INQUÉRITO SOROLÓGICO PARA O DIAGNÓSTICO DA DOENÇA
DE CHAGAS ENTRE DOADORES DE UM BANCO DE SANGUE
DO RECIFE. *
Donald H u ggin s **, D urval T. L ucena ***, A n aeleto (le Carvalho * * * * e B enjam im
Figueiredo. *****
Os auto res, e f e tu a n d o u m in quérito sorológico baseado n a re ação de G u e rre iro -M a c h a d o p a ra o dia g n ó stic o d a doen ça de C h agas e m 136 c a n d id a to s não selecio nados a d o adore s ã o B an co d e S a n g u e do H ospital das Clínicas da
FM.U.F.Pe., Brasil, e n c o n tr a r a m seis (4,41%) com reações positivas.
A tran sfu são de sangue ou de seus d e rivados representa um valioso recurso t e rapêutico, m uito em bora diversas in fecções possam ser tran sm itid as, ta is como febre recurrente, sífilis, m alária, h ep a tite por vírus, febre tifóide, saram po, toxoplasm ose, varíola, septicem ias, brucelose, doença de C hagas etc. Em nosso m eio, assum e p arti cular im portância a doença de C hagas co m o in fecção capaz de ser tran sm issível p ela tran sfu são de sangue. Sendo en d êm ica em várias áreas do Estado, com incidência relativam en te alta, p ode-se deduzir que a doença de C hagas representa um grave problem a m édico e de Saúde Pública. Lu-cen a (25), realizando um estudo epide-m iológico, encontrou a seguin te distribui
ção da parasitose (T abela an exa)
E sta pesquisa veio dem onstrar o gran de perigo que correm os receptores de san gue em nossos h ospitais, tan to do in terior com o da C apital, p rin cip alm en te ês~ tes últim os, pois para R ecife tem afluído enorm e con tin gen te de indivíduos do in terior do E stado em busca de m elhores condições sócio-econ ôm icas e que poderão torn ar-se doadores voluntários ou p rofis sionais.
Por outro lado, sabem os que a m aioria dos B ancos de S angue não execu tam rigo rosa triagem clínica e laboratorial nos ca n didatos a doadores de sangue; na verdade, as tran sfu sões diretas represen tam peri
goso veículo para inoculação de T ry p a n o
-so m a cruzi, pois basta lem brarm os que g e
ralm ente n a s tran sfu sões in je ta m -se em m édia cêrca de 250 a 500 m l de sangue, enquanto os an im ais in oculados para fins de diagnóstico, ou m esm o triatom íneos, in fe cta m -se fa cilm en te com pequenas quan tidad es de san gue (0,05 a 1,0 m l). S ullivan
143) observou que o T r y p a n o s o m a cruzi
pode m an ter-se viável e m u ltip licar-se no sangue citratado de cobaia in fectad o exp e rim entalm en te, m esm o m antido à tem p e ratura am biente durante 257 dias. E n tre tanto, o protozoário é capaz de ser d es truído quando subm etido a elevações m ode
radas da tem peratura. Paprocki (34)
no
tou a destruição em 3 horas das form as
san guicolas do T r y p a n o s o m a cruzi
quan
do m antid as “in vitro” a 41-41,5°C; ao
contrário o T ry p a n o so m a cruzi pode supor
tar tem peraturas b aixas de 6°C durante 21 dias (30) ou de —70°C durante 8 m êses '44), e no sangue centrifugado durante 15
i * ) I n s t i t u i u d e M e d i c i n a T r o p i e a l d a F . M . U . F . P e . , R e c i f e , P e r n a m b u c o , B ra s il * ( * * i P r o f . A s s i s t e n t e d o I n s t i t u t o d e M e d i c i n a T r o p i c a l .
( * * * ) P r o f . A d j u n t o d e P a r a s i t o l o g i a d a F . M . U . F . P e .
, * * * * ) C h e f e d o B a n c o d e S a n g u e d o H o s p i t a l d a s C l í n i c a s d a F . M . U . F . P e . ( * * * * * ) A c a d ê m i c o e s t a g i á r i o d o I n s t i t u t o d e M e d i c i n a T r o p i c a l .
loe
Rev, Soc, Bras, Med. Trop.
Vol. IV
N? 2
T A B E L A
L itoral-M ata ... 1.314 exam es 192 positivos (14,6 %)
A greste ... 1.544 ” 234 ” (15,1 %)
Sertão ... 409 ” 60 ” (14,67%)
T otal ... 3.267 ” 486 ” (14,8 %>
m inutos a um a rotação de 3.000 por m i nuto. D onde con clu i-se que a in fecção ch agásica representa um perigo potencial, podendo ser tran sm itid a tan to por tra n s
fusão de
sangue
conservado à tem p eratura am biente ou a baixas tem peraturas
(—70°C), com o tam bém pela tran sfu são áo
plasm a.
A p resen te in vestigação com preende .os resultados de um inquérito sorológico e fe tuado com a reação de G uerreiro-M achado
(22) para o d iagnóstico da doença de C ha gas entre can d idatos a doadores de sangue do B anco de S angue do H ospital das C li n icas da F.M.U.F.Pe., Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
O nosso m aterial con sta de 136 in d iv í duos n ão selecionados que se apresentaram com o candidatos a doadores de san gue no H ospital das C línicas da F.M.U.F.Pe. no p e ríodo com preendido entre 13 de jun ho a 11 de novem bro de 1968. D êstes, 127 p er ten ciam ao sexo m asculino e 9 ao fem i nino; todos ap aren tem en te gozavam boa saúde durante o exam e clínico. R ealiza m os 136 reações de G uerreiro-M achado p a ra o diagnóstico da doença de C hagas se gundo a técn ica de M uniz & F reitas (28), utilizando o a n tígen o m etílico de B atista & R am os. Os soros eram geralm en te con servados em geladeira (4°C) até o m om en to do exam e, freqü en tem ente realizado cêr-ca de três a cinco dias após a colheita do m aterial.
RESULTADOS
A reação de fixação do com plem ento para o diagnóstico da doença de Chagas realizada em 136 can d idatos a doadores de san gue foi positiva em 6 (4,41% ). (Quadro ú n ico). Cinco eram do sexo m asculino e um do fem in in o e apenas um dêles com pareceu para exam e clínico, radiológico e parasitológico (xen o d ia g n ó stico ), não se encontrando n en hu m a anorm alidade, ape sar de inform ar que já residiu em área
en d êm ica n o Estado de Pernam buco (C a-ten de) e que já foi sugado por triatom í-neos.
COMENTÁRIOS
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tes e a reação de G uerreiro-M achado m os trou -se n egativa em todos com intervalo de vários m eses. P assalacqua & col. (35), efetu an d o um inquérito sorológico por in term édio da R.F.C. para o diagnóstico da doença de C hagas em 536 candidatos a doadores do B anco de S angue da S an ta Casa de M isericórdia de São Paulo, en co n traram 4,1% de reações positivas (22 doa dores).
B ian calan a & col. (8) através da R.F.C. para o diagnóstico da doença de C hagas execu tada em can d idatos a doadores, não selecionados, nos B ancos de S angue dos H ospitais São F rancisco, de R ibeirão P rê-to, B en eficên cia Portuguesa, S an ta Casa de M isericórdia de Santos, S anta Casa de
M isericórdia de São José do Rio Prêto e de Araguari, obtiveram taxas de positivi-dade de 21%, 0%, 0%, 14,9% e de 19,1% em relação a 19, 28, 66, 134 e 225 ca n d i datos, respectivam ente. A lm eida & Col. (2) obtiveram 5,4% de reações positivas em 786 can d idatos exam inados em um B a n co de S angue n ão especificado de São Paulo. R ealizando a R.F.C. em 178 can d i datos a doadores voluntários ou h abituais do B an co de Sangue do H ospital das C lí n icas da F.M.U. São Paulo, N ussenzw eig & col. (31) encontraram três reações p o sitivas (1,7%) e sete duvidosas. P ereira da S ilva & Lim a (39) realizaram um a pesqui sa entre 237 candidatos não selecionados a doadores no B anco de S angue do R e cife e encontraram 8 (3,6%) com R.F.C. p ositivas. B rofm an (9 ), estudando a in c i d ên cia da doença de C hagas no N orte do P araná, referiu que n a S anta Casa de M isericórdia de Londrina a reação de G uer reiro-M achado foi positiva em 7% dos ca n
didatos a doadores de san gue ap aren tem en te sadios. Não há, no en tanto, especificação do núm ero de indivíduos exam inados. C as tro & Uvo (11), durante quinze m eses fiz e ram o joeiram ento sorológico para a m o lé stia de C hagas nos doadores do interior e da C apital de São P aulo que procuraram o B an co de S angu e do H ospital São Luís G onzaga (Jaçan ã, São P aulo). Nos 327 d oa dores resid en tes na Capital, oito (2,4%) apresentaram reações positivas, enquanto dos 300 p roven ientes do interior do Estado, cinco (1,66%) apresentaram a reação de G uerreiro-M achado positiva. A m ato N eto (3) relata que seis casos seguram ente in fectad os pela tran sfu são de sangue. Todos os p acien tes foram exau stivam en te estu
dados tan to no que diz respeito ao qua dro clínico com o laboratorial e p arasito-lógico.
P ellegrino (38) de 1955 a 1958 teve a oportunidade de realizar a R.F.C. em 10.982 candidatos a doadores que se apresentaram a oito d iferentes B ancos de Sangue de B e lo H orizonte (S an ta Casa de M isericódia — 1.253, 11% de positividade; H ospital Vera Cruz — 1.869 candidatos, 7,8% com reações positivas; B anco de Sangue São Pedro e São Paulo — 1.721 candidatos, 5,3% de reações positivas; H ospital F elício R o xo — 3.010 candidatos, 3,9% de p ositivi dade; H ospital São Lucas — 201 can d id a tos, 6,7% com reações positivas; B anco de S angu e da Fac. M edicina — 2.723 can d i datos, 8,4% com reações positivas; H os p ital S. F rancisco — 164 candidatos, 5,7% com reações positivas e B anco de Sangue da F undação B en jam in G uim arães — 41 candidatos, 2,6% com reações p ositivas). Os resultados globais foram os seguin tes: Q U A D R O
R eação de G uerreiro-M achado entre doadores do B anco de Sangue do H ospital das C línicas da F.M.U.F.Pe.
N.° de doadores R eações positivas P ercentual
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reações positivas: 725; r. duvidosas, 208; o
p ercentual de resultados positivos foi de 6,79%.
F reitas & Siqueira (20) durante o Con gresso In tern acion al sôbre doença de C ha gas realizado n o R io de Janeiro, m ostra ram su a exp eriência a resp eito do tem a en tre doadores de sangue da Cidade de R ibeirão Prêto, tom ados sem seleção, e n contrando os segu in tes resultados; em 3.055 can d idatos a doadores do B an co de Sangue do H ospital das C línicas , 440 (14,4%) apre sen taram reações positivas e em 6.405 c a n didatos a doadores exam in ados no B anco de S an gu e do H ospital São Seb astião (S an ta C asa de M isericórdia), 640 (10,8%) t i veram reações positivas. J aten e & Jacom o (23) realizaram a reação de Guerreiro M a chado em 640 doadores n ão selecionados do B an co de S angue C entral de Uberaba, encontraram 96 positivas e que fornece o p ercentual b a sta n te elevado de 15%. M or-tep (27) foi o prim eiro a realizar um in quérito sorológico para diagnóstico da d oen ça de C hagas n a G uanabara em 647 doa dores do B anco de S angue do H ospital dos Servidores do Estado, encontrando peque
n a in cid ên cia: 0,46%. Já R odrigues da
Silva & col. (41), praticando a R.F.C. com a n tígen o de T r y p a n o s o m a cruzi pela té c n i ca q ualitativa em 435 doadores do B anco de S angu e do H ospital Escola São F ran cisco de Assis, no E stado da G uanabara, encontraram índice de positividade bem m ais elevado — 1,83% (oito reações p o siti v a s).
M ellone & col. (26) no B anco de S a n gue do H ospital das C línicas da Fac. M edi cina da U niversidade de São Paulo m e diante a R.F.C., encontraram 1,5% de p osi tividade. F erreira & col. (18) registraram em 756 candidatos a doadores do B anco de S angue do In stitu to de H em atologia “Artur Siqueira C avalcan ti” 14 reações de
G uerreiro-M achado positivas (1,83%) e
duas duvidosas (0,28% ).
A m ato N eto & col. (5) relataram m ais um caso in du bitável de tran sm issão da doença de C hagas por tran sfu são de sa n gue. Carneiro (10) publica o caso de um p acien te portador de an em ia h em olítica au to-im u n e secundária a doença de H odg-kin, no qual foram encontradas form as de
T r y p a n o s o m a cr uzi no sangue periférico após
um a das tran sfu sões a que foi subm etido. A lexandre (1) no In stitu to H em oterápico de G oiânia verificou dentre 1.474 candidatos a doadores, 162 reações de G uerreiro-M a chado positivas (11%) e O liveira & C esari-no N eto (33), em 97 candidatos a doado
res não selecionados, encontraram 25 com
re ações positivas (25,8% ). Coura & col. (12,
13) e Coura (14) efetu aram n o B anco de Sangue S an ta C atarina, in stalad o no H os p ital G raffréG u inle e no In stitu to de H e-m oterapia Artur Siqueira C avalcanti, no Estado da G uanabara, 4.595 R.F.C. para o diagnóstico da doença de C hagas pela téc n ica de Kolm er, u tilizando a n tígen o “Cru z i”. V erificaram em 58 casos a R.F.C. p osi tiva, o que corresponde a um a positividade de 1,26%. Dos 43 doadores com R.F.C. p osi tiv a estudados clín ica e laboratorialm ente, ap en as 9 apresentaram alterações clínicas e /o u ECG e radiológicas atribuíveis à para-sitose, enquanto o xen od iagnóstico foi n e
gativo em todos. Dos 24 p acien tes que re ceberam tran sfu são de san gu e de doado res com R.F.C. postiva, seis tiveram ta m bém reações positivas, um dos quais ap re sentou evidência de in fecção aguda, com febre, e sin ais de in su ficiên cia cardíaca, aum ento da área cardíaca, derram e pleural e alterações ECG <sin ais de m iocardite). G onzaga & col. (21) executando a R.F.C. para o diagnóstico da doença de C hagas no B anco de S angu e S an ta C atarina (G u a nabara) em 25.508 doadores, encontraram 135 reações positivas (0,52% ). Lim a & col. (24) efetu aram a R.F.C. para o diagnóstico da doença de C hagas em 422 doadores do B anco de S angue da Fac. M edicina da U niv. Federal do Ceará e em 808 doado res do Banco de Sangue da M aternidade Escola Assis C hateubriand, verificaram 14 reações positivas (5,2%) no prim eiro e 36 (8,6%) no segundo.
A m ato Neto & col. (7) relataram três novos casos de doença de C hagas tran sm i tida p ela tran sfu são de san gue e sa lien ta ram que êsses acidentes decorreram da não observância das m edidas preventivas básicas.
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problem a recom endam , com o m edida pro-filática, a realização da reação de G uerrei ro-M achado en tre os can d idatos a doado res de sangue. E ssa m edida, em bora de grande valor, é de ap licação d ifícil n a prática, pelas d ificu ldad es relativas à rea ção em diversas oportunidades e, por ou tro lado, um núm ero razoável de doadores teria de ser excluído. Por êsses m otivos, N ussenzw eig & col. (29) iniciaram pesqui sas exp erim en tais no sentid o de en con tra rem um a su bstân cia que adicionada ao san gu e “in vitro”, tivesse efeito trip an o-som icida, sem , no en tanto, torn á-lo im pró prio para a tran sfu são. Inúm eros agen tes quím icos foram ensaiados e os m elh ores resultados foram conseguidos com corantes tri-fen il-m etâ n ico s, em particular a viole ta de gen cian a num a con centração de . . . 1:4.000, após um tem po de con tacto com o san gu e de 24 horas. Os autores verifica ram que êste corante n ão ap resen ta a ti vidade h em olítica, nem efeitos tóxicos apre ciáveis n esta concentração. E m 46 tra n s fusões de 500 m l de san gue con ten do 0,1 g da droga, não observaram quaisquer sin ais ou sin tom as de in tolerância atribuíveis à substância. R ecom endaram que, quando n ão fôr possível realizar-se a reação de G uerreiro-M achado (22) em can d id atos a doadores suspeitos de estarem in fectad os
pelo T r y p a n o s o m a cruzi, se ja a violeta de
gen cian a adicionada ao san gu e p rofilà ti-cam ente, n a concentração de 1:4.000, d e vendo o tem po de contacto ser no m ínim o de 24 horas. Em v ista dos excelen tes r e su ltados obtidos, N ussenzw eig & col. (32) adicionaram a violeta de gen ciana n a s co n centrações de 0,25 ou 0,50 g por litro, em frascos con ten do san gue de doadores com reações de G uerreiro-M achado positivas. A tran sfu são efetu ad a em 18 p acien tes não foi capaz de tran sm itir a in fecção, após cuidadosos exam es parasitológicos e soroló-gicos. C ontribuição de apreciável valor so bre o assu nto foi relatada por A m ato N eto & M elone (4). Êstes autores praticaram em p acien te voluntário tran sfu são de sangue doado por um enfêrm o com a form a aguda da doença de C hagas, após prévia adição de violeta de gen cian a n a concentração de 0,5 g por litro e após perm an ên cia de 48 h oras em geladeira. D urante 90 dias foi o receptor in vestigad o no sentido de ser d etectad a possível transm issão da p arasi-tose. A ssim , exam es clín icos sucessivos n ão
m ostraram quaisquer queixas ou alterações e reiteradas pesquisas parasitológicas e so-rológicas foram n egativas. R ezende & col. (40) abordaram su a exp eriência com o uso rotin eiro de violeta de g en cian a n a co n cen tração de 1:4.000 em m istura com o s a n gue, com o m edida p rofilática no B an co de S angu e G eral de G oiânia para evitarem transm issão da doença de C hagas por tra n s fusão de sangue. Em 32 m eses de fu n cio n am en to do referido B an co de Sangue, foram realizadas 2.973 tran sfu sões em 774 p acientes, n ão se con statan d o reações tran sfu sion ais atribuíveis à violeta de g en cian a e os p acien tes que foram n ecropsia-dos por cau sas diversas, n ão encontraram im pregnação dos tecidos, fleb ites ou ou tras alterações ligad as d iretam en te ao co rante. Um doente durante seis m eses rece beu cêrca de 36.000 m l de sangue, em um tota l de 74 tran sfu sões. A quantidade m á xim a tran sfu n d id a de u m a só vez no m es m o p acien te foi de 4.000 m l, sem que se te n h a observado qualquer efeito colateral tóxico do corante. O único caso de tra n s m issão da d oen ça de C hagas por tra n sfu são de sangue observado naquele período foi o de um p acien te que, por solicitação do h em atologista, recebeu tran sfu são de san gu e sem adição de violeta de gen ciana.
A pesar de ser um a m edida profilática b astan te eficien te, algu n s h em oterap eu tas n ão aceitam a introdução da violeta de g en cian a em adição ao san gu e a ser tran s-fundido. Para san ar esta dificuldade, A m a to N eto & col. (6), em trabalho exp eri m en ta l realizado em cam undongos, com
cêpa altam en te virulenta de T ry p a n o so m a
cru zi, verificaram que o plasm a liofilizado
destes an im ais in jetad o em outros a n i m ais da m esm a espécies, era incapaz de tran sm itir a parasitose, ao contrário do grupo testem u n h o que recebeu p lasm a não subm etido à técn ica em questão. Julgaram os A utores que a liofilização do plasm a represen ta recurso satisfatório para p re venir a tran sm issão da doença de C ha gas em B ancos de Sangue.
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S U M M A R Y
In 136 áon ors f r o m th e B lood B a n k of t h e H o sp ita l d a s Clínicas da
F.M.U.F.Pe., Brazil, a sorologícal su rv e y w a s carried o u t base d on t h e c o m
-p l e m e n t f ix a tio n t e s t f o r th e ãiagnosis of C h a g a ’s ãisease w i t h Trypanosom a
cruzi an tigen , using q u a lita ti v e te ch niqu e (M uniz a n d Freitas, 1944). Six p o sitive
re a cticn s (4,41%) xoere fo u n d
B I B L I O G R A F I A
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