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Tensões contemporâneas entre público e privado.

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Academic year: 2017

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EN TRE PÚBLICO E PRIVADO

GILBER GILBERGILBER

GILBERGILBERTO DUPTO D UPTO D UPTO D UPTO D UPASASASASAS

Presidência do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais Grupo de Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo

gdupas@ uol.com.br

RESUMO

Este início do século coloca-nos diante de graves questões que nos impõem a necessidade de repensar as bases do tipo de sociedade que queremos. O espaço da liberdade reduz-se progressivamente a um ato de consumo e a democracia fica ameaçada pelo individualismo extremo e pela desagregação das sociedades política e civil. A pós-modernidade criou uma nova estrutura de castas – os incluídos e os excluídos –, imposta por uma visão tecnocrática e funcional sobre as orientações políticas e econômicas. Acentuou-se a fragmentação, res-surgiu o tribalismo e acelerou-se a perda do monopólio legítimo da violência pelo Estado. A aplicação das idéias neoliberais veio acompanhada de um crescimento das turbulências inter-nacionais e de uma inédita sucessão de crises econômicas e guerras localizadas. A informática tenta substituir a capacidade de julgamento humano e a nova linguagem universal é a impaci-ência e o arbítrio. O outro é transformado em inimigo. As grandes corporações apropria-ram-se do espaço público e o transformaram em espaço publicitário. As instituições políticas tradicionais estão progressivamente incapacitadas de fornecer segurança a seus cidadãos, levando à polarização social e a um ambiente de incerteza que não favorece a articulação de uma ação coletiva, fazendo esvair o espaço de igualdade dos cidadãos em torno das institui-ções públicas.

GLO BALIZAÇÃO – SISTEMAS SO CIAIS – SO CIALIZAÇÃO

ABSTRACT

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-liberal ideas was accompanied by increasing international turbulence and by a succession of economic crises and local wars as had never been seen. Information technology tries to replace human judgment and the new universal language is that of impatience and arbitrariness. The “other” is transformed into an enemy. Large corporations take possession of public space, transforming it into one of advertising. Traditional political institutions are increasingly unable to provide safety to citizens, leading, consequentially, to social polarization and to uncertain environments that do not favor the articulation of collective actions, what promotes the disappearance of the egalitarian space for citizens around public institutions.

GLO BALIZATIO N – SO CIAL SYSTEMS – SO CIALIZATIO N

O início do sé culo XXI co lo ca-no s diante de e no rm e s te nsõ e s. Um m al-e star gal-e ral al-e um a co rro siva dal-e sal-e spal-e rança al-e xistal-e ncial al-e spalham -sal-e pal-e lo m undo glo bal e im põ e m a ne ce ssidade de re pe nsar e re ne go ciar as base s fundam e n-tais do tipo de so cie dade que que re m o s.

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gran-de s re lato s e o surgim e nto gran-de um a so cie dagran-de ato m izada e gran-de um a no va classe dirige nte , co m clara visão te cno crática e funcio nal so bre as o rie ntaçõ e s po líti-cas e e co nô m ilíti-cas. A te ndê ncia atual ao o ligo pó lio so bre a pro dução de be ns culturais induz a um a re ce pção passiva de se us co nsum ido re s, não se arriscando o s pro duto re s de cultura ao te rre no da ino vação , m as trafe gando nas águas tranqüilas e té pidas do s be st-se lle rs. Transfo rm ada e m m e rcado ria, a cultura co nfunde -se co m a publicidade .

A co nso lidação da he ge m o nia capitalista do Pó s- G ue rra Fria de finiu cla-ram e nte o to m he ge m ô nico co nte m po râne o . A m o bilidade do capital e a e m e r-gê ncia de um m e rcado glo bal criaram um a no va e lite que co ntro la o s fluxo s do capital finance iro e das info rm açõ e s, atuando pre do m inante m e nte e m re de s e cluste rs e re duzindo pro gre ssivam e nte se us vínculo s co m as co m unidade s de o rige m . C o m o co nse qüê ncia, e nquanto o m e rcado inte rnacio nal unifico u-se , a auto ridade e statal e nfraque ce u-se . C o m isso , ace ntuo u-se a fragm e ntação , re ssurgiu o tribalism o e ace le ro u-se a pe rda do m o no pó lio le gítim o da vio lê n-cia pe lo Estado , que ago ra co m pe te co m grupo s arm ado s e co m o crim e o r-ganizado e m vário s lugare s do glo bo .

N ão o bstante , o discurso he ge mô nico ne o libe ral do Pó s-Gue rra Fria, que garantia ao s grande s paíse s da pe rife ria um a no va e ra de pro spe ridade pe las po líticas de “abrir, privatizar e e stabilizar ” – re ce ituário batizado na Am é rica La-tina de “co nse nso de Washingto n” – m o stro u-se ine ficaz. O s re sultado s fo ram , e m ge ral, de ce pcio nante s e tê m e xigido o rçam e nto s público s m uito ape rtado s, justam e nte no m o m e nto e m que o s e fe ito s so ciais pe rve rso s da privatização apare ce m co m to da fo rça, re duzindo ainda m ais a le gitim idade do s go ve rno s e das classe s po líticas.

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A ansie dade tam bé m e stá pre se nte diante das transfo rm açõ e s no m un-do un-do trabalho , a situação pre cária de e m pre go , a “fle xibilização ” e as co ns-tante s m o dificaçõ e s do s re quisito s e capacitaçõ e s para a e m pre gabilidade . Junto co m a ince rte za, tê m cre scido o m e do e a into le rância. O o utro transfo rm a-se no po te ncial inim igo que no s po de faze r m al, re ssurgindo vio le ntas as raíze s da into le rância – inclusive a re ligio sa –, ace ntuada de sde o s ate ntado s te rro ris-tas ao s Estado s Unido s e sua re ação co m o po tê ncia he ge m ô nica co m um a no va po lítica de se gurança glo bal.

A auto -e xaltação de sm e surada da individualidade , e m um m undo que fo i transfo rm ado pe la m ídia e m e spe táculo , im plico u cre sce nte vo latilização da so lidarie dade . O de se m pe nho individual passo u a co nstituir o único crité rio de suce sso , re stando para as subje tividade s o s pe que no s pacto s e m to rno da po s-sibilidade de e xtração do praze r atravé s do o utro , o que co nstitui um ce nário ide al para a e xplo são da vio lê ncia. O no vo m o do de re gulação so cial passo u a se r a pro dução de info rm ação e não de significado s co m uns co m partilhado s co m a so cie dade . O re sultado disso é a te ndê ncia de m anipular o s ato re s so -ciais pe la m o bilização im e diata co m pro je to s e palavras de o rde m e não pe la argum e ntação o u justificação .

A cre sce nte influê ncia das ló gicas o rganizacio nais faz co m que o pro ce s-so sim bó lico de ixe de se r re fe rê ncia ce ntral, dando lugar ao e co no m icism o e ao te cno cratism o. A crise da civilidade e a inte nsificação do narcisism o le vam , assim , a um a e m ancipação do indivíduo de to do e nquadram e nto no rm ativo , ave rsão à e sfe ra pública e sua co nse qüe nte de gradação . A libe rdade passa a se r pe rce bida co m o po ssíve l unicam e nte na e sfe ra privada e ge ra a pro gre ssiva privatização da cidadania. Ago ra, num m undo to talm e nte e struturado e m re -de s (ne tw o rks) pe las te cno lo gias da info rm ação , a vida so cial co nte m po râne a ve m a se r co m po sta po r um a infinidade de e nco ntro s e co ne xõ e s te m po rário s. O “pro je to ” é a o casião única e o pre te xto da co ne xão ; o s indivíduo s que não tê m pro je to s e não e xplo ram as co ne xõ e s da re de e stão am e açado s de e xclu-são pe rm ane nte , já que a m e táfo ra da re de to rna-se pro gre ssivam e nte a no va re pre se ntação da so cie dade .

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pas-so s e rastro s são classificado s po r cate go rias re lacio nadas a co nce ito s de risco o u o po rtunidade ; o s có digo s adm ite m o u e xclue m , co nfe re m cré dito o u de -sacre ditam , classificam e discrim inam co nstruindo pe rfis de risco ; e o s o lho s e le trô nico s e stão e m to da parte , se m auto rização – e m uitas ve ze s se m a pe r-ce pção – do cidadão co ntro lado . N um a ve rsão atual sim ultâne a do Big bro the r de O rw e ll e do Pano ptico n de Be ntham , po de r e co nhe cim e nto re alim e ntam -se e m um pro ce sso circular. A “máquina de visão ” de ixo u de -se r um instrume nto m ilitar e passo u a se r um a te cno lo gia civil banal; e o “grande o lho ” se to rna um a arm a do de se jo , insaciáve l po r m ais info rm ação .

N a so cie dade co nte m po râne a e m que re inam as te cno lo gias da info r-m ação , a info rr-m ática te nta substituir a capacidade de julgar-m e nto hur-m ano . D i-fe re nte m e nte das linguage ns naturais, m e diaçõ e s culturais da hum anidade atra-vé s da sua histó ria, e ssa no va linguage m unive rsal não é o pro duto de um a e xpe riê ncia do m undo que fo i co lo cada à dispo sição de to do s atravé s do te m -po ; é a linguage m da im paciê ncia im e diata e do arbitrário se m lim ite s, do im a-ginário te cno ló gico e xpre sso no “po de r de faze r ” e na urgê ncia pe rm ane nte do “tudo é po ssíve l”. A que stão do s valo re s, no e ntanto , pe rm ane ce no co ra-ção do pro ble m a de so bre vivê ncia da hum anidade no m undo . Essa que stão vital, que não é o pe racio nal, e xige a supe ração de um a visão ativista de ge s-tão , que tro ca o “se r ” pe lo “faze r ”.

N a te o ria po lítica clássica, inco rpo rada ao inco nscie nte co le tivo das so -cie dade s, o e spaço público e ra e quivale nte ao e spaço da libe rdade do s cida-dão s, no qual e ste s e xe rciam sua capacidade de participação crítica na ge stão do s assunto s co m uns, so b o princípio da de libe ração ; um e spaço que se o pu-nha, po rtanto , ao e spaço privado re gido pe la do m inação do po de r. H o je , as co rpo raçõ e s apro priaram -se do e spaço público e o transfo rm aram e m e spaço publicitário ; o s cidadão s que o fre qüe ntam não o faze m m ais na qualidade de cidadão s, m as co m o co nsum ido re s de info rm ação . G rande s ave nidas de no s-sas m e tró po le s, e bo a parte de suas ruas, transfo rm aram -se e m um im e nso e spaço de o utdo o rs e placas de anúncio s o u lo go m arcas.

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-dade civil e po lítica, e m e sm o a vida privada, acabaram po r se r inte rnalizado s no siste m a co rpo rativo , que te nde a substituir a pró pria so cie dade e suas fo r-m as de re gulação . O de se nvo lvir-m e nto de ur-m a e xtrao rdinária co r-m pe tê ncia do “agir té cnico ” acabo u co rre spo nde ndo ao cre scim e nto parale lo de no ssa im -po tê ncia e m re so lve r -po liticam e nte o s pro ble m as co le tivo s da hum anidade , tais co m o a de sigualdade , a m isé ria e a de gradação do m e io am bie nte .

As no vas co m pe tê ncias de participação po lítica re de fine m -se co m o um tipo de so lidarie dade ide ntificada ao s inte re sse s de o rganizaçõ e s particulare s, co m o o ato de pe rte nce r a um a o rganização não go ve rnam e ntal – O N G – o u asso ciação . Esse s grupo s de inte re sse não se dirige m m ais à so cie dade co m o um to do , m as a dive rsas instâncias de de cisão e spe cializadas; e acabam se m -pre le vando a de mandas de inte rve nção te cno buro cráticas. O s no vo s mo vime n-to s so ciais – e suas re ivindicaçõ e s – são ce ntrado s e m um a pro ble m ática de ide ntidade e afirm ação , na busca de re co nhe cim e nto da sua dife re nça e auto -no m ia. O m e io -no qual e le s e vo lue m não é m ais o e spaço público po lítico e institucio nal, m as aque le fo rm ado po r o rganizaçõ e s e spe cializadas co m e stra-té gias autô no m as. N e nhum de sse s m o vim e nto s te m co m o o bje tivo e labo rar um a no va co nce pção de so cie dade , de e xistê ncia co le tiva das suas finalidade s e lim ite s. C o m isso , o s e spaço s so ciais co nve rte m -se e m auto -e xibição infini-tam e nte m ó ve l de pro duçõ e s m idiáticas, co m unicacio nais e publicitárias que se transfo rm am na pró pria re alidade so cial, co nfundindo -se co m e la.

As ciê ncias hum anas e so ciais re co nve rte m -se , e m grande m e dida, na ge stão do so cial, abando nando o inte nto de um a co m pre e nsão glo bal da so ci-e dadci-e ci-e da histó ria ci-e m favo r da rci-e alização dci-e pci-e squisas circunscritas ci-e fo calizadas. Entre as te nsõ e s co nte m po râne as, surge a ilusão de que se po ssa pre -te nde r co ntro lar tudo : um pro ce sso físico , um co m po rtam e nto bio ló gico , um a ação so cial. A info rm ática transfo rm a-se e m instrum e nto e te ste m unha da pas-sage m de um a so cie dade industrial de pro dução para um a so cie dade de co n-tro le dire to das o pe raçõ e s e das açõ e s pe la info rm ação , o be de ce ndo ao prin-cípio da e ficiê ncia. N o e ntanto , fica se m re spo sta a que stão fundam e ntal: se rá po ssíve l, a partir de ago ra, re co nstruir um a e xpe riê ncia do m undo e de se nti-do que não se ja ape nas m e diada pe la te la nti-do co m putanti-do r?

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supo rte te cno ló gico so bre o qual se o rganizo u a cham ada Era da Info rm ação ve io ao e nco ntro das e xigê ncias da e co no m ia e m busca de fle xibilidade e do s ind ivíd uo s ansio so s p o r co m unicação ab e rta. Trata-se d e um a te cno lo gia m ale áve l, alte ráve l pro fundam e nte pe la prática so cial.

Transfo rm ando -se rapidam e nte e m instrum e nto vital para a pro dução , a se gurança e a co m unicação m undiais, a Inte rne t e stá ho je no fulcro do s inte -re sse s e co nô m ico s e psico sso ciais; isso a co lo ca cada ve z m ais e xpo sta ao s lo bbie s de pro ve do re s, grupo s inte rnacio nais de m ídias, grande s co rpo raçõ e s e go ve rno s, cada ve z m ais ate nto s e inco m o dado s co m a pre te nsa auto no m ia de sse ve ículo , ainda fo ra de co ntro le , que abre e spaço s inusitado s a pe sso as e idé ias. N e ssa so cie dade e m re de , no e ntanto , o s grande s te nde m a do m inar o s no vo s co ntrato s e criam as re gras para a inse rção do s pe que no s no m undo da inte rco ne xão . A no va fo rm a de e xclusão significa re cusar-se a ace itá-las.

H á algum a po ssibilidade de um a fe rram e nta co m e ssa im po rtância e s-traté gica e o pe racio nal vir a favo re ce r um grande pro ce sso de inclusão so cial do s se gm e nto s da so cie dade cada ve z m ais m arginalizado s pe lo pro ce sso de glo balização da pro dução ? O u e la transfo rm ar-se -á rapidam e nte e m m ais um a fo rça de aparthe id, um a e spé cie de “fo sso digital”, ago ra te ndo co m o re fe rê n-cia a qualidade de inse rção do s indivíduo s e do s paíse s na re de ? Essa que stão ce ntral fo i te m a de análise e de save nça pro funda no re ce nte Enco ntro Mundi-al so bre a So cie dade da Info rm ação , e m G e ne bra. O re sultado não fo i nada anim ado r, co lo cando m ais um a ve z e m lado s o po sto s rico s e po bre s e ge ran-do um a dissidê ncia e ncabe çada po r Brasil, C hina, Índia e África ran-do Sul, que pre ssio naram para que o co ntro le da inte rne t saia das m ão s de um a e ntidade privada no rte -am e ricana e passe para um grupo inte rgo ve rnam e ntal se diado na O rganização das N açõ e s U nidas – O N U .

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de fo rm a re gular – algum a fo rm a de vigilância. Ao m e sm o te m po , quase to do s o s w e bsite s co le tam dado s pe sso ais de se us usuário s e o s pro ce ssam de aco r-do co m inte re sse s co m e rciais o u particulare s. Em pre sas de cartão de cré dito e go ve rno s, ide m . C o m e ssa te ndê ncia o rw e lliana de vigilância, não have rá ne nhum canto e m que po ssam o s pro te ge r no ssa privacidade . Para co ntro lar alguns crim ino so s e so ne gado re s, invade -se a intim idade de to do s. G o ve rno s se nte m -se e m ple no dire ito de de sco nfiar de se us cidadão s. Mas o s cidadão s não tê m bo as razõ e s para de sco nfiar de se us go ve rno s?

Miche l Maille (2004) le m bra que , te o ricam e nte , aquilo que o e spaço público não po de m ais faze r, o e spaço da co m unicação e m re de re alizao . N e -nhum lim ite te rrito rial lhe po de se r im po sto ; de ce rta fo rm a o cidadão e ncai-xa-se e m um a dim e nsão glo bal. O que Ro usse au (apud Maille , 2004) não pô de co lo car e m prática – re unir para um de bate to do s o s cidadão s – a te cno lo gia atual pe rm itiria re alizar. Essa te cno lo gia, no e ntanto , abo le tam bé m o te m po ; tudo ago ra se dá instantane am e nte e po de se r im e diatam e nte “discutido ” o u vo tado . O e spaço para a re fle xão e o am adure cim e nto de sapare ce ; o s ritm o s pro ce ssuais são suprim ido s. A visão o tim ista e unive rsalista do “to do s e m re de ” pre cisa tam bé m se r fo rte m e nte nuançada. O ace sso a e ssa re de e ao co m pu-tado r no s paíse s rico s faz parte do s e quipam e nto s do m é stico s co rrique iro s, m as nas pe rife rias as fro nte iras so ciais ainda são de te rm inante s. O que no s re m e te à que stão de co m o a de m o cracia po de se r aprim o rada co m o cidadão virtual, para alé m da ó bvia vantage m da so cialização da ação das O N G s e do s m o vi-m e nto s fo rvi-m ado re s da co ntra-o pinião .

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do s po nto s de vistas individuais. É im po rtante le m brar o s lo ngo s pe río do s de de bate s e re fle xõ e s que o co rre ram na Suíça e ntre o s ple biscito s que de libe ra-ram so bre o uso da e ne rgia nucle ar na ge ração de e le tricidade . N o e ntanto , as no vas te cno lo gias iso lam e re fo rçam a dispe rsão da de cisão que cada um po de rá to m ar na intim idade da sua “m e sa de co m putado r ”. O ce rim o nial da de m o cracia e xige o de slo cam e nto para o e spaço público , para o “fo ra de casa”, am bie nte ide al para co nstruir um a de cisão co le tiva que e xige o utras ló gicas. D e slo car-se e xige um e sfo rço que dá le gitim idade ao ato de vo tar, abrindo um e spaço para a re fle xão que so cializa o ato . As m anipulaçõ e s m idiáticas e as in-fo rm açõ e s de últim o m inuto difíce is de ve rificar e starão m uito m ais pre se nte s e pe rturbando a to m ada de de cisão . O libe ralism o abso luto de um a re de na qual tudo po de se r dito e e xpo sto , se gundo Maille ,

...fará co m que a are na de m o crática pare ça um livre galinhe iro o nde ro ndam

rapo sas livre s. Sabe se que , ne ssa hipó te se , são o s e lo s fráge is que se que

-bram , o u se ja, o s cidadão s m e no s adve rtido s o u o s m ais co nfiante s. N ão se

po de e sque ce r que a ausê ncia de re gulação de um a re de co m o a Inte rne t pe

r-m ite , e r-m no r-m e da libe rdade de circulação de idé ias, r-m anipular de r-m ane ira

fo rte a info rm ação , de snaturando -a. (2004, p.23-24)

Essa adve rtê ncia te m sido , aliás, fe ita co m fre qüê ncia na Asse m blé ia do C o nse lho da Euro pa.

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REFERÊN CIAS BIBLIO GRÁFICAS

DUPAS, G. Atores e poderes na nova ordem global. São Paulo: Paz e Terra. (no prelo)

. Economia global e exclusão social: pobreza, emprego, estado e o futuro do capitalismo. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001. [ed. rev. e ampl.].

. Ética e poder na sociedade da informação. 2.ed. São Paulo: Unesp, 2001 [ed. rev. e ampl.].

. Hegemonia, estado e governabilidade: perplexidades e alternativas no cen-tro e na periferia. São Paulo: Senac, 2002.

. Tensões contemporâneas entre o público e o privado. São Paulo: Paz e Terra. 2003.

MAILLE, M. O Cidadão virtual. Cadernos Adenauer, v.4, n.6, p.13-29, 2004.

O RGAN IZAÇÃO DAS N AÇÕ ES UN IDAS. Encontro Mundial sobre a Sociedade da Infor-mação. Genebra, 10 e 12 dez.2003.

Recebido em: outubro 2004

Referências

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