• Nenhum resultado encontrado

Qualidade da recuperação pós-anestesia medida com QoR-40: um estudo observacional prospectivo.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Qualidade da recuperação pós-anestesia medida com QoR-40: um estudo observacional prospectivo."

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia www.sba.com.br

ARTIGO

CENTÍFICO

Qualidade

da

recuperac

¸ão

pós-anestesia

medida

com

QoR-40:

um

estudo

observacional

prospectivo

Luís

Guimarães-Pereira

a,b,

,

Maria

Costa

b

,

Gabriela

Sousa

a

e

Fernando

Abelha

a,b

aServic¸odeAnestesiologia,CentroHospitalarSãoJoão,Porto,Portugal bFaculdadedeMedicina,UniversidadedoPorto,Portugal

Recebidoem30dejunhode2014;aceitoem11denovembrode2014 DisponívelnaInternetem4demaiode2016

PALAVRAS-CHAVE

Anestesia; Qualidadede recuperac¸ão; Qualidadedevida; QoR-40

Resumo

Justificativa: QoR-40,umquestionáriocom40itenssobreaqualidadederecuperac¸ãoda anes-tesia,mostroumediroestadodesaúdeapósacirurgia.Onossoobjetivofoiavaliaraincidência demáqualidadedarecuperac¸ãoemnossaSaladeRecuperac¸ãoPós-Anestesiaecompararos escoresdoQoR-40antesetrêsmesesdepoisdacirurgia.

Métodos: Estudoobservacionalprospectivo,feitocompacientesadultos admitidos consecu-tivamentede18dejunhoa12dejulhode2012.Operíododeacompanhamentofoidetrês meses.Excluímosospacientessubmetidosacirurgiacardíaca,neurocirurgia,cirurgiaobstétrica eaquelescomescoreinferiora25nominiexamedoestadomental.Odesfechoprimáriofoia qualidadedarecuperac¸ãomedidacomaversãodoQoR-40,validadaparaaversãodoportuguês dePortugal,antesdacirurgia(T0),24horasapósacirurgia(T1)etrêsmesesapósacirurgia (T2).

Resultados: Nototal,114pacientescompletaramoestudo.AmédiadosescoresnoQoR-40foi de169eospacientescommáqualidadederecuperac¸ãoforamidentificadosseosseusescores noQoR-40 fossemmenores doque142.Issoocorreuem 26 pacientes(24%).Asmédiasdos escoresglobaisdospacientescommáqualidadederecuperac¸ãoforammenoresemT0(121vs. 184,p<0,001),T1(120vs.177,p<0,001)eT2(119vs.189,p<0,001).

Conclusão:Ospacientescommáqualidadederecuperac¸ãoapresentaramumapiorqualidade devida.Essefatopodepermitirintervenc¸õesprecocesemaiseficazesparamelhorara qua-lidade de vida após a cirurgia. Além de sua utilidade após a cirurgia, o QoR-40 pode ser importanteantesdacirurgiaparaidentificarospacientesquedesenvolverãoumamáqualidade derecuperac¸ão.

© 2015 SociedadeBrasileira de Anestesiologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo OpenAccess sobuma licenc¸aCC BY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/ licenses/by-nc-nd/4.0/).

Autorparacorrespondência.

E-mail:luis.alberto.p@hotmail.com(L.Guimarães-Pereira).

http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2016.04.005

(2)

KEYWORDS

Anaesthesia; Qualityofrecovery; Qualityoflife; QoR-40

QualityofrecoveryafteranaesthesiameasuredwithQoR-40:aprospective observationalstudy

Abstract

Background: QoR-40,a40-itemquestionnaireonqualityofrecoveryfromanaesthesia,hasbeen showntomeasurehealthstatusaftersurgery.Ouraimwastoevaluatetheincidenceofpoor qualityofrecoveryinourPostAnaesthesiaCareUnitandtocomparetheirQoR-40scoresbefore surgeryand3monthslater.

Methods:A prospective observational study was conducted in adult patients consecutively admittedfrom18Juneto12July2012.Thefollow-upperiodwas3months.Weexclude pati-entssubmittedtocardiacsurgery,neurosurgery,obstetricsurgeryandwithamini-mentalstate examinationtestscorelowerthan25.Theprimaryendpointwasqualityofrecoverymeasured withthevalidatedPortugueseforPortugalversionoftheQoR-40beforesurgery(T0),24hafter surgery(T1)and3monthsafter(T2).

Results:Atotalof114patientscompletedthestudy.MeanQoR-40scorewas169andpatients withpoorqualityofrecoverywereidentifiediftheir QoR-40scorewaslesserthan142.This occurredin26patients(24%).Globalmedianscoresforpatientswithpoorqualityofrecovery wereloweratT0(121vs.184,p<0.001),atT1(120vs.177,p<0.001)andatT2(119vs.189,

p<0.001).

Conclusion:Patientswithpoorqualityofrecoveryhadlowerqualityoflife.Thisfactmayallow earlierandmoreeffectiveinterventions,inordertoimprovequalityoflifeaftersurgery.Beside itsutilityaftersurgery,QoR-40maybeimportantpriortosurgerytoidentifypatientswhowill developapoorqualityofrecovery.

©2015SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc

¸ão

A recuperac¸ão no período pós-operatório é um desfecho imprescindívelnaperspectivadosanestesiologistas.É defi-nidacomooretornodopacienteaoseuestadonormalapós umacirurgiae,tradicionalmente,temsidoclassificadaem termosdeescoresdedor,tempodeinternac¸ãohospitalar e retorno às atividades normais.1 A recuperac¸ão no pós--operatórioenvolveváriosfatores,comoarecuperac¸ãodas func¸õesfísicas,fisiológicasesociais;portanto,é fundamen-talparaaavaliac¸ãodaassistênciamédicaesatisfac¸ão do pacienteapósacirurgia.2

Emrelac¸ãoadesfechos,nopassadooquemais preocu-pavaosprofissionaisdesaúdeeramastaxasdemortalidade ecomplicac¸ões.Comamelhoriadessesparâmetros, resul-tadodoaprimoramentodastécnicascirúrgicas,aqualidade de vida (QdV) do paciente é agora mais do que nunca um aspecto central.1,3,4 A satisfac¸ão continua a ser a melhor maneira de avaliar o resultado do ponto de vista dopaciente.5Asatisfac¸ãodopacientefoirelatadacomoa medidamaisclinicamenterelevantedodesfecho6e tornou--se também uma etapa fundamental nos processos de acreditac¸ãohospitalar.7Portanto,évitalavaliaraqualidade derecuperac¸ão(QoR)dospacientesdopontodevistadeles, oquepodeestarrelacionadocomapercepc¸ãodesuaprópria QdV.

AQdVédefinidapelaOrganizac¸ãoMundialdeSaúdecomo apercepc¸ãodoindivíduodesuaposic¸ãonavida,nocontexto de sua cultura, objetivos, expectativas e preocupac¸ões.8 Acomplexidadeeasubjetividadedessetornadifícilavaliar eaindamaisdifícilmedirdeformaadequada.9Então,surge

apergunta:‘‘Comopodemosdefinireavaliarasmudanc¸as naqualidadedevidaapósacirurgia?’’

UmamedidaválidaeconfiáveldeQoRapósaanestesia ecirurgia,oquestionáriode40itenssobreaqualidadede recuperac¸ão (QoR-40),foi desenvolvida por Myleset al.10 Esse questionáriomostrouter validadedeconteúdo supe-rior e validade de construto, em comparac¸ão com outros questionários,enãoapresentouapreciac¸ãonegativa.1Esse questionário foi especificamente concebido para medir o estado de saúde de um paciente após a cirurgia e anes-tesia e temsido propostocomo umamedida dedesfecho em ensaios clínicos.10 Recentemente, uma metanálise de 17 estudoscomumaamostrade 3.459pacientesconcluiu queo QoR-40é bemadequadoparamedir aqualidadede recuperac¸ãonopós-operatório.11 Umacorrelac¸ão significa-tivaentreosescoresdoQoR-40edoquestionárioSF-36foi demonstrada.12---14UmescorebaixonoQoR-40foiassociado aumescorebaixonoSF-36.Issoapoiaacrenc¸adequeuma má qualidadederecuperac¸ão(MQR) podeprever umamá QdVapósacirurgia.12Assim,oQoR-40podeserusadocomo umindicadordaprevisãoparaidentificarospacientescujo estadodesaúdeestáprestesamudar.

Sefossepossível preverumaMQR,estratégiasdeapoio mais eficazes poderiam ser propostas a esses pacien-tes durante a internac¸ão hospitalar.12 Além disso, a MQR foi associada a uma durac¸ão prolongada da internac¸ão, readmissõese complicac¸õesnopós-operatório, indicanão apenasodesconfortodopaciente,mastambémoconsumo derecursoseconômicos.14

(3)

pós-anestesia(SRPA),compararoescoredoQoR-40antesda cirurgia,24horas (h)apóse trêsdiasapós eidentificaras dimensõesmaisafetadasdoQoR-40.

Métodos

O estudo foi conduzidona SRPA doCentro Hospitalar São João (CHSJ), Porto, Portugal. Obtivemos a aprovac¸ão do ComitêdeÉticadoCHSJética(n◦127/2012)em25deabril de2013(ComitêdeÉticaemSaúdedoHospitaldeSãoJoão ---Presidente:ProfessorFilipeAlmeida)eostermosde con-sentimentoinformadoassinadosdetodospacientes.

O CHSJ é um hospital terciário, com 1.124 leitos, localizado em uma grande área metropolitana que serve 3.000.000depessoas.Umestudoprospectivofoiconduzido na SRPAcom12 leitos,durantequatrosemanas,de18 de junhoa12julhode2012.

Durante esseperíodo, todosospacientes admitidosna SRPAque podiamassinar otermo deconsentimento infor-mado com antecedência foram incluídos no estudo. Os critérios deexclusão foramrecusa do paciente, incapaci-dadedeforneceroconsentimentoinformado,idadeinferior a18anos,línguaestrangeiraedoenc¸aneuromuscular diag-nosticada.Umescore inferiora25notestenominiexame doestadomental(MEEM)determinaincapacidadepara for-necer o consentimento informado. Cirurgia de urgência ouemergência, cirurgiacardíaca, neurocirurgia e cirurgia obstétricatambémforamcritériosde exclusãoporrazões logísticas --- tais pacientes são encaminhados para outras unidadespós-operatórias.

Osdadosdemográficos basaisforamcoletadosparafins descritivos.

AversãovalidadaemportuguêsdoQoR-40foiusadapara mediroestadodesaúdeantesdacirurgia(T0),24hapós(T1) etrêsmesesapós(T2).OQoR-40foiaplicadoporentrevista pessoalemT0eT1eporentrevistatelefônicaemT2.

OQoR-40contémcincosubescalas:confortofísico(CF); estadoemocional(EE);apoioaopaciente(AP); independên-ciafísica(IF)edor(D).Cadaitemégraduadoemumaescala de1-5,proporcionaumescoremínimode40emáximode 200.12

Para cadadimensãodoQoR-40, deficiênciafoidefinida seoescoreindividualfossemenordoqueumdesviopadrão abaixo damédia dogrupo. MQR foidefinida por deficiên-ciaem duas oumais dimensõesou deficiência doQoR-40 global.12

O anestesiologista responsável desconhecia o envolvi-mento dopaciente noestudo.A anestesiafoi fornecidae monitoradadeacordocomoscritériosdoanestesiologista responsável, mas essa conduta seguiu asnormas mínimas departamentais.Normalmente,ospacienteseram extuba-dosnasaladeoperac¸ãoetransferidosparaaSRPA.

Ascaracterísticasregistradasdospacientesforam:idade, sexo,peso,altura,índicedemassacorporal,administrac¸ão de benzodiazepínicos antes da cirurgia, uso crônico de benzodiazepínicos,localdacirurgia(intra-abdominal, mus-culoesquelético, cabec¸a e pescoc¸o), estado físico ASA, índicederiscocardíacorevisado(IRCR),15durac¸ãodojejum pré-operatório de líquidos,tipo de anestesia, durac¸ão da cirurgia,riscocirúrgico,temperaturanaadmissãoetempo depermanência(TdP)naSRPA.Oriscocirúrgicofoidefinido

deacordocomasDiretrizessobreaAvaliac¸ãoCardiovascular noPerioperatório eCuidadosparaCirurgiasNãoCardíacas doColégio AmericanodeCardiologia(AmericanCollegeof Cardiology/AmericanHeartAssociation).16

Os dados para outras informac¸ões clínicas no pré--operatório em relac¸ão à doenc¸a pulmonar obstrutiva crônica(DPOC),hipertensãoedislipidemiaforamcoletados dedocumentac¸õesclínicasderotina.

A dor medida com a escala analógica visual (EVA) foi avaliadanaadmissãoàSRPA.

O bloqueio neuromuscularresidual (BNMR) foi definido comoTOF<0,9equantificadonaadmissãoàSRPAcom acele-romiografiadomúsculoadutordopolegar(TOF-Watch®).17,18 Aescaladetriagemdedelíriomensuradaporenfermeiros (Nu-DESC)19foiusadanaaltadaSRPAenaenfermarianodia seguinteàcirurgiaeospacientescomumescoreNu-DESC de2oumaispontosemumaavaliac¸ãoforamconsiderados positivosparadelírio.

Náuseaevômitonopós-operatório(NVPO)foram avalia-dosemedidoscomaescaladeintensidadedeNVPOdescrita porMylesetal.20

Análiseestatística

A análise descritiva das variáveis foi usada para resumir os dados. Observamos que os dados ordinais e contínuos nãoseguiram umadistribuic¸ão normal,combase noteste deKolmogorov-Smirnov para a normalidade da populac¸ão subjacente.Os valoresdo QoR-40 sãoapresentados como mediana e percentis 25 e 75. Testes não paramétricos foram usados para comparar as variáveis contínuas e o qui-quadrado ou teste exato de Fisher para comparar as proporc¸õesentredoisgrupos.

OtestedeWilcoxondeamostraspareadasfoiusadopara compararosescoresQoR-40entreasavaliac¸ões.OtesteU

deMann-WhitneyfoiusadoparacompararosescoresQoR-40 entreospacientescomesemMQR.Umvalordepinferior a0,05foiconsideradosignificativo.Todasasanálisesforam feitascomoprogramaStatisticalPackageforSocialSciences versão19.0(SPSSInc.,Chicago,IL,EUA).

Resultados

Dos 207 pacientes consecutivamente admitidos na SRPA durante o período do estudo, 27 foram excluídos inicial-mente: 11 tinham menos de 18 anos, três não falavam português,doisforamsubmetidosaneurocirurgiae11não entregaramoconsentimentoinformadodevidoàrecusaou incapacidadedefornecê-lo(MEEM<25).Dos180restantes, 66foram perdidosdurante oacompanhamento outinham informac¸õesincompletascruciaisparaaanálisedosdados e,consequentemente,114completaramoestudo(63,3%).

EmT1,oescoremédiodoQoR-40foide169e os paci-entescomMQReramidentificadoscasoseusescoresQoR-40 fosseminferioresa142,calculadocomomencionado ante-riormente.Assim,aMQRocorreuem26pacientes(24%).

(4)

Tabela1 Desfechosecaracterísticasdopacientepré-admissão

Todos (n=114)

SemMQR (n=88)76%

NQR (n=26)24%

p

Idadeemanos,mediana(IQR) 60(43-68) 60(42-68) 55(44-71) 0,685a

Faixaetária,n(%) 0,603b

<65anos 75(66) 59(67) 16(62)

>65anos 39(34) 29(33) 10(38)

Sexo,n(%) 0,937b

Masculino 49(43) 38(43) 11(42)

Feminino 65(57) 50(57) 15(58)

EstadofísicoASA,n(%) 0,543c

I/II 87(76) 66(75) 21(81)

III/IV 27(24) 22(25) 5(19)

Índicedemassacorporalemkg.m−2,

mediana(IQR)

26(24-30) 26(24-30) 29(24-32) 0,207a

Durac¸ãodaanestesia(min),mediana (IQR)

120(90-180) 120(90-180) 120(84-189) 0,868a

Tipodeanestesia,n(%) 0,062a

Geral/combinadagerale locorregional

94(82) 75(85) 19(73)

Locorregional 20(18) 13(15) 7(17)

Localdacirurgia 0,860c

Abdominal 52(46) 39(44) 13(50)

Musculoesqueletal 49(43) 39(44) 10(39) Cabec¸aepescoc¸o 13(11) 10(11) 3(11)

TemperaturanaadmissãoàSRPA, mediana(IQR)

35,5(34,9-36,0) 35,5(34,9-35,9) 35,7(35,2-36,0) 0,201a

Hipertensão,n(%) 56(49) 46(52) 10(39) 0,216b

Hiperlipidemia,n(%) 40(35) 32(36) 8(31) 0,599b

DPOC,n(%) 8(7) 5(6) 3(12) 0,263c

Cirurgiadealtorisco,n(%) 28(25) 22(25) 6(23) 0,841b

Cardiopatiaisquêmica,n(%) 7(6) 5(6) 2(7) 0,503c

Cardiopatiacongestiva,n(%) 3(3) 2(2) 1(4) 0,544c

Doenc¸acerebrovascular,n(%) 1(3) 1(1) 0 0,772c

Insuficiênciarenal,n(%) 9(8) 8(9) 1(4) 0,346c

Insulinoterapiaparadiabetes,n(%) 17(15) 16(18) 1(4) 0,059c

TotalIRCR,n(%) 0,676c

≤2 109(96) 83(95) 26(96)

>2 5(4) 4(5) 1(4)

Medicac¸ãocombenzodiazepinas 31(27) 22(25) 9(35) 0,333b

Pré-medicac¸ãocombenzodiazepinas 43(38) 31(35) 12(36) 0,536b

Cristaloides,mediana(IQR) 1.000(1.000-2.000) 1.000(1.000-2.000) 1.000(1.000-2.600) 0,889a

Coloides,n(%) 3(3) 2(2) 1(4) 0,579c

ConcentradosdeHemácias,n(%) 2(2) 2(2) 0 0,569c

BNMR,n(%) 19(17) 16(18) 3(12) 0,715c

NVPO,n(%) 34(30) 22(25) 12(42) 0,038b

Delirium,n(%) 18(16) 13(15) 5(19) 0,584c

EVAparadornaaltadaSRPA, mediana(IQR)

0(0-2) 0(0-2) 1(0-3) 0,599a

TempodepermanênciaemSRPA (min),mediana(IQR)

114(85-146) 110(81-144) 120(110-188) 0,169a

MQR,máqualidadederecuperac¸ão;IQR,intervalointerquartil;ASA,SociedadeAmericanadeAnestesiologistas;DPOC,doenc¸apulmonar obstrutivacrônica;IRCR,ÍndicedeRiscoCardíacoRevisado;SRPA,saladerecuperac¸ãopós-anestesia;NVPO,náuseaevômitono pós--operatório;BNMR,bloqueioneuromuscularresidual;EVA,escalavisualanalógica.

aTesteUdeMann-Whitney. b Testedo

(5)

Tabela2 EscoresQoR-40emT0,T1eT2nospacientes

Todos SemMQR MQR pa

(n=114) (n=88)76% (n=26)24%

T0

Global 180(157-190) 184(170-192) 121(117-139) <0,001 Estadoemocional 36(27-42) 39(33-42) 24(22-28) <0,001 Confortofísico 54(48-57) 55(51-58) 29(28-38) <0,001 Apoiopsicológico 35(34-35) 35(34-35) 35(35-35) 0,115 Independênciafísica 25(23-25) 25(23-25) 25(23-25) 0,937

Dor 31(26-35) 33(29-35) 10(7-26) <0,001

T1

Global 174(151-183) 177(166-187) 120(107-134) <0,001 Estadoemocional 38(30-42) 40(35-43) 23(20-28) <0,001 Confortofísico 51(43-55) 53(50-56) 30(25-41) <0,001 Apoiopsicológico 35(34-35) 35(34-35) 35(31-35) 0,166 Independênciafísica 21(15-25) 22(17-25) 14(12-22) 0,001

Dor 30(25-32) 31(28-33) 13(10-24) <0,001

T2

Global 182(161-196) 189(173-198) 119(115-175) <0,001 Estadoemocional 38(29-44) 41(33-45) 22(21-37) <0,001 Confortofísico 57(47-60) 58(53-60) 28(28-53) <0,001 Apoiopsicológico 35(34-35) 35(34-35) 35(34-35) 0,794 Independênciafísica 25(24-25) 25(24-25) 25(24-25) 0,755

Dor 32(26-34) 34(29-35) 10(7-30) <0,001

T0,antesdacirurgia;T1,24hapósacirurgia;T2,3mesesapósacirurgia;MQR,máqualidadederecuperac¸ão. Valoresapresentadoscomomediana(percentis25-75%).

a ObtidocomotesteUdeMann-Whitney.

paradoreTdPnaSRPA.Noentanto,ospacientescomMQR sofreramNVPOcommaisfrequência(42%vs.25%,p=0,038). Amediana doescore QoR-40paranossaamostrafoide 180emT0,174emT1e182emT2.

Atabela2mostraoescoreQoR-40emT0,T1eT2, regis-tradosempacientescomesemMQR.

EmT1,ospacientescomMQRapresentaramescores glo-baisQoR-40maisbaixosemcomparac¸ãocompacientessem MQR(mediana:120vs.174,p<0,001)eescoresmaisbaixos tambémparaasdimensõesEE,CF,IFeD.

AoanalisarosescoresiniciaisdoQoR-40obtidosemT0, ospacientescomMQR(identificadosemT1)apresentaram escoresQoR-40globaismaisbaixos(mediana:121vs.184,

p<0,001)eescoresmaisbaixostambémparaasdimensões EE,CFeD.

AoanalisarosescoresQoR-40obtidosemT2,ospacientes comMQR(identificadosemT1)permaneceramcomescores QoR-40 globaismais baixos,em comparac¸ão com aqueles semMQR(mediana:119 vs.189,p<0,001)e escoresmais baixostambémparaEE,CFeD.

OspacientessemMQRmostrarammelhorianadimensão CFentreT0eT2(mediana: 55vs.58,p=0,004),masnão houvediferenc¸as nosoutros escores(tabela 3). Por outro lado,nãohouvediferenc¸asnosescoresQoR-40nospacientes comMQRentreT0eT2(tabela4).

Discussão

Osprincipaisachadosdesteestudoforam:incidênciadeMQR de 24%; MQR positivamente associada à NVPO; pacientes

Tabela3 EscoreQoR-40globaleescoresparacadadimensãodoQoR-40empacientessemMQR

Antesdacirurgia 3mesesapósacirurgia pa

Global 184(170-192) 189(173-198) 0,306

Estadoemocional 39(33-42) 41(33-45) 0,110

Confortofísico 55(51-58) 58(53-60) 0,004

Apoiopsicológico 35(34-35) 35(34-35) 0,905

Independênciafísica 25(23-25) 25(24-25) 0,747

Dor 33(29-35) 34(29-35) 0,886

QoR-40,escoredequalidadederecuperac¸ão;MQR,máqualidadederecuperac¸ão. Osvaloressãoapresentadosemmediana(percentis25---75%).

(6)

Tabela4 EscoreQoR-40globaleescoresparacadadimensãodoQoR-40empacientescomMQR

Antesdacirurgia 3mesesapósacirurgia pa

Global 121(117-139) 119(115-175) 0,306

Estadoemocional 24(22-28) 22(21-37) 0,935

Confortofísico 29(28-38) 28(28-53) 0,108

Apoiopsicológico 35(35-35) 35(34-35) 0,309

Independênciafísica 25(23-25) 25(24-25) 0,502

Dor 10(7-26) 10(7-30) 0,311

QoR-40,escoredequalidadederecuperac¸ão;MQR,máqualidadederecuperac¸ão. Osvaloressãoapresentadosemmediana(percentis25-75%).

aObtidocomotestedesinaisdeWilcoxon.

comMQR apresentaram escoresQoR-40menores antesda cirurgiaetrês mesesapós acirurgia;eo estadodesaúde anteriorfoirestauradotrêsmesesapósacirurgiaemambos osgrupos.

AincidênciadeMQR24hapósacirurgiaemnossoestudo (24%)estádeacordocomaliteraturaatual,13emborahaja umacarênciadeestudoscomamesmametodologiaapósa cirurgianãocardíaca.11,21

Nossosresultadosnãoencontraramqualquerassociac¸ão entreMQR e característicasdos pacientes pré-admissãoe variáveisnopós-operatório,comoBNMR, delírio,EVApara doreTdPnaSRPA.Noentanto,nãopodemosconcluirque essasvariáveis nãosãoimportantes parauma MQR e, em estudosfuturos,umaamostramaiorpodepermitir conclu-sões maisdefinitivas sobrea importância dessas variáveis paraodesenvolvimentodeumaMQR.

Em nosso estudo houve uma associac¸ão entre MQR e NVPO.Comoesperado,aincidênciadeNVPOfoimaiorem pacientescomMQR,porqueoQoR-40temtrêsitens relaci-onadosànáuseaeaovômito;issojáfoiestudadoporMyles etal.18 Elesconcluíram queospacientescomNVPO apre-sentamescoresQoR-40maisbaixos,mesmocomaremoc¸ão desses trêsitens doQoR-40. Por outrolado, onúmerode pacientes com NVPO em comparac¸ão com pacientes sem MQRfoimaiordoqueoesperado,umavezqueoitemNVPO ébemponderadonoquestionário.Issopoderiaserexplicado pelofatodeNVPO,emsi,nãosersuficienteparadeterminar umaMQRehaveroutroscolaboradoresparaisso.

NossoestudosugerequeospacientescomMQRpodemser identificadosantesdacirurgia,porqueapresentaram esco-resQoR-40globaismenoresemT0.AsdimensõesEE,CFe Dpodemserasmaisimportantesparadistinguiresses paci-entesdaquelesquenãoterãoumaMQR.Issoéimportante porquequantomaiscedoessespacientesforem identifica-dos,maiscedoesforc¸ospodemserfeitosparaproporcionar medidasimportantescapazesdemelhoraraQoRe, conse-quentemente,aQdV.Medidasimportantesparamelhoraros escoresnasdimensõesEE,CFeDpoderiamseriniciadascom pacientespreviamenteidentificados,comoum acompanha-mentomaiscuidadoso,medidasdeconfortomaiseficientes eregimesanalgésicosmaiseficazes.

Comopropostoemoutrosestudosanálogos,11 umaMQR medida24h apósacirurgiapodeprever umamáQdV três meses após a cirurgia. O QoR-40 está relacionado à QdV apósacirurgia.11 Emnossoestudo,ospacientescomMQR definidosemT1mantiveramosescoresQoR-40baixostrês mesesapósacirurgia.Portanto,sugerimosqueamelhoria

dasmedidasem pacientescom MQRpodemelhoraraQdV três meses após a cirurgia. Outros estudos descreveram uma relac¸ão entre o QoR-40 após a cirurgia e a QdV até três anos.12 Portanto,o QoR-40 pode ser considerado um instrumentoindiretoparamediraQdV.

OspacientescomMQR,identificados24hapósacirurgia, mantiveramamenorQoRatépelomenostrêsmesesapósa cirurgia,especialmentenasdimensõesEE,CFeD.

AsdimensõesAPeIFemT0eT2nãomostraramdiferenc¸a nospacientescomesemMQR,oquesugerequeessas dimen-sõespodemnãocontribuirparaodesenvolvimentodeuma MQReparaumescorebaixodeQoRapóstrêsmeses.

Globalmente, os resultados mostram que o estado de saúde anterior foi restaurado três meses após a cirurgia em ambos osgrupos. Quandocomparamos osescores dos pacientes sem MQR antes da cirurgia e três meses após, observamosmelhoria emapenasumadimensão,oCF.Isso talvezpossasugerirqueadimensãomaisprecisaparamedir amelhorianessespacientespodeseroCF;porém,estudos adicionaissãonecessáriosparaconfirmaressapossibilidade. Algunspodem esperar por umamelhoria noestado de saúdeanterior,representadaporumaumentodosescores QoR-40globaisdopacientetrês mesesapósacirurgia.No entanto,osdoisgruposnãoapresentaramumaumentoem seusescoresQoR-40globais,quandocomparamosos esco-resdeantesdacirurgiaeosdetrêsmesesapósacirurgia. Acreditamosquehá razõesdiferentesparaisso,deacordo com cada grupo. Os pacientes sem MQR não melhoraram seusescoresQoR-40globaisapóstrêsmeses,oquepodeser explicadopelo fatodeterem obtidoescoresQoR-40 altos anteriormente. Poroutro lado,nospacientescom MQR, o escoreQoR-40globaleosescoresparacadadimensão tam-bémnãomelhoraram;noentanto,seusescoresanteriores não foram tão elevados como nos pacientes sem MQR e algunspodiamesperaraumentá-los.Nossainterpretac¸ãoé queessespacientesapresentaramummauestadodesaúde anteriorquenãopodesermelhoradopormeiodecirurgia porváriasrazões,comocomorbidades,cirurgiaoncológica epessimismosobreseusestadosdesaúde.

(7)

Limitac¸õesdoestudo

Umadaslimitac¸õesdonossoestudofoi aperdadealguns pacientesdurante oacompanhamento,o que resultouem umataxade63,3%dospacientesquecompletaramoestudo. Algunspodemconsiderarquedeveríamosterusadoum instrumentopreviamentevalidadoparamediraQdV,como questionário o SF-36; contudo, presumimos uma relac¸ão entre QoR-40 e QdV, que foi descrita anteriormente.11---13 OQoR-40eoSF-36têmescoposedimensõessemelhantes que ajudarão em suaassociac¸ãoe tambémporque repre-sentamaspectospsicossociaissemelhantes,elesdevemser correlacionados.12,13

Para concluir, aQoR é fundamental paraa QdV após a cirurgia.OescoreQoR-40éumaferramentaimportantepara avaliaraQoRenossoestudosugerequeasuaaplicac¸ãoao pacienteéútilapósacirurgia;oQoR-40podeserusadoantes dacirurgiaparaidentificarospacientesqueirão desenvol-verMQR.Alémdisso,oreconhecimentodasdimensõesmais afetadas podeajudar a implantar ac¸ões para atingir uma melhorQoRe,consequentemente,umamelhorQdVapósa cirurgia.Contudo,maisestudossãonecessáriosparavalidar essaferramentaantesdacirurgia.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Agradecimentos

A todososfuncionários daSRPA doCentro Hospitalar São Joãopelaassistência.

Referências

1.Kluivers KB, Riphagen I, Vierhout ME, et al. Systematic reviewonrecoveryspecificquality-of-lifeinstruments.Surgery. 2008;143:206---15.

2.ProsserS,McArthur-Rouse.Post-operativerecovery.In: Asses-sing and managing the acutely ill adult surgical patient. BlackwellPublishingLtd;2008.p.39---59.

3.Allvin R, Berg K, Idvall E, et al. Postoperative recovery: a conceptanalysis.JAdvNurs.2007;57:552---8.

4.WuCL,RichmanJM.Postoperativepainandqualityofrecovery. CurrOpinAnaesthesiol.2004;17:455---60.

5.Capuzzo M, Alvisi R. Is it possible to measure and improvepatientsatisfactionwithanesthesia?AnesthesiolClin. 2008;26:613---26.

6.Myles PS.Patient satisfactionafteranaesthesia and surgery: resultsofaprospectivesurveyof10,811patients.BrJAnaesth. 2000;84:6---10.

7.AuquierP.Developmentandvalidationofaperioperative satis-factionquestionnaire.Anesthesiology.2005;102:1116---23.

8.HaqI.Psychosocialaspectsofdialysisandrenaltransplant.J PakMedAssoc.1991;41:99---100.

9.Fleck MPA. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliac¸ão de qualidade de vida da OMS (WHOQOL-100).RevBrasPsiquiatr.1999;21:19---28.

10.Myles PS. Validity and reliability of a postoperative qua-lity of recovery score: the QoR-40. Br J Anaesth. 2000;84: 11---5.

11.GornallBF.Measurementofqualityofrecoveryusingthe QoR-40:aquantitativesystematicreview.BrJAnaesth.2013.

12.MylesPS.Relationbetweenqualityofrecoveryinhospitaland qualityoflifeat3monthsaftercardiacsurgery.Anesthesiology. 2001;95:862---7.

13.Myles PS, Viira D, Hunt JO. Quality of life at three years after cardiac surgery: relationship with preoperative status and quality of recovery. Anaesth Intensive Care. 2006;34: 176---83.

14.EgerEI, White PF, Bogetz MS.Clinicaland economic factors importanttoanaestheticchoiceforday-casesurgery. Pharma-coeconomics.2000;17:245---62.

15.LeeTH.Derivationandprospectivevalidationofasimpleindex forpredictionofcardiacriskofmajornoncardiacsurgery. Cir-culation.1999;100:1043---9.

16.Fleisher LA. ACC/AHA2007 Guidelines onPerioperative Car-diovascular Evaluation and Care for Noncardiac Surgery: ExecutiveSummary:aReportoftheAmericanCollegeof Car-diology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines.JAmCollCardiol.2007;50:1707---32.

17.Murphy GS, Brull SJ. Residual neuromuscular block: lessons unlearned.PartI:definitions, incidence,and adverse physio-logic effects ofresidual neuromuscularblock. AnesthAnalg. 2010;111:120---8.

18.MurphyGS.Residualneuromuscularblockade:incidence, asses-sment, and relevance in the postoperative period. Minerva Anestesiol.2006;72:97---109.

19.GaudreauJD.Fast,systematic,andcontinuousdelirium asses-smentinhospitalizedpatients:thenursingdeliriumscreening scale.JPainSymptomManage.2005;29:368---75.

20.WengritzkyR,MetthoT,MylesPS,etal.Developmentand vali-dationofapostoperativenauseaandvomitingintensityscale. BrJAnaesth.2010;104:158---66.

21.Leslie K, Troedel S, Irwin K, et al. Quality of recovery from anesthesia in neurosurgical patients. Anesthesiology. 2003;99:1158---65.

Referências

Documentos relacionados

Por fim, foi realizado uma pesquisa com oito professores de matemática do Amazonas e sua transição abrupta para o ensino a distância, onde além de dados graficados, nos sobra a

No âmbito do mestrado de Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.ºCEB, iremos implementar um projeto que tem como objetivo conhecer a perspetiva das crianças sobre

Segundo Albres (2011) por muitos anos os intérpretes de Libras tiveram uma formação empírica e esta tarefa era desenvolvida por familiares de surdos,

To demonstrate that SeLFIES can cater to even the lowest income and least financially trained individuals in Brazil, consider the following SeLFIES design as first articulated

Para esta tarefa, o estudo deste caso elaborou preliminar- mente uma proposição teórica que ori- entou a coleta de dados pela abordagem qualitativa com o objetivo de obter: (a) a

15.4 O credenciamento ou a designação para atuar em processos judiciais não cria vínculo empregatício, funcional ou de qualquer outra natureza entre o

Segundo Cerqueira (2004) não só as escolas têm um papel importante no desenvolvimento das capacidades e criação de competências nestes jovens, também o.. mundo

Isso corrobora com os achados de Mazzarol e Sutar (2001) e Beine, Noël e Ragot (2014) sobre a existência de um idioma oficial comum e, ao menos neste estudo de caso