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Associação entre prática de atividade física com consumo de frutas, verduras e legumes em adolescentes do Nordeste do Brasil.

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REVISTA

PAULISTA

DE

PEDIATRIA

ARTIGO

ORIGINAL

Associac

¸ão

entre

prática

de

atividade

física

com

consumo

de

frutas,

verduras

e

legumes

em

adolescentes

do

Nordeste

do

Brasil

Diego

Augusto

Santos

Silva

a,∗

e

Roberto

Jerônimo

dos

Santos

Silva

b

aUniversidadeFederaldeSantaCatarina,Florianópolis,SC,Brasil

bUniversidadeFederaldeSergipe,Aracaju,SE,Brasil

Recebidoem26dejunhode2014;aceitoem17desetembrode2014 DisponívelnaInternetem28demarçode2015

PALAVRAS-CHAVE

Atividademotora; Aptidãofísica; Saúdedo adolescente; Consumoalimentar

Resumo

Objetivo: Verificarseháassociac¸ãoentrebaixosníveisdeatividadefísicaeconsumodefrutas,

verduraselegumesemadolescentes.

Métodos: Estudotransversal,com2.057adolescentesnafaixade13a18anos,estudantesde

escolaspúblicasdeAracaju(SE)eregiãometropolitana.Analisou-seoníveldeatividadefísica

eoconsumodefrutas,verduraselegumespormeiodequestionáriospadronizadosevalidados.

Asvariáveisdecontroleforam:sexo,idade,níveleconômico,escolaridadematerna,consumo

deálcooletabagismo.Paraaanálisedosdadosusou-searegressãologísticauniemultivariável,

comníveldesignificânciade5%.

Resultados: Aprevalênciadebaixoníveldeatividadefísicafoide81,9%,adeconsumo

inade-quadodefrutasfoide79,1%eadeconsumoinadequadodeverduraselegumesfoide90,6%.

Adolescentes queconsumiampoucasporc¸ões defrutasnodiaapresentaram 40%mais

chan-ces deserpoucoativosfisicamenteeaquelesqueconsumiampoucasporc¸õesdeverdurase

legumesapresentaram50%maischancesdeserpoucoativosfisicamente,comparadosaosque

apresentavamconsumoadequado.

Conclusões: Baixosníveisdeatividadefísicaseassociaramcomoconsumoinadequadode

fru-tas,verduraselegumesemadolescentesdeumacidadedoNordestedoBrasil.Essesachados

sugeremqueadolescentespoucoativosapresentamoutroscomportamentosnãosaudáveisque

podemaumentarorisconavidaadultadedoenc¸ascrônicasnãotransmissíveis.

© 2015Associac¸ãodePediatria deSãoPaulo. PublicadoporElsevier EditoraLtda.Todosos

direitosreservados.

Autorparacorrespondência.

E-mail:diegoaugustoss@yahoo.com.br(D.A.S.Silva).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rpped.2014.09.003

(2)

KEYWORDS

Motoractivity; Physicalfitness; Adolescenthealth; Foodconsumption

Associationbetweenphysicalactivitylevelandconsumptionoffruitandvegetables

amongadolescentsinnortheastBrazil

Abstract

Objective: Todeterminetheassociationbetweenlowlevelsofphysicalactivityand

consump-tionoffruitsandvegetablesamongadolescents.

Methods: Thiscross-sectionalstudyincluded2,057adolescentsaged13to18yearsfromthe

cityofAracaju,NortheasternBrazil.Weanalyzedthelevelofphysicalactivity,consumption

offruits andvegetablesbystandardized andvalidatedquestionnaires.Thecontrolvariables

weresex,age,socioeconomicstatus,maternaleducation,alcoholconsumptionandsmoking.

Fordataanalysis,univariateandmultivariatelogisticregressionwereused,withasignificance

levelof5%.

Results: The prevalence oflow levels of physicalactivity was 81.9%; the inadequate

con-sumptionoffruitsocurredin79.1%andtheinadequateconsumptionofvegetablesin90.6%.

Adolescentswhoconsumedfewfruitsdailyhadanincreasein40%ofchanceofbeing

insuffici-entlyactiveand,forthosewhoconsumedfewvegetable,sthelikelihoodofbeinginsufficiently

activewas50%higher,comparedtothosewhohadadequateintakeofthesefoods.

Conclusions: Lowlevelsofphysicalactivitywereassociatedwithinadequatefruitand

vege-table intakeamong adolescentsinacity innortheasternBrazil.These findingssuggestthat

insufficientlyactiveadolescentshaveotherunhealthybehaviorsthatmayincreasetheriskof

chronicdiseasesinadulthood.

© 2015Associac¸ãode Pediatriade SãoPaulo. Publishedby Elsevier EditoraLtda.All rights

reserved.

Introduc

¸ão

A epidemiologia da atividade física, como é conhecida o ramodaepidemiologiacomfoconasquestõesrelacionadas àatividadefísica,éumaárearecentenocampodasaúde públicaecomec¸ouaserimpulsionadaapartirdatransic¸ão epidemiológica.Taisestudosbuscamencontrarfatores cor-relatosaosbaixosníveisdeatividadefísicacomintuitode preveni-lose/oumodificá-losparaqueintervenc¸õesem ati-vidadefísicatenhamsucesso.1

A atividade física está associada a vários benefícios à saúde.Níveis insuficientesdessa prática podemocasionar prejuízos à saúdee ao bem-estar e aumentar o risco de doenc¸as cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, certostiposdecâncer,obesidadeemortalidadeprecoce.2 A inatividade física também está associada a desordens mentais.Estudos clínicoseepidemiológicosrelataramque pessoascomníveisinsuficientesdeatividadefísicasãomais acometidaspordepressãoeansiedade.3

Entretanto, apesar de se dispor de evidências de que a atividade física pode atuar na prevenc¸ão de doenc¸as e na promoc¸ão da qualidade de vida das pessoas, um grandecontingentepopulacionalcontinuaexpostoaníveis insuficientesde práticadeatividade física.No Brasil,por exemplo, os dados mais recentes do sistema de Vigilân-ciadeFatoresdeRiscoe Protec¸ãopara Doenc¸asCrônicas por inquérito telefônico --- Vigitel4 reportou que 15% dos homense 13,6%dasmulheresacimade18anosresidentes nascapitaisbrasileirassãofisicamenteinativos.Emrelac¸ão aosmais jovens,os dadosda PesquisaNacional de Saúde doEscolar(PeNSE),emumaparceriaentreoInstituto Bra-sileirode Geografiae Estatísticae o Ministérioda Saúde,

identificouque56,9%dosescolaresbrasileirosdo9◦

anodo ensinofundamental nãoatingiramasrecomendac¸õespara apráticadeatividadefísica(≥300minutosporsemanade atividade física).5 Pesquisa recente mostrou que mais de 70%de adolescentes dediferentespaíses nãoatingem asrecomendac¸õesparapráticadeatividadefísica.6

Diversosestudosindicamquenaadolescênciaenafase adultao indivíduonãoadquireapenasumcomportamento nãosaudável.7,8Amaiorpartedaspessoasapresenta simul-taneamente diversos comportamentos não saudáveis. Os quemaissedestacamsãoainatividadefísicaeoconsumo inadequadodefrutas,verduraselegumes.7,8Nessesentido, torna-seimportante estudar taiscomportamentosna ado-lescência,pois hábitosadquiridos nessafase tendema se postergarparaavidaadulta.9

O consumo insuficiente de frutas, legumes e verduras encontra-seentreosdezprincipaisfatoresderiscoparaa cargaglobaldedoenc¸as.10Milhõesdemortessãoatribuídas aumadietanãosaudávelcomdéficitnessescomponentes.11 Porém, apesar dessas evidências, o consumo de frutas, legumes e verduras aindaé insuficiente,tanto em países desenvolvidosquantoempaísesemdesenvolvimento,como oBrasil.11

Assim,oobjetivodesteestudoéverificarseháassociac¸ão entre baixos níveis de atividade física e consumo de fru-tas,verduraselegumesemadolescentesdeumacidadedo NordestedoBrasil.

Método

(3)

Aracaju(SE).OEstadodeSergipeéamenorunidade fede-rativa do Brasil em extensão territorial (21.910km2), fica

na região Nordeste,é compostopor75municípios e apre-senta o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região (0,742), com expectativa devida de 70,3anos, mortalidade infantil de 21crianc¸as por mil nascidas vivas etaxadeanalfabetismodepessoas de15anosoumaisde 16,9%.Taisdadossãoreferentesa2010eforampublicados em2013.12,13Aracajuéacapitaldoestadoetinhapopulac¸ão estimada,em2010,de571.149,comincidênciadepobreza de27,5%,índiceGinide0,47eIDHde0,794.12,13 Oíndice GiniéusadopelasNac¸õesUnidasparamensurara desigual-dade nadistribuic¸ãoderenda dedeterminadalocalidade. Eleconsisteemumnúmeroentre0e1:0éacompleta igual-dadederendae1correspondeàcompletadesigualdade.13

A populac¸ão-alvo deste estudo foi composta por 13.373escolaresdoensinomédio,daredepúblicaestadual deensinodeAracajueregiãometropolitana.Otamanhoda amostrafoicalculadoparaestimarprevalênciadediferentes desfechosemsaúdeinvestigadosnolevantamento. Conside-rouníveldeconfianc¸aem95%,prevalênciaparaosdesfechos desconhecidosde50%,erroamostraldetrêspontos percen-tuais,efeitodedelineamento(deff)estimadode2(devido àamostragemporconglomerados)epercentual deperdas estimadoem10%.Combasenessesparâmetros,obteve-se tamanhodeamostrade2.174adolescentes.Paratestesde associac¸ão,considerandoumaprevalênciaestimadado des-fechode50%, poderde 80% enível deconfianc¸ade 95%, essetamanhodeamostrapermitiriadetectarcomo estatis-ticamentesignificativaumarazãodeprevalênciadeaté1,4 comofatorderiscoedeaté0,6comoprotec¸ãoparaambos ossexos.

Odesenhoamostralabrangeuescolaspúblicasestaduais efoideterminadoemdoisestágiosemqueaescolaeaturma representaram,respectivamente,asunidadesamostraisno primeiroenosegundoestágio.TodasasescolasdeAracajue regiãometropolitanacomensinomédioenúmerode matrí-culas superior a 350 alunos foram consideradas elegíveis parainclusãonoestudo.Nosegundoestágio,considerou-se a densidade de turmasnas escolas sorteadas como crité-rioparasorteiodaquelasnasquaisosquestionáriosseriam aplicados.Todososestudantesdasturmassorteadasforam convidadosaparticipardoestudo.

Osdadosforamcoletadosnosegundosemestrede2011. Aaplicac¸ãodosquestionáriosfoiefetuadaemsaladeaula, sem a presenc¸a dos professores. A equipede avaliadores era formada por estudantes de graduac¸ão em educac¸ão física que participaram de uma capacitac¸ão prévia para padronizac¸ão dos procedimentos de coleta de dados. Os sujeitos foramcontinuamenteassistidos pelos aplicadores paraquepudessemesclarecerdúvidaseauxiliarno preen-chimentodasinformac¸ões.

Paraparticipardoestudo,oalunodeveriaestar regular-mentematriculadonoensinomédiodasunidadessorteadas; ter idade mínima de 13 e máxima de 18 anos; não apresentar condic¸ão que o impedisse de entender as explicac¸õeseresponderaoquestionário,como,por exem-plo,cegueiraesurdez.Oadolescentequenãoquisparticipar do estudo e/ou o pai/responsável não permitiu a participac¸ãofoiconsideradocomorecusa.

Avariáveldependentefoioníveldeatividadefísica.Tal variávelvisouaanalisaroatendimentoàrecomendac¸ãopara

apráticadeatividade físicamoderada/vigorosa conforme recomendaaOrganizac¸ãoMundialdeSaúde.14Essavariável foimensuradanopresenteinquéritopormeiodoitemque compõeo questionárioempregado noYouth RiskBehavior SurveillanceSystem(YRBSS),umprogramadevigilância ide-alizadonofimdadécadade1980peloCentersforDisease ControlandPrevention (CDC)e usadonosEstadosUnidos. OquestionárioYRBSSfoi traduzido evalidadopara o Bra-sil. Os comportamentos investigados no presente estudo apresentaramíndice deconcordânciaKappa demoderado aalto.15

Oitemconsistenaseguintepergunta:‘‘Duranteos últi-mossetedias, emquantos diasvocêfoi ativofisicamente porpelomenos60minutospordia?’’(Considereotempoque vocêgastouemqualquertipodeatividadefísicaque aumen-tousuafrequênciacardíacae fezcomquesua respirac¸ão ficassemais rápida por algum tempo). As opc¸ões de res-posta eram: nenhum, um, dois, três, quatro, cinco, seis e sete dias.Considerando que asdiretrizes de práticade atividadefísicaparacrianc¸ase adolescentesrecomendam 60 minutos de atividade física moderada e vigorosa em pelo menos cinco dias da semana,16-18 os sujeitos que responderamcincodiasoumaisnasemanaforam conside-radoscomoativos fisicamentee aquelesqueresponderam menosdo que cincodias foramclassificados como pouco ativosfisicamente.

Asvariáveisindependentes doestudoforamo consumo defrutas,verduraselegumes.Parataisvariáveis empregou--se o questionário YRBSS.15 O consumo de frutas foi avaliadonosúltimossetediasanterioresàentrevista,pelos itens:‘‘Quantasvezesvocêtomousucodefrutas100% natu-ral?’’‘‘Quantasvezesvocêcomeufrutas?’’Paracadaumdos itenshaviaasseguintesopc¸õesderesposta:‘‘Eunãotomei sucodefrutasounãocomifrutas’’;umaatrêsvezes;quatro aseisvezes;umavezpordia;duasvezespordia;trêsvezes pordia;quatrooumaisvezespordia.Asrespostasaosdois itensforamanalisadasconcomitantementeconsiderandoas recomendac¸õesde consumo defrutas sugeridaspela Pirâ-mide Alimentar,19 que sugere como adequado o consumo detrês acincoporc¸õesdiáriasdefrutas. Assim,o adoles-centequeconsumiufrutase/ousucodefrutastrêsoumais vezespordiafoiconsiderado‘‘consumoadequado’’e aque-lesqueconsumiram menosforam considerados‘‘consumo inadequado’’.

(4)

As variáveis de controle do presente estudo, que ser-viram para caracterizac¸ão da amostra, foram o sexo (feminino/masculino),aidade, quefoi coletadade forma contínuaecategorizadaem≤16anose17-18anos,a esco-laridade materna, que foi coletada de forma contínua e categorizadaem ≤8anos e>8anos,e onível econômico. Esse foi identificado pelo questionário daAssociac¸ão Bra-sileirade Empresas dePesquisa (Abep)20 por meiode um sistemadepontosque,somados,servemparaclassificara populac¸ão brasileira em classes econômicasconforme seu poderdecompra.AsclassesdoscritériosadotadospelaAbep sãocinco:A,B,C,De Eporordemdecrescente depoder decompra.Ossujeitosdas classesA eBforam classifica-doscomonível econômicoalto,osdaclasseCcomonível econômicomédioeosdaclasseDeEcomoníveleconômico baixo.

Além das variáveis sociodemográficas, coletaram-se informac¸õessobretabagismoeusodeálcool.Otabagismo foiinvestigadopelapergunta:‘‘Duranteosúltimos30dias, emquantosdiasvocêfumoucigarros?’’Quemdeclarouter fumado ao menos uma vez foi considerado com resposta positiva(grupoderisco)aotabagismo.Oconsumode bebi-dasalcoólicas foi investigado pela pergunta:‘‘Durante os últimos30dias,emquantosdiasvocêtomoupelomenosuma dose de bebidaalcoólica?’’ Quemdeclarou ter bebido ao menosumavezfoiconsideradocomrespostapositiva(grupo derisco)aoconsumodebebidasalcoólicas.Taisperguntas sãooriundasdaversãobrasileiradoquestionárioYRBSS.15

Empregou-seaestatísticadescritivaeinferencial. Usou--se o teste do qui-quadrado de tendência linear e o de heterogeneidadepara verificara associac¸ão entreo nível deatividadefísicaeasvariáveisindependentes ede con-trole. Na análise de associac¸ão, bruta e ajustada, foi empregadootestedeWalde aregressãologísticabinária paraestimar oddsratio(OR)e intervalos deconfianc¸ade 95%(95%IC).Naanálisederegressãoajustada,foram incluí-dastodasasvariáveis,independentementedovalordepna análisebruta.Asanálisesnãoforamestratificadasporsexo porquenãohouveinterac¸ão entreosexoe o consumode frutas,verdurase legumes.Todas asanálisesforamfeitas noprogramaestatísticoStata11.0.

ApesquisafoiaprovadapeloComitêdeÉticaemPesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Sergipe (CAAE5724.0.000.107-10).Todososadolescentesque parti-ciparamdapesquisaentregaramoTermodeConsentimento LivreeEsclarecidoassinadopelosresponsáveis(menoresde 18anos)ouporelesmesmos(18anos).

Resultados

Participaramdapesquisa2.057adolescentesnafaixaetária de14a18anos(16,2±1,1).Desses,amaiorparteerado sexofeminino(62,7%),tinhamenosde17anos(56,9%),era deníveleconômicomédio(63,4%)eaescolaridadematerna erabaixa(61,4%).Amaiorpartedosadolescenteserapouco ativafisicamente(81,9%),consumiamenosdetrêsporc¸ões pordiadefrutas(79,1%)emenosdequatroporc¸õesde legu-mese verduraspordia (90,6%),nãofumava(93,6%)e não ingeria bebidas alcoólicas (61,6%). A maiorfrequênciade adolescentespoucoativosfisicamentefoiobservadanosexo feminino,naquelescujasmãestinhambaixaescolaridade,

naquelesqueconsumiampoucas porc¸õesdefrutas, verdu-ras e legumes e nos que não ingeriambebidas alcoólicas (p<0,05)(tabela1).

Naanálisede regressãobruta eajustada entreo nível de atividade física com o consumo de frutas, verduras e legumes foram encontradas as mesmas associac¸ões. Ado-lescentes queconsumiam poucasporc¸õesdefrutas nodia apresentaramchance40%maiordeserpoucoativos fisica-mentequandocomparadosaosjovensqueconsumiammaior quantidadedefrutas aolongododia. Emrelac¸ãoao con-sumodeverduraselegumes,osestudantesqueconsumiam poucas porc¸õesdesses alimentosaolongododia apresen-taram chance 50% maior de ser pouco ativos fisicamente quandocomparadosaosjovensqueconsumiamquantidade adequadadessesalimentosaolongododia(tabela2).

Discussão

Oprincipalachadodopresenteestudofoiquebaixosníveis de atividade física estiveram associados ao consumo ina-dequado defrutas, verduras e legumes em adolescentes, independentementedesexo,idade,níveleconômico, esco-laridade materna e uso de álcool e cigarros. Tal achado confirmaahipótesedopresenteestudodequeaadoc¸ãode umcomportamentoinadequado(baixosníveisdeatividade física)estáassociada àadoc¸ão deoutroscomportamentos nãosaudáveis.Talresultadotemumimpactonasaúdedos adolescentes,poisocomportamentoadotadodurantea ado-lescênciatendeaseestenderparaavidaadulta.9

Opresenteestudoencontrouque81,9%dosadolescentes nãoatenderam àsrecomendac¸õespara apráticade ativi-dadefísicamoderadaouvigorosa.Estudosqueverificaram a prevalênciadesse desfecho em adolescentes apresenta-ramgrandediscrepância entreosvaloresencontrados.16,21 Deacordocomocritérioadotadoeafaixaetáriaenvolvida, asprevalências debaixos níveis de atividadefísica varia-ram de 50,5%16 a 85%.21 Três definic¸ões operacionais são frequentemente usadas na determinac¸ão do atendimento àsrecomendac¸ões.Umadelascorrespondeaocritério ado-tadonesteestudo,quefoiafeituraounãodepelomenos 60 minutos de atividade física moderada ou vigorosa em pelomenoscincodiasdasemana;16-18outrarecomendac¸ão sugereoacúmulode300minutosdeatividadefísica mode-radaevigorosaemumasemana22eaindaosqueusaram o critériode 60minutos diários.21 Um estudo representa-tivodapopulac¸ãoescolaramericanaencontrouprevalência de 50,5% de não atendimento às recomendac¸ões,16 com a aplicac¸ão do mesmo critério deste estudo. Entre ado-lescentes brasileiros, a pesquisa PeNSE18 foi a única com abrangêncianacional ausaro mesmocritériodopresente estudoe relatouprevalênciadebaixosníveisdeatividade físicade79,8%emadolescentesbrasileiros.

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Tabela1 Distribuic¸ãototaldaamostraedeacordocomoníveldeatividadefísica

Variáveis Amostra Atividadefísica p

Ativo Poucoativo

n(%) n %(95%IC) n %(95%IC)

Total 2.057(100,0) 372 18,1(16,5-19,7) 1.685 81,9(80,2-83,4)

Sexo

Feminino 1.289(62,7) 166 12,9(9,3-16,5) 1.123 87,1(83,5-90,7) <0,01

Masculino 768(37,3) 206 26,8(20,6-33,0) 562 73,2(67,0-79,4)

Idade(anos)

≤16 1.171(56,9) 208 17,8(13,5-22,1) 963 82,2(77,9-86,5) 0,66

17-18 886(43,1) 164 18,5(13,4-23,6) 722 81,5(76,4-86,6)

Níveleconômico

Alto 499(24,3) 92 18,4(11,7-25,1) 407 81,6(74,9-88,3)

Médio 1.305(63,4) 236 18,1(14,0-22,2) 1.069 81,9(77,8-86,0) 0,94

Baixo 253(12,3) 44 17,4(8,1-26,7) 209 82,6(73,3-91,9)

Escolaridadematerna

≤8anos 1.262(61,4) 199 15,8(13,5-18,1) 1.063 84,2(82,0-86,4) <0,01

>8anos 795(38,6) 173 21,8(18,8-25,1) 622 78,2(75,1-81,2)

Consumodefrutas

≥3porc¸ões/dia 430(20,9) 101 23,5(20,5-26,5) 329 76,5(73,6-79,5) <0,01

<3porc¸ões/dia 1.627(79,1) 271 16,7(14,5-19,0) 1.356 83,3(81,5-85,2)

Consumodeverduraselegumes

≥4porc¸ões/dia 194(9,4) 50 25,8(22,6-29,2) 144 74,2(71,8-77,7) <0,01

<4porc¸ões/dia 1.863(90,6) 322 17,3(15,6-18,6) 1.541 82,7(81,5-84,0)

Usodeálcool

Não 1.267(61,6) 208 16,4(15,3-17,5) 1.059 83,6(82,5-84,7) 0,01

Sim 790(38,4) 164 20,8(17,8-23,8) 626 79,2(76,7-81,5)

Tabagismo

Não 1.925(93,6) 342 17,8(16,3-19,5) 1.583 82,2(80,4-83,6) 0,15

Sim 132(6,4) 30 22,7(15,7-29,2) 102 77,3(70,7-84,2)

IC,intervalodeconfianc¸a.

comosestudosdevemser feitoscom cautela.Apresente pesquisausou arecomendac¸ãosugeridapelaPirâmide Ali-mentar Americana e do Brasil19 que, embora tenha sido publicadaem1999,apresentaboasindicac¸õesparase tra-balharcomoprocessodeeducac¸ãoemsaúdenasdiferentes populac¸ões.19

Independentemente doscritérios declassificac¸ão tanto daatividadefísicaquandodoconsumodefrutas,verduras elegumes, opresenteestudo denunciaumasituac¸ão pre-ocupanteemAracajueregiãometropolitana,queéofato deamaiorpartedosjovensterbaixosníveisdeatividade físicaebaixoconsumodiáriodefrutas,verduraselegumes.

Tabela2 Análisedeassociac¸ãocomestimac¸ãodeoddsratioeintervalosdeconfianc¸ade95%entrepráticadeatividadefísica

econsumodefrutas,verduraselegumesemadolescentes

Variáveis Análisebruta p Análiseajustada p

OR 95%IC OR 95%IC

Consumodefrutas

≥3porc¸ões/dia 1,0 <0,01a 1,0 0,01a

<3porc¸ões/dia 1,5 1,1-1,8 1,4 1,1-1,9

Consumodeverduraselegumes

≥4porc¸ões/dia 1,0 0,02a 1

.0 0,03

a

<4porc¸ões/dia 1,5 1,1-2,0 1,5 1,1-2,1

OR,oddsratio;IC,intervalodeconfianc¸a.

(6)

Essasituac¸ãoépreocupante,porquetaiscomportamentos de risco são responsáveis por milhões de mortes em paí-sesderendabaixa, médiaealta.11 Ademais,taisachados sãotãopreocupantesefortalecemaindamaisaspolíticase recomendac¸õesdaOrganizac¸ãoMundialdeSaúde,do Cen-trodeControledeDoenc¸asdosEstadosUnidos(CDC)e do MinistériodaSaúdedoBrasilparaaimportânciaaserdada àsorientac¸õesdeumapráticaregulardeatividadefísicae dealimentac¸ãoadequadaemtodasasfaixasetárias.14,18,26

Assimcomo nopresente estudo,outraspesquisas tam-bém encontraram que baixos níveis de atividade física estavamassociadosaoconsumoinadequadodefrutas, ver-duras e legumes.7,8,27 Vários são os fatores que podem justificaressesresultadosealgumasteoriastentam explicá--los.Umadasteoriaséadomodeloecológicodepromoc¸ão dasaúde.27,28 Nessateoria,osfatoresdemográficos (sexo, idade,etnia),intrapessoais(conhecimento,motivac¸ão pes-soal, percepc¸ão de dificuldades), interpessoais (suporte socialdeamigos e família)e comunitários(vizinhanc¸a)se refletemdiretamentenoshábitosdevidadaspessoas. Por-tanto,aassociac¸ãoencontradanopresenteestudopodeser explicada, por exemplo, pela falta de conhecimento dos adolescentessobreaimportânciadeadotar estilodevida saudável.Ou,ainda,queoslocaisdemoradiadessesjovens nãodãoacessoalocaisparaapráticadeatividadefísicae fazemcomqueosjovens fiquemàfrentedocomputador, datelevisãoedovideogame,queestimulamoconsumode alimentosnãosaudáveis.Porém,taisexplicac¸ões,no pre-senteestudo,sãomerasespeculac¸õesbaseadasemachados daliteratura.27

Umadaslimitac¸õesdapesquisaestárelacionadaàcoleta deinformac¸õespormeiodeumquestionário autoadminis-trado,poisexisteapossibilidade deviés derespostapara variáveiscomooníveleconômico,aescolaridadematerna, apráticadeatividadefísicaeoconsumodefrutas, verdu-raselegumes.Noentanto,osinstrumentosempregadossão validadosparaapopulac¸ãobrasileira.Alémdisso,o delinea-mentotransversaldapesquisanãopermiteestabeleceruma relac¸ão decausae efeito entreo desfechoe asvariáveis independentes. Outro ponto que pode remeter às discus-sõesé ousodaregressãologística ea estimativadoodds ratiocomomedidadeassociac¸ãoentreasvariáveis.Alguns autoresdescrevemqueparaestudostransversaisque apre-sentamaltaprevalênciadavariáveldependente(>20%),o oddsratiopodesuperestimararelac¸ãoentreasvariáveis;no entanto,nopresenteestudo,essamedidadeassociac¸ãofoi usadaporqueelaérecomendadapelaliteraturaemestudos transversais que buscam estabeleceralguma causalidade, teórica,entreasvariáveis.29 Algunspontospositivosdeste inquéritomerecemdestaque,comoarepresentatividadeda amostraeocontroledoprocessodecoletaederegistrodos dados.

Pode-se concluir que o baixo nível de atividade física seassociou ao consumo inadequadode frutas, verdurase legumes em adolescentes de uma cidade doNordeste do Brasil.Essesachadossugeremqueadolescentespouco ati-vosapresentamoutroscomportamentosnãosaudáveisque podemaumentaroriscodedoenc¸ascrônicasnão transmissí-veisnavidaadulta.Dessaforma,intervenc¸õesnoambiente escolar devem focar não somente o aumento nos níveis deatividadefísica,mastambémpriorizarabordagenssobre estilosdevidasaudáveis.

Financiamento

Oestudonãorecebeufinanciamento.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Referências

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