalho da polícia se torna a cada dia que passa mais complexo e desgastante.

(24)

23

justificando a sua atuação de proteção social, e nitidamente como a principal forma de expressão da autoridade. E, estando intimamente ligada a sociedade pela qual foi criada, seus objetivos, a sua forma de organização e suas funções foram se adaptando às características sócio-política-econômica e culturais em cada momento da evolução da sociedade.

A determinação de se estabelecer diretrizes para o serviço policial, não é tarefa fácil – eis o desafio, por isso é importante a identificação das causas, o conhecimento desse sistema onde há a interatuação, inter-depedência e o inter-relacionamento dos fatores, para que possa de maneira mais segura, adequar as prováveis soluções, buscando as reformas necessárias. Deve ser considerado, a relação entre a polícia, a sociedade e o sistema de justiça, sendo necessário identificar aspectos que determinarão a elaboração das diretrizes, como por exemplo: o tipo, a realidade e o modelo da sociedade, que será o campo de atuação da polícia; o modelo policial que será adotado, uma vez conhecida aquela sociedade e por fim, as tendências da criminalidade e de suas principais manifestações.

Com fundamentos calcados em pesquisas e experiências realizadas e os resultados aferidos em torno da temática policial, Rico apud Basílio apresenta princípios básicos que deveriam balizar a execução de qualquer serviço policial de cunho notadamente democrático, ei-los:

1. A polícia deve reconhecer que é parte do conjunto do sistema penal e aceitar as conseqüências de tal princípio. Isso supõe:

a. A existência de uma filosofia geral mínima aceita e aplicada pelo conjunto do sistema penal;

b. A cooperação efetiva entre os policiais e os demais membros de tal sistema penal em relação ao problema do tratamento judicial da delinqüência. A polícia deve estar a serviço da comunidade, sendo a sua razão de existir, garantir ao cidadão o exercício livre e pacífico dos direitos que a lei lhe reconhece. Isso implica: Uma adaptação dos serviços policiais às necessidades reais da comunidade; a ausência de qualquer tipo de ingerência política indevida nas atuações policiais;

c. A colaboração do público no cumprimento de certas funções policiais.

2. A polícia deve ser, nas suas estruturas básicas e em seu funcionamento, um serviço democrático. Isso pressupõe:

a. Desmilitarização do serviço;

(25)

24

c. A adoção e a rigorosa aplicação de um código de deontologia policial;

d. A participação de todos os integrantes do ser e do conjunto da população na elaboração das políticas policiais;

e. A aceitação da obrigação de prestar contas, periodicamente, das suas atividades.

3. A polícia deve ser um serviço profissional. São critérios necessários para um verdadeiro profissionalismo policial:

a. A limitação da ação da polícia à função específica;

b. A formação especializada de seu pessoal;

c. A aceitação de profissionais civis;

d. A criação e implantação de um plano de carreira;

e. A prioridade dada a competência na atribuição de promoção, critério que deve prevalecer sobre o da antiguidade na escala;

f. A existência de um código de ética profissional.

4. A polícia deve reconhecer a necessidade do planejamento, da coordenação e da avaliação de suas atividades, assim como da pesquisa, e pô-los em prática. Como conseqüências:

a. O planejamento administrativo e operacional da polícia, a coordenação e avaliação das suas atividades, assim como a pesquisa, devem ser funções permanentes do serviço;

b. As principais etapas do processo de planejamento policial devem ser: identificação de necessidades, análise e pesquisa, determinação de objetivos a curto, médio e longo prazos, elaboração de uma estratégia para a sua implantação, consulta regular dentro e fora do serviço e avaliação periódica de tais objetivos e estratégias

c. Os objetivos da polícia devem corresponder às necessidades da comunidade, ser flexíveis, realizáveis e mensuráveis;

d. A polícia deve participar de planejamento conjunto com os demais serviços policiais do país e com as instituições governamentais implicadas ou interessadas nos problemas relacionados com as atividades das forças da ordem (2007, p. 25-26).

(26)

25

1. Em relação à estrutura, a polícia deveria ser essencialmente um serviço municipal. Desta forma, poderia se dedicar com maior intensidade as necessidades da comunidade;

2. Quanto ao orçamento, deveria aplicar-se o sistema de custo-benefício;

3. No tocante aos recursos humanos e materiais, deveriam ser estabelecidos critérios racionais, precisos e flexíveis para o recrutamento, formação, destinação e avaliação do pessoal policial. Este deveria ser representativo da população e possuir um nível de educação similar a ela. Para evitar a constituição de uma subcultura policial, diferente da que caracteriza o conjunto da população, a formação de pessoal deveria ser feita, em parte, em colégios e universidades, e em parte, em escolas de polícia. Deveriam também estabelecido um plano de carreira estruturado, melhoradas as relações entre a base e os superiores e reconhecido o direito à livre sindicalização, excluindo-se o direito a greve. De maneira análoga, deveria ser elaborada uma política e limitação do uso de armas;

4. Quanto as funções que polícia deveria realizar são as seguintes: prevenção e repressão do crime, busca e captura de delinqüentes, manutenção da ordem pública em conformidade aos princípios do direito, aplicação das leis e controle do trânsito.

5. Em relação à transparência e prestação de contas, deveria ser reconhecida a necessidade da publicação de um informe anual detalhado sobre as atividades do serviço;

6. Em matéria de controle, e visando a eliminar ou corrigir os possíveis abusos e infrações cometidas pela polícia, impõe-se a promulgação de um código de ética que, além de ser comunicado à população, deveria ser incorporado aos programas de formação e aos exames de promoção. Com a mesma finalidade deveria ser constituído um comitê de disciplina e de queixas (2007, p. 26-27).

Nessa interpretação Nalini destaca que “o policial é o servidor encarregado de fazer cumprir a lei. Nessa condição, submete-se a quatro coordenadas, devendo ser o fiel cumpridor dos deveres legais, servidor de sua comunidade, protetor de todas as pessoas e profissional responsável” (2006, p. 441-442). A construção de um modelo para a formação do policial tem que ter como base as diretrizes de um trabalho técnico, democrático e comunitário, e assim, teremos o oferecimento de um serviço com qualidade, voltado para as características inerentes aos anseios da sociedade, abandonando a tradicional influência ideológica, contrariando a vertente democrática.

1.3 Formação do policial militar

(27)

26

políticas com a implantação do regime democrático, privilegiando alguns princípios que são fundamentais à existência do Estado Democrático de Direito, como a proteção à dignidade da pessoa humana, a cidadania e respeito aos direitos humanos.

Percebe-se nitidamente que a formação do policial militar foi distorcida após 1964, uma vez que recebia forte influência da doutrina de segurança nacional, que no entender de Gurgel, era o ponto de partida para o aprimoramento das instituições policiais, assim manifestada:

Eis que entendemos que a divulgação e o exame dessa doutrina, no propósito não só de bem apreendê-la, senão também de aprimorá-la, graças à valiosa contribuição que nesse sentido lhe advir das áreas voltadas ao Ensino e à Pesquisa, são condição precípua para um crescente diálogo entre governantes e governados, com vistas ao aprimoramento das instituições. Seus pontos cardeais, os princípios e idéias sobre os quais se assenta, representam a pedra angular ou os pontos de referência que norteiam a política e a estratégias nacionais. Se a ação governamental visa a garantir duradoura participação nos quadros dirigentes, de elementos capacitados e avaliar o embasamento doutrinário de uma nova e concreta realidade política e social, torna-se evidente que só o acesso à doutrina pode levar à mesa de conversações francas e conseqüentes, quantos aos rumos do porvir (1975, p. 21-22).

Nesse período se observa uma determinante nesse período da vida nacional, onde a formação do policial militar no Brasil, recebia apoio e aparato estrangeiro e voltava a missão institucional para o combate ao “inimigo interno”, assim compreendido na interpretação de Ludwig que assevera:

[...]. A divisão do mundo em dois blocos colocou o Brasil ao lado dos Estados Unidos, e, segundo a política de alinhamento defendida por esse país, caberia ao Brasil preocupar-se basicamente com o inimigo interno, priorizando o combate à infiltração comunista oriunda de Moscou. Em conseqüência, muitos militares que foram fazer cursos na América do Norte receberam forte doutrinação anticomunista, bem como foi incluída a matéria Segurança Interna no currículo das escolas de formação de oficiais no período de vinte anos de vigência da ditadura. O processo de inculcação anticomunista tendeu a considerar qualquer manifestação da sociedade civil, principalmente aquelas advindas dos setores populares, como atos subversivos (1998, p. 21-22).

(28)

27

específico da discussão – a formação profissional. Bizerra entende que:

Por formação profissional, entende-se a preparação centrada nas características de uma profissão. Não basta a um profissional o conhecimento sobre o seu trabalho. Mas saber transformar esses conhecimentos em ação. As novas exigências postas para a polícia e a dinâmica por elas geradas impõem a revisão da formação policial em vigor na perspectiva de fortalecer ou instaurar processos de mudança no interior das instituições formadoras, respondendo às novas tarefas e aos desafios apontados. As atividades formativas devem ser atualizadas constantemente em termos dos avanços do conhecimento, bem como do aprofundamento da compreensão da complexidade da ação policial em sua relação com uma sociedade marcada profundamente pelas desigualdades sociais. (2002, p. 244).

A segurança pública sempre careceu de política e consequentemente, o setor de ensino da área de segurança do cidadão necessita de diretrizes que possam promover a qualidade e garantir um resultado eficiente. Torna-se necessário a composição para o reconhecimento do sistema de ensino de segurança e definir a relação deste com o sistema de ensino civil adotado no País, interagindo com o Conselho Nacional de Ensino e os Conselhos Estaduais de Ensino para estabelecer mecanismos de supervisão, avaliação e reconhecimento dos cursos de formação e no futuro próximo, a possibilidade de se instituir linha de financiamento de estudos e pesquisas voltadas especificamente para a área de segurança pública.

(29)

28

Em muitos países, a polícia vem sofrendo um processo de transformação, observando sempre o cumprimento dos ideais democráticos que a polícia deve prestar a serviço do povo, e isso exige padrões de comportamento que se amoldem a essa nova concepção de polícia. Nesse contexto, há a necessidade de outros países, como o Brasil, em conhecer esses trabalhos na área de formação policial para subsidiar as políticas públicas. Segundo Trautman (1986), especialista em formação policial, identificou três tipos de aprendizados que considera essencial para serem usados pelas academias de formação que visam realizar um treinamento efetivo à formação adequada e própria dos policiais, ei-las: a aquisição de conhecimentos (knowledge learning), o desenvolvimento de habilidades (skill learning) e aprendizagem comportamental (attitude learning).

No esclarecimento de Marion (1998), a aquisição de conhecimento corresponde a maior parte do conteúdo do curso de formação, onde recebem o conteúdo teórico necessário para desempenhar de maneira adequada as funções como policial; o desenvolvimento de habilidades se refere ao aprendizado pela repetição dos movimentos, até que essas assimilações se tornem naturais, normalmente são aplicados exercícios práticos em campo ou por meio de simulações, ministradas por disciplinas de cunho militar, e por último, a aprendizagem comportamental que se refere ao momento em que os alunos recebem informações de como devem agir no enfrentamento às situações do cotidiano pelo policial, observado pela sociedade.

Até pouco tempo, a formação do policial como política de segurança pública em nosso País esteve em segundo plano, em ações, planos e programas de Estado, somente na metade de década de 90 é que os governos federal e estaduais iniciaram a produção e divulgação de documentos sobre o tema, como parte integrante de programas de direitos humanos, mas hoje há uma tendência em colocar a segurança pública como objetivo norteador, dando prioridade a uma série de ações táticas para o enfrentamento da violência e da criminalidade.

(30)

29

Corpos de Bombeiros Militares, Polícias Civis e Guardas Municipais), e nesse cenário de integração, Nalini assegura que:

A sadia convivência entre as polícias, igualmente voltadas à consecução do bem comum, está condicionada ao desenvolvimento da consciência ética de seus integrantes. E as receitas são as já conhecidas de todos: adoção de mecanismos adequados de seleção e de capacitação dos quadros, recuperação salarial, adoção de critérios objetivos de aferição do desempenho, reforço dos padrões qualitativos, dentre os quais avulta a observância estrita às normas éticas. A educação é a salvação da polícia, assim como é panacéia para os problemas brasileiros (2006, p. 456).

A Senasp já implantou o Sistema Nacional de Informações de Justiça e Segurança Pública (INFOSEG) que objetiva a integração dos dados sobre informações de natureza criminal, mandados de prisão, armas e furto/roubo de veículos existentes nos bancos de dados dos Estados da Federação e Departamento de Polícia Federal e realiza treinamento de profissionais da área de segurança do cidadão. Com a edição da Lei nº 9.454, de 7 de abril de 1997, criou o Registro de Identidade Civil (RIC), com número de identidade único, em todo o território nacional, ao cidadão brasileiro, nato ou naturalizado, adotando moderna tecnologia de identificação, sendo datado com equipamento de identificação datiloscópica, dispensando sujar as mãos dos identificados (scanner).

O Fundo Nacional de Segurança Pública tem por objetivo apoiar os projetos na área de segurança pública e de prevenção à violência, desde que estes estejam enquadrados nas diretrizes do plano de segurança pública do Governo Federal, o que obriga os governos estaduais a apresentarem um planejamento na área de segurança pública.

(31)

30

organização. Define ainda, os princípios pedagógicos e as dimensões do conhecimento que serviram de pressupostos teóricos para o desenho do currículo, as matrizes pedagógicas das disciplinas que o compõem, as temáticas centrais que perpassam os conteúdos a serem trabalhados. Com efeito, cabe ao Ministério da Justiça a definição das políticas nacionais para a área de segurança, incluindo-se qualificação e a valorização do profissional.

Antes da apresentação das Bases Curriculares para a Formação dos Profissionais da Área de Segurança do Cidadão, foi necessário que houvesse a identificação dos problemas, e a partir daí se teria como propor um projeto que pudesse servir de orientação. Observamos que as Bases Curriculares apresentam uma Matriz Curricular Nacional, respaldado pelo diagnóstico levantado no primeiro semestre de 1998 e retomado em 1999, que consistiu na análise externa e interna das organizações policiais que aponta para a necessidade de mudança no processo de formação desses profissionais, mediante os seguintes princípios norteadores para ação:

- redefinição de um perfil desejado para orientar a formação do profissional da área de segurança do cidadão e, consequentemente, o delineamento dos cursos, bem como a composição das grades curriculares, dos conteúdos disciplinares e de instrumentos e técnicas de ensino e avaliação;

- elaboração de novos currículos para os cursos de formação dos profissionais da área de segurança do cidadão, que compatibilizem as necessidades das polícias da União e dos Estados, abrangendo: a necessidade de integração, técnicas mais eficazes de repressão e prevenção, o policiamento voltado para a relação polícia/comunidade, o exercício de valores morais e éticos e o fortalecimento dos Direitos Humanos;

- implantação de uma estrutura de ensino que valorize o aprendiz e os processos de aprendizagem, dando ênfase à dimensão atitudinal, por meio de atividades coletivas e técnicas de ensino que dinamizem o ato de aprender;

- utilização de novas tecnologias como ferramentas para treinamento.

(32)

31

um modelo de perfil desejado, abrangendo as competências básicas a todas as categorias de profissionais da área de segurança do cidadão, que deverão ser acrescidas das competências específicas à atividade de cada ramo profissional, mediante o perfil profissiográfico a ser estabelecido por cada organização. Define, em seguida, os princípios pedagógicos e as dimensões do conhecimento que serviram de pressupostos teóricos para o desenho do currículo, as matrizes pedagógicas das disciplinas que o compõem, as temáticas centrais que perpassam os conteúdos a serem trabalhados e outros pontos a serem considerados na continuidade da formação.

Outra consideração pertinente é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que em relação ao ensino militar, menciona que a matéria será regulamentada por legislação própria. Em alguns casos do ensino policial, alguns Estados regulamentam a matéria, através de leis estaduais, na ausência desta, a regulamentação se dá por Portaria, constituindo assim, uma competência interna corporis da polícia militar, no último caso, a adesão à lei federal que se torna mais fácil.

O perfil desejado para profissionais da área de segurança do cidadão, refere-se a descrição das competências que envolvem os conhecimentos, habilidades e atitudes que serão exigidas ao término de um processo educacional, ou seja, as expectativas da atuação do profissional formado em relação as tarefas a serem desempenhadas na função que ocupará e frente as demandas sociais que serão apresentadas. Torna-se assim, imprescindível a definição de um perfil desejado na construção de uma proposta curricular, ao mesmo tempo em que apresenta como um instrumento balizador do potencial profissional para atender e satisfazer as demandas expressas previamente nos objetivos do processo de formação.

Ao adotarmos a perspectiva da construção ativa do conhecimento, não podemos deixar de destacar que a formação deste profissional ocorre na faixa etária de 20 a 30 anos, o que importará na adoção de métodos e técnicas próprios. Sendo assim, a abordagem pedagógica proposta pelo Brasil, se apóia numa linha de propósitos que valoriza a construção do conhecimento, tendo como princípios:

1. O profissional em formação é um ser que pensa, sente e age, portador de múltiplas inteligências e com uma bagagem de experiências acumuladas, que poderá ser aproveitada mediante a interação com o grupo nos mais variados momentos.

(33)

32

docentes deverão utilizar recursos motivadores.

3. O profissional em formação aprenderá melhor fazendo.

4. O aprendizado deverá ser centrado em problemas e os problemas deverão ser reais.

5. A relação objetivo - conteúdo - metodologia deverá tomar como base o processo de aprendizagem.

6. Os métodos e técnicas utilizados deverão possibilitar a atividade mental no processo de construção do conhecimento. Entre os quais se destacam: a simulação e os estudos de caso.

7. O docente deve concorrer para criar condições onde possa ocorrer a aprendizagem, pois sem as mesmas não há ensino.

8. A intervenção do docente deverá fornecer feedbacks sobre o desempenho da ação do aprendiz no processo de construção do conhecimento.

9. A avaliação da aprendizagem deverá ser vista como processo. De modo que os instrumentos utilizados possam contribuir para que o profissional em formação possa direcionar ou redirecionar o seu processo de construção do conhecimento (2000, p. 14)

Em suma, aprendizagem e ensino são processos interdependentes que devem se potencializar mutuamente, para que ocorra uma prática efetiva de ensino e uma aprendizagem significativa por parte do profissional em formação. O projeto da Senasp apresenta uma abordagem que privilegia o processo de aprendizagem que pode ser compreendida partindo das três dimensões do conhecimento, expressas no Quadro 1, a seguir:

DIMENSÃO OBJETIVO BASE ASPECTOS IMPORTANTES

SABER Garantir o conhecimento sistematizado, mediante um conjunto de áreas de estudos, que será requerido no desempenho de suas funções.

Instrução e Ensino

Correspondem a conceitos, leis, termos fundamentais, etc. Fundamentação científica.

SABER FAZER

Gerar situações de aprendizagem significativas onde as habilidades possam ser requeridas frente ao quadro teórico estabelecido.

Prática e Técnica

Habilidades: qualidades intelectuais necessárias para a atividade mental no processo de assimilação do conhecimento.

Hábitos: modos de agir relativamente automatizados.

QUERER FAZER

Criar condições para o desenvolvimento da postura policial no sentido de um posicionamento adequado em relação à sua atividade a partir da motivação endógena desenvolvida pela consciência de seu papel de cidadão e de servidor da cidadania.

Atitudinal - “vontade”

Referem-se a modos de agir, de sentir e de se posicionar frente às tarefas a serem realizadas.

(34)

33

As dimensões aqui expressas possuem uma relação direta com os conteúdos, ou seja, cada dimensão de conhecimento aponta para uma categoria de conteúdo, conforme demonstrado no Quadro 2:

DIMENSÃO CONTEÚDO REFERÊNCIA

SABER Conceituais:

Conhecimentos sistematizados - conjunto de conhecimentos, presentes nas disciplinas curriculares, necessários ao desempenho adequado ao exercício da função.

Envolvem conceitos, fatos e princípios.

SABER FAZER

Procedimentais:

Habilidades Técnica - habilidades necessárias e inerentes à aplicação de seus conhecimentos para o desempenho apropriado das funções do profissional de segurança;

Habilidades Administrativas - habilidades administrativa e gerencial para o adequado exercício de suas funções;

Habilidades Interpessoais - habilidades de relacionamento com «sua clientela», a saber, a população em geral bem como de convivência com os companheiros de corporação com seu ambiente social;

Habilidades Políticas - habilidades associativa, o espírito de grupo e/ou corporativo bem como de integração e associação com o público - alvo de sua ação profissional, ou seja, a população em geral;

Habilidades Conceituais . habilidades que requerem o raciocínio lógico abstrato.

Envolvem os processos e métodos na realização de ações ordenadas para atingir uma meta.

QUERER FAZER

Atitudinais:

valores que norteiem as atitudes individuais e coletivas compatíveis para o desempenho de sua missão.

Envolvem a abordagem de valores, normas e atitudes que concorrem para um Processo de Tomada de Decisão assertivo. Quadro 2 - Dimensões do conhecimento - conteúdo

Fonte: Brasil (2000, p. 16)

A elaboração do currículo dos profissionais da área de segurança do cidadão, tem a seguinte correspondência entre as dimensões apresentadas, a trilogia do perfil e como estas devem ser vistas no processo de formação deste profissional, conforme explicitado no Quadro 3:

DIMENSÃO TRILOGIA DO PERFIL PROCESSO DE FORMAÇÃO

SABER Profissional – institucional Relaciona-se diretamente com o conjunto de conceitos, leis e princípios a serem ministrados. SABER

FAZER

(35)

34

QUERER FAZER

Pessoal Está ligada às qualidades pessoais e corporativas desejáveis no profissional em questão, e a serem reforçadas durante o processo de formação. Quadro 3 – Dimensões do conhecimento – trilogia do perfil – processo de formação

Fonte: Brasil (2000, p. 18)

Cabe ressaltar que, dentro da abordagem que privilegia a construção do conhecimento, as dimensões devem ser vistas como interdependentes, devendo concorrer para a formação das capacidades cognoscitivas relativas à atividade mental exigida no desempenho do profissional da área de segurança do cidadão.

Visando garantir a unidade de pensamento e ação dos profissionais da área de segurança do cidadão, diminuir as discrepâncias existentes e promover a eqüidade do processo de formação, o modelo do currículo apresentado será composto de uma Base Comum para todos os cursos de formação, constituída de disciplinas que congreguem conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, inerentes ao perfil desejado do profissional da área de segurança do cidadão, reunidas em seis áreas de estudos: missão do policial, técnica policial, cultura jurídica aplicada, saúde do policial, eficácia pessoal, linguagem e informação, norteadas por seis temáticas centrais: cultura - sociedade - ética - cidadania - direitos humanos - controle das drogas, que deverão perpassar as teorias e práticas a serem trabalhadas, bem como, o processo de ensino e de aprendizagem dos cursos de formação, e uma Parte Diversificada a ser formulada por cada centro de ensino com o objetivo de reunir disciplinas que atendam as características específicas de cada curso de formação em suas peculiaridades. São disciplinas que congregam conteúdos conceituais, procedimentais (habilidades técnicas, administrativas, interpessoais, políticas e conceituais) e atitudinais, relacionados diretamente com a especialidade que irão desempenhar e com as necessidades e peculiaridades regionais. Vejamos a seguinte disposição:

Tabela 1

Grade Curricular - Base Comum

Nº ÁREAS DE ESTUDOS / DISCIPLINAS B

A S E

1

2 3

Missão policial

Fundamentos políticos da atividade do profissional de segurança do cidadão

(36)

35 C O M U M 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29

Fundamentos de polícia comunitária Abordagem sócio-psicológica da violência Qualidade em serviço

Ética e cidadania Técnica policial Criminalística aplicada Arma de fogo

Defesa pessoal

Medicina Legal aplicada Pronto socorrismo Cultura jurídica aplicada Introdução ao estudo do Direito Direito Civil

Direito Constitucional Direito Penal

Direito Processual Penal Direito Ambiental Direitos Humanos Direito Administrativo Legislação especial Saúde do policial Saúde física Saúde psicológica Eficácia pessoal

Processo de tomada de decisão aplicado Relações interpessoais

Gerenciamento de crises Linguagem e informação Português instrumental Telecomunicações Técnica da informação Fonte: Brasil (2000, p. 21)

A matriz pedagógica apresentada pela Senasp visa a possibilitar uma orientação que servirá de referencial para que os docentes envolvidos no processo de ensino possam criar condições para uma aprendizagem significativa, mediante o uso de metodologias e técnicas relacionadas com a abordagem da disciplina, privilegiando o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas frente ao objeto de estudo. Como conseqüência, as características de organicidade, continuidade e integração, inerentes ao processo de planejamento, bem como o espírito de flexibilidade, cada disciplina foi construída na tentativa de permitir uma apropriação elementar ou mais complexa, correspondendo assim, ao grau de formação a ser alcançado nos cursos oferecidos, tendo como pressupostos: a heterogeneidade das organizações policiais, das realidades regionais enfrentadas pelas organizações policiais e das carreiras profissionais dentro dessas organizações.

(37)

36

abordados, metodologia adequada para as atividades de ensino - aprendizagem e técnicas, instrumentos de avaliação coerentes com os objetivos das disciplinas que compõem a base comum e as suas reais necessidades. O desenho da matriz pedagógica, estabelecida pelo Brasil, é composto pelos seguintes itens:

I - Perfil da Área de Estudo

Perfil descrevendo de forma sintética a área de estudo e possibilitando a compreensão do conjunto de disciplinas/ objetivos que a compõem.

II - Componentes da área

1. Nome da disciplina

2. Descrição da disciplina

a) Contextualização

- histórico da disciplina contendo uma relação com o contexto atual;

- diferentes abordagens teóricas sobre a disciplina;

- problemáticas que visa a levantar/responder;

- importância do seu estudo para a formação do profissional de segurança do cidadão;

- abordagens correlatas às especificidades a serem exigidas, dadas as atribuições que exercerá.

b) Objetivos

- Objetivos da disciplina.

c) Tópicos a serem abordados

- tópicos e subtópicos essenciais que orientarão o conteúdo da disciplina.

d) Estratégias de ensino

- estratégias de ensino que considerem a linha descrita nos princípios pedagógicos que estão contemplados nessa proposta e, portanto, privilegiam métodos e técnicas, bem como as novas tecnologias, coerentes com o processo de construção do conhecimento e adequados aos objetivos da disciplina.

e) Avaliação da aprendizagem

- técnicas e instrumentos que possibilitem o profissional em formação receber feedback do seu desempenho para direcionar ou redirecionar o seu processo de construção do conhecimento.

f) Bibliografia sugerida

(38)

37

fundamentem os tópicos a serem estudados, as estratégias de ensino e a avaliação da aprendizagem, servindo de referenciais para a prática de ensino (2000, p. 21-22).

As questões paradigmáticas vêm estimulando e exigindo mudanças que apontam para profissionais contextualizados, que saibam lidar ao mesmo tempo com generalizações e especificidades, para tanto, deve necessariamente a este profissional ser bem informado e capaz de gerenciar as informações que recebe.

O objetivo das temáticas centrais é nortear as teorias e práticas abordadas nas disciplinas dos cursos de formação, perpassando todos os conteúdos, servindo de eixos para a problematização dos objetos de estudo e de contexto para as informações, possibilitando que o aprendiz desenvolva as capacidades cognoscitivas e aja de forma condizente com as exigências que a sociedade impõe hoje. Favorecem o processo didático reunindo três componentes: conteúdos, ensino e aprendizagem, frente ao objeto de estudo, ou seja, geram um contexto significativo e intencional para que o professor crie condições que possibilitem o profissional em formação a agir mentalmente mediante simulações, estudos de caso, entre outras técnicas de ensino.

É importante ressaltar que este conjunto de conhecimentos deve permitir que o aprendiz exercite três objetivos fundamentais, ser capaz de interagir com outras pessoas para trocar informações e ampliar a construção de seu conhecimento; gerar, buscar e gerenciar as informações e utilizar as informações que possui como vetor para outras informações, e conseqüentemente novos conhecimentos.

Necessário destacar que o perfil das temáticas centrais se apresentam em seis abordagens, bem como dois exemplos de abordagem onde a seleção de uma temática possibilitará visualizar algumas das previsíveis interações temáticas - conteúdo.

(39)

38

A segunda temática é a da sociedade – que deve possibilitar a compreensão dos movimentos sociais e históricos existentes no passado e presente, que ajude a entender o tecido social vigente e as diretrizes governamentais para atuação de serviços dos profissionais da área de segurança do cidadão. As diversas formas de leituras e debates de fatos sociais favorecerão ainda a compreensão de aspectos sociais que auxiliem numa atuação preventiva frente aos problemas existentes.

A terceira temática é a da ética – que se baseia no estudo da aplicação dos princípios de legalidade, necessidade e proporcionalidade, que deverão estar presentes na conduta do profissional da área de segurança do cidadão na aplicação da lei. As dimensões da ética e o estudo de normas de conduta para os encarregados da aplicação da lei deverão orientar os futuros profissionais para o desempenho correto e eficaz da aplicação da lei.

A quarta temática é a da cidadania – que diante das demandas de cidadania impulsionadas pelo cenário de mudanças em que vivemos, o melhor parâmetro para as ações são os princípios contidos na atual Constituição, onde estão insculpidos os direitos e deveres, estabelecidos pela relação sociedade civil e Estado, que a nação deverá seguir. Caberá ao profissional da área de segurança do cidadão, conhecer esses direitos e deveres, para que a aplicação da lei e o uso de meios coercitivos,

Referências

Documentos relacionados

Dos docentes respondentes, 62,5% conhe- cem e se sentem atendidos pelo plano de carreira docente e pelo programa de capacitação docente da instituição (que oferece bolsas de

As análises serão aplicadas em chapas de aços de alta resistência (22MnB5) de 1 mm de espessura e não esperados são a realização de um mapeamento do processo

E, quando se trata de saúde, a falta de informação, a informação incompleta e, em especial, a informação falsa (fake news) pode gerar danos irreparáveis. A informação é

O tema proposto neste estudo “O exercício da advocacia e o crime de lavagem de dinheiro: responsabilização dos advogados pelo recebimento de honorários advocatícios maculados

Neste capítulo foram descritas: a composição e a abrangência da Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio de Janeiro; o Programa Estadual de Educação e em especial as

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

Na apropriação do PROEB em três anos consecutivos na Escola Estadual JF, foi possível notar que o trabalho ora realizado naquele local foi mais voltado à

Pensar a formação continuada como uma das possibilidades de desenvolvimento profissional e pessoal é refletir também sobre a diversidade encontrada diante