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Perfil sociodemográfico e acadêmico de discentes de enfermagem de quatro instituições brasileiras.

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Academic year: 2017

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Revista Gaúcha

de Enfermagem

Perfi l sociodemográfi co e acadêmico de discentes de

enfermagem de quatro instituições brasileiras

Perfi l sociodemográfi co y académico de alumnos

de enfermería de cuatro instituciones brasileñas

Sociodemographic and academic profi le of nursing

students of four Brazilian institutions

Susan Bublitza

Laura de Azevedo Guido b

Raquel Soares Kirchhof c

Eliane Tatsch Nevesd

Luis Felipe Dias Lopese

a Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em

Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (PPGENF/UFSM). Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

b Enfermeira. Doutora em Enfermagem, Professora

As-sociada, Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem. Coordenadora da Linha de Pesquisa Stress, Coping e Burnout, Universi-dade Federal de Santa Maria Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

c Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Especialista

em Urgência, Emergência e Trauma. Professora da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI em Santiago.

d Enfermeira. Doutora em enfermagem pela

Universi-dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Professora da Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

e Estatístico. Doutor em Engenharia de Produção.

Professor Associado do Departamento de Ciências Ad-ministrativas da Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2015.01.48836

RESUMO

Objetivou-se descrever as características sociodemográfi cas e acadêmicas de discentes de Enfermagem de quatro Instituições de Ensi-no Superior brasileiras. Trata-se de um estudo transversal, prospectivo. Os dados foram coletados entre abril de 2011 a março de 2012, por meio de um formulário para caracterização sóciodemográfi ca e acadêmica dos discentes. Incluíram-se alunos matriculados no curso de Enfermagem, com idade igual ou superior a 18 anos. Participaram 705 acadêmicos, com predomínio do sexo feminino, sol-teiros, sem fi lhos, os quais residem com familiares, não praticam esportes e possuem atividade de lazer. Ainda, a maioria dos discentes não participa de grupo de pesquisa, não recebe bolsa acadêmica, não possui vínculo empregatício, estão satisfeitos com o curso e não pensaram em desistir do mesmo. Este estudo poderá tornar-se uma importante ferramenta na elaboração de estratégias que con-templem as demandas dos estudantes e, ainda, melhore a qualidade do processo ensino aprendizagem e diminua o índice de evasão. Palavras-chave: Enfermagem. Estudantes de enfermagem. Instituições de ensino superior. Educação superior.

RESUMEN

Objetivo describir las características demográfi cas y académicas de los estudiantes de enfermería de cuatro instituciones de educación superior de Brasil. Estudio transversal, prospectivo. Los datos se recogieron entre abril de 2011 y marzo de 2012, mediante un formu-lario de las características sociodemográfi cas y académicas de los estudiantes. Incluía a los estudiantes matriculados en programa de enfermería, con edades superiores a los 18 años. 705 estudiantes participaron, en su mayoría mujeres, solteros, sin hijos, que residen con su familia, no hacer deporte y tienen actividad de ocio. La mayoría no participa en el grupo de investigación, no recibe becas académicas, no tiene empleo, están satisfechos con el curso y no están pensando en abandonarlo. Este estudio podría convertirse en una herramienta importante en el desarrollo de estrategias que aborden las necesidades de los estudiantes y también mejorar la calidad del proceso de enseñanza-aprendizaje y disminuir la tasa de deserción escolar.

Palabras clave: Enfermería. Estudiantes de enfermería. Instituciones de enseñanza superior. Educación superior.

ABSTRACT

This study aimed to describe the sociodemographic and academic characteristics of nursing students from four Brazilian Educational Institutions. It is a prospective cross-sectional study. The data were collected between April 2011 and March 2012, through a survey form with questions about sociodemographic and academic characteristics of the students. The participants were graduate students enrolled in the nursing course, aged 18 years or older. 705 students participated, and these were mostly women, single, childless, who lived with their families, did not take part in sport activities and performed leisure activities. Also, most students do not participate in research groups, were not granted scholarships, are not employed, are satisfi ed with the course and do not intend to leave it. This study may become an important tool for the development of strategies that address the needs of students and also improve the quality of the teaching and learning process, reducing dropout rates.

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INTRODUÇÃO

Os países da América Latina têm dado passos importan-tes no sentido de criar, cada vez mais, oportunidades para formar profi ssionalmente seus cidadãos. As vagas de acesso para o ensino superior praticamente dobraram nas últimas décadas e continuam a expandir, bem como o aumento e a diversifi cação de oportunidades para ingresso em diferentes áreas do conhecimento no sistema de ensino superior(1).

Esse crescimento também tem ocorrido no Brasil, por meio da criação de programas e políticas que incentivam a expansão do ensino superior, bem como a democratiza-ção e a universalizademocratiza-ção ao acesso dessas instituições. Den-tre eles, destaca-se o Programa Universidade para Todos (PROUNI), que oferece bolsas de estudos em instituições de ensino superior privadas(2). Em julho de 2007, foi lança-do o Programa de Reestruturação e Expansão das Universi-dades Federais (REUNI), o qual tem como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência na educação superior(3). Somado a esses programas, há a Lei nº 12.711, que institui a reserva de cotas nas universidades federais para alunos ad-vindos das escolas públicas, em especial negros e indíge-nas, com o propósito de diminuir a desigualdade de acesso às universidades públicas, deste segmento da população(4). Nesse sentido, segundo o Instituito Nacional de Estu-dos e Pesquisas Educacionais, no período de 2005 a 2010 houve um aumento de 28% no número de vagas disponi-bilizadas em Instituições de Ensino Superior (IES) brasilei-ras(5). Dentro desta expansão, ocorreu um crescimento no número de cursos de graduação em enfermagem no país, os quais passarram de 106, em 1991, para 799 em 2011, o que representou um crescimento de 754% em 20 anos(6).

A expansão do sistema de ensino superior brasileiro, bem como a ampliação dos cursos de enfermagem, possibilita-ram o acesso aos cursos de nível superior a uma maior par-te da população. Assim, conhecer o perfi l sociodemográfi co e acadêmico dos discentes pode tornar-se uma importante ferramenta na elaboração de estratégias que contemplem as demandas dos estudantes e, ainda, melhore a qualidade do processo ensino aprendizagem e diminua o índice de evasão.

Nesse sentido, a fi m de conhecer o perfi l de discentes que cursam enfermagem, foi realizado esse estudo com o objetivo de descrever as características sociodemográfi cas e acadêmicas de discentes de Enfermagem de quatro ins-tituições de ensino superior brasileiras.

MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo, transversal com abor-dagem quantitativa, desenvolvido em quatro Instituições de

Ensino Superior (IES) brasileiras, três públicas e uma privada, sendo uma da região sul e três da região sudeste do país.

Incluíram-se alunos do primeiro ao último semestre, regularmente matriculados no Curso de Graduação em En-fermagem, com idade igual ou superior a 18 anos. Foram excluídos os discentes que: não estavam matriculados em disciplinas do ciclo profi ssionalizante (específi cas da Enfer-magem); em intercâmbio; que participaram como pesqui-sadores neste estudo e; que não concluiríam o curso por ul-trapassarem o tempo limite de formação de cada instituição. No momento da coleta de dados havia 958 discentes ma-triculados nas instituições em estudo. Desses, foram exluídos: quatro menores de 18 anos; 14 por não estarem matriculados em disciplinas do ciclo profi ssionalizante; 15 em intercâmbio; três por não concluírem a grade curricular no limite de tem-po da instituição; 12 discentes que participaram do projeto como pesquisadores e 108 alunos não atingidos na coleta de dados, o que totalizou 802 discentes aptos a participarem da pesquisa. No entanto, 52 discentes não aceitaram participar do estudo e 45 não devolveram os instrumentos de pesquisa. A coleta dos dados foi realizada por pesquisadores res-ponsáveis em cada instituição e deu-se em salas de aula, em horário previamente agendado com os alunos e pro-fessores e com o consentimento da coordenação do Cur-so de Enfermagem de cada IES. O período da coleta foi de abril de 2011 a março de 2012, de acordo com o cronogra-ma de cada IES, e ocorreu por meio de um Formulário para caracterização sociodemográfi ca e acadêmica dos discen-tes, o qual foi elaborado pelos responsáveis da pesquisa.

Dessa forma, foram abordadas as seguintes variáveis quantitativas: data de nascimento, número de fi lhos, nú-mero de disciplinas no semestre em curso, carga horária semestral e tempo gasto para chegar a instituição. Quan-to as variáveis qualitativas foram abordadas: sexo, situação conjugal, com quem residem, semestre letivo, prática de esporte, atividade de lazer, participação em grupo de pes-quisa, bolsa acadêmica, tipo de bolsa, outro curso superior, trabalha e satisfação com o curso.

Após a coleta dos dados, foi construído um banco de dados em planilha do programa Excel for Windows e os mesmos foram analisados por um estatístico, o qual utili-zou o programa de software Statistical Analysis System (SAS - versão 9.02) e Statistical Package for Social Sciences (SPSS – versão 16). As variáveis qualitativas foram apresentadas em frequências simples (n) e relativas (%). As variáveis quanti-tativas foram expressas em medidas de tendência central (valor mínimo, valor máximo e média) e medidas de disper-são (desvio padrão).

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196/1996), foi disponibilizado aos participantes um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual foi assinado após exposição e esclarecimentos por parte dos pesquisadores acerca da natureza da pesquisa(7).

Este estudo constitui-se em um subprojeto do projeto Estresse, Coping, Burnout, Sintomas Depressivos e Hardi-ness entre Discentes de Enfermagem, aprovado no Comi-tê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Santa Maria sob o CAAE nº 0380.0.243.000-10. Além disso, destaca-se que o artigo originou-se da dissertação enti-tulada “Estresse em discentes de enfermagem de quatro instituições brasileiras”, apresentada ao Programa de Pós--Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)(8).

Salienta-se que o objetivo desse estudo não é deno-minar/identifi car as IES, bem como fazer uma análise deta-lhada por IES, mas sim fazer uma análise geral do perfi l dos acadêmicos de enfermagem das quatro instituições em estudo. Dessa forma, justifi ca-se que não serão descritas as peculiaridades de cada IES.

RESULTADOS

A pesquisa foi constituída por 705 discentes, o que re-presentou 87,9% da população do estudo. A representa-tividade de discentes em relação às instituições privadas foi de 51,6% e instituições públicas 48,4%. Destaca-se, que apesar do estudo ter sido realizado em três instituições pú-blicas e uma privada, o percentual entra o tipo de institui-ção foi semelhante.

Quanto às características sociodemográfi cas dos dis-centes, observa-se na Tabela 1, o predomínio do sexo fe-minino (84,5%), na faixa etária entre 20 e 24 anos (50%), solteiros (76,9%) e sem fi lhos (83,1%). Dos discentes com fi lhos, o número predominante foi de um fi lho (58,8%). Em relação à moradia, 76,4% residiam com familiares.

Entre os discentes, 75,6% não praticam esportes e 60,5% praticam atividades de lazer. Quanto à distribuição dos discentes por ano do curso, verifi cou-se que 30,8% encontravam-se no primeiro ano, 24,3% no segundo ano, 22,1% no terceiro ano e 22,8% no quarto ano.

Observa-se na Tabela 2, que a maioria dos discentes leva de 21 a 40 minutos para chegar à instituição de en-sino (30,6%), não participa de grupo de pesquisa/estudo (71,7%) e não recebe bolsa acadêmica (72,4%). No entanto, dentre os que recebem auxílio fi nanceiro por bolsa, 194 discentes (100%), o tipo de bolsa predominante é de assis-tência (45,1%), ou seja, aquela em que os acadêmicos de-senvolvem atividades assistenciais em Hospital de ensino, sob supervisão dos enfermeiros do serviço.

Na Tabela 3 apresenta-se a distribuição de discentes quanto a atividades laborais extras, se possuem outro cur-so superior e satisfação com o curcur-so.

De acordo com a Tabela 3, a maioria dos discentes não desenvolve nenhuma atividade de trabalho (74,2%), e não possui outro curso superior (96,9%). Em relação à satisfação com o curso, 89,8% referem-se satisfeitos, e 36,8% já pensa-ram em desistir do mesmo.

As variáveis quantitativas da população, com valores mínimos e máximos, média e desvio padrão, estão des-critas na Tabela 4.

Tabela 1. Distribuição da frequência de discentes segun-do caracterização sociodemográfi cas. RS, 2014

Variável N (%)

Sexo

Feminino Masculino

596 (84,5) 109 (15,5)

Total* 705 (100)

Faixa Etária

< 20 20 a 24 25 a 29 > 29

134 (19,1) 351 (50,0) 94 (13,4) 123 (17,5)

Total* 702 (100)

Estado civil

Casado Solteiro Viúvo Outro

116 (16,5) 542 (76,9) 3 (0,4) 44 (6,2)

Total* 705 (100)

Filhos

Sim Não

119 (16,9) 586 (83,1)

Total* 705 (100)

Número de fi lhos

1 2 3 4

70 (58,8) 39 (32,8) 9 (7,6) 1 (0,8)

Total* 119 (100)

Com quem reside

Família Amigo-colega Sozinho

538 (76,4) 116 (16,5) 50 (7,1)

Total* 704 (100)

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Tabela 2. Distribuição dos discentes quanto ao tempo gasto para chegar a instituição, participação em grupo de pesqui-sa/estudo, bolsa acadêmica e tipo de bolsa. RS, 2014

Variável N (%)

Tempo gasto para chegar a instituição

< 20 min 21 a 40 min 41 a 80 min > 81 min

180 (26,3) 209 (30,6) 201 (29,4) 94 (13,)

Total* 648 (100)

Participante de Grupo de Pesquisa

Sim Não

199 (28,3) 505 (71,7)

Total* 704 (100)

Bolsa acadêmica

Sim Não

194 (27,6) 509 (72,4)

Total* 703 (100)

Tipo de bolsa

Assistência Pesquisa Extensão

Programa de Educação Tutorial (PET)

87 (45,1) 39 (20,2) 36 ( 18,6) 31 (16,1)

Total* 193 (100)

Fonte: Dados da pesquisa, 2014. * Total de discentes que responderam ao item.

Tabela 3. Distribuição dos discentes quanto a ter vínculo empregatício, possuir outro curso superior, satisfação com o curso e se já pensou em desistir do mesmo. RS, 2014

Variável N (%)

Trabalha

Sim Não

181 (25,8) 522 (74,2)

Total* 703 (100)

Possui outro curso superior

Sim Não

22 (3,1) 682 (96,9)

Total* 704 (100)

Satisfeito com o curso

Sim Não

628 (98,8) 71 (10,2)

Total* 699 (100)

Já pensou em desistir do curso de enfermagem

Sim Não

259 (36,8) 445 (63,2)

Total* 704 (100)

(5)

A Tabela 4 apresenta os valores mínimos e máximos apresentados pelos discentes, bem como a média e o Des-vio Padrão dos mesmos. Assim, observa-se na Tabela 4 que os discentes cursam em média 6,7 disciplinas, carga horária de 487,2 horas, estudam em média 2,1 horas por dia e de-dicam, em média, 5,7 horas semanais ao grupo de estudo.

DISCUSSÃO

Nesse estudo, verifi cou-se que há predomínio de discen-tes do sexo feminino (84,5%). Esse resultado vai ao encon-tro de outras pesquisas, em que o percentual de mulheres foi superior a 84%(9-10). A Enfermagem caracteriza-se por ser uma profi ssão feminina, pois está relacionada com o seu objeto de trabalho, o cuidado, o qual é historicamente atri-buído como uma característicafeminina. No entanto, já tem se identifi cado um aumento gradual de discentes do sexo masculino. Infere-se que os cursos de Enfermagem passam por transformações, deixando a ideia de uma profi ssão ex-clusivamente feminina, embora ainda predominante(9).

Identifi cou-se um perfi l jovem dos discentes, na faixa etária entre 20 a 24 anos (50%), com idade média de 24,21 anos. Destaca-se que essa faixa etária foi predominante nas instituições em estudo, no entanto a idade média variou de 22 nas instituições públicas para 26,27 nas instituições priva-das. Resultado semelhante foi encontrado em uma pesquisa realizada com discentes de Belo Horizonte, em que prevale-ceram estudantes de 20 a 24 anos(9). A presença de acadê-micos jovens nos cursos de Enfermagem pode estar relacio-nada com o incentivo do governo brasileiro ao ingresso no ensino superior. No entanto, por ser uma população jovem, a escolha da profi ssão pode ser imatura, o que pode oca-sionar maior índice de desistências no decorrer do curso(11).

Verifi cou-se predomínio de discentes solteiros (76,9%) e sem fi lhos (83,1%), dados que vão ao encontro de outras pes-quisas(9,12). Destaca-se que dos 119 discentes com fi lhos, 105

eram das instituições privadas e 14 das instituições públicas. A prevalência de solteiros e sem fi lhos é coerente com a po-pulação jovem do estudo. Atualmente os jovens têm buscado independência e estabilidade fi nanceira e procuram estabele-cer uma união quando se sentem mais seguros e maduros, o que geralmente ocorre com a conclusão dos estudos(12).

Quanto a moradia, 76,4% residiam com familiares. Alu-nos que convivem com a familia, e que possuem uma boa relação com a mesma, têm mais facilidade a adaptarem-se as mudanças que ocorrem ao ingressar no ensino supe-rior. Além disso, a familia oferece apoio social e auxilia nas tomadas de decisões dos jovens, o que pode ser interpre-tado como positivo nessa fase da vida(13). Aliado a isso há a descentralização/interiorização das instituições de ensino supeiror públicas e privadas colocando a disposição dos jovens opções de cursar a educação superior perto de suas casas e, portanto permitindo manter o convívio familiar.

Embora haja um aumento da divulgação dos benefí-cios de se praticar esportes, verifi cou-se que 75,6% dos dis-centes desse estudo não o praticam, mas 60,5% realizam alguma atividade de lazer. A participação em atividades físicas diminui com o crescimento, especialmente do ado-lescente que ingressa na idade adulta. Além disso, o seden-tarismo está relacionado com a tecnologia, uma vez que, quanto mais tecnologia é criada menos tempo as pessoas têm para se dedicarem à manutenção de sua saúde(14).

Quanto à distribuição dos discentes por ano do cur-so, identifi cou-se que 30,8% encontravam-se no primeiro ano, 24,3% no segundo ano, 22,1% no terceiro ano e 22,8% no quarto ano. Verifi ca-se que o percentual de discentes diminui nos dois últimos anos. A evasão dos discentes pode estar relacionada à: imaturidade, desconhecimento ou insufi ciência de informações sobre o curso, difi culdade de adaptação ao meio acadêmico, problemas fi nanceiros, familiares, insatisfação com o sistema de ensino ou, ainda, descontentamento com a profi ssão escolhida(15).

Tabela 4. Medidas descritivas para número de disciplinas que os alunos cursam por semestre, carga horária semestral, horas de estudo diário e tempo dedicado ao grupo de pesquisa/estudo por semana. RS, 2014

Variável Mínimo Máximo Média ± D.Padrão

Número de disciplinas 1 11 6,7 ± 2,9

Carga horária 150 657 487,2± 77,0

Hora de estudo diário 0 10 2,1 ± 1,4

Tempo dedicado ao grupo de

pesquisa/estudo por semana 0 20 5,7 ± 4,9

(6)

Além disso, o maior percentual de discentes nos pri-meiros anos pode estar relacionado ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), o qual foi lançado em julho de 2007 e pos-sui incentivo do governo para a sua contemplação. Nesse sentido, o REUNI tem como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência na educação superior, o que pode estar relacionado com o maior percentual de discentes nos primeiros anos do curso, uma vez que as instituições estão inserindo-se neste programa.

Verifi cou-se que 71,7% dos discentes não participam de grupo de pesquisa/estudo, mas os que participam dedicam em média 5,7 horas de estudo por semana para o grupo. Nesse sentido, um estudo ao identifi car as áreas de interes-se de atuação dos discentes após a sua formação, verifi cou que 5,7% havia interesse em trabalhar na área da pesquisa, enquanto que 52,6% pretendiam trabalhar na assistência(10).

No entanto, destaca-se que os grupos de estudo e pesquisas proporcionam maior vínculo entre o ensino e a realidade vivenciada, além de buscar a cientifi cidade das ações realizadas e incentivar o aprofundamento de leituras sobre o tema, o que pode constituir-se em um diferencial para o futuro profi ssional. Somado a isso, a inserção nos grupos constitui um importante instrumento para o de-senvolvimento da criatividade, na medida em que ocorre a busca de soluções para os problemas encontrados na realidade(16).

Verifi cou-se que 72,4% dos discentes desse estudo não recebem auxílio fi nanceiro por bolsa de ensino, pesquisa, extensão ou dos Programas de Educação Tutorial (PETs). Resultado semelhante encontrado em estudo desenvolvi-do com discentes de uma universidade de São Paulo, em que 26,1% recebiam auxílio de bolsa(17).

No entanto, ao considerar os 194 bolsistas (100%), o tipo de bolsa predominante foi de assistência à saúde (45,1%), ou seja, aquela em que o discente desenvolve atividades assistenciais em Hospital de ensino, sob super-visão dos enfermeiros do serviço. O exercício da bolsa de assistência pode ser interpretado como mais uma alterna-tiva para a aprendizagem do aluno, uma vez que este tem oportunidade de inter-relacionar teoria e prática, estabele-cer vínculo com profi ssionais, conheestabele-cer a realidade em que os sujeitos do cuidado estão inseridos, além de auxiliar no exercício da sua autonomia.

Os estudantes, ao vivenciarem a realidade, também convivem com os confl itos que permeiam as relações construídas no cotidiano, o que pode ser avaliado como estressor pelo discente. Nesse sentido, o período de vigên-cia da bolsa pode ser interpretado como uma importante experiência pré-profi ssional(18).

Evidenciou-se que 74,2% dos discentes não desenvol-vem nenhuma atividade de trabalho. Esse resultado diver-ge de um estudo realizado com discentes de uma faculda-de privada faculda-de Curitiba, em que 70,2% exerciam atividafaculda-de profi ssional(10).

Destaca-se que a média de discentes sem vínculo em-pregatício nas instituições públicas desse estudo foi de 89,1%. Essas instituições oferecem o curso em período inte-gral, o que pode difi cultar a inserção do aluno no mercado de trabalho. No entanto, ao comparar com as instituições privadas, em que o curso é ofertado em período parcial (manhã ou noite), verifi cou-se uma queda nesse percentu-al, em que 60,3% dos discentes não desenvolviam nenhu-ma atividade de trabalho. Esses dados vão ao encontro de um estudo realizado com uma instituição pública e uma privada, em que verifi cou maiores percentuais de discen-tes com vínculo empregatício na instituição privada(19).

Verifi cse que 96,9% dos discentes não possuem ou-tro curso superior, o que pode estar relacionado à população jovem. O percentual de discentes com graduação anterior é semelhante a um estudo desenvolvido em Belo Horizonte, em que 4% dos discentes cursaram outro curso superior(9,20).

Em relação à satisfação com o curso, 89,9% referem-se satisfeitos com o mesmo. A motivação dos estudantes é um dado importante, uma vez que esse infl uencia direta-mente no interesse e no aprendizado do aluno, além de repercutir na avaliação dos estressores. Nesse sentido, a satisfação dos alunos pode estar relacionada com: a satis-fação de ser um estudante de nível superior, o sentimento de pertencer a um grupo de estudantes, a possibilidade de perceber o seu futuro como promissor e a aplicabilidade dos conteúdos desenvolvidos no curso.

No entanto, evidenciou-se que 36,8% dos discentes des-te estudo já pensaram em desistir do curso, dado que pode estar relacionado também à faixa etária, predominantemen-te jovens, e as dúvidas quanto ao futuro profi ssional(11).

Conhecer as características sociodemográfi cas e aca-dêmicas dos discentes de enfermagem pode auxiliar no processo contínuo de avaliação curricular, uma vez que pode contribuir para a elaboração de estratégias que con-templem as demandas dos alunos do curso.

CONCLUSÕES

(7)

foi realizado em duas regiões do país, assim, esses achados não podem ser generalizados.

Assim, esse estudo identifi cou que o perfi l sociodemo-gráfi co dos discentes de Enfermagem caracteriza-se por jo-vens, do sexo feminino, solteiros, sem fi lhos, os quais residem com familiares, não praticam esportes, mas possuem ativi-dade de lazer. Em relação à ativiativi-dade acadêmica, verifi cou--se que a maioria dos discentes não participa de grupo de estudo/pesquisa, não recebe auxílio de bolsa remunerada e não possue vínculo empregatício. Ainda, verifi cou-se que os discentes estão satisfeitos com o curso, o que tem infl uência na qualidade do ensino e no desenvolvimento do aluno, no entanto 36,79% já pensaram em desistir do mesmo.

Destaca-se que esse estudo pode caracterizar-se como uma importante ferramenta para a coordenação e para os docentes de cursos de Enfermagem ao longo do processo de ensino-aprendizagem, uma vez que permite conhecer as características dos seus alunos.

Somado a isso, ter conhecimento sobre o perfi l socio-demográfi co e acadêmico dos discentes de enfermagem pode auxiliar a orientar políticas no campo da educação, bem como propor mudanças nos Projetos Políticos Pedagó-gicos dos cursos e tecer perspectivas sobre o perfi l dos en-fermeiros no mercado de trabalho, uma vez que esses serão os futuros profi ssionais dessa área. Ainda, nessa perspectiva, ao conhecer melhor o contexto no processo de formação, esse estudo poderá auxiliar a propor medidas que atendam as necessidades dos alunos e, assim, diminuir o estresse dos discentes nesse período, o que pode fazer com que ingres-sem no mercado de trabalho com mais prazer e satisfação.

REFERÊNCIAS

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Susan Bublitz

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