• Nenhum resultado encontrado

Hemoptise/s e síndrome de angústia respiratória do adulto como causas de morte na leptospirose: mudanças de padrões clínicos e anatomopatológicos.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Hemoptise/s e síndrome de angústia respiratória do adulto como causas de morte na leptospirose: mudanças de padrões clínicos e anatomopatológicos."

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 5 ( 4 ) : 2 6 1 - 2 7 0 , o u t- d e z , 1 9 9 2

R E LA TO D E CASO

HEMOPTISE/S E SÍNDROME DE ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA DO ADULTO COMO CAUSAS DE MORTE NA

LEPTOSPIROSE. M UDANÇAS DE PADRÕES CLÍNICOS E ANATOMOPATOLÓGICOS

Adrelírio José Rios Gonçalves, Jorge Eduardo Manhães de Carvalho, João Baptista Guedes e Silva, Ronaldo Rozembaum e AIba Regina M achado Vieira.

A le p t o s p i r o s e h u m a n a , u m a d a s p r i n c ip a i s e n d e m ia s /e p id e m ia s d o s c e n tr o s u r b a n o s n o B r a s il, v e m c r e s c e n d o d e f o r m a d r a m á tic a n a s tr ê s ú ltim a s d é c a d a s , c o m p r e v a l ê n c i a a p ó s e n c h e n te s c a u s a d a s p e l a s c h u v a s d e v e r ã o . S ã o d e s c r ita s a s r e c e n te s m o d if ic a ç õ e s d e s e u s p a d r õ e s c lín ic o s e m n o s s a r e g iã o , c o n s titu íd a s p e l o s u r g im e n to d e h e m o p t is e /s m a c i ç a /s e d a s ín d r o m e d e a n g ú s tia r e s p ir a tó r ia d o a d u lto , o u d e a m b a s a s s o c ia d a m e n te . E s s a s e v id e n te s m u d a n ç a s s i tu a d a s n a s e s tr u tu r a s r e s p ir a tó r ia s d e s p o n ta r a m c o m o s é r ia a m e a ç a à v id a e c o m o m e c a n is m o s d e m o r te , p a s s a n d o a r e p r e s e n ta r e n tr e n ó s , p o r s u a g r a n d e f r e q ü ê n c i a , a p r i n c i p a l c a u s a d e ó b ito n a le p to s p ir o s e . A n o v a f a c e d a d o e n ç a im p õ e r e v is ã o d o s c o n c e ito s s o b r e s u a g r a v i d a d e e e s p e c u la ç ã o s o b r e a p a to g e n i a d e s s a s a lte r a ç õ e s . A e v o lu ç ã o f a t a l d o s s e i s p a c i e n t e s d e s c r ito s , d o is d e le s s e m ic te r íc ia e s e m in s u fic iê n c ia r e n a l, m o s tr a a g r a n d e z a d o d e s a f io .

P a la v r a s - c h a v e s : H e m o p tis e s . In s u fic iê n c ia r e p i r a tó r ia a g u d a . S ín d r o m e d e a n g ú s tia r e s p ir a t ó r ia d o a d u lto (S A RA ). L e p to s p ir o s e .

O s objetivos do relato de seis casos desta

patologia altamente endêmica em nossa região prendem -se basicam ente a: 1. m ostrar as modificações clínicas sofridas pela doença, após três décadas de elevação contínua, nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói e circunvizinhanças; 2. discriminar as alterações ocorridas também no âmbito dos achados anatomopatológicos; 3. discutir as razões dessas transformações, ou seja, que processos poderiam tê-las gerado; 4. rever conceitos sobre esta patologia; 5. destacar dois casos de adultos jovens, com formas anictéricas e sem retenção nitrogenada, que foram a óbito por hemoptises maciças e síndrome de angústia respiratória do adulto e 6. descrever mecanismos de morte na leptospirose, até há bem pouco não vivenciados entre nós.

Hospital dos Servidores do Estado, Rio de Janeiro, Hospital Universitário Antônio Pedro, Niterói e Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião, Rio de Janeiro, RJ.

Endereço para correspondência: Dr. Adrelírio José Rios Gonçalves. R. Anchieta 21/1002, Leme, 22010-070 Rio de Janeiro, RJ.

Recebido para publicação em 02/04/92.

RELATO DOS CASOS

Caso 1 - L.D .F .,28anos,parda,doméstica,natural e procedente de Niterói, RJ.

Após sete dias de doença com febre, tosse, mialgias generalizadas e, já por dois dias, com piora e surgimento de tosse produtiva, dor torácica e dispnéia, a paciente foi internada no Hospital Universitário Antônio Pedro (H .U .A .P.) (Niterói), em 07/03/88.

Ao exame: intensam ente dispnéia e com hemoptise maciça. Foi entubada e colocada em ventilação mecânica. Levada para o CTI, onde chegou acordada, cianótica, hipocorada e agitada, com pupilas isocóricas e hiperemia conjuntival bilateral; não apresentando icterícia. Pressão arterial (PA): 120/70mmHg; pulso: 140 batimentos por minuto; freqüência respiratória: 32 incursões/minuto e pressão venosa central de lOcm HzO. A ausculta pulm onar, estertores crepitantes e bolhosos disseminados. Na ausculta cardíaca, apenas freqüência elevada. Abdómen e membros sem alterações.

(2)

ml; creatinofosfoquinase(PK) = 50u/L; elementos anormais e sedimento (EAS) = urobilinogênio presente (+ + + ), proteinúria (+ ) e hematúria. Radiografia (Rx) de tórax: condensações não homogêneas nos pulmões, com áreas aeradas de permeio. Gasometriaarterial = pH = 7,45u; P C 02 = 31,8mmHg; P 0 2 = 33,lmmHg; bicarbonato real = 22,4; base excess (BE) = 0,4 (ar rarefeito).

Foram iniciados: penicilina cristalina e gentamicina; papa de hemácias e hidratação.

Pesquisas de BAAR no escarro: negativas, Anti HIV: negativo. Sorologia para leptospirose: positiva no título de 1/400 para o serovar

ic te r o h a e m o r r a h a g ia e , no oitavo dia de doença. À

noite, hemorragia pulmonar e coma profundo. Feitos: dopamina, bicarbonato de sódio e transfusão sangüínea. Nova gasometria mostrou: pH = 7,22; PaC 02 = 53,6; P a0 2 = 22,2; base excess = -6,3 e bicarbonato = 21,4. Iniciada pressão positiva tele-expiratória a 5cm H20 , com fluxo inspiratório de oxigênio (F i02) a 100%. Pressão do respirador = 40cmH20 . Volume corrente = 700ml. NovoRx de tórax mostrou áreas maiores de enchimento alveolar, com consolidação quase que total dos pulmões e presença de broncograma aéreo. Evoluiu com hipoxemia e acidose mista severas. Fêz parada cárdio-respiratória com morte.

Necrópsia - A macroscopia, o pulmão direito pesava 900g e o esquerdo 750g. Foram vistas áreas vinhosas irregulares distribuídas em todos os lobos. O parênquima era de cor vermelha vinhosa. À microscopia óptica, os pulmões apresentavam infiltração hemorrágica alveolar maciça. Presença de material fíbrinoso em vasos pulmonares de pequeno calibre. Houve também, em algumas áreas, aparecimento de membrana hialina atapetando as paredes alveolares.

Outros achados - Fígado: discreta colestase em torno à veia centro-lobular. Preservação da arquitetura lobular e trabecular. Necrose isolada de hepatócitos. Congestão e ruptura de sinusóides hepáticos. Moderado inflitrado linfoplasmocitário portal. No interior de alguns sinusóides hepáticos, havia pequenos trombos de material hialino homogêneo. Rins: alguns glomérulos com capilares distendidos por material hialino eosinofílico homogêneo. Coração: edema interfibrilar; acentuada congestão capilar com rupturas de paredes capilares, discreta infiltração inflamatória mononuclear

envolvendo pericárdio e endocárdio (pancardite). Trombos em luzes capilares. Músculo esquelético: proliferação de núcleos subsarcolemais “ em rosário”; adelgaçamento de algumas fibras que se mostram tortuosas e com aumento da eosinofilia. Sorologia positiva, com títulos elevados para o serovar ic te r o h a e m o r r h a g ia e .

Caso 2 - D.B.L.S., 20 anos, parda, natural do Rio de Janeiro e residente em São João de Mereti.

Adoençateveiníciosúbito, comfebre, calafrios, mialgias generalizadas, cefaléia e prostração, seguidos de “dor de garganta” e náuseas. Dois dias após surgiram tosse com hemoptóicos, dor torácica, dispnéia e hemorragias conjuntivais. Por piora da dispnéia e aumento da freqüência dos hemoptóicos, foi encaminhada ao Posto de Saúde de Sumaré à Emergência do H.S.E. e internada (09/12/90).

Na história epidemiológica: moradia em área endêmica de dengue e freqüente contato com urina e fezes de rato em lavagens, com pés descalços, do quintal de sua casa; contato com enfermo de tuberculose pulmonar por cerca de três anos.

Ao exame físico: paciente lúcida, orientada, hipo-hidratada, acianótica, anictérica, afebril e taquipnéica, com hemorragias subconjuntivais e orofaringe hiperemiado. F reqüência cardíaca (F C): 108 batimentos/minuto; freqüência respiratória (FR): 40 incursões/minuto; temperatura axilar de 36°C; PA: 110/60mmHg. À ausculta pulmonar, presença de estertores crepitantes em terço inferior de ambos os pulmões. A ausculta cardíaca, ritmo regular, taquicardia, ausência de sopros, bulhas normofonéticas. Abdômen: sem visceromegalias. Traube livre. Sistema músculo-esquelético: dor à compressão das panturrilhas. Estava no terceiro mês de gravidez.

(3)

R e l a t o d e C a s o . G o n ç a lv e s A J R , C a r v a lh o J E M , S ilv a J B G , R o z e m b a u m R , V ie ir a A R M . H e m o p t i s e / s e s í n d r o m e d e a n g ú s tia r e s p i r a t ó r i a d o a d u lto c o m o c a u s a s d e m o r te n a le p t o s p i r o s e . M u d a n ç a s d e p a d r õ e s c lí n i c o s e a n a to m o p a to l ó g ic o s . R e v i s t a d a S o c ie d a d e B r a s i le i r a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 5 : 2 6 1 - 2 7 0 , o u t- d e z , 1 9 9 2 .

29,4mmHg; P 0 2 = 51,3mmHg; C 0 2 total = 19,4mMol/L; HC03 = 18,5mMol/L;HB = 15g%; Sat 0 2 = 86,3%; BE = -5,4mMol/L.

Evoluiu com piora do quadro respiratório, tiragem intercostal, aumento da freqüência, batimentos de asas do nariz e cianose labial. Nova gasometria: pH = 7,40; P 0 2 = 44; P C 02 = 30,1; C 0 2 total = 19,5; H C 03 = 18,5; BE = -4,7. Surgimento súbito de hemoptise grave, piora do quadro e morte em asfixia, antes da realização da entubação orotraqueal e ventilação mecânica.

Autópsia no H.S.E. (n° 10.511) - Pulmões aumentados de volume, armados, mostrando aos cortes extensas áreas de hemorragias. A microscopia, presença de alveolite hemorrágica maciça e de trombos de fibrina na microcirculação. O coração não mostrava aterações macroscópicas e a análise microscópica demonstrou focos de necrose de fibras miocárdicas e hemorragias intrafibra, permeação p o r células in flam ató rias m ononucleares, intr; niocárdicas e subendocárdicas. O exame miei sscópico de fígado mostrou destrabeculização hepatocitária, hiperplasia de células de Kupffer, infiltrado inflamatório mono- e polimorfonuclear periportal, discreta colestase intracelular e regeneração hepatocitária. A microscopia de músculo esquelético da panturrilha mostrou fibras com alterações degenerativas, regenerativas e focos de necrose intrafibra com hemorragia. Namicroscopia dos rins havia presença de túbulos com áreas de degeneração e regeneração do revestimento tublular e infiltrado inflamatório intersticial por mono- e polimorfonucleares. O exame do feto e da placenta mostrou alterações compatíveis com hipoxia. A análise de fragmentos de fígado, rins, coração e músculos por técnicas de imunoperoxidase nos cortes de placenta foram positivos e nas estruturas renais fetais foram negativas para leptospira.

Caso 3 - H .B.V ., 21 anos, branco, natural e procedente de Nova Iguaçu, RJ.

Teve início súbito de febre elevada, intensa prostração e mialgias generalizadas, surgindo depois tosse e escarros sanguíneos que passaram a hemoptises francas e severas, seguidos de dispnéia. Com cinco dias de doença, foi admitido no Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS), em 06/04/90, provindo do H ospital da Posse.

Apresentava dispnéia intensa, sudorese, toxemia, episódios de hemoptises e cianose de extremidades. Estava ictérico, desidratado e muito agitado pela dispnéia.

Cerca de dez dias antes fizera limpeza de depósito d’água emNova Iguaçu, em companhia do irmão também com febre e dores no corpo.

PA: 100/60mmHg. Freqüência cardíaca: 100 batimentos/minuto. Na ausculta pulmonar, roncos disseminados. Leucogramade30.000/mm3 (0-0-0- 0-23-70-5-2). Uréia70mg%; creatinina3mg%, BT 4,9mg% e BD 4mg%. Rx de tórax: infiltrado misto, difuso, bilateral. Em pouco tempo, houve agravamento da dispnéia, da cianose e, ao ser tentada a entubação orotraqueal, houve saída de grande quantidade de sangue pela traquéia, parada cárdio-respiratória e óbito.

Caso 4 - J.C.S., 47anos, pardo, naturaleresidente em Duque de Caxias, RJ. Registro no IEISS n° 66.120.

Internado em03/05/90, relatando início abrupto da doença, com febre, calafrios, tosse seca e dispnéia seguidos, no segundo dia, de mialgias generalizadas e, no terceiro, colúria, oligúria e episódios de epistaxes. Informava que cerca de dez dias antes de adoecer, fizera limpeza de residência e cercania inundadas por águas de enchentes após temporais. O exame físico mostrava paciente febril, toxêmico, com icterícia rubínica (3 + /4 + ), hiperem ia conjuntival bilateral e sinais de desidratação. Pressão arterial: 120/50 mmHg. À ausculta cardíaca: taquicardia (120 batimentos/minuto, sem sopros; bulhas normais. Ausculta pulmonar: estertores crepitantes e bolhosos, mais pronunciados nas bases. Freqüência respiratória de 48 incursões/minuto e batimentos de asas do nariz, tiragem supraclavicular e intercostal.

(4)

Sat 0 2 = 91 % - em nova gasometria, hipoxemia persistente = P 0 2 52. Bioquímica - uréia 120mg % e creatinina 4,4mg%. Transferido para o Hospital Universitário da U . F. R. J ., faleceu em poucas horas*, por hemoptise franca e asfixia.

Caso 5 - J.A .O ., 40 anos, branco, residente em Niterói, RJ, internado no H.U. A .P., em 13/04/88.

Doença iniciada dois dias antes, com febre e cefaléia, surgindo, a partir do segundo dia, mialgias e depois tosse, dor torácica, hemoptóicos, diarréia e icterícia. Informava que 15 dias antes do começo da doença fizera limpeza de vala de esgoto.

Exame físico - paciente lúcido, ictérico (4 + / 4 + ), com hiperemia conjuntival. Temperatura axilar: 39°C. PA: 110/70mmHg. Pulso: 95 batimentos/minuto. Ausculta cardíaca: normal. Ausculta pulmonar: estertores crepitantes nas bases. Freqüência respiratória: 25 incursões/minuto. Hepatoesplenomegalia e dor à compressão das massas musculares.

Exames - Leucometria de 13.000, com seis bastões, 79 segmentados e 15 linfócitos. Uréia 58mg%; creatinina l,8mg%; K 3,6mEq/L; NA 140mEq/L; hematócrito 43%; Hb 13,7%; BT 19,2mg%; BD 16 mg%; AST 320uK/L; ALT 150uK/L; FA37u/L. EASproteinúria(3 +); piúria, hematúria e cilindrúria. Urobilinogênio (3+ ). Rx de tórax: infiltrado intersticial e alveolar, difuso e bilateral (padrão misto). Gasometria arterial (ar atmosférico): pH 7,37; P C 02 33,4; P 0 2 39,1; H C 03 19,1.

Iniciado oxigênio, hidratação, bicarbonato e dopamina por hipotensão arterial. Na manhã seguinte, gasometria: pH 7,37; Pco2 33,4; P 0 2 39,1; HCOj 24. Bioquímica: U 105mg %; creatinina 3mg%; plaquetas 280.000/mm3; atividade de p ro tro m b in a 72% ; hem ató crito 30% . E letro c ard io g ra m a : d istú rb io s difusos da repolarização. No terceiro dia: agitação ehipoxemia arterial, a despeito do aumento da pressão positiva tele-expiratória (PEEP 7cm H20 ). Continuou a piorar. A noite: óbito porparadacárdio-respiratória.

Necrópsia - A macroscopia: pulmão direito pesando 1.360g e o esquerdo 1.140g. Aos cortes: infiltrado hemorrágico difuso em todo o parênquima de ambos os pulmões. Àmicroscopiaótica: acentuada

congestão de capilares de septos alveolares, com moderado edema. Espaços alveolares infiltrados difusamente por hemácias e, em algumas áreas, abundante líquido de edema associado a material eosinofílico hialino que atapetava a parede alveolar (membrana hialina). Capilares pulmonares com agregado de fibrina em seu interior. Outros achados - Rins: necrose tubular aguda, nefrose colêmica e nefrite intersticial. Fígado: destrabeculação, colestase com presença de trombos biliares. Sinusóides congestos, hiperplasia e hipertrofia das células de Kupffer. Espaço porta com infiltração linfoplasmocitária de moderada a intensa. Músculo esquelético (panturrilhas): necrose segmentar hialina de Zenker mui ti focal, acompanhada de componente hem orrágico. C oração: discreto in filtrad o inflamatório mononuclear envolvendo pericárdio e endocárdio. Edema interfibrilar com congestão capilar e focos de hemorragia. Atrofia e hialinização de fibras. Encontrado ainda material fibrinoso em vasos de pequeno calibre, no fígado, pâncreas, supra-renal e musculatura esquelética, havendo, de permeio, elementos figurados no sangue.

Caso 6 - J.B .F., 60 anos, branco, casado, natural e residente em Niterói, RJ. Registro no H.U.A.P. n° 381.860.

Início da doença cinco dias antes da internação (03/03/88noH.U.A.P.), com febre elevada, seguida de mialgias generalizadas. Notadas a seguir colúria e icterícia.

Na internação: paciente lúcido, eupnéico, ictérico (2 + /4 + ), hipohidratado e com hiperemia conjuntival bilateral. Temperatura axilar: 37,5°C. PA: 110/60mmHg. Pulso: 96 batimentos/minuto. Freqüência respiratória: 28 incursões/minuto. Presença de estertores bolhosos em ambas as bases pulmonares. Discreto sopro sistólico (1 + /4 + ) audível em foco mitral. Dor à compressão das panturrilhas.

Exames: Leucometria global 6.000; bastões 1; segmentados 86; linfócitos 12; plaquetas 43.000/ mm3. Uréia 34%; creatinina 1,4%; BT 2,4mg%; BD l,6mg% ; AST 102uK/ml; ALT 64uk/ml; Na 147mEq/L; K 4,3mEq/L; Cl 104mE/L; CPK 606u/ml. Rx de torax: infiltrado intersticial no terço médio do pulmão direito. EAS proteinúria

(5)

R e la t o d e C a s o . G o n ç a lv e s A J R , C a r v a lh o J E M , S ilv a J B G , R o z e m b a u m R , V ie ir a A R M . H e m o p t i s e / s e s í n d r o m e d e a n g ú s tia r e s p i r a t ó r i a d o a d u lto c o m o c a u s a s d e m o r te n a le p t o s p i r o s e . M u d a n ç a s d e p a d r õ e s c lí n i c o s e a n a to m o p a to l ó g ic o s . R e v i s t a d a S o c ie d a d e B r a s i le i r a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 5 : 2 6 1 - 2 7 0 , o u t- d e z , 1 9 9 2 .

No dia seguinte: dispnéia progressiva; aumento da icterícia; agravamento das lesões pulmonares, à ausculta e em novo Rx que mostrou infiltrado misto com predomínio nos terços médios e inferiores de ambos os pulmões. Instalado 0 2 em forma de catéter nasal. Gasometria arterial pH 7,45; PCO2

27,8; P 0 2 56, lH C O j 20,1; BE 15,5mg%. Plaquetas de 86.700/mm3. Com agravamento da dispnéia, foi transferido para o centro de diálise, falecendo em poucas horas.

Sorologia para leptospirose: positiva para o serovar a n d a m a n a , em títulos elevados (1/1.600), e para o serovar a u t u m n a l i s (1/200).

Não foi realizada necropsia.

Os pacientes referidos nos casos de números um, cinco e seis são de Niterói. Note-se que todos esses três antecedem em cronologia os casos de números dois, três e quatro, datando, os distúrbios respiratórios caracterizados em Niterói, a partir de

19803135.

DISCUSSÃO

A leptospirose é uma zoonose de distribuição universal5 14 21 23 24 27 28 29 30 32 42 57. Antes dos anos sessenta, a leptospirose humana era rara no Rio de janeiro e somente casos esporádicos foram descritos25 26. A partir do início dessa década, seguindo-se às chuvas torrenciais de verão causadoras de inundações, surgiram surtos epidêmicos importantes que se sucederam em anos posteriores, sempre ligados aos temporais e inundações dessa estação chuvosa31 35 37 39 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54_ Alguns anos antes de 1966, clínicos do Rio de janeiro passaramanotar, nas instituições locais, um aumento do número de casos da doença, indicador de provável crescimento da endemia na região50 5253 54. No Rio de Janeiro, “Grande Rio” , Niterói e adjacências, a doença passou de rara a comum, vindo a tomar-se uma importante causa de icterícia e ingressando sistematicamente no diagnóstico diferencial da mesma39 40 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54

Acontecimentos idênticos ocorreram em outras regiões do Brasil, alguns anos antes6 1423 55. O que sucedeu a seguir foi o estabelecimento, nessas regiões, de mais uma importante endemia que, com o passar do tempo, vem crescendo paulatinamente, com sucessivos surtos epidêmicos, mantendo uma

nítida relação com os altos índices pluviométricos regionais15 35 37 39 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54

Em sua grande maioria, os casos de leptospirose internados nos vários hospitais do Rio de Janeiro, “Grande Rio” , Niterói e regiões circunvizinhas são representados pelas formas ictéricas da doença, com um percentual elevado constituído pela “síndrome de Weil”15 21 43 46 48 49 50 51 52 53 54.

Durante muitos anos, as características clínicas e anatomopatológicas da doença mantiveram-se estáveis, como atestam inúmeros trabalhos e até mesmo teses a respeito15 21 39 40 43 46 48 49 50 52 53 54, nos quais pouca ou nenhuma ênfase era prestada às manifestações respiratórias. Nos primeiros meses de 1 9 8 8 , chuvas torrenciais inundaram as cidades

de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, Belfort Roxo, São João de Mereti e regiões da cidade do Rio de Janeiro próximas à baixada fluminense. Essas inundações permaneceram durante longo tempo e, com as cheias e falta de drenagem dos rios Pavuna, Meriti, Saracuruna e Sarapui para a Baia de guanabara, essa região tomou-se um grande “lago” . Ocorreu então que 1 .1 1 7 enfermos

de leptospirose foram internados nas diversas instituições das regiões, principalmente do Rio de janeiro37444751. Começaram a ser vistas a partir de então as modificações clínicas da leptospirose em nosso meio, em pacientes, quase sempre oriundos das regiões atingidas pelas cheias, sendo os primeiros casos do Rio de Janeiro registrados alguns meses após essa grande epidemia.

Essas m odificações têm co n sistid o de hemoptise/s severa/s com dispnéia, de hemoptises maciças com asfixia e óbito, ou ainda da concomitância de hemoptise/s com síndrome de angústia respiratória do adulto (SARA), ou apenas de SARA; manifestações, todas, com potencial de evolução fatal.

A com panhando a doença nessa região por m ais de três décadas, não víam os essas alterações e tam pouco eram as m esm as referidas n os num erosos trabalhos de diferentes in stitu ições15 21 39 43 46 48 49 505253 a s form as anictéricas e as isentas de

(6)

h id roeletrolíticos graves, arritmias cardíacas e de in fecções secundárias15 21394043 454648 49 50 51 52 53

T am bém em N iterói e regiões circunvizinhas foram notadas transform ações idênticas que ficaram c o m p r o v a d a s e m tr a b a lh o s c l í n i c o s e an atom opatológicos feitos em épocas diferentes e n a m e sm a in s t it u iç ã o ( H . U . A . P . ) 35 39 40. Com parando cronologicam ente nossas observações clínicas com as dessas publicações35 39 40, podem os afirm ar q u e as p rim eiras ocorrên cia s d esses fen ôm en os em N iterói (in ício da década de 80) foram anteriores às do R io de Janeiro. Em 1982, época tam bém anterior à dos prim eiros casos autóctones do R io d e jan eiro e Grande R io, vim os um paciente de leptospirose, procedente das cercanias d e N it e r ó i, c o m g r a v e c o m p r o m e tim e n to respiratório-, e na epidem ia de 1988, apenas nos deparam os c o m duas form as graves e fatais apresentando evidências concom itantes de SA R A 37 45. Seria a doença m ais antiga em N iterói e áreas próxim as? Seriam o s índices endêm icos lá mais elevados? Sabem os que em N iterói a doença é, no m ínim o, tão antiga quanto aqui no R io de Janeiro e que, em razão da proxim idade, as endem ias e as epidem ias m uito se assem elham .

O fato é que as m anifestações respiratórias têm sucessivam ente aberto o u dom inado a cena clínica e têm sid o responsáveis por inúm eros óbitos; circunstância que som ente conhecíam os através de literatura10 n 12 13 e qUe> ag 0ra, tão seguidam ente presenciada35 44 47, transform ou-se em rotina entre n ós. M od ifico u -se assim a face da doença em nosso m e io , e o s próp rios co n ceito s que vínham os m antendo a seu respeito35 39 40 44 46 47 48 49 50 52 53

m udaram diante do su rgim en to d essas novas apresentações.

A s a lter a ç õ e s r esp ira tó ria s n o cu rso da lep tosp irose, bem conhecidas e provavelm ente tão antigas quanto a própria doença, são basicam ente representadas, na experiência de todos, por: tosse, dor de garganta; “estado gripal” ; hem optóicos; ocasionalm ente, dor torácica e dispnéia ou presença d e e s t e r t o r e s p u lm o n a r e s c o m in filtr a d o s pulm onares; sendo por v ezes relatadas hem optises5 22 2» 32 3 6 41 52 53 56 59

O s distúrbios clín ico s foram evidentem ente acom panhados de alterações na patologia da doença e o s f e n ô m e n o s h e m o r r á g ic o s m a c r o - e m icro scó p ico s são m uito m ais acentuados nas

autópsias recentes do que nas antigas; o mesmo acontecendo com as próprias manifestações pulmonares da SARA35 3940 44. Também sinais de coagulação intravascular disseminada (CID), principalmente nos pulmões, têm sido muito mais assinalados em necrópsias recentes35 39 40 44.

Esses distúrbios respiratórios têm surgido na abertura das manifestações clínicas ou de forma precoce e, quando o paciente que os apresenta é hospitalizado, são os mesmos a razão fundamental da internação; sendo impossível atribuí-los à sepse hospitalar ou a qualquer outro mecanismo a não ser à indução pela própria doença. Estas novas exteriorizações clínicas da leptospirose em nossa região têm sido, juntamente com a miocardite, as mais precoces causas de morte nesta patologia. Cabe-nos agora especular sobre a/s causa/s do fenômeno.

M u i t o s t r a b a l h o s t ê m e n f a t i z a d o a s a l t e r a ç õ e s

r e s p i r a t ó r i a s c l í n i c a s , r a d i o g r á f i c a s e a t é m e s m o

f u n c i o n a i s , n a l e p t o s p i r o s e 3 4 7 8 9 1 ° 11 12 13 19 22 2 7 28 31 32 33 35 3637384041 42 44 47 51 _ O u t r O S , C onstituídos

por relatos de caso/s ou séries, têm chamado atenção para a SARA e/ou as hemoptises, ou para a comunhão dessas situações7 8 9 10 11 12 13 22 27 31 33 35 36 37 38 40 41 424447 62 jj necessariamente acionada uma intrigada indagação - Qual/ais a/s causa/s destas modificações

da doença? Carré e cols.10 chamam atenção para 0

fato de serem as manifestações respiratórias graves, quase que exclusivamente, das áreas de endemia

elevada. A mesma conclusão tiram os do trabalho de

Ch’i-Nan e cols.12, com formas anictéricas de leptospirose em plantadores de arroz na china, onde alguns enfermos apresentaram sérias alterações respiratórias, tendo inclusive ocorrido óbito em quatro casos por tais distúrbios.

Após a maciça epidemia de fevereiro/março de 1988, na região da Baixada próxima ao Rio de janeiro e na própria cidade do Rio nessas imediações,

(7)

R e la t o d e C a s o . G o n ç a lv e s A J R , C a r v a lh o J E M , S ilv a J B G , R o z e m b a u m R , V ie ir a A R M . H e m o p t i s e / s e s í n d r o m e d e a n g ú s tia r e s p i r a t ó r i a d o a d u lto c o m o c a u s a s d e m o r te n a le p t o s p i r o s e . M u d a n ç a s d e p a d r õ e s c lí n i c o s e a n a t o m o p a t o l ó g i c o s . R e v is t a d a S o c ie d a d e B r a s i le i r a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 5 : 2 6 1 - 2 7 0 , o u t- d e z , 1 9 9 2 .

em áreas de alta endemia.

M ecanismos iguais aos da síndrome de Goodpasture, ou seja, anticorpos antimembrana basal poderiam ser a causa16 das lesões glomerulares e alveolares?

Uma das explicações para o surgimento do dengue hemorrágico é a teoria da infecção seqüencial (primo-infecção com vírus D1, sensibilizando, e infecção posterior pelo D2, desencadeando). Este mesmo fenômeno poderia ocorrer na leptospirose?

Qual o papel da CID pulmonar nesses quadros respiratórios? Poderia ser a gênese dos mesmos? Vários trabalhos negam a CID na leptospirose3 29 34 40. De Brito ecols.19 20 encontraram, em animais de experimentação, alterações vasculares pulmonares importantes e microtrombos na microcirculação pulmonar, além de fenômenos hemorrágicos de vulto nessas vísceras. Aspectos muito parecidos foram assinalados nas necrópsias dos casos um e dois desta série, representados por formas anictéricas e isei itas de insuficiência renal, que foram ambas a óbiti por hemorragias pulmonares maciças e por SARA, com achado de microtrombos nos vasos pulmonares.

Como atua a glicolipoproteína descrita por Vihn e cols.60 na patogenia dessas alterações? Por ação tóxica direta1718? Que papel desempenham as próprias leptospiras? Seria através de ação citotóxica direta sobre os pulmões? Sendo as lesões pulmonares observadas precocemente na doença, a possibilidade de ação citotóxica direta das leptospiras é perfeitamente compreensível3 4 17 18 19 20 57 58. Mecanismos operados porcitoquinas, como oTNF, que podem desencadear os fenômenos de coagulação intravascular pela atuação sobre as células endoteliais com liberação de ICAM-1 seriam a explicação?

Poderia ocorrer, nas regiões de alta endemia, exacerbação da v iru lên cia das cepas com modificações clínicas e patológicas?

Alves e cols.1 2 admitem hipóteses mais atuais para a patogênese das lesões sistêmicas na leptospirose; propõem que as lesões dos órgãos mais intensamente acometidos decorram da ação direta sobre membranas das células parenquimatosas, inicialmente da leptospira e, a seguir, também de produtos granulosos de sua degradação por macrófagos, incluindo a glicolipoproteína. Num primeiro momento, tal ação levaria a distúrbios funcionais dessas membranas, só acarretando necrose

em fases tardias. A lesão dos vasos decorreria do mesmo processo operando-se nas células endoteliais. Tal dano vascular seria responsável direto pela diátase hemorrágica e indiretamente, através da h ipoxia, pelo agravam ento das lesões parenquimatosas dos órgãos acometidos.

Qualquer que seja a causa da patogenia das lesões parenquimatosas na leptospirose e qualquer que seja a origem das lesões pulmonares, é fato que a/s hemoptise/s maciça/s e a SARA inexistiam inteiramente em nossa região no passado, ao passo que hoje são duas importantes causas de morte nesta patologia. Suas presenças caracterizam padrões novos da doença, assim como mecanismos de morte desconhecidos até há bem pouco tempo em nossa experiência.

SUMMARY

H u m a n le p to s p ir o s is , o n e o f th e m a in u r b a n e n d e m ic s/ e p id e m ic s in B r a z il, h a s d r a m a tic a lly g r o w n in th e la s t th r e e d e c a d e s , e s p e c ia lly a f te r f l o o d s c a u s e d b y s u m m e r r a in s. T h is p r e s e n ta tio n d e s c r ib e s r e c e n t c h a n g e s in th e c lin ic a lp a tte r n s o f th is p a th o l o g y in o u r r e g io n , e x p r e s s e d b y th e e m e r g e n c e o f m a s s iv e h a e m o p ty s is a n d a c u te r e s p i r a t o r y d i s t r e s s s y n d r o m e , o r b o th c o n d it io n s a s s o c ia te d . T h e e v id e n t c h a n g e s in th e r e s p ir a t o r y s tr u c tu r e s e m e r g e d a s a s e r io u s life th r e a t a n d d e a th m e c h a n is m s , b e c o m in g th e m a in c a u s e o f d e a th in le p to s p ir o s is a m o n g u s b e c a u s e o f th e ir h ig h in c id e n c e . T h is n e w f a c e o f th e d is e a s e d e m a n d s a r e v is io n o f c u r r e n t c o n c e p ts a b o u t its s e r io u s n e s s a n d r a i s e s s p e c u la tio n s a b o u t th e p a th o g e n e s is o f s u c h a lte r a tio n s .

K e y - w o r d s : H a e m o p ty s is . A c u te r e s p ir a t o r y f a i lu r e . A c u te R e s p ir a to r y d i s t r e s s s y n d r o m e . L e p to s p ir o s is .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. A lv es V A F . L ep tosp irose experim ental em cobaia: contribuição d e d ad os m o r fo ló g ic o s e im u n o-histoquím icos para a com p reen são d e sua patogenia. T ese d e doutorado, U n iversid ad e d e S ão P aulo, São Paulo, 1988.

2 . A lv es V A F , Siqueira A C , Pestana C B . P atologia da le p t o s p ir o s e . A n á lis e c r ít ic a d o s a s p e c t o s m orfológicos e im uno-histoquím icos relevantes para a com preensão da patogenia. R evista do Instituto A dolfo L utz 4 9 :7 5 -8 0 , 1 989.

(8)

4. A rriaga A J D , R ocha A S , Y asuda P, D e Brito T . M orpho-functional patterns o f kidney injury in the experim ental lep tosp irosis o f the guinea-pig (L. ic te r o -h a e m o r r h a g ia e ). Jou rn al o f P a th o lo g y 1 3 8 :1 4 5 -1 6 1 , 1982.

5 . A sh e W M F , Pratt-Thom as H P , K um pe CS. W e il’s d isea se - A co m p lete review o f A m erican literature and an abstract o f th e w orld literature. Seven cases reports. M ed icin e 2 0 :1 4 5 -2 1 0 , 1941.

6 . A ze v e d o R , C orrea M O A . C onsiderações em tom o da epidem ia d e lep tosp irose na cidade d e R ecife em 1966: asp ectos ep id em io ló g ico s, laboratoriais e c lín ico s. R evista do Instituto A d olfo Luttz 2 8 :8 5 -1 -1 -1 , -196 8 .

7 . B azin C H , A m stutz P H , L ataste-D orolle CGC. L ep tosp iroses g raves. J o u m ée d e réanim ation de l ’H opitale C laude Bernard. A rnette É d it., Paris 61-9 8 , 161-970.

8. B eren d sen H B , R om m es JH , H y lk em a B S , M ein esz A F , S lu iter H . A dult respiratory failure w ith lep tosp irosis. A nnals o f Internal M ed icin e 101:402, 1984.

9 . B urke B J, Searle JF, M attingly D . L eptospirosis presenting w ith pro fuse haem optysis. British M edical Journal 2 :9 8 2 , 197 6 .

10. C arré P H , A rvin-B erod C , D u val G , M ichault A . M anifestations pulm onaires prédom inantes au cours d es lep tosp iroses ictéro-hem orragiques. R ev u e de M aladies R espiratoires 2 :3 4 3 -3 4 9 , 1985.

11. C h ’i L , T s ’ai-li M , Y un-chen C , W ei-ju C . Studies on an icteric lep tosp irosis. II. O bservations on e le c tr o c a r d io g r a m s. C h in e se M ed ica l Journal 8 4 :2 9 1 -2 9 8 , 1965.

12. C h ’i-N an W , L iu J, T in g-F en g C , W ei-ju C , M ing-Y i L , A n -T s’ai H . Studies on anicteric leptospirosis. I. C linical m anifestations and antibiotic therapy. C h in ese M ed ical Journal 8 4 :2 8 3 -2 9 1 , 1965. 13. C hin-P o W , C hing-W u C , F eng-L in L . Studies on

a n ic t e r ic le p t o s p ir o s is . III. R o e n tg e n o lo g ic observations ofpulm onary changes. C hin ese M edical Journal 8 4 :2 9 8 -3 0 6 , 1965.

14. C orrea M O A . Panoram a atual das leptospiroses hum anas no B rasil. R evista do Instituto A dolfo Lutz 3 3 :5 5 -7 2 , 197 3 .

15. C orrea L im a M B . C ontribuição ao estudo do fígado na lep tosp irose. T e s e d e L iv re D o cên cia , E scola de M ed icin a e C irurgia do Rio d e Janeiro, Rio de jan eiro, 1 9 7 1 .

16. D a o u d a l P , M ath ieu P , B lo c h B , B arale F. L eptospirose avec im munisation anti-m em branebasal glom erulaire. N o u v e lle P resse M éd icale 7 :3 5 3 5 -3 5 -3 7 , 1 978.

17. D e Brito T , B ohn G M , Y asuda PH . V ascular dam age in acute experim ental leptospirosis o f the gu in ea-p ig. P athology 1 2 8 :1 7 7 -1 8 2 , 1979.

18. D e Brito T , M achado M M , M ontans S D , H oshino S , F reym ullerE . L iverb iop sy inhum an leptospirosis: a light and electron m icroscop y study. V irch ow s A rchives o f P athologic A natom y 3 4 2 :6 1 -6 9 , 1967. 19. D e B r ito T , M orais C F, Y asuda P H , L ancellotti CP, Shim izuS, Y am ashiroE , A lves V A F . C ardiovascular in v o lv e m e n t in h u m a n an d e x p e r im e n t a l leptospirosis: path ologic findings and im m uno-histochem ical detection o f leptospiral antigen. A nnals o fT ro p ica l M ed icin e and P arasitology 8 1 :2 0 7 -2 1 4 , 1987.

2 0 . D e Brito T , Penna D O , Pereira V G , H oshino S. K id n e y b io p s ie s in h u m an le p t o s p ir o s is : a b io c h e m ic a l and e le c tr o n m ic r o s c o p y stu d y . V irchow s A rchives ofP a th o lo g ic A natom y 3 4 3 :1 2 4 -1 25, -1967.

21. D uarte F. A biópsia m uscular na lep tosp irose. T ese d e L ivre D o cên cia , U n iversid ad e F ederal do R io d e janeiro, Rio d e Janeiro, 1974.

2 2 . D uval G , M ichault A , C orbin JC , A rvin-B erod C, Carré P, Genin R. Syndrom e d e d étresse respiratoire a ig u ë r é v é la te u r d ’u n e le p t o s p ir o s e ic t é r o -hém orragique. D eu x observations. P resse M éd icale 1 4 :1 6 7 , 1985.

23. E d elw eiss E L . L ep tosp iroses hum anas. T e se d e L ivre D o cên cia d e C línica M édica. U n iversid ad e F ederal do R io G rande do S u l, Porto A leg re, 1962. 2 4 . E dw ards Ga, D om m B M . H um an lep tosp irosis.

M ed icin e 3 9 :1 1 7 -1 5 6 , 1960.

2 5 . Fialho A . E studos sob re a esp iroq u etose ictero-hem o rrágica no Rio d e Janeiro. A rquivo s d e H igien e 6 :2 9 -3 5 , 1936.

2 6 . Fialho A . Sobre dois ca so s de doen ça d e W eil no R io d e J a n eiro . C on trib u içã o ao seu d ia g n ó s tic o diferencial. A rquivos d e H ig ien e 8 :3 7 -5 7 , 1938. 2 7 . G abinski C, H auss S , D ellu c G , F avarel-G arriques

JC . D étr e sse resp iratoire a ig h ë au co u rs des lep tosp iroses. A nnales F rançais sur A n esth ésie et R éanim ation 1 :5 7 3 -5 8 1 , 1 982.

2 8 . H e a th C W , A le x a n d e r A D , G a lto n M M . L eptospirosis in the U nited States. A n a ly sis o f 483 ca ses in m an, 1 9 4 9 -1 9 6 1 . N e w E ngland Journal o f M ed icin e 2 7 3 :8 5 7 -8 6 4 , 1965.

2 9 . K oppisch E , B ond W M . T h e m orbid anatom y o f human leptospirosis: a report o f thirteen fatal cases. In: A bstracts o f the Sym p osiu m on lep tosp irosis -M ed ical S cien ce P ublications, G overnm ent Printing O ffice, W ashington p .8 3 -1 0 5 , 1953.

3 0 . L ai KK , A arons I, W o o d ro ffe A J, C larkson A R . R enal lesions in lep tosp irosis. A ustralin & N e w Z eeland Journal o f M ed icin e 1 2 :2 7 6 -2 7 9 , 1982. 3 1 . L azera M , R ios G on çalves A J, D o m in g o s E A .

(9)

R e l a t o d e C a s o . G o n ç a lv e s A J R , C a r v a lh o J E M , S ilv a J B G , R o z e m b a u m R , V ie ir a A R M . H e m o p t i s e / s e s í n d r o m e d e a n g ú s t ia r e s p i r a t ó r i a d o a d u lto c o m o c a u s a s d e m o r te n a le p t o s p i r o s e . M u d a n ç a s d e p a d r õ e s c lí n ic o s e a n a t o m o p a t o l ó g i c o s . R e v is t a d a S o c ie d a d e B r a s i le i r a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 5 : 2 6 1 - 2 7 0 , o u t- d e z , 1 9 9 2 .

ch est radiograph in leptospirosis in Jam aica. British Journal o f R ad iology 5 4 :9 3 9 -9 4 3 , 1981.

3 3 . L evrat M , D esp ierres G , O llagnier C , Lanternier G . L es m anifestations pulm onaires de la spirochétose ictéro-hém orragique. L yon M edicale 1 8 4 :7 -9 ,1 9 5 0 . 3 4 . L om ar A V . E sudo das alterações da hem ostasia na lep tosp irose, T e s e d e M estrado, U niversidade de São Paulo, São P aulo, 1989.

3 5 . M a n h ã es d e C arvalh o JE . C om p rom etim en to pulm onar na lep to sp iro se, T e se d e M estrado, U n iversid ad e F ederal F lu m in en se, N iterói, 1989. 3 6 . M anigand G , A u zép i P H , D elm are J, D eparis M .

L es m anifestations pulm onaries des leptospiroses. S em ain e des H ôpitaux Paris 4 0 :2 6 7 0 -2 6 7 3 , 1964. 3 7 . M ascarenhas L F , R ios G onçalves AJ, Cunha R Q ,

M en ezes JA , C ruz A M , T eixeira L M , C orrea JC , A z e v e d o F . M a n if e s ta ç õ e s r e sp ir a tó r ia s na lep to sp iro se. A rquivos brasileiros d e M edicina 6 5 :4 9 -5 1 , 1991.

3 8 . N ery L E , D e Paula A B , N akatam i J, santos M L , Ratto O R . C linical, radiological and functional p u lm o n a r y m a n if e s t a t io n in p a tie n ts w ith lep to sp iro sis. R evista do Instituto d e M edicina T rop ical d e São Paulo 1 9 :3 6 6 -3 7 3 , 1977. 3 9 . Pereira da Silva JJ. Form as graves d e leptospirose.

Contribuição ao seu estudo clín ico. T ese d e M estrado, U n iversid ad e F ederal do R io de Janeiro, N iterói, 1 9 7 4 .

4 0 . P ereira da S ilva JJ, P aiva L M , G uedes e Silva JB,

A lv e s N etto B . E stu d o do com p rom etim en to pulm onar na doen ça d e W eil. R evista do Instituto de M ed icin a T rop ical d e São Paulo 1 8 :3 8 7 -3 9 2 ,1 9 7 6 . 4 1 . Poh SC , Soh CS. L ung manifestations in leptospirosis.

T h orax 2 5 :7 5 1 -7 5 5 , 1970.

4 2 . R am ach an d ran S , P erera M V F . C ardiac and p u lm o n a r y in v o l v e m e n t in le p t o s p ir o s is . T ransactions R oyal S o ciety o f T ropical M edicine and H y g ie n e 7 1 :5 6 -5 9 , 1977.

4 3 . R a m o s F ilh o C F , V ie ir a W , M artin s F S V , L ep tosp irose. A rs Curandi 1 7 :1 2 9 -1 3 9 , 1984. 4 4 . R ios G on çalves A J, C apone D , Paz N A , Paulo

R V V , D ia s T B C M , L ago V C C , C arvalho L M A . L ep tosp irose. O b servações sobre as m udanças dos padrões clín ico s no Rio d e Janeiro após a grande epidem ia d e 198 8 . Quais as causas? Síndrom e d e angústia respiratória e h em op tise/s, dois fenôm enos n o v o s entre n ó s. A rquivos brasileiros d e M edicina 6 4 :3 8 9 -3 9 7 , 1990.

4 5 . R ios G on çalves A J, C unha R Q , Seabra JJ, P assoni L F C , T ak ah ash iC , S o u z a D S , C astroM A M , M atos A . L ep tosp irose. R eflex õ es sobre o espectro grave. A rquivos brasileiros d e M edicina 6 3 :4 5 3 -4 5 9 ,1989. 4 6 . R ios G on çalves A J, Façanha M C , Santos JRP, Santos JW , L im a JM C , A ndrade J. L eptospiroses: form as g r a v e s. U m a em erg ên g ia em d oen ças

infecciosas. A rquivos brasileiros de M edicina 58:320-3 2 58:320-3 , 1984.

4 7 . R ios G onçalves A J, G iordani M L L , C ardoso F L L , Sidi L C , João Filho E C , M iranda M V , Seabra JJ, Brum M C . H em op tise/s e síndrom e d e angústia resp ira tó ria a gu d a c o m o e x p r e s s õ e s c lín ic a s dom inantes no curso da lep tosp irose. A rquivos B rasileiros d e M edicina 6 4 :1 3 5 -1 3 7 , 1990. 4 8 . R ios G onçalves A J, L azera M S , Pinto A M M ,

A ndrade J. L eptospiroses: visã o das form as graves. Estudo d e 38 ca so s num a série d e 124 do H ospital Estadual São Sebastião. A rquivos brasileiros d e M edicina 5 7 :2 1 3 -2 1 6 , 1983.

4 9 . R ios G onçalves AJ, L azera M S , Pinto A M M , M elo JC P, T eixeira C R V , C osta IC , A ndrade J, Santos A R , V eras F M F , D uarte F . L ep tosp iroses - R evisão d e 9 0 pacientes internados no H ospital E stadual São Sebastião (Rio d e Janeiro) no p eríodo d eja n eiro /7 6 a d ezem b ro/77. F olha M édica 8 2 :9 3 -1 0 2 , 1981. 5 0 . R ios G onçalves A J , L ins D O , Susuki L E , D uarte F,

Ferreira M , A ndrade J. O fígado nas lep tosp iroses. Revista da Socied ad eB rasileirad eM ed icin a T ropical 5 :6 7 -9 8 , 1971.

5 1 . R ios G onçalves A J, Pinheiro P M , B oa N o v a C P, M ello K , T akiuti M T , M onteiro S M , A zev ed o F F, M achado M A T , Stavola M , Santos C C , B astos M O . M anifestações clín icas e rad iológicas pulm onares na lep tosp irose b enigna, durante surto ep id êm ico no R io d e Janeiro. A lgum as nótulas so b re a epid em ia. A rquivos B rasileiros d e M edicina 6 4 :6 9 -7 3 , 1990. 5 2 . R ios G on çalves A J, Santino F ilho F , D uarte F. D oença d e W eil. A spectos ep id em iológicos, clínicos, laboratoriais e anatom opatológicos d e 14 ca so s. B oletim do Centro d e E studos do H ospital dos Servidores do Estado 1 9 :1 4 7 -1 6 6 , 1 967.

5 3 . R ios G onçalves A J, Santino Filho F , Q uagliato Jr R, Susuki L E . Form as graves da síndrom e d e W eil. R evista da Sociedade Brasileira d e M edicina T ropical 3 :9 5 -1 0 0 , 1969.

5 4 . San Juan F , D uarte F , T reiger M , R ios G onçalves AJ. A sp ectos h istológicos e funcionais do fígado na leptospirose ícterohem orrágica. H ospital 7 4 :9 5 -11 8 , 1968

5 5 . S ilv a R M . E stu d o c lín ic o e la b o r a to r ia l da leptospirose íctero-hem orrágica (D o en ça d e W eil). T e s e d e L iv re D o c ê n c ia d e C lín ica M é d ic a , U niversidade Federal da B ahia, Salvador, 196 6 . 5 6 . S ilv e r ste in C M . P u lm on ary m a n ifesta tio n s o f

leptospirosis. R ad iology 6 1 :3 2 7 -3 3 4 , 1953. 5 7 . S itprija V , E v a n s H . T h e k id n e y in hum an

lepto spiro s is . A m erican J o urnal o f M ed icin e 4 9 :7 8 0 -7 8 9 , 19-70.

(10)

experim ental studies. K idney International 17:827-8 3 6 , 1970.

5 9 . T hiry P, A blard G , L arcan A . U n e manifestation rare d e leptospirose: la m iliaire pulm onaire. P resse M ed ica le 6 3 :7 2 9 -7 3 0 , 1955.

6 0 . V ih n T ,A d le r B , F ayn eS . G lyco lipoprotein cytotoxin from L e p to s p i r a in te r r o g a n s serovar c o p e n h a g e n i.

J ou m alofG en eral M icrobiology 1 3 2 :1 1 1 -1 2 3 ,1 9 8 6 . 6 1 . Y asuda P H , Shim izu S H , Y am ashiro E H , D e Brito

T . Experim ental leptospirosis (L. in te r r o g a n s serovar ic te r o h a e m o r r h a g ia e ) o f the guin ea-pig: leptospiral

an tigen gam m a g lo b u lin and co m p le m e n t C ? detection in the k idney. E xperim ental P athology 2 9 :3 5 -4 3 , 1986.

62. Zaltzm an M , K allem bach JM , G oss G D , L ew is M , Z w iS , G earJH S. Adult respiratory distress syndrom e in L e p to s p ir a c a n ic o la in fection . British M ed ical

Referências

Documentos relacionados

Todavia, há poucos trabalhos sobre interferência de herbicidas no crescimento da cultura; portanto, visando avaliar os efeitos de amicarbazone e diuron + paraquat, estes foram

Esta realidade exige uma abordagem baseada mais numa engenharia de segu- rança do que na regulamentação prescritiva existente para estes CUA [7], pelo que as medidas de segurança

Se você vai para o mundo da fantasia e não está consciente de que está lá, você está se alienando da realidade (fugindo da realidade), você não está no aqui e

• Os municípios provavelmente não utilizam a análise dos dados para orientar o planejamento de suas ações;. • Há grande potencialidade na análise dos micro dados do Sisvan

No Estado do Pará as seguintes potencialidades são observadas a partir do processo de descentralização da gestão florestal: i desenvolvimento da política florestal estadual; ii

No primeiro, destacam-se as percepções que as cuidadoras possuem sobre o hospital psiquiátrico e os cuidados com seus familiares durante o internamento; no segundo, evidencia-se

Contudo, não é possível imaginar que essas formas de pensar e agir, tanto a orientada à Sustentabilidade quanto a tradicional cartesiana, se fomentariam nos indivíduos

Assim, no nado crawl, a coordenação pode ser descrita a partir de três modelos: (i) modelo de oposição, quando um dos membros superiores inicia a puxada exatamente quando o