(
Rumohra adiantiformis
)
no RS
*Rafael Perez Ribas** Lovois de Andrade Miguel***
Resumo:Estetrabalhorestituiosresultadosdeumapesquisasobrea comercializaçãodesamambaia-preta(Rumohraadiantiformis(G.Forst) Ching),tambémconhecidacomoverdes,queéextraídanaregiãoda EncostaAtlânticadoRioGrandedoSul.Alémdeserconsideradauma dasmaioresregiõesprodutorasdestafolhagemnoBrasil,umnúmero significativodeagricultoresfamiliaresdestaregiãotemnaextraçãodesta espéciesuaprincipalfontederenda.Osresultadosdesteestudopermitem perceberaexistênciadeumaremuneraçãobastantediferenciadaentreos diferentesagentesenvolvidos,salientandoopredomínioderelaçõesde cunhocomercialprecáriaseinformais,eainexistênciaderepresentação eorganizaçãodosatoresenvolvidos.Talsituaçãopodeserimputada,em grandeparte,aocaráterilegaleclandestinodestaatividade,tendoem vistaalegislaçãoambientalvigentenoEstadodoRioGrandedoSul.
*TrabalhoapresentadonoVIIIEncontroNacionaldeEconomiaPolíticaenoXLICongresso deEconomiaeSociologiaRural,em2003.
** Economista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestrando em Economia na Universidade Federal de Minas Gerais (CEDEPLAR-UFMG). e-mail: rpribas@cedeplar.ufmg.br
Palavras–chave:Samambaia-preta;Extrativismo;Comercialização;Mata Atlântica.
ClassificaçãoJEL:L70;Q21;Q58
Abstract:This work shows the results of research on the leather fern (Rumohraadiantiformis(G.Forst.)Ching)tradethatit’sextractedatthe AtlanticSloperegionofRioGrandedoSul.Besidesbeingconsideredoneof thegreatestfernproducingregionsofBrazil,asignificantnumberoflocal familyfarmershaveintheextractionofthisspeciestheirmainincome source.Theresultsofthisstudyallowedustoverifytheexistenceofavery differentiatedcompensationindifferentagentsinvolved,emphasizingthe predominanceofprecariousandinformalcommercialrelations,andthe inexistenceofrepresentationandorganizationoftheinvolvedplayers. Thissituationisaconsequenceoftheillegalandclandestinecharacter ofthisactivity,inviewoftheeffectiveenvironmentallegislationinRio GrandedoSulState.
Keywords:LeatherFern;Extraction;Trading;AtlanticForest.
JELClassification:L70;Q21;Q58.
1. Introdução
AextraçãodefolhagensnaregiãodaEncostaAtlânticadoEstado doRioGrandedoSuléumaatividade,tantonoquetangeaosaspectos econômicoscomosociaiseambientais,derelevanteimportânciaparaa economiadosmunicípiosdeMaquiné,OsórioeCaraá,pontodepartida desteestudo.
AespécieRumohraadiantiformis(G.Forst.)Ching( Dryopteridaceae-Pteridophyta),conhecidapopularmentecomosamambaia-pretaouverde1,
possuiumadistribuiçãogeográficabastanteampla,sendoconhecidaem ambosostrópicosenasregiõestemperadasdosul(MILTON&MOLL, 1988).NoRioGrandedoSulocorrenosmaisdiversosambientes,sendo
1 Conhecida no comércio internacional comoleather fern, leatherleaf fern, pereg, ou
particularmenteabundantenosdomíniosdaFlorestaAtlântica.Estaplanta exibegrandeplasticidadeecológica,podendoocorreremdiversoshabitats (restingas,rochedos,capoeiraseflorestas)ecomdiferentesformasbiológi-cas(terrestres,rupestreseepifíticas)(ANAMA,PGDR-UFRGS,RS-RURAL, 2003).Destaca-sedentreasdemaispteridófitasporsuaimportânciaeconô-mica,sendosuasfolhascomercializadasemnívelmundialparautilização emarranjosdeflores.Asfolhascomercializadassãoobtidas,namaioria dasvezes,atravésdaextraçãodiretaemseuambientenatural.
NaEncostaAtlânticadoRioGrandedoSul(regiãocompreendidapelo LitoralNorte),acoletadasamambaia-pretateveinícionadécadade1970 eintensificou-senasdécadasseguintes,envolvendoumnúmerocrescente defamíliasinviabilizadasdecultivaremsuasáreasagrícolas,sejapelas restriçõesdalegislaçãoambiental2oupeladisponibilidaderestritadeáreas
apropriadasaocultivo(GERHARDT&MIGUEL,2001).Atualmente,estima- seque3milagricultoresfamiliaresdaregiãotêmnaextraçãodasamam-baia-pretaasuaprincipalfontederenda(GERHARDTet.al.,2000).
Seporumlado,aextraçãodasamambaiaéumafontederendafun-damentalparaumnúmerosignificativodeagricultoresfamiliareslocais, poroutrolado,muitopoucoseconhecesobreacadeiadecomercialização destaespécieemsuatotalidade.
Acomplexaproblemáticavivenciadapelosagricultoresfamiliaresex- trativistasdaregiãoengendrou,nosúltimosanos,algunsestudosepes-quisastantodecunhoacadêmicocomodecunhotécnicoporpartedos poderespúblicos,universidadeseorganizaçõesnão-governamentais.En- treosestudosepesquisasatualmenteemrealização,cabesalientaropro-jetomultidisciplinarintitulado“Avaliaçãoetnobiológicaesocioeconômica dasamambaia-preta(Rumohraadiantiformis(G.Forest.)Ching)naregião daEncostaAtlânticadoEstado”(COELHODESOUZAet.al.,2000)3.
2Decreto750de10/02/1993
Inserido na avaliação socioeconômica desse projeto, o estudo de comercializaçãoemquestãotemcomoobjetivoespecíficoanalisaros atoresegruposqueintervêmnacadeiaesuasinserçõesnosdiferentes mercadosesetores,buscandocompreenderasprincipaisrotascomer- ciaiseapontandoascaracterísticaseconômicasdoprodutoedosagen-tesenvolvidos.
Opresenteartigoestáestruturadoemquatropartesdistintas:des-crição das características e dos problemas deste extrativismo no Rio GrandedoSul;delineamentodométodoutilizadoparacoletaeanálise dasinformações;apresentaçãodosresultadosobtidos;e,porfim,uma reflexãosobreacontribuiçãodestapesquisacomvistasàorganização dasrelaçõescomerciaisemtornodasamambaia-preta.
2. Características e Problemas do Extrativismo
NoEstadodoRioGrandedoSul,ondeosremanescentesflorestais daMataAtlânticacobremcercade5,9%daáreatotal,aáreatombada pelaReservadaBiosferadaMataAtlântica(RBMA)eseusecossistemas associadosabrangeumasuperfíciede29.319km2,totalizando10%do
territóriodoEstado.ABaciaHidrográficadoRioMaquiné,naEncosta AtlânticadoLitoralNortegaúcho,foiumadasregiõesselecionadascomo áreaspilotodaRBMA.
Deumamaneirageral,essaregiãotemsidosubmetidaaumintenso processodeextraçãodasamambaia-preta.Trata-sedeumaatividade, queenvolveumaparcelaconsideráveldapopulaçãolocal,sejaatravés dacoleta,doarrendamentodeterras,oudotransporteevendaagrandes centrosconsumidoresnoPaís.
No entanto, a população envolvida em atividades extrativistas é fortementemarcadaporumavulnerabilidadeperantealegislaçãoam-bientalestadualatualmenteemvigor.Segundoalegislação,encontra-se proibidoocomérciodasespéciesnativasdaFlorestaAtlântica4(FEPAM,
2000).Estasituaçãofazdaextraçãodasamambaia-pretaumaatividade instáveleprecária,mantendo-aemsituaçãodeclandestinidade.
NaÁfricadoSul,naregiãodoCabo,proprietáriosdeterrasuprem omercadolocal,desdeadécadade1970,atravésdaextraçãodasa-mambaiadoambientenatural.ApósapermissãodoDepartamentode Florestasdaquelaregiãoparaexploraçãocomercialem4milhectares deflorestasdoEstado,essaatividadeeconômicadesenvolveu-serapi-damente,tornando-seoprincipalprodutodessaregião,caracterizada porumaeconomiadecadente(MILTON&MOLL,1988).NosEstados Unidos,nãoocorrempopulaçõesnaturais,sendoessaespéciecultivada comercialmenteemviveirosirrigados.Amaioriadasfolhasvendidasno mercadoeuropeuéproduzidanoEstadodaFlórida(EUA)(MILTON& MOLL,1988).NoBrasil,grandepartedomercadonacionaléabastecida pelasfolhasextraídasnoRioGrandedoSul,sendotodaselasobtidas atravésdaextraçãodiretaemseuambientenatural.
ODecreto38.355de01/04/98estabeleceasnormasbásicasparao manejodosrecursosflorestaisnativoseprevêolicenciamentoparaa coletadeprodutosousubprodutosflorestaisnãomadeiráveis.Nocasoda extraçãodasamambaia-preta,asuacoletaépassíveldelicenciamento, desdequesejamconhecidosalgunsfundamentostécnicosqueincluem, entreoutrositens,oestudosobreaprodutividadedaespécieexplorada, suademografiaeinteraçõescomoutrasplantas,oimpactoambiental causadopelaatividadeextrativistaeosprocedimentosealternativasque minimizemesseimpacto,alémdoestudodeimpactossócio-econômicos (ANAMA,PGDR-UFRGS,RS-RURAL,2003eFEPAM,2000).
Aoproporcionarmedidasqueasseguremapreservaçãoambiental, a legislação impede que extrativistas, representados em grande parte por pequenos agricultores familiares, possam produzir e assegurar a sua reprodução social no meio rural desta região. Esta situação tem aceleradooprocessodeempobrecimentodestespequenosagricultores, acarretandoaintensificaçãodamigraçãocampo-cidadeedeterminando oesvaziamentodomeioruraldestaregião(GERHARDTet.al.,2000). Asituaçãodeclandestinidadeeimportânciasocialdestaatividadede extraçãotemsuscitadoinclusive,nosúltimosanos,reaçõesporparteda imprensalocaleestadual5.
Contrárioaoqueéveiculadopelosensocomum(imprensaepode-respúblicos),quecolocaaatividadeextrativistaconfrontadacomuma progressivareduçãodosestoquesnaturais,esteprocessoderedução, nocasodasamambaia-preta,tambéméumprocessonaturaleestáre-lacionadocomareduçãododesmatamentonaregião.Algunsestudos etnobotânicosrealizadosapontamqueaRumohraadiantiformiséuma “pioneira”,desenvolvendo-secommaiordensidadeemlocaiscobertos porumavegetaçãoarbustivanãomuitodensa.Emdecorrênciadisto, constata-sequeoprocessoderegeneraçãodaMataAtlânticacontribui paraumaprogressivadiminuiçãodesterecurso(ANAMA,PGDR-UFRGS, RS-RURAL,2003).
Dessaforma,oproblemalocalvolta-seaoconflitoentrepreservação ambientalereproduçãosocialviaestaatividadeextrativistae,principal-mente,àscondiçõesdemercadoparaoproduto,focodessetrabalho. Importante é salientar que, devido à clandestinidade das atividades desenvolvidas,sãoquaseinexistentesaspolíticaspúblicasvoltadasa essasfamílias,enquadradasnumasituaçãodepobrezarural.
3. Metodologia
Oestudodacadeiadecomercializaçãoestáfundamentadonoconcei-todeanalysedefilière.DesenvolvidopelaEscolaIndustrialFrancesa,ao longodadécadade1960doséculopassado,esteconceito,apesardese-guirumalógicadeencadeamentodeatividadessemelhantesàusadapor RayGoldberg(1968,apudBATALHA,1997)na commoditysystemappro-ach,difere,segundooobjetodeestudopretendido,nopontodepartida daanálise.Estemétodoressaltaaimportância,segundoLouisMalassis (1973,apudGRAZIANODASILVA,1996),dofenômenode“concorrência heterogênea”entreagentescompoderdemercadodistintos.
Filière
va”,éapontadoporZylbersztajn(2000)comooaparelhoqueconcerne aligaçãoentreosagenteseasoperaçõesquecontribuemàformaçãoe transferênciadoprodutoatéseuestadofinaldeutilização,enfocando adependênciadentrodosistemacomoumresultadodaestruturade mercadooudeforçasexternas.
Neste estudo, delimitou-se afilière da samambaia-preta no Litoral NortedoRioGrandedoSulcomosendooobjetodeestudo.E,baseado notrabalhodeSartor(2001),optou-sepelautilizaçãodométododefilière
‘simplificada’,justificadapelainexistênciadeelementosqueconvencio-nalmentecompõemumaanálisecompletadecadeiacomo,porexemplo, atransformaçãodoprodutoeautilizaçãodeinsumose,principalmente, peladificuldadeemseconseguirinformaçõesarespeitodessaatividade.
Aestruturautilizadaestáfundamentadaemtrêssubsistemas(produ-ção,transferênciaeconsumo)representadosporseisagentesdistintos: extrativista(produtorprimário),intermediárioprimário,intermediário secundário, intermediário terciário, atacadista, varejista. Cada agente é composto por diferentes atores, de acordo com suas características específicas,ligadasporsuasrelaçõescomerciais.
Apesquisadecampofoirealizadaemduasetapasdistintas.Apri-meirafoirealizadanodecorrernosegundosemestrede2001etinha comofinalidadedelimitararegiãodeestudo,reconstituirohistórico destaatividade,assimcomoidentificarosprincipaisatoresenvolvidos, apartirdeentrevistascomliderançaslocais.
Asegundafase,realizadanosmesesdejaneirode2002ajaneirode 2003,consistiunarealizaçãodeentrevistascomagentesdiretamente ligadosàatividade,selecionadosdeformanãoaleatória.Selecionando-se sete extratores de samambaia, assim como os intermediários com os quais mantinham relações comerciais, para um acompanhamento semanalaolongodeumanocivil.Oscritériosutilizadosparaaescolha dosentrevistadoslevaramemcontaprincipalmenteadisponibilidade dosmeiosdeprodução,alocalizaçãogeográfica6
,ovolumedecomer-cializaçãoeodestinodaprodução7.
Asprincipaisquestõeslevantadasnasentrevistasestavamrelaciona- dasaospreçospagosepreçosrecebidos,origemedestinodoproduto,re-laçõesdetrocaentreosagenteseestruturadosrecursosnecessáriosparaa atividade,alémdasformaserelaçõesdetrabalhoedadoshistóricos.Cabe salientarque,parasalientarainflexibilidadedospreçosemalgunspontos dacadeia,utilizaram-sepreçosnominaisaoinvésdedeflacionados.
Naanálisedasinformações,elaborou-seumasérietemporalpara cadaatorenvolvidonaamostra,comasmédiasponderadasagregando osperíodos.Utilizando-seapartirdisso,análisederegressãosimples emúltipla8.
Alémdeanálisedaestacionalidadedovolumecomerciali-zado(medidoem“malas”9)comusodeíndicessazonaispeloMétodo
da Porcentagem das Médias Móveis (FONSECA, MARTINS, TOLEDO, 1985),paraamostrascommaisdeumano,edemédiasaritméticasdas amostras,paradadoscoletadossomenteem2002.
Emrelaçãoàestruturadomercado,buscou-seidentificarascarac-terísticasdosdiferentesconjuntosdefirmas(ouindivíduos),narelação entreofertaedemanda,queseapresentamaolongodacadeia,deacordo comonúmerodeconcorrentes,formaçãodospreços,formasdeconcor-rênciaeconcílios10(VARIAN,1992;KUPFER&HASENCLEVER,2002).
4. Análise dos agentes envolvidos
Aoanalisarmososdiferentesgruposdeagentes,ligadosàprodução, intermediaçãoecomercializaçãofinaldasamambaia-preta,ouverdes,
pode-seconstatarumaconsideráveldiversidadedesituaçõesnointe-7Selecionamoscomodestinodaproduçãocincograndesmercadosatacadistas,Porto Alegre,Curitiba,Campinas,SãoPauloeHolambra;etrêstiposdecomérciovarejista (floriculturas),todosemPortoAlegre.
8AanálisederegressãofoifeitaatravésdométododeMínimosQuadradosOrdinários (MQO)eMínimosQuadradosemDoisEstágios(MQ2E)nabuscadecorrelaçõesentre preçosevolumesentreosdiferentesagentes,assimcomonaconstataçãodetendências estocásticae/oudeterminística.Utilizaram-seotestetdeStudent nahipótesedecorre-laçãoentreasvariáveiseotestedeDurbin-Watsondeautocorrelação,amboscom5% designificância(GUJARATI,2000;GREENE,1997).
9Unidadedemedidacorrespondentea,emmédia,60frondesdesamambaia-preta,com umpesovariandoentre1,4e2,0kg.
rior de cada grupo. Na Figura 1, buscou-se representar as diferentes rotascomerciaisdoproduto,seguidodascaracterísticasdosatoresque intervêmnestacadeia.
Figura1:Fluxogramadacadeiaprodutivadasamambaia-preta
Fonte:PesquisadeCampo,2001/2002.
4.1. Caracterização dos agentes envolvidos com a produção primária
aosvizinhos,emsuamaioria,agricultoresaposentados.Ascondiçõesde arrendamentodestasáreassãobastantevariáveis,ocorrendosituações decedênciadaexploraçãosemônus,oumesmocasosondeacedência podealcançarumcustodeaté30%darendabrutaobtidacomavenda dasamambaia(RIBASet.al.,2002).
Comrelaçãoaosistemaprodutivoutilizadoeàdependênciaeconô- micadosagricultoresparacomaatividadedeextração,foramidentifi-cadosaquelesquerealizamacoletacomumafreqüênciasemanal,não desenvolvendopraticamentenenhumaatividadeagrícoladestinadaao autoconsumo. Igualmente identificaram-se famílias que desenvolvem algumasatividadesagrícolasparaautoconsumoe,emmenornúmero, agricultoresqueapresentamumadiversificadaproduçãoagrícola,tanto paraautoconsumocomoparavenda,realizandocortesesporádicosda folhagem.Sendoqueamaioriadapopulaçãoenvolvidatemnessaex-traçãosuaprincipalfontederenda.
Aextraçãodasamambaiaocorredurantetodooano,masosmeses deverão(sobretudoosmesesdejaneiroefevereiro)secaracterizam porumaexpressivadiminuiçãodaatividade.Talsituaçãoestárelacio- nadaàmigraçãopendulardeagricultores,quebuscamempregostem-porários no comércio das cidades litorâneas. Nos meses de inverno, devidoàelevadaocorrênciadechuvaseàsbaixastemperaturas,tendo porconseqüênciaumaumentodapenosidadedotrabalho,eprimave-ra,devidoàépocadeplantiodasculturasdeverão,algunsextratores tendemareduziraquantidadeextraída.
Comoobjetivodegarantirumfornecimentoconstantedoprodu-to,algunsintermediáriosprimáriosestabelecemacordosinformaiscom parte dos extratores locais. Estas relações privilegiadas garantem aos extratoresamanutençãode“cotas”semanaisdurantetodooano(tanto nosperíodosdemaiorcomonosperíodosdemenordemanda)eaosin-termediáriosprimáriosumfornecimentodeprodutoestáveleconstante durantetodososmeses.
Nospreçospagos,constatou-seumadisparidadeentreosextratores. Esta diferença está relacionada diretamente com o destino e a quali-dade11doproduto.Quandoasamambaiaextraídadestina-seaoutros
estados,cada“mala”évendidaentreR$0,35eR$0,40.Quandoodes-tinoéomercadogaúcho,oextrativistarecebepelamesma“mala”R$ 0,50.NoquetangeàproduçãodestinadaaomercadodoRS,omercado consumidor(floriculturas)exigeumprodutocompadrãodequalidade superior.Conjuntamentecomummenornúmerodeelosdeinterme-diação,estefocodomercadocontribuiparaproporcionarumamelhor remuneraçãoparaosextrativistas.
4.2. Caracterização dos agentes envolvidos com a intermediação
Assimcomonaextração,aintermediaçãotambémapresentaumaelevada diversidadedeagentes.Asdiferençasdestesestãorelacionadasàcapacidade deacessarmercadosconsumidores.Nestetrabalho,elesforamdivididos entreintermediáriosprimários(IPs),secundários(ISs)eterciários(ITs).
OsIntermediáriosPrimários(IPs),conhecidospopularmentecomo “atravessadores”,sãoosmenoresagentestantopelovolumecomercia-lizadocomopelainfra-estruturadisponível.Sãomoradoresdaregião quepossuemalgumveículodepequenooumédioporteparaotrans-portedecarga,recolhendosamambaiadosagricultoresdeumaacinco vezesporsemana,encaminhandoaproduçãoparaosdemaisagentes. Elesintervêmcomdiferentesestratégias:vendadiretadoprodutopara asfloriculturasdaregiãometropolitanadePortoAlegreecidadespróxi-masouparaempresasinstaladasdentrodaCEASAdePortoAlegre,ou, namaioriadasvezes,vendadoprodutoparaosIntermediáriosSecun-dários(ISs),tambémmoradoresdaregião.
OsISssãoquemgeralmentedetêmcontatoerelaçõescomempresas deforadoestadoe,apesardenãoincorreremelevadoscustos,possuem umgrauderiscomaiorperanteàatividade.SãorarososIPsquenegociam comoutrosestados,devidojustamenteaestegrauderiscoexigido.
Os Intermediários Terciários (ITs) deslocam de outros estados, na maioriaSãoPaulo,caminhõesdotipo“baú”(ouseja,comumacarroceria metálicafechada)semanalmenteparabuscaroprodutonaregiãodoLito- ralNortedoRS.PassampelosITscertamenteamaioriadoprodutoextra-ídonasencostasdaSerraGeraldolitoralrio-grandense.OsITsrevendem oprodutoparaempresasinstaladasnasCentraisdeAbastecimento(iden-tificadosnestetrabalhocomoatacadistas)dorestodoPaísoudiretamente paraocomérciovarejistalocalizadonasregiõesSuleSudeste.
Arelaçãocomercialentreintermediárioslocaisedeforadoestado nãoenvolvenenhumtipodecontratoescrito,limitando-seaacordosver-bais.Fatoquetemacarretadoumelevadograudeinadimplência,poisos intermediáriosterciárioscertasvezesrealizamospagamentoscomche-quesdeterceiros,seguidamentesemfundos.Osprejuízossãogeralmente absorvidos,nestassituações,pelosIPse,emmaiorparte,pelosISs.
OspreçosagregadospelosIPstambémsediferenciamdeacordocom odestinodoproduto.EntreaquelesquenegociamcomISs,amargemé deR$0,15aR$0,20,deacordocomaorigemdoproduto.Quandoapro- duçãoévendidadiretamenteaosITs,amargemaumentaparaR$0,25-0,30.EquandoocomércioédiretamentefeitocomempresasdaRegião MetropolitanadePortoAlegre,ocorreamaiormargem,R$0,40-0,50.
Osintervaloscomospreçosdecompraevenda,quetemcomodes-tinooutrosestadosquenãooRS,estãorestituídosnaTabela1.
Tabela1–Faixadepreços(R$pormala)decompraevendadasamambaia-preta
entreasdiferentesfasesdeintermediação,doLitoralNortedoRSparaoutrosestados:
Intermediário Primário
Intermediário Secundário
Intermediário
Terciário Atacadistas PreçoCompra
(R$pormala) 0,35-0,40 0,55 0,60–0,70 1,60-1,70 PreçoVenda
(R$pormala) 0,55-0.60 0,65-0,70 1,25–1,70 2,50–4,00
Asavaliaçõeseanálisesacercadospreçospraticadosnestacadeia apontam para a existência de uma remuneração irregular e desequi-libradaentreosagentes.Atabelaacimapermiteconstatarquemaior partedovalordoprodutoéagregadoforadoestadodoRS,entreosITs ecomerciantesatacadistas.
EmalgunscasosentreITs,muitodessevaloragregadoéjustificado peloselevadoscustosemtransporte.Parafazerfrenteaestasituação, muitasempresasquebuscamasamambaianoLitoralNortegaúchosão, aomesmotempo,transportadorasdealimentosouflores.Otransporte defolhagenséumaformadediminuiraociosidadenoretornodoscami-nhões,evitandoqueestesretornemvaziosaocentrodopaís.Noentanto, constataram-seoutroscasosquenemtodovaloragregadoaopreçoé justificadopeloscustosdetransporte,identificandolucroselevadosjunto aalgunsITsquemanipulamgrandesvolumesdefolhagem12.
AsazonalidadedovolumedasvendaséreconstituídanoGráfico1, apresentandoamédiaamostraldassemanasdesaídade“malas”ao longodeumanonaregiãodeestudo.
Gráfico1–MédiaamostraldovolumedevendasdosIntermediáriosPrimários aolongodoanode2002:
12AdiversidadederelaçõesdosITsfoiumadasconstataçõesdaamostra.Aomesmo
tempo em que uma empresa, representada por IT2, tem uma receita média líquida mensaldeR$737,00,outraempresa,representadaporIT1,temnestamesmareceita umvalordeR$183.300,00.
Apartirdográficoacimaépossívelconstatarqueasvendasdopro-dutoseelevamapartirdofinaldefevereiroatéofinaldeagosto.Dentro desteperíododá-sedestaqueaomêsdemarço,comofimdasfériasda maiorpartedapopulaçãogaúcha,aomêsdejunho,marcadopordatas comooDiadosNamorados,eprincipalmenteaomêsdemaio,ondea primeiraeasegundasemanasãoosmaiorespicosdevendasdoproduto, decorrênciadoDiadasMães.
4.3. Caracterização dos agentes envolvidos com o atacado e o varejo
Nas Centrais de Abastecimento, tanto o volume comercializado quantoaevoluçãodospreçosocorreudeformadiferenciada.Estadife-rençaestádemonstradanaTabela2.
Tabela2–Preçosdevendadasamambaia-preta,em1998e2002,evolumemédio
mensalvendidoem2002nasCentraisdeAbastecimentoacompanhadas:
Preçodevenda (R$/mala) emjan.de1998
Preçodevenda (R$/mala) emdez.de2002
Variação acumuladade
preços(%)
Volumemédio mensal comercializado em2002(malas)
PortoAlegre 2,00 2,00 - 12.225
Curitiba 5,84* 3,98 -32,85 5.711
Campinas 2,50 3,00 20,00 18.266.785
CEAGESP 2,37 3,33 40,51 5.222
Fonte:CEASA/RS–SetordeAnáliseeInformações,DITEC/CEASA/PR,CEASA/Campinas–Mercado deFlores,CEAGESP–SeçãodeEconomiaeDesenvolvimento,1998e2002.
*Dadode2001,anoemqueseiniciouocomérciodefloresnaCEASA/PR.
EnquantoemPortoAlegre,opreçomanteve-sefixadoaR$2,00por “mala”dejaneirode1998adezembrode2002,nestemesmoperíodoo preçonominalaumentounaCEAGESPenaCEASA/Campinas,porém comvariaçãoabaixodosíndicesdeinflação13acumulada.Nocasoda
CEASA/PR,adeflaçãonominaldospreçosapontadatemcomojustifi-cativaaliberalizaçãodocomérciodaespécieporpartedoGovernodo
estadodoParanáhápoucotempo14,causandoumaumentonaoferta
doproduto.Emnenhumdoslocaisondehouvevariação,avolatilidade dospreçosentreosmesessecorrelacionasignificativamentecomovo-lumeem“malas”,nemapresentasazonalidadesignificativa.
NocasodaCEAGESPeCEASA/Campinas,apesardeapresentaremum crescimentoabsoluto,ospreçosnestasduascentraisnãoapontamuma tendênciadeterminísticadecrescimentoaceitável.Apontandoemambos oscasosumatendênciaaleatóriaouestocástica.Asfunçõesautoregressi-vas15colocam,paraaCEAGESPumpreçodeequilíbrioestáveldeR$3,33,
eparaCEASA/CampinasumpreçodeequilíbrioestáveldeR$3,00. Alémdadiferençanavariaçãodospreços,aTabela2demonstraain- daadiferençaexistenteentreosvolumescomercializadosnosmerca- dos.Enfatiza-seaconcentraçãodoprodutoocorrentenaCEASA/Cam-pinas, possivelmente um dos maiores centros de comercialização do produtonopaís,juntamentecomHolambra16,supridoporfolhagensde
diversasregiões.
Nestemesmoperíodo,osvolumescomercializadosnãodemonstra-ramtendênciadecrescimentonacentraldePortoAlegre.JánaCEASA/ Campinasovolumecrescetendencialmenteaumataxade1,65%ao mês;enaCEAGESPataxadevariaçãoéde-1,67%,ouseja,umcresci-mentonegativodovolumecomercializado.
Adiferençaentreascentraistambéméevidenciadasazonalmente. O Gráfico 2 demonstra os índices sazonais, calculados entre 1998 e 2002,dacentraldePortoAlegre,deCampinasedaCEAGESP.
14NoEstadodoParaná,atéofinalde2001,ocomércioeaextraçãodasamambaia-preta eraproibidopelalegislaçãoambientallávigente,comoéhojenoRioGrandedoSul. 15Campinas:p
t=0,51+0,83pt-1+utsendor2=0,7419;tc=12,8018ed=2,3914.
CEAGESP:pt=0,50+0,85pt-1+utsendor2=0,8142;t
c=15,8052ed=1,7828.
Gráfico2–Índicesazonaldovolumedevendasaolongodoano:
Fonte:CEASA/RS–SetordeAnáliseeInformações,CEAGESP–SeçãodeEconomiaeDesenvolvi-mento,CEASA/Campinas–MercadodeFlores;1998,1999,2000,2001e2002.
ApesardaCEAGESPedaCEASA/RSapresentaremelevadacomercia-lizaçãonomêsdemaio,assimcomoconstatadoentreosIPs,acentral paulistaapresentouseumaiorpicodevendasemfevereiro,mêsqueno RioGrandedoSulécaracterizadocomodebaixaatividade.Comparan-doàCEASA/Campinas,asazonalidadeétotalmenteinversa,jáqueos mesesdemaioresvendassãojustamenteosdeprimaveraeverão.
Considerando que maior parte da folhagem extraída na Encosta Atlântica do Rio Grande do Sul vai para a região Sudeste, é possível constatarque,nestecaso,areduçãonocomércio,evidenciadalocal-mentenosmesesdeverão,écausadapelosprópriosagenteslocais.
No mercado varejista, pode-se constatar que as floriculturas que estabeleceramrelaçõesdecompradiretamentecomaregiãodecorte, beneficiaram-secomumdescontodeR$0,50aR$1,00por“mala”na compra da folhagem, enquanto as que adquirem o produto junto à CEASA/RSadquiremasamambaiaporR$2,00a“mala”.
confecção destes arranjos foram estimadas, a partir do relato de al-gunsproprietáriosdefloriculturas,emtornode5%a10%(Pesquisade campo, 2002). Em conseqüência desta situação, muitos proprietários defloriculturasapontaramparaumacrescentesubstituiçãodaespécie
Rumohraadiantiformisporfolhasdecipresteepalmeira,maisbaratas eresistentes.Esteprocessodesubstituiçãopodeestaracarretandouma quedanademandadoproduto,fatocausadordadepreciaçãorealdos preçosaolongodotempo.
Hámuitotempo,asrelaçõesdepreçosnoiníciodacadeianãotêm sofridoalteração17
,pelocontrárioospreçospraticadostêmsofridopeque-nasdeflaçõescomoexcessivoaumentodaoferta,decorrentedoelevado númerode“atravessadores”eextrativistas.Essadeflação,confrontada comoaumentonoscustosdetransporteenoscustosdevida,reduzsen-sivelmentearendadasfamíliasdeextratoresdesamambaialocais.
Emumacomparaçãonaestruturademercadodoinícioaofinalda cadeia,nota-se,deacordocomonúmerodefirmas,formasdeconcor-rênciaeformaçãodospreços,umaevidenteconcentraçãodomercado doextrativismoaomercadoatacadista.Noiníciodoprocessodetrans-ferência(SAseIPs),identifica-seumasériedefatorescaracterísticosde umaconcorrênciaquasequeperfeita,ouseja,elevadonúmerodeato-res,comcaracterísticassemelhantes,emconcorrência,comliberdade deentradaesaídadaatividade,demandaelástica(tomadoresdepre-ços)etendênciaaolucronormal18,além,claro,doprodutohomogêneo.
EntreosISsevidencia-seumaconcentraçãolocal19,ondepoucostêm
acessoaoscontatosexternosaoRS,alémdeconsideráveldiferenciação entre estes. Esta concentração e assimetria acirram-se nos ITs e nas CentraisAtacadistas,constituindoumoligopólio20comaltasmargens
dereceitaelucroegrandepoderdebarganhanaformaçãodepreços.
17Segundodepoimentosdeextrativistase“atravessadores”,opreçonominalpagopelo produtonãoseelevadesdeoiníciodoPlanoReal.
18Lucrosuficienteparareproduzirocapitalexistentenafirma.Nocasodefamíliasde extrativistas,suficienteparasobrevivênciadestas.
19Estima-sequeoIS1negociemaisdametadedacargaquesaidoLitoralNortedoRS emdireçãoaoutrosestados.
Frenteaessaestrutura“oligopsônica”,umadasmedidasparaau-mentaropoderdebarganhadosagentesprimários(SAseIPs),seria aorganizaçãodesindicatos,associaçõese/oucooperativas.Porém,no quetangeàorganizaçãoformal,foiidentificadaainexistênciadeacor-doshorizontaisentreosagentes21.Semequívoco,pode-seafirmarque
asdificuldadesdeorganizaçãotambémcontribuemparaareduçãodos preçosrecebidosporestesagentes.
5. Considerações finais
Deumamaneirageral,osresultadosobtidospermitiramconstatar uma profunda desestruturação na base da cadeia da verdes extraída naregiãodaEncostaAtlânticadoRS,tantoemtermosdeorganização dosagentesquantoemtermosdeinformaçãosobreaatividade.Esta situaçãopareceestarrelacionadacomaclandestinidadedaatividade extrativistaeàinformalidadedasrelaçõescomerciais.
Foi possível constatar a existência de uma remuneração bastante diferenciadaentreosdiferentesagentesenvolvidosnestacadeia.Com efeito,osintermediáriosterciárioseosatacadistas,identificadoscomo osformadoresdepreçosdacadeia,obtêmumaremuneraçãosignificati-vamentesuperioràmargemobtidapelosdemais.Aomesmotempoem queopoderaquisitivodasfamíliasresidentesnaEncostaAtlânticado RSdiminui,devidoaoaumentodocustodevidarelacionadoàsituação detomadoresdepreços.
Ficaevidentequeafolhagemtemumademandaquasequeinfini-tamenteelástica,gerandoumbaixopoderdemercadoaosagricultores. Porém,anecessidadedaimplementaçãodemecanismosqueredistri-buamdemaneiramaisequilibradaosganhosentreosdiferenteselosda cadeiaétambémevidente.Estaconquistapassanecessariamentepela regulamentaçãodaatividadepelopoderpúblicodoestadodoRSepela
organizaçãodosagentesenvolvidos(sobretudoosextrativistaseosin-termediáriosprimários).Ouseja,olicenciamentodestaatividadepode efetivamente acarretar um novo equilíbrio na estrutura do mercado, sejapelamodificaçãodasrelaçõesentreosagentes,sejapeloaumento dopoderdebarganhadosextratoresdesamambaia.
Os pontos fundamentais para a melhoria dos preços pagos são a melhoriadaqualidadeepadronizaçãodoprodutofinaleabuscapor novosmercadoscomcarênciadeoferta,emlocaismaispróximosao LitoralNortedoRS,reduzindooscustosdeintermediação.Identificou-seentãoanecessidadedaimplementaçãodepadrõesdequalidadecom vistasàclassificaçãodoproduto,sobretudoemníveldaatividadede extração, além de uma melhoria no condicionamento da folhagem e nascondiçõesdetransporte,principalmenteanívellocal.
Em termos de políticas públicas, no entanto, as ações que visam essemercadonãosãotãoimportantesquantooutraspolíticasquebus- quemalternativasdedesenvolvimentoparaasfamíliaslocais.Alterna-tivasquesejammaissustentáveisambientalmente,comooincentivo à implantação de sistemas agroflorestais que se desviam do conflito preservaçãoambientalereproduçãosocial,poderiamsertambémmais sustentáveiseconomicamente,jáqueomercadodeverdesnãoaponta paraumfuturopromissorparaaatividade.
Acrescentesubstituiçãodeverdesporoutrasespéciesdefolhagens naconfecçãodearranjos,podeestaracarretandoumaquedanademan- dadoprodutoaolongodotemponosgrandescentrosdecomercializa-ção,fatocausadordadepreciaçãorealdospreçosaolongodacadeia. Estadepreciação,ligadaaumaconcorrênciavia-preçodasestruturas oligopolizadasdacadeia(intermediáriosterciárioseatacadistas)eao poderdebarganhaqueestespossuemsobreosdemaisagentes,tempor conseqüênciaarigidezdosvaloresnominaispagosaosagentesprimá-rios(extrativistaseintermediáriosprimários),tomadoresdepreços.
maioradequaçãoepertinênciaparaoestudodofluxocomercialepro-dutivodestapteridófita.Cabedeixarclaroaindaque,apesardoconceito defilière simplificadaterpermitidoapreendercomobjetividadeetrans-parência as transações comerciais incidentes ao longo do processo de transferênciadoproduto,outrosaspectosforamincorporadosaométodo deanáliseparaarealizaçãodeumaleituramaisampladosmercados.
Por fim, com os resultados produzidos ao longo desta pesquisa, pode-seafirmarqueaextraçãoeocomérciodesterecursoflorestalcon-figura uma atividade passível de incrementar a renda dos agriculto-resfamiliares,desdequesejadeumaformacomplementaràatividade agrícolaesabendoaproveitarosperíodosdemaioremenordemanda doproduto,relacionadoaummanejocorretoesustentáveldafolha- gem.Aoexplicitaraimportânciaeconômicaesocialdaatividadeextra-tivistaparaestapopulação,aponta-separaanecessidadedeprofundas alteraçõesnaLegislaçãoAmbientalvigentenoRioGrandedoSul.Além de permitir uma reestruturação na cadeia de comercialização, a rea-dequaçãodaLegislaçãoAmbientalpoderegularizaraimplementação depolíticaspúblicasvoltadasàreduçãodapobrezaruralnaregiãoda EncostaAtlânticadoRioGrandedoSul,alémdeincitarosagricultores extrativistas a implementarem processos de produção que acarretem ummenorimpactoambiental.
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