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Crescimento acelerado e o mercado de trabalho: a experiência brasileira

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(1)

FUNDAÇÃO

6ETÚUO

VARGAS

TESE

DE

DOUTORADO

APRESENTADA

À EPGE

Coe de Oliveira

(2)

"CRESCIMENTO ACELERADO E O MERCADO PE TRABALHO

A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA"

TESE SUBMETIDA A CONGREGAÇÃO DA

ESCOLA DE PÕS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA (EPGE)

DO INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA

PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE

DOUTOR EM ECONOMIA

POR

/

ROBERTO DA CUNHA CASTELLO BRANCO

RIO DE JANEIRO, RJ

(3)

D E C L A RAÇÃO

Para os devidos fins e efeitos, declaramos que o economis_

ta ROBERTO DA CUNHA CASTELLO BRANCO, após cumprir os requisitos to

dos exigidos pelo "Curso de Doutorado em Economia" desta Escola,

a-presentou e defendeu em sessão pública, formal e solene, realizada

no auditório da EPGE dia 23/VI/77, sua Tese Doutorai, intitulada

"Crescimento Acelerado e o Mercado de Trabalho: A Experiência Brasi

leira", Rio, junho/77.

Com a presença da Congregação de Professores, de seus alu

nos doutorandos e mestrandos e de ilustres convidados externos, a Ban

ca de Examinadores, constituída pelos professores Carlos

GeraldoLan-goni (Ph.D. pela Universidade de Chicago, USA), Jessê de Souza

Mon-tello (Doutor pela Universidade do Brasil), Antônio Carlos Braga Lem

gruber (Ph.D. pela Universidade de Virgínia, USA) e José Júlio de Al^

meida Senna (Ph.D. pela Universidade John Hoppkins, USA),argülu e de

bateu esta Tese que, ao final, em laudos distintos e separados, apro

vou por unanimidade "com louvor", atribuindo-lhe o grau ou nota 10

(dez).

Cumprindo-se integralmente, pois, os Arts. 26 e 27 do Regu

lamento do Curso de Doutorado desta Escola, o economista Roberto da

Cunha Castello Branco recebe o título e grau de "Doutor em Economia",

Diploma este que lhe será entregue formalmente em sessão solene a

realizar-se em dia a ser marcado, segundo o Art. 28 do Regulamento

deste Curso.

"In fide",

Rio de Janeiro, 24 de junho de 1977.

Ney Coe de Oliveira

(4)

LAUDO DE TESE DOUTORAL

Apresentada e defendida em 23/VI/77

Na qualidade de participante da Banca Examinadora que jul

gou a Tese de Doutorado do candidato Roberto da Cunha Castello Bran

CO, intitulada "CRESCIMENTO ACELERADO E O MERCADO DE TRABALHO; A

EXPERIÊNCIA BRASILEIRA", submetida à Congregação de Professores da

EPGE em maio/77, atribuo-lhe a nota ou grau 10 (dez).

Acredito que a nota máxima deve ser dada a este trabalho,

tendo em vista sua extraordinária qualidade e precisão. Com efeito,

trata-se de um estudo que reúne excelentes características, particu

larmente nos aspectos da análise economêtrica. O autor revela ex

celentes conhecimentos da Teoria Econômica e de Econometria, sendo

capaz de aplicar, com precisão e segurança, estes conhecimentos no

estudo cuidadoso e minucioso do mercado de trabalho brasileiro, du

rante o período de 1969/1973.

Esta

a razão

por que

lhe

atribuo,

'bom

louvor",

o grau

dez.

Rio de Janeiro, 23 de junho de 1977

Antônio canos Braiga LeijgruDêr

(5)

LAUDO DE TESE DOUTORAL

Apresentada e defendida em 23/VI/77

Examinei a Tese Doutorai de Roberto da Cunha Castellô Branco,

intitulada "CRESCIMENTO ACELERADO E O MERCADO DE TRABALHO: A EXPERIÊN

CIA BRASILEIRA".

Trata-se de um trabalho de elevada qualidade, que evidencia

o domínio,

por

parte

do

autor,

da

Teoria

Econômica,

relevante

para

a

analise,

e do

instrumental

economitrico

nela

utilizado.

Adicione-se a isto o fato do tema escolhido ser de grande in

teresse para a compreensão mais adequada das características do proces

so de desenvolvimento brasileiro recente.

Pela profundidade e precisão com que o assunto foi estudado1

e apresentado e por representar importante contribuição à compreensão

dos problemas econômicos nacionais mais recentes, atribuo a este traba

lho a nota ou grau 10 (dez), "com louvor".

Rio de Janeiro, 23 de junho de 1977

/l~/UC

1

Carlos Geraldo Langoni

Diretor e Professor

(6)

LAUDO DE TESE DOUTORAL

Apresentada e defendida em 23/VI/77

A Tese apresentada e defendida pelo doutorando ROBERTO DA

CUNHA CASTELLO BRANCO, intitulada "Crescimento Acelerado e o Mercado

de Trabalho; A Experiência Brasileira", para obter o título e grau

de "Doutor em Economia" , conforme o Art. 28 do Regulamento Interno

do Curso de Doutorado da EPGE, constitui um trabalho serio com conclu

soes

importantes,

mostrando

que

a desigualdade

de

salários

esta

inti^

mamente correlacionada com desequilíbrios associados ao processo de

desenvolvimento econômico.

A metodologia empregada, principalmente analise de regres

são e analise de variância, garante a segurança das conclusões obti

das.

A Tese está bem escrita e com linguagem precisa, de modo

que pode

ser

lida

e apreciada

até

mesmo

por

pessoas

que não

estejam

familiarizadas

com

a

nomenclatura

e a

terminologia

econômica.

Por tudo isso, inclusive pela maneira como foi oralmente a

presentada por seu defensor, atribuo a esta Tese o conceito ou grau

10 (dez).

Rio de Janeiro, 23 de junho de 1977,

Diretor de Ensino qta EPGE

J

(7)

LAUDO DE TESE DOUTORAL

Apresentada e defendida em 23/VI/77

Como membro da Banca de Examinadores para julgar a Tese de

Doutoramento em Economia,submetida ã Escola de Põs-Graduação em Eco

nomia, da Fundação Getúlio Vargas, por Roberto da Cunha Castello Bran

cof sob o título "Crescimento Acelerado e o Mercado de Trabalho;A Ex

periência Brasileira", apresento o seguinte Parecer:

Tendo em vista que:

a) a Tese em julgamento constitui importante estudo sobre

a Economia brasileira, ajudando-nos inclusive a compre

ender um pouco mais o período recente de rápido cresci

mento econômico por que passou o pais e seus impactos

sobre o mercado de trabalho;

b) seu autor demonstrou elevado nível de conhecimento de

Teoria Econômica;

c) o grau de profundidade e precisão com que o assunto foi

abordado mostrou-se perfeitamente compatível com o exi

gido numa Tese Doutorai de Economia,

recomendo sua aprovação, com a nota 10 (dez),"com louvor" .

Rio de Janeiro, 23 de junho de 1977.

M

a'

Joée/jülio

L

de

Almeida

Senna

j / Professor

da

EPGE

(8)

índice das Ilustrações iü

índice das Tabelas iv

\

Capítulo I: OS DESEQUILÍBRIOS DO MERCADO DE TRABALHO .. 1

1 - Introdução 1

2 - As Origens dos Desequilíbrios 8

3-0 Comportamento do Mercado de Trabalho Urbano

entre 1969 r 1973 - Uma Visão Geral 24

Capítulo II: INVESTIMENTOS EM CAPITAL HUMANO E SALÁRIOS 35

1 - Derivação da Função Salário 35

2 - Discussão das Críticas ao Modelo de Capital Hu

mano .- 44

3 - Os Dados 63

Capítulo III: OS DIFERENCIAIS DE REMUNERAÇÃO 68

1 - Analise Desagregada dos Retornos aos Investi

-mentos em Capital Humano 68

2 - Diferenças Salariais entre Subsetores e In

vestimentos em Capital Humano 105

3 - Analise Interindustrial de Diferenças de Salá

rios Médios 110

4 - Análise das Taxas de Retorno aos Investimentos

(9)

no dentro dos Setores 147

3 - Mobilidade e Salários - Diferenças

Interseto-riais 160

4 - Analise das Vantagens Mensais 168

CAPÍTULO V: A ESTRUTURA DOS SALÁRIOS 178

1-0 comportamento dos Salários ao Longo da Expe

riência no Trabalho 178

2 - As Taxas de Crescimento dos Salários ao Longo

da Experiência 194

CAPÍTULO VI: ANALISE DISTRIBUTIVA 200

1 - As Mudanças na Desigualdade dos Salários 200

1.1 - A Escolha da Medida de Desigualdade 200

1*2 - A Decomposição da Variância Logarítmica 206

2 - Desigualdade de Salários e Investimentos em Ca

pital

Humano

218

3 - Desigualdade e Mobilidade Social 233

CAPÍTULO VII: RESUMO E CONCLUSÕES 246

APÊNDICE 1: TABELAS ADICIONAIS 264

(10)

ÍNDICE DAS ILUSTRAÇÕES

Figura Página

1 Habilidade Natural, "Background" Familiar, In

vestimentos em Capital Humano e Salários 48

2 Perfis Salãrios-Anos de Experiência por Nível de

Educação - Setor Urbano (1973) 181

3 Perfis Log Salários-Anos de Experiência por Ní

vel de Educação - Setor Urbano (1973) 181

4 Perfis Salários-Anos de Experiência por Nível de

Educação - Setor 1 (1973) 182

5 Perfis Salãrios-Anos de Experiência por Nível de

Educação - Setor 1 (1973) 182

6 Perfis Salários-Anos de Experiência por Nível de

Educação - Setor 2 (1973) 183

7 Perfis Log Salãrios-Anos de Experiência por Ní

vel de Educação - Setor 2 (1973) 183

8 Perfis Salãrios-Anos de Experiência por Nível de

Educação - Setor 3 (1973) 184

9 Perfis Log Salãrios-Anos de Experiência por Ní

(11)

ÍNDICE DAS TABELAS

Tabela

Página

1.1 Estrutura do Produto Industrial do Brasil 12

1.2 Composição do Emprego no Setor Urbano por

Subse-tores

27

1.3 Taxas Médias Anuais de Crescimento do Emprego no

Setor Urbano (1969/1973) 28

1.4 Salários Reais da Força de Trabalho 31

1.5 Relação Salário Médio/Salário Mínimo 32

1.6 Taxas Médias Anuais de Crescimento dos Salários

Reais (1969/1973) 33

II. 1 Aumento de Matrículas por Nível de Educação (1962/

/1970)

55

111.1 Indicadores de Capital Humano 76

111.2 Estimação da Função Salário para o Setor Urbano 81

111.3 Função Salário - Regressões dentro dos

Subseto-res (1969) 83

111.4 Função Salário - Regressões dentro dos

Subseto-res (1973) 85

111.5 Salários Horários (em Logs) - 1969 88

111.6 Salários Horários (em Logs) - 1973 89

111.7 Variações dos Salários Horários - 1969/1973 .... 91

111.8 Estimação da Função Salário Segmentada para o Se

tor Urbano 97

111.9 Função Salário Segmentada - Regressões dentro dos

Subsetores (1969) 98

(12)

111.12 Análise Interindustrial de Diferenças de Salá

rios (1969) 120

111.13 Análise Interindustrial de Diferenças de Salá

rios (1973) 122

IV. 1 Indicadores de Crescimento, Tecnologia e Concen

tração 135

IV. 2 Características dos Setores do Mercado de Traba

lho Urbano: Indicadores de Investimentos em Ca

pital Humano 137

IV. 3 Características dos Setores do Mercado de Traba

lho Urbano: Salários Reais 138

IV. 4 Taxas Médias Anuais de Crescimento do Enprego por

Setores - 1969/1973 141

IV. 5 Salários Reais por Nível de Educação - Setor Ur

bano I 143

IV. 6 Salários Reais por Nível de Educação - Setor 1 144

IV. 7 Salários Reais por Nível de Educação - Setor 2 145

IV. 8 Salários Reais por Nível de Educação - Setor 3 146

IV. 9 Função Salário - Regressões dentro dos Setores . 150

IV.10 Estimativas das Taxas de Retorno aos Investimen

tos após a Escola (Experiência Potencial) 151

IV. 11 Desigualdade dos Salários Horários dentro dos Se

tores

154

(13)

Tabela

Página

IV. 13 Contribuição Marginal de cada Variável dentro dos

Setores - Função Salário 158

IV. 14 Função Salário Segmentada - Regressões dentro dos

Setores 159

IV.15 Contribuição Marginal de cada Variável dentro dos

Setores - Função Salário Segmentada 160

IV.16 Efeitos da Mobilidade sobre os Salários (1969) . 167

IV.17 Efeitos da Mobilidade sobre os Salários (1973) . 168

IV.18 Vantagens Mensais 173

IV. 19 Regressões das Vantagens Mensais Individuais (Vant)

sobre os Investimentos em Capital Humano (1969). 176

IV. 20 Regres'sões das Vantagens Mensais Individuais (Vant)

sobre os Investimentos em Capital Humano (1973). 177

V. 1 Salários Horários por Anos de Experiência, den

tro de Grupos Definidos por Nível se Educação

-Setor Urbano 189

V. 2 Salários Horários por Anos de Experiência dentro

de Grupos Definidos por Nível de Educação - Se

tor 1 190

V. 3 Salários Horários por Anos de Experiência dentro

de Grupos Definidos por Nível de Educação - Se

tor 2 191

V. 4 Salários Horários por Anos de Experiência dentro

de Grupos Definidos por Nível de Educação - Se

tor 3 192

V. 5 Estimação da Função Salário com Termo de Intera

(14)

Tabela

Página

VI. 1 Decomposição da Variância Logarítmica 212

VI. 2 Variância Logarítmica dos Salários Horários nos

Subsetores

218

VI.

3

Desigualdade

dos

Salários

por

Nível

de

Educação

\

(1973)

224

VI. 4 Regressões da Desigualdade dos Salários e Inves

timentos em Capital Humano (1969) 228

VI. 5 Regressões da Desigualdade dos Salários e Inves

timentos em Capital Humano (1973) 229

VI. 6 Características dos Novos Integrantes da Força

de Trabalho Urbana (1973) 239

VI. 7 Estimação da Função Salário para os Novos Inte

grantes da Força de Trabalho (1973) 244

VI.

8

Proporção

da

Força

de

Trabalho

que

Recebe

Salá

rios Mensais Superiores ao Maior Salário Mínimo

Vigente no País 246

A. 1 Coeficientes de Correlação Simples entre Anos de

(15)

raldo Langoni, presidente de meu comitê de tese, pela orienta

ção e estímulo amigo que me prestou não somente durante a

e-laboração deste trabalho como ao longo do Curso de Doutorado.

Desejo também expressar meus agradecimentos ao

Professor José Júlio Senna por sua contribuição, lendo paci

entemente versões iniciais da tese e apresentando inúmeras crí

ticas e sugestões relevantes. Da mesma forma, quero estender

meu reconhecimento aos professores José Luiz Carvalho, Jessé

Montello, Antônio Carlos Lemgruber e Cláudio Haddad. Não po

deria deixar de agradecer também ao professor Arnold C.

Har-berger, da Universidade de Chicago, por suas valiosas suges

tões no estágio inicial de preparação desta tese.

Agradeço ao Serviço Nacional de Aprendizagem Co

mercial (SENAC) pelo apoio financeiro concedido.

Carlos Alexandre Tardin Costa, Neida Senra Souza

e Paulo Alves foram assistentes extremamente eficientes e a

eles apresento meus agradecimentos.

Finalmente, gostaria de manifestar gratidão ã

minha família. Minha esposa, Ana, desempenhou papel bastante

(16)

su-Rio de Janeiro, junho de 1977.

(17)

1 - Introdução

Este estudo procura analisar o comportamento do

mercado de trabalho urbano brasileiro durante a fase de ace

leração de crescimento, econômico compreendida entre o final da

década de 60 e o início da presente. Paralelamente, tentamos

ampliar a visão proporcionada pelos trabalhos de Langoni (1973)

e Senna (1975) a respeito dos problemas de distribuição de

renda pessoal do país.

A concepção básica que apresentamos é de um

mercado de trabalho dinâmico, cujos desequilíbrios entre ofer

ta e demanda pelos diversos tipos de mão-de-obra estão inti

mamente associados ao processo de crescimento e também, de

algum modo, a uma série de intervenções institucionais na ati

vidade econômica. Estas, em geral, estão ligadas a diferentes

formas de proteção ã produção doméstica ou procuram atender a

objetivos de natureza social.

Num contexto de rápido crescimento econômico,

à medida em que ocorrem transformações quantitativas e

(18)

pelos serviços de trabalhadores melhor qualificados. Diante

da pobreza do estoque de recursos humanos existente no Bra

sil, nossa hipótese ê de que essa situação contribuiu para

e-levar desproporcionalmente os rendimentos daqueles indivíduos

melhor capacitados a realizarem com eficiência as tarefas mais

complexas exigidas pela modernização da economia e, em última

instância, para aumentar a desigualdade de salários.

Dentro da estrutura analítica da teoria do ca

pital humano, consideramos as diferenças em investimentos em

educação formal e treinamento no trabalho como -fatores rele

vantes para a explicação dos diferenciais de salários relati

vos. Além dos aumentos diretos de produtividade do trabalho

proporcionados por esses investimentos, existe a suposição de

que contribuiriam também para desenvolver a habilidade dos

a-gentes econômicos em realocar recursos de maneira eficiente.

Numa economia em expansão acelerada, em que existem desníveis

(1) Schultz (1975) mostra como a educação- ~ formal e o treinamento influ

enciam a habilidade das pessoas em se comportar eficientemente diante de

desequilíbrios econômicos e relaciona toda uma série de estudos cujos re

(19)

ses diferenciais pelos mais qualificados. Assim, no caso bra

sileiro, é bastante lógico supor que a acumulação de investi

mentos em

capital

humano

se

reveste

de

especial

relevância

pa

ra a obtenção de acréscimos de renda real.

Desse modo, a ênfase de nosso trabalho ê nos

desajustes associados ao funcionamento das forças impessoais

de mercado, embora não deixemos de reconhecer que possam ter

sido influenciados pela ação de fatores institucionais. Ao

mesmo tempo, destacamos seu caráter transitório e, portanto,

estaremos

atentos

as

forças

que

operam

no

sentido

de

corrigí--los.

Alguns trabalhos que se propõem a investigar a

natureza dos desequilíbrios do mercado de mão-de-obra apre

sentam como ponto comum, todavia, uma visão essencialmente es

tática. A tese fundamental desses estudos consiste, em resu

mo, em que esses desequilíbrios resultariam de um processo ins

titucional dirigido no sentido de proteger o próprio sistema

capitalista pela criação e conservação de uma estrutura

(20)

Na parte final deste trabalho, apôs a analise

concernente ao aumento da desigualdade de salários e sua as

sociação ao processo de crescimento econômico, nos preocupa

mos justamente em constatar se durante o período considerado

ocorreu ampliação de oportunidades de mobilidade social. Em

contraste com as teorias de segmentação, consideramos que a

maior diversificação e complexidade adquirida pela estrutura

ocupacional e organizacional ao longo do crescimento da eco

nomia deve ter concorrido para aumentar significativamente as

oportunidades de ascensão social.

Na Seção 2 deste Capitulo introdutório desen

volvemos os argumentos que explicam a formação dos desequilí

brios no mercado de trabalho brasileiro. Em seguida, a Seção

3 apresenta uma primeira visão do comportamento desse mercado

entre os anos de 1969 e 1973.

( 1 )

Para uma análise das teorias de segmentação do mercado de trabalho

(21)

cos desses investimentos: educação formal e treinamento no

trabalho. Derivamos a função salário, que será empregada em

Capítulos posteriores para estimar os retornos aos investi

mentos em capital humano e explicar as diferenças de remune

ração entre indivíduos e entre subsetores. Além disso, resu

mimos algumas das controvérsias acerca das implicações desse

modelo e descrevemos os dados utilizados na parte empírica do

trabalho.

No Capítulo III, a função salário ê estimada em

cada um dos subsetores urbanos em dois pontos do período de

crescimento acelerado, 1969 e 1973, Através dessa função

ob-temos estimativas dos retornos dos investimentos em educação

e treinamento no trabalho e da capacidade desse modelo em ex

plicar diferenças individuais de rendimentos. Ainda nesse Ca

pítulo, analisamos as diferenças entre subsetores das taxas

de retorno aos investimentos em capital humano, de salários mé

dios e das taxas de crescimento desses salários entre 1969 e

(22)

xistentes. Além de analisarmos o comportamento dos salários nes

ses segmentos, testamos o impacto dos investimentos em capi

tal humano sobre a obtenção de complementaçoes monetárias aos

salários mensais (gratificações por aumento de produtividade,

comissões por exercício de cargos de chefia, etc). Procuramos

examinar também os efeitos da mobilidade sobre os salários,

destacando os diferenciais de intensidade dos mesmos entre os

três setores selecionados.

No Capitulo V tentamos compreender os padrões

de evolução das remunerações, dentro de grupos <le indivíduos

selecionados por níveis de escolaridade, durante a experiên

cia no mercado de trabalho, através da distribuição temporal

dos investimentos em capital humano.

O Capítulo VI encerra uma análise distributiva

dos salários. Investigamos os efeitos dos investimentos em ca

pital humano e de suas taxas de retorno sobre a desigualdade

de rendimentos e suas mudanças entre 1969 e 1973. Finalmente,

procuramos avaliar as conseqüências sobre o bem estar da so

ciedade geradas pelo crescimento econômico acelerado, contras

(23)
(24)

trutura do mercado de trabalho baseia-se na consideração de

qüe

a característica

essencial

do

processo

de

crescimento

é

sua estreita associação a um estado de freqüentes desequilí

brios. A manutenção do crescimento pressupõe o contínuo apa

recimento de novas e altamente lucrativas oportunidades de in

vestimentos produzidas por uma combinação de fatores, entre

os quais destacam-se a incorporação de recursos naturais e a

introdução de inovações tecnológicas.

Na medida em que a ampliação dessas novas

o-portunidades tende a se distribuir de maneira desigual entre

os diferentes ramos da atividade econômica, e também em que

sua identificação e as respostas âs mesmas se manifestam de

formas distintas, torna-se lógica a inferência de que o cres

cimento econômico está intimamente ligado â formação de de

sigualdades .

Independentemente da base institucional em que

Ao longo do processo de crescimento o progresso tecnológico adquire

crescente importância como fonte geradora de oportunidades de investimen

tos, passando inclusive a viabilizar a descoberta e o aproveitamento eco

(25)

vidência empírica que registra, paralelamente ao crescimento da

renda real dos países, consideráveis transformações em sua

estrutura econômica. Uma das tendências mais importan

tes ê a queda da participação relativa do setor primário no

produto total da economia, compensada, basicamente, pelo au

mento da parcela referente ã indústria, reflexo de diferenças

nas elasticidades renda da demanda de seus produtos.

Dentro do setor urbano, tendo em vista dife

renciais de adoção de inovações tecnológicas e de elasticida

des renda da demanda entre seus componentes, também se veri

ficam profundas alterações na composição do produto. A Tabe

la 1.1 ilustra as acentuadas modificações por que passou a

indústria brasileira nas duas últimas décadas. Os subsetores

tecnicamente mais desenvolvidos e cujos produtos parecem apresentar,

em média, elasticidades renda da demanda relativamente mais

elevadas - indústrias de material de transporte, mecânica, ma

terial elétrico, química, metalurgia - aumentaram

significa-< X >

Veja, a respeito, Kuznets (1966), e para o caso especifico do Bra

(26)

ESTRUTURA DO PRODUTO INDUSTRIAL DO BRASIL

SUBSETORES

Química e Farmacêutica

Metalurgia

Material de Transporte

Material Elétrico e eletrônico

Mecânica

Papel e Papelão

Borracha

Diversos

Têxtil

Alimentos

Minerais não-Metãlicos

Calçados e Vestuário

Bebidas Gráfica Madeira Mobiliário Couros Fumo em % . 1949 9,40 9,40 2,30 1,70 2,20 2,10 2,00 1,90 20,10 19,70 7,40 4,30 4,30 4,20 3,90 2,20 1,30 1,60 1969 13,86 11,95 8,25 5,58 7,30 2,65 2,12 2,29 9,67 13,75 6,09 3,47 2,40 3,81 2,61 2,17 0,67 1,36 1949/1969 + 47,45 + 27,13 +258,70 +228,24 +231,82 + 26,19 + 6,00 + 20,53 - 51,89 - 30,20 - 17,70 - 19,30 - 44,19 - 9,29 - 33,08 - 1,36 - 48,46 - 15,00

TOTAL 100,00 100,00

(27)

tivamente sua participação relativa no produto industrial, sen

do que as três primeiras mais do que triplicaram suas parce

las ao longo desses vinte anos. Simultaneamente, reduziu-se

bastante a importância relativa das chamadas indústrias "tra

dicionais" (têxtil, alimentos, couros, madeira, calçados e

vestuário, etc), cuja participação em alguns casos, como o

da indústria têxtil, a mais importante em 1949, reduziu-se ã

metade

em

1969.

( -1 )

A disparidade das taxas de crescimento dos

sub-setores urbanos nos indica uma fonte de promoção de desequi

líbrios de caráter transitório no mercado de mão-de-obra. A

existência no curto prazo de inelasticidade da oferta de tra

balho, associada a diferenciais de qualificação, reforçada por

imperfeições no acesso â informação e custos significativos de

mobilidade, ao lado de taxas distintas de expansão da demanda

entre os subsetores, é suficiente para produzir desigualdades

nos salários recebidos por determinada categoria de

mão-de--obra, definida por anos de educação formal e de experiência,

entre esses subsetores. Isso é uma conseqüência da dinâmica do

processo, ainda que admitíssemos como verdadeira a hipótese de

( 1 )

De acordo com Schultz (1964) estamos definindo indústria tradicio

(28)

Com relação a esse último aspecto, a realidade

mostra que, tendo em vista os diferentes graus de utilização

de inovações tecnológicas e a complementaridade entre capital

físico moderno e capital humano, a composição qualitativa da

força de trabalho empregada em cada um dos subsetores é ra

zoavelmente distinta. Esse ê outro fator que concorre

para expandir as desigualdades associadas exclusivamente a de

sequilíbrios de crescimento.

Por outro lado, temos que considerar o compor

tamento da oferta efetiva de mão-de-obra, função de dois com

ponentes interdependentes, a quantidade e a qualidade. No

Brasil, elevadas taxas de natalidade determinaram rápido

cres-( 2 )

cimento populacional. Uma das conseqüências foi que,

para um dado nível de renda familiar, as despesas por crian

ça com saúde, nutrição e educação fossem reduzidas. Desse

mo-Para evidencia empírica sobre a complementaridade entre capital fí

sico e capital humano, veja Griliches (1969) e Fallon e Layard (1975).

( 2 )

Para dados relativos ã expansão demográfica no Brasil, veja Kogut

(29)

do, a expansão demográfica acelerada resultou na formação de

oferta excessiva de indivíduos com baixa qualificação, o que

num ambiente dinâmico de crescimento contribui para dificultar

o ajustamento do mercado de trabalho, especialmente nos seto

res mais modernos. Em última instância, o resultado é a con

vivência durante certo período de tempo entre crescimento e

aumento de desigualdade.

Paralelamente â evolução desequilibrada da

e-conomia refletindo a ação das forças de mercado, no caso bra

sileiro, interferências institucionais parecem também ter con

tribuído para reforçar os desníveis do mercado de trabalho.

Isto aconteceu na medida em que se concederam estímulos para

a incorporação de técnicas produtivas não compatíveis com o

estoque de capital humano existente no país.

A política de desenvolvimento industrial

implan-tada nos períodos subseqüentes â segunda guerra mundial pare

ce ter sido orientada pelas idéias transmitidas através de

modelos simplistas de crescimento, versões distorcidas do mo

delo original de Harrod, que aliás conseguiram grande popula

ridade entre economistas e formuladores de política dos paí

ses em desenvolvimento em suas primeiras experiências com pla

(30)

funcionamento do mecanismo de preços e, portanto, para consi

derações acerca de decisões alocativas, existe apenas uma re

lação direta entre o volume de investimentos e a taxa de cres

cimento da economia traduzida por uma relação capital-produto

constante. Como conseqüência lógica, o capital físico

aparece como o único fator de produção relevante na promoção

do crescimento econômico.

Além disso, em decorrência da contínua forma

ção de desequilíbrios, numa economia em crescimento, existe

razoável variância das taxas de retorno dos investimentos as

sim como são intensas as externalidades, havendo então

dife-( 2 )

renciais entre taxas de retorno sociais e privadas.

Na presença de considerável variância de ren

tabilidade dos investimentos certamente constitui sério erro

Ainda em 1964, o Programa de Ação Econômica do Governo 1964-66 ba

seava-se em suas projeções nesse tipo de modelo: ..."No caso brasileiro,

onde a população esta crescendo atualmente de 3,5% por ano, sendo a rela

ção incrementai capital/produto estimada em 2,0 e atingindo as deprecia

ções, anualmente, cerca de 5% do produto bruto, seria necessário uma taxa

bruta de investimentos de 12% por ano para fazer com que o produto bruto

real crescesse pelo menos â mesma taxa de expansão demográfica... Admiti

dos os mesmos parâmetros mencionados, se a taxa bruta de investimentos

for de 16%, o produto real per capita crescerá de 2% ao ano..."; veja a

respeito, "Programa de Ação Econômica do Governo 1964-66", Ministério do

Planejamento e Coordenação Econômica, Maio/1965, Cap. II, Seção 2.3.

( 2 )

Para uma avaliação dessa variância, veja as estimativas de taxas de

retorno setoriais para uma amostra das Sociedades Anônimas do setor in

dustrial brasileiro no período 1954/67, calculadas por Langoni (1974a),

(31)

considerar-se desenvolvimento como um problema de acumulação

de capital homogêneo de produtividade uniforme. A ênfase no

aumento de estoque de capital pode significar muito pouco, es

pecialmente se as taxas sociais de retorno em algumas formas

de investimento são atê mesmo negativas, enquanto oportunida

des de investimentos extremamente rentáveis para a sociedade

como um todo não são exploradas face â inexistência de uma

estrutura de financiamento adequada.

A intervenção governamental em si não é má e

torna-se recomendável nas situações em que o sistema de direitos ã

propriedade privada falha em captar integralmente as conseqüên

cias econômicas e sociais das decisões privadas, ou seja,

quando se verificam divergências entre as taxas- privadas e

sociais de retorno. Muitas vezes, entretanto, a forma de in

tervenção concorre para ampliar essas diferenças.

Um exemplo dessas distorções são os subsídios

concedidos ao emprego do capital físico conjugados â imposi

ção de encargos sociais sobre os custos da mão-de-obra. Tor

nou-se, assim, rentável do ponto de vista privado a

importa-( 1 )

Um exemplo disso é a dificuldade de obtenção de financiamento para

investir em capital humano, tendo em vista que esse capital nao pode ser

(32)

ção pura e simples de tecnologia estrangeira, intensiva no uso

de capital físico e de mão-de-obra qualificada, característi

ca que reflete fundamentalmente a escassez relativa dos fato

res de produção nos países exportadores, bastante diversa da

prevalecente no Brasil.

Portanto, se os subsetores que absorvem mais

intensamente inovações técnicas são também aqueles que cres

cem mais rapidamente, podemos esperar que a demanda por

mão--de-obra qualificada venha a se expandir, em termos agregados,

mais aceleradamente do que a demanda por mão-de-obra não qua

lificada. Ao mesmo tempo, é possível concluir que existem con

sideráveis diferenças nas intensidades relativas dessa expan

são entre os diversos componentes do setor urbano. Essa seria

uma razão adicional para explicar as disparidades nas remune

rações para dados tipos de mão-de-obra entre os subsetores ur

banos .

Um importante efeito da importação excessiva de

tecnologia foi, sem dúvida, a discriminação implícita contra

( 1 )

Isso não significa, entretanto, que a indústria nacional utilize a

mesma relação entre os fatores que a industria de onde foi importada a

tecnologia. Na realidade, como os salários no Brasil são certamente infe

riores aos vigentes nos países desenvolvidos, as firmas brasileiras devem

promover alguma adaptação através do emprego mais intenso de mao-de - obra

em operações auxiliares tais como armazenagem, limpeza, administração e

(33)

determinados setores da economia, na medida em que estes fo

ram condenados ao uso de técnicas menos eficientes. Em pri

meiro lugar, isso se manifesta onde não é factível o trans

plante imediato de tecnologia importada como acontece no caso

específico da agricultura. Outra dimensão desse problema é o

viés gerado contra a modernização de firmas nacionais: enquan

to que as empresas de propriedade estrangeira se beneficiam de

tecnologia desenvolvida e jã testada por suas matrizes, cujo

custo marginal ê praticamente nulo (o pagamento pelos servi

ços constitui-se simples transferência interna de recursos),

as nacionais adquirem-na a preços superiores aos custos mar

ginais, em razão da existência de ganhos monopolísticos. Por

tanto, a capacidade de modernização tecnológica dos

subseto-res urbanos viu-se condicionada â presença de empresas multi

nacionais ou domésticas de dimensões consideráveis (em geral

sob controle do Estado) face ãs maiores possibilidades de su

portar os gastos de implantação e de, como veremos adiante,

recuperar os custos incorridos no treinamento de mão-de-obra,

exigido pelo uso de técnicas mais sofisticadas. Em outras pa

lavras, os subsetores menos concentrados tiveram, sob esse as

pecto, dificultado o acesso ao progresso tecnológico.

(34)

realiza-ção de investimentos em pesquisa no país, é de se esperar que

as firmas de maior porte adotem mais rapidamente as inova

ções tecnológicas. A maior capacidade para financiar os

investimentos necessários ã adoção e a diluição dos riscos as

sociada à diversificação das operações das empresas de gran

des dimensões são algumas das razões que explicam a existên

cia de diferenciais na difusão de inovações derivados de di

ferenças de tamanho das firmas.

As firmas menores, a menos que invistam razoa

velmente em pesquisa, o que não parece acontecer no Brasil,

devem adotar as inovações com considerável defasagem em rela

ção ãs demais. Além do período necessário à avaliação do de

sempenho dos novos fatores de produção, elas devem se defron

tar com problemas de escassez de recursos para realizar os in

vestimentos necessários, dadas as dimensões e imperfeições do

mercado de capitais, sem contar as prováveis dificuldades téc

nicas acarretadas pelas diferenças de escala de operações.

Portanto, ê possível prever que haja no Brasil

correlação positiva, para os subsetores urbanos, entre

moder-(1)

Romeo (1975) estuda a difusão do uso de maquinas operatrizes com

controles numéricos nos Estados Unidos, com amostra constituída por 152

firmas pertencentes a 10 indústrias diferentes. Seus resultados revelam

que, além da rentabilidade esperada, o tamanho da firma é a variável mais

importante na determinação da rapidez da adoção dessa inovação,

(35)

nizaçao tecnológica e grau de concentração industrial.

Se concentração se constituir num bom indicador

de imperfeições de mercado, o que é discutível, existem razões

para que as firmas de maior tamanho realizem maiores investi

mentos no treinamento de seus empregados. Nesse caso, o

trei-namento recebido se reveste de um caráter mais específico ã

firma, ou seja, os conhecimentos adquiridos não serão tão pro

dutivos nas demais. De qualquer forma, a escala de operações

das grandes empresas conduz ã especialização de atividades, o

que requer, em conseqüência, investimentos mais intensivos em

treinamento.

Portanto, é possível antecipar que diante da

existência de associação entre concentração e avanço tecno

lógico a possibilidade de que empregados treinados peçam de

missão para trabalhar em empresas concorrentes e de que, em

última análise, a firma que incorreu nos custos do

investimen-( 2 )

tos sofra perdas de capital e relativamente reduzida. Em

decorrência, existe, neste caso, fortes estímulos para que as

firmas participem no financiamento dos custos desse tipo de

Os dados apresentados na Tabela IV.1 fornecem amparo a essa hipóte

se.

( 2 )

Nos Estados Unidos, de acordo com os resultados de Parsons (1972),

o grau de concentração industrial, medido pela participação das quatro

maiores firmas nas vendas totais da indústria, exerce influência negativa

e significante sobre os pedidos de demissão dos empregados. Resultados

(36)

investimento.

Entretanto, mesmo na presença desses estímulos

para que as empresas financiem o treinamento, a preocupação

com o problema de rotatividade de mão-de-obra determina com

que as mesmas optem por partilhar com seus empregados os cus

tos e conseqüentemente os retornos desse investimento. Desse

modo, durante o treinamento, os salários pagos são inferiores

ã produtividade marginal potencial do indivíduo e, após seu

término, embora sejam menores do que sua produtividade para a

empresa investidora, suas remunerações são mais elevadas do

que as que poderia receber em outras firmas, para as quais

( 2 )

sua eficiência nao aumentou de maneira tao significativa.

Problemas de barganha entre empregados e em

pregadores podem surgir quando se encerram os programas de

treinamento específico, uma vez que cada uma das partes inte

ressadas tenta absorver a maior parcela possível dos re

tornos .

E" possível que as empresas financiem ate mesmo parte dos custos de

investimentos dos empregados em educação formal, dada sua complementari

dade com o treinamento específico.

(.2 )

Produtividade marginal potencial i a produtividade marginal que o

empregado teria se dedicasse seu tempo unicamente ao trabalho, nao sacri

ficando horas de trabalho dedicadas ao treinamento.

( 3 >

Para uma discussão teórica dos problemas de barganha entre emprega

(37)

Num mundo perfeito, em que não existissem in

certezas e as pessoas pudessem prever os acontecimentos futu

ros com precisão, a expectativa de não ser premiado com um au

mento salarial considerável quando terminasse a fase de apren

dizado determinaria automaticamente com que o trabalhador

e-xigisse salários mais altos durante o treinamento, reduzindo

assim seu investimento. Portanto, nessa situação, o proces

so de barganha implicaria apenas em remanejamento dos inves

timentos entre a firma e o empregado, com a instituição au

mentando sua parte e este ultimo diminuindo.

A realidade, porém, se mostra muito distinta

desse mundo rotineiro viabilizando a possibilidade de que uma

das partes aumente seus retornos às expensas da redução dos

da outra. No caso brasileiro, em que existem limitações às

reivindicações salariais dos sindicatos, poder-se-ia argumen

tar que depois de completado o programa de treinamento, a fir

ma poderia, com razoável probabilidade de sucesso, absorver

certa parcela dos retornos que pertenceriam ao empregado, o

que contribuiria para diminuir a importância do treinamento na

formação de diferenças salariais.

Contudo, existem limites bem definidos ã

(38)

colocariam diante de uma séria possibilidade de sofrer redu

ções em seu estoque de capital humano específico via aumentos

de pedidos de demissão. Ademais, ã medida que fluíssem

as informações, passariam a gozar de má reputação no mercado,

tendo, fatalmente, que vir a arcar com custos mais elevados

para o recrutamento de novos trabalhadores dispostos a serem

treinados. Da mesma forma, trabalhadores altamente qualifica

dos, como é o caso de executivos, sobre os quais as empresas

dispõem de maior volume de informações a nível individual, so

frem restrições semelhantes, e conseqüentemente tendem a evi

tar causar perdas de capital â empresa que investiu em seu

treinamento especifico.

Por outro lado, os empregos oferecidos pelas

firmas de menor tamanho e menos desenvolvidas

tecnologicamen-te, não devem apresentar grandes oportunidades de aprendiza

gem, o que resulta no crescimento mais lento dos salários dos

empregados ao longo do tempo.

Portanto, é possível deduzir que se o treina

mento específico for importante, diferenciais de remuneração

_____

E" bem verdade que o estoque de capital humano está incorporado nos

indivíduos. Entretanto, o uso da expressão "capital humano específico da

firma" é justificado pelo fato de que, por definição, os conhecimentos de

caráter específico ã firma não possuem valor em outras firmas. Assim, os

gastos da empresa com o treinamento específico de seus empregados consti

(39)

entre indivíduos, com mesma escolaridade e experiência, em

pregados em firmas ou industrias diferentes, podem mesmo coe

xistir com pouca mobilidade entre os empregados, sem que isso

constitua evidência de imposição de barreiras artificiais ã

entrada de trabalhadores em empregos mais promissores. Na ver

dade, essas diferenças salariais são estimativas enganosas dos

retornos esperados decorrentes de mudanças de emprego, dado

que o estoque de capital humano dos indivíduos cujos rendi

mentos estão sendo comparados ê bastante heterogêneo. Nesse

caso, inclusive a mobilidade de mão-de-obra não constitui bom

índice de funcionamento eficiente dos mecanismos de mercado,

e sua redução pode até mesmo ser um ajustamento õtimo ao cres

cimento do estoque de capital humano específico.

Dessa forma, as disparidades de taxas de cres

cimento entre os subsetores urbanos, combinadas âs diferenças

em avanço tecnológico e concentração industrial, devem contri

buir, substancialmente, para a formação de desníveis salariais,

(40)

3 - O Comportamento do Mercado de Trabalho Urbano entre 1969

e 1973 - Uma Visão Geral

Nesta Seção apresentamos de forma bastante re

sumida alguns aspectos descritivos do comportamento do merca

do de trabalho urbano durante o período de crescimento acele

rado .

A Tabela 1.2 mostra a distribuição da força de

trabalho empregada entre subsetores selecionados. Em ter

mos agregados, a indústria e responsável pela maior parcela dos

empregos do setor urbano, 55%, aproximadamente. Isoladamente,

entretanto, o comércio é o subsetor que mais absorve

mão-de--obra, cerca de 14% do total, e juntamente com ' as indústrias

de construção civil, alimentos e têxtil concentra mais de 35%

dos empregos.

Os dados da Tabela 1.3, relativos a crescimen

to de emprego, sugerem que, apesar da adoção de inovações

pou-padoras de mão-de-obra não qualificada, fator de produção re

lativamente abundante no Brasil, a expansão da demanda global

foi suficientemente intensa para incorporar justamente ao se

tor mais dinâmico da economia brasileira grande massa de tra

(41)

COMPOSIÇÃO

SUBSETORES

DO EMPREGO NO SETOR

em % URBANO POR 1969 SUBSETORES 1973 Extração Vegetal Mineração Alimentos Bebidas Fumo Têxtil

Calçados e Vestuário

Madeira Mobiliário Papel Gráfica Couros Borracha Química Petróleo Plásticos Materiais Não-Metãlicos Metalurgia Mecânica Veículos Construção Civil Construção Elétrica Comercio Instituições Financeiras Transportes Comunicação

Educação e Saúde

Diversos Total 0,42 1,38 5,67 0,97 0,45 6,70 2,52 2,00 1,25 1,05 1,20 0,47 0,73 2,15 0,32 0,78 2,78 ' 2,24 9,51 3,02 10,89 0,52 14,98 5,12 5,96 1,34 4,21 11,36 100,00 0,54 1,29 5,29 0,71 0,28 5,26 2,68 1,67 1,31 1,02 1,16 0,39 0,70 2,17 0,30 0,96 2,34 3,40 8,69 2,97 11,72 0,65 14,04 4,60 5,60 1,89 5,64 12,73 100,00

(42)

TAXAS MÉDIAS ANUAIS DE CRESCIMENTO DO EMPREGO NO SETOR URBANO

em %

SUBSETORES 1973/1969

Extração Vegetal 14,98

Mineração 3,34

Alimentos 7,83

Bebidas 1,32

Fumo - 2,67

Têxtil 2,06

Calçados e Vestuário 13,12

Madeira 3,08

Mobiliário 12,52

Papel e Papelão 10,04

Gráfica 9,74

Couros 4,41

Borracha 9,40

Química 11,10

Petróleo 8,56

Plásticos 16,49

Materiais Não-Metálicos 3,87

Metalurgia 27,04

Mecânica 8,04

Veículos . 9,65

Construção Civil 15,94

Energia Elétrica 17,30

Comércio 8,14

Instituições Financeiras 6,55

Transportes 8,40

Comunicação 23,17

Educação e Saúde 23,59

Total 10,87

(43)

10,9%, esteja certamente superestimada face à ampliação da co

bertura da pesquisa da Lei dos 2/3, evidências de outras fon

tes, como da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios

(PNAD) do IBGE, amparam qualitativamente a validade de nossos

resultados.

Entre os subsetores se manifesta considerável

dispersão das taxas de aumento de emprego, o coeficiente de

variação ê igual a 0,70, reflexo de diferenças de taxas de ex

pansão do produto e de características tecnológicas. Os sub

setores Metalurgia, Comunicação e Educação e Saúde aumentaram

a taxas excepcionalmente elevadas o número de seus empregados,

acima de 20% ao ano, enquanto que em outros, como Bebidas, Têx

til, Madeira, Mineração e Couros, a expansão média anual foi

inferior a 5%. Na indústria de Fumo registrou-se o único caso

de redução da força de trabalho. E" interessante notar que

essa indústria i a mais intensiva no uso de capital físico,ao

passo que Madeira, Couros e Têxtil situam-se entre as de maior

intensidade relativa no emprego de mão-de-obra. Isso pa

rece indicar, então, que o menor aumento de emprego nesses três

( 1 )

Para dados referentes ã intensidade relativa da utilização de

(44)

últimos subsetores deveu-se fundamentalmente, a expansão re

-lativamente lenta do produto.

As Tabelas 1.4, 1.5 e 1.6 denotam o com

portamento dos salários reais (horários, mensais e mensais

to-\ ( 1 )

tais). Os dados sao oriundos das amostras da Lei dos 2/3

que são utilizadas ao longo deste trabalho e cujas caracterís

ticas são descritas no Capitulo II, Seção 3. Os salários men

sais totais constituem-se nos salários mensais acrescidos de

complementaçoes monetárias como gratificações, comissões etc.

Os dados revelam sensíveis diferenças de salá

rios médios entre subsetores, que como veremos posteriormen

te, são explicados em grande parte pelos diferenciais de com

posição qualitativa da força de trabalho empregada pelos mes

mos.

( 1 )

0 deflator utilizado foi o índice de custo de vida do Rio de Janei

ro, publicado pela revista "Conjuntura Econômica", correspondente ao mês

de abril, para o qual se referem os salários informados nos questionários

da pesquisa da Lei dos 2/3. Pode-se argumentar que sendo um índice regio

nal nao é representativo para o Brasil como um todo. Entretanto, embora

devam existir diferenças, entre regiões, de nível de custo de vida, espe

ra-se que, havendo razoável grau de integração econômica entre as mesmas,

as taxas de crescimento de preços tendam a convergir ao longo do tempo, a

menos que ocorram sérios erros de medida. De fato, as diferenças de varia

ção, por exemplo, entre os índices de custo de vida de São Paulo e Rio de

Janeiro, entre abr/69 e abr/73, foram pequenas: o primeiro aumentou em

103,17%, enquanto que o último cresceu em 98,92%. Nesse período,o compor

tamento do índice geral de preços - disponibilidade interna não apresen

tou diferenças significativas em relação ao dos demais, tendo aumentado em

99,42%. Para testes sobre convergência de taxas de inflação, veja Genberg

(45)

SALÁRIOS

REAISa DA

FORÇA

DE

TRABALHO

Subsetores Extração Vegetal Mineração Alimentos Bebidas Fumo Têxtil

Calçados e Vestuário

Madeira Mobiliário Papel Gráfica Couros Borracha Química Petróleo Plásticos Materiais NãorMetálicos Metalurgia Mecânica Veículos Construção Civil Energia Elétrica Canércio Instituições Financeiras Transportes Comunicação

Educação e Saúde

Setor Urbano Salãric em Cr$ ) Médio Horário 1969 0,54 0,78 0,58 0,64 1,18 0,75 0,53 0,47 0,54 0,69 0,80 0,48 0,70 1,22 2,44 0,73 0,60 0,89 0,98 1,05 0,63 1,06 0,90 2,32 0,83 1,21 1,43 0,94 1973 0,75 0,99 0,83 1,04 1,79 1,14 0,86 0,59 0,71 1,11 1,29 0,65 1,07 1,89 3,19 1,27 0,88 1,36 1,40 1,75 0,87 1,71 1,14 3,57 1,06 1,67 2,34 1,35 Salário Médio Mensal 1969 101,20 141,82 109,59 120,87 211,31 143,22 101,41 89,46 103,50 131,23 150,89 90,92 132,52 222,66 411,84 138,51 112,77 168,02 183,42 191,33 120,04 199,92 162,47 309,55 148,08 198,86 193,65 162,26 1973 137,21 175,74 153,71 191,21 319,00 213,44 162,59 110,97 135,65 207,48 238,29 123,40 202,98 342,53 558,13 235,39 166,19 257,16 262,48 320,70 165,26 307,99 207,37 483,11 191,54 275,21 285,28 231,30 Salário Médio Mensal 1969 108,62 155,63 122,02 127,83 216,71 149,50 106,11 96,06 107,98 140,83 156,66 97,22 142,75 233,93 494,29 144,78 118,29 185,94 189,56 197,31 124,68 213,34 170,86 391,81 167,14 214,48 200,64 . 175,92 Total 1973 147,30 194,56 162,58 202,31 338,03 226,51 167,08 118,94 142,05 217,31 252,41 130,76 218,59 358,73 688,53 247,76 175,93 278,18 273,53 334,32 176,02 353,48 218,95 638,65 209,99 303,47 303,43 253,60

a - Deflator utilizado: índice do custo de vida do Rio de Janeiro, base 1965/67 = 100

(46)

RELAÇÃO SALÁRIO MÉDIO/SALÃRIO MÍNIMO SUBSETORES Extração Vegetal Mineração Alimentos Bebidas Fumo Têxtil

Calçados e Vestuário

Madeira Mobiliário Papel Gráfica Couros Borracha Química Petróleo Plásticos Materiais Não-Metálicos Metalurgia Mecânica Veículos Construção Civil Energia Elétrica Comércio Instituições Financeiras Transportes Comunicação

Educação e Saúde

Setor Urbano

saiArio médio MENSAL/

SALÁRIO MÍNIM^ 1969 1,44 2,02 1,56 1,73 3,02 2,04 1,45 1,28 1,48 1,87 2,15 1,30 1,89 3,18 5,88 1,98 1,61 2,40 2,62 2,73 1,71 2,85 2,32 4,42 2,11 2,84 2,76 2,32 1973 1,88 2,41 2,10 2,62 4,38 2,92 2,23 1,52 1,86 2,84 3,26 1,69 2,78 4,69 7,64 3,22 2,28 3,52 3,59 4,39 2,26 4,22 2,84 6,61 2,62 3,77 3,91 3,17 73/69 em % +30,56 +19,31 +34,62 +51,45 +45,03 +43,14 +53,79 +18,75 +25,68 +51,87 +51,63 +30,00 +47,09 +47,48 +29,93 +62,63 +41,61 +46,67 +37,02 +60,81 +32,16 +48,07 +22,41 +49,55 +24,17 +32,75 +41,67 +36,64 SALA"RIO MÉDIO TOTAL/SALARIO 1969 1,55 2,22 1,74 1,82 3,09 2,13 1,51 1,37 1,54 2,00 2,24 1,39 2,04 - 3,34 7,06 2,07 1,69 2,65 2,71 2,82 1,78 3,05 2,44 5,59 2,39 3,06 2,86 2,51 1973 2,02 2,66 2,23 2,77 4,63 3,10 2,29 1,63 1,94 2,98 3,46 1,80 2,99 4,91 9,43 3,39 2,41 3,81 3,74 4,58 2,41 4,84 3,00 8,74 2,87 4,15 4,14 3,48 MENSAL

MÍNI1-Da

73/69 em % +30,32 +19,82 +28,16 +52,20 +49,84 +45,54 +51,66 +18,98 +25,97 +49,00 +54,46 +29,50 +46,57 +47,01 +33,57 +63,77 +42,60 +43,77 +38,01 +62,41 +35,39 +58,69 +22,95 +56,35 +20,08 +35,62 +44,76 +38,65

Observação: a) Maior salário mínimo vigente em abril/69: Cr$129,60

Maior salário mínimo vigente em abril/73: Cr$268,80

(47)

TAXAS MÉDIAS Extração Vegetal Mineração Alimentos Bebidas Fumo Têxtil

Calçados e Vestuário

Madeira Mobiliário Papel Gráfica Couros Borracha Química Petróleo Plásticos Materiais Nâb-Metálicos Metalurgia Mecânica Veículos Construção Civil Energia Elétrica Comércio Instituições Financeiras Transportes Comunicação

Educação e Saúde

Setor Urbano DE CRESCIMENTO 1969/73 -Salário Médio Horário 9,72 6,73 10,78 15,63 12,92 13,00 15,57 6,38 7,87 15,22 15,31 8,85 13,21 13,73 7,68 18,49 11,67 13,20 10,71 16,67 9,52 15,33 6,67 13,47 6,93 9,50 15,91 10,90

ANUAL DOS SALÁRIOS

- em %

Salário Médio mensal 8,90 5,98 10,06 14,55 12,74 12,26 15,08 6,01 7,77 14,53 14,48 8,93 13,29 13,46 8,88 17,49 11,84 13,26 10,78 16,90 9,42 13,51 6,91 14,02 7,34 9,60 11,83 10,64 REAIS Salário Médio mensal total 8,90 6,25 8,31 14,57 14,00 12,88 14,36 5,95 7,89 13,58 15,28 8,62 13,28 13,34 9,82 17,78 12,18 12,40 11,07 17,36 10,29 16,42 7,04 15,75 6,41 10,37 12,81 11,04

(48)

Os salários mensais são substancialmente supe

riores ao maior salário mínimo vigente no país. Os rendimen

tos dos trabalhadores protegidos pela Consolidação das Leis do

Trabalho, como são os componentes de nossas amostras, tem co

mo limite inferior o salário mínimo. Contudo, há que se

considerar que a comparação realizada na Tabela 1.5 é relati

va ao maior salário mínimo e que entre os cinco níveis fixa

dos pelo Governo existem diferenciais razoáveis, sendo de 40%,

aproximadamente, a diferença entre os níveis extremos.

Em 1973, por exemplo, o salário médio mensal

total, que mede com maior grau de precisão a renda monetária

dos trabalhadores, representava cerca de 3,5 vezes o valor do

maior salário mínimo. Para esse ano, apenas em três

subseto-res, Madeira, Mobiliário e Couros, o salário médio mensal to

tal não era superior ao dobro do salário mínimo.

Entre 1969 e 1973 as razões salários mensais/

/salário mínimo se elevaram substancialmente, refletindo con

sideráveis ganhos de renda real obtidos pelos trabalhadores ur

banos. Durante esse período, como mostram os dados da Tabela

< 1 >

Legalmente, a remuneração

~

paga pode ser inferior

.

ao salário

- ...

mínimo

estabelecido quando o empregado for menor de 18 anos ou quando o emprega

dor lhe fornecer alimentação. Nesse último caso, o salário pode ser até

(49)

1.6/ os salários reais sofreram aumentos médios anuais supe

riores a 10%. Entre os subsetores, a variância das taxas de

crescimento dos salários reais foi bem menos acentuada do que

( 1 )

a constatada para as taxas de variação de emprego. Os

au-mèntos mais elevados registraram-se nos subsetores Plásticos

e Veículos, entre 16,5 e 18,5%, dependendo do tipo de remune

ração, ao passo que os mais baixos ocorreram em Mineração e

Madeira, cerca de 6% em média, o que, todavia, não pode dei

xar de ser considerado um acréscimo bastante razoável de ren

da real.

Portanto, os dados apresentados nesta Seção já

nos fornecem uma idéia dos amplos benefícios gerados pelo "boom"

por que passou recentemente a economia brasileira. Por outro

lado, percebem-se os desequilíbrios existentes entre os diver

sos ramos de atividade componentes do setor urbano.

( 1 )

Os coeficientes de variação das taxas de crescimento para cada um

(50)

CAPÍTULO II

INVESTIMENTOS EM CAPITAL HUMANO E SALÃRIOS

1 - Derivação da Função Salário

No decorrer deste trabalho será feito uso in

tensivo da função salário, elaborada basicamente por Mincer

(1970,1974) e Chiswick (1974). Embora nesses estudos mencio

nados encontrem-se extensas derivações dessa função, conside

ramos útil realizar aqui breve revisão da mesma.

Consideremos, então, as seguintes variáveis:

C. = Custo dos investimentos em capital humano, basica

mente educação formal e treinamento no trabalho, em

( 2 )

cruzeiros, em dado período t ;

E. = Salário potencial no período t , ou seja, o

sala-rio que o indivíduo receberia se dedicasse seu tempo

ao trabalho sem sacrificar parte do mesmo para inves

tir em capital humano;

( 1 )

Para uma dedução matemática detalhada da função salário veja também

Senna (1975).

( 2 )

A expressão "treinamento no trabalho" possui significado bastante

amplo, englobando treinamento realizado através de programas formais e

treinamento informal (conhecimentos que se adquirem com a execução de ta

(51)

W = E -C = Salário líquido recebido no período t , o qual

se aproxima do salário observado ã medida em que

são menores os custos diretos dos investimentos

em capital humano;

ct

k,_ = = = Razão entre custos de investimentos e

saláriopo-t

tencial, que é interpretada como a fração de tempo

que o trabalhador dedica ao aumento do seu esto

que de capital humano no período t .

Considerando que o salário potencial em deter

minado período é formado pelo salário potencial do período an

terior acrescido dos retornos decorrentes dos investimentos

em capital humano realizados nesse último período, podemos es

crever :

Et

= Et-l+r

Ct-1

= Et-1

(1 + r*

kt-l)

onde:

r* = Taxa interna de retorno aos investimentos em capi

tal humano, suposta a mesma para qualquer período de

tempo.(

1 *

Por indução matemática, a equação ( 1 ) pode

ser reescrita como:

( 1 )

Mincer (1974), Cap. 1, pp. 9-11, prova que essa taxa é uma taxa in

terna de retorno, ou seja, é a taxa de desconto que equaliza o valor pre

sente dos custos e benefícios derivados dos investimentos em capital hu.

(52)

E. = E (1 + r*k ) ... (1 + r*k ) = E n (1 + r*k.) ( 2 )

to t t o j^ 3

Sabendo-se que o termo r*k. ê pequeno, quan

do aplicamos logarítmos a ( 2 ) podemos aplicar a equivalên

cia entre log (1 + a) e a quando a for um número de mag

nitude reduzida e obter:

log Et = log EQ + Z r*k. ( 3 )

j=l

:

Fazendo agora a distinção entre investimentos

em educação formal e investimentos em treinamento no trabalho

reescrevemos a equação ( 3 ) como:

log E = log E + r Zk.+rZ k. (4)

t

°

s j=l

^

j=s+l

3

onde

r = Taxa privada de retorno aos investimentos em educação

r = Taxa privada de retorno aos investimentos em

treina-namento.

( 1 )

Existem razões para supor a priori diferenças entre as magnitudes

dessas taxas. Retornos não-pecuniários decorrentes da educação formal,

maior volume de subsídios públicos ã. educação e menor grau de incerteza

associado aos investimentos em treinamento, devido ao melhor conhecimento

pelo indivíduo de sua capacidade e motivação, sao algumas das razoes rela

(53)

Uma das principais implicações da análise da

alocação õtima dos investimentos em capital humano ao longo

da vida ê de que deve se esperar que estes sejam decrescentes

com a idade. Duas razões fundamentais, apresentadas a se

guir, são responsáveis por essa previsão.

Em primeiro lugar, como a vida é finita, o

a-diamento de investimentos em capital humano reduz o valor pre

sente de seus benefícios marginais. Além disso, sendo o tempo

um importante insumo na formação de um estoque de conhecimen

tos pelos indivíduos, os custos marginais desses investimen

tos devem aumentar com a idade. Isso só não se verificará se

os investimentos em capital humano aumentarem a produtividade

em absorver novos conhecimentos relativamente mais do que a

produtividade para executar tarefas no mercado de trabalho.

Portanto, os deslocamentos ao longo do tempo

das curvas de custos e benefícios marginais explicam a con

centração dos investimentos em capital humano no início da vi

da. Por outro lado, a existência de um fator fixo na produção

( 1 )

Veja, a respeito, Ben-Porath (1967).

C 2 )

Testes realizados por Ben-Porath (1970) e Lazear (1976) amparam a

hipótese contraria, isto é, de que os investimentos em capital humano a

partir de certo estagio contribuem para aumentar relativamente mais a pr£

(54)

de capital humano, a capacidade de absorção de conhecimentos,

determinando uma inclinação positiva para as curvas de custo

marginal, dentro de cada período, explica porque esses inves

timentos tendem a ser distribuídos através da vida.

Entretanto, o decréscimo dos investimentos não

é necessariamente monotônico. E* possível que nos estágios

i-niciais do processo de acumulação, dada a reduzida magnitude

do estoque de capital humano, todo o tempo disponível seja de

dicado à formação de capital humano adicional. Essa qualifi

cação do modelo de Ben-Porath leva â adoção da hipótese de que

durante a fase escolar a proporção dos salários potenciais

investida e igual a 100%. Em outras palavras, na equação (4 )

k. =1, para 0 < j - s , o que eqüivale a' supor que os

eventuais salários recebidos durante o período escolar com

pensem exatamente os custos diretos incorridos pelo indivíduo

( 1 )

com os investimentos em educação.

Em decorrência da incorporação dessa hipótese

ao modelo, podemos escrever:

logE=logE+rs + rZk. (5)

w OS *"]

( 1)

Uma exceção ã essa generalização é encontrada em Haley (1973), que

admite explicitamente que o período escolar ultrapasse a fase de especia

(55)

Apesar dessa suposição facilitar a análise em

pírica, ela pode produzir vieses no cômputo da taxa de

retor-( 1 )

no à educação (r ), como demonstra Leibowitz (1976) .

A teoria econômica não nos indica nenhuma for

ma geral para a especificação do declínio dos investimentos em

treinamento no decorrer da vida. Mincer (1974) trabalha com

duas especificações alternativas: uma linear e outra

exponen-cial. Trabalharemos apenas com a linear em razão da maior

sim-( 2 )

plicidade matemática que seu uso acarreta.

Portanto, adotaremos a hipótese de que:

( 6 )

onde:

k = Fração dos salários potenciais investida no período

inicial de participação no mercado de trabalho;

( 1 )

Leibowitz (1976) demonstra que, mesmo admitindo que entre indiví

duos e entre os anos de escolaridade o valor médio de k fosse igual a

um, rg pode se constituir numa estimativa tendenciosa da taxa de retor

no" em educação. Além disso, se o valor médio de k durante a escola for

maior (menor) do que um, o coeficiente estimado rs superestima (subes

tima) a taxa de retorno em educação.

( 2 )

Por outro lado, resultados obtidos para o Brasil, Senna (1975), e

Estados Unidos, Mincer (1974), revelam que nao há diferenças significati

vas entre as parcelas da variância dos salários explicadas pela função

salário de forma logística, derivada da hipótese de declínio exponencial

dos investimentos, e pela função salário de forma parabólica, implicada

(56)

T = Período total de investimento líquido em capital hu

mano;

t = Número de períodos de experiência no mercado de tra

balho.

Substituindo-se ( 6 ) em ( 5 ) e reescrevendo

esta última equação em termos contínuos, temos:

log Efc = log Eq + rs S + r J de ( 7 )

rk

log E. = log E +r S + rk t

-^ t 3 o s o ( 8 )

Como W = E - C podemos obter uma fun

ção para os salários líquidos:

log Wt = log Eq + S + (r kQ) t -

t2 +log(l-kj)

( 9 )

Expandindo-se o termo log (1 - k.) de acordo

com uma série de Taylor, obtem-se finalmente:

log Wt = Eo-kQ(l t - t

(57)

Uma das restrições apresentadas pelo modelo da

equação ( 10 ) é o pressuposto de que os indivíduos estejam

continuamente empregados após o término de seus estudos for

mais. Os problemas notórios da aplicação desse modelo â aná

lise dos rendimentos femininos ilustram bem as dificuldades

resultantes: a participação intermitente de mulheres casadas

no mercado de trabalho implica na formação de trajetórias des

contínuas de investimentos, o que torna inviável a aplicação

da equação ( 10 ) para estimação de seus salários,

requeren-(1)

do-se conseqüentemente o uso de funções salário "segmentadas".

A utilização de amostras englobando apenas ho

mens e a adoção da hipótese, razoavelmente realista, de par

ticipação ininterrupta dos trabalhadores masculinos no merca

do de trabalho ajuda a contornar esse problema. Todavia, no

vas complicações surgem na medida em que as mudanças de em

prego resultam em descontinuidades no perfil de investimentos,

tendo em vista que empregos diferentes exigem dos indivíduos

não só quantidades mas qualidades distintas de investimentos

em capital humano.

A incorporação dessa restrição do modelo nos

(

Veja Mincer e Polachek (1974) a respeito do uso de funções seg

(58)

leva a optar, diante dos dados disponíveis, pelo emprego da

formulação elaborada por Senna (1975). Esta distingue expli

citamente dois períodos de investimento após a fase escolar:

o período decorrido entre o ano de conclusão dos estudos e o

início do atual emprego e outro correspondente ao tempo de ex

periência nesse último, que deverá estar captando maior par

cela de investimentos específicos â firma, dada a necessida

de de adequação do nível de qualificação às novas caracterís

ticas ocupacionais ou até mesmo funcionais.

De maneira consistente com a alocação ótima dos

investimentos em capital humano ao longo do ciclo vital, é in

troduzida a hipótese de que os investimentos iniciais ( kQ )

no emprego atual sejam negativamente correlacionados à exten

são da experiência anterior.

Dessa forma, a equação ( 7 ) é transformada em

log Et=log Eq + rsS

=lJ

j

2 2 de.

( 11 )

tendo em vista que os investimentos realizados nos empregos an

teriores são expressos através de:

Imagem

Figura Página
Tabela Página
Tabela Página
Tabela Página
+7

Referências

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