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Administração da política industrial no Brasil: relatorio final

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Academic year: 2017

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/

ADMI~ISTRAÇl',O DA POL!TIC\ Il\DUSTRL\L

NO BRASIL* (Relatório Final)

Bianor Scclza Cavalcanti Jorge Vianna ilíontciro Jos6 Cezar Castanhar

-k Pesgtdsa fillanci,1Cb pelo l'ro~~r~lln:l de Estudos sobr~ Políti(~ lnJLls~-ri.:ll e de

Comercio Exterior - lPG\/l\I'ES Ui1ClrçO, 11" 8!1~)SC»).

(2)

..

SUMl\IU

o

Apresentação

...

" ... .. 1

Pesumo ... -... .. 1

I - O CONCEITO IJE POL!TICA INDUSTRIAL . . . • . . . . • . . . • . . . 10

1.1. lnt.rodução ... e." . . . lU

1.2. O conteúdo tecnológico da "política Industrialõl

• • • • 11

1.2.1. Uma fonte inspiradora: o caso japon~s . . . l~

1.3. Os diferentes contextos de uma política industrial. 16

1.3.1. Uma classificação de politica industrial •... l~

1.4. política industrial como output da organização

go-vernamcn tal ..••...•...•..•.••... 21

11 - UMA METODOLOGIÂ PARA O ESTUDO DA POLíTICA INDUSTRIAL NO

BRAS I L •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 2 :)

11.1.

11. 2.

Introdução Revisão d8

,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. • ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-.. ,-..,-.. .:::.. j

base teórica ... c . . . 23

11.3. Quadro de referência conceitual . • . . . 2u

11.4. Uma adaptação de metodologia ao estudo da

Adminis-tração da polItica Industrial no Brasil . . . ~0

11.4.1. A forma matricial co~o representação das intcrdcpe~

d~ncias das unidades de decisão da PI ....•... ~0

II.4.2.A definição de característiças operacionais das

re-lações interorganizacionais na PI ••..•...•... :)1

111 - A ~~TRIZ OU REDE DE INTERDEPENDENCIAS DE POLíTICA

INDUS-TRIAL ~O BRASII.~ ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 34

I I I . 1. l' aro an 110 e (1 i m e n 5 Õ e 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • :) .~

111.2. Formas de articulação .•...•...•.•...•...•. 37

III.3. A leitura da matriz .••....•.•..•..•••... ~ -to

lII.4. Um sumãrio dos resultados •.••...•... 44

111.5. A vis~o externa da PI . . . • . . . 59

IV - O PROCESSO DE FORlv]UL;\Çl\O DE pOLfr I CA INDUSTRIAL E O

PA-PEL DA rOLfTIC\ ORG:\\JIZACIONAL: AN;'\LISE E SUCI:STOES ... 05

I V • ] • I 11 t r o d II ç ã o .•....•••••• & • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ( ) 5

IV.2. Um esboço do processo de formulação da FI ...•. 07

IV.3. Uma técnica de formulação ele FI . . . , .. 71

IV. 4. Um exemplo de apl icação de decomposição de uma P I .. I , )

,-..,

(3)

"

guração do Setor pGblico . . . • . . . • . . . • . . . 82

IV.S.2. Uma política orga~izacional da PI no contexto de

uma reformado Setor pGblico •..•...•..•.•.. 80

(4)

( '

'.)

QUADROS

I - Estratégias Típicas na Articulação da política Indus

trial com a política Tecnológica (A Classificação A~

bert)

...

11 - Decomposição Típica da política Indus~rial no Japão

111 - Diferentes Contextos da política Industrial ... .

IV - política Industrial: A Classificação Adams-Bollino .

V - Variiveis da Anilise Interorganizacional de política

VI - Conjunto de Organizações da política Industrial ....

.

VII - Indicadores de Articulação na Matriz de:Política In-dustrial (Classes, Definições, Legendas) . . . .

VIII- Instrumentos de Política Industrial (A Classificação Donges) . . . ' . . . .

IX - Exemplos para uma Decomposição de PI . . . . • . . .

FIGURAS

1 - A Matriz Interorganizacional da política Industrial

2 - Submatrizes da ~atriz de política Industrial-l

~ - Submatrizes da Matriz de política Industrial-2

4 Um Exemplo da Interação da Polític~ Industrial com

as políticas de Exportação e Tecnológica . . . .

S - Uma Decomposição da política Industrial ... .

(5)

,>

. j

BCB - Banco Central do Brasil

BEFIEX

BNDES

CACEX

CCNAI

CDE

CDI

CIP

CMN

CNE

CENAL.

CNAL

CNPE

CONIN

CONCEX

- Comissão para Concessão de Benefícios Fiscais a Programas Especiais de Exportação

- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

-

Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil

- Comissão de Coordenação dos Núcleos de Articulação com a

Indústria

-

Conselho de Desenvolvimento Econômico

-

Conselho de Desenvolvimento Industrial

Conselho Interministerialde Preços

Conselho Monet~rio Nacional

-

Comissão Nacional de Energia

- CQmissão Executiva Nacional do Álcool

-

Comissão Nacional do Álcool

Conselho Nacional de política de Emprego

-

Conselho Nacional de Inform~tica

-

Conselho Nacional de Comércio Exterior

CONSIDER - Conselho de I\ão-Ferrosos e de Siderurgia

CPA Comissão de política Aduaneira

FINEP - Financiadora de Estudos c Proj'ctos

INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial

MIC Ministério da Indústria e Comércio

SEI - Secretaria Especial de Informática

(6)

,.

'-'

APRESENTAÇ7\O

Atendendo.ao estabelecido nos Termos de Referência da pesquJ:.

sa "Administração da política Industrial no Brasil", a equipe

elabo-rou este Relat6rio Final cujo contefido

6

apresentado de forma

resumi-da, a se gu i r. C * }

A primeira seçao discute o conceito de política industrial.

A inclusão deste t6pico se justifica em raz~o de se ter observado que,

na maioria dos estudos recentes sobre política industrial, uma

ques-tão levantada com freqUência refere-se

a

necessidade de se explicitar

e analisar o conceito de política industrial, preliminarmente a qual-quer esforço de an5lise dos instrumentos ou dos resultados da

pria política. Tal preocupação decorre do reconhecimento de que quer an5lise que se pretenda empreender acerc'a: dos instrumentos dos resultados de uma particular política industrial depende da cepção de política adotada.

~

pro- quai-e

con-Na seçao 11 ~ apresentada e discutida uma abordagem

metodo-l6gica para a anilise da administraç50 da política Industrial no

Bra-sil. A metodologia proposta defende a necessidade de urna reVlsao das

bases conceituais em que as pesquisas preponderantemente cconôliLl c~s

se assentam. Essa revisão compreenderia, fundamentalmente, a conside-ração da dimensão organizacional como parte integrante do processo de

formulação, implementação e avaliação de políticas públicas. Ou seja,

reconhece-se que as políticas pfiblicas não são C011cebidas ou adminis-tradas no vazio, mas sim num contexto de organizaç6es públicas e

prj-vadas, as quais tentarão, provavelmente, fazer prevalecer suas

per-cepçoes e interesses específicos. Para a presente pesquisa buscou-se

desenvolver uma alternativa metodol6gic~ inspirada nos

desenvolvimen-tos mais recentes da Teoria das Organizações, tais como a análise das relaç6es interorganizacionais .

Ns seçao 111 são apresentados os resultados ohtidos com a

aplicação da metodologia mencionada. Este~ r~sultados compreendem a

ide.ntificação das unidades de decisão nw.is relevantes 11.:1

aJministra-(*) Pesquisa elaborada sob contrato

rev

/EBAP /IPL\.

(7)

çao da PI, uma descrição mais geral das formas de articulação observa das entre essas unidades, e a fonnulaçao de um certo número de

pr'opo-s1çoes acerca das caracteristicas e atributos da politica industrial

em

vigor.

Na seçao IV tentou-se formalizar um quadro de refercl1cia que

deveria orielltar o processo de formulação de uma PIo Este quadro com

preende, basicamente, duas etapas que se complerrentam. Na primeira,

especifica-se certas condiç6es fundamentais, relevantes para a

opera-çio de uma PI (aqui denominadas Bases de Dados Estrat6gicos). Xa

se-gunda etapa busca-se definir as aç6es previstas pelo Governo para a

orientação da economia industrial, agrupando-as em diferentes níveis

de agregaçào (~ljss6es, Objetivos, políticas, Estratégias, ~Iet;}s,

Pro-gramas e Projetos). O conjunto dessas aç6es, bem como a sua coordena-ção, consistiria na PI propriamente dita.

Por último, nesta seç~o, procura-se, de forma sistcm5tica, aI

ternativas de política Organizacional (compreendendo o estudo de dife rentes arranjos e funç6cs para as unidades de decisão do Setor

Públi-co ligadas mais diretamente à economia industrial, em especial o CDI)

que poderiam compor uma proposta inovadora de política IndustriaJ .

r.,·,

(8)

I

ADMII\ISTRAÇÃO DA POLTTICA INDUSTRIAL DO BRASIL

Bianor Scelza Cavalcanti*

Jorge Vianna ~~nteiro**

Jos€ Cezar Castanhar***

E generalizado o reconhecimento de que a "política industrial" (PI),

nesse início da d€cada de 80 tem sido composta de modo bem menos

regular e transparente do que o foi em €pocas passadas. ; comum,

na realidade, encontrar-se em estudos sobre o terna, ou mesmo em ma

nifestaç5es de empres5rios, a menç~o i inexist~ncia de urna PI nes

te período. ~o âmbito desta pesquisa, todavia, uma política é con

cebida como o resultado da interação de mecanismos decis6rios que

vigoram no Setor pGblico. A partir dessa concepção constata-seque

ser~ sempre possivel caracterizar a exist~ncia de uma PI, que pod~

r~ ser mais ou menos transparente, comprometida com objetivos de

longo prazo ou com resultados imediatos, articulados com os das

demais politicas governamentais, ou simplesmente subordinados a

politica econômica global.

A PI em vigor no periodo analisado se compoe, basicamente, de dois

elementos: (a) estrat~gias de ação setorial, quase sempre localiz~

das nos grandes projetos governamentais e nos estimulas oficiais ~

exportação; (b) subprodutos das politicas de estabilização eeono

mica. A vinculação da política industrial

ã

política de

estabili-zaçao fez com que os crit5rios de decisão quanto ao controle das

finanças pGblicas, do bal~nço de pagamentos e da inflação

sobrepu-jam fortemente aqueles que seriam tipicamente dominantes na condu

çao de urna PIo Descrito de outra maneira, apesar da PI ser ~~fato

o resultado da interação de múltiplas organizaç5es do Setor Públi

co, num contc::xto de preocupação com a estabilização econômica ela

tem sido tratada formalmente corno um conjunto de objetivos e ins

trumentos que não encontram contrapartida orgânica em sua base 1ns titucional.

* Da Escola Brasileira de Administraç50 PCiblica da fundação r..ctíLlio \'Jrgas.

** Da Pontifícia Universidade Católica do Rio de JJJlciro.

(9)

Assjm, o nonto crucial na caracterização de uma rI alternativa,

6

precisamente a mudança de contexto de tal política, ou seu reconhc cimento explitico, viabilizando-a mediante arranjos institucionais mais apropriados.

o

problema de politica industrial discutido e analisado no

contex-to deste trabalho Ioi, então, definido corno segue: dada uma clas

sificação racional dos elementos da PI correntemente proposta, co

mo devem se articular os mecanismos institucionais chave para a

sua reVlsao constante e implementação?

Para a anilise desse problema desenvolveu-se uma metodologia que

utiliza conceitos da Teoria das Organizações e da emergente Teoria

das Relações Interorganizacionais. Em ess~ncia, essa metodologia

se fundamenta no principio de que a PI não ~ formulada, e muito me

nos implementada, num espaço abstrato ou no contexto de Ullla única

organização. Ao contr~rio, os processos decis6rios a que nos refe

.rimos anteriormente dizem respeito a um conjunto de organizações e

a um complexo sistema de relações formai~ e informais que entre

elas se estabelece.

Dessa forma, na an~lise da PI empreendida neste estudo buscou-se:

a) identificar a natureza das relações interorganizacionais refe

rentes i ação das organizações públicas cuja atuação exerce aI

gum impacto sobre a economia industrial, mediante especificação e anilise dos atributos dessas relações;

b) avaliar o significado das relações interorganizacionais existen

tes para o conteúdo da PI no período analisado (1980-1985);

c) avaliar as possíveis exig6ncias que as propostas correntes de

PI - ordenadas conceitualmente segundo uma classificação rucio

nal (jllissões, Objeti\'os, políticas, Estratégias) - colocariam

sobre o mesmo conj un to de uni da de

s

(h~ dec is50 ,10 que di:: re s pei

(10)

Para a análise dos pontos nomeados anteriormente, selecionou-se um conjunto de 26 unidades de decis50 do Governo Federal, grupadas em

21 "blocos" de UIüdades, m:lis o bloco d::J.s empresas esta tais fede

rais. A esse conjunto, organizado sob a forma matricial, chamou-se

"a organização da política industrial" e ao produto final dos pr~

cessos decisórios dessa organização, a ~olÍtica industrial.

---As unidades de decisão selécionadas para este estudo foram, confo~

me já mencionado, distribuídas segundo uma matriz de dimensão n x m

. - - '

(onde .~ ~ o nGmero de blocos de decisão definidos anteriormente e

m

~ igual a n + 1, incluindo-se ai uma coluna-vetor correspondente

ao setor privado). Cabe ressaltar que a matriz ou rede de

interde-pend~ncias assim definida ~, fundamentalmente, um sistema de infor

mações. Ou seja, entre cada par de elementos (unidades de decisão) que compõem a matriz, flui um conjunto de mensagens de diferentes

conteGdos, intensidades e periodicidades. \a análise realizada ap~

nas um subconjunto dessas mensagens foi considerado relevante.

Com efeito, o que se torna relevante no uso dessa matriz na análi

~e de PI ~ a articulação entre as diferentes unidades de decisão

que resulte em algul!1 impacto percehido sobre o setor industrial da

economia. Visto por outro lado, a matriz € una decomposição do py~

cesso decisório da PIo

A articulaç50 entre cada par de unidades de decisão da matriz e

estabelecida segundo duas classes de indicadore.s: "indicadores de

pos iç50" e "indicadores de formação de .po 1 í t ica". Na pr ime i ra c 1 a ~

se (indicadores de--.E0s~si~) estão as vinculações mais

transparen-tes do ponto de vista organizacional. Tais indicadores s50

especi-.almente relevantes pela vinculação que possibilit~m entrever nos

processos decisórios das unidades envolvidas, sob formas e conteG

dos virtualmente intransparentes (v .. g. extensão em que inform::J.c.ão

t~cnica ~ compar ti lhad a pe 1 os ES~} icy-make y ~ de duas ou. lli:li s uni da

des). Na segunda c las s e (i ndicadore s _ de-.iormaçi1~~e _J29_~I.U_~~IJ c 5 tão

as vinculações ao nível de estratégias (ou instrumentos) de açao,

em seus diferentes níveis ele formalização e comando. Por exemplo,a

concessao de reCl~rso~ financeiros c a definição de um "pl:1TlO"

presentam um nível forl1l~.1l de decis50 maior do que ~l adoção de

re nor

(11)

mas de política; por outro 1o.do, a fix3f;50 de um parâmetro tributâ

rio (v.g. elevaç~o de tarifa aduaneira) assume um car5ter mandat6

rio que so indiretamente se exprime na adoção de normas de política.

As fo~tes de dados utiliZadas para a obtenção dessas informações e sua utilização na matriz mencionada foram, basicéllllente:

entrevis-tas com ~li~-ma_ke:rs; estudos e propostas mais recentes sobre a

politica econ6mica em geral e sobre a industrial em particular,das

ireas acad~mica, governamental e privada; documcnt6s governarncnta~

(planos se toriai s, re 1 a t6rios de a ti vidades e le g i5 lação).

r

impc!.

tante destacar que na seleção e organização das informações cole

tadas a preocupação fundamental foi a de transportar para 3 m.:ltriz

apenas aquelas que representam fluxos reais (ou efetivos) de infor maçoes e não aquelas meramente formais ou previstas em

organogra-1 ' 1

-mas ou ~egls açao.

A anilise das inter-relações registradas na matriz, de acordo com a metodologia descrita anteriormente, permitiu identificar,de formo.

objetiva e sistemitica, importantes evid6ncias sobre a rI no pcrr~

do analisado. Essas evid~ncias foram organizadas sob a formo. de

proposições acerca do. natureza e característica dessa FI. :\5 prop.c:.

sições formuladas (num total de dezesseis) podem ter seu conteúdo

sintetizado nos aspectos mencionados a seguir.

a) Hi urna substancial concentração do processo decis6rio de po1Íti

ca industrial em unidades governamentais que tratam tipicamente

da política de estabilização, e no âmbito dessas unido.des,

°

processo decis6rio apresenta-se fortemente concentrado no. SEP~X

e MINIFAZ. Em conseqU~ncia, a administro.ção da polItico.

indus-trial se caracteriza, especialmente no que toca

a

fixação de

normas e par~metros financeiros e de cr6dito, pelo envolvimento

de unidades governamentais cujo dominio

é

formalmente o da poli.

tica de estabilização.

b), A participo.Ção do planejamento industrial no p1o.Jlcjamento da p~

litica de estabilizo.Çjo econômica tem sido limitada ao

(12)

-,

. ,

CDE, CMN, CIP e CONCEX. Em nível majs operacional, as unidades de PI somente contribuem de forma substancial na política de es

tabilização, na dimensão do comércio exterior; nesse caso, ap~

nas a CACEX tem um papel expressivo.

c) As principais unidades de decisão no financiamento à produção

industrial (exclusive exportação) têm sido o BNDES e o 13B, que

não têm subordinação ao organograma do MIC. Assim, essas duas

unidades de fomento industrial têm Sllas ações orientadas funda

mentalmente por objetivos do controle do Sistema Financeiro ofi cial, não obstante a participação do BB e do BNDES na formula-ção da estratégia industrial, no CDI.

d) A estratégia da política de exportações industriais é definida, em larga escala, fora do processo decisório da política

trial, com a vinculação das exportações industriais aos

indus esfor ços da estabilização econ6mica. Paralelamente, o financiamento is exportações é majoritariamente dependente de fontes de recur sos inseri tas no Orçamen to ;.Ione tário.

e) A interação da polftica tecnológica com a politica industrial

tem se processado de forma descontralizada e desigualmente dis

tribuida por setores e ramos industriais. Os mecanismos dessa

interação operam na aus6ncia de uma estratégia tecno16gica na

política industrial, o que limita sua abrang6ncia e os tornam

muito dependentes de ocorrências administrativas e burocr5ticas.

f) Não obstante a complexidade das relações interorganizacionais

na formulação da política industrial, o recurso i centralização

(do processo decisório) tem sido virtualmente o'Único mccanismo

de coordenação atuante no processo decisório governamental. Em

decorrênci~, a PI não apenas reflete uma redução do esforço de

coordenação, co~parativamente ao observado na rnctadcda d6cada

de 70, como também torna sem prop6sito a exist6ncia de diversas

unidades de decisão colegiada, em.sua função de definir uma es

tratégia industrial que \'iabilize a integração ela rI na polít~

(13)

formulação do uso dos instrumentos fiscais, promovida em 1979,

como da incorporação das prioridades da estabilizacio econ6mica • .>

às prioridades da

Pl.

Em conscqtiência observa-se ullla acentuada

segmentaç~o das ações de PI por diversas unidades de decisão de

diferentes níveis hier~rquicos, e sob a forma de estrat6gias lo

calizadas e não-convencionais. Nesse sentido, CACEX,

crA,

SEI,

SEST e holdi.!!.&~ estatais são algumas dessas unidades de decisão

que teriam assumido e executado estrat~gias relevantes de uma

PI, bem como tarifas aduaneiras, programações de exportação, 1m

portação e de compras estatais, e reserva de mercado passaram a

ocupar posição i~portante na orientação e na trajet6ria da econo

mia industrial.

h) Um corol~rio do formato segmentado e menos convencional da PI e

a menor transpar6ncia da mesma e a ampliação de problemas poten-ciais de coordenação das diversas dImensões que são mobilizadas nas estrat€gias de politica que afetam a economia industrial.

As evid~ncias obtidas ao longo do trabalho serviram tamb~m para ori

entar a equipe da pesquisa sobre os dois tipos de propostas que fo

ram desenvolvidas como resultado final do trabalho. A primeira ref~

re-se a uma metodologia para a formulação de politica industrial; a segunda diz respeito às alternativas de politicas organizacionais para o Setor pGblico, que poderiam ser consideradas para o planeja-mento da economia industrial no Brasil.

A metodologia de formulação de politica industrial proposta neste

trabalho compreende duas dimensões. Numa delas são consideradas as

premissas, dados e requisitos acerca do contexto econômico e polít~

co, nacional e internacional que deve rio exercer influência na for

mulação da PIo Esses aspectos são organizados de forma sistem~tica

em Bases de Dados Estratégicos CBDEs). Exemplos dessas BI1Es 5:10:

Riscos c Oportunidades do Meio Externo (inclusive Comércio Extcri

or); Caracteristicas Vigentes 113 Economia Industrial;

Característi-cas Operacionais do Setor Público (configuração e inter-relações);

Pol:L~Lmix (conjunto de políticus que deverão coexistir num dado

(14)

e formas de articulaç50 e coordenação elltre as diferentes unidades de decisão do Setor r0blico relevantes para a economia industrial).

A outra dimensão da metodologia proposta compreende as hipCteses

macroeconômicas que serão expl ici tadas pelo ~i C:X_~llIakc~~~ encarre-·

gados da formulaç~o da PI e o detalhamento que dever5 assumir a re

ferida polItica, o que corresponde ~ definição tradicional de obj~

tivos e instrUlllCntos. Propõe -se, entretanto, que essa definição de objetivos e instrumentos seja fcita de forma mais sistelllJtica. e ar ticulada, mediante o uso de niveis diferenciados de agregação.tais

como: Missões (finalidade filtima da PI); Obietivos (resultadosnnls

-

---"'---concretos que ô PI dc:ve alcançar); polí.t:_ica_~ (conjllllto de ações

e2-pecíficas) e [stra~§glas e Li.:.!!has d~~~_ (escolha de instru~ncntos).

Tal metodologia traria como vantagem justamente a consideraç~o de

forma sistemática das complexas dimensões e restrições que coeX1S

tem na formulaç8o de UliW. PI, possibilitando um teste mais rigoroso

de sua consistência.

Uma das bases de dad05 r.1CJ1ciolladJ.s anteriormente refere-se :i

Polí-tica Organizacional da PI. Tal políPolí-tica diz respejto, justamente,

~ forma como dever50 operar e serem coordenados os processos

deci-s6rios atrav~s dos quais ser~ formuladg e implementada a PIo A pr~

posta final do estudo em pauta trata então de discutir alternativ.1s para essa polltica organizacional. A razao do destaque conferido a essa BDE situa-se, de um lado, na pr6pria natureza deste trabalho,

que visa a discutir a administração da política industrial. De ou

tro lado, tal atenção justifica-se em função das pr6prias constat~

ções da pesquisa, que apontam a desarticulação da estrutura organi zacional, na qual a PI tem sido formulada e implementada, COi1l0 uma das causas principais de sua baixri qualidade.

Examinam-se, assim, dtias altcrn~ltivas de polftica organi:acional

para a PIo A primeira Jelas considera que a atua] configuraçJo de

verá prevalecer ainda no curto e, possivelmente. no mêJio pra:co

(dois a três anos) . A quest8"o principal levantada neste caso diz

(15)

"

poem-se em boa parte as composições do CDI e do 011\ (tanto em te

mas de po] iticil como em tipos de E.?.licy-m0ker~). Dessa forma, é

pouco provável que as decisões do (DI venham a ser autônomas em re

lação ~s do CMN e, dada a predominincia dos objetivos de macroesta

bilização, o CDI não seria o LQ.Cl,lS apropriado para fazer

prevale-cer a politica industrial.

Desse modo, a tentativa de fazer prevalecer urna PI estabelecida

num contexto que supõe ser o CDI o único locus do planejamento in

dustrial apenas frustari~ sua execução, deixando pulverizada a

a-tenção com a economia industrial, ou seja, nenhuma inst5ncia CUl

daria verdadeiramente do planejamento estratégico industrial. Con

clui-se, assim, que insistir nesse esquema organiz&cional lou numa

sua variante), ser5 restringir a PI aos atTiQutos de baixa clualicl~

de a que se acostumou a observar nesse começo de d~cada, e dcix~r

predominar o poder discricion~rio da burocracia oficial.

Uma solução qUe se poderia aventar para essa questão e o reforço

(e mesmo expansão) do n í \.-el oper ac ional dQ CD I (i. e " ele seus atuais

"grupos seteriais"). Contudo, essa é uma "falsa" possibiliJadé,pois

nos remete ~ questão inicial - a quem caberia a tarefa do

planeja-men to da P I (por exemplo: a coe rdenação das dec i sõ cs de tai s sub-uni dades do CDI)?

Verifica-se, pois. que na atual configuração organizacional e de

autoridade de decisão do Setor Público, uma séria limitaç~o ~

for-malização e a plena operacionali~ação d~ urna PI decorre d~ forma

pela qual se atribuiria a autoridade central de decis50 dessa PIo

llioa possível solução para essa questão' é o terna da segunda alterna tiva de política organizacional proposta neste tra'balho, a o.ual ad mite um contexto de' reforma do Setor pGblico.

Nessa direção o CD1(ou seu equivale:lte, como uniel~dc centr~ll ela

'rI) passa ria a te r uma c onfig uração de i ns tância de rI ane j amcn to caracterizada por:

Ca) atenção a setcres de vRngml1'Ua de tecnologia (no presente e no

futuro que se antecipe como mais pYová\'C~l), difundindo in[ern~~~,

(16)

vada e, muito seletivamente consorciando-se a essa iniciativa privada, em um ou outro projeto;

(b) ser a unidade de scanning do meio externo industrial,

em termos de tecnologia, com~rcio exterior e de necessidades

de mudanças no perfil de produção em geral;

(c) o locus de coordenação dos grandes projetos industri3is leva

dos a efeito na economia brasileira, seja pelo pr6prio Setor

pfiblico (por exemplo, atrav~s de empresas estatais), seja pelo

Setor Privado;

(d) o locus de determinação das prioridades dos investimentos p~

blicos federais com impacto significatiyo da economia indus

trial;

(e) a instância inicial de aprovaçao de projetos de high-tech que

seriam passíveis de financiamento por unidades operacionais de

fomento federal como o B~DES ou o Banco do Brasil;

Cf) essa unidade central se interligaria, para 05 demais efeitos

da PI (por exemplo, operação de instrumentos de política econo

mica como tarifas, limites de financiamento, e controles eJ1l

geral), pela atuaçãoad~inistrativa de seu presidente, o Minis

tro do ~IIC.

Obviamente, essa ~ uma configuração nova e bastante diferente da

confuso, e talvez incoordenável e inadministrável conjunto ·de

unidades de decisâo que competem no di~-a-dia por um papel de lide

rança na orientação ou condução da economIa industrial. Por certo, tar.lbém deveriam ser redefinidos os domínios (e agendas) ele outras

unidades que nos acostumar.lOS a considerar como típicas ag~ncias g~

vernamentais de PI, quando, de fato, têm suas atuações result:lntes

de um processo decis6rio de má-conformaçGo: onde predonlina a 3tua

ção operac ional (e s tTa t êgias, pro gra!nas e orçamentos), i ndc pc

nden-temente de UJlla moldura de referencia, mais ampla, onde fiquem unI

ficadasmissões e objetivos da atuaC;:lo do Coverno na ecollomia indus

tri;:ll. Sem tal moldura, claramente explici t~1cla e sob um COllktnOO, a 1'1 ri de i~lda

ao empenho ou :e10 bUl"ccritico, e se aprcscntn por lun p~idrüo ilh~crtoe

(17)

ADMINISTRAÇAo DA rOL!TICA INDUSTRIAL DO BRASIL

I - O Conceito da política Industrial

1.1. Introduçâo

Um estãgio avançado das adaptações que as economias contemp~

raneas empreendem, em decorr~ncia da crise dos anos 70, se constitui

na consolidação de politicas pGblicas que vinham sendo estabelecidas

em arranjos ad hoc: nos projetos de investimento pGblico, na adüç~o

de incentivos fiscais e de crfdito a setords c programas, entre

ou-tros. A di scussão can tempor ânea 50 brc t'pol í tica iudus tr ial" é um exem

pIo dessa consolidação.

O início ela d~cada de 80 acentua a abertura das eCOn0!111a:~ ao

com~rcio internacional e, com eli, a preocupação com a competitlvida-·

de industrial - que se torna o objetivo central das políticas

ecou6-micas, tanto nos países mais desenvolvidos, quanto nos subdesenvolvi-dos.

Nos EUA, a competitividade da indGstria americana,

sobretu-do frente ao crescimento da presença japonesa no com~rcio

internacio-nal, ~ um tema recorrente nas propostas de política industrial (R.

Reich, 1982; C. Johnson, 1984 a, b; L. Thurow, .1984).

Implícitas nessa questão de competitividade estao a questão

tecno16gica lem que medida deve ocorrer a ~nfase nos segmentos "inten

sivos de conhecimento" ou de "aI ta tecnologia", tais como microeletrô

nica e química fina), e a .'lt!C s tão da forma de cooperação cu t re Se tor

pGblico e Setor Privado (ou seja, instituições coercitivas versus vo-luntãrias) na definição da política industrial.

Também no âmbito da Comunidudc Econômica Européia, a

defini.-çao de PI, como uma consolid~lção de aç~es governamentais capaz de SU~

t e n t a r o c r e s c i m c' n t o e c o 11 o In J. C o C p r o In ü \' c r li m "~ jus ta III e n t o p o s i t i vo "

(18)

, ;

a década atual (lV. ~Jichalski, 1982; L Jaffe, 1984).

E

importante notar que, ao lado ela formulação de propostas

de ativaç~o e reestruturaç50 da economia industrial, esse debate se

detém no aspecto conceitual da "política industrial" (lI. Ucno, 1983;

C. Johnson, 1984 a, b): sua delimitação 110 conjunto de política ccono

mica; suas inter-relações com as demais variedades de polIticas, sobr~

tudo a de estabilização; seu conte~do em termos de objetivos e

estr2-tégias de açao.

Igualmente no Brasil, o início da década de 80

é

marcado

por in~meras tentativas de estabilização econ6mica e, no rastro

des-sas tentativas, j~ em 1983/84 assumem relev~ncia: (a) a estrat6gia de

manter as exportações como o mecanismo b~sico da sustentação, e

mes-mo da rea ti vação da economia.; (b) a "re tomad'aq

do c re·sc imen to, após

o acerto das contas externas, pela adoção de uma política industriaJ,

j~ a partir de 1985. (1) .

Em ambos os argumentos (a atividade econ6mica tendo por 1as-tr·o as exportações e a intenrenção deliberada na economia industrial)

sobressai a id6ia de que se deva tornar explicito o conceIto de uma

Pl. (2)

r.

2. O c o n t e li d o t e c

n

o 1 Ó g i c o da

"r

o 1 í t i c a Industrial"

Segundo C. Johnson (1984a) a PI envolve duas dimensões funda mentais:

a) a política macro industrial que se constitui na adoçãcr de

incentivos governamentais i poupança privada, na difusão de

tecnolo-gia, na manutenção da competitividade, entre outros: Ou seja, a inter venção governamental se orienta pela. criação e manutenção de um

"cli-ma" favor~vel ao crescimento industrial;

(1) O que serIa empreendIdo a parti r do governo T21lCredo Xc,.res, conforme tf'lll:1rio

da COIlÜ ssão do Plano de J\ção C;O\"Crna,flen t a1 - COPr\G.

(2) Para tDTiil Vlsao sobre a rI no conjwlto dos países subdescIlvoh'idos, ver K.Dervis

(19)

b) a política industrial ou "balizamcnto industrial". Nessa

dimensão micro da PI predomina a atenç~o com a questão tecno16gica:

identificação de tecnologi~s que, num llorizonte de iempo mais amplo,

serão necessárias, bem como a promoção de seu desenvolvimcnto. Por ou tro lado, nesse "balizamento" antecipam-se os segmentos industriais que sofrerão declínio tecno16gico e se promove sua reestrutllração.

o

"balizamento industrial"

é

essencialmente uma atenção seto

rial ã economia industrial, sob o crit~rio do desenvolvimento tecno16

gico. Ou dito em termos,mais sofisticados, "o'balizamento industrial

~ a antecipação din5mica da alocação eficiente de recursos, para o {u

turo". (C. Johnson, 1984 a, p. 76)

Vale lembrar que <:- noçao de "reorier:tação" que está

implíci-ta nesse conceito de PI decorre, por 'vezes, nio de uma atitude

pre-ventiva, mas do impacto não previsto (e de conseqU~ncias n~o antecip~

das) de uma crise. Aqui certamente se enquadra o que, desde a década

de 70, tem sido um 40s eixos centrais da Pl praticada no Brasil: a aI

teração de preços relativos na economia, como wn todo, de modo a

mu-(~ ,

dar a composição da "matriz energética,,\.J) - o que envolveu o apoio

seletivo do Governo

ã

pesquisa e descnvolvi~ento que, ~egundo C.

Johnson (1984 a): ê uma' das idéias implíci tas no concei to de

"baliza-mento industrial".

A articulação "política industrialnj"política tecnológica"

se constitui num terna muito pol~mico, e tem se p~ocessado em

diver-sos pafses, segundo diferentes arranjos institucl0nais. Assim, por

exemplo, ~ mais explícita e institucionalizada nos países europeus;

mais voltada para o estabelecimento de précondiçôes (ou o "clima") de

empreendimentos inovadores, nos EUA; e menos transp~rentc e mais

Im-plícita em outras políticaspGblicas, no Japão. O Quadro I s u marla essa diferenciação em termos de, estratégias típicas nos casos

europeus (E), japon&~ (J) e americano LA), conforme a classificação

Aubert (J. Aubert, 1984).

(3) Como argumentação cm Delfim i\otto, "Mudança::; Estruturais na Economia no

Gover-no Figuciredo", palestra na fscola Suporiol' de Cucrr~-r:SG, junho llc El84.

(20)

'--Quadro I

Estrat6gias Tipicas na Articulação da politica Industrial com a

política Tecnológ}cél

CA Classificação Aubert)*

I - Pontos-Chave para o Esfors..o Nacional de Desenvolvimento Tecnolôgi . "co

1. Construção de "visões" de longo prazo: ciência e tecnologia

atender as necessidades sôcio-econ6micas de longo prazo (J)

para

2. Seleção e apoio de projetos nacionais de alta tecnologia Celetr6ni

ca, telecomullicações, automação da produção, biotecnologia, intel!

g~ncia artificial, química fina. ligas met~licas, clltre outros CE)

3. Execução de grandes programas governamentais (espaciais e

aramen-tos CA)

11 ~ Acum~lacão

..

e Transmissão de Conhecimentos

1. Promoção da educação de massa e da pesquisa avançada (J)

2. Estímulo a sistemas educacionais e de pesquisas (redes regionais

de tecnologia, iniciativas conjuntas de empresas, entidades cielltÍ

ficas, e governo) (E)

3. Fortalecimento e integração do sistema de pésquisa CA)

111 - Melhoria do "clima" para Inovações

1. Provisão de uma moldura de cooperação e competição industriais (J)

2. Apoio financeiro para a inovação industrial e a pequenas firmas (E)

3. Incentivos fiscais para P&D e capital de risco, e política

regula-tôria C"desregulação" e politica" antitruste) CA)

* Elaborado a partir de J. Aubert (1984).

(21)

1.2.1. Uma fonte inspiradora: o caso japon~s

A PI no Japão vem sendo generalizadamente considerada fonte de inspiração c padrão de sucesso para aPI dos anos 80

Adams e S. Ichimura, 1983;. P. Trezise, 1983; O.Frenkel, 1984;

como

(E.

T.

Pugel, 1984). Central a essa caracterização ~ a atuação do ~linist~­

rio de Com&rcio Exterior e Industrial (MITI) japon~s. A articulação

MITIjsetor ou ramo industrial promovido se desenvolve fundamclltalmen

te em dois níveis:

a) alteraçôes da estrutura industrial e da posição de

compe-titividade no setor ou ramo em que opera a indústria promovida. Tal

pode ocorrer por meio de medidas de política que relaxem os

comporta-mentos de mercado previstos na legislação antitruste, ou por medidas

protecionistas. Esse é o estágio "macro" da PI;

b) a um nível micro define-se a cooperaçao entre o NITI e o

segmento industrial beneficiado. A operacionalização desse "plano de

promoção" segue uma estrat~gia que varia caso a caso, sendo essa

fle-xibilidade uma propriedade típica do caso japonês, de vez que dispen-sa a institucionalização de rnecànismos de subsfdios generali:ados.

Autores como

o.

Frenkel (1984) identificam o segmento de

fi-bras sintéticas como o centro de atenção da política industrial japo-nesa nos anos 40; a construção naval, rios anos 50, a indústria side-rúrgica, nos anos 60, e "o governo japonês identifica a indústria ae-ronáutica, como criticamente importante para o desenvolvimento de sua

economia nos anos 80 e 90" (O. Frenkel, 1983, p.4l7). O Quadro II

i-lustra, num exercício de decomposição, os elementos característicos de uma "política industrial" ao estilo japones.

De resto, cabe lembrar que a PI no Japão tem sido ambientada

num contexto em que o rápido crescimento econômico

é

o objetivo

so-cial dominante (T. Pugel, 1984). ~ pro\rável, pois, que o "modelo jap~

nês" de PI deva seu desempenho a essa sutil dependência da ordenação

(22)

Quadro 11

Uma Decomposição Tipica da politica Industrial no Japão(*)

MISSAo

OBJETIVOS

POLITICA

ESTRAT~GIAS

- Direcionar a indústria japonesa para os setores

"inten-sivos de tecnologial i

, nos anos 80 e 90.

- Desenfatizar os segmentos ind~striais que apresentam

perda de competitividade (exemplos: construção naval

e siderurgia);

- aumentar a difusão tecnológica na economia, como um to-do;

- aumentar a produtividade do capital e da mao-de-obra.

- Atuação do MITI (Minist~rio do C6m&rcio Exterior e

Indústria) .

da

Processo de consultas sobre as perspectivas econ6micas do Japão, envolvendo o MITI e a comu"nidade empresarial,

com a conseqUente seleção de segmentos priorit5rios; o

MITI, demonstrando continuo interesse por tais segmen~

tos, deve despertar igual atenção no sistema financei-ro;

- .ocasionais financiamentos direitos concedidos pelo ;\lITI aos

segmen-tos priorit~rios, caracterizando adicionalmente o

com-prometimento do MITI com tais segmentos em sua dimensão de "pesquisa e desenvolvimento";

- "Pesquisa e Desenvolvimento" conduzida em programas

conjuntos (governo e organizações industriais) na gera-ção de protótipos (exemplos: um supercomputador, um

no-vo tipo de avião civil),. em que o financiamento direto

pelo MIlI pode chegar a"50% dos custos totais do

proje-to;

- concessao de empréstimos de iongo prazo, a juros

reduzi-dos ou nulos, diretamente ~s empresas, a serem amortiza

das. se e quando a produção comercial se tornar rent~vel;

(23)

- proteçio de mercado face i competição externa e compras governamentais preferenciais, no favorecimento de novos produtores domésticos;

- ~ecurso ao licenciamento e a j6int venture como atalho

i obtençio de tecnologia e i eventual facilitaçio do

mercado externo aos novos produtos japoneses;

- atenuaçao da legislaçio anti truste, de modo a favorecer a formaçio de um consórcio de empresas rivais, para co-ordenar a pesquisa e viabilizar uma adequada escala de produção;

- alterações organizacionais visando favorecer a coordena ção da política de promoçio do segmento patrocinado, tais cQmo: crlaçao no MITI de uma unidade responsivel pelo planejamento do desenvplvimento desse segmento; criaçio de conselhos consultivos para estabelecer obje-tivos para.esse segmento; e, em casos mais relevantes, . o próprio MITI' tem a propriedade do consórcio formado.

(24)

1.3. Os diferentes contextos de uma polItica Industrial

o

traçado de uma

pr

envolve a conciliação de

"inconsistên-cias" que, não obstante, devem coexistir. O Quadro rIl, adaptado de

P:

Bartha (1984), ilustra esse cenário, no caso brasileiro.

Da

combi-nação de suas dimensões - t~~nologia (ou intensidade do uso de

capi-tal) e escala de pro~_ção - pode-se definir quatro segmentos da econo

mia industrial brasileira, na década de 80.

O segmento A compoe-se de indústrias tecnologicamente defas~

das e com níveis de produtividade estagnados ou cadentes; todavia

é

um segmento importante pel~ seu contingente de mão-de-obra. O

contefi-do da PI nesse segmento

é

o de reduzir o custo do ajustamento para

.tais indústrias e pa~a sua força de trabalho. O significado regional

e local desse segmento apenas contribui para aumentar esse custo.

1n-tervencionismo e protecionismo são valores tIpicos da PI nesse segme~

to.

Já o segmento B

é

um dos motores do crescimento industrial,

onde as indústrias são induzidas basicamente pela competitividade do

mercado interno. Aqui, o conteúdo da PI

é

tipicamente regulat6rio. Um

exemplo recente: o "estatuto da pequena e média empresa". (4)

Outro motor do crescimento industrial, o segmento

f

é

domina

do pelo "planejamento industrial", onde o horizonte de decisão contem pIa o fim da década, ou mesmo além. O intervencionismo governamental

também é um valor da FI nesse segmento, promovendo a criação de

p6-los de crescimento, com as indústrias "de ponta" ou de "alta tecnolo-gia". A estratégia dos subsídios (crediticios e fiscais, estes em

me-nor escala) (5) é ampiamente

u~ilizada,

e a "inspiração japonesa" é

l~

tente nas ações de governo nesse segmento. Igualmente, trata-se do

..

segmento mais "politizado"

CP.

Bartha, 1984, p.81) da economia

indus-trial, como mostram os exemplos correntes da "informática" e "química fina".

(4) Esse segmento tem em uma de suas fronteiras a chomada "economia invisível".

(25)

No segmento D - principal motor do crescimento industrial na,

de outra forma generalizada, retraç50 econ6mica, da primeira metade

da década de 80 - predomina a "indústria de exportação". Como no

seg-mento B, o padrão dominante

é

o da competitividade, aqui ditada pelo

mercado internacional. As fronteiras da política industrial nesse se& mento, por vezes, confundem-se com a política cambial e a política doe balanço de pagaQentos.

Nessa ordem de consideraçõ~s, os segmentos ~ e

g,

no Quadro

111, dão um sentido de política de orientação de mercado i PI, enqua~

to os segmentos A e C qualificam uma PI intervencionista.

Essa concepçao

6

relevante pois induz a uma partição no

"meio externo" da PI - o que explicaria suas aparentes

inconsistên-clas, como notado no início desTe item. Por outro lado, em

decorrên-cia dessa partição na economia industrial, tanto na organização do

Setor Público quanto no planejamento da PI prevalece uma complexa

di-visão de tarefas entre suas unidades de decisão. (6)

(6)

B

precisamente a partir dessa constatação que a metod~logia in!e~organi:acio­

nal - como utilizaJa na pesquisa sobre a "Administraçao ela Polltlca

Indus-trial" - encontra sua maior justificativa.

(26)

.

;

Quadro 111: Diferentes Contextosda politica Industrial

A

INDÚSTRIAS TRADICIONAIS

Defasagem tecnológica e baixa produtividade

Grande empresa

D

INDOSTRIAS DE EXPORTAÇÃO

Fator de Ciescimento

Intervenção governamental

~reservação da força de

trabalho

Competitividad~ no mercado externo

(Produtos Alimentares,

Indús-tria T~xtil, Construção Civil)

Absorção de Mão-de-obra

B

INDOSTRIAS TRADICIONAIS E NOVAS INDOSTRIAS

Fator de Crescimento

Regulação de mercado

Competitividade no mercado interno

(Vestuário, Calçados)

Incentivos Cambiais

(Siderurgia~:Indústria B6lica)

Absorção de Capital

C

INDOSTRIAS "DE PONTA"

Fator de Crescimento

Intervenção governamental

Subsídios

(Química, Informá~ica)

Pequena emp~esa

(27)

1.3.1. Urna classificação de política Industrial

Um recursQ didático sempre disponível na análise de

políti-cas

é

o recurso taxionômico. No caso de política industrial, o

exem-plo mais recente nesse sentido

é

a classificação Adams-Bol1ino,. corno

sumariado no Quadro IV. De modo geral, essa classificação amplia di-versos.outros esforços semelhantes, lembrando: a) o escopo ou

abran-g~ncia diferenciada com que se pode identificar (e analisar) a PI (b!

sicamente os atributos I e lI, no Quadro IVY;

b) a dimensao ~emporal dessa política, o que, eve~tualmente, pode.caQ

tar o conteúdo de estabilização nela implícito; c) os interesses ou

objetivos que a orientam e os instrumentos utilizados nessa

orienta-ção. Corno lembra H. Ueno (1983, p,34), "d'iferentemente das tradicio'"7

nais políticas fiscal e monetária, a po.l ítica. ~ndustrial não .

demons-tração urna relação explícita entre seus objetivos e os meios de

atin-gi~los. Sua concepção, conteúdo e formas diferem, refletindo o

está-gio desenvolvimento econÔmico, suas circunstâncias naturais e históri cas, as condições internacionais, e sua ·si tuação p.olítica e econômica,

re~ultando em consideráveis diferenças de país para país, e de época

para época"; d) a sua ambientação institucional, que tanto pode se li mitar aos "órgãos de governo" como pode envolver grupos·de interesses

(28)

º-uadro IV

política Industrial: A ·Classificaç8:o Adal'ls-Bollino*

CLASSES DE ATRIBUTOS

l. Abrangência

1. política Industrial em

geral

2. política Industrial não seletiva ou gener+ca

(política industrial ho

rizontal)

3. política Industrial de

Atividades

4. política Industrial

Re-gional

5. política Industrial

Se-torial

6. política Industrial

Es-pecífica de Ramo

7. política Industrial

Es-pecífica de Projeto ou

de Firma

11. Tempo

1. Transit6rio (ou tempori rio)

2. Semi-permanente

3. Longo prazo (ou perma-nente)

DEFINIÇÃO

Disponível a todos

OS seto~es

indus-triais

Não específica a

~m setor mas

sele-tiva a

determina-das dimensões .ou

atividades

indus-triais

111. Hierarguia de Ações Governamentais

1. t-Icdida Aç~io mais

elemen-tar de política industrial

(*) Elaborado a partir de F. Adams e C. Bollina (1983).

EXEMPLO

Estímulo ao aumen

to de Produtivid~

de

Incentivos i

Tec-nologia

Desenvolviment.o do Nordeste

Política SiderGr-gica

Desenvolvimento da Nicroeletr6ni-ca

(29)

2. Programa

3. Estratégia Industrial

IV.

Interesses Econ6micos .

(ou Objetivos de Poli ca)

1. ·Melhoria de Caracterís ticas de J-,Iercado

2. Estímulo a Inovações.

3. Adaptação Estrutural

4. Re~~struturação das

Relações Econ6micas Internacionais

v.

Instrumentos

1. Indicativos

2. Medidas Específicas

VI.

Centro de Decisão

lou Origem)

1. 6rgãos Oficiais

2. Empresas Públicas

.

3. Setor Privado em

Acordo com Autori-dades Governamentais 4. Organismos

Interna-cionais

Conjunto de medi-das

Conjunto de inter-venções coordenadas

Adaptação da produ ção, mão-de-obra,-e do capital às aI terações do "meio-externo"

política de cria-çao e. reorienta-ç~o. ~e comércio

Planos Nationais e acordos voluntários entre Setor Públi-co e Setor Privado Fiscais

Financeiras

Promoção de compe

titividade

-Prevenção de mono pólios e da con--centração

Promoção de.pes-quisa e desenvol-vimento

Promoção de expor

tações

(30)

-,-1.4. política Industrial como output da organização governamental

Em termos. analíticos, pode-se considerar a PI como o re~ulta

do da interação de mecanismos decis6rios do Seior pGhlico. Para tanto,

deve-se especificar a "organização relevante", ou seja, o conjunto de unidades de decisão que, por sua atuação, influenciam alguma dimensão

da economia industrial. (7)

. Se {oi, o~, "" o~} representa um conjunto de unidades

decisão dessa organização governamental, então

{ " 01' O , } PI

2 , " ' ,

°n

~

de

(1)

o

conjunto .{oi, o~, " ' , -o~} fi~a perfeitamente identificado

por seus níveis (hier~rquicos) de decisão,

bem

como pela distribuição

das o! por esses níveis.

1

A relação (1), acima, permite estabelecer uma importante co~

jectura analítica que e o fundamento das seções seguintes deste rela-tqrio.

Con;ectura

.

As c'arac terí s ti cas operacionai s {cI ' c 2' .... , c r } que

vigo-ram na organização governamental {oI', o~, " ' , o'} induzeM um

conjun-t.. n

to de tributos de qualidade {aI' a2, ... , as} da PIo Ou seja,

{c I ' C 2" • • , cr} ~ {aI' a 2 , -

.

..

, ' a }

s (2)

Por característica operacional ,entende-se os IllCcanismos deci

s6rios qhe ~igoram no Setor pGblico. O grau de centralização da

auto-ridade de decisão, a extensão em que se .superpõem Jominios ou agendas

de diferentes tinidades, a presença (ou aus6ncia) de ativiJade de coo~

denação, e o próprio nGmero e disposição das unidades no· Setor

pGbli-(7) Observe-se que, em decorrênd a, n:io h5 trr.la' fonn.1 unlca de espccifiGlr tal org.1~

nização relevante e, assim, a própd a PI. Para uma discussão desse pressuposto I

(31)

co sao exemplos de caracteristicas {c

i }. Quanto aos atributos de qu~

lidade da PI, eles s~o representados pelas diversas dimensões segundo

as quais se pode mensurar o "sucesso" de uma PI: entre outros, a

ex-tensão em que uma estrat~gia permanece em vigor (ou o seu turnover

numa PI), o grau de representatividade e de transpar~ncia que reflete

dos objetivos e das estratégias da PI, a durabilidade (ou transitorie dade) dos "ganhos" que a PI permite obter, os custos do ajustamento da PI (por exempln, em termos de maior ou menor absorção de mão-de-o-bra) .

Assim, por exemplo, pode-se relacionar um atributo a. ("fre-J

qUência dos reajustes numa estratégia de PI") a pelo menos duas carac terfsticas operacionais do processo decis6rio dessa PI: c

I -

"concen-tração do processo decisório da PI em uma ou duas unidades de decisão"

e C

z -

"deficiência no fluxo de informações que instrui a formulação

dessa PI".

Com efeito essa circunstância em que

(3)

é tanto mais prov~vel quanto malor a turbulência no meio externo

des-sa PI, e tipicamente compõe a patologia da formulaç~o de politicas.

em regime de crise econômica.

Por outro lado, a relação (2), acima, permite encaminhar uma

consideração de natureza normativa e que é fundamental no desig~ de

polfticas. Ou seja, dado um rol de atributos {a.}, qual a

configura-J

ç~o mais "apropriada" para a organização e os processos de Governo?

Isto é,

{ã.}. J J::;, I 2 • • • , S ... , r (4)

(32)

11 - Uma Metodologia para o Estudo da política Industrial no Brasil

11.1. Introdução

Esta seção do relat6rio tem por objetivo estabelecer o qua-dro de referência analítico da pesquisa Administração da política In

dustrial no Brasil.~esse sentido, ela:

(1) aponta a necessidade de revisão das bases intelectuais em que as

pesquisas preponderantemente econômicas se assentam, visando a

compreensão da dinâmica da política industrial;

(2) traça a origem e espec~fica a natureza da via te6rica promissora

para a ampliação daquela base intelectual: a Teoria das Organiza-çoes e das Relações Interorganizacionais;

(3) especifica pressupostos e hip6teses de trabalho referentes i abor

dagem de análise interorganizacional a ser adotada; e

(4) apresenta as variáveis que compõem os quadros de referência con-ceitual para análise das organizações e das relações interorgani-zacionais relevantes para a formulação e implementação da políti-ca industrial.

II.2. Revisão' da base te6rica

A análise do conteGdo da pol{tica industrial e sua avaliação

~ luz da ação dos fatores econômicos influentes nos padrões de

aloca-ção de recursos, principalmente aqueles referentes ao mercado, já se

constitui em tradição consolidada no Brasil. Sem dGvida alguma, tais

estudos muito contribuíram para orientar a formulação da política

pG-~

blica nas diversas fases do desenvolvimento industrial que o palS

a-travessou. ~rais do que ~ simples adaptação reativa aos ditames da rea

lidade econômica existente, muitos desses estudos inspiraram o poder

pGblico ~ ação proativa no sentido da criação, sustentação e desenvol

-vimento de novos mercados e suas respectivas estruturas produtivas p~

blicas, mist~s e privadas. Se, por um lado, o trabalho de pesquisa e

reflexão sistemática sobre a realidade econômica brasileira muito con

tribuiu para alimentar as decisões que levaram o pais a assumir a

(33)

-r·

. Analisando as mudanças dos parâmetros dentro dos quais se

apresentam os problemas de desenvolvimento na década de 1980, Werner

Baer, por exemplo,· alerta para a necessidade de estudos de caso do

comportamento das empresas estatais e multinacionais numa nova agenda de pesquisas. Segundo Baer:

" Análises do seu crescimento, padrões de compor

tamento no que diz respeito ã tecnologia, fixação

de preços, emprego, estratégias de investimento, ·etc. Seriam essenciais. A característica-chave

des-ses estudos seria a descoberta de onde residem os poderes decisórios e em que bases se verifica a

to-mada de decisões. A ~nfase estaria ~m compreender

quais são os fatores que influenciam os agentes de-cisores dessas empresas, ao invés de apenas se foca

lizar como essas empresas devem se comportar (em

função de alguns tipos de crité~ios de efici~ncia).

Uma vez conhecido o como essas'instituições se com-portam, será fácil desenvolver planos: e políticas de ação, que deveriam se basear não apenas no conhe

cimento dos mercados, mas também no como os

non-=-market factors influenciam a alocaç~e

recur-sos" • (8)

Coube a Herbert Simon(9) revolucionar a teoria econ6mica

da firma ao sustentar o argumento de que as empresas não tomam

deci-sões maximizantes, mas sim satisfatórias. Tal fato remete o analista

diretamente ã questão; que fatores outros, que não os de mercado, as-

.

sociados ã lógica maximizante, influenciam também as decisões empres~

riais? Essa pergunta, certamente, só poderá encontrar respostas num

quadro referencial teórico mais amplo que aquele fornecido pela

teo-ria econômica. Sensíveis

ã

central idade da questãô, tanto alguns

eco-nomistas e estudiosos de posicionamento mais ã esquerda do espectro

ideológico, a exemplo de J.

K.

Ga1braith, (10) como alguns outros, mais

ã

direita, a exemplo da corrente da Public Choice (11) buscaram apoio

teórico e contribuíram significativamente para o corpo de conhecimen-to da Teoria das Organizações.

(8) Ver W.Baer, (s/data), mimeo.

(9) Ver H. Simon (1955, 1957, 1958). Ver também o importante trabalho de seus

co-laboradores, R. Cyert e J. r.larch (1963).'

(10) Ver, por exerap10, J.K. Galbraith (1969,1973), bemcomoJ. Q'Conor (1973).

(11) Inserem-se no grupo da Public. Choice eco~omistas e cientistas políticos.

Ver, por exemplo, C. Tullock (1965); A. Downs(1967); J. Buchanan, (1979);

J. Buchan3n (1971 e 1973); J. \". lIiskanen (1981) .

\

I

!

J

(34)

Pa~alelamente, as últimas décadas têm assitido, no campo da

ci~ncia politica, os estudiosos !eformularem suas concepções

origi-nais referentes às decisões de politica pública. Constitui caracterís tica fundamental dessa reformulação a relevância assumida pelo

apara-to burocrático do Estado, face às instituições legislativas, como lo

cus preponderante do processo de formulação das políticas públicas~

Também foram significativas as revisões que diziam respeito à

imple-mentação dessas politicas. Se antes tomavam-se como certos e neutros

os processos de implementação das políticas formuladas, hoje os cien tistas políticos, "ao se voltarem para a burocracia, descobrem que naquela arena que se verifica um verdadeiro processo de reformulação e modificação daquelas políticas.

-e

Nesse sentido, sugerimos aqui que sejam ampliadas as bases

intelectuais dos estudos voltados para a compreensão da política in-dustrial brasileira. Esta ampliação de bases intelectuais, que orien-tará esta pesquisa, buscando na teoria das organizações importantes subsídios conceituais e metodo16gicos, já dispõe de sementes estabele

cidas no Brasil, no que diz respeito ao estudo da política

indus-trial.(12) Wilson Suzigan (1978), por exemplo, faz incursões revelado

ras no campo da análise organizacional em seu estudo do aparato instl tucional da P?lítica industrial no Brasil, principalmente ao deter-se na análise do Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI). Jorge Vian

na Monteiro e Luiz Roberto A. Cunha (1978) saltando para o nível de

análise das relações interorganizacionais, pri~ilegiando os temas con

trole e coordenação, e utilizando um instrumento mais formalizado que o de Suzigan, também se valeram do enfoque organizacional para escla

recer importantes aspectos da formulação da política industrial no

Brasil.

Não obstante o reconhecimento generalizado do papel estraté-gico do aparato burocrático do Estado na vida brasileira, muito pouco

se tem feito para analisar sistematicamente o impacto dos processos

(12) Consti tuem tradição j á sedimentada no Brasil os cstudos cmb,:sados na Tcoria

das Organizações, ou mesmo contribuintes para o desenvolv~mento de s~us

con-ceitos e fonnulações te6ricas. Constitui fato recente, porcm, o

relaClonamen-to dessa área de conhecimenrelaClonamen-to com a fonnulação e implcmentaç:io de políticas

(35)

organizacionais e interorganizacionais na modelagem e instrumentaliza

ção de políticas públicas. ~ precisamente esta lacuna que a pesquisa

pretende preencher.

11. 3. Quadro de referênc ia conceitual

Nio e sufic~~nte apont~r a Teoria das Organizações como

fon-te original da abordagem desta pesquisa. Isto porque a Teoria das

Or-ganizações ~ um campo que compreende pelo menos três grandes linhas

de desenvolvimento, cada uma das' quais inspiràndo-se numa variedade de tradições intelectuais. (13) A.primeira dessas linhas, fundamental-mente orientada para o estudo das organizações no plano formal, inspl ra-se na escola clássica de administração e na teoria administrativa.

Caracteriza-se esta linha sobretudo pela perspectiva normativa, no

sentido de gerar conhecimento capaz de orientar os esforços gerenciais de administradores públicos e privados.

A segunda linha de desenvolvimento, de cunho psicológico, ~

e

orientada para o estudo do comportamento dos indivíduos nas

organiza-ções, e repousa substancialmente em trabalhos originados pelo movi~e~

to de relações humanas. Finalmente, a terceira linha de desenvolvime~

to encontra suas bases na obra de Max Weber, e sua natureza sociológl ca lhe atribui perspectiva substancialmente descritiva.

De uma maneira nao ortodoxa, ~ nesta última tradição que fu~

damenta-se esta pesquisa. ~Iuito mais do que a eficiência das organiz~

ções objeto de estudo, ou suas capacidades de integrarem propósitos

organizacionais com objetivos individuais, a pesquisa visa compree~

der a dinimica dos processos decisórios, dos conflitos, das estrat~­

gias de sobrevivência e exercicio do poder, atentando para O

impac-to deste comportamenimpac-to organizacional sobre o conteúdo e instrumenta-lização da pOlítica industrial. Embora se trate de uma pesquisa

apli-cada, sem comp~omissos com o desenvolvimento de teoria, ela se

inse-re numa.proposta de trabalho que vem ganhando corpo nos últimos dez

anos. Como

ji

observou Gary Wamsley (1973):

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