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Educação e desigualdade de rendimentos no Brasil

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Academic year: 2017

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(1)

Fundação

Getulio

Vargas

RJ

EPGE

Escola

de

Pós

Graduação

em

Economia

Dissertação

de

Mestrado

Educação

e Desigualdade

de

Rendimentos

no

Brasil

Y%1

V

^

Orientador:

Lauro

R.

A.

Ramos

Autora:

Maria

Lucia

França

Pontes

Vieira

(2)

índice

Páginas

I - Introdução 1

II - Evolução da Escolaridade no Brasil entre os anos 1970 e 1991

II. 1 - Introdução 2

II.2 - Evolução da Distribuição por Grupos Etários 10

II. 3 - Evolução

da Distribuição

por

Área

14

11.4 - Evolução da Distribuição por Região 17

II. 5 - Evolução da Distribuição por Setor de Atividade 20

II. 6 - Evolução da Distribuição por Posição na Ocupação 23

II. 7 - Conclusões Preliminares 25

m - Desigualdade de Renda no Brasil

III. 1 - Introdução 28

III. 2 - Universo de Análise 31

III.3-Metodologia 33

III.4 - Conceitos Teóricos 33

III. 5 - Desigualdade de Renda 37

III. 6 - Nível de Bem-estar 40

III. 7 - Conclusões Preliminares 43

IV - Educação e Desigualdade de Rendimentos

IV. 1 - Introdução 44

IV. 2 - Revisão Bibliográfica 46

IV. 3 - Relação entre Educação e Desigualdade de Rendimentos 47

IV.4 - Estatísticas 48

IV.5

- índices

Sintéticos

50

IV. 6 - Análise de Decomposição 55

IV. 7 - Conclusões Preliminares 59

(3)

V - Processo de Formação de Salários

V. 1 - Introdução 60

V.2-Objetivo 61

V.3 - Metodologia 63

V.4 - Resultados 64

V.4.1 -Modelo 1 64

V.4.2-Modelo 2 66

V.4.3 - Modelo 3 69

V.4.4- Modelo 4 71

VI - Resumo e Conclusão 74

Anexo I 77

Anexo II 78

Anexo HI 79

(4)

I - Introdução

A questão da distribuição de renda tem sido um tema de intenso debate no Brasil nos

últimos

anos,

trabalhos

recentes1

apontam

o Brasil

como

o País

com

uma

das

piores

distribuições

de

renda

do

mundo

equiparando-se

a África

do

Sul

e a outros

países

da

América

Latina.

Este debate acerca da distribuição de renda deve-se, principalmente, à discussão dos

determinantes da desigualdade de renda. Acredita-se que a renda do trabalho (salário,

pró-labore e rendimentos dos trabalhadores por conta própria) é uma variável fundamental na

determinação da desigualdade de renda, pois grande parte da renda global da economia é

constituída pelos rendimentos dos trabalhadores. Os rendimentos do trabalho, por sua vez, estão

direta ou indiretamente relacionados com outras variáveis, entre elas a escolaridade dos

trabalhadores. Dentre os elementos que determinam a renda do trabalho a educação é,

indiscutivelmente, tida como principal fator de explicação para os diferenciais observados no

mercado de trabalho. Esta variável tende a ser mais importante na explicação da desigualdade

salarial para países subdesenvolvidos do que para os desenvolvidos devido a má distribuição

desta educação na força de trabalho e a forte inclinação dos perfis de renda (Lam e Levison

-1987).

A relação existente entre a distribuição dos anos de escolaridade e a distribuição de renda

tem sido um dos temas centrais da literatura sobre desigualdade de renda, dirigindo particular

atenção

à questão

de como

o nível

de escolaridade

afeta

a desigualdade

de rendimentos.

É de se

esperar que mudanças na distribuição de escolaridade acarretem importantes implicações para a

(5)

Nestes termos, este trabalho tem o objetivo precípuo de investigar qual o papel da

escolaridade na distribuição de rendimentos do trabalho e por conseguinte na desigualdade total

de renda. Para isso, analisaremos como foi o comportamento da escolaridade nestas duas

últimas décadas, em seguida calcularemos os índices de desigualdade de renda e de

escolaridade, o quanto a escolaridade explica a desigualdade total e, por fim, a natureza da

relação entre educação e salários.

Essa relação é expressa por um indicador que mede o perfil de salários, perfil este que,

por sua vez, resulta da confrontação, no mercado, dos perfis da oferta e da demanda de

mão-de-obra. Enquanto as modificações deste são dadas pelas transformações dos processos produtivos,

as alterações da oferta são dadas pelas mudanças do perfil da escolaridade. Assim, para qualquer

tentativa de elaboração de políticas que visem uma melhor distribuição de renda devemos ter em

mente qual o papel da educação na determinação dos rendimentos dos trabalhadores brasileiros.

No próximo capítulo estaremos fazendo uma análise descritiva da evolução da

escolaridade ao longo das duas últimas décadas. Usaremos os dados dos Censos de 1970, 1980

e 1991 para fazer uma análise das mudanças na distribuição da escolaridade ocorridas neste

período no Brasil. Os resultados estarão sendo apresentados desagregados por gênero, grupos

etários, áreas de residência, região, setor de atividade, e posição na ocupação como forma de

observar diferenças de comportamento dentro destas categorias objetivando detectar em que

medida houve melhora na distribuição educacional ao longo das duas décadas passadas.

No capítulo seguinte, o terceiro capítulo, analisaremos a desigualdade de renda no Brasil

no início da década de 90. Após fazer uma breve revisão da literatura, pertinente ao assunto, de

trabalhos elaborados sobre as décadas anteriores, iremos ilustrar (através dos dados das PNADs

de 1992 a 1996) o que houve com a distribuição de renda. Usaremos o conceito de curva de

(6)

Lorenz, índice de Gini e índice T de Theil para determinar se houve melhora ou piora da

distribuição de rendimentos da população em questão. Utilizaremos também alguns critérios de

bem-estar que serão apresentados no texto, para estabelecer se houve piora ou melhora do

bem-estar da população.

No quarto capítulo estaremos estabelecendo os determinantes da desigualdade salarial,

visto que estamos interessados em pesquisar quais são as variáveis que mais influenciam na

determinação da desigualdade salarial e consequentemente na desigualdade de renda. Ou mais

precisamente, estamos buscando evidências que corroborem a afirmativa de que a educação é a

variável que mais influencia na determinação dos salários.

No quinto capítulo estaremos interessados em analisar a natureza da relação entre

educação e salários e comprovar ou não a existência de possíveis não-linearidades ou

convexidade nos retornos à educação, o que acentuaria ainda mais os diferenciais de salários dos

trabalhadores.

Por fim, no último capítulo apresentamos um resumo das principais conclusões obtidas

(7)

II - Evolução

da Escolaridade

no Brasil

entre

os anos

1970

e 19912

n.l - Introdução

No extenso debate sobre desigualdade de renda no Brasil, o papel da educação tem sido

enfatizado freqüentemente como a variável de maior importância para sua explicação.

Enquanto isso, o sistema educacional do Brasil tem sido severamente criticado por produzir

simultaneamente baixos níveis e desigual distribuição de escolaridade, que contribuiriam para

esta desigualdade de renda. Com base nestas informações, torna-se necessário em um momento

inicial realizarmos um estudo que busque analisar as mudanças na distribuição da escolaridade

ocorridas nas últimas duas décadas no Brasil, para então, em um momento seguinte, analisarmos

de que forma estas mudanças ocorridas contribuíram para modificar o nível da desigualdade de

rendimentos da população. Esta seção é destinada a estudar e descrever o comportamento da

escolaridade da população brasileira durante o período que compreende os anos de 1970 a 1991.

A partir dos dados coletados através dos Censos Demográficos realizados nos anos de

1970, 1980 e 1991, foram feitas tabulações do número de anos de estudo para pessoas 15 anos

de idade ou mais (população em idade ativa - PIA), com o objetivo de captar mudanças

referentes ao perfil educacional deste grupo populacional.

O número de anos de estudo completos de cada indivíduo pode ser obtido através de

algoritmos

especiais,

sendo

que

estes

anos

de estudo

foram

categorizados

da seguinte

forma3:

- sem instrução - 0 ano de estudo

- Ia fase

do

Io grau

incompleto

-1

a 3 anos

de

estudo

- Ia fase

do

Io grau

completo

- 4 anos

de

estudo

- 2a fase

do

Io grau

incompleto

- 5 a 7 anos

de

estudo

- 2a fase do Io grau completo - 8 anos de estudo

- 2o grau - 9 a 11 anos de estudo

- superior - mais de 11 anos de estudo

2Os dados utilizados neste capítulo foram obtidos através dos Censos de 1970, 1980 e 1991. Não há disponível

nenhum outro Censo que permita realizar estes exercícios para anos mais recentes como é feito nos capítulos

posteriores, nos quais usamos uma base de dados mais recente, porque usamos os dados das PNADs de 1992, 1993,

(8)

Para

as

análises,

os

dados

primários

foram

agregados

por

grupos

etários,

por

setores

de

atividade,

por

área,

por

região

e por

posição

na ocupação.

Dentro de

cada

um

destes

cortes

foram

feitas

ainda

agregações

por

gênero,

a fim

de

investigar

a possível

existência

de

diferenças

comportamentais

entre

homens

e mulheres.

A opção por trabalhar com uma população com idade mínima de 15 anos se justifica

pelo

seguinte

fato:

se fizéssemos

o corte

numa

faixa

etária

mais

baixa

estaríamos

considerando

um

substancial

número

de

pessoas

no

cálculo

da

média

de

escolaridade

que

ainda

estão

no

processo

de

aquisição

de

escolaridade,

o

que

enviesaria

para

baixo

as

estimativas

de

escolaridade média; por outro lado, se o corte fosse numa faixa etária mais elevada, estaríamos

eliminando um contingente de pessoas com educação já definida também alto, e, neste caso, o

viés

da

estimativa

seria

para

cima.

A escolha

de

15

anos

como

limite inferior

se justifica,

nestes

termos, como uma tentativa de obter uma solução de compromisso para estas duas implicações

de sentidos opostos, além de corresponder ao limite oficialmente utilizado para caracterizar a

PIA.

Os dados apresentados na Tabela II. 1 nos mostram uma realidade preocupante, haja vista

os

baixos

níveis

médios

de

escolaridade.

Mas,

ao

mesmo

tempo,

eles

nos

revelam

que

este

quadro vem melhorando gradativamente ao longo dos anos. Os progressos alcançados na área

educacional

ao

longo

das

últimas

duas

décadas

são

inegáveis.

Conforme

pode

ser visto

na

Tabela

1 abaixo,

o número

de

pessoas

sem

instrução

diminuiu

9 pontos

percentuais

no

período

de 1970 a 1980, e 8,5 no período seguinte, 1980 a 1991, o que representa uma redução

significativa,

em

termos

relativos,

do

nível

de

analfabetismo4.

Apesar

de

ainda

1/5

da

3 A 1" e 2a fase

do primeiro

grau

correspondem

aos

antigos

primário

e ginásio.

4 Queremos

ressalvar

aqui

que

"0 anos de

estudo"

e "analfabetismo"

estão

altamente

correlacionados,

mas

não

são

equivalentes. Ter "0 anos de estudo" significa que o máximo de educação que o indivíduo obteve foi inferior a um

ano, logo poderia haver pessoas com "0 anos de estudo" que não são necessariamente analfabetas. Por outro lado, é

também possível que pessoas que tenham completado algum ano de estudo sejam, na prática, analfabetas

(9)

população estar entre aqueles sem instrução, esta queda em relação às décadas anteriores

representa um importante avanço no objetivo de diminuir cada vez mais a taxa de analfabetismo

no Brasil. Os analfabetos continuam, entretanto, a representar o grupo que concentra o maior

contigente de pessoas, seguido pelo grupo de pessoas com 1 a 3 anos de estudo (17,7%), que

também

é um

nível

educacional

baixo,

pois

apresenta

um

grupo

que

ainda

sequer

completou

a Ia

fase do Io grau. Agregando estes dois grupos temos que quase 40% da população têm menos de

4 anos de estudo e, se juntarmos ainda as pessoas com 4 anos completos de escolaridade,

chegamos

ao

resultado

nada

reconfortante

de

que

a fração

de

pessoas

com

educação além

da

Ia

fase do primeiro grau completo é inferior à metade da PIA.

O percentual de pessoas com 4 anos completos de estudo também diminuiu, enquanto a

fração de pessoas com educação acima de 4 anos de estudo completos aumentou. A categoria

que mais aumentou em termos percentuais durante o período foi a das pessoas que tinham 12 ou

mais anos de estudo: em 1970, 1,7% das pessoas estavam cursando o nível superior; em 1980

esta cifra mais do dobrou, atingindo 4,4%; e em 1991 aumentou ainda mais, passando para

6,2%. O aumento percentual durante estas duas últimas décadas foi de aproximadamente 265%,

contudo se observarmos somente a última década, entre 1980 e 1991, o grupo educacional que

mais aumentou foi o 2o grau: houve um aumento bastante significativo, de 59,55%, do

(10)

Tabela II. 1 - Distribuição de Escolaridade (%)

Anos de Estudo

0 ano 1 a 3 anos 4 anos

5 a 7 anos

8 anos

9 a 11 anos

12 anos ou mais

Média

Coef. Var.

1970

37,6

26,6

14,2

12,1

3,1

4,7

1,7

2,8

1,16

1980

28,6

20,5

17,7

13,6

6,2

8,9

4,4

4,0

0,98

1991

20,1

17,7

17,2

15,7

8,4

14,2

6,2

5,1

0,84

Fonte: Elaboração própria a partir dos Censos de 1970,1980 e 1991

A média do número de anos de estudo teve um acréscimo de cerca de 1 ano entre 1980 e

1991, passando de 4,02 para 5,07 anos de estudo para toda a população em questão. Este

aumento, conjuntamente com a redução do número de pessoas sem instrução, indicam uma

melhora no nível educacional da PIA (ao menos em quantidade de anos de escolaridade, não

estamos fazendo inferências aqui a respeito da qualidade da educação). A queda do coeficiente

de variação no período indica a queda da desigualdade de educação, sendo que sua redução é

proveniente de um aumento da média educacional apesar de pequenos aumentos da dispersão

em torno da média (desvio padrão).

Os anos de estudo foram agrupados de maneira distinta, de forma que, estes novos

grupos compreendessem o último ano de cada grau, mesmo sem ter concluído este respectivo

grau, ou seja, agregamos os grupos de 1 a 3 anos com o grupo 4 anos, formando o grupo 1 a 4

anos, e assim sucessivamente. Conforme podemos observar pelo Gráfico II. 1, houve um

deslocamento para a direita da distribuição de escolaridade entre os anos de 1970 e 1991,

(11)

Gráfico II. 1

Distribuição de Escolaridade

a4 5a8 9a11 12 +

Grupos de Estudo 01970 D1991

Quando desagregamos os dados por gênero (Tabela II. 2), percebemos que as mulheres,

não só tiveram um aumento relativo do número médio de anos de estudo superior ao observado

para os homens, como também os ultrapassaram em termos absolutos. Em 1970, existia um

diferencial de escolaridade de 0,24 anos de estudo a favor dos homens, o equivalente a 8,3% da

sua escolaridade média; em 1980 essa diferença havia baixado para 0,10 anos, o que

corresponde a 2,5% da escolaridade média masculina naquele ano; já em 1991 as mulheres

passaram a ter a média superior à dos homens (5,05 para homens e 5,13 para as mulheres) e o

diferencial de escolaridade, agora a favor das mulheres, passou a ser 0,08, ou 1,6% da

(12)

Podemos notar também pela Tabela II.2 que a proporção de analfabetos diminuiu para

ambos os sexos, sendo que a redução para as mulheres foi maior: entre 1991 e 1970 a proporção

de mulheres analfabetas diminuiu 48,9% e os homens analfabetos 43%.

n.2 - Evolução da Distribuição por Grupos Etários

A partir da Tabela II.3 e dos Gráficos II.2 e n.3, que contêm os dados referentes à

distribuição de escolaridade por grupos etários para os anos em questão, podemos verificar que

a média de anos de estudo aumentou para todos os grupos etários, padrão este que é observado

tanto para homens quanto para as mulheres.

Nos grupos etários mais jovens as mulheres têm um número médio de anos de estudo

superior ao dos homens: em 1980, esta dominância vai até aos 29 anos de idade; em 1991, se

prolonga até os 39 anos. Este fato parece ser uma tendência, tendo em vista que, em 1970,

apenas na primeira faixa etária as mulheres tinham uma média de anos de estudo maior que a

dos homens. Podemos deduzir que, a menos que ocorra alguma mudança estrutural, no futuro

as mulheres terão um nível educacional superior ao dos homens em todas as faixas etárias.

Tabela II.3 - Média da Escolaridade por Faixa Etária e Gênero

Faixa Etária 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65+ 1970 Homens 3,20 3,40 3,20 3,00 2,90 2,70 2,50 2,30 2,20 2,10 1,90 Mulheres 3,30 3,40 3,00 2,70 2,40 2,30 2,10 1,80 1,80 1,50 1,50 1980 Homens 4,30 5,00 4,90 4,60 4,00 3,60 3,40 3,10 2,80 2,50 2,00 Mulheres 4,70 5,30 5,00 4,30 3,60 3,30 2,90 2,70 2,40 2,00 1,60 1991 Homens 4,79 5,83 6,09 6,11 5,64 5,07 4,24 3,87 3,34 3,35 2,34 Mulheres 5,42 6,50 6,53 6,26 5,77 4,76 4,10 3,19 2,82 2,78 2,13

(13)

Em 1980, o grupo etário dos homens com maior média de escolaridade é o da faixa de 20

a 24 anos de idade (média de 5 anos de estudo). Em 1991, este mesmo grupo de homens estava

então com idade entre 30 e 34 anos, que corresponde, novamente, ao grupo com maior média

educacional, na ordem de 6,11 anos de estudo. Entre as mulheres isto não ocorre já que, o grupo

com maior média educacional em 1980 é também o de 20 a 24 anos, com 5,30 anos de estudo,

enquanto que em 1991, o grupo com maior média educacional passa a ser o de 25 a 29 (que,

portanto, não corresponde às mesmas mulheres). Podemos então concluir que as mulheres mais

jovens estão cada vez mais adquirindo maiores níveis de escolaridade. Um dos fatores para que

isto venha ocorrendo pode estar ligado ao fato de que os homens estão abandonando a escola,

para entrar no mercado de trabalho, em uma idade mais precoce do que as mulheres. Estas, por

sua vez, esperam atingir um nível de educação mais avançado para então ingressar no mercado

de trabalho. Este fato pode estar ocorrendo porque as mulheres passaram a estudar com o

objetivo de se preparar para uma profissão apenas há relativamente pouco tempo e isto vem

aumentando continuamente durante os últimos anos. Muitas mulheres estão deixando de ser

apenas "donas de casa" para ingressarem no mercado de trabalho. Contudo, devido em parte a

este ranço histórico, o mercado de trabalho feminino enfrenta barreiras para sua inserção tais

como a discriminação e a segmentação, e portanto as mulheres (ou qualquer outro grupo

discriminado/segmentado) tendem a precisar de mais preparo, mais escolaridade que homens

(14)

Gráfico H.2

Distribuição de Escolaridade por Idade e Gênero

15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64

E Homens Mulheres

Pelo Gráfico 11.2, acima, fica mais claro observar a inversão das curvas escolaridade

entre homens entre os intervalos 35a39e40a44 anos de idade. A curva de escolaridade dos

homens está abaixo da curva de escolaridade das mulheres até o intervalo de 35 a 39 anos e após

(15)

Gráfico II.3

5

o

u

<u

1

0

Escolaridade Média por Idade-1970/80/91

BB

J1L

15-19

IMI--tflj

20-24 25-29

|B§|

-JL

30-34

1

J

li

35-39

J J

1

,

_.

40-44

Bi

jL

45-49 50-54

Idade

J

55-59

LI

60-64

EJ1970 B198C

H

65+

01991

A distribuição de escolaridade em 1970 e 1980 é crescente entre as faixas de 15 e 19

anos e de 20 a 24 anos - faixa onde atinge seu ponto máximo, tornado-se decrescente à medida

em que as faixas mais elevadas são atingidas. Em 1991 o ponto máximo é na faixa etária

seguinte, 25 a 29 anos, indicando que, em média, as pessoas estão optando por permanecer na

escola até idades mais avançadas. A parte crescente da distribuição corresponde às pessoas

mais jovens, que, por estarem em idade escolar, ao menos uma parcela delas, ainda estão

estudando, e, devido à sua idade, os anos de estudo não podem ultrapassar um determinado

patamar6,

diferentemente

dos

outros

grupos

etários,

onde

a idade

não

funciona

como

um

fator

limitante.

Vale a pena frisar que as pessoas entre 15 e 19 anos, ou seja, que ainda podem estar na

escola, já tem uma educação média superior à de vários grupos etários mais elevados e, como

ainda podem estar adquirindo mais escolaridade, devem aumentar ainda mais sua média de anos

de estudo; conseqüentemente este hiato tende a se ampliar.

(16)

Em suma, é importante notar que os jovens dos períodos mais recentes estão investindo

mais em educação do que há alguns anos atrás e, além disso, que este fenômeno é

particularmente marcante entre as mulheres (se observarmos homens e mulheres separadamente)

que, inclusive, estão investindo ainda mais do que os homens. Isto pode ser resultante de um

melhor acesso às instituições de ensino ou da percepção de que estudo ainda é importante para

se lograr uma melhor inserção no mercado de trabalho.

11.3

- Evolução

da

Distribuição

por

Área

No que se refere à desagregação por áreas urbana e rural, conforme ilustrado na Tabela

II.4, as diferenças de escolaridade são bastante pronunciadas, tanto em termos de escolaridade

média quanto em termos de desigualdade.

Tabela

II.4

- Distribuição

de Escolaridade

por

Área

em

1970,1980

e 199

Ano

0 ano 1 a 3 anos 4 anos 5 a 7 anos 8 anos

9 a 11 anos

mais de 11 anos

Média Coef. Var. 1970 Urbano 23,4 24,2 19,0 18,0 5,0 7,6 2,8 3,90 0,90 Rural 60,0 28,0 7,4 3,7 0,4 0,4 0,1 1,20 1,5 1980 Urbano 19,3 18,7 19,3 16,6 8,1 12,0 6,0 4,90 0,82 Rural 51,2 24,9 14,0 6,2 1,7 1,6 0,4 1,80 1,32 1991 Urbano 14,5 15,6 17,2 17,6 10,0 17,2 7,9 5,84 0,73 Rural 39,8 25,6 17,9 9,7 3,1 3,4 0,5 2,51 1,12

Fonte: Elaboração própria a partir dos Censos de 1970,1980 e 1991

Percebemos que a média educacional aumentou nas duas áreas e o coeficiente de

variação diminuiu durante o período, mas ainda existe um hiato grande entre as respectivas

médias. A área urbana teve um aumento de 44,6% e a rural de 105,8% na escolaridade média

(17)

relação à média da área urbana, a diferença entre as médias (em termos absolutos) não diminuiu.

Pelo contrário, em 1970 a diferença de anos de estudo médio era de 2,7 anos e em 1991 passou

para 3,3.

O proporção de pessoas com baixo grau de escolaridade na área urbana diminuiu,

embora seja ainda muito alto. Em 1991, aproximadamente 15% das pessoas desta área não

tinham qualquer nível de instrução e 48,2% das pessoas possuíam no máximo 4 anos de estudo

completos. Na área rural este quadro é ainda mais crítico, pois aproximadamente 40% das

pessoas estão entre os que não tinham instrução e 83,5% possuíam somente até 4 anos de estudo

completos. Ainda que tenha havido uma grande melhora em termos de desigualdade, (em 1980

este números eram 51,2% e 90,1%, respectivamente) a situação educacional na área rural

permanece muito precária.

Os dados da Tabela II. 5 são apresentados desagregados por sexo e área para o ano de

1991. Ao observarmos a Tabela, percebemos um fato interessante: as mulheres na área urbana

têm uma distribuição entre os anos de estudo, em relação aos homens, completamente oposta da

distribuição delas na área rural. Na área urbana, a participação das mulheres é maior, em

relação aos homens, nos níveis mais baixos de escolaridade - sem instrução - enquanto na área

rural esta situação se inverte e elas passam a ter maiores percentuais nos anos de estudos mais

(18)

Tabela

II.5

- Distribuição

de Escolaridade

por

Área

e Gênero

-1991

Anos

de Estudo

0 ano 1 a 3 anos 4 anos 5 a 7 anos 8 anos

9 a 11 anos

mais de 11 anos

Média Coef. Var. Urbano Homens 13,4 15,8 17,7 18,2 10,4 16,4 8,1 5,86 0,72 Mulheres 15,5 15,3 16,8 17,1 9,7 18,0 7,6 5,79 0,74 Rural Homens 40,8 26,3 17,5 9,2 2,9 2,9 0,4 2,39 1,14 Mulheres 38,5 25,0 18,3 10,1 3,4 4,3 0,5 2,66 1,10

Fonte: Elaboração própria a partir do Censo de 1991

Na área urbana os homens têm maior média educacional que as mulheres e na área rural

são as mulheres que têm maior média. Na área rural, tanto homens quanto mulheres se

concentram nos níveis menos elevados de educação. A diferença da escolaridade, para ambos

os sexos, entre as duas áreas é muito grande: na área rural têm-se 27,4 pontos percentuais a mais

de homens sem instrução e 22,9 pontos percentuais a mais de mulheres.

Cumpre notar que, na área urbana, diferentemente da área rural, onde a maioria da

população não tem qualquer nível de escolaridade, o grupo com 0 ano de estudo não é o de

maior peso, e sim o grupo de 5 a 7 anos de estudo para homens e 9 a 11 anos de estudo para

mulheres. Os números destas duas últimas Tabelas nos mostram diferenças marcantes no perfil

dos moradores destas duas áreas. A população rural tem pior acesso às escolas devido,

provavelmente, a maiores distâncias e até à falta de escolas. Normalmente as crianças

pertencentes às famílias de baixa renda da área rural começam a trabalhar numa idade mais

precoce com seus pais, em trabalhos agrícolas que exigem pouca ou nenhuma escolaridade.

(19)

ficar

no

campo,

onde

a educação

não

é importante

para

o tipo

de

trabalho,

é alto

Este

fatos

explicam,

ainda

que

parcialmente,

tais

diferenças

na

média

de

anos

de

estudo

entre

as áreas

rural

e urbana.

11.4 - Evolução da Distribuição por Região

No que diz respeito ao corte por região geográfica, os dados foram desagregados em 4

grandes grupos: região Sul, região Sudeste, região Nordeste e a assim designada Fronteira, que

corresponde

às

regiões

Norte

e Centro-Oeste8.

Novamente,

como

nos

dados

agregados,

percebemos,

na

Tabela

II.6,

uma

redução

do

percentual

de

pessoas

nos

estratos

inferiores

do

espectro educacional (de sem instrução a 4 anos) e elevação na escolaridade média para os

estratos superiores nas 4 regiões definidas.

Tabela 11.6 - Distribuição de Escolaridade por Região em 1970,1980 e 1991

Região

0 ano 1 a 3 anos 4 anos 5 a 7 anos 8 anos

9 a 11 anos

Mais de 11 anos

Média Coef. Var. 1970 S 27,9 31,9 15,5 16,5 3,0 3,9 1,4 3,1 0,97 SE 27,1 25,8 20,7 12,9 4,4 6,6 2,5 3,5 0,98 NE 59,5 22,3 4,7 8,6 1,4 2,6 0,8 1,6 1,70 FR 40,2 35,4 8,5 10,2 1,9 2,9 0,9 2,2 1,26 1980 S 18,3 21,9 21,2 18,9 7,0 8,6 4,1 4,4 0,81 SE 19,2 20,2 22,4 13,6 7,8 10,8 6,0 4,8 0,84 NE 50,4 18,8 9,1 10,0 3,4 6,1 2,2 2,5 1,38 FR 32,6 25,6 14,6 11,1 5,7 6,9 3,4 3,4 1,08 1991 S 12,0 17,6 19,8 20,4 9,3 14,3 6,6 5,6 0,71 SE 13,4 15,8 20,5 15,6 10,2 16,0 8,4 5,8 0,73 NE 35,9 20,1 11,6 12,7 5,2 11,2 3,3 3,7 1,10 FR 21,3 20,3 14,9 17,4 7,9 13,8 4,4 4,8 0,85

Fonte: Elaboração própria a partir dos Censos de 1970,1980 e 1991

7 Esta questão da migração da área rural para a área urbana mereceria maior investigação, porém foge do objetivo

principal deste trabalho.

S Região

Sul

(S):

PR,

SC,

RS.

Região Sudeste (SE): MG, RJ, ES, SP.

Região Nordeste (NE): MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA.

(20)

As regiões revelam médias educacionais bastante diferenciadas. A região Sudeste é a

que apresenta a maior média enquanto Nordeste é a menor, para os 3 anos em questão. A

diferença percentual entre estas regiões em 1970 era de 118%, em 1980 baixou para 84,6% e,

em 1991 baixou ainda mais para 57,6%. A região Sudeste teve um aumento de 66,6% de 1970

para 1991 enquanto a região Nordeste teve um crescimento de 131,2%.

Se simplesmente olharmos a diferença absoluta entre as médias de escolaridade das

regiões Sudeste e Nordeste veremos que em 1970 a diferença era 1,9 anos de estudo, em 1980

era de 2,2 e em 1991 era de 2,1, o que nos mostra uma elevação na primeira década e uma

pequena queda na segunda. Olhando por este foco concluímos que as diferenças regionais, em

termos absolutos, aumentaram no período entre 1970 e 1991, embora o aumento percentual

tenha sido maior para a região Nordeste, justamente a que tem menor média de escolaridade.

Isto, todavia, não foi suficiente para fazer com que as diferenças regionais diminuíssem em

termos absolutos.

Além da baixa escolaridade média, a região Nordeste chama atenção por outro motivo: o

alto percentual de pessoas sem qualquer nível de instrução. Em 1970, aproximadamente 60% da

população nordestina não tinha instrução, 81,8% tinha apenas até três anos de estudo e 2,2%

tinha nível superior. Em 1980 a situação melhorou, haja vista que estes mesmos números

passaram a ser 50,4%, 69,2% e 2,2%, respectivamente. Esta tendência manteve-se na década

seguinte de tal forma que, em 1991, o percentual de pessoas sem instrução caiu para 35,9%,

assim como o percentual de pessoas com 0 a 3 anos de estudo, que baixou para 56%, enquanto

que o percentual de pessoas com mais de 11 anos - nível superior - subiu para 3,3%. A região

Sudeste apresenta uma taxa de 13,4% de pessoas sem nível de instrução (nível este que, apesar

de elevado, é muito inferior que o observado para o Nordeste), e 8,4% de pessoas com nível

(21)

ao

deslocamento

de

pessoas

de

estratos

mais

baixos

de

escolaridade

para

estratos

mais

elevados,

diferindo apenas nas proporções em que isto ocorreu.

Na Tabela II. 7 e Gráfico II. 4 podemos ver os dados de 1991 e 1980 desagregados por

gênero

e percebemos

que

exatamente

nas

regiões

com

escolaridade

média

mais

baixa,

Fronteira

e Nordeste,

as

mulheres

têm

escolaridade

média

superior

à dos

homens,

enquanto

nas

regiões

Sul

e Sudeste

elas

situam-se

pouco

abaixo

da

dos

homens.

Vale

lembrar

que,

quando

analisamos

os

dados

por

área

percebemos

também

que

as

mulheres

tinham

média

de

escolaridade superior à dos homens na área rural, que é justamente aquela com os menores

níveis educacionais.

Tabela II.7 - Escolaridade Média por Gênero e Região

Região

Sul

Sudeste

Nordeste

Fronteira

1980

Homens

4,54

4,93

2,43

3,59

Mulheres

4,36

4,64

2,67

3,73

1991

Homens

5,60

5,91

3,43

4,63

Mulheres

5,52

5,76

3,95

4,94

Fonte: Elaboração própria a partir dos Censos de 1980 e 1991

Gráfico II.4

Escolaridade Média por Região e Gênero -1991

6

Sudeste Nordeste Fronteira

(22)

Ainda na Tabela II. 7, podemos perceber que, na última década analisada, homens e

mulheres

tiveram

aumentos

em

sua

média,

sendo

que,

para

os

homens

o maior

acréscimo

de

números

de anos

de

estudo

foi

na

região

Sul

(1,06)

e para

as

mulheres

foi

na

região

Nordeste

(1,28).

Em

termos

percentuais

o aumento

maior

do

número

de

anos

de

estudo

, para

homens

e

mulheres,

foi

no

Nordeste,

região

esta

que

apresentava

as

menores

médias

(apesar

do

maior

acréscimo permanece com as menores médias em 1991 para ambos os sexos). Tanto em termos

absolutos quanto em termos relativos as mulheres mostraram aumentos maiores no número

médio de anos de estudo do que os homens em todas as regiões.

II.5

- Evolução

da

Distribuição

por

Setor

de Atividade9

No

que

diz

respeito

ao corte

por

setor

de atividade10,

apresentados nas

Tabelas

II. 8 e n.9

e Gráficos II.5 e II.6, observamos os seguintes resultados: os setores de agricultura e

extrativismo, construção civil e serviços pessoais são os que têm menor escolaridade média,

enquanto os setores de serviços sociais, serviços produtivos e governo são os que têm maior

escolaridade média (isto é observado para os três anos em questão). O setor com maior

escolaridade média em 1991, serviços sociais com 10 anos, apresenta uma diferença de 7,5 anos

para o setor com menor escolaridade média, agricultura e extrativismo com 2,5 anos. Existe,

portanto, uma grande dispersão em relação à escolaridade média destes setores.

O setor agrícola, que em 1970 era o setor com menor média de escolaridade, teve

pequenos acréscimos de anos de estudo durante estas duas últimas décadas e continua a ser o

com menores índices de escolaridade em 1991.

9 Nesta seção e na próxima estaremos tratando apenas de pessoas que fazem parte da População Economicamente

Ativa - PEA, composta por pessoas ocupadas ou procurando emprego.

10 Os setores foram agregados de acordo com a seguinte taxonomia:

(i) indústria moderna (metalurgia, mecânica, química, comunicações, ...), (ii) indústria tradicional (têxtil, alimentos,

mobiliário, minerais não metálicos, ...), (iii) construção civil, (iv) serviços distributivos (transportes, comércio e

(23)

Tabela II.8 - Escolaridade Média por Setor de Atividade

Setor de Atividade

Ind. Moderna Ind. Tradicional Construção Civil Serv. Distributivos Serv. Produtivos Serv. Sociais Serv. Pessoais Governo

Agric. e Extrativismo

Outras Atividades 1970 4,8 3,5 2,6 4,1 7,2 8,3 2,6 6,2

1,1

3,9 1980 6,0 4,5 3,3 5,5 8,5 9,2 4,0 7,3 1,8 5,2 1991 7,0 5,7 4,2 7,0 9,4 10,0 4,8 8,7 2,5 6,4

Fonte: Elaboração própria a partir dos Censos de 1970,1980 e 1991

Entre o período de 1970 e 1991 o setor que teve maior incremento percentual no número

de anos de estudo foi o setor agrícola, o que se justifica devido seu baixo nível de escolaridade:

o aumento de 1 ano tem maior peso neste caso do que para setores onde a média de anos de

estudo são maiores. Em termos absolutos, os setores que tiveram maiores aumentos do número

de anos de estudo foram o setores de serviços distributivos e o governo, 2,9 e 2,5 anos de estudo

a mais, respectivamente, em média, nestes setores entre 1970 e 1991.

Quando desagregados por gênero percebemos pequenas diferenças nos dados. O setor

governamental, que é o terceiro com maior média de escolaridade no agregado, passa a ser o

segundo quando analisamos somente as mulheres. Além disso, as mulheres têm dois setores

com média de escolaridade acima dos 10 anos (serviços sociais e governo), enquanto que no

setor em que os homens têm maior média (serviços sociais) esta é igual a 9,2 anos de estudo.

Nota-se também que as mulheres têm média educacional maior que a dos homens em quase

todos os setores de atividade, sendo que a única exceção fica por conta do setor de serviços

pessoais.

sociais (saúde, ensino, atividades comunitárias, ...), (vii) serviços pessoais (hospedagem, alimentação, limpeza,

(24)

Tabela II.9 - Escolaridade Média por Setor de Atividade e Gênero - 1991

Setor de Atividade

Ind. Moderna

Ind. Tradicional

Construção Civil

Serv. Distributivos

Serv. Produtivos

Serv. Sociais

Serv. Pessoais

Governo

Agric. e Extrativismo

Outras Atividades

Homens

6,86

5,50

4,02

6,29

9,24

9,72

5,41

8,17

2,46

6,09

Mulheres

7,92

6,08

7,21

7,77

9,76

10,12

4,38

10,02

2,57

7,09

Fonte: Elaboração própria a partir do censo de 1991

Gráfico H.5

#

Escolaridade Média por Setor de Atividade

y

/

/

(25)

Gráfico II.6

Escolaridade Média por Setor e Gênero -1991

n.6 - Evolução da Distribuição por Posição na Ocupação

Por último, na Tabela 11.10 são apresentados os dados de educação conforme a posição

na ocupação. Para 1991, temos que o funcionalismo público é o grupo que mantém a maior

média de anos de estudo seguido pelo grupo de empregadores. O grupo com menor média em

1991, como seria lícito esperar, foi o grupo sem remuneração. Contudo, em 1970 e 1980 os

trabalhadores por conta própria foram os que apresentaram a escolaridade mais baixa e não os

trabalhadores sem remuneração, fato este algo intrigante. Para examinar a questão procederemos

a uma maior desagregação deste grupo (ver Tabela 11.11), dividindo-o em conta própria no

comércio,

conta

própria

em

serviços

e uma

categoria

outros11,

e percebemos

que

estes

subgrupos nos fornecem médias bastante diferenciadas para cada um deles. Dentro do grupo de

trabalhadores por conta própria existe uma heterogeneidade muito grande de trabalhadores

autônomos que se estende desde comerciantes ambulantes à advogados e médicos. Os

11 Nesta categoria incluem-se os trabalhadores por conta própria das atividades agropecuárias, da industria de

(26)

comerciantes deverão apresentar uma média de escolaridade menor do que a dos conta própria

na área de serviços (médicos, advogados, professores particulares, etc.) e é o que se observa de

fato conforme a Tabela 11.11. A média de anos de escolaridade para conta própria no setor de

serviços, 6,2 anos, é superior a média dos trabalhadores conta própria no setor de comércio, 5,2,

e menor ainda é a média de anos de estudo da categoria outros, 2,9, fazendo com que a média do

grupo conta própria seja mais baixa.

É interessante

notar

que

21,3%

dos

trabalhadores

por

conta

própria

na

área

de

serviços

têm escolaridade acima de 11 anos de estudo, enquanto que os comerciantes com nível superior

são apenas 5,4%. Isto é claramente explicado pelo fato de que advogados e médicos por

exemplo, precisam fazer a faculdade para prestar serviços nestas áreas enquanto que no

comércio, a priori, não há obrigatoriedade de ter níveis educacionais elevados.

Tabela 11.10 - Escolaridade Média por Posição na Ocupação

Posição na Ocupação.

Func. Público Empregado Conta Própria Empregador Sem Remuneração 1970 6.63 3.44 1.87 5.09 2.00 1980 8.57 4.66 2.73 6.57 2.78 1991 9.24 5.60 4.11 8.19 3.42

Fonte: Elaboração própria a partir dos censos de 1970,1980 e 1991

Tabela 11.11 - Escolaridade Média de Trabalhadores Conta Própria -1991

Posição na Ocupação

0 anos 1 a 3 anos 4 anos

5 a 7 anos

8 anos

9 a 11 anos

mais de 12 anos

Média Coef. Var. Serviços 11.3 16.3 19.2 16.9 10.5 15.0 10.8 6.18 0.72 Comércio 15.4 18.7 17.8 17.3 10.1 16.8 4.0 5.28 0.75 Outros 33.80 25.50 19.60 11.60 4.30 4.3 0.9 2.93 1.03

(27)

Quando desagregados por gênero (ver Tabela 11.12), os grupos por posição na ocupação

permanecem na mesma ordem em relação à escolaridade média. As mulheres novamente

apresentam um alto nível educacional no setor público e média de escolaridade mais alta que os

homens em todas as categorias. A posição na ocupação onde as mulheres têm média

percentualmente mais alta que os homens é justamente conta própria, as mulheres têm média

29% mais alta nesta categoria, e a categoria sem remuneração é a que apresenta menor

diferença.

Tabela 11.12 - Escolaridade Média por Posição na Ocupação e Gênero - 1991

Posição na Ocupação

Func. Público

Empregado

Conta Própria

Empregador

Sem Remuneração

Homens

8.46

5.21

3.86

7.90

3.30

Mulheres

10.06

6.38

4.98

9.57

3.58

Fonte: Elaboração própria a partir do censo de 1991

n.7 - Conclusões Preliminares

A partir dos dados apresentados podemos perceber que, de fato, houve uma melhora no

número médio de anos de estudo da população brasileira em idade ativa (PIA) durante o período

que compreende os anos 1970 a 1991. A média do número de anos de estudo aumentou de 2,8

para 5,1 neste período. Apesar do percentual de indivíduos sem instrução ser ainda bastante

elevado, este valor diminuiu significativamente durante o período em análise e, ao mesmo

tempo, o percentual de pessoas adquirindo níveis mais elevados de escolaridade aumentou.

Quando analisamos o número médio de anos de estudo para as agregações feitas nesta

(28)

a) Em relação ao gênero, podemos verificar que, as mulheres tiveram um aumento da média de

número de anos de estudo superior a dos homens, sendo de aproximadamente 2,5 anos para as

mulheres e 2,2 anos de estudo para os homens, ou em termos percentuais, 92% e 74%

respectivamente;

b) Os jovens estão investindo cada vez mais em educação, particularmente as mulheres que, em

1991, até aos 39 anos de idade, possuíam número médio de anos de estudo superior aos dos

homens;

c) Em relação à situação geográfica de residência dos indivíduos, podemos constatar que a área

urbana, com era de se esperar, apresenta maior escolaridade durante todo o período. Se

avaliarmos em termos percentuais a diferença da médias rural e urbana caíram de 225% para

132% entre 1970 e 1991, mas em termos absolutos a diferença aumentou de 2,7 para 3,3 anos de

estudo. Em 1991, o contigente de pessoas com 0 anos de estudo, na área rural, é muito elevado,

aproximadamente 40%;

d) As regiões que apresentam maiores médias de números de anos de estudo são as regiões Sul e

Sudeste, porém todas as regiões apresentaram melhora no nível de escolaridade média. Com

estes resultados ficou clara a existência das diferenças regionais no que se refere à distribuição

de escolaridade;

e) Quanto aos setores de atividade dos indivíduos, podemos verificar que, todos os setores

analisados também apresentam maiores médias de anos de estudo em 1991. Os setores que

apresentaram as maiores médias foram os serviços distributivos e sociais e os que aumentaram

mais, em termos absolutos, foram os serviços distributivos e governo;

f) E por fim, ao agregarmos a população por categorias de posição na ocupação, verificamos que

(29)

anos de estudo em qualquer um dos anos analisados. A categoria que apresentou maior aumento

absoluto, em todo o período, do número de anos de estudo foi a categoria empregador.

Temos então que, independente da agregação que seja feita, de fato houve um aumento

do número de anos de estudo da população e este comportamento parece ser uma tendência.

Existem diferenças etárias, regionais, de gênero, entre outras, mas em todas agregações

verificamos esse aumento, representando uma evolução nos níveis de capital humano da

(30)

III - Desigualdade de Renda no Brasil

m.1 - Introdução

O Brasil é conhecido como um país com grandes desigualdades sociais e quando

comparamos dados sobre distribuição de renda com parâmetros internacionais conhecidos, estes

dados revelam que o Brasil apresenta, realmente, níveis muito altos de desigualdade. Barras e

Mendonça (1995) mostram em seu trabalho que o Brasil recebe o "título" de país com a pior

distribuição de renda do mundo. Os autores utilizaram como medida de desigualdade a razão

entre a proporção da renda apropriada pelos 10% mais ricos e a proporção da renda apropriada

pelos 40% mais pobres, e compararam os resultados obtidos sobre desigualdade de renda entre

55 países, entre eles México, Argentina, Estados Unidos e Holanda, sendo este último o país

com menor desigualdade. Os dados são apresentados na Tabela III. 1 abaixo.

Tabela III. 1 - Razão entre a proporção da renda apropriada pelos 10% mais ricos e a

proporção da renda apropriada da renda pelos 40% mais pobres.

País Holanda Bélgica Hungria Japão Alemanha Espanha Estados Unidos Canadá

Coréia do Sul

El Salvador Hong Kong Argentina Venezuela Colômbia México Peru Brasil 40-22,4 21,6 20,5 21,9 20,4 19,4 17,2 17,1 16,9 15,5 16,2 14,1 10,3 11,2 9,9 7,0 7,0 10+ 21,5 21,5 20,5 22,4 24,0 24,5 23,3 23,8 27,5 29,5 31,3 35,2 35,7 44,1 40,6 42,9 50,6 10+/40-1,0 1,0 1,0 1,0 1,2 1,3 1,4 1,4 1,6 1,9 1,9 2,5 3,5 3,9 4,1 6,1 7,2 (10+/40-).4 3,8 4,0 4,0 4,1 4,7 5,1 5,4 5,6 6,5 7,6 7,7 10,0 13,9 15,8 16,4 24,5 28,9

Fonte: Barros, R. P. e Mendonça, R.S.P. 1995

(31)

Segundo os autores, no Brasil a renda de um indivíduo entre os 10% mais ricos é, em

média, quase 30 vezes maior do que a renda de um indivíduo entre os 40% mais pobres, ou seja,

em média uma pessoa entre os 40% mais pobres teria que trabalhar 2,5 anos para receber o que

uma pessoa entre os 10% mais ricos recebe em um mês. Estes dados nos mostram que, por este

critério, o Brasil apresenta o mais elevado grau de desigualdade do mundo.

Lam

(1998)

mostra,

em

recente

trabalho,

que

o Brasil

e a África

do

Sul

são

países

que

apresentam um comportamento similar em termos de distribuição de renda e que têm disputado,

nas últimas décadas, o título de país com maior grau de desigualdade. Ambos os países são os

que possuem a menor concentração de renda nos 20% mais pobres e, ao mesmo tempo, a maior

concentração de renda com os 20% mais ricos, resultando em razões de 20% mais ricos sobre os

20%

mais

pobres

elevadíssimas,

quando

comparadas

com

o resto

dos

países12.

Estes

dois países

são comparados com outros como Canadá, EUA, Japão, México, Quênia, etc.

Dados mais recentes sobre a magnitude da desigualdade de renda de alguns países são

apresentados pelo relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (1998). Dentro dos

dados disponíveis para a década de 90, o relatório aponta os países da Europa como os casos de

melhor distribuição, entre eles Espanha e Finlândia. A região da América Latina (com exceção

da Jamaica) registra níveis de concentração de renda superiores à média mundial. Os países que

apresentaram maiores níveis de desigualdade foram o Brasil, Chile, Equador, México,

Guatemala, Panamá e Paraguai. O relatório diz também que durante a década de 80 a

concentração de renda aumentou no Brasil, Chile e México.

Um esforço considerável tem sido dedicado à análise da distribuição de renda no Brasil,

particularmente em termos de procurar explicação para a sua evolução durante os anos 60. Os

(32)

dados dos Censos Demográficos de 1960 e 1970 revelaram uma deterioração significativa na

distribuição e ensejaram uma série de estudos acerca de suas possíveis causas.

O trabalho de Langoni (1973) foi o ponto de partida nesta análise. O ponto básico de seu

trabalho é que a elevação na desigualdade de renda durante os anos 60 foi uma conseqüência da

expansão econômica acelerada experimentada pelo país naquela época e, diz ainda, que é errado

atribuir a ela qualquer conotação de queda de bem-estar. O crescimento econômico teria

contribuído para a deterioração na distribuição de renda baseado no funcionamento de dois

mecanismos de natureza transitória: mudanças na composição da força de trabalho,

especialmente aquelas associadas ao nível de escolaridade, e a existência de desequilíbrios no

mercado de trabalho. O primeiro destes mecanismos - efeito composição - defende a

possibilidade de que mudanças na estrutura do emprego nos estágios intermediários do processo

de desenvolvimento econômico atuem no sentido de produzir um aumento na desigualdade.

Fishlow (1973) não foi capaz de reproduzir os resultados de Langoni em seus estudos.

Revisitou o trabalho de Langoni utilizando os mesmos dados e metodologias bastantes

semelhantes, e obteve resultados que indicam que estes efeitos desempenharam um papel

bastante menor na explicação das mudanças distributivas. Fishlow encontrou evidência no

sentido de que as alterações nas rendas relativas foram mais importantes do que as mudanças na

distribuição da escolaridade. O efeito composição continuou sendo importante em seus

resultados. Sua explicação para a deterioração de renda naquela década baseia-se na idéia de

que as políticas governamentais, como as que induziram uma generalizada compressão salarial,

geraram condições propícias para que os que se encontravam no topo da pirâmide obtivessem

ganhos relativos em relação àqueles na base da distribuição. De acordo com ele, o fato da

educação parecer ter desempenhado um papel decisivo seria uma mera conseqüência da

(33)

Durante a década de 80 o Brasil apresentou uma elevação do índice de desigualdade

entre 1981 e 1985 e uma posterior queda para 1986. Este resultado é comprovado por Bonelli e

Sedlacek (1989) e Hoffmann (1989). Em ambos os trabalhos, o critério utilizado para a

mensuração da desigualdade de renda foi o índice de Gini para os anos de 1981 a 1986 e os

resultados obtidos foram semelhantes.

Bonelli e Sedlacek analisam a distribuição pessoal da renda e verificam que o

comportamento do índice de Gini apresenta uma tendência levemente crescente no período de

1981 a 1986. Os resultados obtidos indicam um aumento do grau de desigualdade de 1981 para

1985 e depois uma pequena queda de 1985 para 1986. Hoffman calcula o Gini para ilustrar a

evolução da desigualdade da distribuição da renda entre as pessoas que fazem parte da PEA, e

também encontra um aumento do índice até 1985 e uma pequena redução deste ano para 1986.

Bonelli e Ramos (1993) calculam os índices de Gini e T de Theil, entre outros, para

ilustrar o comportamento da distribuição de renda para o período de 1976 a 1985. Se nos

detivermos apenas no período a partir de 1981, como nos trabalhos citados anteriormente,

chegaremos aos mesmo resultados que os autores supracitados ao longo do período: piora da

distribuição entre 1981 e 1985.

IH.2 - Universo de Análise

Os dados usados neste capítulo e no próximo são provenientes da Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios (PNAD), que é uma pesquisa domiciliar anual coletada pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde a década de 70, relativos aos anos de 1992,

1993,

1995

e 199613.

13 Apesar de estarmos interessados em analisar toda a década de 90 decidimos por deixar 1990 de fora da análise

porque a PNAD de 1990 tem diferenças metodológicas das outras pesquisas da década o que acarretaria problemas

(34)

A partir dos dados das PNAD's selecionamos uma amostra de modo a compor um grupo

mais homogêneo de trabalhadores, a fim de evitar algum tipo de viés nos resultados finais.

Como apenas os trabalhadores que estão empregados recebem salários, e os salários têm outros

determinantes além da educação (como sexo, idade, etc), decidimos restringir o universo de

análise de forma a incluir apenas os indivíduos que: i) são homens com idade entre 18 e 65 anos;

ii) participam da força de trabalho; iii) não estão desempregados; iv) trabalham mais que 20

horas por semana na ocupação principal e recebem renda positiva; e v) são residentes na área

urbana.

A amostra constituída apenas por homens elimina os efeitos da seletividade no ingresso

feminino no mercado e a possibilidade de captar efeitos da discriminação por sexo do mercado

de trabalho; a idade entre 18 e 65 anos visa incluir apenas as pessoas em idade ativa, eliminando

os aposentados e os jovens até 18 anos que, em sua maioria, estão fora do mercado de trabalho;

estamos incluindo apenas as pessoas que participam da força de trabalho e não estão

desempregados porque estamos interessados nas desigualdades do rendimento do trabalho,

salários; excluímos indivíduos que trabalham menos de 20 horas semanais na tentativa de

excluir aqueles que trabalham meio expediente, tais como os estagiários e; por fim

consideramos apenas os moradores das áreas urbanas para evitar disparidades de salários entre

as regiões urbana e rural.

Escolhemos trabalhar com a renda individual das pessoas e não renda familiar, pois os

salários estão fortemente associados às características dos indivíduos, entre elas a educação,

guardando pouca relação com a estrutura da família. Esta escolha é justificada pelo fato de

estarmos interessados em analisar (nos capítulos posteriores) a natureza da relação

(35)

m.3 - Metodologia

Antes

de ir diretamente

ao cálculo

da contribuição

da educação

na desigualdade

de renda

achamos

interessante

mostrar

como

se comportou

esta

desigualdade

entre

os anos

de

1992

a

1996.

Isto

possibilitará

nossa

tentativa

de

estabelecer

uma

relação

entre

variações

na

desigualdade

de

renda

e variações

na

desigualdade

de

escolaridade.

Para

que

pudéssemos

estabelecer

uma

relação

temporal

do

comportamento

da

desigualdade

de

renda

usamos

a curva

de Lorenz

e comparamos

os anos de acordo

com

o critério

de Dominância

de Lorenz.

Contudo,

como

no

caso

de

cruzamento

das

curvas

de

Lorenz

não

nos

seria

possível

comparar

as

desigualdade

entre

estas

curvas

e,

portanto,

não

se

poderia

fazer

uma

classificação

das

desigualdades,

calcularemos

também

os índices

de

Gini

e Theil.

ni.4. - Conceitos Teóricos

Curva de Lorenz

A curva

de Lorenz

nos

mostra

como

a fração

acumulada

da

renda

varia

em

função

da

fração

acumulada

da população,

com

os indivíduos

ordenados

de acordo

com

valores

crescentes

das

suas

respectivas

rendas.

Os

pares

ordenados,

formados

pelos

pontos

que

correspondem

ao

valor

da proporção

acumulada

da população

até

certo

estrato

e pelo

valor

da correspondente

(36)

Figura III.l

Fração

Acumulada da

Renda

Fração Populacional

A área a, compreendida entre as curva de Lorenz e a diagonal (linha de perfeita

igualdade) é denominada área de concentração, quanto menor essa área, isto é, quanto mais

próxima a curva de Lorenz for da linha de perfeita igualdade, menor a concentração de renda.

Critério de Lorenz

Dada duas distribuições de renda, podemos utilizar o critério de Lorenz para determinar

qual delas tem a melhor distribuição observando-se o posicionamento das suas respectivas

curvas de Lorenz no mesmo gráfico, sendo que, aquela que estiver acima da outra em pelo

menos um ponto e não estiver abaixo em nenhum outro, terá uma distribuição de renda mais

igualitária. Caso haja um cruzamento entre as duas curvas, de forma que ora uma seja superior

(37)

Critério de Média-Desigualdade

O critério

de

Média-Desigualdade

é um

critério

pelo qual

procura-se

comparar

o nível

de

bem-estar social de duas ou mais distribuições a partir do grau de desigualdade da distribuição

de

renda

- medida

pela

curva

de

Lorenz

(L(p))

- e pela

comparação

da

renda

média

(u,)

de

duas

ou mais distribuições. A renda média de uma determinada população Xé dada por:

1=1

onde x\ é a renda do i-ésimo indivíduo ; e n é o número total da população.

De posse dos dados de renda média e da curva de Lorenz de duas distribuições

quaisquer, X e Y, é suposto, através do critério de Lorenz, que a distribuição X seja tão boa

quanto a distribuição Y, ou seja, não possua uma maior desigualdade na distribuição de renda e

uma renda média menor em relação à distribuição Y. Assim, o nível de bem-estar social gerado

pela distribuição X é superior, ou pelo menos não inferior, ao gerado pela distribuição Y.

Formalizando, temos, então, que:

Hx>H e Lx(p) > Ly(p), Vp e [0,1]

onde p é valor da proporção acumulada da população ordenada segundo estrato de renda.

Na primeira condição temos que a renda média da distribuição X é maior ou pelo menos

igual à média da distribuição Y. A segunda condição nos diz que a curva de Lorenz da

distribuição de X se mostra superior ou pelo menos não inferior à curva de Lorenz da

(38)

que

possamos

dizer

que,

por

este

critério,

a distribuição

X possui

níveis

de

bem-estar

superior

à

da distribuição Y.

Critério de Dominânda de 2a ordem

A dominância de 2a ordem é um dos critérios de avaliação do bem estar social mais

comumente

usados14.

Podemos

definir

este

critério

da

seguinte

forma:

dadas

duas

distribuições

quaisquer X e Y, o nível de bem estar gerado pela distribuição X é superior ao da distribuição Y

se:

i i

i - 2

Vi,

ou,

de forma

equivalente,

GLX

(p)

> GLy

(p)

Vp

e[0,l],

j=i j=i

onde GL(p) = |aL(p) é a curva de Lorenz Generalizada, sendo \i a renda média e L(p) a curva de

Lorenz.

Coeficiente de Gini

O índice de Gini, que está diretamente e visualmente vinculado à curva de Lorenz,

corresponde à razão da área compreendida entre a linha de perfeita igualdade e a curva de

Lorenz

e toda

a área

sob

a linha

de perfeita

igualdade15.

Mais

especificamente,

de

acordo

com

a

Figura III. 1, temos que:

G = 2a

O índice de Gini, G, assume valores entre zero e um, tendo os valores extremos nos

casos de perfeita igualdade (G = 0, todos os indivíduos recebem a mesma renda) e extrema

14 Outros critérios de bem estar usados são o de inspiração Paretiana e Melhora de Pareto. Estes critérios não serão

aqui explicados por fugirem ao escopo deste trabalho.

15 Trata-se de uma métrica para avaliar a distância entre uma determinada curva de Lorenz e a linha de perfeita

igualdade.

36

(39)

desigualdade

(G =

1-1/n,

no

caso

de

uma

população

finita,

implica

que

uma

pessoa

recebe

toda

a renda).

O índice

de

Gini

possui

todas

as

características

desejáveis16

num

índice

de

concentração exceto a de decomponibilidade que o T de Theil, por sua vez, possui.

índice de Tde Theil

O

primeiro

índice

proposto

por

Theil,

T

de

Theil,

foi

desenvolvido

na

teoria

da

informação (ver Hoffmann (1998) para maiores detalhes). Seu uso na literatura tem aumentado

muito em tempos recentes, em função de atender ao requisito da decomponibilidade (além das

outras 5 propriedades descritas na nota de rodapé número 6). O T de Theil é definido por:

onde N é o tamanho da população em questão; Yi é a renda do i-ésimo indivíduo, u, é a renda

média.

m.5 - Desigualdade de Renda

Antes de entrarmos diretamente na questão da desigualdade educacional é importante

analisar como foi o comportamento da desigualdade de renda na década de 90. Porém, a

comparação de diferentes distribuições de renda em termos de seu grau de igualdade não é uma

tarefa simples, na medida que envolve diversas dimensões, na maioria das vezes subjetivas.

Dependendo do critério de justiça social, os indivíduos podem chegar a ordenações bastante

distintas das distribuições alternativas em termos de desejabilidade e, assim, existe uma

16 Outras propriedades desejáveis são: obediência a Pigou-Dalton; simetria; insensibilidade à média; insensibilidade

(40)

gama

de

diferentes

índices

de

desigualdade

de

renda

para

avaliar

o quão

justa

é a

distribuição.

Existe, entretanto, um consenso a respeito do critério de dominância de Lorenz, que estabelece

que uma distribuição é mais igualitária que outra se a sua respectiva curva de Lorenz nunca está

abaixo daquela associada à segunda, mas encontra-se acima dela em ao menos um ponto.

Portanto, se as curvas não se interceptarem é possível ordenar e classificar as distribuições de

acordo com sua desigualdade e, assim, os índices de desigualdade devem apresentar esta mesma

ordenação. Antes de calcularmos o grau de desigualdade através de um índice de concentração,

achamos interessante proceder à comparação das curvas de Lorenz de cada ano.

Calculamos, para tanto, as frações das rendas das pessoas em cada décimo e que são

apresentadas

na Tabela

III.2

abaixo18.

Tabela in.2 - Curva de Lorenz - (% renda)

Fração da População

10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 99 100 R-1+/20-1992 1,4 4,1 7,3 11,4 16,5 23,1 31,4 42,4 58,5 71,0 88,6 100,0 2,80 1993 1,4 3,7 6,6 10,5 15,2 21,1 28,6 38,8 54,2 66,9 85,8 100,0 3,84 1995 1,4 3,7 6,8 10,7 15,6 21,8 29,6 40,2 56,3 69,7 88,5 100,0 3,12 1996 1,4 3,7 6,9 10,9 15,8 22,1 30,1 40,8 57,3 70,6 89,0 100,0 2,96

Fonte: Tabulação própria a partir das PNADs

Obs.: Renda individual para população de homens"

18 A amostra usada para calcular a curva de Lorenz é a mesma utilizada no cálculo do índice T de Theil a fim de ser

possível uma comparação entre os mesmos. Portanto, estamos falando aqui de desigualdade de renda da população

(41)

Pelos dados, percebemos que a curva de Lorenz de 1992 têm dominância sobre as de

1993 e 1995 e que as de 1996 também têm dominância sobre as de 1993 e 1995, mas nada

podemos

afirmar

em

relação

às curvas

de

1992

e 1996,

uma

vez

que

elas

se

cruzam.

Apesar

de

não podermos comparar as curvas de Lorenz referentes aos anos de 1992 e 1996 entre si é

possível afirmar que, em ambos os anos, os índices de desigualdade devem indicar um nível de

desigualdade menor do que nos anos de 1993 e 1995.

Calculamos a razão da renda nas mãos dos 1% mais ricos sobre aquela dos 20% mais

pobres e percebemos que essa razão é maior em 1993, ano que, pela curva de Lorenz, indicava

ser o ano com pior distribuição de renda; o ano com menor razão foi 1992, indicando que, pelo

menos nas extremidades da distribuição, foi o que apresentou menor desigualdade. Mas, para

comprovarmos o que aconteceu de fato entre os anos em que as curvas de Lorenz se

interceptam, 1992 e 1996, calcularemos o índice T de Theil e o índice de Gini.

Tabela

III.3

- índices

de

Desigualdade

T de Theil

Gini

1992 1993 1995 1996

0,556 0,688 0,589 0,570

0,524 0,559 0,544 0,538

Fonte: Tabulação própria a partir das PNADs

Como era de se esperar, tanto o índice de Gini quanto o índice T de Theil apresentam

desigualdade de rendimentos maior para 1993, e apresentam uma progressiva melhora nos anos

seguintes, 1995 e 1996, em consonância com o índice R1+/20- ilustrado na tabela anterior. Não

nos era possível perceber, examinando apenas as curvas de Lorenz, o que acontecia entre os

18 O cálculo das frações de renda retidas por cada decil foi feito também usando o conceito de renda familiar per

capita e usando o conceito de renda individual para todas as pessoas na amostra e chegamos às mesmas conclusões

Imagem

Tabela II. 1 - Distribuição de Escolaridade (%) Anos de Estudo 0 ano 1 a 3 anos 4 anos 5 a 7 anos 8 anos 9 a 11 anos 12 anos ou mais Média Coef
Gráfico II. 1
Tabela II.3 - Média da Escolaridade por Faixa Etária e Gênero
Gráfico H.2
+7

Referências

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