• Nenhum resultado encontrado

Uso de dados SRTM e plataforma SIG na caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do Braço Norte do Rio São Mateus - Brasil.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Uso de dados SRTM e plataforma SIG na caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do Braço Norte do Rio São Mateus - Brasil."

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Resumo

A delimitaÑ\o de uma bacia hidrogrÈica e sua caracterizaÑ\o morfom$trica s\o procedimentos comumente utilizados em anÈlises hidrológicas e ambientais. O advento e a consolidaÑ\o dos Sistemas de InformaÑões GeogrÈicas (SIG’s) e o apri-moramento na geraÑ\o dos Modelos Digitais de ElevaÑ\o (MDE’s) t_m contribuído, de forma expressiva, no desenvolvimento de metodologias automÈticas para obtenÑ\o de variÈveis morfom$tricas de forma mais eiciente, coniÈvel e com reprodutibilidade cientíica. Nesse trabalho, objetivou-se a geraÑ\o do Modelo Digital de ElevaÑ\o Hi-drograicamente Condicionado (MDEHC) para a bacia hidrogrÈica do BraÑo Norte do rio S\o Mateus, a partir dos dados remotos da miss\o SRTM, visando a obter as características isiogrÈicas da referida bacia. Gerado o MDEHC para a regi\o es-tudada, foram obtidas as seguintes características morfom$tricas: Èrea de drenagem, perímetro, forma da bacia (Kc, Kf), hierarquizaÑ\o dos cursos d’Ègua, densidade de drenagem, densidade de conlu_ncias, declividade m$dia da bacia, altitude m$dia da bacia e declividades do curso de Ègua principal. Após a anÈlise dos resultados obtidos, concluiu-se que as operaÑões espaciais de vizinhanÑa e conectividade, implementadas em ambiente matricial, apresentaram ótimos resultados na obtenÑ\o das características físicas da bacia, de forma rÈpida, coniÈvel e com reprodutibilidade cientíica garantida.

Palavras-chave:MDEHC, CaracterizaÑ\o morfom$trica, rio S\o Mateus e SRTM.

Abstract

The delineation of a watershed and itós morphometric characterization proce-dures are commonly used in environmental and hydrological analysis. The advent and consolidation of Geographic Information Systems (GIS) and the improvement in the generation of Digital Elevation Models (DEMós) have contributed signiicantly to the development of automatic methodologies to obtain explanatory variables in a more eficient and reliable manner, ensuring scientiic reproducibility. The objective of this study was to generate a Conditioning Hydrographic Digital Elevation Model (CHDEM) for the basin of the northern tributary of the São Mateus River, from the SRTM remote data. Generated the CHDEM for the studied area, we obtained the following morphometric characteristics: drainage area, perimeter, shape of the basin

Geociências

Geosciences

Abrahão Alexandre Alden Elesbon

Msc., Professor IFES/Colatina, Doutorando em Recursos Hídricos e Ambientais (DEA/UFV). abrahaoelesbon@hotmail.com

Hugo Alexandre Soares Guedes

Msc., Engenheiro Civil, Doutorando em Recursos Hídricos e Ambientais (DEA/UFV).

hugo.guedes@ufv.br

Demetrius David da Silva

Dr., Professor Associado do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV.

demetrius@ufv.br

Iara de Castro e Oliveira

Graduanda em Engenharia Ambiental da UFV. Bolsista de IC (DEA/UFV). iaracasoli@yahoo.com.br

Uso de dados SRTM e

plataforma SIG na caracterização

morfométrica da bacia

hidrográica do Braço Norte do

Rio São Mateus - Brasil

(2)

(Kc, Kf), prioritization of water courses, drainage density, density of intersections, an average slope for the basin, average elevation of the basin and slope of the main water course. Space operations of neighborhood and connectivity, implemented in a matrix environment, showed excellent results in obtaining the physical characteristics in a fast, reliable manner and with guaranteed scientiic reproducibility.

Keywords:CHDEM, Morphometric characterization, São Mateus River and SRTM.

1. Introdução

Uma bacia hidrogrÈica pode ser entendida como uma Èrea deinida topo-graicamente, drenada por um curso de Ègua ou um sistema conectado de cursos de Ègua, tal que toda vaz\o eluente seja descarregada por uma única saída (Tuc-ci, 2004). Os principais componentes – solo, Ègua, vegetaÑ\o e fauna – coexistem em permanente e din*mica interaÑ\o, respondendo ès interfer_ncias naturais e èquelas de natureza antrópica, afetando os ecossistemas como um todo. Nesses compartimentos naturais – bacia hidro-grÈica –, os recursos hídricos constituem indicadores das condiÑões dos ecossiste-mas, no que tange aos efeitos do dese-quilíbrio das interaÑões dos respectivos componentes (Souza et al., 2002).

Desse modo, as características fí-sicas e bióticas de uma bacia possuem importante papel nos processos do ciclo hidrológico, inluenciando, sobretudo, a iniltraÑ\o, a quantidade de Ègua produ-zida como delúvio, a evapotranspiraÑ\o e o escoamento supericial e subsuperi-cial especíicos para determinado local, de forma a qualiicarem as alteraÑões ambientais (Alves & Castro, 2003).

A delimitaÑ\o de uma bacia hi-drogrÈica $ um dos primeiros e mais comuns procedimentos executados em anÈlises hidrológicas ou ambientais. Para isso, tem sido comum a utilizaÑ\o de in-formaÑões de relevo em formato analógi-co, como os mapas e cartas, o que com-promete a coniabilidade e a reproduÑ\o dos resultados devido è carga de subje-tividade inerente aos m$todos manuais (Cardoso et al., 2006). Com o advento e a consolidaÑ\o dos Sistemas de Informa-Ñões GeogrÈicas (SIG’s) e,

conseqüente-mente, o surgimento de formas digitais consistentes de representaÑ\o do relevo, como os Modelos Digitais de ElevaÑ\o (MDE’s), m$todos automatizados t_m sido desenvolvidos at$ ent\o (Garbrecht & Martz, 1999).

Os SIG’s t_m sido muito utilizados devido è sua lexibilidade e disponibi-lidade, consistindo de sistemas compu-tadorizados, que permitem sobrepor diversas informaÑões espaciais da bacia hidrogrÈica. A informaÑ\o $ armazena-da digitalmente e apresentaarmazena-da visual ou graicamente, permitindo a comparaÑ\o e a correlaÑ\o entre informaÑões. A uti-lizaÑ\o dos SIG’s para o gerenciamento ambiental de bacias hidrogrÈicas envol-ve muitas outras atividades, al$m da ela-boraÑ\o e manutenÑ\o de um banco de dados geocodiicados, de onde s\o reti-radas as diversas informaÑões estatísticas sobre as características da unidade de es-tudo (Pires et al., 2002).

De acordo com ESRI (2010), mode-lar digitalmente uma superfície, de modo consistente, signiica representar o relevo de forma a reproduzir, com exatid\o, o caminho preferencial do escoamento da Ègua supericial observado no mundo real. A utilizaÑ\o de modelos digitais de elevaÑ\o hidrograicamente condiciona-dos (MDEHC), por interm$dio do uso de sistema de informaÑões geogrÈicas, $ fundamental para obtenÑ\o automÈti-ca das automÈti-característiautomÈti-cas morfom$triautomÈti-cas das bacias de drenagem.

Os MDEHC’s gerados a partir de informaÑões de sensores remotos, tal como a miss\o Shuttle Radar Topo-graphy Mission (SRTM), realizada em 2000 a bordo da nave Endeavour, t_m

ganhado relev*ncia por advirem de uma t$cnica rÈpida e acurada de coletar dados topogrÈicos (Rabus et al., 2003). Assim, diversas pesquisas v_m sendo realizadas objetivando-se analisar, comparar e atu-alizar informaÑões de superfície terrestre por meio de dados SRTM (Valeriano et al., 2006; Ludwig & Schneider, 2006; Fredrick et al., 2007; Rennó et al., 2008; Alcaraz et al., 2009; Oliveira et al., 2010).

A extraÑ\o das características mor-fom$tricas a partir de MDEHC’s gerados por meio de dados orbitais tem recebido atenÑ\o considerÈvel e $ reconhecida como uma alternativa viÈvel aos trata-mentos tradicionais e è avaliaÑ\o manual dos mapas topogrÈicos, uma vez que as bacias reduzem o tempo necessÈrio para a geraÑ\o de planos de informaÑões para modelos hidrológicos (Colombo et al., 2007). As vantagens da automaÑ\o s\o a maior eici_ncia e coniabilidade dos pro-cessos, a reprodutibilidade dos resulta-dos e a possibilidade de armazenamento e compartilhamento dos dados digitais. Neste sentido, a utilizaÑ\o de bases to-pogrÈicas obtidas por sensores orbitais representa uma alternativa de grande interesse para suprir a necessidade de intervenÑões manuais na modelagem do relevo.

Diante do exposto, os objetivos do trabalho foram: determinar as caracte-rísticas morfom$tricas comumente em-pregadas em anÈlises hidrológicas e am-bientais para a bacia do BraÑo Norte do rio S\o Mateus por meio de dados SRTM e plataforma SIG e comparar os resulta-dos obtiresulta-dos com trabalhos anteriores, de-senvolvidos para a Èrea em estudo, para validaÑ\o dos procedimentos utilizados.

2. Materiais e métodos

Área de estudo

A regi\o em estudo situa-se a mon-tante da estaÑ\o luviom$trica S\o Jo\o da Cachoeira Grande (código 55850000), pertencente è rede da Ag_ncia Nacional de Águas - ANA e operada pela

Compa-nhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM.

A estaÑ\o estÈ localizada na re-gi\o hidrogrÈica do Atl*ntico trecho Leste, braÑo norte do rio S\o Mateus,

(3)

O MDE utilizado no estudo foi ob-tido atrav$s das imagens SRTM - Shuttle Radar Topography Mission - disponibi-lizadas no site da EMBRAPA (Miranda, 2005), na resoluÑ\o de 90 x 90 m, e com extens\o espacial semelhante ao sistema de articulaÑ\o cartogrÈico utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geograia e

Estatís-tica - IBGE (Figura 2). Segundo Miranda (2005), essas imagens equivalem ès cartas do IBGE na escala de 1:250.000. Foram selecionadas, previamente, as seguintes cartas: SE-24-V-C, SE-24-Y-A, SE-24-Y-B.

O software utilizado para manipu-laÑ\o das imagens SRTM e obtenÑ\o do

MDEHC foi o ArcGIS® 9.3 do ESRI. Na

Figura 1, estÈ apresentada a localizaÑ\o da bacia do rio S\o Mateus, a partir do mosaico das tr_s imagens obtidas. Pode ser identiicado, na igura, o braÑo norte e sul do rio S\o Mateus. Tamb$m pode ser identiicada a posiÑ\o geogrÈica da esta-Ñ\o luviom$trica S\o Jo\o da Cachoeira Grande (55850000).

Obtenção do MDEHC

Figura 1 Localização geográica da bacia do rio São Mateus e do posto luvio métrico (código 55850000) a partir

do mosaico construído com dados SRTM obtidos da EMBRAPA.

Inicialmente projetou-se toda a base de dados para WGS – 1984 – UTM – Zone – 24S, tomando-se o cuidado de transformar todas as c$lulas geradas para o tamanho inteiro de 90 m (aproxi-madamente 3 arcos-segundos). A Èrea de trabalho, tamb$m, foi modiicada, para que n\o houvesse problemas na

continui-dade do trabalho.

Veriicou-se uma inconsist_ncia nos arquivos obtidos do site da EMBRAPA, encontrando-se muitas c$lulas com valo-res “no data”. Estas c$lulas n\o possuem nenhuma informaÑ\o geogrÈica e n\o podem ser deinidas como depressões espúrias (altitudes equivocadas devido

ao processo de interpolaÑ\o ou obtenÑ\o da imagem por sat$lite). Identiicam-se as c$lulas com valores “no data”, utilizan-do-se a ferramenta de anÈlise espacial do software ArcGIS® 9.3 “is null”. Após esse

procedimento, substituíram-se as c$lulas sem informaÑões geogrÈicas por c$lulas com altitude estipulada de 1 metro.

Figura 2 Bacia hidrográica, drenagem

(4)

Após esse procedimento inicial, utilizou-se o conjunto de ferramentas do ArcGIS® 9.3, denominado ArcHydro,

utilizado para geraÑ\o de banco de da-dos hidrológicos e anÈlises espaciais de gest\o de recursos hídricos. No proces-samento do terreno, a seqü_ncia de co-mandos utilizados foi: preenchimento das depressões espúrias (inclusive das c$-lulas acrescentadas com altitude 1m nas regiões de “no data”), criaÑ\o do grid de direÑ\o de escoamento, criaÑ\o do grid de luxo acumulado e criaÑ\o da drena-gem num$rica com acúmulo inicial de 500 c$lulas.

De posse de todos esses grids, de-terminou-se a posiÑ\o do posto luviom$-trico sobre a drenagem num$rica e criou-se a c$lula correspondente è foz, criou-sendo gerada a sua Èrea de drenagem. A par-tir desta primeira delimitaÑ\o da bacia, coniguram-se todas as anÈlises espaciais para essa regi\o, aumentando a agilidade e reduzindo o tempo de processamento do software.

Foi realizada, ent\o, a compara-Ñ\o da hidrograia gerada com acúmulo de 500 e 100 c$lulas com a hidrograia-padr\o do IBGE para a escala utilizada (1:250.000) numa regi\o de cabeceira.

O próximo passo para a construÑ\o do MDEHC foi o ainamento da hidro-graia. Esse procedimento se deve, princi-palmente, è suavizaÑ\o da rede de drena-gem, visando ès veriicaÑões topológicas e è orientaÑ\o da hidrograia no sentido nascente-foz (Marques et al., 2009). A topologia foi realizada a partir da hidro-graia ainada e vetorizada. Algumas re-gras topológicas s\o adicionadas ao tema para evitar incoer_ncias na hidrograia. As regras selecionadas foram: n\o deve haver cursos de Ègua com comprimentos inferiores a tr_s c$lulas do grid (must not have dangles), o rio n\o pode intersectar-se (must not intersectar-self-interintersectar-sect) e a hidrograia deve apresentar trechos contínuos (must not have pseudo-nodes).

Após a veriicaÑ\o topológica, pro-cedeu-se a veriicaÑ\o do sentido de

es-coamento, garantindo-se o escoamento no sentido das nascentes para a foz. Esse procedimento $ bastante interessante, pois detecta, apesar de todo procedimen-to de tratamenprocedimen-to inicial do MDE, escoa-mentos incoerentes e inconsistentes.

Por im, o último procedimento re-alizado para a construÑ\o do MDEHC foi garantir que a hidrograia passasse pela hidrograia reinada (hidrograia de pixels n\o paralelos e largura de apenas 1 pixel), orientada e topologicamente con-sistida. Para tanto, foram utilizados algo-ritmos especíicos do software, onde se aprofunda o grid de elevaÑ\o da hidrogra-ia num$rica para garantir a continuidade do escoamento at$ a foz. Com a hidrogra-ia aprofundada no MDE, refaz-se todo o procedimento de preenchimento de depressões espúrias que porventura pos-sam ter sido geradas, gerando, ent\o, uma nova direÑ\o de escoamento e um novo luxo acumulado. A partir de ent\o pode-se considerar hidrograicamente condicio-nado o modelo digital de elevaÑ\o.

Parâmetros morfométricos

A caracterizaÑ\o morfom$trica da bacia de drenagem foi feita a partir da avaliaÑ\o de variÈveis físicas do relevo e da rede de drenagem. Esses par*me-tros v_m sendo utilizados por diversos pesquisadores para a compreens\o de fenômenos naturais e antrópicos (Colla-res, 2000; Lana et al., 2001; Santos & Sobreira, 2008; Lima Neto et al., 2008).

No presente trabalho, foram ana-lisados os seguintes par*metros: Èrea de drenagem (A) e perímetro da bacia (P), coeiciente de compacidade (Kc), fator de forma (Kf), hierarquizaÑ\o dos cursos d’Ègua (Strahler, 1952), densidade de dre-nagem (Dd), densidade de conlu_ncias (Dc), declividade m$dia da bacia, decli-vidade do rio principal obtida por quatro diferentes metodologias (S1-declividade obtida com base na diferenÑa de nível entre a nascente e a foz; S2- declividade obtida com base no crit$rio de equival_n-cia de Èreas; S3-declividade equivalente constante obtida com base na velocida-de velocida-de velocida-deslocamento da Ègua ao longo do peril longitudinal do curso d’Ègua e S4-declividade obtida considerando apenas o trecho intermediÈrio do curso d’Ègua correspondente a 75% do seu compri-mento), comprimento do rio principal e comprimento total dos cursos de Ègua. É importante ressaltar que todas essas ca-racterísticas morfom$tricas foram

obti-das de forma automÈtica, de acordo com a metodologia descrita por Marques et al. (2009), por meio do MDEHC gerado a partir das imagens SRTM.

A seguir s\o apresentadas, resumi-damente, as contribuiÑões de cada variÈ-vel morfom$trica analisada nesse estudo para anÈlises hidrológicas e ambientais: • Área de Drenagem e perímetro da

ba-cia - fornecem subsídios para avaliaÑ\o do nível de irregularidade que a forma da bacia apresenta.

• Coeiciente de compacidade e coeicien-te de forma - Os coeiciencoeicien-tes de compa-cidade e de forma s\o úteis para indicar a susceptibilidade da bacia è ocorr_ncia de enchentes. Uma bacia hidrograia serÈ tanto mais suscetível è enchentes quanto mais próximo da unidade for o coeiciente de compacidade e quanto menor o valor do coeiciente de forma. • HierarquizaÑ\o dos cursos d’Ègua (no

ordem) - Relete o grau de ramiicaÑ\o ou bifurcaÑ\o da rede de drenagem da bacia, indicando a maior ou menor ve-locidade com que a Ègua deixa a bacia hidrogrÈica, sendo fator indicativo de sua propens\o è ocorr_ncia de cheias. • Densidade de Drenagem e densidade de

conlu_ncias - Indicam a eici_ncia do sistema de drenagem. Quanto maior a densidade de drenagem ou a densidade de conlu_ncias de uma bacia maior a

capacidade dos cursos d’Èguas que a constituem drenarem o escoamento su-pericial diminuindo a possibilidade de ocorr_ncia de enchentes.

• Declividade m$dia da bacia - Fator que inluencia a velocidade de escoa-mento da Ègua sobre o solo e interfere na capacidade de armazenamento de Ègua neste. Quanto mais declivosas as bacias, menor capacidade de armaze-namento supericial. Quanto maior a declividade de uma bacia, mais susce-tível esta serÈ è ocorr_ncia de erosões (Pruski, 2006).

• Declividade do rio principal - A veloci-dade de escoamento de um rio depende da declividade dos canais luviais, sen-do que, quanto maior sua declividade, maior serÈ a velocidade de escoamento. • Comprimento do rio principal e com-primento total dos cursos d’Ègua - Es-ses fatores est\o diretamente relacio-nados com o tamanho da bacia e a eici_ncia do sistema de drenagem res-pectivamente.

(5)

Parâmetros morfométricas

Na Tabela 1, estÈ apresentada a sín-tese dos par*metros morfom$tricos obti-dos para a regi\o em estudo.

A Èrea de drenagem obtida, nesse trabalho, foi de 6.928,74 km² e o períme-tro da bacia foi igual a 665 km. Segundo

Ana (2010), a Èrea de drenagem, para esse posto luviom$trico, $ de 6.732 km², utilizando uma base de dados na escala

Parâmetros Morfométricos Unidade Resultado

Forma da bacia

Área km2 6.928,74

Perímetro km 665

Coeiciente de compacidade - 2,24 Fator de forma - 0,259

Sistema de drenagem

Comprimento do rio principal km 251,01 Comprimento total da hidrograia km 2.540,34

Densidade de drenagem km km-2 0,367

Densidade de conluências conf km-2 0,068

Ordem do rio principal (Strahler) - 5

Relevo da bacia

Declividade média % 21,24 Elevação média m 344,19

Declividade do rio principal

S1 m m-1 0,0028

S2 m m-1 0,0014

S3 m m-1 0,0011

S4 m m-1 0,0020 Tabela 1

Síntese dos parâmetros morfométricos obtidos, para a bacia do rio São Mateus, à montante do posto de monitoramento luviométrico 55850000.

Figura 3 Comparação da hidrograia-padrão IBGE

(vermelha), hidrograia numérica gerada para 500 células acumuladas (azul) e 100 células acumuladas (verde).

3. Resultados e discussão

Obtenção do MDEHC

Na Figura 2, estÈ apresentada a delimitaÑ\o da bacia hidrogrÈica a mon-tante do posto luviom$trico S\o Jo\o da Cachoeira Grande (código 55850000), bem como a hidrograia gerada e veto-rizada.

A veriicaÑ\o bÈsica da consist_ncia hidrológica do modelo digital de elevaÑ\o baseou-se na comparaÑ\o da hidrograia gerada com a disponibilizada pelo órg\o-padr\o cartogrÈico nacional (IBGE), Fi-gura 3, e na delimitaÑ\o precisa da bacia hidrogrÈica.

Observa-se, pela Figura 3, que a hidrograia num$rica gerada $ compatí-vel com a rede de drenagem-padr\o. O

nível de ramiicaÑ\o para 500 c$lulas $ menor que aquele apresentado pelo IBGE e, para 100 c$lulas, $ maior. Optou-se por manter a drenagem num$rica gerada para 500 c$lulas por diminuir o tempo de processamento e por coincidir, de forma mais aceitÈvel, com a drenagem-padr\o.

A comparaÑ\o grÈica com a carta do IBGE foi feita com intuito de sugerir um valor, criterioso, para hidrograia modelada (num$rica) que tenha uma rela-Ñ\o mais próxima com o valor fornecido pela base de dados oicial. Busca-se, na utilizaÑ\o do MDEHC, uma aproxima-Ñ\o com a situaaproxima-Ñ\o “real” para a escala em estudo (~1:250.000). Portanto o valor

ao qual se atribui o início da drenagem num$rica $ um valor complexo, que n\o tem sido adotado, de forma padronizada, pelos pesquisadores. A comparaÑ\o dos resultados obtidos, referentes ao nível de ramiicaÑ\o e drenagem, só poderÈ ser feita caso se respeite esse crit$rio ou se atualize a base de dados oicial visando a uma gest\o de recursos hídricos mais condizente com a realidade.

(6)

do milion$simo. Elesbon (2004) obteve, para a estaÑ\o em anÈlise, valor para a Èrea de drenagem igual a 7.537 km², utilizando a escala ao milion$simo e o traÑado da bacia hidrogrÈica de forma semi-automÈtica (delineada pelo usuÈrio a partir de imagens tridimensionais).

Segundo Vilella e Matos (1975), a tend_ncia a enchentes $ tanto mais acen-tuada quanto mais próximo da unidade for o valor do coeiciente de compacidade e quanto mais baixo for o coeiciente de forma. O Kc obtido para a bacia do rio S\o Mateus foi igual a 2,24, indicando que a mesma apresenta menor propens\o para ocorr_ncia de enchentes no que diz respeito è sua forma. A bacia apresenta Kf igual 0,259, tamb$m indicando me-nor propens\o da mesma è ocorr_ncia de enchentes, uma vez que, quanto maior

o comprimento axial em relaÑ\o è Èrea, menores s\o as chances de ocorr_ncia de enchentes numa bacia.

O comprimento do rio principal e, comprimento total dos cursos de Ègua apresentaram, respectivamente, os valo-res 251,01 km e 2.540,34 km. Elesbon (2004) encontrou, para a extens\o do rio principal e, o comprimento total dos cursos d’Ègua, os valores de 230 km e 974 km, respectivamente, trabalhando na escala de 1:1.000.000. Esse resultado evidencia o efeito de se trabalhar com di-ferentes escalas, principalmente no que se refere ao comprimento total da drena-gem, no interior da Èrea da bacia.

A densidade de drenagem encontra-da para a regi\o em estudo foi de 0,367 km km-2 . Assim, a referida bacia foi

con-siderada como uma bacia hidrogrÈica

mal drenada segundo Vilella e Matos (1975). Elesbon (2004) encontrou, para a regi\o em estudo, densidade de drena-gem de 0,13 km km-2. Deve-se ressaltar

que todas as características relativas è rede de drenagem s\o altamente inluen-ciadas pela escala do mapa utilizado no trabalho.

No presente estudo, constatou-se que a rede de drenagem da bacia, orde-nada pelo m$todo de Strahler, foi igual a 5 e a densidade de conlu_ncias igual a 0,068 conlu_ncias.km-2.

A declividade m$dia obtida, nesse trabalho, foi de 21,24%, que, segundo

EMBRAPA (1999), se enquadra em

relevos fortemente ondulados.

Na Figura 4, estÈ apresentado o peril longitudinal do rio principal com as declividades teóricas S1, S2, S3 ou S4.

Figura 4

Declividades do rio principal (S1, S2, S3 e S4).

O modelo S3 $ aquele que me-lhor representa a declividade do rio, porque leva em consideraÑ\o o tem-po de percurso da Ègua ao longo da extens\o do peril longitudinal. A declividade estimada pelo modelo S3 foi calculada dividindo-se a extens\o

do rio em diversos trechos retilíneos, obtendo-se valor de 0,0011 m.m-1.

Elesbon (2004) obteve, para a regi\o em estudo, uma declividade m$dia do rio principal de 0,0079 m.m-1, mais de

7 vezes superior ao valor encontrado nesse trabalho.

A facilidade, a eici_ncia e a re-produtibilidade dos dados de elevaÑ\o e drenagem a partir do MDEHC, es-senciais para a obtenÑ\o de variÈveis hidrológicas e ambientais, podem ser consideradas as maiores contribuiÑões desse trabalho.

4. Conclusões e recomendações

Os Sistemas de InformaÑões Ge-ogrÈicas (SIG’s) se mostraram uma ferramenta eiciente no que diz respei-to è obtenÑ\o das características físi-cas da bacia, de uma forma simples e automatizada.

A ferramenta auxilia na apresen-taÑ\o dos resultados, sendo fÈcil a com-binaÑ\o de vÈrios mapas, ganho essen-cial na reprodutibilidade dos resultados obtidos.

A drenagem num$rica gerada a partir do MDEHC, para um acúmulo de

500 c$lulas mostrou-se representativa em seu grau de ramiicaÑ\o, comparativa-mente è hidrograia digitalizada a partir da carta topogrÈica do IBGE na escala 1:250.000.

Sugere-se, para uma padronizaÑ\o na modelagem hidrogrÈica, que a base de dados oicial forneÑa, precisamente, a posiÑ\o geogrÈica de todas as nascentes das bacias hidrogrÈicas, para uma me-lhor deiniÑ\o no nível de ramiicaÑ\o das drenagens modeladas.

Foi constatada uma melhoria nos

resultados apresentados nesse trabalho em comparaÑ\o com os resultados obti-dos em trabalhos anteriores. Cabe ressal-tar que a diferenÑa de escala e o proce-dimento totalmente automÈtico foram os principais motivos nos desvios dos resul-tados obtidos.

Recomenda-se a execuÑ\o de ou-tros trabalhos cientíicos em relaÑ\o ès variÈveis morfom$tricas utilizadas para a regi\o em estudo, visando a uma melhor compreens\o desses valores em diferen-tes escalas e resoluÑões.

PERFIL LONGITUDINAL DO RIO PRINCIPAL

S2; 459 S1; 725 S3; 289 121 S4; 482 0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 50 100 150 200 250 Distância (km) E levaç õe s (m )

(7)

5

. Agradecimentos

Os autores agradecem o apoio i-nanceiro concedido pelo Conselho

Na-cional de Pesquisa (CNPq) e pela Funda-Ñ\o de Amparo è Pesquisa do Estado de

Minas Gerais (FAPEMIG), que viabili-zou a realizaÑ\o desse trabalho.

6. Referências bibliográicas

ALCARAZ, S. A. et al. Comparison of methodologies for automatic generation of limits and drainage networks for hidrographic basins. Revista Brasileira de Enge-nharia Agrícola e Ambiental, v.13, n.14, p.369-375, 2009.

ALVES, J. M. P., CASTRO, P. T. A. Inlu_ncia de feiÑões geológicas na morfologia da bacia do rio Tanque (MG) baseada no estudo de par*metros morfom$tricos e anÈlise de padrões de lineamentos. Revista Brasileira de Geociências, v. 33, n. 2, p. 117-127, 2003.

ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Hidroweb - Sistema de Informações

Hi-drológicas. Disponível em: < http://hidroweb.ana.gov.br/>. Acesso em abril de 2010. CARDOSO, C. A. et al. CaracterizaÑ\o morfom$trica da bacia hidrogrÈica do rio

Debossan, Nova Friburgo, RJ. Revista Árvore, ViÑosa-MG, v. 30, n. 2, p. 241-248, 2006.

COLLARES, E, G. Avaliação de alterações em redes de drenagem de microbacias

como subsídio ao zoneamento geoambiental de bacias hidrográicas: aplicação na bacia hidrográica do rio Capivari - SP. S\o Carlos: Escola de Engenharia de S\o Carlos, Universidade de S\o Paulo. 2000, 194f. (Tese de Doutorado).

COLOMBO, R. et al. Deriving river networks and catchments at the European.

Ca-tena, v. 70, p. 296-305, 2007.

ELESBON, A. A. A. Utilização de sistemas de informação geográica na regionaliza-ção de vazões-estudo de caso: bacias dos rios Mucuri, Itaúnas e São Mateus. Vitó-ria: Universidade Federal do Espírito Santo, 2004. 129f. (DissertaÑ\o de Mestrado). EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro

Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classiicação de solos. Rio de Janeiro, 1999. 412p.

ESRI - Environmental Systems Research Institute. Help on line. Disponível em: <http:// resources.esri.com/arcgisdesktop/>. Acesso em abril de 2010.

FREDRICK, K. C. et al. Development of a numerical groundwater low model using SRTM elevations. Hydrogeology Journal, v.15, p.171-181, 2007.

GARBRECHT, J., MARTZ, L. W. Digital elevation model issues in water resources

modeling. ESRI, USERS CONFERENCE, 19., 1999, San Diego. Proceedings…

San Diego: 1999. CD-ROM.

LANA, C. E. et al. AnÈlise morfom$trica da bacia do rio do Tanque, MG - Brasil. Rem: Revista Escola de Minas, v. 54, n. 2, p. 121-126, 2001.

LIMA NETO, R. T. et al. AnÈlise morfom$trica e ambiental da microbacia hidro-grÈica do rio Granjeiro, Crato/CE. Rem: Revista Escola de Minas, v. 61, n. 3, p. 365-369, 2008.

LIMA, W. P. Princípios de hidrologia lorestal para o manejo de bacias hidrográi-cas. Piracicaba, SP: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), 1986. 242p.

LUDWIG, R., SCHNEIDER, P. Validation of digital elevation models from SRTM X-SAR for applications in hydrologic modeling. ISPRS Journal of Photogrammetry & Remote Sensing, v.60, p.339-358, 2006.

MARQUES, F. de A. et al. AQUORA - Sistema multi-usuÈrio para gest\o de recursos hí-dricos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 14, n. 4, Out/Dez, p. 51-69, 2009. MIRANDA, E. E. de (Coord.). Brasil em Relevo. Campinas: Embrapa Monitoramen-to por Sat$lite, 2005. Disponível em: <http://www.relevobr.cnpm.embrapa>. Aces-so: 24 set. 2009.

OLIVEIRA, P. T. S. de et al. CaracterizaÑ\o morfom$trica de bacias hidrogrÈicas atrav$s de dados SRTM. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.14, n.8, p.819-825, 2010.

PIRES, J. S. R. et al. A utilizaÑ\o do conceito bacia hidrogrÈica para a conservaÑ\o

dos recursos naturais. In: SCHIAVETTI, A., CAMARGO, A. F. M. (Ed.).

(8)

PRUSKI, F. F. Conservação de solo e água: práticas mecânicas para o controle da erosão hídrica. ViÑosa: UFV, 2006. 240 p.

RABUS, B. et al. The Shuttle Radar Topography Mission - a new class of digital elevation models acquired by spaceborne radar. ISPRS Journal of Photogrammetry & Remote Sensing, v.57, p.241-262, 2003.

RENNä, C. D. et al. HAND, a new terrain descriptor using SRTM-DEM: Mapping terra-irme rainforest environments in Amazonia. Remote Sensing of Environment, v.112, p.3469-3481, 2008.

SANTOS, C. A. dos, SOBREIRA, F. G. AnÈlise morfom$trica como subsídio ao zo-neamento territorial: o caso das bacias do Córrego Carioca, Córrego do BaÑ\o e Ribeir\o Carioca na regi\o do Alto Rio das Velhas-MG. Rem: Revista Escola de Minas, v. 61, n. 1, p. 77-85, 2008.

SOUZA, C. G. et al. Caracterização e manejo integrado de bacias hidrográicas. Belo Horizonte: EMATER, 2002. 124p.

STRAHLER, A. N. Hypsometric analysis of erosional topography. Bull. Geol. Soc. Am., n. 63, p. 111-1141, 1952.

TUCCI, C. E. M. (Org.). Hidrologia: ciência e aplicação. Porto Alegre: Editora da UFRGS/ABRH, 2004. 943p.

VALERIANO, M. M. et al. Modeling small watersheds in Brazilian Amazônia with SRTM-90m data. Computers & Geosciences, v.32, n.8, p.1169-1181, 2006.

VILLELA, S. M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. S\o Paulo: McGraw-Hill do

Brasil, 1975. 245p.

Imagem

Figura 1 Localização geográica da bacia  do rio São Mateus e do posto luvio métrico (código 55850000) a partir
Tabela 1 Síntese dos parâmetros morfométricos  obtidos, para a bacia do rio São Mateus,  à montante do posto de monitoramento  luviométrico 55850000.

Referências

Documentos relacionados

Os estudos originais encontrados entre janeiro de 2007 e dezembro de 2017 foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão: obtenção de valores de

Assim como aparece no Projeto Pedagógico da Escola da Serra e na Proposta Política Pedagógica do CRSMG, o gosto pela aprendizagem é uma demanda que constitui a posição

No ano lectivo de 2009/2010 deu-se continuidade ao processo de adequação já iniciado, implementando-se novas medidas que visaram a correcção de um conjunto de

A dose a tomar, a frequência e a duração do tratamento deve ser sempre indicada pelo seu médico e vai depender do tipo e da gravidade da doença que tem, bem como da sua idade ou

33 Candidato(a) Alega que Alternativa Correta é a Letra “A” DEFERIDO COM ANULAÇÃO: Ao revisar a questão a mesma deve

As associações a cores, cheiros, sons ou imagens apresentam-se muitas vezes como alavancas para o processo de dissociação do sujeito, afirma McAllister (2000).

A Ecovila Aldeia do Altiplano não possui iniciativas de trabalho e geração de renda para seus membros, uma vez que cada um é responsável por seu sustento e normalmente

Therefore this work aimed to study the role of adult dogs from rural and urban areas in the state of São Paulo, Brazil, in the epidemiology of the influenza virus