• Nenhum resultado encontrado

Frágeis argumentos contra a CPMF

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Frágeis argumentos contra a CPMF"

Copied!
1
0
0

Texto

(1)

marcoscintra.org http://marcoscintra.org/mc/frageis-argumentos-cpmf-2/

Frágeis argumentos contra a CPMF

Diário do Comércio

Marcos Cintra – 22/08/2007

Virou moda pedir a extinção da CPMF. Mas os argumentos contra sua prorrogação não resistem a alguns minutos de honesta reflexão. A alegação mais freqüente contra a CPMF é o fato dela carregar o “P” de provisório. Mas o adicional de 2,5 pontos percentuais, criado para o Imposto de Renda das pessoas físicas a partir de 1998 (passou de 25% para 27,5%), e que também nasceu provisório, existe até hoje e ninguém contesta.

Um segundo argumento contra a prorrogação da CPMF é um exemplar sofisma, e afirma que ela nasceu para financiar os gastos com o sistema público de saúde. Ele vai mal, logo, a CPMF deve ser eliminada. Por esse

raciocínio, todos os impostos existentes no país deveriam ser sumariamente extintos, já que os serviços públicos em geral são notoriamente deficientes. Um terceiro argumento apela para os efeitos nocivos da cumulatividade da CPMF. A prova de que a CPMF, por ser cumulativa encarece os produtos por sua incidência ao longo da cadeia de produção esquece que qualquer imposto encarece preços. Isso depende de alíquotas, e não de técnicas de arrecadação. Um imposto cumulativo com baixas alíquotas terá menos impacto nos preços do que um tributo não-cumulativo com alíquotas elevadas. E sabe-se que pelo fato da CPMF ser insonegável, as alíquotas exigidas para um dado volume de arrecadação são significativamente mais baixas do que as aplicáveis a um tributo

não-cumulativo. Há estudos da Fundação Getulio Vargas (disponíveis em

http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1943/TD125.pdf?sequence=1) mostrando que a cumulatividade da CPMF, relativamente ao um tributo sobre valor agregado, reduz a inflação, aumenta o nível de emprego, acelera o crescimento do PIB e gera menos efeitos distorcivos nos preços relativos. Até agora esses estudos não foram contestados, mas mesmo assim o argumento da cumulatividade virou chavão contra a CPMF.

Finalmente o argumento da excessiva carga tributária é absolutamente non-sequitur. Se a carga tributária é

excessiva, e há concordância universal nesse ponto, porque eliminar a CPMF e não qualquer outro imposto, com a mesma receita? Melhor ainda seria reduzir alíquotas linearmente. Ou quem sabe, seria mais inteligente começar eliminando os impostos mais complexos, mais burocráticos, mais sonegáveis, mais iníquos do que a CPMF, como o ICMS, o IPI, a Cofins, as contribuições patronais ao INSS, etc.

Como se vê, os argumentos contra a CPMF não se sustentam. São terrivelmente frágeis. Só resta uma hipótese para justificar a cruzada anti-CPMF: politicagem misturada com interesses escusos de sonegadores e burocratas corruptos, afinal, eles nunca toleraram a CPMF por ser não-declaratória e insonegável.

Referências

Documentos relacionados

O Brasil se antecipou a uma tendência mundial e já opera com taxas de 3% de monetização (papel-moeda em poder do público) em relação ao PIB, certamente a mais baixa do mundo entre

Ela deve ser utilizada para substituir os atuais impostos, uma vez que dessa forma a estrutura seria simplificada, a sonegação praticamente eliminada, os custos para o governo

Sempre combati sua recriação, não por suas características intrínsecas, que são altamente positivas, mas sim pela forma como foi utilizado e por ser visto apenas como

Outro ponto é que o governo precisa fazer uma ampla e radical reforma tributária, e qualquer remendo, por mais necessário que seja, apenas dará mais fôlego para a manutenção da

A maior parte do ajuste das contas públicas virá pela elevação da carga tributária, através de aumento de impostos e da possível volta da CPMF, fruto de um

de lôbo-guará (Chrysocyon brachyurus), a partir do cérebro e da glândula submaxilar em face das ino- culações em camundongos, cobaios e coelho e, também, pela presença

Este artigo objetiva caracterizar a expansão do ensino superior brasileiro através da análise de uma política pública educacional e seus resultados, bem como comparar dados

O presente trabalho buscou investigar como vem ocorrendo o processo de implementação da política pública de Educação Profissional em Pernambuco e verificar como