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Dimensão cognitiva da relação mãe-filho excepcional e processo de ajuda

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(1)

CENTRO DE POS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS -ISOP

~. T/ISOP

B277d

FUNDAÇÃO GETOLIO VARGAS

DIMENSÃO COGNITIVA DA RELAÇÃO MXE-FILHO EXCEPCIONAL E PROCESSO DE AJUDA

FGV/ISOP/CPGP

- - - P r a i a de Botafogo,190 - sala 1108 Rio de Janeiro

(2)

FUNDAÇÃO GETOLIO VARGAS ".

DIMENSÃO COGNITIVA DA RELAÇÃO MÃE-FILHO EXCEPCIONAL E PROCESSO DE AJUDA

Por

Helo~~a Tô~~e~

de Pinho

B~~o~

Dissertação submetida.como requisito parcial para obtenção do grau de

MESTRE EM PSICOLOGIA

Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1981

.

--I

I

f

i

I

I

I

I

I

I

I

(3)

,.

A Maria Helena Novaes, que, como orientadora, re-velou-se-nos uma figura humana, amiga, i'ncentivadora', e cu-jas observações sempre contrib"tiiram para a superação das di-ficuldades encontradas.

Aos professores do. Curso de Mestrado pelo carinho e motivação que sempre nos dedicaram.

A Professora Rosita Edler, de quem sempre recebe -mos, ao longo de nossa vida profissional, demonstrações de amizade, estímulo e confiança.

Aos funcionários do CPGP, sempre amáveis e atencio

sos~·

A Maria Clara Nunes Galantine, que muito nos aju-dou nos trabalhos de organização e datilografia do texto.

As crianças excepcionais e seus familiares, com os quais,ao longo de anos de relacionamento, pudemos vivenciar as idéias e pensamentos básicos do presente trabalho.

A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a realização deste trabalh6.

(4)

.;~:

Este trabalho tem por objetivo apresentar a pro-posta de um processo de ajuda às mães de excepcionais, aqui considerados os portadores de desvios mentais, físicos, sen-soriais, múltiplos deficientes, com distúrbios emocionais ou de conduta.

A fundamentação teórica inclui as contribuições de Spitz e Winnicott sobre a importància da relação mãe-filho e as experiências de diferentes autores, concernentes às caraE, terísticas principais da relação Mãe-Filho Excepcional.

Na elaboração da proposta, recorremos à contribui-çao da Teoria de Aprendizagem proposta por Bruner, destaca~

do a 'dimensão cognitiva da mesma, aos pressupostos da Teoria deCarkhuff sobre Processo de Ajuda e às considerações de Festinger sobre a Teoria da Dissonància Cognitiva.

A dinãmica do Processo de Ajuda subdivide-se em três fases principais, respectivamente responsáveis pela se-leção e conhecimento do grupo, pela formação e preparaçao do mesmo, e a terceira, concernente ao desenvolvimento do processo propriamente dito. A avaliação e controle do pro -cesso foram igualmente planejados.

(5)

. enfatizar a dimensão cognitiva "do processo de um trabalho de

ajuda, podendo ser viável na realidade social brasileira.

(6)

The purpose of this paper is to present a proposal for a process of assistance to mothers of exceptionalclUl&ren, here defined as children with mental physical of sensorial defects, those with multiple deficiencies and those with emotional or conduct disturbances.

Its theoretical foundation includedthe contributions of Spitz and Winnicott on the importance of the mother and child relationship and the experiments of different authors regarding the principal characteristics of the mother and exceptional child relationship.

In the elaboration of the proposal, we made use of the contribution of the theory of learning proposed by'Bruner, emphasizing its cognitive dimension, of the assumptions of the Theory of Carkhuff on the process of assistance, and of the considerations of Festinger on the Theory of Cognitive Dissonance.

The dynamics of the process of assistance may be divided into three main phases, which involve respectivelly the selection and acquaintance with the group, its formation and preparation and the development of the process proper. The 'evaluationand control of theprocess were also planed.

(7)

nal evolution of this relationship.

Our proposal has specific characteristics to the extent that i t emphasizes the cognitive dimension of the process of an assistance effor~, which is possible in the Brazilian Social Context.

(8)

Agradecimentos

. .

.

.

.

. .

.

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.

. .

.

.

i i i

Resumo •••••••••••••••.•••••• iv

Summary vi

INTRODUÇÃO

CAPtTULO 1 - FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

1.1. Importância do vínculo da relação mãe-fi

01 16

lho . . . 16

1.2. Características da relação mãe-filho

ex-cepcioonal . . . 23

1.3. A dissonância na relação mãe-filho exceE

cional .

-t. . . . • • . . . . . . . . • .. . . . . • • . . . •

39

CAPtTULO 2 - ANALISE 00 PROCESSO DE AJUDA As MÃES

DE EXCEPCIONAIS .•.•..••.•••••.•.••• ,48 2.1. Considerações gerais da relação de ajuda

de Carkhuff e Berenson . . . . • • • • . . . . • . . • • 48 2.2. Discussão do modelo de relação de ajuda. 51

Dimensões facilitadoras Níveis de funcionamento

51 59 • Fases do processo... 63 CAPtTULO 3 - PROPOSTA DA DINÂMICA DE AJUDA As MÃES

DE EXCEPCIONAIS •.••••.•.••.•••..••. CONCLUSÕES

74

89 REFERtNCIAS BIBLIOGRÂFICAS •...••.••••••••••..•.• 92 OBRAS BIBLIOGRÂFICAS CONSULTADAS ••••••..•••••••• 96 ANEXO 1

ANEXO 2

. .

. . .

. . .

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. . .

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. . .

. . . .

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. . . .

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. . .

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. . . .

.

. . .

.

.

.

97

(9)

"Nó~ matamo~ o~ eãe~ danado~, o~ tou~o~ 6e~oze~

e

indomãvei~, de90tamo~ a~ ovetha~ doente~,

eom

medo

que in6eetem o

~ebanho; a~6ixiamo~ o~ ~ê­

eem-na~eido~

mat

eon~tituldo~; me~mo a~ e~ian­

ç~, ~e 6o~em dêbe~~

ou

ano~mai~, nõ~ a~

a6oga-mo~;

não

~e t~ata

de õdio,

ma~

da

~azão

que

no~

eonvida a

~epa~a~ da~. pa~te~ ~ã~ aqueta~

que po

dem

eo~~ompê.-ta~"

(Ve

I~a, I", XV) (T7,

p.

13).-Como falar dos excepcionais, a nao ser dentro de um contexto psicossocial e educativo? Como esquecer a histó-ria que nos informa sobre um passado obscuro, negativo, de-claradamente rejeitador, de atitudes empíricas, místicas, e~ bora também ambivalentes? Corno deixar de falar da importân-cia do "bobo-da-corte" na história dos nobres, das

~anifes-tações de valor do idiota, considerado portador de poderes sobrenaturais, com acesso às verdades não possíveiS ao ser comum? O que dizer das crianç~s de Esparta, atiradas do al-to do Monte Taygeal-to, das prisões da Idade Mé9ia, reunindo os loucos e os retardados aos criminosos, dotandoos de um po -der demoníaco? Como explicar a posição cristã, refletida p~ lo pensamento de Santo Agostinho:

"Et~ ~

ão tão

~epe.e.ente~

que não tê.m

mai~ e~

pl

~it:o

do

que o

9

ad o"?

(1 7,

p.

1 4) •

(10)

Característica de épocas bem remotas e presente em nossos dias, a ambivalência diante dos excepcionais tem sua origem num passado histórico, onde eles, inicialmente perce-bidos como seres "infeLi:zes", "predestinados", passaram a uma posição de "estorvo", após a Revolução Industrial, sem qualquer perspectiva de produção.

~oger Perron (1969), da equipe de trabalho de René

Zazzo, estudando as atitudes para com os deficientes mentais, '>

verifica a existência da concepção popular de somente uma categoria geral - a das "crianças anormais" - e de atitudes que as mesmas suscitam, ligadas pQr raízes comuns de

valori-zaçãó-desvalorização: a rejeição e a proteção. Atribui como base da rejeição o medo, qu~ pode ou nao ser fundamentado, mas que

o c.alLâtelL e.6tlLanho, de.6c.onhec...i..do, da velLdade

que .6e teme, que de.6pelLta ou

lLe~olLça

o medo, com

jU.6t..i..6..i..c.at..i..va.6 que .6e de.6envoivem de uma

mane..i..-lLa 6anta.6magôlL..i..c.a"

(19, p. 52).

Fala da presença de uma ambigüidade na rejeição, porque ela

nunca

é

totalmente assumida.

Remontando

à

pré-história, verificamos a presença de uma concepçao demonológica da natureza e da origem dos desvios mentais, época em que era usada a "Trepanação" - ori fício feito no crânio - para permitir que os e~píritos malí~

nos escapassem do corpo dos "possuídos".

Em Roma, a ambivalência se faz sentir na Lei das XII Tábuas, através do princípio da tutela e da curatela, ao

.

(11)

constituídas.

A Idade Média, marcada pela prática da magia e pe-lo inter curso com demônios, foi uma época negativa

à

ciência. Não podemos somente atribuir

à

Idade Média as atitudes de rejeição; ao longo de toda a Era Cristã, e até hoje, encon -tramos manifestações de rejeição unidas a sentimento de cul-' pacom busca de reparaçao. Santo Agostinho (354-430), em Contra Julianum Pelagionum, fala das crianças idiotas como sendo

conseqü~ncia

d~s

faltas de seus progenitores. Seis se culos mais tarde, Santo Tomás de Aquino inverte os dados do problema:

"a imbecilidade

~

uma

pe~da

de 6ineza do

e~pZ-4ito e uma

6~aqueza

da inteligência"

(Que~t.,

XLVI) (17,

p.

15).

Não é mais um pecado.

Entre estes dois gr~ndes autores cristãos, a"Idade Média se desenvolve, com a divinização do tolo e, com atitu-des de reparação, faz dele um indivíduo portador de Santida-de. Rejeita os leprosos, por medo de contágio, apresentando

justificativas morais - como a de ser a doença um castigo de Deus aos pecadores - excomungando-os e entregando-os a Deus, com quem devem se comunicar diretamente. Explica a pobreza de espírito como conseqüência do pecado ou como via privile-giada de acesso

à

verdade. A ambivalência se faz sentirmais evidente em fins da época medieval, quando eram usados, ao mesmo tempo, Hospitais - para tratamento de doentes - e fo-gueiras - para queimá-los como bruxos.

(12)

fo-ram dando lugar às naturais é longo e até hoje nao está to-talmente resolvido. Os filósofos gregos foram os primeiros a propor uma explicação naturalista da natureza e funcionamen-to da mente humana.

Ao terminar ~, Idade Média, surge o Renascimento ,a:m perspectivas humanitárias. Montaigne dá ao retardado mental' diJ;'eito de cidadania; médicos discordam do "tratamento" dado aos "anormais", e, com a intensificação das atividades

inte-..

.

lectuais, próprias desta epoca, ocorrem mudanças significati vas em relação ao individuo anormal.

Na' Bélgica, durànte os séculos ,XVI e XVII, começam a surgir instituiçõés para cuidar dos excepcionais. Vicente Moles (séc. XVII), médico de Felipe IV, da Espanha, propoe explicações etiológicas para as defici,ências, falando de cau ~as naturais - obstétricas e perinatais - ede causas heredi tárias. O tratamento para crianças deficientes passa então a ser proposto a nivel médico e educacional.

Como herança da Idade Média, o século XVIII foi mar cado por atitudes de repulsa, receio e horror aos marginais, considerados como perigo e ameaça. Eram àfastados da civili zação e confinados num espaço não social. Os "hospitais-ge-rais", asilos criados em regime de semipenitenciária, semica ridosos, com um mínimo de tratamento médico, ao, mesmo tempo que se faziam indispensáveis, iam se transformando em "focos de infecção social e moral", pelo número excessivo de margi-nais neles depositados.

(13)

valorizando o louco e o idiota pe'lo que tinham ou apresenta-vam de humano.

Pinel (1792), no final do século, retirando as cor rentes dos loucos internados no Hospice des Bicêtre, assina-lou o começo de uma atLtude mais esclarecida e cientifica no trato aos doentes mentais.

O, século XIX é marcado primeiro pela Teoria da De-generescênciar de MoreI , segundo a qual há uma degradação pro

',10

gressiva do ser humano, que pode ser presenciada em certas familias, de geração em geraçao. Pela sua grande repercus -são, conclui-se que tal teoria pos~a ser .representativa das tendências destaépóca.

Itard e Guggenbuehl, no inicio do século, fizeram estudos e pesquisas sobre a educação dos deficientes. influenciando outros educadores da época (1), muito embora o re -sultado de seus trabalhos não tenha sido totalmente positivo.

Fernald (1920) fala do Deficiente Mental como um fardo e propoe medidas:

nTodo

de61elente

ment~l,

e

~ob~~tudo

o

1mbeell

leve, e

um e~lmlno~o

em

potenelal, que não tem

neee~~ldade

de

um melo ambiente ~avo~ãvel pa~a­

de~envolve~

e

exp~lml~ ~ua~ tendenela~ e~lmlno

~a~. ( ... ) Coloea~el eomo p~lne2plo ge~al que

de~de que uma nação atinja um

n2vel de

elvlll-zação

tal que a elênela medlea

e

o~ ~entlmen

-to~ humanltã~lo~ eoneo~~am pa~a p~olonga~ a

e-xl~tênela do~ lnadaptado~, to~na-~e então in

-dl~pen~ãvel que e~~a nação adote lel~ ~oelal~

que a~~egu~em que e~~e~ lneapaze~ não p~opaga­

~ão ~ua e~peelen (17, p. 20).

(1) Maria Montessori se entusiasmou com os trabalhos de ltard e sua pedagogia apresenta, desenvolvidos e aperfeiçoados,~

(14)

Através da história, que nos fala da condenação ou . val.orização dos excepcionais em diferentes épocas o·u grupos sociais, nos parece certa a existéncia marcante de atitudes ambivalentes na relação com os deficientes ou anormais.

Reger ·Perron (1969), comenta sobre a valorização e projeção em relação aos excepcionais, como sendo atitudes crm seqâentes da própria rejeição:

~ po~que o ~ejei~ado a4~ume com i~~o uma a~i~u­

de

que lhe

ê

p~ôp~ia,

e

na qual

ê

~n~ub~~ZuZ -vel" (19, P9. 58).

Cita. o autor, como exemplo, o episódio da retirada da aldeia dos idiotas e de suas famílias, a mando de Napole ão, e da reaçao de inaceitação dos aldeões, que temiam que a cólera divina pudesse recair sobre eles na ausência dos a-normais. "Essa Teoria do Idiota "pára-raios" é também uma das bases do estatuto de aceitação, concedido, durante tanto

temtx:>

e em tantos lugares, ao "idiota da aldeia", assim encarrega-do de uma função extremamente útil" (19, p. 58). Acrescenta ainda, como outro fator de aceitação, a capacidade atribuída

aO$ loucos de poder descobrir e dizer mais do que qualquerho

memnormal. "Um louco varrido

é

um meio profeta", diz um provérbio yiddish, citado por Kanner;"Felizes os simples de espírito, será deles o reino dos céus".

(15)

-trução e equipamento das Instituições e a subqualificação do . pessoal. A crença na heredita~iedade faz renascer o medo _

pelos anormais.

Leo Kanner assim resume a evolução de meados do século XIX ao início do século XX:

"E

impoJtta.nte

Jt.ec.oMa/L que 0.6 p-ione-iJt.o.6 que

6unda.-Jt.a.m

e a.po-ia.Jt.a.m e.6.6a..6

in.6~i~u~çõe.6 e.6~a.va.m

a.nima.

do.6 do

de.6ejo

6Jt.eqaen~emen~e

in.6piJt.a.do.6 peia.

ne

Jt.elig-io.6a.

de .6eJt.v-iJt. ã.6 nec.e.6.6ida.de.6 do denic.ien

~e men~a.l

c.omo -indivIduo.

PJt.imeiJt.o,

impeJt.c.ep~I

velmen~e,

depoi.6

~oJt.na.ndo-.6e

c.a.da. vez ma.-i.6

evi~

den~e

o

-in~eJt.e.6.6e

púbiic.o

e pJt.o6i.6.6iona.i,

a.6a..6-~Ou-.6e

do.6

doen~e.6

em .6i, pa.Jt.a. pa..6.6a.Jt. a. c.on.6-ide

Jt.a.Jt. a..6

nec.e.6.6ida.de.6 da. .6oc.ieda.de, oue eJt.a. nec.ei

.6ãJt.io

pJt.o~egeJt.

do ma.i, c.Jt.ia.do pela.".6ua.

pJt.e.6ença

na. c.omun-ida.de.

O

.6en~-imen~o

de que a. .6oc.-ieda.de

.6e

enc.on~Jt.a.va. .6eJt.ia.men~e

em peJt.igo c.Jt.ia.va.

uma.

a.~m

0.6

6 eJt.a. de a.ia.Jt.m e c.a.d a. vez m a.-i OJt. " (1 9, p. 7 3

J •

o

final do século passado pode ser caracterizado~

lo conflito entre a rejeição e a afirmação do valor' humano dos excepcionais.

o

início do século XX traz uma evolução nas

atitu-des e concepções: o medo decresce, na razão inversa ao pro-gresso do conhecimento, já que este medo tem como origem o desconhecimento.

Roger Perron, ao falar da ambivalência de nossos dias, comenta que todos os aspectos de valorização dos defi-cientes percebidos nos séculos passados não foram suficie~

(16)

Prossegue:

"a

pnojeçio

no neje~~ado da neaponaab~l~dade

da

nejeiçio,

conduz~ndo

ã

aua condenação

mo-Jt.at" (1 9, p. 6 O ) •

na

pan~i~ do .omento

em

que

o

valon do

indi-vIduo, que

tende

a

ae

~ejeita~,

ae

a6i~ma, a

eaae

pnimei~o

mecaniamo

aob~epõe-ae um

aegun

do: a ~endência pa~a a ~ejeição

ê

culpabili~

zada.

Aaaim, podem

deaenvolve~-ae, po~ "6o~

maçio

~acional", condutaa

de

amo~

e p,'toteçãã,

que, po~que maia

conaiatentea,

pe~mitem lu

-~an· melho~ 'cont~a uma ~epulaa, uma condena

-Cio,

uma ~ej

eição,

que

a e

to~na

mOlLalmente

im

poaalvel

de

aaaumi~" (19,.p. 60).

Maud Mannoni (1967) fala0

da difoiculdade do homem normal de se comunicar como deficiente mental, lembrando os obstáculos que ao longo da história impossibilitaram uma a-bordagem da psicose:

nA

negaçao, a ~ejeiçio, depoia a objetivação

do louco

como

maté~ia

de

e6tudo cientI6ico ,

aio o

ne6ultado

de

um

deaconhecimento

no

homem

dito no~mal, não

do

6eu

p~õp~io

me-do, maa também

de 6eU6

6onho6 aãdico6,

e

ain

da d06 mitoa

e

6upe~atiçõea que lhe povoa~am

a in~ância

e 6e

p~olongam

nele aem

aabe~.

Quando

õ

adulto

6e

encont~a

em óace de

um

6e

melhante que não

é

a imagem do que

ele

c~e

poden eape~a~, oacila.ent~e uma atitude

de

nejeição e

ca~idade ( ... ).

Todo

a

e~ humano que, po~

a eu

e6tado, to~na im

poaalvel ce~taa p~ojeçõe6 p~ovoca no outno

um mal-eata~ - mal-e6ta~ negado, cujo6

eíei-toa vio p~odu zin-6

e

no plano imaginâJt.io"

(15, p. 201).

Hoje, embora com domínio das grandes descobertas c.a ciência, a humanidade permanece ambivalente, com comporta mentos que denotam proteção desnecessária, rejeição

(17)

cientí-fico, reflete uma época de transição.

"Vivem~~

numa

e4a de pa~e4nali~mo exce~~ivo

~

ob4e

o~ de6-<.c-<.en~e~,

como

~ e qu-<.~ ê.6~ emo~ no~

4edim-<.4

de ~udo que o~ 6-<.zemo~ ~064~~ no~ ~ê

culo~ que ~e pa~~a4am" (25, p. 11

J.

Por outro lado, quando analisamos a sociedade em seus aspectos gerais, verificamos o poder de suas atitudes pelas suas possibilidades de moldar os indivíduos, nao se restringindo passivamente a servir de . "pano de fundo" para a vida dos deficientes. Os grupos sociais, em geral, ao mesmo tempo que têm um padrão eSp'~rado de vida, também têm um pa-drão de expectativas quanto ao comportamento de seus elemen-tos. Dependendo destas expectativas e do grau de reajuste dos grupos, ocorre~a ou não a exclusão dos deficientes do

seu interior. Ocorrerá a exclusão, evidentemente, a partir do mómento em que os excepcionais não possam compartilhar d~

quilo que o grupo social valoriza, que não. possam para ele contribuir, que ameacem a sua segurança e o seu status soci-alo

Nossa sociedade s~grega física" psicológica e soci almente os excepcionais, provocando a formação de grupos en-tre os próprios deficientes, que vão à procura de segurança e proteção diante dos conflitos, das frustrações, ansiedade e desapontamentos que surgem, quando buscam aceitação nos gru-pos maioritários, normais.

Pesquisas revelam mudanças para atitudes positivas no decorrer do século, embora afirmem a presença de atitudes negativas ou rejeitadoras e fatores que import~m no

(18)

so de aceitação, tais como:

a) A natureza da deficiência - as deficiências fí-sicas são bem mais aceitas que as doenças men-tais;

b) A idade do deficiente - crianças sao mais bem. aceitas;

c) A personalidade do indivíduo não deficiente; d)

O

tempo de duração do contato - preconceito ma!

or quando há maior duração e intimidade no con-tato.

Pesquisas .realizadas em famílias negras americanas e mexicanas falam de diferentes reações encontradas em pais de deficientes, distintas dos estados de choque, inaceitação e depressão.

nF~eqaen~emen~e, p~i4 de e~i~nça4 de~ieien

-~e4 de di6 e~en~e4 eul~u~a4, não exp~e44 am cho

que, de4 e~ença, de4 eulpa4 e alg un4 do~ ou~

~~04 4en~imen~04 a44oei~do4 a eulpa e dep~e4

4ão. Ao eon~~ã~io, p~eeeden~e

ã

lei

94-742,-4en~imento4 de p~o~eção e aeei~açã.o da e~ian

ça de6ieien~e 6 o~am a mai4 .tlpiea e.moção"

-( 7 6, pg. 6 7 7) •

Pesquisas feitas com empregadores na sociedade arn~

ricana a respeito da admissão de deficientes em suas firmas, mostram que há aceitação em cerca de 50%, levando ainda em consideração a natureza da deficiência. Os dados falam de maior rejeição ao retardado total e aos cegos, estes para ~ ~ funções, pela dificuldade de superar suas

(19)

Há justificativas também com respeito ao aspecto econômico, considerando os custos extras sem recompensa, mui to embora estudos já apresentem resultados positivos quanto ao desempenho funcional dos deficientes, e em algumas áreas, sua produção maior, comparando aos seus pares não-deficien-tes.

Na nossa realidade brasileira, já podemos falar de profissiona.lização, do excepcional e de resultados positi-vos de sua colocação no mercado de trabalho, com reservas e limites aos deficientes mentais. Sabemos também que sua co-locação profissional ocorre em função, muitas vezes, de ati-tudes paternalistas e superprotetoras, sem um preparo e co-nhecimento maior sobre as reais possibilidades do excepcio-nal.

Temos conhecimento de empresas, no Rio de Janeiro, como a White Martins e Sulamérica Capitalização, entre ou-tras, que empregam excepcionais, ocupando funções de carater mais repetitivo.

Para tal, a seleção dos deficie~tes é realizadapor pessoal técnico, havendo para sua contratação, um periodop~

vio de treinamento dentro da própria empresa ou na institui-çao de origem. Os empresários, acreditando nas possibilida des reais dos deficientes, já tomam a iniciativa de solici -tar a sua mão-de-obra, buscando as instituições para o preen chimento de seu quadro de funcionários.

(20)

bora os conhecimentos da medicina, biologia,-genética, psico logia e outros nos proporcionem ,uma

vís~omais

objetiva dos fenômenos da excepcionalidade.

"

Miguel Chalub (1972) questiona e comenta sobre o

-

t:~_ papel do deficiente no nosso século, em plena era da tecnol2,

gia e da eletrônica, do trabalho qualificado e cada vez mais sofisticado. Há lugar para o deficiente físico, mas, em re-lação ao deficiente mental, tudo o que sabemos não nos permi te ainda afirmar sobre seu futuro. As oportunidades profis-sionais para os deficientes surgem

à

medida que os mais cap~ zes vao se colocando na mãó~de-obra especializada em busca de status e ~e melhor remuneração. O aproveitamento dos de-ficientes se fa~ nos trabalhos mais servis. Acredita que, quando ocorrer em nossa realidade brasileira um nivelamento s6cio-cultural e educacional, como QOS países adiantados., ha

verá possibilidades profissionais para os excepcionais, prin cipalmente os de área intelectual. Sobre os deficientes, a-crescenta:

"N

ã.o

m cU..6

aR. v 0.6 de. mi.6 e.Jli

c.

ôttd-i..a , ptt o t

e. ç.ã.o

e.

pate.ttnaR.i.6mo, ma.6

~-i..m

pe..6.6oa.6 úte.i.6, ne.c.e..6.6â

tt-i..a.6

e. vaR.io.6a.6.

ER.e..6

pa.6.6attã.o a c.on.6t-i..tuii

um c.ontinge.nte. muito impotttante. patta a .6oc.ie.

dade.

e. vaR.e.ttã.o pott i.6to"

(25,

p.

111).

-Formulação do problema

(21)

A família, considerada como "única", antes de ser "família excepcional" é um elemento social dotado de valores e padrões culturais da sociedade

à

qual pertence. Como pe-queno grupo interposto entre a cultura e o indivíduo, tem o poder de filtrar as inf.luências culturais, considerando os seus próprios valores e papéis e, assim, reconstruir uma cul tura pessoal, única. Tem o poder de readaptação, de ajuste a uma nova situação, objetivamenteconflitiva.

\

Para Alan

o.

Ross (1964), a família tem um certo nível de tolerância de tensões e, quando estas se tornam tão intensas que ameaçam a sua desintegração, surgem forças re -pentinas para sua u~ião,armas contra a ameaça

à

sua solida-riedade.

Fruto de uma sociedade ambivalente, a·família do excepcional ê marcada por atitudes hostis, de rejeição ao filho "doente" - elemento social incapaz, não produtivo, u-surpador, que "destrói" os recursos familiares e sociais. Ao mesmo tempo,

é

dotada de atitudes de amor e aceitação, valor cultural de uma sociedade humanista. Assim, estamos diante de um comportamento dissonante,·inevitável e presente na mai oria das mães dos excepcionais, que surge no momento inicial da relação, permanecendo ou não indefinidamente e podendo se tornar, desta forma, fator negativo

à

estruturação dos

(22)

onados dificulta sua eliminação, muito embora nao a

impossi-..

~ .

bilite. Considerando a dificul~de basica do excepcional co mo um problema social, acreditamos que não ocorra uma maior resistência

à

mudança de atitudes na relação mae-filho, des-de que o novo comportamento encontre apoio em comportamentos semelhantes, apresentados por pessoas do mesmo grupo social. Nossa sociedade, bas~camente paternalista, com ati tudes contraditórias de aceitação-rejeição, por um lado, nos leva a crer na possibilidade de mudanças de atitude a partir do momento que oferece locais de apoio social, nos grandes centros, com recursos técnicos de orientação especializada,~

través da assistência prestada por órgãos de Governo ou enti dades particula~es. Por outro lado, o paternalismo poderá ser encarado como um fator de resistência

à

mudança, a par -tir do momento que se apresente como fonte de pressão, . re-forçando nas famílias a necessidade já existente de atitudes super-protetoras que impedem ou bloqueiam o desenvolvimento do potencial da criança deficiente.

(23)

Até que ponto as equipes especializadas se encontram" prepara-das e conscientes de suas limitações, podendo oferecer de fa-to um trabalho científico, porém humano?

Não podemos negar a existência de hospitais que, ainda hoje, mantém os doentes em celas individuais, trata-dos com camisa-de-força ou acorréntatrata-dos; Tal fato revela não somente a rejeição existente, mas também a precariedade de nossos recursos assistenciais, reflexo de nossas condições so cio-econômicas.

-Estamos certos, porem, de que, em qualquer momento ou espaço social, podemos encontrar um conjunto complexo de

valo~es, onde estão presentes atitudes extremas que se opõem,

(24)

CAPITULO 1 - FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

1.1. Importância do vínculo da relação mãe-filho

~ nosso pr~pósito enfocar a relação mãe-filho e sua influência no desenvolvimento do excepcional, sem nos es

~uecermos contudo, da importância de qualquer outra relação

dentro ou fora da dinâmica familiar.

Inúmeras teorias sobre o desenvolvimento e forma-çao da personalidade infantil esclarecem satisfatoriamente os componentes emocionais-afetivos desta relação, embora sem dar maior ênfase ao fenômeno mãe-filho excepcional. Estamos certos que não há uma diferença qualitativa entre ambos os tipos de relação e que esta diferença se faz evidente no grau ou intensidadé dos conflitos existentes. Assim como a criança deficiente se distingue 9a normal em termos quantita-tivos, assim também se caracteriza a sua relação com o mundo.

(25)

"amor" sao condições indispensáveis para a formação saudável da personalidade da criança. Para que os bebês se tornem a-dultos saudáveis, indivIduos independentes, mas socialmente preocupados,

é

necessário que lhes sej a dado um bom princípio,' consequência do amor-vínculo existente entre a .. mãe e o bebê.

Os cuidados paternos com o bebê nao sao, somente, uma situação de prazer para eles e para a criança, mas a úni-ca forma de ele se transformar em um adulto sadio em sua tota

lidade. Sentir prazer em cuidar do bebê é de vital impor-tância, mas so ocorrerá dependendo da ausência de tensões ou de preocupação geradas pe,lo medo e pela' ignorância.

Quando o filho

é

perfeito, as pessoas transmitem

à

mae uma certa tranqüilidade, embora comprometida pela ânsia de querer conhecer 'o próprio filho e pelo fato de que alimen-tava idéias horríveis a respeito.do nasciménto de uma criança anormal, muito diferente do bebê sadio e perfeito.

"E

c.omo

.6 e. 0.6 .6 e.lLe..6

huma.no.6

a.c.ha..6.6

e.m

mu.i..to

d.i..6Zc..i..l a.c.lLe.d.i..ta.lL .6e.lLe.m ba..6ta.nte.

bon.6

pa.lLa.

c.lL.i..a.lLe.m de.n:tlLO de.le..6 a.lguma. c.0.i...6a. boa.

e.

(26)

o

conhecimento da saúde do filho, quando normal, provoca um certo alIvio e reforça o amor e o orgulho dos pais.

o

que dizer sobre as sensaçoes decorrentes do co -nhecimento das "anormalidades" do filho? Qual o prazer sen-tido pela mãe, ao cuidar do filho excepcional, se a natureza da relação é de tensão, preocupação e ansiedade, diante do "estranho" que o caracteriza?· Como te~ satisfação em ser mae, se estão presentes sentimentos de culpa pela "doença"do próprio filho?

"Conheci

mãe.6 CUJO pltazeJt

da mateJtnida.de 60i

e.6tJta.gado pelo 6a.to

de .6e

.6entiJtem a.lgo

Jte.6-pon.6ãvei.6 pela. vivacidade do

beb~"

(26,p.301.

Como se adaptar às necessidades do filho excepcio-nal, se a relação.mãe-filho se caracteriza por uma ambivalên cia de sentimentos - "amor-ódio"? O que falar da conseqClên-cia na formação do "ego" das crianças deficientes, diante da ambivalência existente na relação mãe-filho?

(27)

caça0 com o repouso resultante da satisfação: A partir do

·ff

momento em que a mãe consegue êxito em sua relação com o be bê, através de uma amamentação satisfatória, e consegue

per-

.-manecer como pessoa única na vida do bebê durante algum

tem-o :~. po, até o momento em que ambos possam se sentir seres

huma-terá nos integrais, o desenvolvimento emocional da criança

passado por um processo com resultados positivos, servindode

.

base

à

criança para uma experiência independente entre os muitos seres humanos que farão parte de sua vida.

Nas primeiras relações mãe-filho se encontra a ba-se de uma relação autêntica da criança com as pessoas que lhe são mais próximas e, numa crescente socialização, a de sua relação com a sociedade. ~ o conhecimento exato da mae

-do que

é

real e do que não

é

que auxilia a criança na situa-ção ~e estabelecer urna separaçao entre o mundo e sua imagin~

çao, ou seja, em compreender

"que

o mundo nao

~

tal como

~e

imagina

e que

a imaginaçao

nao

~

exatamente como o mundo"

(26, p. 81).

Assim se forma a percepçao "real" do mundo pela criança. Podemos questionar, portanto, a partir das afirma-çoes de Winnicott, se os distúrbios de percepção dos excepc~

onais, responsáveis, em parte, pela dificuldade de percepção do "real" não têm somente origem nas lesões orgânicas freqll~

tes nos deficientes, mas também são frutos de fatores emocio -nais-afetivos da relação mãe-filho, quando o conhecimento do "real" pela mãe não ocorre satisfatoriamente.

(28)

fantásmica do filho com a mãe" subsidios para nossas afirma-tivas:

"Vim04

at~

que ponto a

e~iança at~a4ad~

e a

mie

60~mam,

em

ee~t04

moment04, um

~~ eo~po,

eon6undindo-4e tanto

o

de~ejo

de um eom o do

out~o,

que 06 doiJ

pa~eeem vive~

uma

~~

e

me4ma

e~t~~ia. E~ta e6t~~ia

tem

po~ ~upo~

te, no piano

6anta4mag~~ieo,

um

eo~po

atingI

do,

di~-4e-ia, po~ 6e~imento~ id~ntieo~

que-adqui~i~am ea~~te~ ~igni6ieante.

Oque na

m~e

"ia pode

4e~ ~e~olvido

ao

nZ0el da

p~ova

de

ea~t~açio,

vai

~e~

vivido, eomo eeo,

pelo 6i

lho que, n06

~eU6 ~illtoma~, muita/~

veze6 nio

6a~ã mai~

do que

ob~iga~

a angú4tia

mate~na

a

"6

ala~" (1 5, p. 83).

Winnicott (1957), dando ênfase a presença da mae para o desenvolvimento saudável do bebê, apresenta alguns aspectos de maior importância:

a) A mãe e necessária corno pessoa viva: o bebê deve ter aces so completo ao corpo vivo da mãei

b) A mãe é necessária para apresentar o mundo ao bebê: atra-vés das técnicas usadas, o bebê é apresentado

à

realidade externa, ao mundo que o cercai o sucesso na alimentação~

fantil é parte essencial na educação da criançai

c) A mãe é necessária na tarefa do desilusionamento - a mae

-só pOderâ privar o filho dela própria, se anteriormente ti ver significado tudo para a criança.

(29)

principalmente, no final da gravidez, continuando por algum tempo depois que a criança nasce, cuja Fecordação, em geral,

.

~ .

tende a ser reprimida. Esta condição de sensibilidade, estado de quase "uma doença" somente ocorre, se a mãe for "sadia" p~ ra alcançá-lo e recuperá-lo quando o bebê dela se desliga ou a

.

t~. libera. A mãe parece estar biologicamente condicionada na ta refa de lidar com o próprio filho; entre. eles parece haver uma identificação ao nivel do consciente e tambêm do inconsciente.

Atravês do estado de "preocupação materna primária" afirma Winnicott (1956):

"A

mie

6o~neee

um"

~etting

no qual a

eon6ti-tuicio do bebê pode 6e

m06t~a~,

6ua6 tendên

eia6

de

de6envolv~mento

podem

eomeça~

a

6e

~evela~,

e o bebê pode

expe~imenta~

um movi

mento e6pontineo

e

domina~

a6

6en6acõe6

a~

p~o p~iada6

a

e6 ta 6 a6 e inieiat da vida"

('l.

7

I

p. 495) • .

(30)

entre os dois. Esta comunicação se torna possivelpelo acor do estabelecido entre mãe e filho, através de um código cuja-forma particular é o resultado da história das relações obj~

tais entre mãe e filho.

Para Freud, afirma Spitz, e necessário ocorrer uma mudança interior, para que ocorra a descarga de um impulso. Mas a descarga sozinha nao é suficient~ para aliviar a ten -são, sendo necessária uma alteração no mundo exterior.

"O

beb~,

diz Spitz,

n~o

pode

con.6egui~

e.6ta

atte~a~~o

4em a ajuda da

m~e,

e e4ta, ao

in-te~p~eta~

como 4inat o que

pa~a

a

c~ian~a

a

p~incZpio ~oi

40mente uma

de4ca~ga,

e4tabele

ce um 4i4tema de

comunica~ão,

ou

metho~,

uma

mudan~a

vi.6Zvel de conduta, .6eja intencional

ou

n~o,

que in 5.e.uencia na

pe~cep~ão, 4

enLúnen

t04,

emo~~e4,

pen.6ament04 e

a~~e.6

de uma

ou

v

ã~i

a4

p

e.6 .6 o a.6" (2

4,

p. 1 3 ) .

As relações afetivas entre a mae e o filho. sao a base para qualquer outro desenvolvimento da criança no seu 19 ano de vida, são a base para o estabelecimento das rela-ções objetais, responsáveis, por sua vez, pela iniciação das relações com as "coisas". Certas influências psIquicas têm o poder de irradiar no "soma", ou seja, pbdem diminuir a re-sistência da criança a toda a espécie de enfermidade. Impo!:. tante lembrar que o desenvolvimento afetivo, anterior a ou-tros desenvolvimentos, não se limita somente aos afetos de prazer e ao reconhecimento pelo bebê do rosto da mãe (Gesta1! sinal), sendo também importantes os afetos de desprazer.

"A6

di6e~en~a4

individuai.6

ent~e m~e.6

di4tin

ta.6

4~O inúme~a.6,

logicamente; ma.6 também .6M

inúme~o.6

04 .6entimento.6,

~e4p0.6ta6

e

compo~­

tamento a6etivo em cada

m~e,

em

pa~ticula~.

(31)

. :~"i.

/

~e~ã

in61uenciada pela6

ati~~~e~

e

pela

pe~­

~onalidade

de 6eu

6ilho, em um

p~oce6~o c~~­

cula~.

A

c~ianç.a

na6ce

p~ovida

de

uma

baga-gem

cong~nita

individual que

exe~ce~á

6ua in

61u~ncia

n06 4entimento6 da mãe.

E

6egundo-a peJt60n6egundo-alid6egundo-ade d6egundo-a mãe, 6egundo-a di6

e~enç.a

""6

e~á

mui

to gJtande,

~e

a

c~ianç.a

ê

p~ecoce

ou

~eta~da

da, dócil ou Jtebelde, amável ou

anti-~ocialw

(23, p. 26).

-Spitz, colocando em ~estaque o processo de amamen-tação no desenvolvimento geral da criança, sugere, para estu do, a observação da influência no desenvolvimento da mente ocidental, nos últimos 50 ou 80 anos, do uso da mamadeira c~

-mo forma de alimentação: influências no comportamento do ho-mem ocidental, em sua maneira de comunicar-se. Questiona s~

bre a possivel influência em suas relações com o meio ambien te, em seus simbolos verbais e talvez também em seus proces-sos de pensamento.

1.2. Caracteristicas da relação mãe-filho excepcional

Quanto às caracteristicas especificas da problemá-tica do excepcional no que concerne à sua integração famili-ar, social, profissional e, sobretudo, quanto

ã

importância e natureza das relações mãe-filho, foram consultados experi-mentos, estudos, investigações de campo de vários autoresque

interpretam ,tal problemática de diferentes ângulOS ou pontos de vista teóricos.

(32)

açoes que possam ocorrer quando o problema surge, subitamen-te, quando do nascimento da criança, ou no decorrer do seu desenvolvimento. Outros falam de per iodos de queda-regres~

a depressão - e falta de coragem dos pais durante o processo. Para Rosemary Shakespeare (1975) certos padrões de reaçao sao observados no reconhecimento súbito: choque e sentimento de incredulidade, desejo de ficar só no sentido de absorver a noticia e, finalmente, crises de choro corno re

;.

ação de dor ou luto pela perda da criança perfeita que se es perava.

"~ando

a de.6.i..ci..ênCÁA.

é

õbv.i..a. ao nM

C.e.Il, 4.6

mae..6

.6ao pllope.h.6a.6 a Ile.latall que. c.ome.çallam a ac.e..i..

tall a c.1l.i..ança quando olhallam e.m

~e.u.6

olho.6

e

v.i..llam até que. ponto palle.c..i..a nOllma.l.

E.6.6e.

c.ontato v.i...6ual palle.c.e.

.6e.1l

o .i..nZc..i..o de.

uma

l.i..gação mãe.-6.i..lho"

122,

p.

60).

Quando a deficiência não

é

evidente ao nascer, o processo de aceitação do filho excepcional se faz gradualme~

te em diferentes ritmos, caracterizando-se por diferentes r~

ações, que podem ou não vir a ocorrer, ser ou não percebidas e variar em sua intensidade.

"Ve.plle..6.6ão, .6e.nt.i..me.nto de. .i...601ame.nto, c.hoque.,

6llu.6tação

e.

c.õle.lla; c.ulpa pe.la pO.6.6.i..bil.i..dade.

de. que. a de.6.i..c..i..ênc..i..a pO.6.6a te.1l .6.i..do c.au.6ada

pOIl algo que. a mãe. 6e.z no pa.6.6ado;

a.6pe.lla.6

c.lllt.i..c.a.6 ao.6

méd.i..c.o.6

ou e.n6e.llme..i..Il0.6

e.nvolv.i..-do.6 no pallto, ou a qualque.1l autoll.i..dade. eon.6.i..

d e.llada .i..n.6 e.n.6 Z

v e.! e.

.i..m pll

e..6

tã.v e.!; a!a.Ilm a

e.

hoil

IlOIl pe.!O.6 de..6e.jo.6 de. que. a c.1l.i..ança

mOIlIl~

( ••• ); pe.llda de. amOIl pllõpll.i..o, quando

.6e

.6e.n-tem .i..nc.apaze..6 de. ge.llall um 6.i..!ho nOllmal,

e

.6ent.i..me.nto

de

de.llllota"

122,

p. 59).

(33)

tação e rejeição dos pais como pólos opostos de um processo

,!fi .

dinâmico de relação com o filho .fexcepcional (Juanita W. Fle-ming, 1973, Marion J. Erickson,1966 e Maria H. Novaes, 1975) e das possibilidades de uma fixação ou parada na primeira

e-. ;t"Ee-. tapa do processo - fase de inacei tação, negação (Cruickshank ,

& Johnson, 1915). Os pais que nao aceitam a deficiência do filho podem permanecer longo t~mpo

à

procura das causas da deficiência ou em busca de uma possível "cura" para o

fi-lho, através de um diagnóstico mais favorável, ou projetar nos técnicos a causa de seu fracasso. Segundo Begab (1956), a maior dificuldade de aceitação ocorre quando o filho se a-proxima da normalidade ou quando as famílias sao de baixo ní vel sócio-econô.Jico e o filho deficiente nao demonstra mai-or incapacidade do que qualquer outro da família.

nA

aceitaçao

~ con~eguida

quando

o~ paZ~

e a

e~

cola entJtam

em

acoJtdo

~

obJte a

~ituaçao m~

conveniente paJta a cJtiança, e quando o

pai

peJtgunta

~obJte

o

que

mai~

pode

óazeJt paJta

a-judaJt

~eu

óilho a alcançaJt

~eu

máximo

poten-cial.

A ajuda que

O~ pai~

podem daJt

depende

de

~ua compJteen~ao

dOJ

pJtoblema~ paJtticu~a

-Jte~

da cJtian a

e

do~ Jtoblema~ eJtai~

de

a a ta ao

ue en,Jtentam

todo~ o~ ~ndiv~ uo~

JtetaJt

ado~ mental~ente.

TeoJticamente, o pJto

gJtama do pai abJtangeJta

di~cu~~~e~

individu

~

ai~

aceJtca

da~ nece~~idade~ paJtticulaJte~

da

cJtiança

e di~cu~~õe~

de gJtupo

~obJte o~

pJto

-blema~

de adaptaçao

do~ JtetaJtdado~ mentai~

,

como conjunto"

(7,

p. 737).

(34)

mática se acentua. O comportamento superprotetor, que, a .:fI .

princípio, é negativo, pois lim~ta a ação da criança, poderá surgir em função da dificuldade de se estabelecer o limite

".

entre a proteção necessária e a superproteção. O fato das

. ;:~. pessoas atribuírem problemas acidentais

à

situação de

excep-cionalidade da criança leva os pais a comportamentos de mai or proteção do que o necessário. ,

Para Samuel A. Kirk (1958), no estágio de investi-gaçao inteligente, posterior a reações de descrença, medo e frustação, os pais já acreditam que possa haver mudanças em suas atitudes, embora o estado de retardo do filho permaneça, obritagóriamente.

"Na

~ealidade,

a

aeeitaçio

4inee~a

do

~eta~­

damento

e

o eon.6entimento

e.m en6Jte.ntaJt a

.6i-tuaçio,

e.m .6i, 4io indZeio4 de mudança de.

a-titude diante do pJtoblema"

(77,

p.

22).

Neste momento os pais estão capacitados pa~a ver o que pode ser realizado como auxílio ao filho deficiente.

,

Cruickshank & Johnson (1967) vêem a família corno um reflexo das atitudes sociais. Atribuem

à

sociedade ares ponsabilidade das atitudes e sentimentos que ocorrem nos pais dos excepcionais:

"N04 pai.6

e.6tio

eonee.nt~ada.6

toda.6 a.6

atitu-de.6 da .6oeiedade

eultu~almente de.te~minada4,

além

de 4ua.6

p~op~ia.6

e..6peJtança4

e.

a.6p~~açõu

mutilada.6

em

~elaçio

ao 6ilho"

(6, p. 17) .

(35)

filho, o que ocorre principalmente em certos "tipos de defici

";I

ência, sentimentos de culpa e preocupação por parte das mães quanto ao fracasso em seguir a orientação médica pré-natal,

""

culpa atribuída ao outro cônjuge, "suspeito" de ter feito aI

"t~ .. ;". go que resultou na deficiência do filho, frustração pelas l i

mitações que a incapacidade coloca em seu filho e em si pró-prio e pelas expectativas diante das realizações do filho.

Podemos acrescentar o fato do despreparo dos jo-vens para serem pais - e principalmente de excepcionais - co mo reflexo de uma sociedade preconceituosa e ambivalente di-ante dos incapacitados.

Maud ~annoni, psicanalista, encontra na figura da mae, a luta contra"a indiferença ou inércia social. Lúcida e consciente, junto ao marido "silenc~oso", impotente, ê a mae

.

que sai

à

procura de apoio ou "contra eles", que vai

à

procu ra dos médicos pedir "nada" do que diz respeito ao filho e

"um pouco" a resp.eito de si própria, que vai em busca de um reforço para prosseguir na sua luta.

o

nascimento de

um

filho, se desejado pela mae du-rante a gravidez, além de ser uma recompensa, torna-se uma repetição da própria infância, um sonho que pOderá preencher o que ficou vazio no seu próprio passado,

"uma -<.mage.m

6anta~

lho

de. 4onho te.m

po~

m-<.44ão

~e.4tabe.le.ee.~, ~e.pa~a~

o que.

na

h-<.4tõ~-<.a

da mãe. 60-<. julgado de.6-<.e-<.e.nte., 4e.nt-<'do eomo

6alta,

ou de.

p~olonga~

aqu-<'lo a

que. e.la te.ve. que.

~e.nune-<.a~"

(14,

(36)

de choque:

"No momento em que

~ob~e

o plano

6anta~mag~­

~ico

o

vaz~o e~a p~eenchido po~

um

6~lho ~ma

ginã~io, apa~ece

o

~e~ ~eal

que, pela

~ua

en

6e~midade,

vai não

~õ lLenova~ o~ t~aumat~~-=­

mo~

e a6

in~ati~6aç~e~ ante~io~e6,

ma6

tam-bim

impedi~ ~nte~io~mente,

no plano

~imbõli­

co, a

~e~olução

d06

p~oblema6

de

ca6t~ação

da

mãe.

Po~que

e6ta

ve~dadei~a

chegada ã 6emini

l.i.dade deve inevitavelmente

pa~~a~

pela

~e

-=-n~ncia

ã

c~iança

Zdolo, que não

i

6enão

o

6i

lho

.imaginã.~io

,.

.

de Édipo" (14, p.

30).

-Para Mannoni, qualquer nascimento nao corresponàe ao que a mae espera e, se, depois das dificuldades sofridas na gravidez e parto, não ocorrer a recompensa que propicia um .

.

estado de felicidade, algumas conseqüãncias surgirão. A soli dão e a angústia aparecem e se fixam, pela falta de reconheci mento da mãe pelos outros como pessoa humana e pela sua busca para ser "suportada" pelo pr5prio filho.

Matty Chiva & Yvette Rutschmann (1969), colaborado-ras de René Zazzo, afirmam que o aparecimento de uma criança deficiente em uma família provoca um choque gerador de reações em cadeia. Estas reaçoes são ba~icamente iguais, independen-tes do nível de lesão, ou da ocasião em que o problema foi detectado - ao nascer ou mais tardiamente.

"Tudo

~e de6en~ola

ao nlvel d06

6ato~e6

in-te~pe66oai6

do ca6al, n06 plano6 a6etivo, in

telectual, 6õcio-econômico, 6imultâneo6

e ~n

te~.t.i..gado6" (5,

p.

37).

(37)

pais, poderá ser melhor suportada, dependendo do tipo de re-lacionamento prévio existente entre eles.

o

preparo emocional, para muitos autores, é a con-dição básica para o saber lidar com a problemática do filho excepcional. Instáveis emocionalmente, os pais poderão vi -venciar momentos de crise, ao tomarem conhecimento da gravi-dade do problema do filho. O afastamento entre o casal, a personalidade dos pais, a harmonia do lar são também fatores relevantes na adaptação da criança deficiente (Telford,1967).

Para Isabel D. Arnal (1965), os pais sao elementos de grande importância e decisão na' recuperação d.as crianças deficientes:

"0 l,e.i.o

~a.m.i.l.i.a.lL, o

amb.i.en:te c.a.l,e.i.lLo plLOpZC..i.

o, nã.o

-6

o

C.OI1~

e-'tva.m a.-6

pO~-6.i..b.i.i.i.da.de.-6

de

de-l,envolv.i.men:toda. c.lL.i.a.nç.a., ma.-6 a..i.n.da.,a.o

exelL-c.i.:tã-la., ma.n:têm e-6:ta.l, pO-6l,.i.bil.i.da.de.-6 em

~OlL­

ma.

e :tenl,ã.o pa.!La. qu.a.ndo :tenha.m de l,elL

emplLe-gada.-6 n.o c.e.n:tlLO edu.c.a.:t.i.vo el,pec..i.a.l ( ••• )

(1,

p. 14).

A relação afetiva da criança com os pais é a for-ça que leva a crianfor-ça a agir, é o meio que compensa o seu déficit mental (quando deficien~e mental)~é a base para sua segurança e estabilidade emocional.

OUtros pontos de relevância surgem no estudo da re lação família-criança excepcional, podendo ser assim resumi-dos:

(38)

b) Desestruturação da família, quando ~J existe uma instabi-lidade emocional anterior ao 'aparecimento do problema; c) Dificuldade por parte dos pais em manejar ~ situação, por

-ausência de padrão ou modelo anterior;

d) Maior exigência com relação aos filhos normais, como com-pensaçao, o que pode gerar hostilidade do irmão "normal" para com o deficiente;

e) Conflitos permanentes quanto a educação do filho na situa çao em que somente um dos pais aceita a deficiência.

As famílias não apresentamuma forma idêntica de reaçao a uma situação de crise. Haverá, necessariamente, um estado de desorganização inicial, seguido de uma organização suficiente para manter um nível desejável de funcionamento a ceitável por si mesmo e na sociedade. Para isto, importam fa tores comuns, tais como: a atitude da sociedade, a índole do ambiente, as características individuais da criança retarda-da e fatores pessoais, como a aretarda-daptação pessoal dos pais, ig cluindo seus recursos físicos, sociais, emocionais e intelec tuais, natureza e grau de deficiência da ~riança e a presen-ça de outros filhos.

As reaçoes diante da situação de se ter um filho excepcional podem ser vistas através de diferentes enfoques, considerando autores diversos: em seus aspectos mais gerais ou em relação a um período ou estágio de desenvolvimento da

cri~nça, a situações especiais dos pais dentro do processo de

(39)

.{~,

~. ;'"

situação seja diversa e possa haver f~~ção em etapas dife -rentes do processo.

Para Cruickshank & Johnson (1967) a~etapas podem se resumir em:

a) Encarar a realidade; b) Aceitar a deficiência;

c) Ajudar a criança de modo construtivo;

d) Tomar iniciativas necessárias

à

solução dos problemas pr~ vocados pela deficiência .mental na sociedade.

- <.' :

Para Solnit & Stark (1961), os pais desejam que o filho correspon~a a seu ideal de perfeição. Para eles a im-perfeição do filho' significa a própria imim-perfeição, surgindo comumente tristeza, depressão, imob~lização e desamparo como reações

à

"perda do objeto amado".

"En6~enta~ a ~ealidade exte~na

de

uma c~ian

ça com

de6eito~ congênito~

e

a ~ealidade in~

te~na

de

~enti~ a pe~da

de

uma c~iança no~ -mal de~ejada ~eque~ muito t~abaiho mentai.E~

ta ta~e6a p~Zquica

e

vaga~o~a

e

emocionalmen

te

peno~a. C~e~ce at~ave~ da de~ca~ga g~adu

ai

e

~epetida

de

inten~o~ ~entimento~

e

memõ

~i~. E~~a~ ~eaçõe~ mentai~

e

emocionai~

ca

eacitam o~ pai~ pa~a ~econhece~

e

adapta~-~e

a ~ea.e.idade da c~iança ~eta~dada" (2, p. 36) •

(40)

Juanita Fleming (1973) fala t!a importância das re 1 . 1ações entre pai e filho, cujas reações vão desde a afeição excessiva até a completa rejeição. Apresenta ~ quadro c1as sificatório das famílias, considerando o modo de reagir ao problema, trabalho de Fe1dman e Scherz (1967), e que pode ser assim resumido:

1 - Família equilibrada: relativamente madura, com capacida-de capacida-de se adaptar

à

situação de vida: passa por fases bá-sicas de desgosto profundo e de ajustamento, que podem ser caracterizadas, prin6ipa1mente, por: (a) reação de choque com negação do problema; (b) desespero e busca de diversos méJicos: (c) imobilismo com aparência de desin-teresse: (d) expectativa com busca de conhecimento sobre o excepcional.

2 ~ Família caótica: apresenta dificuldade para enfrentar a realidade, falta de controle e atitudes imaturas e difi-cu1dade em estabelecer distinção entre os papéis. pode-rá ocorrer desentendimento entre pais e irmãos até a separação do casal, recusa em assumir a responsabilidade pelo excepcional e negaçao do fato.

3 - Família neurótica: as reaçoes vão depender da natureza dos problemas já existentes: poderá haver dificu1dadesern uma área de funcionamento.

(41)

Telford & Sawrey (1972) depositam na mae a princi-pal responsabilidade pela saúde mental do filho, muito embo-ra não neguem a importância de qualquer elemento como capaz de influenciar o desenvolvimento da criança. Há umá total in

,

teração familiar, onde a atitude de qualquer elemento influ-encia as demais. A família, por sua vez, é o principal agen te entre a sociedade e o excepcional, e é através dela que a sociedade exe~ce inf~uência sobre o indivíduo. A maior pre2 cupação dos pais é descobrir um modo de enfrentar os proble-mas diários, de forma a não prejudicar o desenvolvimento do filho e sim estimulá-lo.

Afirmam eles que a reaçao dos pais diante da exceE cionalidade do filho é a mesma apresentada por urna pessoa qualquer diante de uma situação de conflito ou frustração,P2 dendo ocorrer padrões de reação, tais como:

a) Encarar o problema de modo realista - muitos pais sao ca-pazes de encarar de modo realista e bem integrado as ten-sões pela pres~nça do filho excepcional, tal como enca-ram as outras tensões de sua vida;

(42)

de e pelos próprios pais, a esper~~iade que os filhos ultrapassem os próprios emprJendimentos, a identificação dos pais com os próprios filhos e a conseqüente perda de

,.

amor próprio;

c) Autocomiseração e lamentação - surgem a partir do momento em que há perda de Objetivação. Há medo de perda de pres tígio, surgem dúvidas religJosas, perda da crença, ou bus ca de consolo na mesma;

d) Sentimentos ambivalentes - a ambivalência comum aos pais "normais" se acentua diante da excepcionalidade de um fi-lho podendo aparecer sob forma manifesta ou velada compo~

terior sentimento de culpa e atitudes frequentes de supeE proteção ou de vida "martirizada";

e) Projeção - a projeção surge como defesa contra sentimen-tos de ansiedade. Ao projetar, há transferência de res -ponsabilidade, e as causas da deficiência da criança sao atribuídas a outrem;

f) Culpa, vergonha, depressão - surge a culpa a partir do momento em que, principalmente na etiologia ignorada ou obscura, os pais acreditam serem eles geradores do probl~

(43)

surge corno consequência do sentimento de culpa e verg~, num aumento do estado de ansiedade e tensão.

g) Padrões de dependência mútua pais profundamente ansio -sos podem fomentar urna superdependência na criança excep-cional e não menos raro também se tornarem dela dependen-teso A partir das necessidades reais da criança ou do e-xagero das mesmas pelos pais, a criança pode se tornar de les dependentes. ,Estes, dedicando-se quase que exclusiva mente à criança excepcional, nela concentram toda a sua vida e dela se tornam dependentes.

"Po~

veze4,

a 6alta

de

m~tivaçio da c4iança

de6iciente

é

o ~e4ultado

de

uma

dependência

e

imatu~idade 6omentada4 po~ um adulto

e

4uatentado4 pela 4atla~aç~o neu~;tica que 04 pala de~lvam da

dependência

da c~iança" (25,

p. 192).

A importância do trabalho junto à família é bastan te evidenciado por Isabel D. Arnal em seu livro "La educaci-ón en el hogar de los ninos inadaptados". A autora lembra ser o lar o primeiro ambiente da criança e mostra o valor de uma educação adeqúada corno fator positivo e corno dever dos pais na reeducação do filho deficiente. Geralmente, há um desconhecimento quase total da finalidade reeducativa e, na maioria das vezes, os pais nao sao os melhores colaboradores, apesar da capacidade que a própria situação lh~s confere.

"A

atuaçio doa pai4 condiciona o

êxito

ou o

6~aca440 da ~ecupe~aç~o do 6ilho inadaptado

e

4ua

e6icâcia ae

6az 4enti~ até 04 . g~au4

mai4 p~06undo4 da

q.e6iciência

ou inadaptaç~o"

(1, p. 18).

(44)

deficientes:

a) A descoberta do problema;

b) O distanciamento progressivo da criança normal; c) A aproximação do in adaptado à vida adulta.

Em geral, as reaçoes vão do esturpor à negligência passando pela angústia, rebeldia, desespero, vergonha e medo. Na fase inicial, a da descoberta do problema, ê comum ocor-rerem reações de desgosto, pelo fato de a criança deficiente não corresponder às expectativas dos pais. Surge o esturpor pela falta de explicação, acompanhado de sentimento de culpa ou vergonha pela possível participação na origem do problema. Como conseq\iência·, ocorre o afastamento. Há, entretanto, a esperança, que decresce com o desenvolvimento da cri~nça,

quando sua inadaptação vai se tornando cada vez mais visível, à medida que seu campo de ação amplia. Portanto, a vergonha inicial se transforma em desilusão e pessimismo.

"A

acomodaçao do~ pai~

no

mdmen~o da de~co

-be~~a e~~ava apoiada na ~upo~~a' e~pe~ança

de

uma po~~Ivel ~ecupe~aÇao ~imul~anea ao

avan-c e avan-clt o n o

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