• Nenhum resultado encontrado

Avaliação do desempenho hidráulico de barreiras de proteção ambiental produzidas com solo laterítico arenoso compactado estabilizado quimicamente

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Avaliação do desempenho hidráulico de barreiras de proteção ambiental produzidas com solo laterítico arenoso compactado estabilizado quimicamente"

Copied!
81
0
0

Texto

(1)

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE ENGENHARIA - CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HIDRÁULICO DE BARREIRAS DE

PROTEÇÃO AMBIENTAL PRODUZIDAS COM SOLO LATERÍTICO ARENOSO

COMPACTADO, ESTABILIZADO QUIMICAMENTE

Autor: Rosimeire Aparecida Ventura Ribeiro

Orientador: José Augusto de Lollo

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia - UNESP - Câmpus de Ilha Solteira, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil

(2)

RIBEIRO, R.A.V. Avaliação do desempenho hidráulico de barreiras de proteção

ambiental produzidas com solo laterítico arenoso compactado, estabilizado

quimicamente. Ilha Solteira, 2002, 88p. (Dissertação de Mestrado), Faculdade de

Engenharia de Ilha Solteira – UNESP.

As características de capacidade de percolação de fluidos em camadas de

solos têm sido alvo de muitos estudos que refletem a preocupação do meio técnico em

termos do comportamento destes materiais frente a sua utilização em obras de engenharia.

Tais estudos têm tradicionalmente considerado o efeito desta percolação no comportamento

mecânico dos solos. Recentemente a avaliação das propriedades hidráulicas dos solos

passou a ter um papel fundamental em atividades relacionadas à disposiç ão de resíduos, a

qual pode proporcionar a percolação de fluidos potencialmente poluidores do subsolo. O

uso de qualquer tipo de material, visando à proteção do subsolo, exige, no entanto,

requisitos mínimos para que se tenha um bom desempenho no retardame nto da percolação

e na retenção de elementos potencialmente contaminantes, indicando o uso de materiais

com baixa condutividade hidráulica e boa capacidade de retenção de íons, requisitos que

não são atendidos por qualquer tipo de solo. Essa situação tem l evado à pesquisa de

diversos tipos de camadas compostas (sejam elas obtidas por misturas com solos ou pela

superposição de camadas com diferentes materiais) que atendam às finalidades pretendidas.

Para tanto se avaliou o efeito do uso de estabilizantes quí micos (cal e cimento) na redução

da condutividade hidráulica em um solo laterítico arenoso compactado. Foram feitos

ensaios de permeabilidade à carga variável e com área plena, permitindo concluir que o

material acima mencionado possui baixa condutividade hidráulica, podendo assim ser

utilizado na construção de barreiras de proteção ambiental.

PALAVRAS-CHAVE: Barreiras de proteção ambiental, solo laterítico, estabilização de

(3)

1 INTRODUÇÃO

Os riscos associados à disposição de resíduos constituem atualmente matéria

bastante estudada em todo o mundo. Tal situação tem provocado o disciplinamento, cada

dia mais intenso, desse tipo de atividade.

O desenvolvimento de tecnologias apropriadas e mecanismos legais de

controle não te m sido acompanhado, nos países do chamado terceiro mundo, de um

desenvolvimento sócio -econômico que propicie recursos para a adoção das técnicas mais

adequadas ou de estudos mais profundos visando à produção de tecnologias alternativas,

ocasionando a inviabilização de projetos ou a adoção de técnicas pouco econômicas.

Tal realidade é claramente observada em nosso país quando se analisa a

condição de pequenos municípios, nos quais a falta de recursos (ou sua má administração)

faz com que a destinação fina l dos resíduos não seja feita de forma adequada. Nesse

contexto, torna -se necessário o desenvolvimento de dispositivos de proteção ( liners)

adequados a essa situação.

Por outro lado, as características da maioria dos solos tropicais fazem com

que seu apr oveitamento para esta finalidade prescinda da adição de materiais argilosos de

forma a propiciar um desempenho satisfatório. Esses materiais, no entanto, nem sempre se

encontram disponíveis podendo tornar essa aplicação pouco viável.

Uma forma possível d e sanar essa deficiência seria o desenvolvimento de

barreiras de solos com a adição de outros materiais. Dentre as possibilidades existentes,

acredita-se que o uso de misturas solo -cal e solo -cimento possam se constituir numa

alternativa viável, com custos relativamente baixos se comparados às técnicas

“tradicionais” (adição de materiais argilosos e utilização de geotêxteis).

Essa tecnologia, caso se mostre confiável, pode ser de grande utilidade para

pequenas comunidades interessadas em desenvolver siste mas de disposição final de

resíduos urbanos com custos relativamente baixos.

Os resultados obtidos com o presente trabalho indicam que tal tecnologia

apresenta grande potencial de uso, proporcionando significativa redução na permeabilidade

do material com o uso de solo arenoso com baixo custo e aplicação técnica que não requer

(4)

2 OBJETIVOS

Os objetivos pretendidos, com o presente trabalho, foram:

(1) preparar camadas solo-cimento e solo -cal compactadas de forma a testar

seu desempenho em termos de condutividade hidráulica compatível com

o aproveitamento do material em barreiras de proteção ambiental,

considerando-se diferentes teores de cimento e cal;

(2) avaliar o desempenho hidráulico através de ensaios de permeabilidade à

carga variáv el e com área plena com água destilada, levando -se em

consideração o tempo das diferentes misturas utilizadas em função de

diferentes condições de exposição do material e diferentes teores de

aditivo em massa;

(3) avaliar também esta permeabilidade com o esgot o afluente e efluente

como fluidos de percolação no ensaio com área plena;

(4) propor critérios técnicos de produção de barreiras selantes com esses

(5)

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 LINERS

3.1.1 Definição

O termo liner é normalmente utili zado para designar camadas de baixa

permeabilidade, constituídas de materiais naturais, artificiais ou a combinação de ambos, e

que têm como objetivo proteger as vizinhanças da percolação de fluidos. Esses dispositivos

são utilizados em diversos tipos de o bras como canais, reservatórios, diques, lagoas de

rejeito, lagoas de tratamento de resíduos e aterros sanitários (LEITE, 1997).

Essas barreiras, quando utilizadas para o controle da infiltração de fluidos

contaminantes, têm a função de retardar ao máxim o o transporte do contaminante, de forma

que este não atinja as águas naturais, ou, caso o faça, seja com uma concentração tão baixa

que sua ação possa ser considerada inócua (LEITE, 1995).

A vulnerabilidade das águas subterrâneas por contaminação é, já de algum

tempo, uma grande preocupação para o homem. A disposição inadequada de resíduos pode

ser uma das causas mais freqüentes desta contaminação do subsolo, em função da

percolação destes contaminantes no meio circundante.

Com o objetivo de retardar a migração de tais soluções, tem sido pesquisadas

e desenvolvidas técnicas de construção de revestimentos ou barreiras de proteção ( liners)

formadas da combinação entre materiais naturais, artificiais ou a combinação de ambos.

Tais barreiras devem apresen tar, como requisito fundamental, baixa

permeabilidade, de forma a controlar e até mesmo impedir parcialmente, que contaminantes

venham a atingir recursos hídricos evitando prejuízos ao meio ambiente.

O termo liners refere -se a camadas aplicadas à base, l aterais e coberturas

superficiais em lagoas, aterros sanitários e reservatórios que servem para prevenir a

poluição do ambiente circundante devido à percolação de poluentes. Também podem ser

utilizadas para prevenir perdas econômicas de fluidos armazenados , reduzir poro -pressão

(6)

A escolha do tipo de liner é influenciada: (1) pelo uso a que se destina, pois

se pode esperar que ocorram efeitos diversos durante os processos de interação de

diferentes contaminantes e solos, que dependerão da natureza química do fluído percolador;

(2) pelo o ambiente físico no qual o mesmo será inserido (condições geológicas,

geoquímicas, topográficas, pedológicas, ecológicas, climáticas, e a natureza da ocupação da

área devem ser todos conhecidos e quantificados); (3) pelo material a ser tomado como

matéria-prima do liner; a taxa de infiltração e a vida útil do projeto (FOLKES, apud LEITE

2000).

3.1.2 Classificação

Segundo BOFF (1998) as classificações de liners mais conhecidas são as de

VIRARAGHAVAN (1987), DANIEL (1993) e ROWE (1988).

3.1.2.1 Classificação de Viraraghavan (1987, apud Boff, 1998)

Este autor classifica os liners segundo os materiais comumente usados na

sua confecção, que podem ser de materiais naturais ou obtidos de síntese.

i) Origem natural:

Solo compactado;

Concreto;

Emulsões asfálticas;

Solo-cimento;

Membranas de bentonita;

(7)

ii) Sintéticos:

Polietileno clorosulfurado (Hypalon);

Cloreto polivinílico (PVC);

Polietileno (PE);

Polietileno clorado;

Borracha butílica;

3.1.2.2 Classificação de Daniel (1993, apud Boff, 1998)

DANIEL (1993) classifica os liners em três grupos, porém sempre

destacando a presença de materiais argilosos em sua composição:

Liners argilosos naturais;

Liners argilosos compactados;

Liners argilosos geossintéticos.

3.1.2.3 Classificação de Rowe (1988)

Segundo ROWE (1988) os liners podem ser classificados em cinco

categorias:

Depósitos argilosos naturais;

Liners argilosos compactados;

Paredes de isolamento

Depósitos rochosos naturais; e

Coberturas sintéticas, incluindo geomembranas, jateamento de asfalto,

(8)

3.1.3 Especificações para a Construção de Liners

Não existe atualmente norma ou proced imento brasileiro voltado para a

construção de liners, necessitando-se, portanto, recorrer a algumas normas internacionais, e

a partir destas, fazer adaptações, levando -se em consideração as diferenças que existe entre

os solos europeus e norte-americanos com os solos brasileiros.

Segundo BRANDL (1992, apud BOFF, 1999), um liner deve atender às

seguintes exigências: (1) minimizar a ação de contaminantes; (2) possuir alta capacidade de

adsorção e retardamento dos contaminantes; (3) apresentar elevada resistência a substâncias

químicas e aos processos erosivos; (4) ter habilidade natural de autodepuração; (5) possuir

boa flexibilidade; (6) apresentar baixas taxas de expansão e contração.

Para QUIGLEY et al (1987, apud BOFF, 1999) para que um liner tenha um

bom desempenho é necessário que apresente as seguintes características: (1) espessura de 1

a 1,5m, quando construído em área destinada à disposição de para resíduos domésticos, e

de 3 a 4m para aplicação em áreas de disposição de resíduos industriais; (2) coeficiente de

permeabilidade (k) entre 10 -9e 10 -10m/s; (3) sua condutividade hidráulica não deve

aumentar quando o mesmo estiver sob a ação dos fluidos potencialmente contaminantes;

(4) devem limitar o fluxo efluente às vizinhanças da área, para não contaminar o entorno.

Com relação à espessura destas barreiras não há concordância entre os

diversos autores que discutem o assunto. GOLDMAN et al (1998, apud BOFF, 1999)

documentaram em diversas regulamentações nos Estados Unidos, o intervalo de 60 a

360cm como a espessura mínima exigida.

Para JESSBERGER (1995, apud BOFF, 1999), se um liner de 100cm de

espessura for construído em 4 camadas de alta qualidade, ou seja, com baixa

permeabilidade e boa união entre elas, os efeitos de variação espacial das co ndutividades

hidráulicas podem ser compensados.

Ainda segundo JESSBERGER (1995, apud BOFF, 1999) as condições para

que um sistema de liners seja considerado adequado, proporcionando qualidade e segurança

(9)

Requisitos Propriedades que devem Influências Específicas

ser inspecionadas do Local

Impermeabilidade Permeabilidade Gradiente hidráulico

Coeficiente de difusão Quantidade de contaminante solúvel (1) Concentração de contaminante em solução (2)

Tipo de contaminante(3) Temperatura

Capacidade de retenção (1), (2), (3) Tipo de argila

Sensibilidade do sistema a imperfeições

Zona de alta permeabilidade

Deformação ou ressecamento Cargas de soterramento

Estabilidade Resistência ao cisalhamento Influências Mecânicas:

Forças resultantes da deformação Forças resultantes de cargas de soterramento

Coesão (valores de residual e Forças resultantes dos procedimentos

não residual ) Construtivos

Resistência Resistência à lixívia Influências Químicas: tipo e composição da lixívia

Resistência ao gás duração da exposição Influências Térmicas Resistência à temperatura temperatura alta/baixa

Resistência hidráulica Influências Hidráulicas:

forças resultantes dos movimentos da água

Resistência à exposição clima e hidrogeologia do local

Figura 1 – Condições para que um sistema de liners seja considerado adequado segundo

JESSBERGER (1995), modificado de BOFF (1999).

Segundo a norma britânica o material a ser utilizado requer ensaios

(10)

seguintes critérios: (1) espessura mínima de 1m; (2) permeabilidade inferior a 10 -9m/s; (3)

variação comprovada do teor de umidade da mass a específica seca; (4) índices de

plasticidade consistentes, isto é, limite de liquidez e índice de plasticidade não devem

ultrapassar a 90% e 65%, respectivamente.

Na Alemanha, as leis federais e estaduais estipulam as condições básicas

para a contenção de resíduos perigosos e urbanos. A seguir são apresentadas as normas

aplicadas ao revestimento de base e às coberturas finais de aterro:

Nos liners para aterros de resíduos perigosos são previstas as seguintes exigências:

1. Deve haver solo abaixo do liner com espessura mínima de 3m, k ≤10-7m/s, no mínimo

com 10% de argila em peso. O nível de água deve situar -se no mínimo a 1m da base do

aterro;

2. O elemento inferior do sistema de liner combinado consiste de 1,5m de solo

compactado em camadas de 250mm, com permeabilidade de 5x 10-10m/s;

3. Instalada acima desse solo, e em contato com esse, deve existir uma camada de

polietileno de alta densidade, de espessura mínima de 2,5mm;

4. A geomembrana deve ser adequadamente protegida, o que se encontra especificado no

seu certificado de garantia;

5. A drenagem do material percolado deve ser de no mínimo 300mm de espessura e k ≤

10-3m/s, sobre toda extensão.

Nos liners para aterros de resíduos perigosos são previstas as seguintes exigências:

6. Deve haver solo abaixo do liner com espessura mínima de 3m, k ≤10-7m/s, no mínimo

com 10% de argila em peso. O nível de água deve situar -se no mínimo a 1m da base do

aterro;

7. O elemento inferior do sistema de liner combinado consiste de 1,5m de solo

compactado em camadas de 250mm, com permeabilidade de 5x 10-10m/s;

8. Instalada acima desse solo, e em contato com esse, deve existir uma camada de

polietileno de alta densidade, de espessura mínima de 2,5mm;

9. A geomembrana deve ser adequadamente protegida, o que se encontra especificado no

(11)

10. A drenagem do material percolado deve ser de no mínimo 300mm de espessura e k ≤

10-3m/s, sobre toda extensão.

Nos liners para aterros de resíduos urbanos (Classe I e Classe II) são previstas as seguintes exigências:

Classe I (resíduo de baixo grau):

1. O liner deve ter uma camada mínima de 0,50 m de solo compactado e permeabilidade

mínima de 5x10-10m/s;

2. Uma camada de proteção adequada deve separar a barreira do sistema de coleta de

chorume, com espessura mínima de 300 mm e k mínima de 10-3m/s.

Classe II (resíduo de médio grau, ou resíduo urbano):

1. O liner deve ser o mesmo que o aplicado aos resíduos perigosos, definindo apenas do

solo compactado que deve ter 750 mm de espessura, em vez de 1,5 m.

3.1.4 Características dos Materiais Usados

Os materiais para serem usados na construção de liners devem apresentar

características que garantam seu bom desempenho como tipo de solo, capacidade de troca

catiônica, PH e permeabilidade (ELSBURY, apud LEITE, 2000).

3.1.4.1 Tipo de Solo

As car acterísticas do solo podem influenciar na qualidade do liner

produzido. Segundo LEITE (2000) os requisitos básicos a serem atendidos são boa

trabalhabilidade, gradação e expansividade no desempenho de um liner construído com

(12)

A trabalhab ilidade do material influencia na execução do liner, como

hidratação, homogeneização do material no campo. Argilas de alta plasticidade requerem

esforços maiores para o seu processamento e compactação em liners de baixa

permeabilidade.

A gradação do solo é importante para manter as características necessárias

sugeridas na especificação, e ainda influencia na trabalhabilidade do material e

permeabilidade do mesmo.

A expansibilidade influencia na permeabilidade do material. Em solos

altamente expansivos e xiste a suspeita de que a expansão não confinada induziria o

desenvolvimento de fissuras elevando a permeabilidade do material.

3.1.4.2 Capacidade de Troca Catiônica

A capacidade de troca catiônica (CTC) descreve a eficácia com que um

material fixa ion s que estão presentes em solução em contato com ele e substitui tais ions

por outro tipos de íons contidos em sua composição. A substituição dos cátions trocáveis

envolve cátions associados a sítios de carga negativa nos sólidos de solos argilosos através

de grandes forças eletrostáticas.

Tais reações de troca iônica podem ocorrer em vários constituintes do solo,

isto é, argilominerais e frações do solo não argiloso. Para a seleção dos íons a serem

trocados em uma superfície carregada em solos argilosos deve-se considerar a presença de

misturas de eletrólitos e o tamanho dos íons.

O número de cátions trocáveis substituídos também depende da

concentração dos íons em solução. Por exemplo, se uma argila contendo cátions de sódio

Na+for substituído pelos í ons de Ca++em solução, a substituição pode ocorrer até que um

certo percentual de equilíbrio na troca iônica deixe inativo o sódio e mantenha o cálcio

(YONG et al, apud BOFF, 1998).

Os íons trocáveis possuem esferas de hidratação variáveis que influenci am a

expansão e a contração dos solos à medida que varia o teor de umidade (LEITE, 1996).

(13)

com superfícies de carga fixadas, onde a CTC é medida pela substituição do t odos os

cátions naturais por um outro cátion.

3.1.4.3 pH

O pH influencia na retenção de materiais pesados nos solos. O material

percolante no campo consiste de quantidades e espécies variadas de metais pesados e outros

tipos de contaminantes, apresentando diferentes níveis de pH em momentos variados.

YONG & PHADUNGCHEWIT (1993, apud BOFF, 1998) apresentam

resultados indicando que o desempenho de atenuação do material é sensível ao pH do

percolado e ao esforço competitivo entre os metais pesados presentes na mesma.

Segundo LEITE (1997) à medida que quantidades crescentes de ácidos são

adicionadas aos solos, como se espera que ocorra nas condições de campo, as quantidades

de metais pesados retidos dependerão do pH da solução do solo, que se associa di retamente

à capacidade de tamponamento do referido solo. Uma mudança nas características do solo

resulta numa correspondente mudança do mecanismo dominante de retenção dos metais

pesados no mesmo.

WAREHAM et al, (1988) apresenta resultados usando percola dos com três

pHs diferentes (7,9; 10,1 e 12,4) percolando uma barreira de areia/bentonita observando

que a variação do pH contribuiu significativamente para a passagem da mistura do estado

plástico para o viscoso, promovendo assim uma variação do arranjo d o material e

proporcionando variação na condutividade hidráulica.

3.1.4.4 Permeabilidade

A permeabilidade das rochas e solos pode ser entendida como a habilidade

para transmitir um fluido, dependendo de vários fatores físicos, como porosidade, tamanho,

distribuição, forma e arranjo das partículas do meio.

Em geral, para materiais inconsolidados onde o fluido percolante é a água, a

permeabilidade varia com o tamanho das partículas que constituem a fase sólida, assim

(14)

valores enquanto materiais com granulometria mais grosseira (como areias e cascalhos)

mostram valores mais altos.

3.1.5 Materiais Usados em Liners Compostos

Uma característica fundamental na escolha do material a ser usado na

construção de liner é sua baixa permeabilidade. Tal requisito tem proporcionado o estudo e

desenvolvimento de materiais compostos (confeccionados com solo associado a outros

materiais) impulsionando pesquisas para solucionar problemas locais.

Assim, alguns pesquisadores têm trabalhado com compostos de solos

arenosos ou areias puras com a adição de argilas conseguindo condições adequadas de

condutividade hidráulica para uso dos materiais como liners (LO, et. alii.,1996;

WAREHAM et. al., 1998; TASU -DON & VESILIND, 1998; e FODGE & BAUMAN,

1999).

Também têm sido testados compostos compactados com solo e asfalto (AL

-HOMOUD et. al.; 1996) e de solo com tiras de pneus (TABBAAA & ARAVINTHANB,

1998). Tais tipos de compostos têm mostrado bo as condições em termos de condutividade

hidráulica, porém uma forte tendência ao desenvolvimento de fissuras.

Nos últimos anos tem sido bastante comum também o uso de barreiras

compostas de solos e geossintéticos (CAZAUX & DIDIER, 2000; LAKE & ROWE, 2000 ;

e SHAKELFORD et. alii., 2000). Tais compostos apresentam bom desempenho hidráulico

a princípio, porém com o passar do tempo surgem problemas relativamente sérios de

durabilidade pela deterioração dos materiais geosstintéticos devido a reações químicas e

elevação da temperatura no interior das células de aterro.

O uso de camadas de solo estabilizado com cimento tem se mostrado

também uma boa opção, especialmente quando se trata de solos de textura tipicamente

argilosa, os quais apresentam valores naturai s de condutividade relativamente baixos

(SULLIVAN et. alii, 1998; e SANCHEZ et. alii., 2000).

Outra opção também testada com solos de textura argilosa é a adição de cal a

(15)

mecânico do solo (BELL, 1996; LOCAT et. al., 1996; OMIDI et. alii., 1996; e REID &

BROOKES, 1999).

3.1.6 Pesquisas com Solos Lateríticos no Brasil

Vários pesquisadores brasileiros têm testado o desempenho de liners

produzidos com solos lateríticos arg ilosos no Brasil. BOSCOV et alii, (1999a e 1999b) ao

avaliar os mecanismos de migração de contaminantes em barreiras de solos argilosos

lateríticos compactados verificaram que tal tipo de barreira apresenta bom potencial de

utilização prática.

RITTER, et . al. (1999) estudaram o potencial de retenção de materiais

produzidos com argila natural (80% de caulim comercial e 20% de bentonita) mostrando a

influência da salinidade do meio no transporte de soluções.

Ainda com solos lateríticos argilosos ANDERSON & HEE, (2000)

evidenciam o efeito da compactação na redução do gradiente hidráulico neste tipo de solo.

Considerando-se o uso de misturas de solos lateríticos (argilosos e arenosos)

em diferentes percentagens visando seu uso como liner BOFF, (1999) e BOF F &

PARAGUASSU, (1999) avaliaram os mecanismos de migração de soluções nos materiais.

LEITE, PARAGUASSU & ZUQUETTE (1998) e LEITE &

PARAGUASSU, (1999) avaliaram os mecanismos de migração de soluções em liners

produzidos com misturas de dois latossolos, u m arenoso e outro argiloso, com diferentes

percentagens relativas.

3.2 ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS

3.2.1 Definição

O solo é considerado como suporte de uma obra e como material de

construção, pois ele próprio é muitas vezes usado na construção de obras, co mo em aterros,

barragens, pavimentos de rodovias e aeroportos. Nesses casos, o solo deverá satisfazer a

(16)

Quando estas especificações não são atendidas, o solo a ser usa do poderá ser

submetido a um tratamento adequado para que venha a apresentar as características e

propriedades que permitam sua utilização.

Em qualquer caso, o que se pretende é aumentar a resistência do solo, o que

se consegue atuando no ângulo de atri to interno ou na coesão, ou em ambos. Os valores

desses parâmetros dependem, principalmente, de três fatores: granulometria, compacidade e

umidade.

A granulometria interfere através das frações grossa (pedregulho e areia) e

fina (silte e argila) do material. A primeira entra como elemento inerte, contribuindo para o

atrito interno e, a segunda, como elemento aglutinante influindo na coesão.

A compacidade desejável pode ser obtida por compactação, melhorando a

qualidade do solo, não só quanto à resistên cia, mas também nos aspectos: permeabilidade,

compressibilidade e absorção de água.

O efeito da umidade influencia predominantemente na coesão dos solos,

evidenciando a importância da fração fina do solo sobre o seu comportamento.

Para CAPUTO (1987), em problemas de pavimentação pode -se agrupar os

tipos de estabilização de solos em duas categorias: estabilização mecânica e estabilização

por adição de aglutinantes.

Na estabilização mecânica, a granulometria do solo é conservada ou

corrigida pela mistu ra com um ou mais materiais, antes da compactação, procurando -se

assim aumentar a coesão ou o ângulo de atrito interno, ou ambos os parâmetros.

Na estabilização por adição de aglutinantes, junta -se ao solo uma substância

que aumente a sua coesão ou que o impermeabilize, impedindo a diminuição da sua

resistência pela ação da água. Com a primeira finalidade, emprega -se o cimento, a cal ou

produtos betuminosos; com a segunda, as resinas, os produtos betuminosos ou químicos. A

estabilização de solos com cimen to e cal são exemplos da estabilização com adição de

(17)

3.2.2 Solo-Cimento

O solo -cimento é produto resultante da mistura íntima de solo, cimento

portland e água que, compactados ao teor ótimo de umidade e sob a máxima densidade, em

proporções previamente estabelecidas, adquire resistência e durabilidade através das

reações de hidratação do cimento (ABCP, 1986).

O solo -cimento é classificado em duas categorias: solo -cimento plástico

(SCP) e solo -cimento compactado (SCC). No SCP a água d eve ser adicionada até que se

obtenha um produto de consistência plástica, de aspecto similar ao de uma argamassa de

emboço. Para o caso do SCC a água deve ser adicionada em quantidade suficiente, de

modo a possibilitar a máxima compactação e a ocorrênci a das reações de hidratação do

cimento.

A conceituação do solo -cimento teve origem em Sallsburg no ano de 1917.

A utilização do cimento como agente estabilizador de solos teve início nos EUA em 1916,

quando foi empregado para solucionar problemas causado s pelo tráfego de veículos de

rodas não pneumáticas.

A primeira obra no Brasil em solo -cimento foi no ano de 1945, quando

construída uma casa de bombas para abastecimento das obras do aeroporto de Santarém no

Pará, com 42 m2.

Desde então, o solo -cimento teve grande aceitação, passando a ser utilizado

na construção e pavimentação de estradas de rodagem e vias urbanas, construção de

aeroportos e acostamentos, revestimento de barragens de terra e canais de irrigação,

fabricação de tijolos, pavimentação d e pátios industriais e de áreas destinadas ao

estacionamento de veículos, construção de silos aéreos e subterrâneos, construção de casas

e pavimentação de estábulos, além de muitas outras aplicações (SEGANTINI, 2000).

Os tijolos e blocos de solo -cimento constituem uma das alternativas para a

construção de alvenaria. Esses elementos, após pequeno período de cura, garantem

resistência à compressão simples similar à dos tijolos e blocos cerâmicos, sendo a

resistência tanto mais elevada quanto maior for a qua ntidade de cimento empregada; esta,

no entanto, deve ser limitada a um teor ótimo que confira ao material curado a necessária

(18)

Para a fabricação de tijolos e blocos de solo -cimento usa -se basicamente

uma mist ura constituída de solo, cimento e água, devidamente prensada. A prensagem é

feita em moldes e a forma variada destes possibilita produzir diversos tipos de elementos.

Os elementos fabricados são estocados em uma área para cura e mantidos úmidos, porém

são saturados, por um período nunca inferior a 7 dias (ABCP, 1985).

O solo -cimento compactado em paredes monolíticas constitui uma das

alternativas de construção habitacional. A parede de solo -cimento, executada conforme as

recomendações, garante resistênc ia à compressão simples e choques mecânicos da mesma

ordem de grandeza que as de alvenaria convencional.

Tanto os tijolos e blocos quanto às paredes monolíticas de solo -cimento

apresentam vantagens em relação ao sistema convencional como: podem ser prod uzidas

com o próprio solo local e no canteiro de obras, reduzindo o custo de transporte; a

regularidade das formas, a planeza e a lisura de suas faces requerem argamassa de

assentamento e de revestimento de espessura mínima e uniforme, e até mesmo dispensa r o

uso de revestimento, desde que protegidos da ação direta da água, sendo, portanto,

recomendáveis para paredes com elementos à vista; dispensa mão -de-obra especializada e

além de ser um produto que não agride o meio ambiente, pois sua fabricação dispens a a

queima (ABCP, 1985).

De acordo com SEGANTINI (2000), o solo -cimento é um material com

potencial para ser usado em fundações diretas para obras de pequeno porte, desde que se

observe alguns cuidados em locais com solos colapsíveis.

O emprego de solo-cimento como revestimento ou proteção do paramento de

montante de uma barragem de terra, de um dique ou de um reservatório não implica em

modificações nas condicionantes técnicas de projeto dessas estruturas. È pacífico, no

entanto, que a impermeabilidad e, a resistência aos esforços mecânicos, a coesão e a baixa

erodibilidade do solo -cimento acrescentam significativa melhoria na estabilidade do

(19)

3.2.3 Fatores que Influem nas Propriedades do Solo-Cimento

Como regra geral pode -se afirmas que as propriedades mecânicas dos solos

melhoram com a adição de cimento e com o processo de compactação da mistura, porém

alguns fatores influenciam nas propriedades do solo -cimento. Os fatores principais,

segundo SILVEIRA (1966) são tipo de so lo, teor de cimento, teor de água, compactação e

mistura.

3.2.3.1 Tipo de Solo

O tipo de solo a ser estabilizado é o fator mais importante a ser considerado.

Teoricamente, qualquer solo poderia ser estabilizado com cimento. Do ponto de vista

prático, imposições de ordem econômica e vinculadas a trabalhabilidade, limitam a faixa de

solos estabilizáveis, onde o teor de cimento é o fator condicionante. De um modo geral o

custo de fabricação do solo -cimento aumenta com o teor de argila ou grau de argilosid ade

do solo (SILVEIRA, 1966).

O Highway Research Board mantém como especificação geral o seguinte:

diâmetro máximo dos grãos de 3” (7,5 cm), porcentagem que passa na peneira 4 ( 4,76 mm)

> 50%, porcentagem que passa na peneira 40 ( 0,42 mm) > 15%, porce ntagem que passa na

peneira 200 ( 0,074 mm) < 50%; limite liquidez < 40% e limite de plasticidade < 18%.

A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) divide os solos em

três tipos: os solos arenosos e pedregulhosos com cerca de 10 a 35% da fração s ilte mais

argila e são considerados os mais favoráveis à estabilização com cimento; solos arenosos

deficientes em finos, que são considerados tão bons quanto os anteriores, apenas havendo

mais dificuldades quanto à compactação e acabamento e os solos silto sos e argilosos que

apresentam dificuldades na pulverização.

O Quadro 2 apresenta um resumo dos principais critério de seleção de solos

para estabilização com cimento, segundo a granulometria dos mesmos.

Assim, os solos economicamente empregáveis na e xecução do solo -cimento

(20)

execução difíceis. Poder -se ia dizer que, em condições ideais, estaria o solo com 15% de

silte mais argila, 20% de areia fina, 30% de areia grossa e 35% de pedregulho.

Segundo SEGANTINI (2000) a existência de grãos de areia grossa e

pedregulhos é benéfica, pois são materiais inertes e tem apenas a função de enchimento e

isso favorece a liberação de quantidades maiores de cimento para aglomerar os grão

menores.

Os solos devem apresentar um teor mínimo da fração fina, onde experiências

tem demonstrado que quando os solos possuem um teor de silte mais argila inferior a 20%,

não se consegue uma resistência inicial que propicie a sua compactação.

Outros fatores que influenciam nas propriedades do solo -cimento estão

relacionados: ao teor de matéria orgânica, que deve ser limitado a 2% no máximo, pois sua

presença proporciona redução na resistência do solo -cimento; e a presença de certos tipos

de sais, principalmente os sulfatos, que são prejudiciais pelo fato de provocarem a

recristalização nos poros da mistura, produzindo a desagregação do solo -cimento

(SILVEIRA, 1966).

Autor Teor de

areia (%)

Teor de silte (%)

Teor de argila

(%)

Teor de silte+argila

(%)

Limite de Liquidez

CINVA (1963) 45 a 80 - - 20 a 55

-ICPA (1973) 60 a 80 10 a 20 5 a 10 -

-MERRIL (1949) > 50 - - -

-MAC (1975) 40 a 70 <30 20 a 30 -

-CEPED (1984) 45 a 90 - <20 10 a 55 45 a 50

Figura 2 – Critérios para a seleção de solos quanto a granulometria, modificado de

SEGANTINI (1994).

3.2.3.2 Teor de Cimento

Os teores usuais de cimento variam entre 5% e 15%, apesar de terem sido

utilizados com sucesso misturas com 4% e em outros casos, devido a circunstâncias

(21)

De acordo com o CEPED (1986, apud SEGANTINI, 1994), a quantidade de

cimento a ser utilizada na dosagem deve ser feita em função das características do solo, do

teor de umidade e da densidade a ser obtida no processo de compactação.

Os critérios para dosagem do solo -cimento tem em vista a sua aplicação

como elemento de base para pavimentos rodoviários e aeroportuários (SEGANTINI, 2000).

A quantidade de cimento a ser incorporado ao solo depende das características que se

pretende do material resultante.

Na determinação do teor de cimento, os estudos são dirigidos no sentido de

garantir a coesão quando o solo -cimento é solicitado, tanto pela ação do tráfego, como

pelos esforços provenientes das variações de tempera tura e de umidade, pois dois grãos de

solo fortemente unidos pelo cimento, uma vez separados, não voltam mais a apresentar a

mesma coesão.

A ABCP dispõe de uma Norma Geral e de uma Norma Simplificada de

Dosagem. A Norma Geral de Dosagem procura determin ar o teor de cimento capaz de

garantir à mistura a permanência de suas características melhoradas.

A determinação do teor de cimento, segundo SILVEIRA (1966), pode ser

feita através de ensaios de durabilidade ou de resistência à compressão simples de am ostras

moldadas em laboratório.

A dosagem é feita experimentalmente, onde diferentes teores de cimento são

empregados nos ensaios, e a análise dos resultados indica o menor teor capaz de estabilizar

o solo sob a forma de solo-cimento (ABCP, 1986).

A N orma Geral de Dosagem de Solo -cimento, segundo a ABCP pode ser

resumida nas seguintes operações:

a) identificação e classificação do solo;

b) escolha do teor de cimento para o ensaio de compactação;

c) execução do ensaio de compactação do solo-cimento;

d) escolha dos teores de cimento para o ensaio de durabilidade;

e) moldagem de corpos de prova para ensaio de durabilidade;

f) execução do ensaio de durabilidade por molhagem e secagem;

(22)

A determinação da quantidade adequada de cimento fundamenta -se na

análise do comportamento de corpos de prova com diferentes conteúdos de cimento.

Segundo a ABCP (1986), a melhor maneira de fixar os teores de cimento

para os ensaios é a comparação do solo em estudo com outros já ensaiados, levando -se em

consideração a granulometria, os índices de consistência, a origem geológica, a coloração, a

região de coleta e a profundidade da amostra.

Segundo ABCP (1986) para solos com os quais não se tenha experiência

antes, a F igura 3, elaborado pela Portland Cement Association (PCA), indica o teor a ser

adotado no ensaio de compactação.

Classificação do solo segundo a

AASHTO (M 145)

Teor de cimento em massa

(%)

A1-a 5

A1-b 6

A2 7

A3 9

A4 10

A5 10

A6 12

A7 13

Figura 3 – Teor de cimento para o ensaio de compactação.

A ABCP (1986) apresenta, ainda, mais dois quadros, onde estabelece teor de

cimento médio requerido por solos arenosos não orgânicos para o ensaio de durabilidade,

sendo um para solos arenosos não orgânicos e o outro para solos siltosos e argilosos.

O tempo de duração dos ensaios, principalmente os de durabilidade que

levam, segundo SEGANTINI (2000), 40 dias para apresentarem resultados, é a

desvantagem que a Norma Geral de Dosagem apresenta. Portanto, a PCA, baseada na

correlação estatística obtida nos resultados de ensaios de durabilidade e de resistência à

compressão simples aos 7 dias com 2438 solos arenosos, apresentou um método

simplificado para a dosagem de solo -cimento a qual pode ser resumida nas seguintes

operações:

(23)

• ensaio de compactação de solo-cimento;

• determinação da resistência à compressão simples aos sete dias; e

• comparação entre a resistência média obtida aos sete dias e a res istência admissível para o solo-cimento produzido com o solo em estudo.

Segundo a ABCP (1986), o fundamento desse método, comprovado pelos

ensaios realizados, é a constatação de que um solo arenoso, com determinada granulometria

e massa específica aparente seca máxima, irá requerer, de acordo com o critério da perda de

massa no ensaio de durabilidade, o mesmo teor de cimento indicado por este ensaio, desde

que alcance resistência à compressão, aos sete dias, superior a um determinado valor

mínimo, estabelecido estatisticamente na série de ensaios de comparação realizada.

O procedimento, daí resultante, foi materializado em ábacos de fácil e direta

utilização. O uso desse método restringe -se a solos que contenham no máximo 50% de

partículas com diâmetro inf erior a 0,05 mm (silte mais argila) e no máximo 20% de

partículas com diâmetro equivalente inferior a 0,005 mm (argila) (SEGANTINI, 2000).

3.2.3.3 Teor de Umidade

A presença de água no solo -cimento é necessária para hidratar o cimento,

melhorar a traba lhabilidade e facilitar a compactação. A quantidade de água presente na

mistura tem efeito considerável sobre a resistência e peso específico (TESORIERE, apud

FILHO, 1989).

A quantidade de água a ser adicionada à mistura de solo e cimento é a

suficiente para lhe conferir uma densidade máxima e garantir a pega do cimento, ou seja,

uma umidade ótima que é função, basicamente, do tipo de solo e do método de

compactação.

3.2.3.4 Compactação

Segundo FREIRE (1976), o termo compactação do solo refere -se à p rática

de, artificialmente, aplicar sobre ele cargas dinâmicas, com a finalidade de aumentar a sua

(24)

é influenciado pelo teor de umidade do solo e pela sua natureza (gr anulometria e

propriedades físicas), bem como pela energia de compactação empregada; em menor grau,

depende, ainda, da temperatura do solo e da água.

Os ensaios de compactação consistem na moldagem de corpos de prova

(CP), com a variação da quantidade d e água para cada CP, para que possa ser construída

uma curva (umidade x densidade), definindo, assim, os parâmetros “densidade aparente

máxima” e a correspondente “umidade ótima” para aquela mistura.

A densidade aparente máxima é alta quando se situa na faixa de 2,0 a

2,32g/cm3, expresso em termos de peso seco em estufa, e, baixa, quando varia de 1,36 a

1,60g/cm3; um teor de umidade ótima baixo coincide com a densidade aparente máxima

alta e está em torno de 8%, enquanto que um teor de umidade ótima alto coincide com a

densidade aparente máxima baixa que está por volta de 20%.

A densidade aparente máxima de um solo dá informação da sua

granulometria; a umidade ótima, sobre o teor de silte e argila; a forma da curva de

compactação complementa com informa ções valiosas mostrando a influência da umidade

sobre a capacidade de suporte do solo (PORTLAND CEMENT ASSOCIATION, apud

FREIRE, 1976).

O solo -cimento trabalhado à umidade ótima correspondente à densidade

máxima nem sempre produz material com máxima res istência. Este fato se deve a variação

do tamanho das partículas constituintes do solo, apresentando assim maior ou menor

superfície específica, onde uma mesma quantidade de água seria insuficiente ou excessiva

para a hidratação do cimento (MATEOS et alii, apud FREIRE, 1976).

A mistura solo -cimento com solo argiloso é mais sensível à variação da

umidade do que o executado com solo arenoso. Para se obter solo -cimento de alta

qualidade FREIRE (1976) sugere que para solos argilosos e siltosos, a mistura de s olo e

cimento seja compactado a uma umidade de moldagem igual ou superior à ótima (1% a

2%), enquanto que, para solos arenosos, a umidade de moldagem deve ser igual ou

(25)

3.2.3.5 Características da Mistura

A homogeneidade das características do solo -cimento em seu todo

dependerá, em grande parte, de se assegurar uma boa mistura entre o solo e o cimento, bem

como da água, posteriormente. É fácil entender que, quanto melhor a distribuição, tanto do

cimento como da água, na massa de solo a ser estabilizado, tanto mais se evitará ou se

atenuará a formação de bolsões mais fracos (quer por falta de cimento, quer por falta de

pega).

Para se ter uma idéia da importância da mistura, basta mencionar que os

resultados de campo raramente ultrapassam 85% dos resultados conseguidos em laboratório

com os mesmos materiais e a mesma dosagem, apenas com a diferença de ser a mistura em

laboratório bem mais eficiente que no campo.

3.2.4 Comportamento das Misturas Solo-Cimento

O solo -cimento é usado, normalmente, como base de estradas de rodagem,

sendo dimensionado como pavimento flexível, garantindo, assim, vida útil de 15 a 20 anos,

e é um material mais elástico que o concreto convencional, porém não tão resistente.

Todavia, isso não impede que, quando dosado convenientemente, o solo -cimento produza

uma base com resistência suficiente para atender às solicitações de um tráfego normal

(FREIRE, apud SEGANTINI, 2000).

A durabilidade do solo -cimento é, antes de tudo, função da ligação

estabelecida entre as partículas do solo pela hidratação do cimento, tendo ARMAM &

SAIFAN (1967, apud SEGANTINI, 2000) verificado que esse fenômeno depende ainda da

forma e tamanho das partículas, onde as de silte arredondadas e uniformes, originárias de

depósitos fluviais, produzem um solo-cimento de pequena durabilidade e baixa resistência.

FREIRE (1976) acrescenta que, de acordo com JOHNSON (1962), canais

revestidos com SCC apresentavam -se em boas condições de uso após quatro anos de sua

execução e, do mesmo m odo, canais revestidos com SCP mostravam -se quase em perfeitas

(26)

SEGANTINI (1994), utilizando um solo A4, realizou ensaios de compressão

simples em corpos de prova de SCC e de SCP. Os ensaios seguiram, para os c orpos de

prova de SCC, as prescrições das normas brasileiras que tratam da moldagem de corpos de

prova para esta finalidade.

Os resultados dos ensaios de compressão simples mostraram que o material

apresenta resistência suficiente para ser aplicado em elementos de fundação, principalmente

em estacas moldadas in loco, e que sua resistência não é comprometida com o tempo.

De acordo com LEVY & HELENE (1996, apud SEGANTINI, 2000), a cura

é um conjunto de operações ou procedimentos adotados para se evitar a evaporação da água

de amassamento e hidratação do cimento presente nas regiões superficiais do material. A

cura, em condições adequadas, tem como objetivo: impedir a perda de água de hidratação

do cimento; controlar a temperatura do material, até que se a lcance o nível de resistência

desejado; e suprir água extra para as reações de hidratação.

3.2.5 Solo-Cal

Como já citado anteriormente, a literatura refere -se à estabilização de solos

com cal como uma prática milenar, havendo referências de que tenha si do utilizada pelos

romanos para a construção de bases e sub -bases de pavimentos, juntamente com um

material denominado pela área de materiais de construção civil como “pozolana”.

Apesar das facilidades deste método de estabilização, o mesmo não teve

grande disseminação até a Segunda Guerra Mundial, quando então o Estados Unidos,

passou a ser assunto de interesse de instituições de pesquisa do setor rodoviário, em

particular no Estado do Texas, tomando grande impulso a partir de 1955.

Dentro do setor rodovi ário, o assunto foi desenvolvido mediante pesquisas,

não só com o auxílio das ciências tecnológicas, como também pelas diversas áreas de

apoio, chegando-se internacionalmente, e em particular nos Estados Unidos, à definição de

métodos de dimensionamento e de processos de execução de pavimentos com misturas

solo-cal. Desde então, esta solução tem sido adotada em diversos países, mesmo naqueles

(27)

A estabilização de solos com cal é caracterizada por se processar mediante a

modificação das condições na superfície das partículas do solo, a alteração das condições

do meio e as reações com o possível surgimento de compostos novos. Segundo LIMA

(1981) e ALCÂNTARA (1995) os principais processos químicos atuantes durante o

processo são:

a) Troca de Cátions e Floculação: sabe -se que as partículas do solo são dotadas de

cargas elétricas em suas superfícies, principalmente em decorrência de substituições

isomórficas na estrutura dos argilominerais, ou quebras na estrutura com exposição

de cargas. Geral mente, as cargas superficiais são negativas, em decorrência de

substituições isomórficas, as quais são neutralizadas por íons como o Na +ou o K+,

possíveis de serem substituídos por outros íons positivos, dentro de uma

seletividade natural a partir de algu ns princípios. Quando substituídos pelo íon Ca +

ou Mg+, as partículas assumem uma condição favorável à floculação, havendo o

fenômeno relação com a compressão da dupla camada difusa.

b) Carbonatação: é conhecido no meio técnico como o ciclo da cal. A reação de

carbonatação é o retorno da cal hidratada à condição de carbonato de cálcio, o qual

ocorre com a presença de CO 2. Cabe salientar que o tipo de cimento formado é

fraco, razão pela qual o efeito da carbonatação não é desejável no processo.

c) Reações pozolâ nicas: são compreendidas como aquelas que ocorrem entre os

materiais inorgânicos e o hidróxido de cálcio Ca(OH) 2, formando compostos

insolúveis mesmo sob condições de imersão, análogos aos obtidos na hidratação de

cimento Portland. O solo, em função de sua constituição mineralógica, tem um grau

de pozolanicidade, conforme a variação de seus constituintes, sendo o termo

“reação pozolânica” adotada para explicar as reações que possivelmente ocorrem

(28)

3.2.6 Parâmetros que Influenciam na Estabilização Solo-cal

A eficiência da estabilização solo -cal depende essencialmente de alguns

fatores, a saber:

a) A Classe de Solo: considerando solos do Estado de Illinois, Estados Unidos,

THOMPSON (1966) destaca alguns aspect os importantes na estabilização,

dentre os quais podem ser citados:

- os solos com argilominerais do grupo das montmorilonitas apresentam as

maiores reatividades solo-cal;

- os solos com pH acima de 7 apresentam boa reatividade solo -cal, enquanto que

a presenç a de carbono orgânico é indício de possível ocorrência de retardo de

reações;

- os parâmetros de classificação dos solos (porcentagem de fração de argila, limite

de liquidez, índice de plasticidade) não são indicativos da reatividade solo-cal;

- todos os solos calcários se apresentam bem reativos à cal;

- não está bem definida a correlação entre a capacidade de troca catiônica (CTC)

do solo e a reatividade solo-cal.

b) Tipo e Teor de Cal: segundo LIMA (1981) o tipo de cal não influencia

grandemente no processo de e stabilização de solos, enquanto outros relatam

experiências que contrariam esta concepção. Quanto ao teor de cal, de modo

geral, o ganho de resistência mecânica das misturas solo -cal é limitado por um

teor do aditivo, sendo este teor dependente do tempo de cura, para cada tipo

particular de solo.

c) Condições de Cura: para LIMA (1981) e PINTO (1985) o ganho de resistência

das misturas solo-cal é lento, resultantes de reações pozolânica. Estas podem ser

influenciadas por aceleradores de reação, dentre os quais pode -se citar a

(29)

3.2.7 Propriedades das Misturas Solo-Cal

Os solos tratados com cal podem sofrer alterações significativas nas suas

propriedades, conforme a idade da mistura, sendo estas alterações percebidas no seu

desempenho como material de construção. Os principais efeitos advindos do processo, cuja

descrição pode ser encontrada em LIMA (1981), BAUER & CARVALHO (1990), PINTO

& BOSCOV (1990), FERRAZ (1994), ALCÂNTARA (1995) e ALCÂNTARA & LOLLO

(1999) são:

a) Modificações nas Condições de C ompactação: De modo geral, postula -se que a

umidade ótima de compactação nas misturas solo -cal cresce, e a massa

específica aparente seca resultante diminui, com relação às propriedades do solo

em seu estado natural. Este efeito é crescente com teor de cal.

b) Modificações nos Limites de Atterberg: Tem -se verificado que a adição de cal

promove a diminuição do limite de liquidez de solos muito plásticos, e o

concomitante aumento do limite de plasticidade, reduzindo então o índice de

plasticidade dos solos.

c) Variações Volumétricas: A cal promove diminuição significativa da expansão

dos solos. Este efeito é crescente com o teor de cal até determinado teor,

considerado como ótimo para esse fim.

d) Permeabilidade: Em decorrência de uma possível floculação e modificação da

estrutura do solo para uma condição mais granular, devem ocorrer aumentos no

volume de vazios do solo, favorecendo desta forma a permeabilidade. Porém

deve-se levar em conta o tempo de cura, pois durante o processo, em razão da

cimentação promovida, red uz o volume de vazios e, consequentemente, a

(30)

3.3 PERMEABILIDADE DOS SOLOS

O conhecimento do comportamento do fluxo de água no interior dos solos é

de suma importância para a correta avaliação, entre outras coisas, da influência deste flu xo

no comportamento mecânico dos solos nas condições de infiltração do mesmo e no possível

fluxo de contaminantes.

A seguir apresenta -se uma descrição sucinta deste comportamento baseada

em pesquisa bibliográfica. Descrições mais detalhadas podem ser enco ntradas em FREEZE

& CHERRY (1979); TODD (1980); HAMILL & BELL (1986); e ABRH (1991).

O solo possui uma fase sólida representada pelas partículas minerais e outra

fluida composta por água e/ou ar. A fase fluida ocupa os vazios entre as partículas sólidas

que compõem o esqueleto do solo.

Quando este fluido é a água, a mesma pode se apresentar basicamente de

duas formas no solo dependendo das características texturais e mineralógicas do mesmo.

Nos solos grossos devido à menor intensidade das forças de s uperfícies dos

minerais a água fica livre entre as partículas sólidas, permanecendo em equilíbrio estático

ou fluido, sob a ação da gravidade, isto quando da disponibilidade de uma carga hidráulica.

Já nos solos finos, a presença de argilominerais com fo rças de superfície de

grande intensidade propicia a formação de uma camada de água adsorvida, que poderá estar

sujeita a pressões muito altas, em função das forças de atração existente entre as partículas.

Próximo às partículas, essa água pode se encon trar solidificada, mesmo à

temperatura ambiente, e, à medida que vai aumentando com a distância, a água tende a

tornar-se menos viscosa, graças ao decréscimo de pressões.

Esses filmes de água adsorvida propiciam um vínculo entre as partículas, de

forma que lhes confira uma resistência intrínseca chamada coesão verdadeira. O resto da

água existente nesses solos se encontra livre, podendo fluir entre as partículas, quando

existe um potencial hidráulico disponível.

A maior ou menor facilidade que as partíc ulas de água encontram para fluir

(31)

3.3.1 Percolação de água nos solos

Uma massa de solo é formada por partículas de vários tamanhos, dispostas

de uma forma tal que os vazios formados por elas são contínuos, permitindo que um fluido

percole dos pontos de maior energia para os de menor energia. A permeabilidade pode ser

definida como a propriedade do solo que permite que fluidos se movimentem através de

seus vazios interligados.

A água percola no interior do solo através dos canais formados pela

interligação dos vazios (fluxo laminar). Em termos macroscópicos o caminho de percolação

(trajetória, linha de fluxo ou de percolação) é indicada pela reta AB, enquanto em termo s

microscópicos a trajetória é definida pelo segmento MN, indicando o canal formado pelos

vazios do solo Figura 4. A retificação do caminho MN para AB é devida a dificuldades

práticas.

A medida da permeabilidade de um solo é feita através do coeficiente de

permeabilidade (k), introduzida por Darcy, e utilizando um fluxo unidirecional.

✁✄✂ ☎✝✆

✁✟✞✆✟✞ ✁✟✞✆✟✞

(32)

3.3.2 Lei de Darcy

Uma solução exata da equação que governa o fluxo subterrâneo é

virtualmente impossível de ser encontrada. A enorme complexidade apresentada pelos

canais de escoamento torna inviável qualquer tentativa nesse sentido. Essa dificuldade é

contornada pela adoção de valores médios nas variáveis hidráulicas e nas propriedades do

meio poroso.

Das grandezas mais conhecidas, a pressão e a massa específica mantêm o

mesmo significado dado na hidromecânica. O conceito de velocidade, entretanto, é

diferente do tradicional, isto é, taxa de variação do deslocamento em relação ao tempo.

Velocidade da água subterrânea ou velocidade Darcy é fluxo volumétrico definido pelo

volume escoado por unidade de tempo.

A velocidade Darcy é um fluxo macroscópico, definido em um elemento

representativo de área total. A Figura 5 mostra a água fluindo por um cilindro cheio de

areia, onde a velocidade Darcy (q) pode ser estimada através da própria definição, isto é,

volume de água recolhido por unidade de área e por unidade de tempo. Assim:

Outra velocidade, chamada velocidade de percolação (v) é definida como a

descarga por unidade de área de vazios. Assim:

A velocidade de percolação representa a velocidade média dos elementos de

fluido através dos vazios do meio poroso. Dependendo da natureza do problema estudado, a

adoção de uma ou outro velocidade poderá alterar substancialmente o valor dos resultados.

A Q t A

V q a =

∆ ∆ = φ φ q A Q v= =

(33)

✠ ✡☛ ☞✍✌ ✎ ✏✒✑ ☛ ✓ ✔ ✎✍✕✡☞ ✖ ✑✗ ☛ ✡✑☞ ✘✙✚ ✠ ✡☛ ☞✍✌ ✎ ✏✜✛ ✎ ✡✎ ✑ ✢✣ ☞✣ ☛✥✤ ✦ ✖ ✕✡☞ ✣ ☞ ✧ ☞ ★✣ ☞ ✗✥✖✎✍✕☛ ✏✍✛ ✎✩✕

Figura 5 – modelo básico da Lei de Darcy.

Um volume elementar de água subterrânea está submetido a forças devidas a

pressão e a gravidade. Estas duas força s são chamadas de ativas porque são responsáveis

pelo movimento da água subterrânea. Também existem forças resistivas desenvolvidas

quando a água está em movimento.

A água escoa a um taxa constante pelo elemento mostrado na Figura 6.

Tomando-se uma linha de fluxo na qual está sendo analisado o balanço de forças na direção

l, tem-se que:

Após simplificações e reconhecendo que senδ= dz/dl, segue-se que:

O lado esquerdo da equação acima é a força resistiva por unidade de volume

de fluido; dp/dl é a componente na direção l da força por unidade de volume de fluido

devida a pressão; ρg dz/dl é a componente na direção l da força por unidade de volume de

fluido devida a gravidade. A força F é proporcional à velocidade Darcy quando o

escoamento é viscoso.

F dAdl g dA dl dl dp p dA

pφ −( + )φ =(ρ φ )senδ +

(34)

F

g Ø dA dl

( + dp dl) Ø dA dl dz dl ØdA l z dA

meio poroso com porosidade Ø

Figura 6 – escoamento da água num elemento de solo.

Um melhor entendimento dos fatores que controlam o atrito, quando as

forças resistivas predominam sobre as forças ativas, pode ser encontrado através da análise

de três casos simples:

Num escoamento em tubo capilar de raio R. A relação entre as forças ativas

e a velocidade média v é a seguinte:

Onde µé a viscosidade dinâmica do fluido e l a coordenada medida ao longo do

tubo.

Num escoamento de uma película fina de espessura d sobre uma superfície a

velocidade média v está relacionada com as forças ativas da seguinte maneira:

Num escoamento entre duas placas paralelas separadas por uma distância b a

(35)

Relacionando as equações (5) e (7) e usando a equação (4), chega -se a

seguinte equação:

Onde C é uma adimensional dependente da forma dos canais de escoamento,

d✰é uma dimensão característica de domínio do fluxo e v é a velocidade média de escoamento (velocidade Darcy).

Na realidade, o escoamento de um elemento de fluido em um meio poroso é

extremamente tortuoso, razão pela qual o comprimento percorrido por esse elemento de

fluido é muitas vezes maior do que a distância macroscópica entre dois pontos. Portanto, os

efeitos da tortuosidade no movimento de um elemento de fluido estão incluídos nos

parâmetros d e C.

FazendoC/d= k e chamado k de permeabilidade intrínseca do meio poroso (tem a dimensão de área L✱), e resolvendo a equação pela velocidade q, tem-se:

A equação (9) aplica-se a fluidos com massa específica variável ou constante

e a meio porosos com permeabilidade intrínseca também variável ou constante e a meios

porosos com permeabilidade intrínseca também variável ou constante. Para ap licações em

hidrogeologia, a massa específica pode ser considerada constante. Assim, a equação (9)

pode ser simplificada:

Onde a quantidade entre parênteses é a altura piezométrica h, assim:

✲ ✳ ✴ ✵✶✷ + − = = dl dz g dl dp d q C dAdl F ρ µ

φ 2 (8)

✸ ✹ ✺ ✻✼✽ + − = dl dz g dl dp k q ρ

µ (9)

✾ ✾ ✿ ❀ ❁ ❁❂❃ + − = z g p dl d g k q ρ µ ρ ) 10 ( z g p h= +

(36)

O coeficiente que multiplica a força ativa é chamado condutividade

hidráulicaK:

A condutividade hidráulica é um parâmetro hidrogeológico, com dimensão

L/T, que combina as propriedade do fluido e as propriedades do meio.

Quando a massa específica da água é considerada constante, a altura

piezométrica é a força potencial, com o significado físico de energia por unidade de peso

de fluido. Substituindo as equações (11) e (12) na equação (10), surge uma equação

simplificada da lei de Darcy:

onde: dh/dl é o gradiente hidráulico e q, velocidade de percolação do fluido é Q/A, sendo Q

a vazão e A área da seção perpendicular ao sentido do fluxo.

3.3.3 Fatores que afetam a permeabilidade dos solos

Para facilitar o entendimento de sua influência, os fatores que afetam a

permeabilidade dos solos podem ser di vididos em dois grupos: (1) fatores relativos ao

fluido de percolação; e (2) fatores relativos ao solo.

3.3.3.1 Relativos ao fluido de percolação

Neste caso os fatores mais importantes são a massa específica e a

viscosidade do fluido. Já que estes par âmetros são dependentes da temperatura, o mais

comum é representar o coeficiente de permeabilidade dos solos a uma temperatura padrão

(a temperatura adotada é 20 °C) e os valores de massa específica e viscosidade do fluido

(comumente a água) são corrigidos para esta temperatura.

µ ρg k

K = (12)

dl dh K

(37)

3.3.3.2 Relativos ao solo

Dentre os fatores relativos ao solo os mais importantes são: (1) textura

(relacionada a granulometria da fase sólida e de grande influência principalmente em solos

grossos), (2) índice de vazios (diretam ente proporcional à permeabilidade); (3) estrutura

(quanto mais floculada mais favorece a percolação); mineralogia (a presença de

argilominerais reduz a permeabilidade devido à sua capacidade de fixação da água); e grau

de saturação (o aumento do grau de s aturação condiciona aumento da permeabilidade já

que com a saturação há expulsão de ar dos vazios possibilitando o aumento da percolação).

3.3.4 Obtenção do coeficiente de permeabilidade

O coeficiente de permeabilidade pode ser determinado de diversas formas,

podendo essas técnicas serem divididas em três categorias: métodos diretos, métodos

indiretos e métodos de campo.

3.3.4.1 Métodos Diretos

Por se tratarem de métodos que permitem uma determinação mais precisa do

parâmetro estes métodos são os mais utilizados (principalmente aqueles que lançam mão de

equipamentos denominados permeâmetros). Neste caso são usados dispositivos e técnicas

de ensaio em laboratório que permitem a leitura direta da permeabilidade do solo.

a. Permeâmetro de Carga Constante

Muito empregada para materiais granulares como areias e pedregulhos e

solos de textura mais grosseira esta técnica de ensaio consiste em fazer circular água por

um corpo de prova devidamente preparado e medir o volume de água percolada por

(38)

Como a circulação da água é rápida, já que o material apresenta alta

permeabilidade, a evaporação do água coletada por meio do recipiente na saída do corpo de

prova pode ser considerada desprezível. Uma representação deste esquema experimenta l

pode ser observada na Figura 7.

o

Volume V no tempo t

h2

l

h

L

h

Saída Entrada

horizontal Área A

Figura 7 – permeâmetro de carga constante.

Neste caso o coeficiente de permeabilidade pode ser obtido por:

HAt VL

k = (14)

b. Permeâmetro de Carga Variável

Este ensaio tem aplicação mais ampla que o anterior podendo ser utilizado

para solos finos uma vez que na técnica de medição de fluxo de água pelo corpo de prova o

volume circulado é medido em circuito fechado sem a possibilidade de evap oração, fato

fundamental por se tratar de material de baixa permeabilidade para o qual o ensaio costuma

(39)

Volume dV no tempo dt

h

L

t

h

o

horizontal Área a

Área A horizontal

Figura 8 – permeâmetro de carga variável.

A solução da equação do fluxo para esta condição é:

(

hf hi

)

t

A aL

k

= log (15)

c. Em Ensaio de Adensamento

A técnica basicamente consiste em se acoplar à câmara do ensaio um tubo

similar ao utilizada no ensaio de carga variável e efetuar a medida do volume de água por

intervalo de tempo a cada etapa de carregamento do ensaio, possibilitando a caracterização

da variação do coeficiente de permeabilidade para diferentes níveis de tensão aplicados ao

solo. O ensaio é calculado como num ensaio a carga variável.

d. Em Ensaio Triaxial

Também neste caso acopla -se um tubo à câmara do equipamento (após a

(40)

calculando-se o coeficiente de permeabilidade através da fórmula do ensaio de carga

variável.

A vantagem da técnica é a obtenção do coeficiente de permeabilidade em

diferentes estados de tensão (estados duplos neste caso) sendo possível ainda avaliar o

efeito do confinamento do solo no parâmetro permeabilidade. O ensaio pode ainda ser

realizado com carga constante impondo-se uma velocidade de fluxo de água constante.

3.3.4.2 Métodos Indiretos

Neste caso são utilizadas fórmulas de correlação com ensaios de campo ou

variáveis que descrevem o estado do solo (textura e estrutura) e sua relação com a

circulação de fluidos. Apesar de poderem apresentar grandes imprecisões essas técnicas

apresentam a vantagem de proporcionarem resultados de forma bastante rápida.

A mais comum destas técnicas é a fórmula de Hazen que relaciona k com o

diâmetro efetivo, que representa a fração fina do solo em termos do diâmetro equivalente

que corresponde a 10% do solo retido, e é dada por:

K = C.De2 (16)

onde C é uma constante que varia de 40 a 120 (normalmente 100)

3.3.4.2 Métodos de Campo

A principal vantagem dos ensaios de campo é a possibilidade de ensaiar uma

parcela mais representativa do maciço, porém seu custo às vezes torna a aplicação destes

ensaios mais restrita.

a. Ensaios em Furos de Sondagem

Também chamado ensaio de inf iltração em cavas cilíndricas este grupo de

ensaios pode ser executado de três diferentes formas segundo a técnica de circulação da

(41)

O ensaio de bombeamento é mais apro priado a maciços com

descontinuidades, pois possibilidade a avaliação de um volume mais amplo de material, o

de rebaixamento apresenta uma situação mais uniforme em materiais mais homogêneos na

porção insaturada do perfil, pois a possibilidade de maiores t empos de infiltração tende a

regularizar as vazões e proporcionar melhores resultados, enquanto o ensaio de recuperação

tem melhor aplicação na região saturada do perfil quando se pretende avaliar as condições

de circulação de água em regime mais constante.

b. Ensaios em Cava

Para a determinação da permeabilidade “in situ” das camadas mais

superficiais do perfil do solo pode -se lançar mão do ensaio em cava, no qual se preenche

uma cava de seção vertical trapezoidal, previamente escavada, com água e r egistra-se o

tempo necessário para a infiltração de determinada seção desta cava.

Maiores informações acerca das duas técnicas de campo citadas acima

Imagem

Figura 2 – Critérios para a seleção de solos quanto a granulometria, modificado de SEGANTINI (1994).
Figura 3 – Teor de cimento para o ensaio de compactação.
Figura 4 – caminho de percolação da água no solo.
Figura 5 – modelo básico da Lei de Darcy.
+7

Referências

Documentos relacionados

Assim, propusemos que o processo criado pelo PPC é um processo de natureza iterativa e que esta iteração veiculada pelo PPC, contrariamente ao que é proposto em Cunha (2006)

The Anti-de Sitter/Conformal field theory (AdS/CFT) correspondence is a relation between a conformal field theory (CFT) in a d dimensional flat spacetime and a gravity theory in d +

In this work, TiO2 nanoparticles were dispersed and stabilized in water using a novel type of dispersant based on tailor-made amphiphilic block copolymers of

Este desafio nos exige uma nova postura frente às questões ambientais, significa tomar o meio ambiente como problema pedagógico, como práxis unificadora que favoreça

Através da revisão de literatura e a análise crítica do autor, este trabalho apresenta uma proposta de “estrutura conceitual” para a integração dos “fatores humanos” ao

Para um teor de 10% de pó de coco, os valores do módulo de elasticidade para os compósitos sem aditivos são bem inferiores e apresentam uma variabilidade muito maior do que para os

A NFS está inserida num grupo de farmácias que ajuda a desenvolver vários projetos, bem como disponibiliza vários serviços ao utente e ainda possibilita à farmácia a venda