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Na origem está o signo.

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v. 14, p. 45-52, 199 1 .

NA ORIGEM STÁ O SIGNO

Lauro Federico Babosa da SLVERA

*

RESUMO: A 16gica como semi6ica implica, do ponto de vista de Peirce, a esrutura riádi­ ca onde a bipoaridade cositu{a peo par sujeito-objeo é superada. Tano o nominalimo quanto o individualsmo são ultrapassados. O signo é mais mplo o que o s{mbolo e supõe a po­ tenciaie e a atualiade. Das classes de objetos e das séries de interpreantes, caa a destas úlias amitindo rês espécies, dão lugar a ua 6gica a conduta cienfica que faz apelo a ua comuniade utura cuja crença coresponde à Verade, e a a dmensão cool6gica o pesamento que unaenta a derradeia objeividade do conhecimento e a volição.

UNrERMOS: Semi6ica; objeto; interpreante; comuniade; pensamento.

1 . A SEMIÓTICA COMO CIÊNCIA NOMATIVA

Ap6s assumir a l6gica dos elativos como undamento as relações de pensamento, Peirce refaz pacienteene toda a organização do ediício ds ciências. Não pretende começar do nada, ms aefeiçoar a tradição ilos6ica que o fonou e com a qual criti­ camente conviveu. Hue e Knt estão presentes nesta trefa e dela não e ausentam Frncis Bacon, Berkeley, a Enciclopéia, Hegel e mis, recentemente, Augusto Comte.

Adotando as distinçes ene as ciências das simples idéias e as ciências do fato de um lado, e entre s ciências gerais e as ciências especiais, de ouro, estbelce a eguinte disposição sisteática:

{

Matemática e

{

Ciências s simples idéias

,

Lógica Matemática

Ciêncis Gerais

1

Fenomenologia (ou Faneroscopia)

{

�Stéica Ciências do Fato Ciências Normativas Etica

{

Metafsica Semióica

Ciências Especiais Idioscopias

{

p

,si.cognoses lSlO gnoss

(Cf. 9. 1 . 1 76-202, 238-272,273-283)

(2)

Em primeiro lugr, diante deste quadro, cabe sientr que, aesr da sepração hmeana ente ciêncis das simples idéias e as ciências do fato, a mateática paa Peirce não é analítica no sentido clássico do temo,

s

construiva; e que as ciên­ cias do fato não são originárias e edutivelmente indutivas. Como tmbém, apesr da 16gica cupr um lugr na esfera das ciências das simples idéias e, junto com a matemática, empestar o instrumental primeiro pra a elaboração de qulquer outra ciência, ela comptilha do cráter construtivo da maemática, não lhe sendo atribuído o estatuto mermente descritivo e nlítico que Kant confeia

à

16gica gerl.

Inteessa-nos, no entnto, especialmente lclizar a semi6tica, com feqüência tomada por Peirce como sinônimo de 16gica (Cf.

9. 2.227).

Tudo poderia levr a cer que a emi6tica seria equivalente

à

16gica nscendental kantiana e, certente, há undmento pra tl aproximação: trata-se efetivaente da 16gica efeente ao uni­ verso da exeriência e com esta compometida. Aconece que s categoias pra Peice não coespondem

s

categorias kantinas e, como pretendeos ver adiante, não emeem a um "Eu enso" da aercepção trnscendental; o pr6prio empo não manifestará um eu fenomênico que polarize,

a pioi,

a exeriência na consciência individul.

Em Peice, as categoias apesentam um caráter fenomenol6gico, prcurndo organizar indutivaente (e nisto, se assemelhndo aos princípios humenos) todo o cmpo do que nos apece. São, entretanto, categorias vedadeiramente geris, no sentido em que se aplicm a todo o cmpo da exeriência, compond-se ene si ele­ mentrmente (Cf.

9. 1 . 3-353, 4 1 7-480).

Cso seja possível atribuir um lugar

à

transcendentalidade no interior do ensamento de Peirce, esta s6 poderá se encon­ trar - como propuserm Habes e Apel, citando Peirce - assintoticamente no fuo, qundo todas as hipóteses iverem sido ransfomadas em hábitos e estes tive­ em passdo exaustivene pelo crivo da expeimentação (Cf.

1 . 1 .

p.

394,

40 1-402; 1 . 2.

p.

28-30, 42-4, 5 1-53 , 1 24, 159, 178- 1 79, 1 82- 1 83, 1 9 1 - 1 96,

200-20 1 , 208-209, 242; 3. 1.

p.

12, 55-56; 2.

p.

1 55- 158, i 88, 196-208 ; 6.

p.

95,

10 1 , 1 1 3- 123, 1 28- 1 39; 9. 1. 9 1 , 6 1 2-6 1 3 ; 2. 299, 652-655, 5. 1 30- 1 3 1 , 198-20,

209-2 1 1 , 3 1 5 , 35-357, 365, 384

n 1 ,

02, 08, 4 1 -4 1 7, 42 1).

Antes disto, todo conheciento é flível e não pode petender alcnçr a esrita universlidade e necessidade; não pode, por conseqüência, constituir,

a pioi,

as condições objetivas da experiência.

A semi6tica é

a

ciência gerl embora empica que, sob forma progn6stica, procua estabelecer como devem ser os signos, ou coo se consituirá o pensamento, pa inteligência capaz de pender com base na exeiência (Cf.

9. 1 .28 1 ; 2.227).

Tratndo-se de a 16gica da conduta, cabe

à semi6tica epesentar o objeto como

objeto de volição e o meio pelo qual racionente lcnçá-lo. Deste modo, é prece­ dida não s6 ela epesentação categorial da exeriência, como pela epesentação da admirabilidade com que se apesentm os fenômenos e pela volição do fenômeno como objeto da conduta. Resringe-se, no entanto, soente ao objeto enquanto epre­ sentado pa a conduta e não se pronuncia quanto

à ealidade do mesmo ou qunto

(3)

aos seus modos especiais

e

ser. Tais tefas, como pa Kant, cabem, especiva­ mente, à metfísica e às ciências especiis (Cf.

9. 1 . 190-202, 484-5 14, 53-544,

12- 1 50).

A proposta eirceana, eqüentemente autodenominada eista escolstica, idea­ lista objeiva ou do senso comum crítico, ope-se ntes de tudo ao

omlio.

No vcabulrio de Peirce, esse temo designa mis do que

a

escola pticular, uma tendência que pervade toda a foação ilos6ica cidental.

É

nominalista a con­ cepção de conheciento que polariza a repesentção, seprndo o discurso do exis­ tente. Se nem todo il6sofo foi integrmente nominlista, quase todos - inclusive o pr6prio autor - cederm a tais pressupostos na constituição de suas douinas. Bipolr,

l tendência acaba postulando um incognoscível aquém ou lém do domnio da ciência (Cf.

9. 1 . 1 - 1 8, 1 70, 422; 2. 1 6- 1 68 ; 3.460; 4. 1 . 33-37, 68, 6 1 1 ; 5. 48, 59-63 , 1 2 1 ;

6.270, 492-493 , 505-506; 8 . 1 7-38, 208 ; 10. 4 .

p .

295).

O objeto, do ponto de vista

a semi6tica, contudo, pecede à epresentação e dela não e aliena. A epesentação

é

o pograma da conduta utura pra 6tima,

s falivelmente alcançr o objeto que a

motiva, atraindo-a. Tal objeto, tanto qunto a epresentação, pertencem ao universo

a exeiência, não cabendo estabelecer qualquer antagonismo originário ente mbos. Rompido o impasse nominalista, o que nem a Cfca tinha conseguido plenamente, cabe veriicr qual a elhor epresentação que pode ser feita das relações cognitivas.

2.

A ESTRUTURA TRIÁDICA E DIALÓGICA DO SIGNO-PENSAMENTO

A bem da verdade, a identiicação do pensmento com o signo e a estrutura triádica deste último precedem à reformulção das categorias e à sisematizaço das ciências, cima apresentada.

Prece-nos, contudo, que ealizadas alguas modiicações nas aibuições dos coreltos do signo, este enconta sua plena oportunidade de ex

p

licitação ao ser esruturado segundo as ês categoias fenoenol6gicas (Cf.

13.

p.

1 79, 1 89- 1 94).

Sem petender alongmo-nos discutindo diversas fomulações fonecidas por Peirce, podemos dizer que o signo (ou

represenmen) é algo que sob algum asecto

ou qualidade (seu fundmento), ica no lugar de um outro (seu objeto), determinando na mente um outro signo (seu intepetnte). Este último signo intepeta as elaçes constitutivas do pr6prio signo; elcionr-se-á com o objeto segundo um fundamento no máximo tão forte quanto o do

representmen

que o deterina, e drá origem a uma série

e

si ininita de ouros intepretntes. Esta série constituirá tendencialmen­ te o signiicado do signo e, inalente, assumirá o cráter de lei ou hábito de condu­ ta face ao objeto (Cf.

9. 2. 233-264, 27-308).

Embora enha havido quem, como Douglas Geenlee (Cf.

5.

p.

59-69, 8-93,

106- 1 1 1),

tentasse suprimir, como supélua, a relaço de objeto e eduzi-la à relação de inerpetante, adotando pra o signo um estatuto eminentemente convencional e formal que o conunia pua e simplesmene com o smbolo, no esta dúvida que Peirce insiste na especiicidade e na mútua irredutibilidade dos tês corelatos

(4)

(Cf.

9. 4. 539, 5. 474).

Com efeito, a cada um deles são atribuídas funções distintas e

complementares:

per represenar,

é

a cracterística do

representen; r

e re­

siir,

cracteizam o objeto e

mear,

cracteia o intepretante. Deve-se, toda­

via, relembrar que tais funçes são eleentaes e que, embora identifiquem-se com

cada um dos corelatos, não são incompatíveis ao serem atribuídas a um eio sujeito.

Cermente o que, como

represetmen,

se coloca presenemente no lugar do objeto,

exerce também a função de intepetante da elação de

m

representmen

anteior

para com o objeto e compartilha, deste modo, do signiicado do signo. O esmo po­

de-se dizer das funções que, no futuro, serão execidas elo intepretante. Meso o

objeto de um signo que pemnece o meso numa série intepretativa, pois

é

dele o

signiicado que está sendo instaurdo, pde execer as funçes de

represenmen

ou

de intepretante em outras instâncias da seiose, sob a foma de níveis subordinaos

de signiicação (Cf.

4.

p.

54-55 ; 9. 6. 40; 22 1 .222).

Do caráter eleentar das funçes do signo e das categoias que as presidem, de­

core tmbém a reprodução em infmitos níveis, da trfade que elas constitem

(Cf.

5.

p.

33-42).

Permite-se, então, o desdobramento indefinido de cada função, tor­

nando-se, sobremodo, minuciosa a análise emi6tica do ensamento (Cf.

14.

p.

1 26- 1 35).

Impede-se, igualmente, qualquer tentativa de reiicação das classiicações

delas deduzidas. Como exemplo desta aplicação infinita da mesma trfade, tem-se a

divisão dos rgumentos, de si mesmos ua das clsses de interpretantes 16gicos. Os

rgumentos serim de três tipos: a abdução ou retrodução, a indução e

a dedução.

A

indução, por sua vez, desdobrar-se-ia em indução ordinia, indução qualitativa e in­

dução quantitaiva.

A

primeira caracteiza-se por um fundmento meramente poten­

cial, já que infee a coniabilidade de uma hip6tese implicitamente formulada pela e­

m ausência de índices de uma ealIdade contrária; a segunda, pela diferença não de­

numerável da efetivação de qualidades em situaçes de fato, não permitindo con­

clusões extensionalmene ampliativas; a terceira, ao permitir um tratamento estatísti­

co dos dados obtidos e a generalização de uma rzão de freqüência sob a forma de

uma lei

sl geeris

�Cf.

9. 2. 269, 755, 775-783 ; 8. 227-229; 1 1 .

p.

22-23, 10- 1 66).

Como 16gica da conduta cientfica no universo da expeiência e deteminante de

relações genuinmente gerais, a semi6tica necessita levr em consideração o quadro

geral das relaçes que o signo-pensento estabelece consigo mesmo, com os objetos

componentes do universo da exeriência e com a dimensão temporal ininita, na qul

a conduta racional se estabelece e e desenvolve.

Se bem, ois, que a fade de coelatos constitutivos do signo-pensamento seja

maricialmente formada pelo

representmen,

o objeto e o intepetante, já que o fun­

damento não prece propiaente se distinguir do

representmen,

soente a relação

de

represemen,

como mera potencilidade,

é

indecomponível e não necessita

sofer desdobramentos (Cf.

8.

p.

305, 3 1 6-32 1 ; 14. 1 35- 138).

O objeto, na alteidade

que lhe

é

pr6pria, desdobm-se em objeto imediato e objeto dinâmico do signo.

O

primeiro guarda

â

alteidade, o que o pr6pio signo repesenta, enquanto o segundo

é

exterior ao signo,

s

não a toda semiose, e veriica em última instância a verdade

do signo (Cf.

9. 4. 536-540; 5. 473 ; 6. 339; 8. 1 83, 343).

Charles Motis denominou-os,

(5)

espectivmente,

signiicm

e

enon.

O conjunto constituído, no texto eirceno, ela

conoço,

a

enoço

e a

infoço

poderia tmbém designá-los, já que por sua conjunção o objeto é epesentado em suas carcterísticas gerais, é inicado e sobe ele é determinado um juízo de existência (Cf.

7.

p.

93-96; 9. 1 . 559; 2. 293 ,

473;

3.

608 ; 5. 474; 7. 221-222).

O interpretante complexiica-se muito mais, desdobrando-se em duas séries, sobre · cujas relaçes ecíprcas não há, entre os estudiosos, unaniidade de opinião.

Paece-nos que a posição adotada por T. A. Short, desde

198 1 ,

é a que melhor dá conta desss elações e em contado ecenemente com a aceitação de outros compe­ entes estudiosos do pensamento eiceano (Cf.

1 5 ; 16; 1 7 ; 1 8 ; 1 9).

Defende a espe­ ciicidade e indeendência recíproca de mbas as séries, parecend-nos possível construir com elas, um quadro de dupla entrada, possibilitando classificá-las.

tante ene gético

tante lógico

Interscção

s

séries de interpetantes

�nterpre tan te l n . erpre tante i nterpre tant e imed iato d inâmico final

interpr� tante

Uma

s

séries seria constituída elos intepetantes imediatos, dinmico e [mal do signo, análogos aos que foram popostos pra a relação de objeto. O intepetante mediato estaria representado na potência do signo, como a espécie de intepetação facultada elo signo das relações do

represenmen

e do objeto; o intepetante dinmico seria a efeiva interpretação e o interpretante inal, aquele ao qual tende a série futura das intepretações (Cf.

9. 4. 536-540; 5 . 47-494).

A outra, seria formada pelos intepetantes emocional, energético e 16gico. O pri­ meio é

a

mera disponibilidade, sentimento ou afeição que, rompendo um estado de ndifeença, simplesmente predispõe a conduta diante do signo para encaminhr-se em busca do objeto. Desfeitas as repercussões psicol6gicas da exposição, trata-se de um ntepretante de mera possibilidade. O segundo, é uma ação que intepeta a relação do signo para com o objeto: a esposta a um comando e toda eação, são exemplos característicos e fomas aproximadmente genuínas de interpretantes energéticos. Finalmente, o teceiro é uma epesentação que nterpreta a elação do

represenmen

e o objeto. A conhecida divisão da elação do interpretante em Rema, Dicente e Argumento e, no interior deste último, em abdução, indução e dedução,

(6)

50

são ealizçes típicas do intepretante lógico (Cf.

9. 2. 263, 266-270; 5. 47486;

11.

p.

22-23; 16-166).

Como nem todo

representmen

e nem todo objeto deteninam do meso modo e com o mesmo gru de generalidade a conduta, e como esta lltima, na ida em que é representada elo intepretnte, não é sempe idêntica elaivmente

à

relação do

represenmen

e do objeto, mas pde esponder com eteminação variável a l ­ lação, nem sempe a cadeia de interpretanes e desenvolve indelnidmente. O ér­ mino da cadeia pode ser um intepetante emcional, m energéico ou m 16gico

(Cf.

9. 5. 474).

Somene neste áltimo caso, como pode ser visto no quaro (página aneior), istingue-se totalmente o intepetante fmal do intepretnte inmico e, a

fooi,

do intepetane imediato. O intepetante intencionado, ou

signico,

cot­ responderia a esta 1ltima intersecção (Cf.

9. 5. 175-179; 475-476).

Quando m ato

faz cessar a cadeia interpretnte, levando-a a temo, o interpretante dinmico cupa tmbém a função do interpretante fml; qundo a intepretação pemnece meraene potencial, não há por onde disinguir-se o intepetante fml do intepetante imedia­ o do signo (Cf.

9. 5. 475-476; 489-491).

Embora os textos não sejam sulcientemente claros, pode-se aventar a hip6tese de que, diante das possibilidades grduais e relizção das séries intepretantes, Peice

tenha introduzido a denominação

inteprete

1lio para designar aquele com o

qual cessa uma série intepetativa. A l intepretane não se seguiiam outros, s

ele assumia o cráer de um hábito de elacionr-se ao objeto (Cf.

9. 5. 476-483;

487).

Estia assim excluída a progessão inlnita da série intepretativa e manifesta­

da a inserção estrutural da semiose na ealização plena do ato volitivo inicial. O ob­

jeto exremo seria o pr6prio objeto dinmico, fmalmente acessível. Esta é a interp�

tação confeida recentemente

à

relação ente intepretnte áltimo e objeto dinmico

por Sandra Rosenthal (Cf.

12),

intepetação que encontra ntecedentes em extos do

pr6prio Peirce (Cf.

9. 8. 183).

David Savan, já em

1977 (Cf.

13.

p.

191-194),

identi­

lcava o objeto dinmico com o mundo parcil ou totalene repesentado. Apel e

Habemas, como já foi encionado, ao leem Peirce, aribuem

à

comunidade utura

de intepetação o papel trnsforador da repesentação em hábito. Peirce ntecipava este longo esforço de intelecção, ao identilcar o intepretante lnal de tdos os uni­ versos de percepção e, conseqüentemene, do objeto em sua totlidade com a pr6pia

Vere (Cf.

9. 4. 539).

Supondo-se ser esta a estutura do sign-ensento pra Peirce em seus escritos

da maturidade, cabe novmente nor que nada que se elra

à

expeiência

à

semiose.

O pr6pio objeto, embora deteinante do prcesso cognitivo, completa-o em seu l­

nal mas a ele não se ta, pois incopora-se ao hábito, interpetnte áltimo do signo.

O sujeito, por sua vez, constitui-se e desenvolve-se somente no inteior do signo. Como consciência de si, atualiza-se como eagente na interpretação energética do o­ jeto que se opõe

à

espontaneidade que o constituía e da qual não tinha exeriência. Como repesentação no futuro, projeta-se, explicitamente ou não, como comunidde de interpetação potadora de dimensões c6smicas e cuja cença constitui tenden­ cialmente a verdade (Cf.

9. 5. 421).

No pesente, o sujeito apesenta-se como possi­ bilidade de produzir

represenmia

capazes de romer os limites do fato passado e de deerminar, sob a forma intepretante, a conduta futura.

(7)

A natureza d o objeto e d o sujeito é tal que faz com que a semi6tica assuma, em

sua

estrutura, as funções e

represenmen,

de objeto e de intepetante, e não a de

intépee. Este, no texto eiceano, s6 apece de mdo cidental, pra satisfzer os

peconceitos dos inelcutoes (Cf. 1 1 . p. 80-8 1).

Não é igualmente gratuita a ção ao longo da obra peirceana, de que é a co­

munidade, e não o indivíduo, que exerce plenmente o ensmento. Em elação ao

intepetnte dltmo, ela assume uma dimensão c6smica ao unir-se ao pr6prio objeto

em

sua plena realidade (Cf. 14. p. 1 39- 142).

O

signo, por defmição, é um mediador; não se eduz, contudo, a um meio ou ins­

umento que tentasse transpor a brreia que sepraria dois pólos antagônicos em

constnte disputa por hegeonia. Se tl conclusão elembra Hegel na inrodução

à

Fenoenologa o Esp(rito,

os corelatos do signo, porém, não se negam nem se

supmem:

a potência do pesente e do

represenmen

é espontneidade,

s

não in­

determinação e o intepetnte não ocupa o lugar do absoluto, mesmo que povis6ia

ou ilusorimente.

O

signo-ensmento é, antes de mais nada, constante e evolutivo

emetimento, num temo c6smico e objetivo, dos seus corelatos, em todos os níveis

de sua ealização.

Aesar da apência que tem sustentado diversas doutrinas Ilos6Icas, se for toma­

do o ponto de vista de Peirce, quer na origem, quer no

elos,

tudo é signo e nada é Ixo.

SILVEIRA, L.

F. B.

da. In the origin is the signo

Trans/Form/Ação,

São Paulo, v. 14,

p. 45-52, 1 99 1 .

ABSTRACT: Logic s semiotics implies, in the Peirce's point of view, a riadic srucure of

tought and sign, where the bipolariy constituted by the pair subject - object is overcome. Nominalism is surpassed and individualism too. Sign is broader than ymbol and supposes poeniaiy and actuaiy. Two casses of objects and two series of interpretants, each one of the east by its tum amiing a riple subdivision, give pace to a logic of scieniic conduct. This akes appeal to a uure comuniy whose belief coresponds to the Truth, and to a cosmologic dimesion of thought that supplies with a gound to the ast objectiviy of knowledge and volition.

KEWORDS: Semiotics; object; intepreant; comuniy; thought.

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Referências

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