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Os impactos de barreiras não tarifárias no comércio internacional de produtos brasileiros

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Academic year: 2017

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO

MENANES CHAVES BARROS CARDOSO

OS IMPACTOS DE BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS NO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE PRODUTOS BRASILEIROS

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MENANES CHAVES BARROS CARDOSO

OS IMPACTOS DE BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS NO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE PRODUTOS BRASILEIROS

Dissertação apresentada à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP) como requisito para a obtenção do título de Mestre em Economia.

Campo: Comércio Internacional, Econometria

Orientador: Lucas Pedreira do Couto Ferraz

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Cardoso, Menanes Chaves Barros.

Os Impactos de Barreiras Não Tarifárias no Comércio Internacional de Produtos Brasileiros / Menanes Chaves Barros Cardoso. - 2015.

53 f.

Orientador: Lucas Pedreira do Couto Ferraz

Dissertação (MPFE) - Escola de Economia de São Paulo.

1. Comércio internacional. 2. Barreiras não-tarifárias. 3. Econometria. 4. Exportação - Brasil. I. Ferraz, Lucas Pedreira do Couto. II. Dissertação (MPFE) - Escola de Economia de São Paulo. III. Título.

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MENANES CHAVES BARROS CARDOSO

OS IMPACTOS DE BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS NO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE PRODUTOS BRASILEIROS

Dissertação apresentada à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP) como requisito para a obtenção do título de Mestre em Economia.

Orientador: Lucas Pedreira do Couto Ferraz

Data de submissão: ____ / ____ / _____

Banca Examinadora:

Professor Lucas Pedreira do Couto Ferraz, Escola de Economia de São Paulo

Professor Sérgio Kannebley Júnior, Universidade de São Paulo

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu professor e orientador Lucas Ferraz pela atenção, paciência e sugestões dadas durante o desenvolvimento desta dissertação. Sua participação ativa foi muito importante para a obtenção dos objetivos esperados deste trabalho.

Agradeço aos meus amigos Marcel Bertini e Pedro Monasterio por toda ajuda e atenção que me deram durante essa jornada. A troca de idéias, suas dicas sobre o programa Stata, as observações e contribuições sobre o banco de dados foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho.

Agradeço a empresa Quorum, principalmente a Andrew Shores, Carlos Castanho, Georg Ehrensperger e Paulo Parolin por todo o apoio, confiança e apoio financeiro para a realização desse mestrado.

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RESUMO

Palavras-chave: Comércio Internacional; Barreiras Não Tarifárias; Econometria; Exportações Brasileiras.

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ABSTRACT

Keywords: International Trade; Non-Tariff Barriers; Econometrics; Brazilian Exportations

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Bens e serviços exportados por setor econômico, 2013 ... 26

Tabela 2: Bens e serviços mais exportados por nível HS2, 2013 ... 27

Tabela 3: Bens e serviços mais exportados por nível HS4, 2013... 27

Tabela 4: Distribuição de importadores por exportações e PIB, 2013 ... 28

Tabela 5: Distribuição de importadores por exportações e PIB per Capita, 2013 ... 29

Tabela 6: Distribuição de BNT, SPS e TBT por dados, 2013 ... 30

Tabela 7: Distribuição de BNT, SPS e TBT por dados de setor, 2013 ... 30

Tabela 8: Análise do modelo gravitacional, 2013 ... 37

Tabela 9: Análise do viés de seleção (Tobit I), 2013 ... 39

Tabela 10: Análise do viés de seleção (Tobit II), 2013 ... 41

Tabela 11: Viés de seleção e da heterogeneidade das firmas exportadoras, 2013 ... 43

Tabela 12: Viés de seleção e da heterogeneidade das firmas exportadoras, 2013 ... 44

Tabela 13: Análise do viés de seleção de TBT por setor, 2013 ... 46

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LISTA DE SIGLAS

Ag & Ag Neg & Extr: Agricultura, Agronegócio e Extrativismo

AVE: Ad Valorem Equivalents

BACI: Base pour l’Analyse du Commerce International

BNT: Barreira Não Tarifária

CEPII: Centre d’Etudes Prospectives et d’Informations Internationales

Comtrade: Base de Dados de Estatísticas de Comércio de Mercadorias

EGC: Equilíbrio Geral Computável

FMI: Fundo Monetário Internacional

GATT: Acordo Geral de Tarifas e Comércio

HSX: Sistema Harmonizado de Classificação de nível X

ISO: Organização Internacional para Padronização

I-TIP: Trade Intelligence Portal

ITC: Centro de Comércio Internacional

OECD: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OMC: Organização Mundial do Comércio

ONU: Organização das Nações Unidas

PIB: Produto Interno Bruto

SPS: Medidas Sanitárias e Fitosanitárias

TBT: Medidas de Barreiras Técnicas

TRAINS: Trade Analysis and Information System

UNCTAD: Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento

USD: Dólar americano

USITC: Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos

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SUMÁRIO

1 Introdução ... 11

2 Revisão Bibliográfica ... 15

2.1Histórico de BNT ... 15

2.2Definições de BNT ... 16

2.3Métodos de Estimação ... 17

2.3.1 Métodos Baseados em Estoque ... 18

2.3.2 Métodos Baseados em Modelos Gravitacionais ... 19

2.3.3 Métodos Baseados em Comparação de Preços ... 20

2.3.4 Métodos Baseados em Elasticidades de Demanda ... 21

2.3.5 Métodos Baseados em Modelos de Seleção ... 22

3 Base de Dados ... 24

4 Metodologia ... 31

4.1Modelo Teórico ... 31

4.2Variáveis do Modelo Gravitacional ... 35

5 Resultados ... 37

6 Conclusões ... 50

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1. Introdução

A distribuição de recursos e matérias-primas não é uniforme entre os países. Por exemplo, o petróleo que se tornou um dos principais produtos utilizados pela sociedade é encontrado em abundância em alguns países, enquanto na maior parte do mundo existe em pouca quantidade ou é escasso. Em países em que há abundância de um recurso, é comum a sociedade desenvolver-se em áreas relacionadas àquele produto (tecnologias e indústria), de modo a explorá-lo. Porém, no caso de escassez de uma matéria-prima, para que os países consigam a quantidade de recursos e tecnologias de que necessitam, realizam o comércio entre si. O Brasil, por exemplo, é conhecido por ser um grande exportador de minério de ferro e de produtos agrícolas, como a soja; porém, entre os principais importados estão o petróleo bruto, óleos combustíveis e componentes eletrônicos.

Com o passar do tempo, do lado positivo, os países aumentaram o comércio internacional de produtos e serviços, contribuindo para uma maior integração entre os povos. Do lado negativo, aumentou a diferença de qualidade entre os produtos e algumas doenças tornaram-se epidemias mundiais, quando antes eram apenas surtos limitados a um país.

Assim, para mitigar os eventuais efeitos negativos oriundos do comércio internacional e principalmente para contribuir com o aumento do fluxo de comércio, criaram-se alguns tipos específicos de barreiras não tarifárias (BNTs) que incluem as Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (Sanitary and Phytosanitary measures - SPS) e as Barreiras Técnicas ao comércio (Technical Barriers to Trade - TBT). Com essas medidas, a proteção de países contra doenças, como a Gripe Aviária (Ásia) e a Doença da Vaca Louca (Europa), e a difusão de informações, como os padrões de qualidade adotados por cada país, permitiu um ganho para o consumidor e para o meio-ambiente tanto pelo aspecto de qualidade quanto pelo aspecto de melhor aproveitamento dos recursos.

Desta forma, restrições sobre importações tais como SPS e TBT podem ser importantes ferramentas de negociações internacionais como, por exemplo, no âmbito da atual Rodada Doha, bem como, em casos menos comuns, instrumentos de retaliações econômicas.

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No entanto, ao longo dos anos, com a queda das barreiras tarifárias, aumentaram-se os registros de medidas SPS e TBT feitos na Organização Mundial do Comércio (OMC)1, tanto por países desenvolvidos quanto, em menor grau, por países em desenvolvimento. Esse aumento, segundo alguns estudos, deveu-se em grande parte ao uso protecionista dessas medidas, que é contrário ao objetivo do uso desse tipo de instrumento. Países em desenvolvimento protestam regularmente contra os países desenvolvidos pelo uso desses tipos de medidas, como na Rodada do Uruguai (1986 a 1994). Estudos setoriais sugerem que as regulações técnicas em países desenvolvidos constituem um considerável obstáculo ao comércio e as exportações agrícolas de países em desenvolvimento (Cato e Lima dos Santos, 1998; Otsuki, Wilson, e Sewadeh, 2000).

O Brasil também tem protestado na OMC contra o uso dessas medidas por países estrangeiros. No setor químico brasileiro, por exemplo, é possível observar que houve um aumento significativo no número de medidas impostas sobre as exportações do Brasil, sugerindo que há, possivelmente, um efeito negativo nos produtos exportados por este setor (Corrêa e Silva, 2011).

Assim, faz-se importante um maior entendimento dos impactos econômicos advindos da adoção destas medidas, tanto no nível de bem-estar dos consumidores, quanto no nível do comércio internacional. Da mesma forma, faz-se importante uma maior capacidade de diferenciação de medidas utilizadas para proteção de consumidores e meio-ambiente, das medidas utilizadas para a simples proteção de produtores agrícolas e indústrias locais. Para que esse entendimento seja alcançado, é necessário desenvolvimento contínuo na coleta e armazenagem de dados, bem como no desenvolvimento de métodos e teorias que permitam estudar os efeitos produzidos pela adoção dessas medidas.

Para a realização desta dissertação, partiu-se dos trabalhos considerados mais básicos sobre o tema, tais como Corrêa e Silva (2011), passando-se por trabalhos de nível intermediário, como em Disdier, Fontagné e Mimouni (2008) e culminando-se nos trabalhos considerados “fronteira do conhecimento”, tais como Melitz (2003) e Helpman, Melitz e Rubinstein (2008).

Este trabalho tem por objetivo avaliar os impactos da adoção de barreiras SPS e TBT sobre as exportações brasileiras em 2013, levando-se em consideração problemas metodológicos em potencial, usualmente não considerados na literatura existente,

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relacionados à existência de viés de seleção na amostra de dados e de omissão de heterogeneidade das firmas no modelo gravitacional padrão. Para isso, utilizou-se o modelo de Melitz (2003) e os resultados obtidos por Helpman, Melitz e Rubinstein (2008), a partir dos quais foi derivada a formulação do modelo gravitacional utilizado neste trabalho. Até o momento em que este trabalho foi escrito, este autor não teve conhecimento de nenhum outro trabalho que avalie o possível efeito da omissão da heterogeneidade das firmas no modelo gravitacional para o caso das exportações brasileiras; portanto, este é o primeiro trabalho nesta linha de pesquisa aplicado ao caso brasileiro.

Para a realização desse trabalho, foi escolhido o modelo gravitacional utilizando dados em corte transversal e utilizou-se como variável dependente as exportações brasileiras e como variável independente as barreiras tarifárias e não tarifárias (SPS e TBT), além das variáveis tradicionais do modelo gravitacional, relacionadas a fatores culturais, geográficos e econômicos. A escolha desse método é adequada para o contexto das exportações brasileiras, uma vez que ele estima os possíveis efeitos diretos de medidas não tarifárias sobre as exportações do país.

Além disso, foram feitos alguns exercícios diferentes do modelo do artigo base (Helpman et al (2008)) que foram: (i) a análise por medida (SPS e TBT) individualmente e em conjunto, no modelo gravitacional padrão; (ii) análise do viés de seleção, através dos modelos Tobit I (Probit) e Tobit II (Heckman em dois estágios); (iii) teste do efeito da omissão de heterogeneidade das firmas exportadoras no Brasil, utilizando-se os modelos Tobit I e gravitacional padrão; e (iv) análise do impacto das medidas por setor, utilizando os modelos mencionados em (i), (ii) e (iii). Assim, é esperado que essas análises contribuam para uma melhor compreensão dos efeitos da BNT (SPS e TBT) sobre as exportações brasileiras. Os dados utilizados são descritos brevemente a seguir.

Em colaboração com a Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) e a OMC, o Banco Mundial2 desenvolveu a base de dados integrada World Integrated Trade Solutions (WITS) com o propósito de armazenar dados sobre o comércio internacional e as tarifas praticadas. Desta fonte, foram obtidas todas as variáveis relativas às exportações brasileiras no ano de 2013, agregadas no Sistema Harmonizado de Classificação de nível 4 (HS4), e as tarifas efetivamente aplicadas por cada importador ao produto adquirido. Além disso, foram obtidas as listas dos países membros da

2 O Banco Mundial é uma instituição que funciona como uma cooperativa composta por 188 países membros. É uma fonte de financiamento e assistência técnica para desenvolver países ao redor do mundo.

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OMC e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD). Ainda no Banco Mundial, mas de outra base de dados dessa instituição, foram obtidos os valores do Produto Interno Bruto (PIB) e do PIB per Capita mais atuais dos países que importaram produtos do Brasil em 2013.

O Centre d’Etudes Prospectives et d’Informations Internationales (CEPII) é um

centro francês de pesquisas em economia internacional que produz estudos, pesquisas, base de dados e análises sobre a economia mundial e sua evolução. Das bases de dados produzidas por este instituto, foram obtidos os códigos da Organização Internacional para Padronização (ISO) dos países importadores e do Brasil com 3 letras (ISO 3166-1 alfa-3), dados geográficos e dados de relações culturais.

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2. Revisão Bibliográfica

2.1 Histórico das Barreiras Não Tarifárias - BNT

Com o crescente uso de medidas SPS e TBT e, por conseguinte, um aumento no impacto econômico para empresas e países, tem-se aumentado a demanda por melhores estimativas quantitativas dos efeitos dessas medidas, tanto pelos países impactados quanto por formuladores de políticas econômicas.

De 1948 a 1994, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) forneceu as regras utilizadas em muitas transações mundiais de comércio, até a criação da OMC. Desta forma, funcionou tanto como acordo provisional quanto uma Organização. Seu objetivo inicial era criar uma terceira instituição para tratar da cooperação econômica internacional de comércio, juntamente com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Após várias rodadas de negociação para a redução de tarifas, a Rodada de Tóquio (1973 a 1979), com a participação de 102 países, foi a primeira rodada na qual se tentou enfrentar a questão das barreiras de comércio sem o uso de tarifas, em que emergiu uma série de acordos de barreiras não tarifárias.

Em alguns casos, esses acordos foram embasados pelas regras do GATT, em outros não. Nesta rodada de Tóquio, em cada acordo, na maioria dos casos, apenas alguns países membros do GATT participaram. Na rodada seguinte, que foi a Rodada do Uruguai, muitos acordos foram modificados e assim tornaram-se comprometimentos multilaterais aceitos pelos membros da OMC.

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2.2 Definições de BNT

Como abordado por Beghin e Bureau (2001), não existe uma metodologia unificada. Dentre os fatores que tornam difícil a obtenção de tal metodologia estão o fato de a natureza dessas medidas ser heterogênea, a própria definição de barreira considerada, o aspecto econômico considerado para o estudo do efeito do impacto (equilíbrio de mercado, fluxo de comércio internacional, bem-estar social, dentre outros), esquema defasado de armazenamento de dados sobre BNT e poucas bases de dados disponíveis com amplo conteúdo sobre o assunto, além do arcabouço técnico utilizado para a medição dos impactos tais como econometria e Equilíbrio Geral Computável (EGC).

Com o aumento do uso de Barreiras Não Tarifárias, aumentou-se também a preocupação em definir precisamente o conceito de BNT e não só os métodos de estimação. Isso é importante, pois os fatores que dão suporte à concepção da definição também orientam os métodos ou modelos mais adequados a serem usados para a obtenção dessas estimativas, bem como os dados que são registrados e o processo de registro.

Assim, as primeiras definições que remetem às BNTs são pensamentos amplos fundamentados em conceitos econômicos como impactos no comércio internacional e no bem-estar da população de um país. Contudo, essas medidas podem ter tanto impacto positivo quanto negativo nos fatores econômicos considerados, de modo que é difícil a distinção entre medidas legítimas e medidas protecionistas.

Devido à falta de unanimidade sobre o tema, surgiram algumas linhas de pensamento entre os pesquisadores. Na linha que BNT produz efeitos negativos, Hillman (1991) considera BNT como qualquer instrumento ou prática governamental que seja diferente de tarifa e que discrimina bens importados, além de impedir diretamente a entrada no país. Contudo, a discriminação feita não é aplicada com o mesmo peso para produção e distribuição doméstica. Thornsbury, Roberts, DeRemer e Orden (1999) não apenas concordam com esta definição como acrescentam padrões de identidade, de medidas, de qualidade e de medida SPS ao conceito. Na linha que BNT ajuda a corrigir ineficiências de mercado, Baldwin (1970) define distorção não tarifária como qualquer medida (pública ou privada) aplicada ao comércio internacional de bens e serviços que potencialmente pode causar redução na renda real global. Desta maneira, medidas que potencialmente podem resultar no aumento de renda não deveriam ser consideradas BNT.

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BNT. Deste modo, além do conceito, é necessária uma taxonomia de BNT de modo que se possa categorizá-las e determinar quais categorias devem ser incluídas. Assim, dentre os esquemas de categorização mais importantes, estão o esquema proposto por Deardorff e Stern (1998) e o esquema contido no I-TIP, portal criado pela OMC.

As semelhanças entre o esquema proposto por Deardorff e Stern (1998) e no I-TIP são que ambos contemplam itens como “Antidumping”, Direitos Compensatórios, Medidas SPS e Quotas de Importação. Desta forma, o único capítulo proposto por Deardorff e Stern (1998) que não está contemplado no I-TIP é o relativo aos Procedimentos Alfandegários e Práticas Administrativas.

Todavia, existem diferenças significativas entre eles. Deardorff e Stern (1998) baseiam sua visão no efeito econômico. Desta maneira, eles tentaram abranger todas as políticas e práticas utilizadas pelos países que potencialmente podem influenciar os preços, o comércio e o bem-estar internacional. Assim, além do capítulo mencionado anteriormente, existem algumas categorias ausentes no I-TIP como Requerimento de Depósito Antecipado e Políticas de Imigração. Apesar da riqueza de elementos, este modelo não corresponde a uma base de dados ou compilação de BNT, mas tornou-se referência para a construção de esquemas.

O I-TIP é a referência da OMC para prover informações compiladas sobre medidas de política de comércio. Esta base contempla medidas tarifárias e não tarifárias que afetam o comércio de bens, bem como informações do comércio de serviços, acordos regionais de comércio e os compromissos de adesão dos membros da OMC. As informações compiladas são oriundas dos membros da OMC. O Centre for WTO Studies é um repositório que complementa o I-TIP no que diz respeito ao catálogo das medidas não tarifárias. Além disso, utiliza o esquema desenvolvido conjuntamente pela UNCTAD, Centro de Comércio Internacional (ITC), Banco Mundial e OMC. Embora a fonte mais utilizada para o estudo de BNT seja a base TRAINS, a contínua atualização do esquema, das categorias presentes e dos dados têm contribuído para a maior difusão do I-TIP no meio acadêmico.

2.3 Métodos de Estimação

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Desta forma, este trabalho optou pela orientação de comércio, uma vez que esta é uma área muito sensível na atividade econômica brasileira e influencia diretamente a formulação de políticas socioeconômicas.

A seguir, são descritos os principais métodos que seguem a orientação de comércio, bem como importantes trabalhos de pesquisa realizados. Mais detalhes podem ser obtidos em Deardorff e Stern (1998) e Beghin e Bureau (2001).

2.3.1 Métodos Baseados em Estoque

Os métodos que utilizam essa abordagem podem ser utilizados tanto para análise quantitativa quanto qualitativa. As formas de obtenção de dados são: (a) as notificações feitas pelos países importadores e comunicadas à OMC; (b) os comunicados feitos por países exportadores de práticas consideradas protecionistas; (c) as reclamações de setores econômicos locais que se veem prejudicados por práticas consideradas inadequadas ou discriminatórias.

Para as análises quantitativas, as notificações contêm informações do importador que fez a notificação, dos exportadores impactados, dos produtos impactados e a identificação, o tipo e a descrição das BNTs aplicadas. Esses dados podem prover estatísticas simples tais como o índice de frequência, que informa se um produto tem uma BNT associada ou não.

Considerando o tamanho do comércio, o índice de cobertura de importação pode ser utilizado. Ele é obtido considerando o valor das importações de cada produto sujeito a uma BNT como uma porcentagem das importações da categoria correspondente (Beghin e Bureau, 2001). Alguns índices mais refinados podem ser obtidos, porém dependem das hipóteses consideradas. Idealmente, o índice de cobertura deveria ser computado usando o valor das importações na ausência de BNTs como peso (Leamer, 1990). Todavia, este valor é não observável e os valores de importações locais ou referências mundiais são utilizados como peso para o cálculo.

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aplicado a medidas SPS e TBT, esses índices podem não captar o efeito corretamente, pois no caso do comércio de produtos com informação incompleta, aquelas medidas podem facilitar o comércio por sinalizar que os produtos são seguros para o consumo. Por outro lado, Beghin e Bureau (2001) ponderam que, apesar dos problemas, este tipo de método pode fornecer indicações úteis sobre a importância do problema e em quais setores e países as BNTs são mais comumente utilizadas. Além disso, esse tipo de índice pode ser usado em estimativas econométricas de comércio.

Trabalhos importantes que usaram este método, Nogués, Olechowski e Winters (1986) analisaram o impacto de BNTs em importações de dezesseis países industriais de 1981 a 1983. Os autores assinalaram que BNTs afetaram mais de 27% de todas as importações e mais de 34% de importações com origem em países em desenvolvimento. No estudo sobre o setor de alimentos para a Comissão Européia, Henson, Lux e Traill (2001) usaram diversas abordagens para avaliar a importância de obstáculos regulatórios na União Européia e nos Estados Unidos, incluindo método baseado em estoque. Eles compararam os regimes regulatórios de segurança e qualidade alimentar das duas regiões e identificaram diferenças nos padrões utilizados por classificar estas medidas por políticas de instrumentos e regulações por metas. Eles usaram base de dados de padrões e regulações governamentais obrigatórios dos Estados Unidos (447 regulações publicadas no Code of Federal Regulation) e da União Européia (279 regulações publicadas no European Official Journal).

2.3.2 Métodos Baseados em Modelos Gravitacionais

Os métodos que utilizam essa abordagem tentam estimar o impacto das BNTs utilizando o fluxo de comércio na modelagem. Assim, as variáveis de fluxo comercial são utilizadas como variáveis explicadas e as BNTs como variáveis explicativas. Neste contexto, modelos gravitacionais são particularmente interessantes, pois a comparação entre o comércio previsto na ausência de BNTs e o comércio real fornece alguma indicação de restritividade no comércio destas barreiras.

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Apesar dos avanços, os problemas apresentados por este método são de endogeneidade (entre BNTs e o fluxo de comércio) e as hipóteses utilizadas, uma vez que o modelo é muito sensível às hipóteses consideradas (Disdier, Fontagné e Mimouni, 2008). Além disso, este modelo não é capaz de explicar corretamente todos os fluxos comerciais, mesmo na ausência de regulações domésticas (Beghin e Bureau, 2001). Todavia, é possível muitos refinamentos econométricos, além de ser útil em identificar os efeitos de políticas nos casos em que apenas alguns países implementam uma política particular, fazendo análise de corte transversal de dados (Ferrantino, 2006).

Dentre os trabalhos que utilizam esse método, Leamer (1990) empregou-o para determinar o impacto no comércio provocado por BNTs em 1983. Os resultados mostram que essas barreiras reduziram as exportações Latino-Americanas para os 14 maiores países industrializados da época. Moenius (2004) também utilizou este método com vários refinamentos (correção por autocorrelação e teste de causalidade, por exemplo) para analisar o impacto de TBTs em países com comércio bilateral e padrões específicos compartilhados (normas voluntárias). Sua análise em painel abrangeu 471 indústrias de 12 países da Europa Ocidental no período de 1980 a 1995. Seus resultados mostram que há uma influência positiva dos padrões compartilhados, aumentando o fluxo comercial entre aqueles países que utilizam de padrões semelhantes. Para importadores com padrões diferentes, os resultados variam entre os setores, sugerindo uma influência negativa para agricultura e positiva para indústria.

2.3.3 Métodos Baseados em Comparação de Preços

Os métodos que utilizam essa abordagem tentam estimar o impacto das BNTs nos preços domésticos de bens importados comparando-os com preços de referência. O principal uso deste método é fornecer Ad Valorem Equivalents (AVE) de BNTs que são diretamente comparáveis com tarifas, ou seja, são tarifas equivalentes; contudo, a estimativa obtida deste método pode ser usada como dado em modelos de equilíbrio parcial e geral que focam nos efeitos de BNTs sobre o bem-estar social. A estimativa do AVE é calculada entre a diferença do preço do bem importado e o produto comparável no mercado doméstico. Porém, a situação ideal seria comparar o preço que prevaleceria na ausência de BNTs (isso não é observável) para o preço que prevaleceria domesticamente na presença de BNTs, se o preço pago pelos fornecedores continuasse inalterado (Deardorff e Stern, 1998).

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conjunto de BNTs em um dado mercado, ele raramente consegue individualizar o efeito de cada BNT do conjunto. A segunda é que este método estima o impacto de BNT de modo indireto, de modo que os resultados são válidos apenas sob as hipóteses de que os bens produzidos domesticamente e os bens importados são substitutos perfeitos. Porém, a principal limitação consiste no fato de não permitir considerar diferenças entre os bens doméstico e importado como qualidade (Beghin e Bureau, 2001).

Na literatura, encontramos o trabalho de Campbell e Gossette (1994) que utilizaram um grande número de setores, incluindo alimentação e agricultura. Eles fizeram ajustes sofisticados no componente de qualidade de modo a tornar os produtos comparáveis (homogêneos para fins de análise). A Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (USITC) usa o método desenvolvido por eles com regularidade para medir o hiato de preço das tarifas equivalentes dos Estados Unidos por setor, ajustando por diferenças de qualidade. Além disso, Hassink e Schettkat (2001) estudaram preços para 220 produtos de mobília exportados pela empresa IKEA para 10 países membros da União Européia. Neste caso, temos a situação em que os produtos são completamente homogêneos dentro da região para a qual se supusera que as barreiras de comércio eram irrelevantes. Eles encontraram uma variação substancial de preços e seus testes rejeitaram a hipótese nula, que era a Lei de Único Preço. Eles concluíram que parte da variação de preço era devido à própria estratégia internacional da IKEA de diferenciação de preço, além de componentes não comercializáveis como salários. Porém, a explicação para a maior parte desta diferença permaneceu em aberto.

2.3.4 Métodos Baseados em Elasticidades de Demanda

Este tipo de método tanto pode fornecer estimativa do impacto das BNTs como pode ser utilizado como dado de entrada ou de referência para outros modelos. O seu uso é interessante quando outros métodos não obtêm resultados satisfatórios ou são de difícil medição. Deste modo, para obter as elasticidades, este método utiliza medidas de restritividade de comércio.

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considerada: (i) no bem-estar social; (ii) no comércio, de modo a limitar as importações; (iii) e nas barreiras enfrentadas por exportadores (Kee, Nicita e Olarreaga, 2009).

A principal desvantagem deste método é o cálculo indireto que é feito, uma vez que usa agregação. Outra desvantagem, é que ignora-se qualquer efeito de renda devido à redistribuição de receita de tarifas e qualquer efeito de substituição de preço. Porém, a simplicidade do método e a mitigação de viés associado com a agregação de linhas de tarifas, necessário para a utilização de modelos EGC, são pontos favoráveis ao método, quando se deseja medir os impactos diretos de BNTs (Kee, Nicita e Olarreaga, 2009).

Dentre os trabalhos que utilizam esse método, Disdier, Fontagné e Mimouni (2008) utilizaram no modelo gravitacional os AVEs calculados por Kee, Nicita e Olarreaga (2009) como um dos parâmetros para estimação de BNTs. A fonte de dados das notificações foi a base de dados TRAINS e os dados foram compilados até 2004 em ambos os trabalhos.

2.3.5 Métodos Baseados em Modelos de Seleção

Os métodos que utilizam essa abordagem tentam estimar o impacto das BNTs e como essas medidas impactam os exportadores. Dito de outra forma, esses métodos tentam estimar o impacto das medidas não tarifárias de forma a verificar se o impacto causado pela medida é no sentido de aumentar os custos fixos de produção (impacto na margem extensiva), cujo efeito é a redução das exportações via redução da probabilidade de uma firma vir a exportar, ou é no sentido de aumentar a exportação das firmas que já exportam (margem intensiva), por meio do aumento da demanda dos países importadores.

Na literatura que utiliza o modelo gravitacional padrão, os trabalhos normalmente analisam os efeitos de SPS e/ou TBT baseando-se em dados de fluxo comercial agregados a nível de país ou a nível de setor. Porém, ao utilizar os dados dessa forma, eles raramente proveem evidências relativas às potenciais barreiras de entrada causadas por essas medidas. Até o momento em que este trabalho foi escrito, este autor teve conhecimento de apenas quatro trabalhos que identificaram impactos de medidas não tarifárias nas margens extensiva e intensiva, que são: Disdier e Marette (2010), Jayasinghe, Beghin e Moschini (2010), Xiong e Beghin (2011), e Crivelli e Groschl (2012).

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distintos devido ao modo como foi implementado a medida em cada país. Assim, o país A ao implementar a medida pode afetar a margem extensiva de seus parceiros exportadores, enquanto o país B pode ter sua medida implementada afetando a margem intensiva de seus parceiros (Crivelli e Groschl, 2012). Apesar disso, esse tipo de abordagem permite a análise nas margens extensiva e intensiva por país e por setor, utilizando dados agregados no HS4, com modelos gravitacionais. Além disso, é possível considerar a heterogeneidade das firmas exportadoras no modelo com modificações simples, bem como verificar e controlar o possível problema de viés de seleção da amostra.

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3. Base de Dados

As estatísticas detalhadas de importação e exportação são reportadas pelos países às Nações Unidas, através dos seus institutos estatísticos. Aproximadamente 200 países enviam essas informações e as Nações Unidas armazenam esses dados em sua Base de Dados de Estatísticas de Comércio de Mercadorias (Comtrade). Esse repositório contém informações desde 1962 até o mais recente dado disponível e antes de os dados serem inseridos na base são padronizados pela Divisão de Estatística das Nações Unidas. A Comtrade é considerada a base de dados de referência para os estudos que envolvem comércio exterior.

A Comtrade está integrada e acessível através do WITS. A partir desta fonte, foi construída a base de dados de exportações (BDExp) contendo dados das exportações brasileiras relativas ao ano de 2013. As informações contidas são o país importador, produto importado no nível HS4, valor monetário em milhares de dólares americanos (USD). O nível HS4 foi escolhido, pois é um nível que permite uma agregação suficientemente detalhada para manter a variância entre os grupos de produtos, mas agregado o suficiente para evitar a endogeneidade que poderia surgir no caso em que as medidas SPS e TBT fossem usadas para propósitos protecionistas (Disdier, Fontagné e Mimouni, 2008).

Também no WITS, na seção de dados de referência, foi possível obter as listas dos países membros da OECD e da OMC. A importância desse tipo de informação é que pode ser um indicativo que o fato de o país ser parceiro do Brasil em uma Instituição de Cooperação Internacional pode ter um aumento no fluxo comercial. Essas informações também foram incorporadas à base BDExp.

Os dados culturais e as relações geográficas são informações que veem sendo compiladas e difundidas por diversas fontes, sendo que o CEPII é a principal referência no assunto atualmente e vem sendo referenciada por vários trabalhos importantes nesta área. O CEPII possui um conjunto de base de dados, do qual utilizamos a Base pour l’Analyse du

Commerce International (BACI) e a GeoDist. A partir do BACI e GeoDist foi construída a

base de dados de relações culturais e geográficas (BDCG).

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países fazem fronteira, se o importador tem saída para o mar, se há relação colonial histórica entre os países, se o idioma oficial é o mesmo ou se o idioma é comum entre os países3.

Os dados econômicos foram obtidos das estatísticas do Banco Mundial e do FMI. O Banco Mundial contém as séries históricas do PIB e do PIB per Capita de diversos países, sendo que as séries históricas mais antigas iniciam no ano de 1961. O FMI também contém as séries históricas do PIB e do PIB per Capita de diversos países, sendo que as séries históricas mais antigas iniciam no ano de 1980. A partir da combinação dessas 2 fontes construiu-se a base de dados de econômicos (BDEco). Essa combinação foi necessária pois os dados de alguns países que importaram do Brasil em 2013 estavam disponíveis em apenas uma das fontes.

Os valores do PIB e do PIB per Capita considerados foram em dólares americanos, ambos em preços correntes, refletindo de forma mais acurada a renda média de cada país. Além disso, nem todos os países dispõem dessa informação atualizada em 2013, seja porque o dado do PIB ou o dado da população, em 2013, não está atualizado. Assim, para cada país, foi utilizado o último dado disponível, sem nenhuma correção por índice de inflação.

Os países membros da OMC devem notificar para a referida Organização todas as barreiras não tarifárias impostas aos produtos dos parceiros comerciais, bem como os motivos para a tomada de decisão. Todavia, a notificação é feita de forma voluntária e não há punição no caso de atraso na notificação ou mesmo não comunicado da medida. Essas notificações estão distribuídas e disponíveis para acesso na base de dados I-TIP Goods e no portal Centre

for WTO Studies. Desta forma, foi construída a base de dados de notificações (BDN).

Assim, os dados utilizados contemplam o período de 1995 até 2013, mas a atualização não é uniforme para todos os países. Além disso, apenas as medidas do tipo SPS e TBT foram consideradas, tendo em vista o objetivo deste trabalho. Outra consideração importante é que todas as notificações foram consideradas ativas. O motivo é que nenhuma medida tem uma informação explícita que não continua ativa.

Por fim, as informações tarifárias estão disponíveis no TRAINS e podem ser acessadas através do WITS. Os dados estão desagregados por HS e foram obtidas as informações de média simples de tarifas efetivamente aplicadas por importador e por produto no nível HS4. Com isso, montou-se a base de dados de tarifas (BDT). Cabe ressaltar que em alguns casos, a tarifa não está disponível no TRAINS. Nestes casos, foi adotado o seguinte procedimento: (i) utilizou-se a tarifa mais atual pelo importador em HS4, mesmo que essa tarifa não tenha sido

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criada em 2013; (ii) na ausência de tarifas, utilizou-se o AVE quando disponível. O AVE foi calculado pelo WITS, através do método UNCTAD 14.

Como foram construídas cinco bases de dados (BDExp, BDCG, BDEco, BDN e BDT), precisou-se integrar aos pares para garantir a consistência e a integridade dos dados. Desta forma, a primeira etapa escolhida foi integrar a BDExp com a BDCG, formando a BDExpCG. Feito a integração, verificou-se que alguns países não apresentavam todos os dados culturais ou geográficos necessários para a análise econométrica. Desta forma, foram excluídas da amostra o correspondente a 2,15% do total exportado pelo Brasil em 2013. Em termos de dados, do total de 42.025 registros, foram excluídos 492 e, portanto, essa exclusão não gerou prejuízos para o estudo.

Assim, o total de países importadores da amostra de 187 países, o que mostra tem uma rede de clientes bem variada. Da amostra, o Brasil exportou USD 236.959.431.932 em 2013. Para fazer uma análise por setor econômico, os produtos foram agregados por HS2 conforme mostrado na Tabela 1. Ainda nesta tabela, pode-se ver que, embora a quantidade de grupos do HS2 para Manufaturados seja maior, o setor de Agricultura, Agronegócio e Extrativismo (Ag & Ag Neg & Extr) foi o setor mais importante para as exportações brasileiras em 2013.

Dos 97 capítulos em HS2 da Tabela 1, o Brasil exportou em 96 (exceção é o 77). A tabela 2 mostra os 10 bens mais exportados por HS2 que correspondem a 64%. É possível observar que 6 dos 10 capítulos são do setor de Ag & Ag Neg & Extr, que representa 46% de todas as exportações brasileiras. Esse valor é maior que toda a exportação do setor de Manufaturados, sugerindo uma concentração de produtos exportados.

Dos 1.440 capítulos em HS4, o Brasil exportou em 1.176 e os produtos mais exportados correspondem a 50%. A tabela 3 mostra os 10 bens mais exportados por HS4. É possível observar que 7 dos 10 capítulos são do setor de Ag & Ag Neg & Extr, que representa 42% de todas as exportações brasileiras. Dessa forma, vê-se que há uma concentração na

4 UNCTAD 1: É um método de três passos para estimar valores unitários: (1) A partir das estatísticas da linha de tarifa de importação do país do mercado importador disponível no TRAINS; (2) Se o passo 1 não for satisfeito, das estatísticas de importação no HS6 do país do mercado importador disponível no Comtrade; (3) Se o passo 2 não for satisfeito, das estatísticas de importação no HS6 de todos os países membros da OECD.

Tabela 1 - Bens e serviços exportados por setor econômico, 2013

Setor HS2 Quantidade Importação (USD) %

1 Ag & Ag Neg & Extr 01 até 27 27 137.453.568.000 58%

2 Manufaturados 28 até 97 70 99.505.863.932 42%

TOTAL 97 236.959.431.932 100%

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exportação brasileira e não apenas uma concentração de tipos de produtos. Observando os 4 produtos mais exportados, vê-se que o produto ou é mineral ou é agrícola.

Olhando os dados do ponto de vista cultural, no caso do Brasil, só existe relação colonial com Portugal, que importou USD 854,364,992 (0,36% do total exportado). Além disso, no caso dos países que pelo menos 9% da população falam português, encontramos somente países que têm o português como língua oficial, de modo que as duas variáveis são idênticas. Assim, o grupo de países que falam português contém Portugal, Angola, Cabo Verde, Timor Leste, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. O total importado por este grupo, incluindo Portugal, representou 0,96% do total exportado pelo Brasil.

Do ponto de vista geográfico, a distância média dos importadores foi 8.314,156 km, sendo que a menor distância foi de 1.633 km (Paraguai) e a maior foi 18.512 km (Palau). Dos países que fazem fronteira com o Brasil, nove países importaram no ano de 2013 (Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela) e as importações desse grupo correspondem a 15,20%. Dos 10 maiores importadores, todos possuem saída para o mar e do total de países, 152 (81%) possuem saída para o mar.

Tabela 2 - Bens e serviços mais exportados por nível de HS2, 2013

HS2 Descrição Importação (USD) %

1 26 Ag & Ag Neg & Extr Escória de Minérios e Minérios Vulcânicos 35.082.727.424 15%

2 12 Ag & Ag Neg & Extr Óleos e Grãos Diversos 23.021.680.640 10%

3 27 Ag & Ag Neg & Extr Combustíveis Minerais 16.939.748.352 7%

4 02 Ag & Ag Neg & Extr Carne e Miudezas Comestíveis 14.711.232.512 6%

5 87 Manufaturados Veículos Não Ferroviários 14.085.259.264 6%

6 84 Manufaturados Equipamentos e Computadores 12.851.216.384 5%

7 17 Ag & Ag Neg & Extr Açúcares e Produtos de Confeitaria 11.931.264.000 5%

8 72 Manufaturados Ferro e Aço 8.367.291.904 4%

9 89 Manufaturados Barcos e Estruturas Flutuantes 7.933.735.936 3%

10 23 Ag & Ag Neg & Extr Ração Animal 7.134.765.056 3%

SUBTOTAL 152.058.921.472 64%

TOTAL 236.959.431.932 100%

Fonte: World Integrated Trade Solutions (WITS)

Tabela 3 - Bens e serviços mais exportados por nível de HS4, 2013

HS4 Descrição Importação (USD) %

1 2601 Ag & Ag Neg & Extr Minério de Ferro e Concentrados 32.491.530.240 14%

2 1201 Ag & Ag Neg & Extr Soja 22.806.880.256 10%

3 2709 Ag & Ag Neg & Extr Petróleo Bruto 12.956.638.208 5%

4 1701 Ag & Ag Neg & Extr Sacarose Pura 11.760.347.136 5%

5 8905 Manufaturados Estruturas Flutuantes Leves e Plataformas 7.735.537.152 3%

6 0207 Ag & Ag Neg & Extr Carne e Miudezas de Ave 7.165.103.616 3%

7 2304 Ag & Ag Neg & Extr Bagaço de Soja e Outros Resíduos Sólidos 6.781.769.216 3%

8 1005 Ag & Ag Neg & Extr Milho 6.297.713.664 3%

9 8703 Manufaturados Veículos Leves e Motores 5.484.585.984 2%

10 4703 Manufaturados Polpa de Madeira 4.815.653.376 2%

SUBTOTAL 118.295.758.848 50%

TOTAL 236.959.431.932 100%

(28)

A segunda etapa foi integrar a BDExpCG e a BDEco, formando a BDExpCGEco. Para o ano de 2013, nem todos os importadores disponibilizaram o dado de PIB e PIB per Capita atualizado, existindo casos em que o dado mais atual disponível era do ano de 2007 e até mesmo dados indisponíveis em toda a série histórica. Nos casos de inexistência de dados, o importador foi excluído da amostra, o que correspondeu a 0,05% do total exportado pelo Brasil, que não é significativa para esse estudo, pois em termos de dados, do total de 41.553 registros, foram excluídos 357, resultando em 41.176 registros de exportação.

A média do PIB dos importadores é de USD 1.075.199.415.684, sendo que a mediana é USD 220.022.146.704 (O PIB do Brasil é de USD 2.245.673.032.354). Isso mostra que o Brasil exportou para países com economias de grande escala. A tabela 4 mostra os dados para os 10 países que mais importaram do Brasil em 2013, bem como os 10 maiores em termos de PIB, dentre aqueles que importaram em 2013. É possível observar que os 10 maiores importadores correspondem a 59% do total exportado pelo Brasil em 2013, sugerindo que o Brasil pode estar concentrando suas exportações em poucos parceiros comerciais, uma vez que se exportou para 187 países em 2013. Vê-se ainda que apenas 4 dos 10 países mais ricos estão entre os dez maiores importadores do Brasil.

A média do PIB per Capita dos importadores é de USD 19.591,14, sendo que a mediana é USD 10.945,92 (O PIB per Capita do Brasil é de USD 11.208,08). A tabela 5 mostra os dados para os 10 países que mais importaram do Brasil em 2013, bem como os 10 maiores em termos de PIB per Capita, dentre aqueles que importaram em 2013. Percebe-se que nenhum dos maiores importadores está entre os 10 importadores com maiores PIBs per Capita (Os Estados Unidos que tem o maior PIB per Capita entre os maiores importadores, está na 12ª posição em termos de PIB per Capita).

Tabela 4 - Distribuição de importadores por exportações e PIB, 2013

Maiores Importadores de Produtos Brasileiros

País PIB (USD) Importação (USD) % País PIB (USD)

1 China 9.240.270.452.050 46.026.137.600 19% 1 Estados Unidos 16.800.000.000.000

2 Estados Unidos 16.800.000.000.000 24.865.935.360 10% 2 China 9.240.270.452.050

3 Argentina 609.888.971.018 19.615.404.032 8% 3 Japão 4.901.529.519.266

4 Holanda 800.173.475.310 17.325.852.672 7% 4 Alemanha 3.634.822.579.319

5 Japão 4.901.529.519.266 7.964.004.864 3% 5 França 2.734.949.064.749

6 Alemanha 3.634.822.579.319 6.551.621.120 3% 6 Reino Unido 2.521.380.958.035

7 Venezuela 438.283.564.815 4.849.817.088 2% 7 Rússia 2.096.777.030.571

8 Coréia do Sul 1.304.553.972.502 4.719.952.384 2% 8 Itália 2.071.306.890.125

9 Chile 277.198.774.857 4.483.766.784 2% 9 Índia 1.876.797.199.133

10 Panamá 42.648.100.000 4.423.151.616 2% 10Canadá 1.826.768.562.832

SUBTOTAL 140.825.643.520 59%

TOTAL 236.959.431.932 100%

Fonte: World Integrated Trade Solutions (WITS)

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A terceira etapa foi integrar BDExpCGEco e a BDN, formando a BDExpCGEcoN. Para se fazer essa integração, uma vez que não há menção explícita de medidas que deixaram de ser ativas, todas as medidas existentes no banco de dados foram consideradas válidas. Desta forma, fez-se a integração considerando as notificações existentes para cada par País e produto em HS4, independente do ano de criação da medida. Depois de integradas, criou-se uma variável que é atribuído o valor 1 caso o importador tenha criado uma medida para um HS4 em algum ano. O mesmo procedimento foi repetido para os tipos de medidas TBT e SPS. Desta forma, do total de 41.176, 38% dos registros (15.819) possuem alguma medida no tempo. Do tipo TBT são 33% (13.743) e do tipo SPS são 11% (4.601). Cabe ressaltar que embora o número de medidas seja menor que a soma dos tipos TBT e SPS, o motivo é que, apesar de incomum, é possível a ocorrência do uso de mais de um tipo em uma mesma medida, uma vez que os tipos não são mutuamente exclusivos.

Entre os importadores, o total de países que não notificou medidas TBT ou SPS para os produtos exportados é 70 (37% do total). Assim como ocorreu com os dados atualizados até 2004 e observados por Disdier, Fontagné e Mimouni (2008), os dados de medidas atualizados até 2013 não tem uma dimensão bilateral, com poucas exceções. Assim, as medidas são criadas e colocadas em vigência pelos importadores e aplicadas para todos os exportadores.

A última etapa foi integrar BDExpCGEcoN e a BDT, formando a BDExpCGEcoNT. No caso das informações tarifárias, foram utilizadas médias simples das tarifas efetivamente aplicadas em algum momento do tempo para a exportação brasileira no nível HS4. No caso de inexistência de informação mais atual, por simplicação, a informação de tarifa foi considerada válida (quando disponível) e utilizada como tarifa aplicada para a importação em 2013 para o HS4. Desta forma, a média de tarifas obtida foi de 6,16% com desvio padrão de 15,58%.

Tabela 5 - Distribuição de importadores por exportações e PIB per Capita, 2013

Maiores Importadores de Produtos Brasileiros

País PIB per capita (USD) Importação (USD) % País PIB per capita (USD)

1 China 6.807 46.026.137.600 19% 1 Luxemburgo 111.162

2 Estados Unidos 53.143 24.865.935.360 10% 2 Noruega 100.819

3 Argentina 14.760 19.615.404.032 8% 3 Qatar 93.352

4 Holanda 47.617 17.325.852.672 7% 4 Bermuda 84.471

5 Japão 38.492 7.964.004.864 3% 5 Suíça 80.528

6 Alemanha 45.085 6.551.621.120 3% 6 Austrália 67.468

7 Venezuela 14.415 4.849.817.088 2% 7 San Marino 62.189

8 Coréia do Sul 25.977 4.719.952.384 2% 8 Dinamarca 58.930

9 Chile 15.732 4.483.766.784 2% 9 Suécia 58.164

10Panamá 11.037 4.423.151.616 2% 10Kuwait 56.367

SUBTOTAL 140.825.643.520 59%

TOTAL 236.959.431.932 100%

Fonte: World Integrated Trade Solutions (WITS)

(30)

A tabela 6 mostra a distribuição total de medidas (BNT, SPS e TBT), bem como o percentual relativo desses dados que têm ou não o dado de tarifa associado. Assim, por exemplo, do total de BNTs, aproximadamente 1/3 dos dados não tem dado de tarifa associado. Os casos em que não há dado de tarifa, o campo relativo a essa informação permaneceu nulo.

A tabela 7 mostra a distribuição total de medidas (BNT, SPS e TBT) considerando a classificação por setor utilizada na tabela 1, bem como o percentual relativo desses dados que têm ou não o dado de tarifa associado. Assim, por exemplo, do total de BNTs no setor de Extração, aproximadamente 2/5 dos dados não tem dado de tarifa associado. Os casos em que não há dado de tarifa, o campo relativo a essa informação permaneceu nulo.

Tabela 6 - Distribuição de BNT, SPS e TBT por dados, 2013

Descrição Total com

Medidas Total Sem Tarifa Total Com Tarifa

BNT 15.819 5.634 36% 10.185 64%

SPS 4.601 2.013 44% 2.588 56%

TBT 13.743 4.730 34% 9.013 66%

TOTAL 41.176 14.563 26.613

Fonte: World Integrated Trade Solutions (WITS)

Total de Produtos (HS4)

Tabela 7 - Distribuição de BNT, SPS e TBT por dados de setor, 2013

Setor Descrição Total com

Medidas Total Sem Tarifa Total Com Tarifa

Ag & Ag Neg & Extr BNT 3.849 1.577 41% 2.272 59%

SPS 3.115 1.381 44% 1.734 56%

TBT 2.642 1.063 40% 1.579 60%

Manufaturados BNT 11.970 4.057 34% 7.913 66%

SPS 1.486 632 43% 854 57%

TBT 11.101 3.667 33% 7.434 67%

TOTAL 41.176 14.563 26.613

Fonte: World Integrated Trade Solutions (WITS)

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4. Metodologia

4.1 Modelo Teórico

Como apresentado no capítulo 1 (Introdução), o objetivo é investigar se as BNTs dos tipos SPS e TBT têm impactado as exportações brasileiras e o modelo gravitacional foi escolhido para fazer essa investigação, uma vez que ele fornece indicações de restritividade. Neste capítulo, de modo simplificado, será desenvolvido o modelo de Melitz (2003) que é o modelo teórico utilizado para a elaboração dos modelos gravitacionais que serão desenvolvidos na Seção de Resultados (Capítulo 5). Para um estudo mais detalhado, consultar Helpman, Melitz e Rubinstein (2008) ou Melitz (2003).

Considere um mundo constituído de J países, indexados por j = 1, 2, ..., J. Cada país consome e produz uma cesta de produtos Bj, que é única para cada país. Além disso, existem Njfirmas em cada país e cada firma produz apenas um produto e este produto é único no mundo considerado. Desta maneira, a soma de todos os produtos produzidos em todos os países constitui a cesta de produtos disponível para consumo no mundo.

Alguns dos produtos consumidos no país j são produzidos domesticamente enquanto outros são importados. A firma do país j produz uma unidade de produto com o custo mínimo dado por cja, em que a mede a quantidade de insumo utilizada e cj mede o custo por unidade de insumo utilizada.

O fator a depende das características da firma e reflete a diferença de produtividade entre as firmas em um mesmo país. Assume-se que a função de distribuição acumuluda G(a) é definida entre [aL , aH] e descreve a distribuição de a entre as firmas, em que aH > aL > 0. Além disso, a função G(a) é idêntica em todos os países. O fator cj depende das características do país j e, portanto, reflete as diferenças de preços entre os países.

Assume-se que a firma Nj com coeficiente a, ao vender no mercado doméstico de J, tem cja como único custo associado a seu produto. Se a firma Nj decidir vender no mercado interno do país I, ele terá dois incrementos no custo final de seu produto: um custo fixo cjfij de acesso ao país I e um custo de transporte ij. Assim, fij = 0 se i = j, e fij > 0 se i <> j; e ij = 1

se i = j, e ij > 1 se i <> j. Note-se que os coeficientes fij e ij dependem das características do

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Assim, a condição de lucro da firma do país J que exporta para o país I, com produtividade a, é dada por ij(a) igual a

(4.1) ij(a) = (1-) * (ijcja)(1-* Yi cjfij Pi

Na equação (4.1), os coeficientes apresentam a seguinte interpretação:

determina a elasticidade de substituição entre os produtos.

é a elasticidade de substituição entre os produtos e é igual  = 1/(1-. Este fator é idêntico para todos os países, o que implica que cada produto tem uma elasticidade de demanda constante.

Yié a renda do país J, que é igual ao nível de gasto. Pié o índice de preços ideal do país J.

Da equação (4.1), vê-se que para vendas no mercado doméstico ij(a) > 0, pois fjj = 0. Portanto, todas as firmas Nj vendem em J. Porém, vender no mercado I só é lucrativo se a <=

aij , em que aij é definido por ij(aij) = 0, ou

(4.2) (1-) * (ijcjaij)(1-* Yi cjfij Pi

Segue da equação (4.2) que apenas uma fração G(aij) das Nj firmas do país J exportam para o país I. Além disso, existem duas possibilidades extremas: (a) nenhuma firma do país J exporta para o país I, implicando que aij <= aL; (b) todas as firmas do país J exportam para o país I, implicando que aij >= aH. Contudo, embora possível matematicamente, o caso em que todas as firmas do país J exportam para o país I é pouco provável na prática.

No modelo de Melitz (2003), a equação que mede o valor das importações do país I oriundas do país J é dada por

(4.3) Mij = (ijcj)(1-* Yi * Nj * Vij Pi

(33)

Vijé o volume de comércio bilateral.

Assim, no caso em que aij <= aL, tem-se que Vij = 0 e, portanto, Mij = 0.

Para derivar a equação gravitacional, Helpman, Melitz e Rubinstein (2008) assumem no cenário base a produtividade tem distribuição de Pareto no intervalo [aL , aH]. Expressando a equação (4.3) na forma log-linear, obtem-se a equação abaixo

(4.4) mij = ()*ln() – ()*ln(cj)nj + ()*pi + yi + ()*ln(ij) + vij,

cujas variáveis com letras minúsculas representam os logaritmos das respectivas variáveis com letras maiúsculas. A variável ij captura o custo de comércio: custos que afetam o volume das exportações no nível de firma. Assume-se que estes custos são estocásticos com resíduos

uij ~ N(0,u2). Por simplicação, fazendo ij = Dijy * e-uij, em que Dij representa a distância

(simétrica) entre os países J e I, a equação (4.4) pode ser reescrita como

(4.5) mij = 0 + j + idij + wij + uij,

em que i = ()*pi + yi é um efeito fixo do país importador e j= – ()*ln(cj)njé um efeito fixo do país exportador. A variável wij controla a fração de firmas exportadoras (podendo ser zero) do país J para o país I. Esta variável é uma função do parâmetro aij, que é determinado por outras variáveis explicativas.

Da equação (4.5), é possível perceber que a estimação das equações gravitacionais convencionais confunde os efeitos de barreiras comerciais a nível de comércio de firmas com os efeitos da proporção de firmas exportadoras, que induz um viés positivo no coeficiente estimado de Helpman, Melitz e Rubinstein, 2008.

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Definindo a variável latente Zij como mostrado na equação (4.6), obtem-se a taxa lucro das exportações da firma mais produtiva (com produtividade 1/aL), incluindo os custos fixos de exportação (comuns a todos os exportadores), para as exportações de J para I.

(1-) * (Pi*)(1)* Yi * aL(1 (4.6) Zij = cjij________________ cjfij

Exportações positivas são observadas se e somente se Zij > 1. Neste caso, Wij é uma função monotônica de Zij, ou seja, Wij = Zij(k)(1) – 1. Assume-se que a variável fij é estocástica devido aos entraves de comércio não mensurados vij que é independente e identicamente distribuída, mas que pode ser correlacionada com uij’s.

Reescrevendo a variável fij como função dos custos fixos do importador, exportador e das características intrínsecas da relação do par importador e exportador, colocando ij = Dijy * e-uij na forma de logaritmo natural e definindo zij = lnZij, obtém-se (ver Helpman, Melitz e Rubinstein, 2008 para mais detalhes)

(4.7) zij = 0 + j + idij + kij + ij,

em que ij = uij + vij ~ N(0,u2 + v2), ainda correlacionado com o termo uij na equação gravitacional, j é um efeito fixo do exportador, i é um efeito fixo do importador. Embora zij seja não observado, quando zij > 0 quando J exporta para I e zij = 0 quando não há exportação. Além disso, o valor de zij afeta o valor do volume exportado.

Definindo a variável Tij igual a 1 quando o país J exporta para I e 0 quando não exporta. Seja ij a probabilidade que J exporta para I, condicional as variáveis observadas. Normalizando por , obtem-se a especificação da equação Probit

(4.8) ij = Pr(Tij= 1| variavéis observadas = (0*+ j* + i**dij + k*ij),

em que  é função densidade acumulada (cdf) da distribuição normal com média unitária, e

(35)

Seja (ij)’ a probabilidade prevista das exportações de J para I, usando as estimativas da equação Probit (4.8) e seja (zij*)’ = (ij)’ o valor predito da variável latente zij*=zij/. Então, uma estimativa consistente para Wij pode ser obtida de

(4.9) Wij = max{ (Zij*) – 1, 0 },

em que  = * (k –  + 1) / (– 1).

4.2 Variáveis do Modelo Gravitacional

Na Seção de Resultados (Capítulo 5), serão utilizadas algumas das variáveis que são comumente encontradas nas equações gravitacionais convencionais que são amplamente difundidas na Literatura. Contudo, para melhor compreensão dos modelos é necessário definir essas variáveis a priori, de modo a permitir a correta interpretação dos modelos.

Para a variável de controle econômico foi escolhido o PIB do país importador. A razão disso é que o PIB é uma proxy para representar o tamanho da economia do país importador. Assim, utilizou-se o PIB dos importadores convertido para logaritmo (ln PIB).

Ainda no controle econômico, os países normalmente impõem tarifas alfandegárias, assim como cotas e medidas anti-dumping. O controle por tarifas e equivalentes é importante, pois permite distinguir o impacto de uma BNT da tarifa existente. Dessa forma, foram utilizados dados do TRAINS, com os dados de tarifas efetivamente aplicadas pelos importadores e, na ausência dessas informações em 2013, o último dado de tarifa disponível ou, em último caso, o último AVE disponível (caso haja). O TRAINS fornece dois tipos de dados para a tarifa, de modo que foi usado a média simples das tarifas no HS6, pois isso mitiga o efeito de potencial problema de endogeneidade.

Para controlar os custos de transporte será utilizada a distância ponderada entre o exportador (Brasil) e o importador5, convertido para logaritmo (ln distância).

Para o controle de aspectos geográficos, foram incluídas as variáveis binárias de fronteira comum (Fronteira Comum, que tem valor 1 se os países fazem fronteira) e se o país importador tem não tem saída para o mar (Sem saída para o mar, em caso afirmativo, o valor 1 é atribuído).

(36)

Para o controle de relações culturais, incluiu-se a variável binária de idioma comum (Idioma Comum). Escolheu-se essa variável pelo significado mais abrangente que uma variável binária de idioma oficial possui. No entanto, no caso específico do Brasil, os países que tem o português como idioma comum, são os mesmos países que tem o português como idioma oficial. Assim, o uso simultâneo de ambas as variáveis é desnecessário. Além disso, poder-se-ia utilizar uma variável de relação colonial. Porém, como o Brasil só possui relação colonial com Portugal, que representa 0,36% do total exportado em 2013, essa variável não agrega informações relevantes.

Para o controle de relações comerciais, incluiu-se a variável binária que é igual a 1 no caso de o país importador ser membro da OMC (Membro da OMC). Escolheu-se essa variável pelo fato de ser o grupo econômico de maior relevância que o Brasil faz parte.

Para as variáveis explicativas de barreiras não tarifárias, foram criadas três variáveis binárias que representam as barreiras não tarifárias (o conjunto formado por SPS e TBT), as medidas SPS e as medidas TBT6.

As variáveis que não tiverem sido definidas aqui ou no modelo teórico, serão definidas quando forem utilizadas na Seção de Resultados (Capítulo 5).

(37)

5. Resultados

Neste capítulo, estão apresentados os resultados dos modelos desenvolvidos na Seção de Metodologia (Capítulo 4). A Tabela 8 apresenta uma análise do modelo gravitacional padrão que será utilizado como base na análise de viés de seleção e de heterogeneidade das firmas no decorrer deste capítulo. Todos os erros são robustos, pois foram utilizados clusters no nível HS4. O controle de efeitos fixos (Disdier, Fontagné e Mimouni, 2008) foi feito utilizando os setores no nível HS2.

O modelo (1) é um modelo gravitacional padrão contendo apenas as variáveis de controles. Os resultados estão em linha com a literatura (Disdier, Fontagné e Mimouni, 2008), exceto pela variável de idioma comum que, apesar do sinal ser correto, é estatisticamente não significativa.

O modelo (2) mostra o modelo com as variáveis explicativas de medidas SPS e TBT simultaneamente. Não há problema de colinearidade, pois essas variáveis não são mutuamente exclusivas e em alguns casos, um mesmo produto apresenta notificação de ambos os tipos de medidas. Ambas as variáveis não são estatisticamente significativas, porém a variável TBT é positiva, enquanto a variável SPS é negativa.

Tabela 8 - Análise do modelo gravitacional, 2013

Modelo ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )

ln PIB (importador) 0,71 *** 0,70 *** 0,70 *** 0,71 *** 0,69 ***

(0,03) (0,03) (0,03) (0,03) (0,03)

ln distância -1,91 *** -1,91 *** -1,91 *** -1,91 *** -1,90 ***

(0,10) (0,10) (0,10) (0,10) (0,10)

Fronteira Comum 0,96 *** 0,97 *** 0,97 *** 0,95 *** 0,99 ***

(0,08) (0,09) (0,09) (0,08) (0,09)

Idioma Comum 0,14 0,16 0,17 0,14 0,18

(0,12) (0,12) (0,12) (0,12) (0,12)

Sem saída para o mar (importador) -0,53 *** -0,54 *** -0,54 *** -0,53 *** -0,54 ***

(0,08) (0,08) (0,08) (0,08) (0,08)

Membro da OMC (importador) 0,40 *** 0,38 *** 0,37 *** 0,41 *** 0,36 ***

(0,11) (0,11) (0,11) (0,11) (0,11)

Tarifa de importação -1,14 *** -1,13 *** -1,14 *** -1,13 *** -1,13 ***

(0,39) (0,39) (0,39) (0,39) (0,39)

Medida de TBT 0,10 0,10

(0,06) (0,06)

Medida de SPS -0,11 -0,10

(0,14) (0,14)

Medida de BNT 0,14 **

(0,06)

Efeito Fixo: HS2 Sim Sim Sim Sim Sim

Efeito Fixo: País Não Não Não Não Não

Número de Observações 37,375 37,375 37,375 37,375 37,375

Fonte: Elaboração própria

(38)

O modelo (3) mostra o modelo com apenas a variável de TBT. A variável continua não sendo estatisticamente significativa e a ordem de grandeza do impacto da variável permanece a mesma. O modelo (4) mostra o modelo com apenas a variável de SPS. A variável continua não sendo estatisticamente significativa e a ordem de grandeza do impacto da variável permanece a mesma, porém um pouco menor que no modelo (2). Assim, os modelos (3) e (4) sugerem que há alguma sobreposição de efeitos entre as variáveis TBT e SPS, ou seja, o efeito combinado é maior que os efeitos individuais.

O modelo (5) mostra o modelo com a variável explicativa BNT, que inclui as medidas de SPS e TBT. O resultado é positivo e estatisticamente significativo, o que comprova que, de fato, não é possível excluir a possibilidade de que, em conjunto, uma TBT e uma SPS causem impactos significativos em um dado setor.

Supondo que o resultado positivo é correto, isso implica que o choque positivo de demanda externa, proporcionado pela harmonização do exportador com a medida imposta pelo importador, supera o choque negativo de oferta (custos de produção adicionais para a adequação à medida exigida no país importador). Dito de outro modo, como este modelo gravitacional considera apenas as firmas que já exportam, custos fixos adicionais não devem causar impactos na margem intensiva (volume exportado), uma vez que apenas a margem extensiva (decisão de exportar ou não) poderia ser afetada por esse tipo de custo, assumindo a hipótese que a decisão de exportar e a quantidade a ser exportada são independentes. Se essa hipótese de independência estiver incorreta, então há problema de viés de seleção como argumentado por Helpman, Melitz e Rubinstein (2008).

Como apresentado na Seção de Metodologia (Capítulo 4), podemos ter problemas de viés na amostra de naturezas distintas: viés de seleção e de heterogeneidade das firmas. Pelo fato de serem distintas, podem ocorrer isoladamente ou simultaneamente e cada uma exige um controle próprio. Na amostra considerada nesse trabalho, pelo fato de considerar apenas os fluxos de exportações não nulos, é possível que haja ambos os vieses. Assim, para verificar ambos os problemas será primeiro verificado o viés de seleção da amostra e em seguida a heterogeneidade das firmas.

Imagem

Tabela 1 - Bens e serviços exportados por setor econômico, 2013
Tabela 2 - Bens e serviços mais exportados por nível de HS2, 2013
Tabela 4 - Distribuição de importadores por exportações e PIB, 2013
Tabela 5 - Distribuição de importadores por exportações e PIB per Capita, 2013
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Referências

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