REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologiawww.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
Influência
de
diferentes
posic
¸ões
corporais
na
capacidade
vital
em
pacientes
no
pós-operatório
abdominal
superior
Bruno
Prata
Martinez
a,b,c,
Joilma
Ribeiro
Silva
c,
Vanessa
Salgado
Silva
c,d,
Mansueto
Gomes
Neto
de
Luiz
Alberto
Forgiarini
Júnior
e,f,∗aHospitalAlianc¸a,Salvador,BA,Brasil
bEscolaBaianadeMedicinaeSaúdePública(EBMSP),Salvador,BA,Brasil cFaculdadeSocialdaBahia(FSBA),Salvador,BA,Brasil
dUniversidadeFederaldaBahia(UFBA),Salvador,BA,Brasil
eCentroUniversitárioMetodista(IPA),ProgramadePós-graduac¸ãoemReabilitac¸ãoeInclusão,e,BiociênciaseReabilitac¸ão,
PortoAlegre,RS,Brasil
fLaboratóriodeViasAéreasePulmãodoHospitaldeClínicasdePortoAlegre,PortoAlegre,RS,Brasil
Recebidoem26demarçode2014;aceitoem2dejunhode2014 DisponívelnaInternetem28desetembrode2014
PALAVRAS-CHAVE
Posicionamentodo
paciente;
Capacidadevital
forc¸ada;
Complicac¸ões
pós-operatórias;
Cirurgiaabdominal
Resumo
Justificativa: Asalterac¸õesnoposicionamentocorporalpodemocasionarmudanc¸asnafunc¸ão
respiratóriaeénecessáriocompreendê-las,principalmentenopós-operatórioabdominal supe-rior,jáqueospacientesestãosuscetíveisacomplicac¸õespulmonarespós-operatórias.
Objetivo: Verificaracapacidadevitalnasposic¸õesdedecúbitodorsal(cabeceiraa0◦e45◦),
sentadoeemortostaseempacientesnopós-operatóriodecirurgiaabdominalsuperior.
Métodos: Estudotransversal,feitoentreagostode2008ejaneirode2009,emumhospitalna
cidadedeSalvador(BA).Oinstrumentousadoparamensurac¸ãodacapacidadevital(CV)foio
ventilômetroanalógicoeaescolhadasequênciadasposic¸õesseguiuumaordemaleatóriaobtida apartirdesorteiodasquatroposic¸ões.Osdadossecundáriosforamcolhidosnosprontuáriosde cadapaciente.
Resultados: A amostrafoicompostapor30 indivíduoscomidademédiade45,2±11,2anos
eIMC20,2±1,0kg/m2.Aposic¸ãoemortostaseapresentouvaloresmaioresdaCVemrelac¸ão
àsedestrac¸ão(média dasdiferenc¸as:0,15±0,03litros;p=0,001),aodecúbitodorsal a45◦
(médiadasdiferenc¸as:0,32±0,04litros;p=0,001)e0◦ (0,50±0,05litros;p=0,001).Houve
um aumentopositivo entreosvaloresde CVFdo decúbitodorsalpara aposturaortostática (1,68±0,47;1,86±0,48;2,02±0,48e2,18±0,52litros;respectivamente).
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:forgiarini.luiz@gmail.com(L.A.ForgiariniJúnior).
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2014.06.001
Conclusão:Aposic¸ãodocorpoafetaosvaloresdaCVempacientesnopós-operatóriodecirurgia abdominalsuperior,comaumentonasposturasemqueotóraxencontra-severticalizado. ©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.
KEYWORDS
Positioningthe
patient;
Forcedvitalcapacity;
Postoperative complications;
Abdominalsurgery
Influenceofdifferentbodypositionsinvitalcapacityinpatientsonpostoperative upperabdominal
Abstract
Rationale: Thechangesinbodypositioncancausechangesinlungfunction,itisnecessaryto
understandthem,especiallyinthepostoperativeupperabdominalsurgery,sincethesepatients aresusceptibletopostoperativepulmonarycomplications.
Objective:Toassessthevitalcapacityinthesupineposition(headat0◦ and45◦),sittingand
standingpositionsinpatientsinthepostoperativeupperabdominalsurgery.
Methods:Across-sectionalstudyconductedbetweenAugust2008andJanuary2009inahospital
inSalvador/BA.Theinstrumentusedtomeasurevitalcapacity(VC)wasanalogicspirometer, thechoiceofthesequenceofpositionsfollowedarandomorderobtainedfromthedrawofthe fourpositions.Secondarydatawerecollectedfromthemedicalrecordsofeachpatient.
Results:The sample consisted of 30 subjects with a mean age of 45.2±11.2 years, BMI
20.2±1.0kg/m2.Thepositiononorthostasis showedhighervaluesofCVregardingstanding
(meanchange:0.15±0.03liters;p=0.001),thesupineto45(averagedifference:0.32±0.04 liters;p=0.001)and0◦ (0.50±0.05liters;p=0.001).Therewasapositivetrendbetweenthe
valuesofFVCsupinetouprightposture(1.68±0.47;1.86±0.48;2.02±0.48and2.18±0.52 liters;respectively).
Conclusion:BodypositionaffectsthevaluesofCVinpatientsinthepostoperativeupper
abdo-minalsurgery,increasinginpostureswherethechestisvertical.
©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevier EditoraLtda.Allrights reserved.
Introduc
¸ão
Os procedimentos cirúrgicos abdominais superiores são
responsáveis por um grande número de complicac¸ões
pulmonares pós-operatórias (CPP). Isso ocorre porque o
procedimento interfere diretamente na mecânica
pulmo-nar e tende a induzir distúrbios ventilatórios restritivos,
bem como a inibic¸ão reflexa do nervo frênico e a
con-sequente disfunc¸ão diafragmática.1---3 Durante o período
pós-operatório imediato o paciente poderá apresentar
hipoventilac¸ão,relacionada ao processo anestésico,assim
como alterac¸ões ventilatóriaslimitantespor causadador
naincisãocirúrgica.4
AtaxadeprevalênciadasCPPnascirurgiasdeabdômen
superiorvariaentre17%e88%.5 Essasalterac¸õessãomais
acentuadasnosprocedimentosdelaparotomia,mastambém
sãoobservadasnascirurgiaslaparoscópicas.1
Ostestesdefunc¸ãopulmonartêmimportantepapelna
avaliac¸ãoenodiagnóstico,naquantificac¸ãodaintensidade
doacometimentodosdistúrbiosventilatórioseno
direcio-namentodotratamento.6Acapacidadevitalforc¸ada(CVF)é
umadasmedidasdefunc¸ãopulmonarfrequentementeusada
paraestefimeédefinidacomoomáximovolumedear
expi-radoapartirdopontodeinspirac¸ãomáxima.6,7Areduc¸ão
daCVFéumaanormalidadebastanteevidenteem
pacien-tescomfraquezademúsculosrespiratóriosoualterac¸õesde
mecânicapulmonarquelevamàsobrecargadeles.7,8 Essas
reduc¸õesnopós-operatóriodeabdomesuperiorvariamde
20%a30%dovalorpré-operatórioepodematingirvalores
maissignificativosdeaté50%.7,9---11
Alterac¸õesnoposicionamentocorporaleaconsequente
mudanc¸adeatuac¸ãodasforc¸asdagravidade,entreoutros
fatores, ocasionam mudanc¸as na func¸ão respiratória em
diferentesintensidades.12Logo,oconhecimentodosefeitos
fisiológicosdasdiferentesposic¸õescorporaissobreafunc¸ão
pulmonaréfundamentalparaodirecionamentodas
condu-tasfisioterapêuticas,incluindoaavaliac¸ãoespirométricana
práticaclínica,deformaqueseusvalorespossamser
compa-ráveisentrediferentesperíodosepacientes.13Sendoassim,
oobjetivodopresenteestudofoiverificaracapacidadevital funcionalnasposic¸õesdedecúbitodorsal(cabeceiraa0◦e
45◦), sentado noleitocom membros inferiorespendentes
eemortostaseempacientesnoperíodopós-operatóriode
cirurgiaabdominalsuperior.
Método
Estefoiumestudotransversalfeitonasenfermariasdo
Hos-pital Santo Antônio --- Obras Sociais Irmã Dulce, Salvador
(BA),referênciaemcirurgiasabdominaisnacidade.
Foram incluídos pacientes com idade superior a
18 anos, no segundo dia de pós-operatório de cirurgia
abdominal superior, com relato de independência
funcio-nal préviae liberac¸ãomédicapara ortostase.Oscritérios
deexclusão foramquadroálgico nãoreversívelcom
Tabela 1 Dados demográficos dos pacientes inclusos no estudo
Média±DP Percentual(n)
Idade(anos) 45,2±11,2
IMC(kg/m2) 20,2±1,0
Tipo
ColecistectomiaviaLE 16,7(5) ColecistectomiaviaVLC 50,0(15) Nefrectomia 10,0(3) Gastrectomia 3,3(1) Duodenopancreatectomia 16,7(5) Cistectomia 3,3(1)
LE,Laparotomiaexploradora;VLC,videolaparoscopia.
impossibilitasse amensurac¸ão daCVFe quedadapressão
arterialmaiordoque20%dobasalduranteamudanc¸adas
posic¸ões.
OestudofoiaprovadopeloComitêdeÉticaemPesquisa
dohospital,parecern◦40/06.Todosospacientesassinaram
otermodeconsentimentolivreeesclarecido(TCLE).
Acoletadedadosfoifeitadeagostode2008ajaneiro
de2009. Amensurac¸ãodacapacidade vitalforc¸ada (CVF)
seguiuasnormasdasdiretrizesparatestesdefunc¸ão
pul-monarde2002.6Oinstrumentousadoparaessamedidafoi
oventilômetroanalógico(Ferraris---Mark8Wright
Respiro-meter,Louisville,CO,EUA),acopladoaumamáscarafacial
siliconada. A sequência das posic¸ões foi randomizada por
meiodeblocosdeenvelopes.Posteriormente,osindivíduos
foramcolocadosnasposic¸õespropostasefoisolicitadoque
fizessemumainspirac¸ãomáxima atéacapacidade
pulmo-nar total(CPT), seguida de umaexpirac¸ão máxima atéo
volumeresidual(VR).Ovalordacapacidadevitaladotado
em cadaposic¸ão foia medidade maiorvalor, dentretrês
aferic¸ões,comdiferenc¸amenordoque10%entreelas.As
quatroposic¸õesadotadasnopresenteestudoforamdecúbito
dorsal a 0◦,decúbito dorsal a45◦,sentado com membros
inferiorespendentes e ortostase.Todas as medidasforam
tomadaspelomesmoavaliador.Osdadosclínicosforam
obti-dospormeiodeconsultanoprontuáriodecadapaciente.
Médiasedesviospadrãoforamusadospararepresentar
osvaloresdaCVFobtidosnasposic¸õescorporaisanalisadas. Paracomparac¸ãodasmédiasdaCVFentrecadaposic¸ão
cor-poralfoiusadaaAnálisedeVariância(Anova)composthoc
de Bonferroni. Todas as análises foram feitas com o
pro-gramaSPSSversão14.0
Resultados
Apopulac¸ãofoicompostapor30indivíduoscomidademédia
de45,2±11,2anos,IMC20,2±1,0kg/m2ecompredomínio
dosexofeminino(76,7%).Ascaracterísticasdemográficas,
assimcomo ascirurgias feitas,encontram-se na tabela 1.
Osvaloresobtidospara CVFnasdiferentesposic¸õesestão
apresentadosnatabela2.Omaiorvalorobtidoocorreuna
posturaortostática(CVF2,18±0,52;95%IC1,99-2,37).
Ao compararmoscomasoutrastrês posic¸õesfoi
obser-vadoqueaortostaseapresentouvaloressignificativamente
maiores em relac¸ão àsedestrac¸ão (médiadas diferenc¸as:
0,15±0,03; p=0,001), ao decúbito dorsal a 45◦ (média
Tabela2 Avaliac¸ãodacapacidadevitalforc¸ada(CVF)em litros(L)nasdiferentesposic¸õescorporais,comintervalode confianc¸a(95%IC)
Posic¸ãocorporal Média Desvio padrão
Intervalode confianc¸a(95%IC) Decúbitodorsal(0◦) 1,68 0,47 1,51-1,85
Decúbitodorsal(45◦) 1,86 0,48 1,68-2,04
Sentado 2,02 0,48 1,84-2,21 Ortostase 2,18 0,52 1,99-2,37
Dadosexpressosemmédiasedesviospadrãodacapacidadevital forc¸ada (CVF) em litros(L)nas diferentesposic¸ões corporais (n=30).
2,20
2,10
2,00
1,90
1,80
1,70
1,60
Capacidade vital for
ç
ada (litros)
1 2 3 4
Posições corporais: 1 - decúbito dorsal a 0 grau; 2 - decúbito dorsal a 45 graus; 3 - sedestação com membros inferiores pendentes e 4 - ortostase.
Figura1 MédiadaCV(L)nasdiferentesposic¸ões.1-Decúbito dorsala0grau;2-Decúbitodorsala45◦;3-Sedestrac¸ãocom
membrosinferiorespendentese4-Ortostase.
das diferenc¸as: 0,32±0,04; p=0,001) e 0◦ (0,50±0,05;
p=0,001).Tambémseidentificaramdiferenc¸assignificativas
entreaposturasentadacommembrosinferiorespendentes
eodecúbitodorsala45o(médiadasdiferenc¸as:0,17
±0,04;
p=0,001) e a 0◦ (média das diferenc¸as: 0,34±
0,04; p=0,001), bem como entre o decúbito dorsal a
45◦ e 0◦ (média das diferenc¸as: 0,17±0,04; p=0,001)
(fig. 1).Houveumatendênciapositivaentreosvaloresde
CVFdodecúbitodorsal para apostura ortostática(tabela
3).
Discussão
O presente estudo identificou que a CVF aumenta
pro-gressivamente entre as posic¸ões de decúbito dorsal a 0◦
e ortostase em pacientes no pós-operatório de cirurgia
abdominalsuperior.Este foio primeiro estudoa avaliara
mecânicarespiratóriapormeiodaCVnesseperfilde
Tabela3 Comparac¸ãodacapacidadevitalforc¸ada(CVF)emlitroscomasmédiasdasdiferenc¸asentreasdiferentesposic¸ões corporais(n=30)
Posic¸ãocorporaladotada Posic¸ãocorporalcomparada Média Desviopadrão p Decúbitodorsal(0◦) 45◦ −0,17a 0,04 0,001
Sedestrac¸ão −0,34a 0,04 0,001
Ortostase −0,50a 0,05 0,001
Decúbitodorsal(45◦) 0◦ 0,17 0,04 0,001
Sedestrac¸ão −0,17 0,04 0,001
Ortostase −0,32 0,04 0,001
Sedestrac¸ãocommembrospendentes 0◦ 0,34 0,04 0,001
45◦ 0,17 0,04 0,001
Ortostase −0,15 0,03 0,001
Ortostase 0◦ 0,50 0,05 0,001
45◦ 0,32 0,04 0,001
Sedestrac¸ão 0,15 0,03 0,001
aDiferenc¸asignificativa(p<0,05).
deandarsuperiorpredispõemacomplicac¸õeseo
posiciona-mentopodeminimizaralgumasalterac¸õesventilatórias.
Umamaiorreduc¸ãodaCVFnaposic¸ãodedecúbitodorsal a0◦ emcomparac¸ãocomasdemaisposic¸õesfoiobservada
noatualestudo,achadoessequeseencontradeacordocom
oevidenciadopordemaisestudos.14,15Essareduc¸ãopodeser
atribuídaàdiminuic¸ãodacomplacênciapulmonardinâmica
eaoaumentodaresistênciaaofluxopulmonar,decorrente
da reduc¸ão da CRF nessa postura.15,16 Na posic¸ão supina
háalterac¸õesanatômicasdafaringe,nasquaisodiâmetro
é reduzido, o que aumenta,assim, a resistência das vias
aéreas superiores. O deslocamento cefálico do diafragma
decorrente doaumentodapressão abdominal,bem como
oaumentodovolumesanguíneointratorácico,tambémsão
fatoresqueresultam em reduc¸ão dovolumepulmonarde
repousoe justificamumaumentodaresistênciapulmonar
nessapostura.15
Comparadaàposic¸ãosupina, asedestrac¸ãoapresentou
umaelevac¸ão de 20,2% na CVF no presente estudo. Esse
achado corrobora outros estudos, os quais demonstraram
aumento da CVF nessa posic¸ão com variac¸ão de 4,6% a
20% em pacientes submetidos ao procedimento
abdominal.14---17 Esse achado pode estar relacionado ao
favorecimentodeinspirac¸õesmaisprofundasnessapostura
esuperaatendênciaaofechamentodasviasaéreas
relaci-onadasàsalterac¸õesdacomplacênciapulmonareàmenor
pressãodosórgãosabdominaisemrelac¸ãoaodiafragma.18
OsmaioresaumentosdaCVFforamobservadosnaposic¸ão
ortostática. Achado semelhante foi observado por outros
autores,osquaissugeremqueaposic¸ãoortostáticaoferece
uma maior vantagem mecânica à musculatura
respirató-ria, umavez que o conteúdo abdominalnão interfere no
deslocamentodiafragmático e gera, assim, maiores
pres-sõestranspulmonares.19,20 Emcontrapartida,Costaetal.e
Domingos-Benícioetal.nãoobservaramdiferenc¸a
estatisti-camentesignificativanaCVFentreasposturasdesentadoe
ortostase,porémessesestudosforamdesenvolvidosemuma
populac¸ãonãocirúrgica,saudável ejovem.17,21 Deacordo
comPereiraetal.,em adultoseidososaCVFémaiorem
ortostase(1%a2%)emenor(7%a8%)naposic¸ãosupinaem relac¸ãoàposturasentada,oquenãoocorreempessoasmais jovens.6
AprincipaljustificativaqueexplicaoaumentodaCVFnas posturascomotóraxmaisverticalizadoéapossívelreduc¸ão
da pressão transtorácica, já que mesmo na posic¸ão a45◦
existeummenorefeitocompressivodaparedeabdominal,
oqualémaiornaposturahorizontalizadaa0◦.Valenzaetal.
demonstraramoimpactodoaumentodapressãopleuralsob
odiafragma,jáqueaforc¸aexercidanaposic¸ãode
Trendele-burgfoimaiorquandocomparadacomaposic¸ãosentada,16
oquetambémfoidemonstradonoestudofeitoporBehrakis
etal.emrelac¸ãoàcomplacência.15
Outra explicac¸ão para reduc¸ão da CVF na posic¸ão em
supinoa0◦podeserdecorrentedareduc¸ãodaáreaalveolar,
enãosomentepeloaumentodafrequênciadeatelectasias,
comorelatadoporPankowetal.22Entretanto,nopresente
estudoesseachadonãofoievidenciado,jáqueareduc¸ão
daCVFpodeserdevidaàinibic¸ãoreflexadonervofrênico,
enãonecessariamenteaoaumentodaelastânciadosistema
respiratóriopelotraumacirúrgicoabdominal.
Acirurgiaabdominalsuperiorinduzaumadisfunc¸ão
dia-fragmáticacomdurac¸ãodeaproximadamenteumasemana
e podeseruma dasprincipais causasdopadrãorestritivo
pulmonarnopós-operatório.2Areduc¸ãodafunc¸ão
diafrag-mática podeser responsável por atelectasias,reduc¸ão da
capacidadevitalehipoxemia.3Emboraaanestesiaeador
possam serresponsáveis pela disfunc¸ão dos músculos
res-piratórios, estudos apoiam a hipótese de que um reflexo
inibitóriodecorrentedamanipulac¸ãodacavidade
abdomi-naléomecanismoprincipal.1---3,23---25Logo,osbaixosvalores
da CVF evidenciados nos pacientes do presente estudo
nasdiferentesposic¸õespodemserdecorrentesdedisfunc¸ão
diafragmáticamediadapormecanismoreflexoaferentede
inibic¸ãodonervofrênico.
Dessa forma, o conhecimento a respeito das posic¸ões
que favorecem a func¸ão pulmonar pode ser usado como
uma medida terapêutica, com o objetivo de melhorar o
volumepulmonar, aoxigenac¸ãoe a mecânica respiratória
eminimizarosprincipaisdistúrbiosproduzidospor
procedi-mentoscirúrgicoscomreduc¸ãodaincidênciadeatelectasias eprevenc¸ãodecomplicac¸õespulmonares.16,26---29
Este estudo apresenta algumas limitac¸ões, tais como
a ausência de mensurac¸ão da pressão intra-abdominal
pós-operatório de cirurgias abdominais e gerar variac¸ões
nosdadosespirométricos.Noentanto,amensurac¸ãodaPIA
trata-sedeumprocedimentoinvasivocomnecessidadede
profissional especializado, o que dificultaria a feitura do
estudo.Outra possível limitac¸ãorefere-se ao usoda
más-carafacialcomoinstrumentodemedida,emvezdobocal.
DeacordocomFioreetal.,30asavaliac¸õesdaCVpodemser
feitascomusodemáscarafacialsemquehajainterferência
nos resultadosobtidos e tornam-se acessíveis a pacientes
queapresentamdificuldadesparasuafeitura,umavezque
apreensãolabialtorna-sedesnecessária.
Conclusão
Aposic¸ãocorporalafetaosvaloresdaCVem pacientesno
pós-operatóriodecirurgiaabdominalsuperior,comaumento
nasposturascomotóraxmaisverticalizado.Afunc¸ão
res-piratóriamaisfavorecidaénaposic¸ãodeortostase,seguida
pelapostura sentada,quandocomparada comasposic¸ões
dedecúbitodorsala0e45◦.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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