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A ciência como tema no pensamento de machado de assis

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Academic year: 2017

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A CIÊNCIA COMO TEMA NO

PENSAMENTO DE MACHADO DE ASSIS

Roberto Manoel Andreoni Adolfo, Hélio Rebello Cardoso Júnior Campus de Assis – Faculdade de Ciências e Letras – História –

roberto_manoel@hotmail.com

Palavras chave: CIÊNCIA, MACHADO DE ASSIS, HISTÓRIA Keywords: SCIENCE, MACHADO DE ASSIS, HISTORY

Introdução/Objetivo

Este projeto tem como objetivo um aprofundamento sobre a ciência como tema no pensamento de Machado de Assis, e posteriormente averiguar se o escritor foi original em relação a sua posição sobre as teorias científicas, diante do contexto intelectual em que estava inserido. Para isso a pesquisa será dividida em dois momentos principais. Com o intuito apenas de esclarecer e introduzir as idéias para o segundo momento, o primeiro momento abordará, de forma geral, os principais aspectos da geração de intelectuais de 1870. O interesse sobre este grupo de intelectuais está na relação estreita que Machado de Assis manteve com ele. Após feito isso, iremos estudar a postura de Machado diante das teorias cientificas incorporadas por seus contemporâneos, para isso, será necessário a leitura, além de biografias sobre Machado, das principais obras que comentam sua vida e obra, como por exemplo as de Sidney Chalhoub e Roberto Schwarz. Sendo assim, o resultado deste projeto corresponderá a uma apresentação do panorama da historiografia machadiana, procurando enquadrar, dentro disso, o tema da ciência dentro do pensamento de Machado de Assis.

As idéias no Brasil nos fins do século XIX e a nova geração

Para que possamos compreender a relação de Machado de Assis com as idéias que chegavam da Europa, é necessário termos uma noção sobre os principais aspectos da geração de 1870. Afinal, um dos principais expoentes desta geração, Silvio Romero, marcou um episódio importante na história das idéias do Brasil, quando travou um embate com Machado de Assis, isto devido à crença de Romero nos benefícios que as ciências trariam ao país.

Sobre a nova geração, assim, como ficou conhecido este grupo de intelectuais, Ângela Alonso publicou um estudo intitulado Idéias em movimento – a geração 1870 na crise do Brasil-Império. Neste livro, justificando seu tipo de abordagem,

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Alonso disserta sobre as principais linhas de interpretação dos movimentos intelectuais e a crise do Império. Ao fazer um panorama geral das abordagens feitas para o estudo das idéias no Brasil, a autora comenta desde estudos mais antigos, como os de José Cruz Costa e Antonio Paim – caracterizados por uma análise, querendo ou não, presa aos aspectos eminentemente teóricos, e que cria a impressão, das idéias nacionais, como inferiores e como cópias das doutrinas européias - até estudos mais recentes, marcados por outras linhas de abordagem, como os de Lilia Schawrcz e Roberto Schwarz – que consideram contexto nacional na análise. Sendo assim, ao fazer este traçado, e também dando informações sobre os valores, instituições e crise do Império, a autora nos proporciona, através da aprofundada de sua obra e de leituras complementares, alguns ingredientes necessários para que possamos contextualizar a produção de Machado, e partir para as leituras específicas da historiografia machadiana.

Machado de Assis e as idéias

A maioria dos pensadores contemporâneos a Machado, devido à ausência de um campo intelectual autônomo no Brasil, tornavam-se funcionários públicos ou disputavam as poucas vagas nas faculdades e colégios imperiais. O bruxo do Cosme Velho, assim como também ficou conhecido, seguiu a primeira opção. Trabalhou em sua juventude na Secretaria da Fazenda, permaneceu na burocracia, e posteriormente tornou-se ministro substituto. Aos poucos foi ganhando notoriedade entre revistas e jornais, publicou obras importantes, como os romances Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) responsável por inaugurar o Realismo Brasileiro, Quincas Borba (1891) e Dom Casmurro (1899). Em 1896 foi um dos principais responsáveis pela fundação da Academia Brasileira de Letras, onde foi eleito presidente vitalício.

A obra de Machado é normalmente dividida em dois momentos distintos. A primeira fase, marcada por romances como Ressureição (1872) e Helena (1876), apresentam forte influencia do Romantismo, retratam a situação dos agregados e suas relações e interesses com os senhores, isto dentro da rígida estrutura de classes do Império. Já na segunda fase, o escritor se amadurecerá até chegar ao Realismo, período no qual dedicou atenção à maneira pela qual as teorias cientificas, que chegavam no Brasil, eram incorporadas por seus contemporâneos. Tais correntes científicas marcaram significativamente a produção literária machadiana da segunda fase. Sendo assim, este projeto, que visa um aprofundamento da imagem que Machado tinha da ciência de seu tempo, focará a pesquisa na segunda fase de produção do escritor.

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De acordo com Sidney Chalhoub, - que, em sua obra Machado de Assis – historiador traçou as duas fases da produção literária machadiana com a intenção de evidenciar, nela, a lógica da sociedade imperial - Machado de Assis, ao contar suas histórias, escreveu e reescreveu a história do Brasil no século XIX. Para Chalhoub, esta idéia vem sendo defendida de maneira bastante convincente por Roberto Schwarz. Segundo o historiador, Schwarz observa Machado como “um romancista que expressa e analisa aspectos essenciais ao funcionamento e reprodução das estruturas de autoridade e exploração vigentes no período.”(CHALHOUB, p17, 2003) Estruturas de autoridade estas, baseadas, muitas vezes em idéias cientificas, como ele assinala em Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Segundo Sidney Chalhoub, a sociedade paternalista, retratada nos romances de Machado, sustentava-se nos seguintes pilares: tradições da família, relações adquiridas e cabedais. Entretanto, com o declínio da escravidão e chegada das novas idéias progressistas baseadas nas ciências, este sistema de dominação se viu diante de um impasse. Ao analisar as Memórias Póstumas de Brás Cubas, Chalhoub defende a idéia de que “Brás busca articular a política de domínio paternalista, sob fogo cerrado nos anos 1870, com aspectos da onda de idéias cientificistas européias do tempo”(CHALHOUB, p.96) especialmente o darwinismo social como teoria explicativa das desigualdades sociais. Sendo assim, de acordo com o historiador, Brás efetuou a transição da ideologia de dominação paternalista para a baseada nas ciências.

Sobre este momento, em que esta nova forma de autoridade baseada em teorias científicas passam a ser exploradas por Machado de Assis, Richard Miskolci, através de seu artigo Machado de Assis – o outsider estabelecido, e Roberto Gomes, através de seu artigo O Alienista: loucura, poder e ciência, exploram este tema buscando evidenciar a posição de que Machado possuía a consciência “de que a ciência era vista como panacéia pela maioria dos intelectuais brasileiros, devido ao poder que esta outorgava a seus seguidores”(MISKOLCI, 2006). Para finalizar, após explorarmos este tema, faremos algumas leituras, na tentativa de analisar a posição de Machado sobre as ciências, de obras que permeiam o tema das teorias científicas no Brasil, como por exemplo, os romances: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, e alguns contos, como o O Alienista, Evolução e Causa Secreta além de obras não literárias, como suas críticas A nova geração, Noticia da atual literatura brasileira – Instinto de Nacionalidade.

Bibliografia

ALONSO, Ângela. Idéias em movimento – A geração 1870 na crise do Brasil Império. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

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ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1979.

___. A Nova Geração In: Crítica Literária. Rio de Janeiro: W M Jackson Inc Editores, 1946.

BOSI, Alfredo. Machado de Assis. Coleção Folha Explica. São Paulo: Folha Publicações, 2003.

___. Machado de Assis – O enigma do Olhar. São Paulo: Ática, 2000.

CANDIDO, Antonio. Esquema de Machado de Assis In: Vários Escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1988.

CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis, Historiador. São Paulo: Cia das Letras, 2003.

FAORO, Raymundo. Machado de Assis: A Pirâmide e o Trapézio. Rio de Janeiro: Globo, 2001.

GOMES, Roberto. O Alienista: loucura, poder e ciência. Tempo Social. São Paulo, n.5, p.145-160, 1994.

MURICY, Kátia. A Razão Cética – Machado de Assis e as Questões de seu Tempo. São Paulo: Cia das Letras, 1988.

PEREIRA, Lucia Miguel. Machado de Assis – Estudo Crítico e Biográfico. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1936.

SCHWARZ, Roberto. Ao Vencedor as Batatas. São Paulo: Duas Cidades/Editora 34, 2000.

___. Um Mestre na Periferia do Capitalismo. São Paulo: Duas Cidades/Editora 34, 2000B.

Referências

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