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120030iiio
srqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAJIII''''IIIIIIIII'IIIIIIIII''IIIIIII I
I11_ A relação risco-retorno: análise do desempenho de modelos de risco e de
um modelo comportamental no mercado brasileiro
AihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAr e la ç ã o r is c o - r e t o r n o : a n á lis e d o d e s e m p e n h o d e m o d e lo s d e r is c o e d e
u m m o d e lo c o m p o r t a m e n t a l n o m e r c a d o b r a s ile ir ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
BANCA EXAMINADORA
Prof. Orientador: Wladimir Antônio Puggina Prof. Cláudio Vilar Furtado
Prof. 'William Eid Jr.
Profa. Andréa Maria Accioly Fonseca Minardi Prof. Aureliano Angel Bressan
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DA FUNDAÇÃO
GETÚLIO VARGASzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBADESÃO PAULOihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
R o s a u r a E ly M o r g a n t i M a n t o v a n in i
A relação risco-retomo: análise do desempenho de modelos de risco e de um modelo comportamental no mercado brasileiroA
~ F u n d a ç ã o G é t u l i o V a r g a s , . 'iGV E s c o l a d e A d m i n i s t r a ç ã o .
d e E m p r e s a s d eS~OP 8 u lo B ih lio t e c a
(")srqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
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1111111111111111111/11111
1200301120Tese submetida ao Curso de Pós-Graduação da FGVIEAESP. Área de concentração: Finanças, como requisito para obtenção do título de doutor em Administração.
ORIENTADOR: Prof. Wladimir Antônio Puggina
ESCbla de Administração dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
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Empresas de São Paulo!
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MANTOV ANINI, Rosaura Ely Morganti. A relação
risco-retorno: análise do desempenho de modelos de risco e de um modelo comportamental no mercado brasileiro. São
Paulo: EAESP/FGV, 2003. 156 p. (Tese de Doutorado apresentada ao curso de Pós-Graduação da FGVIEAESP.
Área de concentração: Finanças).
Resumo: Trata da avaliação do desempenho de modelos
alternativos de precificação de ações no mercado de capitais
brasileiro. Testamos modelos de risco uni e multifatorial e
um modelo comportamental baseado em características.
Palavras-chave: fiSCO, retomo, correlação, fronteira
Ter uma família como a minha é uma
bênção divina. Ao João Carlos, à Paula e
àMarília.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
f
A G R A D E C I M E N T O SzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Agradeço ao Professor Wladimir Antônio Puggina - que mesmo sem saber tem sido
um exemplo de competência e caráter - a orientação e o apoio prestados.
Ao Professor Aureliano Bressan as valiosas sugestões em assuntos relacionados à
econometria.
À Professora Andréa Minardi os comentários e o constante incentivo.
À Professora Liana Aureliano, da Faculdade de Campinas, que me dispensou das aulas do semestre paraelaborar este trabalho.
Aos amigos Rogério César de Souza e Luiz Alberto Bertucci, que participaram de
modos diversos do esforço de elaboração deste trabalho.
À Janete Bertucci, grande amiga, o apoio nos momentos dificeis em Austin e a amizade incondicional.
Aos meus pais, Sylvio e Lia, ao meu parceiro na vida, João Carlos, e às minhas
s U M Á R I OzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
INTRODUÇÃOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 1
CapítulozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1 :DESENVOLVIMENTO E EVOLUÇÃO DE MODELOS ALTERNATIVOS DE PRECIFICAÇÃO : CAPM, APT E CARACTERÍSTICAS 6
1.1 Capital Asset Pricing Model, CAPM 7
1.1.1 Introdução 7
1.1.2 Anomalias do CAPM , 9
1.1.3 Possíveis explicações para as anomalias do CAPM 13
1.2 Arbitrage Pricing Theory, APT 18
1.2.1 Desenvolvimento inicial do APT 19
1.2.2 Extensão teórica 23
1.2.3 Especificação dos fatores de risco 26 1.3 Modelo comportamental de características .40
1.3.1 Características ou covariâncias? .41 ' 1.3.2 Testes empíricos - características ou covariâncias .45
1.4 Sumário 46
Capítulo 2 :REVISÃO DOS ESTUDOS EMPÍRICOS NO MERCADO DE
CAPITAIS BRASILEIRO .47
2.1 CAPM e anomalias relacionadas às características das ações .49 2.2 CAPM e anomalias relacionadas àdistribuição temporal dos retornos ..55
2.3 Testes de modelos multifatoriais : 58
2.3.1 Fatores macroeconômicos 58
2.3.2 Fatores estatísticos 62
2.3.3 Fatores fundamentais 64
2.4 Sumário 65
CapítulozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA3: METODOLOGIA 68
3. 1Introdução 68
3.2 Hipóteses 68
3.3 Testes do CAPM 71
3.3.1 Hipótese testável 71
3.3.2 Testes multivariados 74
3.3.3 Tamanho dos testes 79
3.3.4 Poder dos testes 82
3.3.5 Método dos momentos generalizados 83
3.4 Testes de modelos multifatoriais 88
3.4.1 Hipóteses testáveis 88
3.4.2 Testes multivariados 89
3.4.3 Método dos momentos generalizados, MMG 92 3.4.4 Estimativa dos prêmios pelo risco e do retomo esperado 92
3.5 Sumário 93
Capítulo 4 :DADOS, ESTUDO EMPÍRICO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 95
4.1 Dados 95
4.1.1 Seleção do período 95
4.1.2 Coleta de dados 96
4.2 Testes do CAPM 99
4.2.1 Definição das variáveis dependentes e independente 99 4.2.2 Mudando as variáveis dependentes e independente 102
4.2.3 HIPÓTESE #1: o modelo CAPM é adequado para avaliar ativos
no mercado de capitais brasileiro 107
4.3 Testes do modelo multifatorial de Fama e French 111 4.3.1 Definição das variáveis independentes 111 4.3.2 Verificação da existência de prêmios pelos fatores de risco 113 4.3.3 Correlação e relação dinâmica entre os fatores 115
4.4 Testes do modelo comportamental características 119
4.4.1 Defmição das variáveis dependentes e independentes 121 4.4.2 HIPÓTESE #3: o modelo comportamental de características é adequado para avaliar ativos no mercado de capitais brasileiro 122
4.5 Repetição dos testes - sem períodos de quebras estruturais 125
4.5.1 Introdução 125
4.5.2 Resultados 125zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
CONCLUSÕES 128
APÊNDICE: Relação de empresas da amostra 133
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 138
I N T R O D U Ç Ã OzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAobjetivo deste estudo é analisar modelos de avaliação de ativos que descrevamprocessos de formação de preços no mercado de capitais brasileiro no período de
1991 a 2001. Desde a introdução do CAPM, em 1964, foram propostos e testados
diversos modelos, sob diferentes abordagens, com graus crescentes de sofisticação
tanto dos modelos em si quanto dos processos econométricos utilizados na sua
verificação. Apesar do volume de pesquisas, não temos ainda resposta conclusiva
acerca da efetiva capacidade dos modelos em atender ao quesito da precisão das
avaliações. De qualquer forma, as dificuldades não ofuscam a importância do tema,
até porque decisões importantes são tomadas com base em estimativas de retomo,
do ponto de vista do investidor, e de custo de capital, para as empresas.
o
mercado de capitais nacional é relativamente pequeno, por razões históricas. OEstado brasileiro se caracterizou como estatizante, nacionalista e protecionista
durante todo o período do pós-guerra até os anos. 80, com exceção do interstício de
tempo do governo Juscelino Kubitschek (1956-1960). Com base nesse
comportamento político e econômico, construiu-se um parque produtor estatizado
nos setores considerados estratégicos, como prospecção e refmo de petróleo,
mineração metálica e indústrias de base. Empresas estrangeiras foram aceitas apenas
insuficiente. O capital nacional permaneceu restrito a explorar atividades com tecnologia de fácil acesso. Graças a esse relativo fechamento da economia, as necessidades de capitais das empresas privadas eram limitadas, passíveis de ser atendidas por lucro retido ou pela concessão de incentivos subsidiados pelo governo. A estrutura familiar dessas empresas, referendada pelos mecanismos de captação de recursos existente, reforçou a aversão à abertura de capital e à diluição de controle. As grandes empresas participantes do mercado de capitais eram estatais.
A década de 90 caracterizou-se pelas desestatizações, quebras de barreiras e de mecanismos de proteção em praticamente todos os setores. A estabilização monetária, aliada às reformas constitucionais liberalizantes, tomou o mercado de capitais brasileiro mais atraente e acessível para os investidores institucionais, a despeito da falta de estabilidade das regras, caracteristicamente sujeitas a mudanças impostas pela política econômica. Como resultado, houve entrada significativa de recursos estrangeiros no mercado de capitais brasileiro. De acordo com relatório da Bovespa (2000, p. 7), entre 1993 e 1998 o volume médio de recursos que entraram pelo Anexo IV foi de US$ 3,3 bilhões.
Já no [mal da década, em conseqüência do fim das privatizações mais importantes, do aumento dos custos de transação e da crescente facilidade de acesso às bolsas
internacionais (pela via das ADRs), as bolsas brasileiras perderam parte de sua
atratividade.
Dado o histórico, a participação dos ativos de renda variável na carteira dos
investidores ainda é baixa, assim como a participação dos investidores institucionais
nesse mercado. Na outra ponta, são relativamente poucas as empresas presentes nas
bolsas brasileiras, com reduzida captação de recursos. De acordo com relatório da
Bovespa (2000, p. 6), em 1998 o valor total de ações transacionadas no mercado
brasileiro era de US$ 336,1 bilhões, representando 43% doihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAP I B nacional. Nos Estados Unidos, no mesmo ano, os números correspondentes eram US$ 15,197
trilhões e 200%, respectivamente.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
entendimento de processos de precificação é peça importante para ofortalecimento do mercado acionário, ao permitir a estruturação de carteiras com
grau conhecido de exposição a risco, por possibilitar a avaliação do desempenho de
administradores de carteiras e, já no campo das. finanças corporativas, por tomar
possível a determinação do custo de capital das empresas.
Existem basicamente duas linhas divergentes no processo de precificação: a teoria
tradicional, a qual relaciona retomo a risco, e a comportamental, que questiona a
As duas teorias levam a conclusões diversas acerca do custo de capital das empresas.
Considerando a relativa falta de expressividade do mercado de capitais brasileiro,
somos induzidos a suspeitar que o nível de ineficiência no mercado nacional tende a
ser maior do que em países com mercados mais desenvolvidos. Coerentemente com
esse raciocínio, buscamos entre modelos de precificação tradicional e
comportamental aqueles que expliquem de forma razoável o processo de
precificação no mercado brasileiro.
Embora exista grande volume de estudos empíricos que testam modelos tradicionais
como o CAPM e o APT em nosso mercado, esta é a primeira vez em que se analisa
a performance do modelo comportamental baseado em características das empresas.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
trabalho foi estruturado da seguinte maneira: o capítulo 1 relata os modelos deprecificação, começando pelo CAPM - Capital Asset Pricing Model -, com suas
anomalias e explicações de falhas. O APT - Arbitrage Pricing Theory ~ é
apresentado em seguida, realçando-se o uso de múltiplos fatores para captação das
estruturas de covariância. Por fim, o modelo comportamental baseado em
características é relatado, de acordo com a formulação básica proposta por Daniel e
Titman.
~ A revisão bibliográfica dos estudos empíricos dos modelos propostos, para o
1
mercado brasileiro, é o foco do capítulo 2, ao passo que a metodologia do estudo,
com as hipóteses testáveis e os métodos econométricos utilizados para averiguações,
é apresentada no capítulo 3.
Na seqüência, capítulo 4, são revelados os resultados de nossa pesquisa empírica. O
capítulo 5 é dedicado às conclusões, contribuições, limitações e sugestões para
C a p ít u lo 1
D E S E N V O L V I M E N T O E E V O L U Ç Ã O D E M O D E L O S
A L T E R N A T I V O S D E P R E C I F I C A Ç Ã O : C A P M , A P T E
C A R A C T E R Í S T I C A SzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Um dos mais importantes desafios da moderna teoria financeira é o de defmir a
relação entre risco e retomo esperado. O modelo moderno de fmanças baseia-se na
premissa de que os mercados de capitais são eficientes. Isso implica que
investimentos menos arriscados devem resultar, na média, em menores retornos.
Após décadas de pesquisas, permanecem dúvidas a respeito de como investidoreszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
i
estimam o risco de um fluxo de caixa futuro e como determinam o prêmio a serrequerido. A incapacidade da moderna teoria fmanceira em explicar retornos de
modo adequado abriu brechas para o fortalecimento da controversa teoria das.
fmanças comportamentais.
Este capítulo apresenta três abordagens diferentes da relação risco-retomo: o
tradicional Capital Asset Pricing Model, CAPM; um modelo multifatorial de risco;
compatível com o Arbitrage Pricing Theory, APT, e um modelo comportamental
baseado em características.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA -i
1 .1 C a p it a l A s s e t P r ic in g M o d e l, C A P M
1 .1 .1 I n t r o d u ç ã ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
desenvolvimento da análise média-variância e, posteriormente, do CAPMrepresentou uma linha divisória em finanças, acentuando sua característica
quantitativa. A importância do tema pode ser avaliada pelos Prêmios Nobel que
proporcionou: a Tobin em 1981, a Markowitz e Sharpe, em 1990. SHARPE (1964)
compartilha com LINTNER (1965) e MOSSIN (1966) o desenvolvimento da teoria.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
CAPM extrapolou o campo acadêmico, ganhando importância prática comoferramenta que relaciona diretamente risco a retomo esperado em contexto de
equilíbrio. Nas palavras de JAGANNATHAN e WANG (1996, p. 4), o CAPM é
largamente inserido entre as duas ou três grandes contribuições da pesquisa
acadêmica à gestão de investimentos desde o pós-guerra.
De acordo com o CAPM, em equilíbrio a taxa de retomo requerida de um ativo é
função linear da covariância dos retornos do ativo com os da carteira de mercado
(revisão da teoria pode ser encontrada em GRINBLATT e TITMAN, 2002, capo5):
De forma que:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
E [RJ = taxa de retomo esperada do ativosrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAi
E [Rm}zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA=taxa de retomo esperada da carteira de mercado Rf= taxa de retomo do ativo livre de risco
f3i=sensibilidade do ativo i ao risco de mercado;
fi
=cov(Ri. Rm) / varRmA teoria é desenvolvida com base em premissas bastante restritivas. O mercado de
capitais é perfeito, e isso implica que os investidores são completamente
informados; recebem e processam as informações ao mesmo tempo. Não existem
custos de transação, taxas nem regulamentos que restrinjam, por exemplo, vendas a
descoberto. O mercado está em equilíbrio e os investidores podem emprestar e
tomar emprestado à mesma taxa do ativo livre de risco.
Assume-se também que todos os investidores são racionais, significando que tomam
decisões ótimas, baseados nas informações disponíveis. Eles têm as mesmas
percepções das oportunidades de mercado, são avessos ao risco e maximizam a
riqueza terminal, de modo que o modelo é necessariamente de um período.
Definindo utilidade em termos de variância e retomo dos títulos, presume-se que os
investidores possuem função utilidade quadrática. Essa premissa é necessária para
garantir que a carteira de mercado está na fronteira média-variância eficiente.
As críticas ao CAPM vêm se acumulando. Uma das mais contundentes partiu de
ROLL (1977), que afirma que a impossibilidade de observar a carteira de mercado
na prática toma o modelo incapaz de ser testado teoricamente. Teriam que ser
incluídos na carteira ótima não apenas os títulos negociados em mercados de
capitais, mas todo o espectro de possibilidades de investimentos existente, inclusive
ativos fisicos. No aspecto empírico, a bibliografia a respeito de comportamentos dos
retornos, inexplicados dentro do contexto do CAPM, é vasta. O tema "anomalias"
será abordado no próximo tópico.ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .1 .2 A n o m a lia s d o C A P M
A partir da década de 70, começaram a surgir nos Estados Unidos artigos que
constatavam a existência das chamadas anomalias de precificação. Títulos com
características particulares proviam consistentemente retornos diferentes dos
previstos pelo CAPM.
Um dos primeiros relatos dessas anomalias foi feito por BALL (1978), que verificou
que as empresas de sua amostra tinham retornos anormais após a publicação dos
lucros e essa anormalidade persistia. BASU (1983) realizou estudos na mesma linha,
preço-lucro de sua amostra obtiveram maiores retornos do que aquelas em que essa
relação era alta.
ROSEMBERG, REID e LANSTEIN (1985) estudaram uma amostra de retornos
mensais no período de 1973 a 1980 e observaram que empresas cujas ações
ordinárias tinham alto valor contábil, em referência a valor de mercado (VCNM)
obtiveram retornos médios superiores aos de empresas com baixo VCNM, em
resultado .iãoexplicado dentro do contexto do CAPM.
BANZ (1981) mostrou que o tamanho das empresas (número de ações x preço)
ajudou a explicar os retornos mensais esperados em sua amostra no período de 1931
a 1975. Regredindo os retornos em relação a beta e tamanho, o autor observou a
existência de ligação estatística negativa entre retomo e tamanho, ligação essa
particularmente acentuada em empresas muito pequenas. O poder explanatório dos
betas nesse estudo se mostrou muito baixo. GRINBLATT e TITMAN (2002, p. 182)
comentam que, tradicionalmente, empresas de pequena capitalização possuem
desempenho superior ao de empresas com grande capitalização e que isso ocorre não
apenas nos Estados Unidos mas internacionalmente.
De acordo com AMlHUD e MENDELSON (1986), o efeito tamanho pode ser, ao
menos em parte, explicado pelos custos de transação, que reduzem
significativamente o preço das ações de empresas pequenas.
LAKONDISHOK e SHAPIRO (1986) encontraram evidências estatísticas de que
retornos de ações de empresas pequenas são afetados pela variância total dos
retornos, induzindo à quebra do paradigma de retomo em função de risco
sistemático.
BANDHARI (1983) ressaltou que a relação positiva entre alavancagem e retomo
médio também não é explicada pelo CAPM. FAMA (1981) argumenta que as
anomalias surgem porque as estimativas do beta são muito imprecisas. Neste caso,
alavancagem poderia ser uma proxy para os verdadeiros betas.
Foram ainda encontradas anomalias de retomo ao longo de uma série histórica. DE
BONT e THALER (1987) estudaram a estratégia de comprar e manter por três a
cinco anos ações de empresas que haviam tido desempenho fraco em igual período
de tempo no passado. O estudo mostrou um resultado superior ao de comprar e
manter uma carteira com ações de bom desempenho passado. Tal evidência foi
encarada pelos autores como conseqüência do comportamento irracional do
sobreavaliar as ações que apresentam histórico pregresso de lucros altos ou
subavaliar as que têm histórico de lucros baixos.
JEGADEESH (1990) documentou a existência de lucros significativos na estratégia
de comprar ações de empresas com desempenho fraco no mês anterior e mantê-las
por outro mês. O autor buscou indícios de que a reação retardada dos preços das
ações de empresas pequenas causaria autocorrelação serial negativa. Concluiu que a
reação retardada não é suficientemente relevante para ser explorada, atribuindo a
anomalia ao fato de os investidores reagirem de forma excessiva ao risco específico
das empresas.
JEGADEESH eihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAT I T M A N (1993) questionaram o comportamento de gestores de fundos de ações bem-sucedidos em estratégia oposta à preconizada pelos
pesquisadores: compravam e mantinham ações que haviam propiciado altos retornos
no passado. Observaram que a estratégia contrária (comprar "perdedores") funciona
bem para prazos de manutenção muito longos ou muito curtos. Para prazos
intermediários, de três a doze meses, comprar ex-ganhadores e vender perdedores
realizou retornos anormais significativos no período estudado, o que foi chamado de
efeito momento. Os autores ressaltaram que, após o período de manutenção de doze
meses, esse efeito começa a reverter-se. Em 2001 publicaram outro estudo, no qual oA
período de tempo da amostra foi estendido. Concluíram que o efeito momento
persistiu na mesma magnitude observada na pesquisa original.ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .1 .3 P o s s ív e is e x p lic a ç õ e s p a r a a s a n o m a lia s d o C A P M
Há concordância quanto à existência de anomalias de precificação, mas observam-se
controvérsias no que diz respeito a sua(s) causa(s). As possíveis explicações são: (1)
o mercado de capitais não é eficiente, (2) existe mais de um fator de risco e,
finalmente, (3) há problemas metodológicos nos testes realizados.
1 .I .3 a O m e r c a d o d e c a p it a is n ã o é e f ic ie n t e - f in a n ç a s c o m p o r t a m e n t a is
Um modelo é uma tentativa de representar, de modo simplificado, a realidade
econômica. As simplificações devem ser feitas de forma a tomar o modelo tratável
sem que seja perdida grande parcela de capacidade explanatória. Uma das
simplificações mais fortes da moderna teoria financeira é a idéia de que o homem é
um ser perfeitamente racional que, no processo de tomada de decisão, tem
capacidade de analisar todas as informações e ponderá-las de acordo com o grau de
importância. Com base no raciocínio, agentes econômicos objetivam e buscam
maximização de utilidade, defmida em termos de média-variância. Quanto mais os
investidores se esforçam na procura por títulos mal precificados, maiszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA\ I'
I'
completamente os preços refletem as informações disponíveis e, conseqüentemente,
maior será a eficiência do mercado.
Esse arcabouço teórico de finanças permaneceu em grande parte inconteste até o
[mal da década de 80, quando começou a apresentar sinais de desgaste devido à
detecção de anomalias dificeis de explicar dentro de contexto de racionalidade.
KEIN (19~3) relacionou o efeito tamanho ao período do ano. Estudando retornos
diários de ações ajustados para risco no período de 1963 a 1979, mostrou que
aproximadamente 50% da magnitude do efeito tamanho concentrou-se no mês de
janeiro, sendo 26% nos primeiros cinco dias úteis do ano. Um excesso de retomo
sazonal desse tipo dificilmente é relacionado a risco.
Os homens freqüentemente agem de maneira irracional e têm suas decisões
influenciadas por emoções e erros cognitivos. O campo de estudos das finanças
comportamentais busca identificar o modo corno emoções e erros influenciam o
processo de tornada de decisão por parte dos investidores e como esses padrões de
comportamento podem determinar mudanças no mercado. De acordo comzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
I
j
HALFELD e TORRES (2001), o grande desafio para os pesquisadores do terna está
em provar que tais anomalias de comportamento podem modificar o mercado de
forma previsível. Os modelos surgidos até o momento se limitam a explicar uma
anomalia em particular, dando argumentos aos opositores dessa teoria.
A despeito das limitações, as fmanças comportamentais vêm ganhando adeptos, que
propõem uma forma de eficiência adaptada de mercado, reconhecendo o desvio de
comportamento do alguns participantes e assumindo que os investidores racionais
detectam as oportunidades de arbitragem e lucram com os desvios de precificação,
mas são limitados em seu desejo ou sua capacidade de excluir precificação irracional
(a respeito, ver, por exemplo, DANIEL e TITMAN, 1999, DANIEL,
HIRSHLEIFER e SUBRAMANY AN, 2001 e HIRSHLEIFER, 2001).ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .1 .3 b E x is t e m a is d e u m f a t o r d e r is c o - m o d e lo s m u lt if a t o r ia is
Em defesa da hipótese de eficiência de mercado, FAMA e FRENCH (1993, 1996)
argumentam que as anomalias existem devido à inadequação do CAPM, e não da
hipótese de eficiência. De acordo com os autores, a movimentação dos retornos da
carteira de mercado não é suficiente para capturar toda a parcela de risco sistemático
dos ativos, pois nãozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAéa única fonte de correlação entre retornos de diferentes títulos; e modelos multifatoriais como o APT e o ICAPM (Intertemporal Capital Asset
JAGANNATHAN e WANG (1996) comentam que o risco sistemático das empresas
é função de sua fase no ciclo de negócios, tendendo a mudar ao longo do tempo. Do
mesmo modo, o prêmio pelo risco de mercado varia. O argumento dos autores é que
testes que não levam em conta as alterações em beta e retomo concluem
erroneamente que o CAPM não funciona.ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .1 .3 c P r o b le m a s m e t o d o ló g ic o s n o s t e s t e s
Na linha de considerar a possibilidade de as anomalias do CAPM serem causadas
por problemas metodológicos dos testes realizados, KOTHAR1, SHANKEN e
SLOAN (1995) mostraram que distorções significativas poderiam resultar do uso
dos bancos de dados da Compusat, que possui número desproporcional de empresas
com alto VC/VM que sobreviveram a falência, de modo que o retomo médio das
mesmas é superestimado. A análise sugere que desvios do CAPM podem ser
explicados por seleção de amostra viesada.
Imperfeições relacionadas à falta de liquidez,· que afetam mais severamente
empresas pequenas, também respondem, em parte, pelas anomalias. CORRA Y
(1992) comenta que ações infreqüentemente negociadas levam a estimativas de
betas subestimados. A distorção tende a desaparecer quando são utilizados
intervalos grandes de tempo no cálculo dos retornos. KOTHARl, SHANKEN e
SLOAN (1995) argumentam que intervalos de tempo longos como um ano devem
ser usados para minimizar os efeitos de distorções como negociação
não-sincronizada.
Para CONRAD e KAUL (1993), o retomo de longo prazo das estratégias contrárias
é viesado para cima por ser calculado utilizando-se retornos mensais de modo
cumulativo. O processo não somente acumula retornos verdadeiros mas também
erros de medida.ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .1 .3 d S u m á r io
Não é fácil distinguir se as anomalias de precificação do CAPM são causadas por
ineficiência de mercado, pela existência de mais de um fator de risco ou pela
ocorrência de problemas metodológicos nos testes realizados, mas as implicações da
distinção são importantes. Se a explicação correta é dada por modelos multifatoriais,
o custo de capital calculado pelo CAPM pode estar seriamente incorreto. Por outro
lado, se os desvios não são provocados por fatores sistemáticos, então deixar de
utilizar o CAPM em favor de modelos multifatoriais também pode levar a erros.
Caso as anomalias de precificação se originem na ineficiência do mercado, técnicas
desprezadas pelos acadêmicos tradicionais como a grafista podem conduzir a ganhos
1 .2 A r b it r a g e P r ic in g T h e o r y , A P TzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Um dos primeiros modelos multifatoriais de risco, o ICAPM, foi desenvolvido por
MER TON em 1973. O autor se baseou em premissa de equilíbrio e no argumento de
que investidores escolhem suas carteiras de modo a maximizar a utilidade de
consumo .sperada ao longo do período de sua vida, de modo que o modelo é
intertemporal. Merton mostrou que, se as oportunidades de investimento variam ao
longo do tempo, então investidores se preocupam também com a produtividade da
riqueza, e não apenas com a própria riqueza. Ao procurar reduzir sua exposição a
alterações na produtividade da riqueza, os investidores demandam hedge dos ativos
financeiros. Infelizmente o problema de consumo intertemporal e de escolha de
carteira é dificil de resolver, exceto nos casos triviais propostos por Merton. Como
vantagens do modelo, o ICAPM tem a simplicidade do CAPM, é consistente com o
conceito de maximização de utilidade e se mostra suficientemente robusto para
poder incluir outros efeitos além de mudanças nas possibilidades de investimento
futuras.
Uma abordagem multifatorial mais recente é o CAPM condicional de
JAGANNATHAN e WANG (1996). O modelo é mais parecido com o APT do quezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
com o CAPM tradicional e recai em modelos de dois ou três fatores incondicionais
de retornos esperados.ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .2 .1 D e s e n v o lv im e n t o in ic ia l d o A P T
A idéia por trás do APT - teoria criada por Stephen Ross e publicada em 1976 - é
que os preços, em um mercado com número suficientemente grande de ativos,
devem manter sua racionalidade, no sentido de que não devem existir grandes
oportunidades de arbitragem. As premissas iniciais são que o mercado de capitais é
perfeito, os investidores possuem expectativas homogêneas a respeito do retomo dos
ativos e o retomo randômico de todos os ativos é gerado por um modelo linear comsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
K fatores de risco sistemático:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
k
J)'r =E(J)r)+" b. Ir +êr
"7,
.1.".
~
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1,)). I,i=:
(2)
De forma que:
Ri,( =taxa de retomo do ativo i na data t
E( Ri,[) = retomo esperado do ativo i na data t. Para que esse termo da equação
represente o retomo esperado no título, é necessário que o valor esperado para os
fatores comuns seja nulo, E(Fj(t)) =O
\
b., = sensibilidade do ativo i ao
r:
fator comum. É a inclinação da reta dosI.,
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA=zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAvalor do fator/zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAsimo, comum ao retomo de um grande número de ativos, na datat
lij,1 =retomo idiossincrático do ativo i na data t;E(clt))= O
i= 1, N
Em notação matricial:
R = E +
BI
+e (3)R, E
e c
são os vetores de retornos realizados, esperados e idiossincráticos dos Nativos, respectivamente. B é a matriz das sensibilidades dos N ativos aos K fatores
de risco e
f
é o vetor dos valores dos K fatores.A partir do modelo multifatorial descrito, Ross adotou premissas adicionais que
possibilitaram assumir a existência de carteiras totalmente diversificadas: o número
de títulos analisado, N, é muito maior do que o de fatores, K; e o vetor de ruídos,
c,
ésuficientemente independente para que o risco idiossincrático seja eliminado das
carteiras. Uma condição suficiente, mas não necessária, para que isso ocorra é que
os retornos idiossincráticos dos títulos sejam mútua e estocasticamente não
correlacionados e que possuam variâncias finitas.
Caso não exista oportunidade de arbitragem, qualquer carteira que tenha
investimento nulo e não envolva risco deve ter, em média, retomo nulo. Vamos
verificar as condições para que não existam oportunidades de arbitragem sem risco
montando uma carteira com investimento total nulo. SejasrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1Jum vetor (NzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAx 1) dos
pesos dos Nativos no investimento total da carteira:
(4)
Assumindo que a carteira 1Jé diversificada, podemos considerar eliminado o risco
idiossincrático. O retomo da carteira é obtido multiplicando-se a equação 2 por 1J':
R,
=l1'R=l1'E+(l1'B)f +l1'eRczyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA== l1·'E +(l1'B)f
(5)
Montando a carteira de arbitragem de modo que ela também não possua risco
sistemático, temos:
1J'B =0 (6)
Das equações acima, conclui-se que:
De acordo com a equação 7, uma carteira que tenha investimento nulo e não possua
risco proverá retomo certo. Este portfólio será construído até que a oportunidade de
lucro seja eliminada, isto é, não exista oportunidade de arbitragem:srqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1J'EzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA=zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAO (8)
Dessa forma, se o investimento na carteira é nulo e 1Jortogonal a B (equação 6), 1J
deve ser também ortogonal a
E
(equação 8). De álgebra linear, isso somente poderáocorrer se E puder ser escrito como uma combinação linear de In e de bi' s. Esta
relação nos fornece o retomo ex ante esperado:
(9)
Pode-se interpretar Âocomo o retomo do ativo livre de risco e os ;~ são, em essência,
os prêmios pelo risco. A equação 9 mostra que não existe remuneração ligada ao
risco diversificável e que é requerido retomo extra compatível com a sensibilidade
dos títulos aos fatores de risco. Dois títulos (ou carteiras) com o mesmo nsco
sistemático, medido pelos seus bi.j, serão substituíveis, devendo ter
aproximadamente o mesmo retomo esperado para que não existam oportunidades de
arbitragem.
A teoria possui pontos fortes: não faz premissas a respeito da distribuição dos
retornos dos ativos, a respeito da função utilidade dos investidores individuais nem
tampouco a respeito da carteira de mercado. Além disso, permite a existência de
mais de uma fonte de risco sistemático.
As premissas fracas, no entanto, impõem ônuszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà aplicabilidade do modelo. A
equação 9 é uma inequalidade:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBATJ'
e
= O apenas no limite, quando N tende ao infmito.Note-se que a aproximação pode implicar uma grande discrepância apenas para um
pequeno número de ativos, pois, caso exista apenas um ativo mal precificado na
economia, investidores que desejem tirar proveito da possibilidade de arbitragem
deverão montar carteiras com peso representativo no referido ativo, ficando
expostos a seu risco idiossincrático. A possibilidade de arbitragem apenas será
eliminada quando houver uma quantidade de títulos mal precificados suficiente para
montar carteiras diversificadas com eles. Pode-se então dizer que uma relação linear
entre os retornos esperados dos ativos vale aproximadamente para a maioria dos
ativos.
CAMPBELL, LO e MACKINLAY (1997, p. 220) comentam a impossibilidade de
rejeitar uma teoria que provê uma relação aproximada entre os retornos esperados
dos ativos e um número indefinido de fatores de risco desconhecidos. É necessário
que se faça maior número de premissas a fim de que seja viável testar o APT. Esse é
1 .2 .2 E x t e n s ã o t e ó r ic azyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAAPT é baseado no raciocínio de que erro idiossincrático representa nscodiversificável e por esse motivo não deve afetar retornos. Ocorre que, em uma
economia fmita, o conceito de diversificação funciona apenas aproximadamente.
Essa relação aproximada causou contestações ao modelo e levou a uma extensiva
série de pesquisas e estudos visando mensurar e/ou limitar a dimensão dos possíveis
erros.
Em seu trabalho original, Ross colocou a restrição de que os erros idiossincráticos
entre os ativos não devem ser correlacionados. A matriz de covariância de retornos é
dada por:srqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
v=
BLB' +J:
DOnde:
B é a matriz (NzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAx K) da sensibilidade aos fatores
L é a matriz (K x K) de covariâncias entre fatores comuns e
2:Dé a matriz (N x N)de covariâncias dos retornos idiossincráticos
Na estrutura estrita assumida por Ross, a matriz
J:
D somente possui valoresnão-(10)
nulos na diagonal.
CONNOR (1984) desenvolveu uma versão em equilíbrio do APT, da qual o CAPM
é um caso especial, tendo como objetivo uma estrutura de fatores estrita. O autor
colocou as premissas adicionais de que os fatores são pervasivos e de que a carteira
de mercado é bem diversificada, de modo que nenhum ativo individual seja
responsável por proporção significativa da riqueza agregada da economia. A
premissa de que os fatores são pervasivos permite aos investidores eliminar o risco
idiossincrático sem restringir sua escolha à exposição aos fatores de risco.
INGERSOLL (1984) comenta que para obter resíduos não-correlacionados deve-se
adotar um número muito maior de fatores do que seria o caso, aceitando a
ocorrência de erros "pequenos" de aproximação. O conceito de fatores pervasivos
fica distorcido, e a utilidade prática da teoria também, já que, mantido o critério, o
número de fatores a ser considerado cresce com o tamanho da amostra.
CHAMBERLAIN e ROTSCHILD (1983) buscaram avaliar a aproximação gerada
pela desigualdade da equação do APT, impondo limites nos erros através da
defmição de um modelo que permite correlação fraca entre os retornos dos ativos. A
abordagem foi chamada aproximada, em contraposição à abordagem estrita de Ross.
CHEN e INGERSOLL (1983) buscaram identificar características em uma
equação de precificação exata. Mostraram que, se existir uma carteira cujo retomo
não tenha risco sistemático e que seja considerada ótima por um investidor com
função utilidade continuamente diferenciável, crescente e estritamente côncava, a
equação de precificação se tomará exata.
Outra versão do APT baseada no argumento de equilíbrio foi apresentada por
GRIMBLATT e TITMAN (1983). Impondo restrições realistas à preferência dos
investidor :..;s,os autores mostraram que existe limite relativamente pequeno para os
erros de precificação, que por isso são negligenciáveis.
A evolução da teoria apresentada no presente tópico justifica que testes empíricos
sejam baseados na relação exata de precificação.ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .2 .3 E s p e c if ic a ç ã o d o s f a t o r e s d e r is c o
De acordo com o Arbitrage Pricing Theory, existe um número indeterminado de
fatores desconhecidos. Essa indefinição gera dúvidas a respeito da utilização prática
da teoria, mas, em contrapartida, permite grande flexibilidade na escolha dos fatores
do modelo linear. Nas palavras de GRINOLD e KAHN (1994, p. 60), tudo que não é
proibidozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAépermitido.
o
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAgrande desafio aos testes empíricos do APT é a seleção dos fatores. Testes dateoria devem testar conjuntamente o APT e se os fatores escolhidos capturam a
covariância entre retornos de ações. Existem basicamente três grupos de modelos
multifatoriais, classificados de acordo com o modo como abordam o problema de
identificação dos fatores: macroeconômicos, estatísticos ou fundamentais.
CONNOR (1995) ressalta que a existência de três abordagens não é inconsistente
com a teoria, posto' que os fatores são simplesmente rotações um do outro. E as
abordagens não são exclusivas, ou seja, é perfeitamente possível utilizar em um
mesmo modelo fatores fundamentais e macroeconômicos, como fizeram FAMA e
FRENCH (1993), por exemplo.ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .2 .3 a F a t o r e s e s t a t ís t ic o s
São estatísticas mutáveis extraídas da covariância dos retornos das ações em séries
temporais de amostras. Não possuem significado econômico, de modo que sua
aplicação prática é limitada. Seu ponto forte é que oprocesso de extração toma mais
dificil a escolha involuntária de fatores não-pervasivos. Existem basicamente dois
procedimentos utilizados na extração dos fatores: análise fatorial e análise dos
Em análise fatorial, a covariância entre as variáveis é distribuída aos fatores, que são
extraídos de modo a maximizar a explicação do conjunto inteiro. A técnica assume
implicitamente que os retornos idiossincráticos não são correlacionados, ou seja,
assume a estrutura fatorial estrita proposta originalmente por Ross. Apenas a
variância idiossincrática, única de cada ativo, é excluída da análise. Vários conjuntos
de fatores são solução do problema. Criam-se, via de regra, restrições de
independência dos fatores e variância única.
ROLL e ROSS (1980) desenvolveram um dos primeiros estudos empíricos
utilizando análise fatorial na matriz de covariância dos retornos de 42 grupos, cada
um com 30 títulos. A limitação do número de ações se deveu a restrição
computacional. No primeiro passo foram extraídos os fatores e as sensibilidades,
utilizados no segundo passo para calcular os prêmios pelo risco. Os autores
encontraram ao menos três, possivelmente quatro, fatores precificados, baseados em
testes de significância individuais f-estatísticos.
SHANKEN (1982) comenta a inadequação da análise fatorial para testar o APT
quando a matriz de covariância da amostra não é representativa da matriz de
covariância do mercado. O autor identificou a possibilidade de obter diferentes
estruturas de fatores agrupando ativos de modo diverso.
DHRYMES, FRIEND e GUTELKIN (1984) e DHRYMESsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAet aI. (1985) também
arrolaram críticaszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà técnica de extração utilizada nestes primeiros estudos: (1) aplicar análise fatorial em pequenas parcelas de ações não é equivalente a aplicar a
técnica em um grupo grande de títulos (porque em pequenas amostras a lei dos
grandes números não se aplica); (2) o número de fatores extraídos é sensível ao
procedimento de agrupamento, ao número de títulos analisado e ao número de séries
temporais utilizadas na extração; 3) devido à indeterminação da técnica, o único
teste não-ambíguo que pode ser feito é se umzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAgrupo de fatores possui prêmio nulo.
ROLL e ROSS (1984) respondem às críticas afirmando que os fatores de risco são
causados por ocorrências econômicas reais e concretas. Quanto ao processo de
extração dos fatores, pode ocorrer que os não-pervasivos sejam extraídos, mas terão
prêmio nulo.
CHEN (1983) e LEHMAN e MODEST (1988) utilizaram procedimentos que
permitiram aplicar análise fatorial em grupos muito maiores de títulos. Os autores
estavam particularmente interessados em verificar se os fatores do APT conseguiam
explicar o efeito tamanho. Chen concluiu que, após considerar as diferenças em
termos de sensibilidade aos fatores, o prêmio por tamanho se toma desprezível.
permanece inexplicado pelo APT, mesmo sendo utilizados 15 fatores extraídos
estatisticamente .
A análise dos componentes principais, ACP, é um processo de extração de fatores
alternativo à análise fatorial e computacionalmente mais simples. A principal
diferença entre os dois processos é a abordagem dada ao risco não-sistemático. A
análise fatorial separa o risco idiossincrático ao mesmo tempo que extrai os fatores,
enquanto a ACP extrai a variância máxima do conjunto de variáveis a cada
componente criado. A dificuldade do processo de análise dos componentes
principais é a determinação do ponto em que se deve parar de extrair fatores, pois,
coerentemente com a abordagem aproximada de retornos, a técnica permite que
exista fraca correlação entre as parcelas idiossincráticas dos retornos de alguns
ativos.
CHAMBERLAIN e ROTHSCHILD (1983) fizeram o pnmeiro estudo clássico
utilizando a análise dos componentes principais. Mostraram que as sensibilidades
aos fatores obtidos através da técnica convergem para as observadas na análise
fatorial. CAMPBELL, LO e MACKINLAY (1997, p. 238) questionam a
aplicabilidade da técnica, já que é assintótica e requer que o número de ativos e de
séries temporais tenda ao infmito.
CONNOR e KORAJCZYK (1986, 1988) prosseguiram o estudo de Chamberlain e
Rothschild, estendendo a técnica para que os principais componentes convirjam
mais rapidamente em estudos empíricos realizados com amostras menores.
GARRET e PRIESTLEY (1997) realizaram teste com o APT no mercado inglês
com o objetivo de identificar se o retomo dos ativos seria formado por estrutura
fatorial exata ou aproximada. Concluíram que a estrutura de fatores aproximada é
mais adequada para descrever o retomo dos ativos.ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .2 .3 b F a t o r e s m a c r o e c o n ô m ic o s
Variáveis macroeconômicas, definidas de acordo com indicações fornecidas pela
teoria financeira, são utilizadas comozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAproxies para fatores comuns. São escolhidas as
que melhor explicam o comportamento observado de retomo das ações. Esse tipo de
fator viabiliza a ligação entre causa macroeconômica e efeito nos retornos dos
ativos, facilitando o gerenciamento de carteiras e tomando a teoria útil na prática.
Mas a flexibilidade permitida pela abordagem pode ser perigosa, pois as relações
medidas entre retornos e fatores econômicos pode ser característica de uma amostra
Existem dificuldades práticas associadas ao processo de definir fatores
macroeconômicos:
- CadazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAproxy tem que medir as mudanças inesperadas dos fatores relevantes, o
que toma alguns fatores potencialmente importantes, como por exemplo as
mudanças políticas, extremamente dificeis de extrair.
- A utilização de variáveis parcialmente predizíveis, como preços de
combustíveis, deve ser feita de modo a selecionar a parcela predita e a
não-predita. Caso isso não seja feito, poderá ocorrer um erro em variáveis, que
toma o teste estatístico inútil.
- Muitos dados macroeconômicos somente são disponíveis mensalmente, o que
elimina a possibilidade de utilizar retornos semanais ou diários.
Um dos estudos pioneiros na utilização de fatores macroeconômicos foi feito nos
Estados Unidos por CHEN, ROLL e ROSS (1986). Os autores utilizaram a equação
de precificação de ações do modelo de capitalização de dividendos para extrair a
intuição sobre que fatores adotar. Segundo eles, o retomo de ações é influenciado
por qualquer informação macroeconômica que afete a percepção dos investidores a
respeito do futuro nível de dividendos ou da taxa de desconto utilizada. Propuseram
seis fatores relevantes, identificando proxies para cada um deles:
1. Risco de confiança, medido pelas alterações na diferença entre as taxas de
retomo requeridas para bonds de empresas e as taxas governamentais.
2. Risco de horizonte temporal, que mostra alterações na estrutura a termo de
taxas de juros. É medido pelas mudanças nozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAspread entre o retomo requerido
em títulos governamentais de longo prazo e o de curto prazo.
3. Risco de nível de preços, medido pela diferença entre as taxas de retomo
reais e as esperadas. Taxas de inflação inesperadamente altas ou baixas
alteram o valor de grande parte dos contratos.
4. Risco de ciclo de negócios, referente a mudanças inesperadas no nível de
produção, que alteram as expectativas dos investidores a respeito dos lucros
das empresas. É medido pelas mudanças na taxa mensal de crescimento do
produto interno bruto.
5. Risco de mudança da inflação esperada, medida por alterações nos yieldsde
T-Bills de curto prazo. Alterações da inflação esperada afetam políticas
governamentais, taxas de juros e o nível de confiança dos consumidores.
6. Risco de preço do petróleo. A justificativa dos autores para incluir choques
no preço do petróleo como proxy para fator de risco é que eles são
freqüentemente mencionados como sendo um importante fator econômico.
Os autores propuseram duas abordagens para obter movimentos inesperados: (1) em
casos nos quais os dados históricos continham baixa correlação serial, estes podiam
ser utilizados diretamente como inovações; (2) se os dados apresentassem alguma
tendência, os autores adotavam as mudanças das taxas de crescimento como
pelo nsco e na inflação possuíam prêmios pelo nsco significativos. Eles
encontraram fraco suporte para os fatores de inflação.
CHAN, CHEN e HISIEK (1985) usaram o APT para testar o efeito tamanho.
Empregaram a metodologia e aszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAproxies para fatores utilizados por CHEN, ROLL e
ROSS (1986), embora em amostra com período de tempo diferente. Concluíram que
o modelo multifatorial consegue explicar a "anomalia".
JAGANNATHAN e WANG (1996) consideram a possibilidade de que betas e
prêmios pelo risco mudem ao longo. do tempo. Os autores utilizaram os
macrofatores de CHEN, ROLL e ROSS (1986), além de um fator adicional, o lucro
agregado ao trabalho, para prever as mudanças temporais nos prêmios pelo risco
associados a esses fatores e explicar o retomo médio de ações.
PRIESTLEY (1996) comenta que a abordagem adotada no artigo de CHEN, ROLL
e ROSS (1986), de captar as mudanças das taxas de crescimento, entre outros
fatores, resulta em componentes inesperados autocorrelacionados, não preenchendo
o requisito de ser inovações. O autor propõe o uso do filtro de Kalman, que captura
componentes não-antecipados que são inovações.
34zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .2 .3 c F a t o r e s f u n d a m e n t a iszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
São defmidos através de carteiras formadas com base em características associadas a
alto ou baixo retomo de ações. O fato de os preços das ações de empresas com
características similares tenderem a se mover do mesmo modo sugere que essas
empresas compartilham um fator de risco comum, salientado no processo de
formação da carteira.
A análise das características de empresas com altos retornos fornece indícios da
natureza dos fatores de risco. Características são dados fáceis, baratos e
relativamente estáveis. Possuem, no entanto, o problema de conter em sua maioria
dados contábeis sujeitos a restrições - as quais são particularmente severas no
Brasil, devido ao efeito da inflação sobre os demonstrativos contábeis do período
anterior à correção monetária integral e a particularidades como a reavaliação de
ativos.
Covariâncias podem mudar ao longo do tempo, de modo que as carteiras têm de ser
rebalanceadas periodicamente para manter suas peculiaridades. Por esse motivo,
teoricamente, carteiras montadas com base em características provêm melhoreszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
proxies para fatores comuns do que carteiras montadas por técnicas estatísticas. Por
este método não estará selecionando os fatores que realmente explicam as
covariâncias entre títulos, mas simplesmente isolando carteiras de ações que os
mercados financeiros estão precificando erroneamente.
Em artigo publicado em 1992, FAMA e FRENCH fizeram testes em 10 carteiras
formadas pelo critério tamanho. Comprovaram a existência de relação positiva entre
beta e retomo médio das carteiras. Aprofundando o estudo, identificaram alta
correlação entre os betas das carteiras e seu tamanho. Para destrinchar qual variável,
beta ou tamanho, possui capacidade explicativa, os autores montaram para cada uma
das 10 carteiras agregadas de acordo com o tamanho 10 subcarteiras selecionadas
em função do seu beta. Com base no estudo das 100 carteiras, comprovaram a
permanência da relação entre tamanho e retomo. O beta, controlado pela variável
tamanho, não apresentou capacidade explicativa. Os autores também fizeramzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
,
regressões simples e múltiplas das variáveis fundamentais sobre as 100 carteiras
acima, concluindo que as variáveis tamanho e VC/VM influem na rentabilidade das
ações. Resultado similar foi obtido por JEGADEESH (1992).
CHAN e CHEN (1991) argumentam que empresas pequenas tendem a ser marginais
- têm menor eficiência produtiva e alta alavancagem financeira. Os autores sugerem
que tamanho pode ser um fator de risco não capturado pelo CAPM, pois as empresas
pequenas estão propensas a ter maiores dificuldades financeiras em períodos
recessivos do que as grandes. JENSEN, JOHNSON e MERCER (1997) mostraram
que as anomalias de alto retomo para ações de empresas pequenas e de baixo valor
contábil ou de mercado ocorrem em períodos específicos: épocas de política
monetária expansiva. Como autoridades monetárias utilizam taxas de juros para
reanimar a economia em recessão, esse estudo é coerente com os argumentos de
Chan e Chen. Investidores racionais exigem maiores retornos para aceitar risco
adicional associado a empresas pequenas e de baixo VC/VM em períodos
recessrvos.srqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
FAMA e FRENCH (1993, 1996), mantendo-se fiéiszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà premissa de eficiência do mercado de capitais, propuseram um modelo multifatorial em que o excesso de
retomo de três carteiras foi utilizado comozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAproxy para fatores: o retomo da carteira
de mercado excedente ao do ativo livre de risco; a diferença entre o retomo de ações
das empresas pequenas e o das grandes; e a diferença entre o retomo de empresas
com baixo VCNM e as com alto VCNM. O beta foi mantido no modelo pelo seu
alto embasamento teórico. Os autores concluíram que o modelo pode ser utilizado
como bom preditor da rentabilidade média das ações, além de absorver parte das
anomalias relacionadas ao CAPM. Uma exceção é o efeito momento.
Em crítica ao modelo de Fama e French, MACKINLA Y (1995) comenta que, ex
retomo, mesmo que a real explicação das anomalias não seja a falta de fatores de
risco. Até porque no APT os fatores não têm explicação teórica. Mackinlay sugere o
estudo de alternativas não baseadas em risco para a explicação das anomalias do
CAPM. Mas, de acordo com a argumentação do autor, seria improvável obter o
mesmo tipo de anomalia em outros mercados. ROUWENHORST (1999), no
entanto, encontrou evidências da existência dos efeitos tamanho, VC/VM e
momento em 20 países subdesenvolvidos.
HIRSHLEIFER (2001) também questiona a visão tradicional de racionalidade dos
preços dos ativos, propondo que retomo esperado é relacionado a risco e a erros de
precificação. LAKONDISHOK, SHLEIFER e VISHNY (1994) e HAUGEN (1996)
argumentam que a anormalidade dos retornos obtidos com ações de alto VCNM
não é devida a risco exclusivamente. De acordo com os autores, as de baixo VC/VM
- ações de crescimento - são mais glamourosas e atraem mais investidores
ingênuos, o que produz o aumento do preço e a queda do retomo desses papéis. Em
ambos os estudos, admite-se que pode haver um fator de risco associado às ações de
alto VC/VM, mas julga-se que o prêmio relativo
a
carteiras montadas comozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAproxydesse fator de risco seria muito grande e a sua covariância com os macrofatores
muito baixa para ser considerada compensação por risco sistemático.
BRENNAN, CHORDIA e SUBRAHMANYAN (1998) exammaram se
características como tamanho, VCNM, momento e taxa de distribuição de
dividendos têm capacidade marginal de explicar retornos em relação aoihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAA P T
utilizando fatores determinados pelo processo estatístico de componentes principais
proposto por CONNOR e KORAJCZYK (1988) e pelo modelo de três fatores de
FAMA e FRENCH (1993). Tamanho e VCNM têm importância residual após o
ajuste pelo risco com fatores estatísticos de Connor e Korajczyk, ao passo que o
modelo de Fama e French atenua bastante esse efeito. Há grande evidência da
existência de momento nos retornos antes e depois do ajuste pelo risco. Os autores
encontraram uma forte relação negativa entre retomo médio e volume de
negociação, que é consistente com a existência de prêmio pela liquidez no preço dos
ativos.
1 .2 .3 d C o m p a r a ç ã o e n t r e o s t r ê s t ip o s d e f a t o r e s
G R I N O L D e KAHN (1994, p. 63) comentam que os fatores escolhidos devem
possuir três qualidades: (1) ser incisivos, tendo capacidade para diferenciar retornos;
(2) ser relacionáveis a dimensões reconhecíveis e interpretáveis do mercado; (3) ser
o
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAmodelo de fatores macroeconômicos é o mais capaz de incrementar nossoentendimento de precificação de ativos, estabelecendo ligações entre economia real
e retornos esperados.
CONNOR (1995) testou o desempenho de modelos estatísticos comparativamente a
modelos fundamentais, chegando à conclusão de que os fatores fundamentais
superam ligeiramente os estatísticos em termos de capacidade explanatória. O
resultado é surpreendente, pois os modelos estatísticos são construídos de modo a
otimizar os fatores. Segundo o autor, fatores fundamentais contêm um volume muito
grande de informações implícitas, que capturam de modo mais preciso o risco das
empresas.ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .3 M o d e lo c o m p o r t a m e n t a l d e c a r a c t e r ís t ic a s
Em contraposição aos modelos multifatoriais de Fama e French, DANIEL e
TITMAN (1997) argumentam que são as características das empresas, e não sua
sensibilidade a risco, que direcionam retomo. A idéia central é que os investidores
não exigem maior retomo como compensação por maior risco, medido pelo beta;
antes têm aversão, por exemplo, a empresas com baixo VC/VM e exigem maior
retomo para investir nas mesmas, independentemente da sensibilidade ao fator.
Agrande dificuldade de comprovar a hipótese é que, via de regra, empresas com alta
sensibilidade ao fator de risco VCNM (alta covariância com empresas que têm esse
tipo de característica) têm também alto VCNM. Os autores mostraram evidências
de que, controlados os efeitos tamanho e VCNM, os retornos não são relacionadoszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà sensibilidade aos três fatores de FAMA e FRENCH (1993).ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 .3 .1 C a r a c t e r ís t ic a s o u c o v a r iâ n c ia s ?
Para verificar se características ou covariâncias determinam retomo esperado,
Daniel e Titman investigaram se carteiras com características similares mas
diferentes sensibilidades aos fatores obtinham retornos diferentes. Nesse contexto,
retornos diferentes apontam para a supremacia do modelo multifatorial de Fama e
French e retornos similares para a hipótese de que características, e não fatores,
explicam risco.
MODELO 1
Este é consistente com a visão de Fama e French, existindo fator de nsco de
falência.
Formalmente:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
k
r.,
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA=E(r;,t) +srqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAL
bi,j fj,t +()i,t-I .fD,t +Ci,tj=1
(11)
De forma que:
Ci,! ~
N( O,a;)
j~,t ~
N(O,l)
bi.j=sensibilidade do ativo i ao
r:
fator comumfj,t =retomo do fatoristmo na data t
Bi.t-I =sensibilidade do ativo i ao fator de falência
fD,t =retomo do fator de falência na data t
N a equação 11, umaproxy para
B
;.1-1 poderia ser VCNM. Esse valor muda à medidaque a empresa se aproxima ou se afasta do risco de falência. Caso não existam
empresas que permaneçam constantemente sob risco de falência, um modelo
puramente estatístico não conseguirá captar essa mutabilidade. Nesse modelo
fatorial, o retomo esperado é função linear da sensibilidade aos fatores:
k
s.,
(li,t) ==r/,t +L
bj,jÀj,t +()U-I,ÂDj=1
(12)
MODELO 2
Aqui assume-se que não existe fator de risco em separado e que a matriz de covariância dos retornos é estável. Isso significa que a sensibilidade aos fatores (betas) se mantém constante:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
k
rI,t
=
E(r .)1, zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA+"bL.. l,l.fr,1+8t,1srqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAj=l
(13)
De forma que:
8;,1-7
N( O,a~)
~,I -7
N(O,l)
k
E(Ij,l) =
r.,
+Lb;,fAj,t-l j=l(14)
o
modelo assume que o prêmio pelo risco dos fatores muda com o tempo.MODELO 3
Este segundo modelo alternativo é baseado em características. Nele, ações com alto VCIVM têm prêmio pelo risco que não é relacionado com a matriz de covariância. É, portanto, inconsistente com o APT, pois permite arbitragem assintótica.
k
r.,
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA=E(Ij,t)zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA+srqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAL
bi,j fj,t +&i,1 j=1(15)
De forma que:
&i,t ~
N(
O,CT~)
~,I
~N(O,l)
Nesse modelo não são as sensibilidades a fatores que descrevem retornos esperados,
mas as características:
E(Ij,t)
=
a+C1(Ji,t-I (16)Prêmios são exigidos de todas as companhias com alto VC/VM, independentemente
de sua sensibilidade ao fator. Adotando-se o exemplo de uma empresa farmacêutica
que tenha alto VC/VM por não ter sido bem-sucedida na pesquisa de novos
produtos, pode-se afirmar que, de acordo com os modelos 1 e 2, essa empresa não
deveria pagar prêmio, pois seu risco é idiossincrático. Segundo o modelo 3, a mesma
organização deve exibir prêmio pelo risco, pois tem. a característica alto VCNM. As
evidências empíricas encontradas por Daniel e Titman são coerentes com o modelo
3, de características.
1.3.2 Testes empíricos - características ou covariâncias
DANIEL e TITMAN (1997) fizeram estudo empírico montando carteiras com base
em características (tamanho e VCNM), posteriormente segmentadas em
subcarteiras com base nos betas de período precedente. Obtiveram subcarteiras com
tamanho e VCNM similares, mas diferentes sensibilidades (betas) a esses fatores.
Na amostra testada com os mesmos dados utilizados por Fama e French em 1993, os
autores encontraram evidências de que são características, e não sensibilidades a
fatores, que determinam risco.
DAVIS, FAMA e FRENCH (2000) repetiram a comparação entre os dois modelos
no mercado norte-americano em período muito mais longo, de 1929 a 1997.
Concluíram que o modelo multifatorial consegue explicar melhor que o de
características o prêmio, apesar de não terem conseguido rejeitar o de características.
DANIEL, TITMAN e WEI (2001) estudaram as ações ordinárias do mercado de
capitais japonês no período de 1975 a 1997 e rejeitaram o modelo trifatorial, mas
não o de características. O modelo de características proposto por Daniel e Titman
reforçou as dúvidas a respeito da possibilidade de explicar o retomo médio através
de medidas de risco, além de reforçar novo campo de estudos, o das finanças
1 .4 S u m á r iozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBACAPM é o modelo fundamental de precificação. Ao longo das décadas quesucederam ao desenvolvimento do modelo, muitas anomalias foram descobertas.
Tamanho, VCNM, alavancagem, sobre-reação e momento estão entre as mais
importantes. Não existe consenso sobre o que as explica.
Há autore; que defendem o CAPM. Para eles as anomalias senam distorções
ocorridas no processo empírico, isto é, os problemas seriam causados por distorção
da amostra, falta de liquidez, custos de transação e/ou problemas metodológicos.
\
Outra vertente de explicações para as anomalias considera que o mercado não é
eficiente e oferece oportunidades de arbitragem para investidores racionais. Daniel e
Titman propõem o modelo de características nessa linha. A idéia central é que
características são relevantes para retomo esperado.
Alguns autores propõem que as anomalias são causadas por risco e explicadas em
modelos multifatoriais. O ICAPM de Merton, o APT de Ross e o CAPM
condicional de Jagannathan e Wang seguem essa linha.
Existem três modos alternativos de defmir fatores de risco no APT. Esses fatores
podem ser macroeconômicos, estatísticos e fundamentais.