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Mulheres com lúpus eritematoso sistêmico: sintomas depressivos e apoio social percebido

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

MULHERES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: SINTOMAS DEPRESSIVOS E APOIO SOCIAL PERCEBIDO

(2)

MULHERES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: SINTOMAS DEPRESSIVOS E APOIO SOCIAL PERCEBIDO

Dissertação elaborada sob a orientação da Profª Drª Eulália Maria Chaves Maia

e coorientação da Profª Drª Maria José Vilar, apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Psicologia, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre

em Psicologia.

(3)

UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Catalogação da Publicação na Fonte

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Santos, Lúcia Maria de Oliveira.

Mulheres com lúpus eritematoso sistêmico: sintomas depressivos e apoio social percebido / Lúcia Maria de Oliveira Santos. – Natal, RN, 2015.

98f.

Orientadora: Prof.a Dr.a Eulália Maria Chaves Maia. Coorientadora: Prof.a Dr.a Maria José Vilar

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Psicologia.

1. 1. Lúpus Eritematoso Sistêmico – Dissertação. 2. Avaliação psicológica – Dissertação. 3. Depressão – Dissertação. 4. LES – Mulheres – Dissertação. 5. LES – Apoio Social – Dissertação I. Maia, Eulália Maria Chaves . II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

2.

(4)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

A dissertação “MULHERES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: SINTOMAS

DEPRESSIVOS E APOIO SOCIAL PERCEBIDO”, elaborada por Lúcia Maria de

Oliveira Santos, foi aprovada por todos os membros da Banca Examinadora, bem

como aceita pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia, como requisito parcial

à obtenção do título de Mestre em Psicologia.

Natal, RN, 25 de maio de 2015.

Banca Examinadora:

_________________________________________________

Profa Drª Eulália Maria Chaves Maia (Presidente da Banca)

___________________________________________________

Drª Luciana Carla Barbosa de Oliveira - UFRN (Examinadora Interna)

______________________________________________________

(5)

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do

céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar

o que se plantou; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de

edificar; tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; tempo

de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de

afastar-se de abraçar; tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de

lançar fora; tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de

falar; tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.”

(6)
(7)

indispensáveis. Elas precisam conter minimamente a expressão desse sentimento

que invade meu coração, embora as palavras não sejam capazes de conseguir

traduzir o que pulsa em meu ser grato.

A Bíblia conta a história de muitos corações gratos, mas uma, em especial,

quero destacar. Ela encontra-se no Evangelho de Lucas e relata sobre dez leprosos

que rogaram misericórdia a Jesus. Ciente do maior desejo que habitava naqueles

corações, o mestre os curou, mas apenas um deles voltou para agradecer. Ele não

saiu correndo para abraçar seus pais, esposa, filhos, amigos, os quais não via há

tempos. Esse homem saiu entusiasmado ao encontro daquele que o curou,

ajoelhou-se aos ajoelhou-seus pés, adorou-o e agradeceu-o. Com essa atitude, Jesus também perdoou

todos os pecados daquele homem, dádiva que os outros leprosos, recém-curados,

não receberam.

Falar de gratidão é falar de reconhecimento, é perceber o apoio recebido e

expressar o quanto ele foi útil por ter sido fornecido na medida adequada e no

momento certo. E esse trabalho é resultado de todo apoio (material, informacional,

afetivo, emocional e de interação social positiva) a mim ofertado.

Em razão do exposto, faço uso deste espaço para fazer algo semelhante a

esse leproso. Talvez o bem recebido não tenha sido tão extraordinário como o que ele

recebeu, mas foi o que eu precisava para que pudesse concluir este trabalho.

Minha gratidão, primeiramente ao meu Deus, minha fortaleza, que tem me

capacitado para vencer batalhas árduas e percorrer caminhos difíceis. Sempre

quando penso que não vou adiante, Ele segura minha mão e me leva aonde não

(8)

Ao meu esposo que esteve ao meu lado “comprando” meus projetos, sonhando meus sonhos e se esforçando para realizar meus desejos. Ele tem sido um

instrumento usado por Deus para que eu seja abençoada em todas as áreas da minha

vida.

Aos meus filhinhos, Matheus e Lucas, que me inspiram a seguir em frente.

Por eles eu busco fazer sempre o melhor. Por eles minhas mãos não se cansam de

plantar, porque eu sei que os frutos que eu não colher, eles colherão.

Aos meus pais, exemplos de vida e luta, que passaram por momentos tão

difíceis, tempos de escassez, mas não deixaram de prover o essencial para que os

filhos pudessem cultivar e plantar boas sementes. Não tiveram muitas oportunidades,

estudaram pouco, mas conseguiram transmitir para os filhos que estudar é essencial

para um futuro melhor.

Aos meus irmãos – Lucenor, Lucinete, Luciano e Lucinaldo – aos quais dedico todo amor e carinho. Obrigada somente pelo fato de vocês existirem! Obrigada por

todos serem bons exemplos de vida e de família.

À minha orientadora, Eulália, minha referência profissional, agradeço pelo

cuidado, pelo investimento, pela confiança e por todo incentivo durante esses anos

em que temos andado compartilhando a mesma estrada. Você não é para mim

somente uma orientadora, você é muito mais que isso. A nossa relação ultrapassou

as barreiras do profissionalismo e adentrou no âmbito da amizade e da admiração.

(9)

Obrigada por cada linha que leu do meu trabalho e por cada observação realizada.

Ao Grupo de Estudos: Psicologia e Saúde (GEPS), lugar onde iniciei meus

primeiros passos como aluna de iniciação científica.

À Camomila Lira, com quem realizei as primeiras pesquisas. Obrigada pelo

aprendizado, pelas longas horas no campo e pelas experiências acumuladas.

Ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia que abriu portas para um

crescimento profissional, acadêmico e pessoal.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o ventre materno que me

gerou uma profissional, seus corredores são impregnados de boas lembranças.

Ao Hospital Universitário Onofre Lopes, meu berço, lugar onde comecei a dar

meus primeiros passos como psicóloga. Um celeiro de aprendizagem, uma fonte

inesgotável de saber.

Às alunas Beatriz Mendes e Laíse Cabral, que estavam ao raiar do sol, às 7h

da manhã no hospital, para não deixar que algum paciente escapasse ao convite de

participar da pesquisa.

À Nadine, minha africana preferida, uma amiga coruja, doce e acolhedora,

sempre com os ombros disponíveis para amparar a lágrima e a dor do amigo.

Obrigada pela convivência no dia a dia, pela ajuda na pesquisa e, acima de tudo, por

sua amizade sincera.

A Rodrigo Maia, prestativo e solidário, sempre disponível para ajudar naquilo

que fosse possível. Não contabilizei as vezes que pedi socorro e você meu ajudou,

(10)

Ás amigas Alanna, Adrielle, Eliane e Ellidja, minhas companheiras desde a

graduação, obrigada pelas palavras de acolhimento e gestos de amizade.

À amiga Manuela, que leu cada palavra do meu trabalho, agradeço sua

disposição e carinho.

Aos meus colegas do Hospital Universitário Onofre Lopes, o meu carinho e a

minha gratidão.

Aos meus colegas do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná

(UFPR), agradeço pelo acolhimento e ajuda em todas as horas.

Ao Prof. Drº Paulo Ricardo Bittencourt Guimarães e seu aluno Ângelo Cabral

do Departamento de Estatística da UFPR que realizaram minha análise de dados.

(11)

LISTA DE TABELAS xii

LISTA DE GRÁFICO xiii

LISTA DE ABREVIATURAS xiv

RESUMO xv

ABSTRACT xvi

APRESENTAÇÃO xvii

1. INTRODUÇÃO 1.1. Lúpus Eritematoso Sistêmico 19

1.2. Problemas Psicossociais Decorrentes do LES 24

1.3. Depressão e LES 26

1.4. Apoio Social e LES 33

2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral 41

2.2. Objetivos Específicos 41

3. METODOLOGIA 3.1. Sujeitos 42

3.2. Critérios para Determinação da Amostra 42

3.3. Local do Estudo 43

3.4. Instrumentos 43

3.5. Procedimentos 45

3.6. Análise de Dados 45

4. RESULTADOS 46

5. DISCUSSÃO 56

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 75

REFERÊNCIAS 80

(12)

02. Resultados do BDI em frequência simples e porcentagem

03. Caracterização quanto ao nível de dor

04. Associação entre níveis de dor e sintomas depressivos

05. Associação entre trabalho e sintomas depressivos

06. Associação entre antidepressivos e sintomas depressivos

07. Resultado da Escala de Apoio Social em frequência (f) e porcentagem (p)

08. Correlação de Spearman entre sintomas depressivos e apoio social

09. Avaliação do apoio recebido pela família, amigos, Sistema de Saúde, companheiro e

(13)
(14)

Amostra Aleatória Simples (AAS)

Classificação Internacional de Doenças – CID 10 Constituição Federal (CF)

Escala de Apoio Social – EAS

Escala de Depressão de Beck BDI Episódio Depressivo – ED

Episódio Depressivo Maior EDM

Grupo de estudos: Psicologia e Saúde - GEPS

Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL Lúpus Eritematoso Sistêmico LES

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM Projeto de Lei do Senado (PLS)

Qualidade de Vida – QV Rio Grande do Norte (RN)

Sistema Nervoso Central (SNC)

Sistema Único de Saúde – SUS

Systemic Lupus International Collaborating Clinics (SLICC)

Universidade Federal do Paraná (UFPR)

(15)

sorológicas. O paciente, além de sofrer agravos físicos e no funcionamento fisiológico, também pode enfrentar uma série de problemas psicossociais. Pesquisas apontam que o LES pode acarretar danos importantes no âmbito psicológico, principalmente com presença de ansiedade e depressão. O American College of Rheumatology (ACR), em 1999, propôs a definição de 19 síndromes clínicas neuropsiquiátricas atribuídas ao LES. A depressão, portanto, encontra-se entre os transtornos de humor e é uma das manifestações psiquiátricas mais comuns nesse grupo, sendo encontrada com maior frequência nesses pacientes do que na população em geral. Estudos também sugerem que o apoio social desempenha um papel importante no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento, na gestão do LES e na depressão. Assim, este estudo tem como objetivo geral verificar a associação entre sintomas depressivos e apoio social percebido em pacientes com LES. Os objetivos específicos voltaram-se a: investigar a prevalência de sintomas depressivos; investigar o apoio social percebido e verificar se há associação entre a depressão, o apoio social e variáveis sociodemográficas. Utilizou-se um questionário sociodemográfico, a Escala de Depressão de Beck e a Escala de Apoio Social Percebido. A análise foi realizada através das estatísticas descritiva e inferencial. A amostra final foi de 79 mulheres com LES, com uma média de idade de 35,7 anos. Destas, 44 (55,7%) eram casadas. Apenas 6 (7,59%) haviam terminado o ensino superior e 32 (40,51%) ainda não finalizaram o ensino médio. Setenta e uma (89,87%) tinha renda abaixo de três salários mínimos e 71 (89,87) praticavam alguma religião, sendo a católica (67,71%) a mais mencionada pelas participantes. Do total da amostra, 37 (46,74%) já haviam sido diagnosticadas há mais de 7 anos, sendo que 25 (31,65%) tinham LES há mais de 10 anos. Apenas 19 (24,05%) desenvolviam alguma atividade laboral. Quarenta e duas (53,17%) apresentaram níveis de sintomas depressivos de leve a grave e 51 (64,46%) referiram níveis de dor igual ou acima de 5. Encontrou-se associação significativa entre sintomas depressivos e dor (p=0,013) e sintomas depressivos e atividade laboral (p=0,02). Quando se verificou a percepção de apoio social, os resultados mostraram níveis altos pelas participantes do estudo. Através do teste de correlação de Spearman, encontrou-se forte correlação entre sintomas depressivos e apoio social (p= 0,000037) de modo que quanto maior a frequência de apoio menor os escores de depressão. Esses achados são relevantes porque sintomas depressivos nos pacientes com LES têm um caráter multicausal e multifatorial e podem permanecer despercebidos, pois muitos deles se confundem com as manifestações da doença. Tal fato exige dos profissionais uma avaliação cuidadosa, não apenas no âmbito clínico, mas também considerando outros fatores de ordem psicossociais que podem estar atuando no surgimento ou mesmo agravamento dos sintomas. Esses resultados também corroboram com outros estudos, os quais não apenas confirmam o papel preditivo do apoio social nos aspectos físicos, mas também psicológicos.

(16)

standard. The patient, in addition to suffering injuries on his physical and physiological functioning, may also face a number of psychosocial problems. Research indicates that SLE can cause significant damage to the psychological realm, especially with the presence of anxiety and depression. In 1999, the American College of Rheumatology (ACR), proposed the establishment of 19 neuropsychiatric clinical syndromes attributed to SLE. Depression lies between mood disorders and is one of the most common psychiatric manifestations in this group, being found more frequently in these patients than in the general population. Studies also suggest that social support plays an important role in the development of coping strategies, in SLE management and depression. This study has as main objective verify the association between depressive symptoms and perceived social support in patients with SLE. The specific objectives turned to: investigte the prevalence of depressive symptoms; investigate the perceived social support and verify if there is an association between depression, social support and sociodemographic variables. We used a sociodemographic questionnaire, the Beck Depression Scale, and the Perceived Social Support Scale. The analysis was performed through descriptive and inferential statistics. The final sample could count with 79 SLE women, with an average age of 35.7 years. 44 (55.7%) of the participants were married. Only 6 (7.59%) had completed higher education and 32 (40.51%) have not finished high school. Seventy-one (89.87%) had an income below three minimum salaries and 71 (89.87) practiced a religion, and the Catholic (67.71%) was the most mentioned by them. Of the total sample, 37 (46.74%) had been diagnosed SLE more than 7 years before, and 25 (31.65%) had the disease for more than 10 years. Only 19 (24.05%) had some work activity. Forty-two of them (53.17%) had depressive symptoms levels from mild to severe, and 51 (64.46%) reported pain levels of 5, or above. The study found a significant association between depressive symptoms and pain (p = 0.013) and depressive symptoms and work activity (p = 0.02). When we examined the perception of social support, the results showed high levels among participants. Using the Spearman correlation test we found a strong correlation between depressive symptoms and social support (p= 0,000037). It means that the higher the frequency of support, the lower the score of depression. These findings are relevant because depressive symptoms in patients with SLE have a multicausal and multifactorial character and may remain unnoticed, since many of them are confused with the manifestations of the disease. This fact requires a careful assessment from professionals, not only in the clinical setting, but also considering other psychosocial reasons, that may be influencing the emergence or worsening of symptoms. These results also corroborate other studies, which not only confirm the predictive role of social support in the physical wellbeing, but also in the psychological.

(17)

científica no Grupo de Estudos: Psicologia e Saúde (GEPS), durante os anos da

graduação. Nessa época, pude realizar várias pesquisas, indo para campo e

participando intensamente de cada etapa, diante do que surgiu uma paixão por essa

área.

Após minha entrada no hospital como estagiária e, em seguida, como

profissional, pude refletir um pouco sobre como um pesquisador, atuando na

assistência, pode contribuir de forma mais relevante para uma melhor atenção aos

pacientes.

Foi então que, depois de participar de uma pesquisa de doutorado com

pacientes de LES (Lúpus Eritematoso Sistêmico), alguns questionamentos me

ocorreram. Com isso, nascia então uma vontade imensa de adentrar ainda mais no

mundo desses pacientes, poder entender melhor algumas questões que me

chamavam a atenção e, a partir dessas reflexões, construir/sugerir ações de cuidado.

Prestando atendimento psicológico aos pacientes com LES, internados no

Hospital Universitário Onofre Lopes, pude observar a importância do suporte familiar

em meio aquele momento difícil. Momento esse que, muitas vezes, era bem crítico,

uma vez que o LES, em alguns casos, já apresenta na descoberta do diagnóstico,

manifestações graves, como: insuficiência renal ou graves sintomas neurológicos.

Revisando a literatura sobre o tema, também, me chamou atenção o fato da

depressão ser tão comum nesses pacientes. Diante disso, me inquietou saber mais

sobre a população com LES no estado do Rio Grande do Norte. Despertou-me a

(18)

Foi assim que nasceu o projeto de mestrado e, dele, esta dissertação, a qual

se organiza em: Introdução, Objetivos, Metodologia, Resultados, Discussão,

Considerações Finais, Referências Bibliográficas e Anexos.

Na introdução apresento uma revisão de literatura sobre o LES. Nesse item

discorro sobre a doença, sintomas, diagnóstico, tratamento, prognóstico e incidência

e prevalência no Brasil e no mundo. Em seguida, apresento o item que trata sobre os

problemas psicossociais decorrentes dessa doença. Resumidamente cito, os

problemas referentes à qualidade de vida, incapacidade para o trabalho,

comprometimento nas atividades diárias e problemas emocionais. Na sequência,

discorro sobre depressão e LES e apoio social e LES. Esses dois últimos itens são os

mais relevantes para este estudo porque compõem meus objetivos geral e

específicos.

Por fim, seguem sequenciados, os itens restantes, de modo a contribuir para

(19)

1. INTRODUÇÃO

1.1 O Lúpus Eritematoso Sistêmico

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune crônica, rara,

multissistêmica, com um padrão heterogêneo de manifestações clínicas e sorológicas.

Ela é o resultado de uma via patogênica que culmina na complexa formação de

autoanticorpos, porém o papel destes ainda não está bem claro. O curso do LES difere

entre os indivíduos e é imprevisível para o mesmo paciente ao longo do tempo,

alternando-se entre períodos de exacerbações e remissões dos sintomas (Dias &

Isenberg, 2014; Pons-Estel, Alarcón, Scofield, Reinlib & Cooper, 2010; Yu, Gershwin

& Chang, 2014).

A interação entre a suscetibilidade genética, influências hormonais e causas

ambientais têm importante papel no surgimento do LES, todavia seu desenvolvimento

ainda não foi bem esclarecido (Cui, Sheng & Zhang, 2013; Pons-Estel et al., 2010).

No passado, o LES era considerado uma doença potencialmente fatal.

Atualmente, os pacientes têm uma maior expectativa de vida, vivem até mesmo

décadas, após o diagnóstico. Isso se deve aos avanços no diagnóstico e tratamento.

Todavia, os extremos da vida - pacientes muito jovens ou com idades mais avançadas

- apresentam associação com a severidade da doença, mostrando pior prognóstico

(Pons-Estel et al., 2004; Pons-Estel et al., 2010).

As taxas de incidência variam de 1 a 10 por 100.000 pessoas ao ano e a

prevalência varia de 20 a 70 por 100.000 pessoas. O LES pode afetar pessoas de

qualquer raça, sexo e idade. No entanto, o maior fator de risco é o gênero, haja vista

ser muito mais frequente entre as mulheres do que entre os homens. Para cada 10

(20)

fase reprodutiva. Contudo, estudos em algumas populações mostram maior incidência

em mulheres acima de 40 anos (Pons-Estel et al., 2010).

Caracterizada pela diversidade, o LES é uma doença heterogênea

(Fernández de Larrinoa, 2015), por isso o diagnóstico nem sempre é fácil. A fim de

uniformizar os estudos científicos sobre o LES, foram desenvolvidos, pelo American

College of Rheumatology (ACR), onze critérios para o diagnóstico. A primeira versão

foi publicada em 1971 e revisto em 1982 e 1997. Em 2012, o Systemic Lupus

International Collaborating Clinics (SLICC) - um grupo internacional focado em

pesquisa clínica do LES - revisou os critérios de classificação do LES, a fim de

melhorá-los na sensibilidade para confirmação de diagnósticos precoces e ter maior

consistência (Dias & Isenberg, 2014; Fortuna & Brennan, 2013; Petri et al., 2012;

Pons-Estel et al., 2014; Yu et al., 2014). Todavia, os critérios do ACR ainda são os

mais aceitos no Brasil.

A portaria nº 100 de 2013 do Ministério da Saúde estabelece parâmetros

sobre o LES no Brasil e especifica diretrizes nacionais para diagnóstico, tratamento e

acompanhamento. O diagnóstico é estabelecido a partir da presença de pelo menos

4 dos 11 critérios de classificação - propostos pelo ACR.

Esses 11 critérios são: 1) Eritema malar que aparece como um eritema fixo,

plano ou elevado nas eminências malares, tendendo a poupar a região nasolabial; 2)

lesão discóide que é lesão eritematosa, infiltrada, com escamas queratóticas aderidas

e tampões foliculares, que evolui com cicatriz atrófica e discromia; 3)fotossensibilidade

que é um eritema cutâneo resultante de reação incomum ao sol; 4)úlcera oral com

caracterização de ulceração oral ou nasofaríngea, geralmente não dolorosa; 5)artrite

(21)

caracterizada por dor à palpação, edema ou derrame; 6)serosite que pode surgir como uma pleurite ou pericardite; 7)alteração renal; 8)alteração neurológica: que podem

manifestar-se com a presença de convulsões ou psicose; 9)alterações hematológicas;

10)alterações imunológicas e 11)anticorpo antinuclear.

É pertinente enfatizar também que as manifestações do LES têm efeito

cumulativo, principalmente relacionado ao uso prolongado de glicocorticóides

(Fernández de Larrinoa, 2015). Isso pode levar a um comprometimento em diversos

órgãos e até mesmo sistemas. Por exemplo: pode afetar a pele, as articulações, o

sangue, o coração, a circulação, os pulmões, os rins; também o sistema neurológico,

entre outros. Isso pode ocorrer de forma simultânea ou sequencial (Borba et al., 2008).

Quanto ao tratamento medicamentoso, os glicorticóides continuam sendo a

terapia mais importante e mais eficaz a curto prazo. Os antimaláricos,

imunossupressores, terapias biológicas e outros são também muito utilizados (Dias &

Isenberg, 2014; Fernández de Larrinoa, 2015; Lo & Tsokos, 2012). Esses avanços no

tratamento têm melhorado a sobrevida dos pacientes com LES nos últimos 50 anos.

A taxa de mortalidade em pacientes com essa patologia em comparação com

indivíduos saudáveis continua a ser de 2 a 4 vezes maior. Nos Estados Unidos, a taxa

de sobrevida varia de 95% em 5 anos e 78% em 20 anos (Kasitanon, Magder & Petri,

2006).

A atividade da doença aparece como a principal causa de morte no início do

LES, especialmente quando há acometimento renal e do sistema nervoso central

(SNC). Tardiamente, as mortes estão mais relacionadas às complicações da própria

doença e do tratamento, sendo as cardiovasculares um dos mais importantes fatores

(22)

A melhora no prognóstico do LES, provavelmente seja devido a novas drogas

que têm sido desenvolvidas e testadas, os procedimentos de diálise e transplantes,

bem como por causa de uma melhor gestão global da doença (Dias & Isenberg, 2014).

Diante disso, é importante a participação, além dos reumatologistas, de outras

especialidades médicas nos cuidados com o paciente: nefrologistas, cardiologistas,

dermatologistas, neuropsiquiatras, hematologistas, pneumologistas, dermatologistas,

psicólogos etc. Esses profissionais irão assistir o paciente de acordo com os sintomas

apresentados, órgão afetado, gravidade da doença e necessidades específicas de

cada caso (Fortuna & Brennan, 2013).

Entre as medidas gerais utilizadas no tratamento, as principais citadas

incluem: controle de qualquer doença coexistente, tais como a aterosclerose e

hipertensão pulmonar. Proteger-se contra o sol e outras formas de irradiação

ultravioleta. Adotar boa alimentação e nutrição, com uma ingestão equilibrada de

carboidratos, proteínas, gorduras e vitaminas, embora não haja evidência científica de

que os alimentos possam influenciar o desencadeamento ou a evolução da doença.

Realizar exercícios para prevenir a perda de massa óssea e desmineralização

muscular com repouso na atividade da doença. Interromper o uso do tabagismo.

Realizar imunização adequada com vacina antes do início de qualquer terapia

imunossupressora. Procurar informar-se sobre a doença e sua evolução, possíveis

riscos e os recursos disponíveis para diagnóstico e tratamento. Buscar apoio

psicológico e realizar controle rigoroso dos fatores de risco cardiovasculares (Borba

et al., 2008; Fortuna & Brennan, 2013).

No Brasil, no que se refere especificamente aos dados epidemiológicos do

(23)

Natal no Rio Grande do Norte, parece ter a maior incidência de LES já descrita na

literatura: 8,7 casos novos/100 mil habitantes/ano. Essa alta incidência de LES em

Natal - região urbana de clima tropical-, portanto, de alta incidência solar, é um fato

interessante que precisa suscitar maior atenção (Vilar & Sato, 2002).

No que se refere a políticas públicas, em âmbito federal, voltadas,

especificamente, para essa população, verifica-se uma inexistência. O que há é uma

portaria nº 100 de 2013 do Ministério da Saúde, citada acima. Um Projeto de Lei do

Senado (PLS) nº 603, de 2011, de autoria do Senador Vicentinho Alves, foi proposto

para instituir uma Política Nacional de Proteção dos Direitos do Doente de Lúpus e

estabelecer diretrizes para sua consecução. O posicionamento dos senadores à

proposta foi que as diretrizes da política apresentada já constituíam diretrizes gerais

que regem o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). E os direitos, os quais

se pleiteavam, já estavam contemplados na Constituição Federal (CF). Diante disso,

os senadores concluíram que não parecia fazer sentido adotar uma política nacional

para os doentes de LES. E argumentaram que as leis sanitárias precisam se

concentrar em proporcionar a conformação de um sistema de saúde apto a atender

aos portadores de todas as doenças, segundo os princípios de universalidade e

igualdade de acesso. E entre essas doenças está o LES. Por fim, o senado aprovou

apenas uma emenda substitutiva que altera a legislação do imposto de renda e dá

outras providências, para inserir o LES entre as doenças cujos portadores são

beneficiados com a isenção do imposto de renda sobre os proventos de aposentadoria

ou reforma motivada pela doença.

Assim como na pesquisa citada acima, realizada na cidade de Natal-RN, onde

(24)

Molad, Kiss e Wysenbeek (1997), apresentou como principal objetivo determinar a

frequência das manifestações clínicas de pacientes com LES e identificar os danos

precoces aos pacientes com diagnóstico recente. Ele mostrou que as manifestações

orgânicas mais presentes em 164 pacientes com LES foram as cutâneas (90,2%), em

especial a fotossensibilidade, que é apontada como, provavelmente, correlacionada a

uma maior quantidade de luz solar incidente.

A questão dos altos índices de radiação solar também é descrita em outro

estudo realizado por Kreuter et al. (2004), o qual afirma que até 80% dos pacientes

com LES evolui com lesões cutâneas, principalmente em regiões expostas à radiação

solar. Contudo, vale frisar que, esses achados estão relacionados a manifestações

clínicas e não a causas de alta incidência. D'Cruz, Khamashta e Hughes (2007)

afirmam que a luz é o fator ambiental mais notório que pode agravar a doença.

Diante disso, estudos realizados no estado do Rio Grande do Norte, onde

possui uma população significativa portadora de LES, ganham importância na área de

saúde, no Brasil.

1.2 Problemas Psicossociais Decorrentes do LES

Uma vez compreendido esse contexto no qual se insere o paciente com LES,

admite-se que este, além de sofrer agravos físicos e no funcionamento fisiológico,

também pode enfrentar uma série de problemas psicossociais, entre eles os

emocionais.

Conforme estudo realizado por Kulczycka, Sysa-Jedrzejowska e Robak

(2009), o LES, como uma doença crônica, incurável e imprevisível, tem uma grande

(25)

vida. Além disso, o curso flutuante da doença, a necessidade de tratamento a longo

prazo, os efeitos colaterais e os danos decorrentes, reduzem severamente a

qualidade de vida dos pacientes (Aberer, 2010; Jolly, 2005; Kulczyck et al., 2009;

Navarrete-Navarrete et al., 2010).

Outra investigação, que comparou as representações da doença de pacientes

com LES a de pacientes com outras doenças crônicas, encontrou que, o LES é

experimentado como uma doença mais grave que as doenças crônicas pesquisadas,

em especial, a asma (Daleboudt, Broadbent, Berger & Kaptein, 2011).

No que se refere às atividades diárias, os pacientes acabam tendo prejuízos

importantes no seu cotidiano (Robinson et al., 2010), até mesmo pelas limitações

funcionais que a doença geralmente traz, como por exemplo, no trabalho (Baker,

Pope, Fortin, Silverman & Peschken, 2009). Os pacientes, muitas vezes, apresentam

dificuldades de adquirir um emprego regular (Aberer, 2010).

Em um estudo canadense multicêntrico realizado em uma grande amostra de

1.137 pacientes com LES, que analisou a prevalência de incapacidade para o trabalho

e fatores associados à perda de emprego, encontrou que a incapacidade para o

trabalho é frequente em pacientes com LES, com uma prevalência de 23%. Este

resultado foi associado a um complexo conjunto de fatores relacionados à saúde,

incluindo comorbidades, limitações físicas e mentais; e características clínicas do LES

(Dhanhani, Gignac & Fortin, 2009).

Faria, Revoredo, Vilar e Maia (2014) realizaram um estudo na mesma região

da presente pesquisa. Os resultados mostraram que 87,5% das participantes

relataram desistir de alguma atividade por causa da doença: 77,1% pararam de

(26)

mais realizando atividades de lazer. Entre as razões para desistir dessas atividades,

elas citaram dor (54,3%), fadiga (28,5%), sintomas de depressão (8,6%) e atividade

da doença (8,6%). Além disso, nesse estudo, os pacientes que interromperam alguma

atividade por causa do LES apresentaram baixa resiliência, enquanto aqueles que não

interromperam, mostraram índices elevados de resiliência.

Somado a esses fatores, pesquisas também apontam que o LES pode

acarretar danos importantes no âmbito psicológico (Carr et al., 2011; Kulczycka et al.,

2009), principalmente com presença de ansiedade e depressão (Asano, Coriolano,

Asano & Lins, 2013; B. Maneeton, N. Maneeton & Louthrenoo, 2013; Palagini et al.,

2013; Philip, Lindner & Lederman, 2009).

O ACR, em 1999, propôs a definição de 19 síndromes clínicas

neuropsiquiátricas atribuídas ao LES - chamado de “O LES Neuropsiquiátrico” -, no intuito de uniformizar a nomenclatura e facilitar as pesquisas clínicas, sobretudo os

estudos multicêntricos. Essa classificação reconhece cinco grupos de transtornos

neuropsiquiátricos: transtorno de humor, transtorno de ansiedade, disfunções

cognitivas, psicose e estado confusional agudo. A depressão está dentro dos

transtornos de humor.

Embora o ACR tenha classificado a depressão dentro do LES

Neuropsiquiátrico, ainda não há um consenso sobre as causas dessa patologia que

acomete os pacientes com LES.

1.3. Depressão e LES

A depressão é um transtorno de humor e encontra-se entre as doenças mais

(27)

mulheres. Ocorre com tanta frequência que foi chamada de o “resfriado dos transtornos psicológicos”. Mais de 5% da população sofrerá de uma depressão maior,

em algum momento de suas vidas, e pelo menos 3% sofrerá de sintomas menos

severos como a distimia (Barlow & Durand, 2010; Cordioli, 2008). A distimia recebeu

o nome no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5ª edição,

American Psychiatric Association, 2013) de transtorno depressivo persistente. Ela é

uma forma mais crônica da depressão e pode ser diagnosticada quando a perturbação

de humor perdurar por, pelo menos, dois anos em adultos e um ano em crianças.

O Transtorno Depressivo Maior (TDM), conforme o Manual Diagnóstico e

Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), representa a condição clássica mais

comum entre os transtornos de humor. Ele se caracteriza por episódios distintos de,

pelo menos, duas semanas de duração que se manifestam com alterações no afeto,

na cognição e nas funções neurovegetativas, e remissões interepisódicas. O

diagnóstico pode ser baseado em um único episódio.

No DSM-5, os transtornos depressivos, além do TDM e do transtorno

depressivo persistente (distimia), incluem também o transtorno disruptivo da

desregulação do humor, o transtorno disfórico pré-menstrual, o transtorno depressivo

induzido por substâncias/medicamentos, o transtorno depressivo devido a outra

condição médica, o outro transtorno depressivo especificado e, por fim, o outro

transtorno depressivo não especificado. Todavia, neste trabalho daremos enfoque

apenas aos dois primeiros (TDM e transtorno depressivo persistente), pois

consideramos os mais frequentes.

O DSM-5 é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais criado

(28)

edição, ou seja, a APA já elaborou quatro versões e, em 2013, lançou em inglês a 5°

edição.

Pode ser que estejamos saindo da era da ansiedade e adentrando a “década da depressão”. Isso é preocupante porque muitas pessoas manifestam sintomas

graves e incapacitantes, como o aumento do número de suicídios. Além disso, uma

boa parte dos pacientes ainda permanece deprimida, após serem diagnosticados e

iniciarem o tratamento, uma vez que mantêm sintomas residuais e sub-sindrômicos

que podem levar a risco de suicídio, recaídas, empobrecimento das funções

psicossociais e alta mortalidade em decorrência do acometimento de comorbidades

clínicas (Barlow & Durand, 2010; Cordioli, 2008).

Nesse sentido, o diagnóstico ocupa função importante. Sem dúvida,

sentimentos de tristeza, decepção, pesar e depressão estão presentes no cotidiano e

são experimentados por qualquer pessoa em algum momento no decorrer da vida.

Esses sentimentos de depressão (ou de alegria) fazem parte da condição humana, o

que torna difícil a identificação dos transtornos de humor. Assim, dois fatores

importantes devem ser considerados: a intensidade e a duração dos sintomas (Barlow

& Durand, 2010; Cordioli, 2008).

É normal às vezes sentir-se um pouco “para baixo”, melancólico ou levemente

deprimido. Todavia, um sinal de alerta surge quando esses sintomas se prolongam e

apresentam-se de maneira tão intensa que o indivíduo não pode funcionar de forma

adequada, sofrendo prejuízos significativos nos aspectos sociais, ocupacionais,

acadêmicos ou outra área de funcionamento (Barlow & Durand, 2010; Cordioli, 2008).

Segundo DSM-5, os principais sintomas dos transtornos depressivos é a

(29)

cognitivas que afetam de modo significativo a capacidade de funcionamento do

indivíduo.

Barlow e Durand (2010), ainda afirmam que o indivíduo se apresenta

deprimido, melancólico, triste, sem esperanças. Sente-se isolado, rejeitado, não

amado. Geralmente, pessoas acometidas de depressão, descrevem sentimentos de

menos-valia e indecisão e apresentam alterações nos padrões de sono, mudanças

significativas no apetite e no peso ou perda muito perceptível de energia, de modo

que qualquer atividade requer muito esforço. Costuma ocorrer, ainda, perda de

interesse nas coisas e incapacidade de experimentar prazer.

Para ficar mais claro, apresentarei a seguir os critérios propostos pelo DSM-5

para diagnóstico da TDM e do Transtorno Depressivo Persistente.

TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR (TDM)

CR ITÉ RIOS DIAGNÓ S TICOS

A. Cinco ou mais dos sintomas seguintes presentes por, pelo menos, duas semanas e que representam mudanças no funcionamento prévio do indivíduo; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer.

1. Humor deprimido na maioria dos dias, quase todos os dias (p. ex.: sente-se triste ou vazio) ou observação feita por terceiros (p. ex.: chora muito). Nota: Em crianças e adolescentes pode ser humor irritável.

2. Acentuada diminuição do prazer ou interesse em todas ou quase todas atividades na maior parte do dia e que antes eram prazerosas (indicado por relato subjetivo ou observação feita por terceiros).

3. Perda ou ganho de peso acentuado sem estar em dieta (p.ex.: mais de 5% do peso corporal em um mês) ou aumento ou diminuição de apetite quase todos os dias. Nota: Em crianças, considerar incapacidade de apresentar os ganhos de peso esperado.

4. Insônia ou hipersônia quase todos os dias.

5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outros, não apenas sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).

6. Fadiga e perda de energia quase todos os dias.

7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser delirante) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente).

8. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se ou indecisão quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros).

9. Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico de cometer suicídio.

B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

(30)

Nota: Os critérios de A-C representam um episódio depressivo maior.

Nota: Respostas a uma perda significativa (luto, perda financeira, perda por um desastre natural, uma grave doença médica ou invalidez) podem incluir sentimentos de tristeza intensa, reflexão excessiva sobre a perda, insônia, falta de apetite e perda de peso observado no critério A, que se pode assemelhar a um episódio depressivo. Embora estes sintomas possam ser compreensíveis ou considerados apropriado para a perda, a presença de um episódio depressivo maior em adição a uma resposta normal a uma perda significativa, devem também ser considerados cuidadosamente. Esta decisão, inevitavelmente, requer o exercício de julgamento clínico baseado na história do indivíduo e as normas culturais para a expressão de angústia no contexto de perda.

D. Quando a ocorrência de episódio depressivo maior não é melhor explicada por transtornos do espectro esquizofrênico ou outros transtornos psicóticos.

E. Não houve nenhum episódio de mania ou hipomania anterior. Nota: Esta exclusão não se aplica se todos os episódios tipo maníacos ou hipomaníacos forem induzidos por substância ou são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de outra condição médica.

O transtorno depressivo persistente (distimia) representa uma consolidação

do transtorno depressivo maior crônico e do transtorno distímico, anteriormente

definidos no DSM-IV-R.

TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE (DISTIMIA)

CR ITÉ RIOS DIAGNÓ S TICOS

A. A. Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, indicado por relato subjetivo ou por observação feita por outras pessoas, pelo período mínimo de dois anos.

Nota: Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável, com duração mínima de um ano. B. Presença, enquanto deprimido, de duas (ou mais) das seguintes características:

1. Apetite diminuído ou alimentação em excesso. 2. Insônia ou hipersonia.

3. Baixa energia ou fadiga. 4. Baixa autoestima.

5. Concentração pobre ou dificuldade em tomar decisões. 6. Sentimentos de desesperança.

C. Durante o período de dois anos (um ano para crianças ou adolescentes) de perturbação, o indivíduo jamais esteve sem os sintomas dos Critérios A e B por mais de dois meses.

D. Os critérios para um transtorno depressivo maior podem estar continuamente presentes por dois anos.

E. Jamais houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco e jamais foram satisfeitos os critérios para transtorno ciclotímico.

F. A perturbação não é mais bem explicada por transtornos do espectro esquizofrênico ou outros transtornos psicóticos.

G. Os sintomas não se devem ao efeito fisiológico de uma substância ou a outra condição médica. H. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social,

profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Asano et al. (2013) e Philip et al. (2009) indicaram a existência de um elevado

(31)

disso, a depressão pode ser uma importante causa de problemas relacionados à

adesão ao tratamento, especificamente na administração da medicação (Julian et al.,

2009), bem como conduz alterações na qualidade de vida do paciente e pode também

aumentar o risco de mortalidade nesta população (Greco et al., 2009).

É importante frisar que na literatura observa-se uma relação importante entre

a presença de depressão e o diagnóstico de LES. Todavia, com já falado

anteriormente, essa relação ainda não foi bem compreendida. Os resultados dos

estudos se mostram confusos, de modo que os pesquisadores não conseguiram

chegar a um consenso. Alguns estudos defendem causas orgânicas (Nery et al.,

2007). Outros, como o de Sehlo & Bahlasm (2013) afirmam que é uma reação à

doença crônica. Já Palagini et al. (2013), defendem que fatores psicossociais

aparecem como os mais prováveis.

Em estudos internacionais, os transtornos de humor em geral, incluindo TDM,

são encontrados com maior frequência nos pacientes com LES do que na população

em geral (Araya, Rojas, Fritsch, Acuna & Lewis, 2001; Mak, Tang & Ho, 2013).

Em pacientes com LES, a depressão se apresenta como uma das

manifestações psiquiátricas mais comuns (Asano et al., 2013; Aszalós, 2011). Outros

estudos também mostraram alguns fatores relacionados à depressão nesses

pacientes, entre esses estavam as incertezas da doença, os sintomas de fadiga física

e emocional e o custo financeiro decorrente.

Além disso, os pacientes referiram sentir-se deprimidos por se perceberem

diferentes em comparação a como se sentiam antes da doença (Beckerman, 2011;

Jarpa et al., 2011). Jarpa et al., (2011) mencionam alguns fatores que podem

(32)

o estresse de ter uma doença crônica que se soma com a tensão social e a falta de

apoio social; a dor e a incapacidade, bem como o uso de alguns tipos de medicação,

como os glicocorticóides.

Um estudo chinês, que objetivou investigar a prevalência de ideação suicida

em 295 pacientes com LES, mostrou que 98 participantes da pesquisa apresentaram

ideação suicida. Os pacientes separados, divorciados e viúvos apresentaram maior

risco. A prevalência da depressão avaliada pelo BDI foi de 58,3% (Xie et al., 2012).

Em outra região da China, um estudo semelhante foi realizado com uma

amostra de 376 pacientes com LES. Eles concluíram que a ideação suicida foi bem

comum em pacientes chineses com LES. Nesse grupo, os desempregados eram mais

propensos a apresentar ideação suicida. Esta também se apresentava com maior

intensidade nos pacientes com sintomas depressivos, eventos de vida recentes,

danos cardiovasculares e tentativas de suicídio anteriores (Mok, Chan, Cheung & Yip,

2014).

Um estudo brasileiro realizado por Ayache e Costa (2009), mostrou alta

prevalência de depressão. Um índice de 65%, o qual é superior à maioria dos estudos

vistos na literatura, o que, acredita-se estar relacionado ao número baixo de pacientes

avaliados.

Outra investigação, também realizado no Brasil, de caráter comparativo, que

objetivou averiguar a presença e intensidade de sintomas depressivos em pacientes

com LES (amostra clínica) e pacientes saudáveis (amostra não-clínica), encontrou-se

alta prevalência de sintomas depressivos nesses pacientes em comparação aos

(33)

Os sintomas depressivos também podem acarretar enfraquecimento ou

rompimento das redes sociais (Queiroz, 2009), o que se configura como um problema,

uma vez que o apoio social é entendido como um importante recurso externo para o

indivíduo num momento de susceptibilidade, agindo como um atenuante e moderador

do impacto causado pelo estresse decorrente da doença. Isso pode ser verificado em

estudos internacionais realizados em pacientes com LES (Bae,

Hashimoto, Karlson , Liang & Daltroy, 2001; Da Costa et al., 1999).

Vale salientar que neste estudo verificaremos os sintomas depressivos e não

a depressão, uma vez que é uma amostra não-clínica. Ou seja, as participantes não

têm diagnóstico de depressão.

1.4 Apoio Social e LES

Segundo o dicionário on-line Priberam, a palavra apoio significa o que

sustenta, auxílio, proteção. Já a palavra social se refere aquilo que diz respeito à

sociedade. Portanto, podemos pensar, do ponto vista literal de cada termo, que apoio

social é a proteção, o sustento, a base, o auxílio, fornecido ao indivíduo pela

sociedade.

Os humanos são seres sociais que vivem em grupos e as relações sociais

têm sido objeto de estudo de inúmeras investigações nas mais diversas áreas da

ciência.

Um dos primeiros a pesquisar a temática foi Durkheim (1951). Ele concluiu

que as taxas de suicídio eram mais altas em sujeitos socialmente isolados. Outro

teórico que também abordou o tema foi Bowlby (1969), que considerou o apego como

(34)

qual a figura de apego oferece respostas adequadas às necessidades de um bebê,

proporcionando um sentimento de segurança que é fortificador da relação. Ou seja, é

relacionando-se com o outro, com a sua figura de apego, que o bebê se sente seguro

em aventurar-se no mundo.

Na década de 70, John Cassel (1976) buscou relacionar fatores psicossociais

às doenças. E Sidney Cobb (1976) desenvolveu uma base teórica que permitiu

relacionar aspectos psicossociais à saúde. De modo geral, eles sugeriram que o

rompimento das relações sociais interfere no sistema de defesa do organismo,

deixando-o propenso às doenças em geral (Griep, 2003).

Cassel e Cobb reconheceram a importância do grupo social, defendendo que,

a natureza e a força que este fornece ao indivíduo, aliadas à capacidade de todo

organismo vivo de se adaptar psicologicamente a uma ampla variedade de

circunstâncias ambientais, teriam efeito “tamponador” (buffer) contra as implicações

físicas e psicológicas do estresse. Esse seria um entendimento de que o apoio social

está relacionado ao bem-estar apenas quando as pessoas estão lidando com eventos

estressantes em suas vidas.

Conforme o dicionário on-line Priberam, tamponar é fechar com tampão,

tapar. Na química os agentes tamponadores ajustam e estabilizam o pH de uma

solução. Nesse sentido, podemos compreender o apoio social como aquele que atua

estabilizando o indivíduo em meio a um evento estressor.

Outro entendimento propõe que o apoio social melhora o bem-estar, sem

distinção de níveis de estresse das pessoas. Em outras palavras, nessa perspectiva,

(35)

Esses dois entendimentos de apoio apenas na presença de fatores estressores ou independentes destes - são frequentemente associados com

diferentes tipos de medidas de apoio social. Especificamente, os efeitos de

tamponamento de estresse são mais comuns quando se utilizam medidas de apoio

percebido (Rodriguez & Cohen, 1998).

Neste estudo, o apoio social será entendido como aquele que exerce efeitos

benéficos na presença de eventos estressantes. Esse entendimento mostra que

pessoas em situação de estresse necessitam de apoio social, o qual age protegendo

o indivíduo contra o impacto negativo de eventos estressantes atuando como um

efeito “tamponador” (buffer) (Rodriguez & Cohen, 1998). Diante disso, o paciente com

LES, sofre uma influência positiva mediante a presença do apoio social percebido.

Não podemos deixar de mencionar que alguns estudiosos também

pesquisaram o apoio social problemático, tendo em vista que ele nem sempre é

benéfico para os pacientes. Nesse sentido, faz-se necessário evidenciar que o apoio

fornecido pelas redes sociais do indivíduo, apesar do provedor ter sido

bem-intencionado, é percebido como não favorável. Isso porque, embora algumas

interações gerem benefícios, podem provocar também consequências negativas,

atuando assim como uma “faca de dois gumes” (Figueiredo, Fries & Ingram, 2004; Ingram, Jones, Fass, Neidig & Song, 1999; Revenson, Schiaffino, Majerovitz &

Gibofsky, 1991). Todavia, o objetivo deste trabalho é discutir o apoio social como um

fator de proteção para os pacientes com LES, o que é justificado através da

fundamentação teórica que segue.

Na literatura especializada, encontramos várias definições de Apoio Social.

(36)

conceito e maneiras de medi-lo, provavelmente, por ser um construto multifacetado

(Gonçalves, Pawlowski, Bandeira & Piccinini, 2011) e, podemos acrescentar,

subjetivo.

Utilizaremos aqui, por reconhecer que melhor se compatibiliza aos objetivos

propostos, o conceito de Cobb (1976). Ele o definiu como a informação que

proporciona ao indivíduo acreditar que é querido, amado e estimado,

reconhecendo-se como alguém que tem valor, e, faz parte de uma rede social de comunicação e

obrigações mútuas. Em outras palavras, o indivíduo se percebe como parte do grupo,

sente-se importante para este e está envolvido em uma relação de trocas positivas.

Rodriguez e Cohen (1998), defendem que o apoio social é um construto

multidimensional, que se refere aos recursos psicológicos e materiais que estão à

disposição dos indivíduos por meio de suas relações interpessoais gerando efeitos

positivos na saúde mental e física do indivíduo.

Rodriguez e Cohen (1998), citam uma variedade de estudos recentes, os

quais mostram que indivíduos socialmente isolados ou solteiros são, em comparação

com casados ou mais sociáveis, mais propensos a cometer suicídio. Estes também

apresentam altas taxas de mortalidade pelas mais variadas causas de morte e altas

taxas de tuberculose, acidentes, transtornos psiquiátricos em comparação aos

casados ou mais sociáveis. Todavia, quando o apoio se torna fonte de estresse, como

já mencionado anteriormente, o indivíduo pode ser afetado negativamente em seu

bem-estar.

Griep, Chor, Faerstein, Werneck e Lopes (2005), afirmam que o apoio social

pode se manifestar de diversas formas e exercer diferentes funções na vida do

(37)

a) Apoio material - Aquele que ocorre quando as pessoas ajudam o indivíduo

com recursos financeiros; b) Apoio afetivo - Quando as pessoas realizam

demonstrações físicas e/ou verbais de amor e afeto, suprindo o indivíduo

afetivamente; c) Apoio emocional - Envolve ter alguém de extrema confiança para

conversar, desabafar, fazer confidências, ou receber apoio em situação difícil; d)

Apoio de informação - Poder ter com quem contar quando se precisa de uma

informação, orientação ou conselho; e e) Interação social positiva - Consiste em saber

que se tem alguém para divertir-se e relaxar das tensões do dia a dia.

Embora não seja foco deste trabalho, é importante distinguir apoio social de

rede social, pois são conceitos interligados, porém, com diferenças entre si. O termo

rede traz a ideia de fios, malhas, teias que formam um tecido comum. A rede social

(social network) representa a teia de relacionamentos sociais com a qual o indivíduo

mantém contato ou alguma forma de vínculo social. Por exemplo, a vizinhança, as

organizações religiosas, o sistema de saúde, a escola, os grupos de bairro, os colegas

de trabalho, entre outros. Esses grupos podem fornecer diferentes tipos de ajuda para

o indivíduo, conforme sua estrutura e finalidade. O apoio social encontra-se na

dimensão pessoal, sendo fornecido de maneira variada por membros dessa rede

social, e em graus diversos, de forma efetiva ou não (Griep, 2003).

Portanto, rede social é uma teia de relações que conecta os indivíduos

gerando vínculos sociais e construindo um espaço onde os recursos de apoio possam

fluir. Os efeitos benéficos da rede pessoal de apoio dependem da possibilidade de

suprir os auxílios esperados pelo indivíduo e têm sido estudados como recursos

importantes que podem facilitar o enfrentamento de diferentes situações difíceis e

(38)

Cohen e Janicki-Deverts (2009) mencionam um repertório amplo de estudos

que trazem associação entre a rede social, o indivíduo e sua saúde. Essas

associações têm implicações tanto para a compreensão básica de como ambientes

sociais controlam a cognição, comportamento e fisiologia, como para a prevenção de

doenças e manutenção de uma boa saúde.

Um estudo transversal, com 232 indivíduos saudáveis, investigou a ligação

entre apoio social percebido, linfócitos e citocinas. Os resultados mostraram

associação entre o apoio social e o sistema imunológico, de modo que uma boa

percepção de apoio social tem um impacto positivo no sistema imunológico e um baixo

apoio social pode estar relacionado a um estado de inflamação crônica (Copertaro et

al., 2014).

Estudos epidemiológicos, apresentados em uma revisão sistemática de

literatura, indicaram que indivíduos com baixos níveis de apoio social têm maiores

taxas de mortalidade, especialmente como consequência de doenças

cardiovasculares (Barth, Schneider & von Känel, 2010).

Uma meta-análise de 87 estudos que investigou a associação de apoio social

percebido, o tamanho da rede, e estado civil com a sobrevivência de pacientes

portadores de câncer. Os resultados mostraram que altos níveis de apoio social

percebido, maior rede social, e ser casado, estavam associados com a diminuição do

risco relativo de mortalidade em 25%, 20% e 12%, respectivamente. Os pacientes que

nunca foram casados apresentaram taxas de mortalidade mais elevadas comparados

aos separados, viúvos e divorciados. Esses resultados sugerem que a rede social

afeta a mortalidade por câncer, direta ou indiretamente, através de um mecanismo

(39)

Há também resultados consistentes que mostram os efeitos benéficos do

apoio social sobre aspectos do sistema cardiovascular, neuroendócrino e imunológico

(Uchino, 2006). Além disso, o suporte social causa efeitos surpreendentes na

aderência ao tratamento. Ou seja, quanto maior o apoio, maior a adesão ao tratamento

(DiMatteo, 2004). Apesar desses resultados, os mecanismos pelos quais os laços

sociais influenciam os desfechos de saúde ainda não foram plenamente esclarecidos

para a comunidade científica.

O papel do apoio social tem sido pesquisado amplamente em algumas

doenças crônicas, por exemplo, o câncer. Mas no que se refere ao seu impacto sobre

o LES, ainda não foi bem esclarecido.

Um estudo caso-controle, realizado na China, por Zheng et al. (2009), com

202 participantes, objetivou analisar a qualidade de vida (QV) e o apoio social em

pacientes com LES e compará-los com as pessoas saudáveis. O grupo controle foi

selecionado a partir de pessoas da comunidade, vindos de uma mesma região que os

pacientes com LES. Eles foram pareados aos pacientes com LES por sexo, idade,

escolaridade e estado civil.

Os principais resultados mostraram que, em média, os pacientes com LES

têm prejuízo significativo na QV, em comparação com controles saudáveis, tanto no

domínio físico como no mental. Os pacientes com LES apresentaram um apoio social

mais baixo em comparação aos controles saudáveis. Os resultados indicam que o

apoio social está associado a uma melhor QV em pacientes com LES (Zheng et al.,

2009).

Em relação ao apoio social e à depressão em pacientes com LES, há também

(40)

entre o apoio social e depressão entre as mulheres afro-americanas que vivem com

LES, concluiu que, o apoio social desempenha um papel importante no

desenvolvimento de estratégias de enfrentamento, na gestão do LES e depressão

(Howe, 2009).

Nas bases de dados pesquisadas, não foram encontrados estudos no Brasil

que investigassem o apoio social em pacientes com LES. Daí a importância deste

estudo para a população brasileira com LES e para os profissionais de saúde, haja

vista o LES ser uma doença crônica que acarreta uma série de danos físicos,

emocionais e psicológicos ao paciente.

Nesse sentido, Martire e Schulz (2007), afirmam que o diagnóstico de uma

doença crônica causa um impacto negativo importante na vida das pessoas, e as

relações sociais próximas afetam positivamente os sistemas biológicos,

comportamentos de saúde e o bem-estar psicológico. Logo, o envolvimento de outras

pessoas no cuidado e apoio para o manejo de consequências adversas da

enfermidade, parece favorecer à adaptação e ao ajustamento do paciente à doença

crônica, bem como ao desenvolvimento de estratégias de enfrentamento (Howe,

2010).

Assim, considerando o que a literatura supracitada aponta sobre a alta

prevalência de sintomas depressivos em paciente com LES, bem como o apoio social

como um importante recurso externo para o indivíduo num momento de

susceptibilidade, este estudo definiu como principal objetivo verificar a associação

entre sintomas depressivos e apoio social percebido em pacientes com LES.

Nessa perspectiva, sua relevância se faz, na medida em que, os resultados

(41)

de saúde, estratégias de cuidado voltados, especificamente, à população estudada.

Isso favorecerá uma melhor adaptação à situação de conviver com uma doença

crônica de curso imprevisível que traz perdas e uma série de restrições, além de exigir

uma boa adesão ao tratamento. Somado a isso, o cuidado também pode ser

direcionado à promoção do apoio social que atua como fator protetivo, uma vez que

minimiza o impacto causado pelos fatores estressores do LES (Bae et al., 2001).

Para tanto, espera-se que os pacientes desenvolvam um melhor

enfrentamento sobre os fatores geradores de estresse inerentes ao LES, minimizando

assim os sintomas depressivos. Ademais, vale lembrar o fato de Natal-RN ser a cidade

brasileira com maior incidência de LES descrita na literatura acessada (Vilar & Sato,

2002), o que denota a necessidade de estudos com a população dessa região para

entender melhor as peculiaridades e similaridades ao compará-la com outras

populações estudadas no país e no mundo.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral: Verificar a associação entre sintomas depressivos e apoio social percebido em pacientes com LES.

2.2 Objetivos Específicos:

- Investigar a prevalência de sintomas depressivos em pacientes com LES;

- Investigar o apoio social percebido em pacientes com LES;

- Verificar se há associação entre a depressão, o apoio social e variáveis

(42)

3. METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa quantitativa, analítica e transversal.

3.1 Sujeitos

A população desta pesquisa foi composta de pacientes do sexo feminino, com

idade acima de 18 anos, provenientes de todo o estado do Rio Grande do Norte, que

apresentaram diagnóstico de LES e estavam em tratamento no Ambulatório de

Reumatologia do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) e concordaram em

participar do estudo.

3.2 Critérios para determinação da amostra

Em pesquisa epidemiológica, quando se pretende estimar a prevalência ou

caracterizar o perfil de pacientes portadores de determinada patologia, deve-se

considerar dois aspectos importantes: a estimativa da proporção de indivíduos que

são acometidos pela doença e a população alvo (Siqueira, Sakurai & Souza, 2001).

No caso específico, cujo objetivo é verificar a prevalência de sintomas

depressivos em mulheres com LES e identificar se há associação com o apoio social

percebido, é importante que sejam levados em consideração outros critérios, dos

quais citamos: precisão, erros associados a testes de hipóteses, custo do estudo e

comprometimento ético da pesquisa.

A estimativa da proporção pode ser adquirida através de estudos anteriores

ou por meio de uma amostra piloto. Vilar e Sato (2002) estimaram que, a cidade de

Natal/RN parece ter a maior incidência de LES descrita na literatura, que é de 8,7

casos novos/100 mil habitantes/ano.

Para a Sociedade Brasileira de Reumatologia, o Brasil apresenta uma

(43)

realizados, pode chegar a 80.000 pacientes. Nesse sentido, considerando-se a

população acima de 18 anos, que é o público alvo da pesquisa, estimada pelo IBGE

no censo de 2010 e a prevalência do LES no Brasil, foi realizado o cálculo das

participantes através da Amostra Aleatória Simples (AAS).

A partir desses cálculos, obtivemos um total de 80 pacientes. Todavia, durante

a análise um questionário foi descartado porque preencheu os critérios de exclusão.

Para os critérios de inclusão elegeu-se: pacientes estarem em atendimento

no Ambulatório de Reumatologia do HUOL, com diagnóstico de LES confirmado

segundo os critérios do ACR; ser do sexo feminino e ter idade acima de 18 anos.

Para os critérios de exclusão: pacientes com histórico de doença psiquiátrica

crônica ou neuropsiquiátrica; graves problemas de fala; demência e comorbidades

que não sejam decorrentes do LES.

3.3 Local de estudo

O local de estudo foi o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), uma

instituição voltada para a assistência ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ele é credenciado ao SUS, de nível terciário, e oferece ao público do Rio Grande do

Norte (RN) um atendimento altamente especializado em vários segmentos. É,

portanto, referência para todo o estado no tratamento do LES.

3.4 Instrumentos

Os instrumentos utilizados foram: um questionário estruturado

sociodemográfico, a Escala de Depressão de Beck (BDI) e a Escala de Apoio Social

(EAS).

Através do questionário estruturado sociodemográfico, verificou-se dados a

(44)

de apoio e dados referentes à doença. Esse questionário foi elaborado pela

pesquisadora e testado em um estudo piloto feito antes da coleta de dados.

O Inventário de Depressão de Beck (BDI), validado no Brasil por Cunha

(2001), é uma escala de autorrelato com 21 grupos de afirmações, incluindo sintomas

e atitudes que avaliam os seguintes aspectos: tristeza, pessimismo, sensação de

fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa, sensação de punição, auto

depreciação, auto acusações, ideias suicidas, crises de choro, irritabilidade, retração

social, indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o trabalho, distúrbio de

sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso, preocupação somática e diminuição da

libido. Cada grupo possui quatro afirmações com escores que variam de 0 a 3,

denotando níveis crescentes de intensidade (Gorenstein & Andrade, 1998). Optou-se

pelo BDI por ser um instrumento com uma boa sensibilidade para detectar sintomas

depressivos e também porque já foi bastante utilizado com pacientes de LES.

A Escala de Apoio Social é composta por 19 itens, cada uma com cinco

alternativas, variando de 1 (nunca) a 5 (sempre). Ela foi validada no Brasil por Griep

(2003) e avalia a frequência com que o indivíduo percebe que pode contar com

pessoas que o apoiem em situações diversas, contendo cinco dimensões funcionais

de apoio social, sendo estas: material, emocional, afetivo, informacional e interação

social positiva.

A pontuação da escala é calculada tendo como base um escore total e o

escore de cada uma das dimensões. A escolha por esse instrumento se deu pela

necessidade de se obter informações a partir de um questionário curto e de fácil

aplicação, que disponibilizasse informações precisas sobre as dimensões de apoio

Imagem

Tabela 1Caracterização sociodemográfica (frequência simples e porcentagem)
Tabela 2 Resultados do BDI em frequência simples e porcentagem  NÍVEIS DE SINTOMAS  DEPRESSIVOS  FREQUÊNCIA (f) /PORCENTAGEM (p) 0 1 2 3  TOTAL  f  P  F  p  F  p  F  p  f  p  TRISTEZA  42  *53,16%  28  35,44%  6  7,59%  3  3,80%  79  100%  PESSIMISMO  56
Tabela 3 Caracterização quanto ao nível de dor
Tabela 4 Associação entre níveis de dor e sintomas depressivos
+5

Referências

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