PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM FILOLOGIA E LÍNGUA
PORTUGUESA
Estudo da polifonia nas notícias da Folha de S. Paulo
relativas à educação
Tânia Aiko Aragute
Orientadora: Profa. Dra. Maria Lúcia C. V. O. Andrade
São Paulo
PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM FILOLOGIA E LÍNGUA
PORTUGUESA
Estudo da polifonia nas notícias da Folha de S. Paulo
relativas à educação
Tânia Aiko Aragute
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Filologia e Língua
Portuguesa, do Departamento de Letras
Clássicas e Vernáculas, da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da
Universidade de São Paulo, para a obtenção
do título de Mestre em Letras.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Lúcia C. V. O. Andrade
São Paulo
Agradeço à minha orientadora, Maria Lúcia C. V. O. Andrade que com muito
carinho, dedicação, companheirismo e paciência me conduziu desde a minha iniciação
científica, na graduação até o fechamento desta dissertação.
Aos membros de minha banca de qualificação, Professores Doutores Paulo
Eduardo Ramos e Alessandra Castilho Ferreira da Costa pelas sugestões feitas durante o
exame.
Agradeço, também previamente aos Professores Doutores Paulo Eduardo Ramos
e Ana Rosa Ferreira Dias por gentilmente fazerem parte da minha da minha banca de
defesa.
Agradeço de forma carinhosa e especial a Franciny, Rafaela e Renata pelos
conselhos e opiniões dado ao longo do desenvolvimento do trabalho.
A Mariana pelas fotos tiradas dos jornais e pelas tardes passadas comigo no
Banco de Dados da
Folha de S. Paulo
para a compilação do
corpus
.
Ao meu amigo Thiago presente tanto nos meus problemas pessoais quanto aos
de informática durante a feitura deste trabalho.
A Edite da Secretaria da Educação da Prefeitura de Guarulhos, sem ela não seria
possível a freqüência nas disciplinas do mestrado, ela sempre compreendeu a minha luta
e a vontade de finalizar esta dissertação.
ARAGUTE, Tânia Aiko (2011).
Estudo da polifonia nas notícias da Folha de S. Paulo
relativas à educação.
Dissertação de Mestrado (Filologia Portuguesa). São Paulo:
FFLCH/ USP.
Nesta dissertação, temos por objetivo estudar a polifonia em notícias
relacionadas à Educação, publicadas no jornal
Folha de S. Paulo
, nas décadas de 1930,
1940, 1970 do século XX e na primeira década do século XXI, sob a perspectiva teórica
da Análise Crítica do Discurso. Para tanto, foram selecionadas 30 notícias com o
objetivo de investigar a construção argumentativa do texto, a partir da inserção de outras
vozes presentes, bem como os atores sociais responsáveis por tais declarações.
Considerando que a polifonia é uma categoria que vai além da simples introdução de
uma voz ou de um efeito de autoridade no texto, analisaremos o uso dos discursos direto
e indireto. No discurso direto, marcado pelas aspas, o enunciador se apropria da fala do
ou
tro e a “transcreve” para talvez se ter
um maior distanciamento do que é dito. Já o
discurso indireto é entremeado pela fala do ator social, sem o uso das aspas, no qual o
enunciador disserta, com suas próprias palavras, sobre o que foi dito pelo outro. Nesse
jogo de vozes e atores os discursos inseridos nas notícias formam um processo
argumentativo, pois o simples fato de o enunciador escolher uma declaração e não outra
implica uma estratégia argumentativa.
ARAGUTE, Tânia Aiko. Polyphony in news stories on education from Folha de S.
Paulo. Master's Thesis (Portuguese Philology). São Paulo: FFLCH/ USP.
This research aims to study polyphony in news stories related to education, as published
in the newspaper Folha de S. Paulo, in the 1930s, 1940s, 1970s, and in the first decade
of the 20th century, under the theoretical framework of the Critical Discourse Analysis
(CDA). We have selected 30 news stories to investigate the construction of arguments
from the different voices in the text, in addition to social actors uttering such statements.
Based on the idea that polyphony is a linguistic construction that goes beyond the mere
introduction of different points of view in the utterance, or authority effects of the text
self, we analyze the use of quoted and reported speeches. In quoted speech, which
appears within quotation marks, we say exactly what someone has said word by word to
attain a detachment effect from what is said. On its turn, reported speech does not use
quotation marks to enclose what the person said and it does not have to be word by
word, and when reporting someone else's speech we are usually talking about a time in
the past. In this game of voices and actors, the discourse inserted into news articles
make up an argumentative process because by simply uttering one thing and not another
Implies an argumentative strategy.
ACD
–
Análise Crítica do Discurso
FSP -
Folha de São Paulo
CAPÍTULO 1: HISTÓRIA E JORNALISMO ... 6
1.1 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1930 ... 6
1.1.1 - Getúlio Vargas sobe ao poder ... 8
1.1.2 -Tenentismo ... 8
1.2 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1940 ... 10
1.3 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1970 ... 11
1.3.1 - Regime Militar (1964-1985) ... 11
1.3.2 - Governo Castelo Branco ... 11
1.3.3 - O governo Costa e Silva ... 12
1.3.4 - O governo Médici ... 13
1.3.5 - O Governo Geisel ... 13
1.3.6 - O governo Figueiredo ... 14
1.3.7 - Balanço de 1950 a 1980 ... 15
1.4 - História da Educação ... 15
1.5 - História do jornalismo impresso ... 19
1.5.1 - História da Folha de S. Paulo (FSP) ... 25
1.6 - Manual da Redação:
Folha de S. Paulo
(MRFSP) ... 31
CAPÍTULO 2: A ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO: O GÊNERO NOTÍCIA E A
POLIFONIA ... 38
2.1
–
A Análise do Discurso Crítica ... 38
2.1.2 Discurso direto e Discurso indireto ... 41
2.1.3 Atores sociais ... 43
2.2 - O gênero discursivo notícia: definição ... 47
2.2.3 Bakhtin e seu Círculo ... 48
2.4.1 Discurso citado ... 61
2.4.2 Uso das aspas ... 62
2.4.3 Argumento de autoridade ... 63
2.4.4 Verbos introdutores de opinião ... 64
CAPÍTULO 3: ANÁLISE DO
CORPUS
... 71
3.1 - Notícias das décadas de 1930 e 1940 ... 72
3.1.2 - Características marcantes no corpus das décadas de 1930 e 1940... 95
3.2 - Notícias da década de 1970 ... 96
3.2.1 - Características marcantes no corpus da década de 1970 ... 117
3.3 - Análise do
corpus
da primeira década do século XXI (2000 a 2009) ... 118
3.3.1 - Características marcantes no corpus na primeira década do século XXI .. 147
(2000-2009) ... 147
CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 148
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 151
ANEXOS ... 156
Anexo I - Décadas de 1930 e 1940 ... 157
Anexo II - Década de 1970 ... 172
INTRODUÇÃO
Nesta pesquisa, temos por objetivo desenvolver um estudo da polifonia em
notícias relacionadas à Educação, publicadas no jornal
Folha de S. Paulo
nas décadas
de 1930, 1940, 1970 do século XX e na primeira década do século XXI. Essas datas
foram privilegiadas em nosso trabalho, pois ocorreram fatos históricos importantes tanto
no campo político-social, como na esfera educacional. Entre esses fatos, destacam-se: o
primeiro governo de Getúlio Vargas, na década de 1930 e 1940, período em que foi
instituído o ensino primário gratuito e de frequência obrigatória, e a ditadura militar;
com o general Médici, na década de 1970, período em que se destaca o ensino técnico
profissionalizante no Brasil. A escolha da década atual é importante para nossa pesquisa
para se proceder a um estudo comparativo com as demais.
O
corpus
relativo ao início do século XXI é constituído por notícias publicadas
no jornal
Folha de S. Paulo
entre os meses de março e abril, por se tratar do início do
ano letivo em que as notícias relativas à educação aparecem com uma freqüência maior
em relação aos outros meses do ano.
Uma vez que alguns temas sobre educação compõem assuntos divergentes e
complexos por envolver muitos interesses conflitantes, pretende-se aqui analisar a
argumentatividade das partes antagônicas que, a partir das inserções dos discursos direto
e indireto, dentro da notícia, defendem ou refutam tais tipos de avaliações.
Nesse sentido, a apresentação deste trabalho
torna-se importante, pois divulga
esse material relativo ao gênero notícia e o analisa a partir de uma perspectiva
diacrônica e crítica, contribuindo para os estudos referentes à Análise Crítica do
Discurso e em certa medida, ao Jornalismo, dado que os textos são constituídos por
meio do uso de estratégias pré-selecionadas, conforme aponta o
Manual da Redação:
Folha de S. Paulo
.
Tendo como ponto de análise a polifonia nas notícias sobre Educação no jornal
mães de alunos ao invés de a voz predominante ser a do ministro da Educação e
vice-versa?
Segundo Van Dijk (1992)
, “quando se analisa a notícia, analisa
-se, sobretudo,
seu conteúdo, que é, sem dúvida, importante, mas é apenas a metade da história,
literalmente”
(p. 129). Desse modo, não só o conteúdo é importante, mas também as
estratégias linguísticas empregadas para construir esse conteúdo, o momento histórico
de produção, a linha editorial do jornal, o enunciador, o enunciatário etc.
A polifonia, assim como a linguagem em geral, pode apresentar diferentes
intencionalidades, dependendo dos objetivos do enunciador e quais os efeitos de sentido
que se busca alcançar. Podemos dizer, então, que o estudo da polifonia é de suma
importância para entendermos o processo de construção argumentativa do texto, pois a
escolha de argumentos e vozes nos diz muito do lugar em que o enunciador se encontra,
qual a sua opinião sobre determinado assunto, como o seu discurso é construído.
Uma pesquisa diacrônica como a que estamos propondo deve levar em conta a
relação entre a produção da notícia e o contexto sócio-histórico-ideológico, o que pode
revelar a intencionalidade do enunciador, lembrando que a partir da escolha de uma
determinada voz e não de outra, o jornalista induz o leitor a uma determinada opinião
em relação a determinado evento social.
Considerando que o estilo da notícia é marcado pelo ideal de objetividade e que
o texto jornalístico deve ser de fácil compreensão para o destinatário da mensagem,
partimos do pressuposto segundo o qual para a construção da notícia devem ser
utilizadas diferentes estratégias linguísticas de forma a torná-la legível e facilmente
compreensível aos diversos grupos de leitores, os quais podem possuir interesses,
concepções e conhecimentos de mundo diversos.
Em geral, um jornal é lido de maneira seletiva. O leitor decide o que realmente é
de seu interesse, sem que haja a necessidade de ler todas as notícias de um jornal. Por
isso, nos textos jornalísticos, é usado o princípio do
lead
, que consiste na apresentação
de uma notícia nos primeiros parágrafos respondendo a seis questões: “Quem?, Como?,
Onde?, Quando?, O quê? e Por quê?”. Para o
Manual da Redação: Folha de S. Paulo
,
o
lead
é:
Imprescindível à valorização da reportagem e útil à dinâmica da leitura contemporânea- por ser uma síntese da notícia e da reportagem-, não existe, no entanto, um modelo para redação do texto do lide. Nem pode ele ser realizado de maneira automática, com escrita burocrática. (p. 28 e 29).
As informações consideradas mais importantes aparecem, contrariando a ordem
natural de uma narrativa, logo no início da manchete e no subtítulo, depois, apresenta-se
o parágrafo de
lead
e, então, o corpo do texto (
body
) é desdobrado.
Visto que não se trata de um processo aleatório, mas de uma produção escrita
que segue determinadas regras, não consideramos que a notícia seja imparcial, pelo
contrário, como em toda produção linguística, podemos nela encontrar estratégias de
seleção que orientam o sentido do texto. Para os estudiosos de textos como Brandão
(1998), Maingueneau (2002), Marcuschi (2007), entre outros, a simples seleção de
eventos a serem reproduzidos já implica escolhas, argumentação e o encaminhamento
do discurso para determinadas conclusões. Por isso, torna-se utópica a noção de
exposição de ideias objetivas, sem nenhum posicionamento pessoal, pois toda
linguagem é constituída de intencionalidade. Nesse processo, incluímos a polifonia, na
medida em que todo enunciado possui uma orientação argumentativa.
Desse modo, podemos investigar, neste trabalho, se a simples seleção de eventos
a serem reproduzidos na notícia já implica uma orientação argumentativa que
encaminha o discurso para determinadas conclusões. Além disso, se toda linguagem é
constituída de intencionalidade, inclusive a polifonia, entendemos ser de suma
importância um trabalho que coteje tal objeto de estudo.
Com o propósito de desenvolver uma pesquisa a respeito dessa estratégia
linguística em notícias publicadas no jornal
Folha de S. Paulo
, este trabalho objetiva
contribuir para o
Projeto História do Português Paulista
(PHPP - conhecido como
se trata de um
corpus
constituído por textos de diferentes épocas, o que propicia a
verificação da língua usada pela sociedade nesses diferentes momentos da história.
Trata-se de textos que foram produzidos em determinado contexto sócio-histórico,
fazendo com que o estudo de notícias, em uma perspectiva diacrônica, contribua para a
pesquisa e análise do português paulista e, consequentemente, do português brasileiro.
Dessa maneira, no primeiro capítulo, tratamos primeiro da perspectiva histórica
baseando-nos, principalmente, em Fausto (2009) e Pierucci (2007) nas décadas aqui
analisadas: 1930, 1940 e 1970 com o intuito de contextualizar o
corpus
e o leitor,
fazendo-se dessa maneira uma Análise Crítica do Discurso sob a luz da historicidade.
Depois abordamos a história da educação nesses mesmos períodos e, por último,
contemplamos a história do jornalismo impresso, que inclui a história da
Folha de S.
Paulo
e de seu manual de redação.
No segundo capítulo, conceituamos o gênero notícia e abordamos a polifonia de
acordo com os diversos autores, mas restritamente, neste trabalho, à perspectiva do
discurso direto e discurso indireto.
Já no terceiro capítulo, apresentamos a análise do
corpus
precedida sempre de
uma tabela em que os discurso direto e indireto são selecionados, bem como os atores
sociais atribuídos aos discursos. A base da análise está nos estudos de Marcuschi (2007)
que dissertou sobre os verbos introdutórios de opinião e fez uma tipologia desses verbos
em sete funções diferentes. Já o trabalho de Grillo (2001) quanto aos modalizadores e a
construção das tabelas foi, também, de suma importância para a análise, bem como os
estudos de atores sociais elaborado por Van Leuween (1997).
CAPÍTULO 1: HISTÓRIA E JORNALISMO
Para que se tenha um maior entendimento do jornalismo impresso e,
consequentemente, da transformação pela qual passou o gênero notícia ao longo das
décadas aqui analisadas, se faz necessário um levantamento histórico da constituição e
evolução da sociedade brasileira nas décadas de 1930, 1940, 1970 (século XX) e do
início do século XXI. Esse levantamento histórico é importante porque o jornal
impresso está estritamente ligado à Cultura, Economia, Política e Educação da
sociedade brasileira, no período em que circulou. Outro ponto a ser levado em
consideração é que pela Análise Crítica do Discurso (doravante ACD) tanto a notícia
reflete o que se passou naquele momento histórico, quanto o que se sabe da história se
reflete nas notícias. Esse jogo de vai e volta entre a notícia e a história é verdadeiro,
mesmo com algumas interferências.
Se por um lado a notícia está voltada para o presente, para o novo e até antecipa,
muitas vezes, o que irá acontecer; por outro lado, a história está voltada para o passado e
necessita de distanciamento cronológico para que se obtenha uma análise mais profunda
e clara. Ao contrapor notícias relativas a determinado período histórico com os livros de
história que relatam esse mesmo período, podemos notar que certos pontos convergem e
outros divergem, nem tudo o que foi noticiado na época constitui-se de fato real, como
se pode verificar ao longo do tempo.
1.1 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1930
Segundo Fausto (2009), a partir da década de 1930, iniciou-se, no Brasil, um
processo de urbanização, principalmente em São Paulo, que era um Estado
caracterizado como um grande distribuidor de produtos importados. Nessa época, o
Brasil era um país baseado em uma economia agrária e o café era o seu principal
produto de exportação.
“reduzir o poder das oligarquias nas áreas onde isso parecia mais fácil e onde eram mais
chocantes as desigua
ldades sociais.” (
p.313).
Anos depois, houve o movi
mento do tenentismo, espécie de “herdeiros” dos
“salvacionistas”, que, segundo o historiador, se contrapuseram às propostas que tinham
antes de ascender ao poder, em 1930. Conforme Fausto (2009), os tenentes tinham
como propósito “(...) dotar o país de um
poder centralizado, com o objetivo de educar o
povo e seguir uma política vagamente nacionalista.
”
(p.314).
Assim, para explicar a tomada de poder de Getúlio Vargas e suas consequências,
é necessário refletir sobre a Revolução de 1930. Tal revolução marcou o fim da primeira
República e iniciou-se por desentendimentos sobre o nome a ser indicado para
candidato às eleições presidenciais. O então presidente, Washington Luís, queria indicar
um representante de São Paulo, Júlio Prestes, o que não foi visto com bons olhos por
parte de mineiros e gaúchos. Daí surge o nome de Getúlio Vargas como candidato à
presidência pelo partido chamado Aliança Liberal, que tinha como foco sensibilizar a
classe média e as classes dominantes regionais não associadas ao núcleo cafeeiro.
Júlio Prestes ganhara as eleições em 1º de março de 1930, com votos forjados, o
que principiou, em outubro de 1930, a Revolução em Minas Gerais e no Rio Grande do
Sul. Uma das batalhas, a chamada Batalha de Itararé, tinha por objetivo a deposição do
presidente, que não ocorreu de fato, pois para Fausto (2009):
(...)antes do confronto decisivo, a 24 de outubro, os generais Tasso Fragoso, Mena Barreto e Leite de Castro, pelo Exército, e o almirante Isaías Noronha, pela Marinha, depuseram o presidente da República no Rio de Janeiro, constituindo uma junta provisória de governo. (p. 325).
1.1.1 - Getúlio Vargas sobe ao poder
Em outubro de 1930, Getulio Vargas sobe ao poder como chefe do governo
provisório, permanecendo no cargo durante 15 anos. Em 1950, é eleito pelo voto
popular, mas não chegou a cumprir seu mandato por ter se suicidado.
Getúlio Vargas toma o poder em um período delicado da história, pois, na
década de 1930, havia uma grande crise mundial devido à “quebra” da bolsa de Nov
a
Iorque, ocorrida em 1929. Tal depressão da economia afetou diretamente o Brasil e sua
economia agrária, baseada somente no café. Para que as consequências não fossem mais
devastadoras, o governo adotou como medida a compra do café para uma posterior
quei
ma. Essa medida beneficiou os cafeicultores que acabaram não “quebrando”, apesar
de toda a crise mundial.
O governo, que tinha também o apoio da Igreja Católica, tomou várias medidas
centralizadoras, como quando dissolveu o Congresso Nacional e demitiu a maioria dos
governadores, colocando em seu lugar interventores nomeados.
No entanto, Getúlio Vargas não foi somente um ditador que não realizou
melhorias efetivas na vida das pessoas. Ele foi um grande interventor nas políticas
trabalhistas e fortaleceu os trabalhadores instituindo: regulação do trabalho de mulheres
e menores de idade, férias, limite de oito horas de trabalho. Tudo isso foi importante e
consolidado em novembro de 1930 com a abertura do Ministério de Trabalho, Indústria
e Comércio e Juntas de Conciliação e Julgamento que serviam como um intermediário
para os conflitos entre patrões e empregados.
1.1.2 -Tenentismo
pressões externas, houve a promulgação de um Código Eleitoral em que ficou
estabelecida a obrigatoriedade do voto, seu caráter secreto e o direito de voto das
mulheres.
Além disso, nessa época, não só o campo político se destaca, mas também o
trabalhista e educacional, pois vários avanços foram obtidos a partir da Constituição de
14 de julho de 1934, tais como: salário mínimo, descanso semanal, férias remuneradas,
indenização na despedida sem justa causa com relação aos direitos trabalhistas. No que
diz respeito à educação, tema das notícias selecionadas neste trabalho, foram instituídos
o ensino primário gratuito de frequência obrigatória e o ensino religioso de frequência
facultativa.
Contudo, os acontecimentos políticos são preponderantes nesse período. Em 30
de março de 1935, é lançada a Aliança Nacional Libertadora (ANL), liderada por Carlos
Lacerda, que tinha os seguintes objetivos: suspensão da dívida externa, reforma agrária,
liberdade popular e constituição de um governo popular. Nesse ínterim, segundo Fausto
(2009), na comemoração do dia 5 de julho de 1935, Carlos Lacerda, que se encontrava
clandestino no Brasil, leu um manifesto de autoria de Prestes, pois este se encontrava
escondido e também era um clandestino. Tal manifesto apelava pela derrubada do
governo Vargas e pela tomada de poder por um governo popular, nacional e
revolucionário.
Em março de 1936 como resposta à carta lida por Lacerda, a polícia invadiu o
congresso prendendo os parlamentares que tinham alguma ligação com a ANL e criou
também, em outubro desse mesmo ano, o Tribunal de Segurança, um órgão judiciário
que ficaria sob o comando do governo
1.2 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1940
Para o historiador Boris Fausto (2009) é possível sintetizar o Estado Novo sob o
aspecto socioeconômico, “(...) dizendo que representou uma aliança da burocracia civil
e militar e da burguesia industrial, cujo objetivo comum imediato era o de promover a
industrialização do país sem grandes abalos sociais.”
(p. 367).
Nesse sentido, a grande industrialização ocorrida a partir de 1937 teve como
principal propósito substituir os produtos importados que eram consumidos no país, por
produção interna. Para que isso ocorresse, foram estabelecidas algumas medidas que
tornavam campos e lugares estratégicos restritos somente aos brasileiros. Tais
iniciativas tomadas em prol da industrialização refletiram na Educação, principalmente
no ensino industrial, quando foi instituída, em 1942, a Lei Orgânica do Ensino
Industrial e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
No campo trabalhista, Getúlio Vargas era visto como o “pai dos pobres”, como
“protetor dos trabalhadores”. Em 1940, foi estabelecido o salário mínimo que consistia
em remuneração adequada para suprimir as necessidades básicas do trabalhador, bem
como, em junho de 1943, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). No entanto,
antes disso, em agosto de 1939, foram decretadas a unidade sindical e algumas medidas
que tornavam o sindicato mais dependente do Estado. E, em julho de 1940, foi criado o
imposto sindical, uma tributação que determinava aos trabalhadores filiados ou não ao
sindicato que pagassem um dia de seu trabalho a associações trabalhistas.
Quanto à política externa, o Brasil assinou um acordo comercial, em 1935, com
os Estados Unidos e, em 1936, assinou outro com a Alemanha. Houve um impasse para
o Brasil, na medida em que esses dois países acabaram pertencendo a eixos diferentes
durante a Segunda Guerra Mundial. Esse impasse só foi resolvido quando cinco navios
brasileiros, em 1942, foram bombardeados por submarinos alemães. Nesse momento, o
país se declarou pró-aliados, ficando ao lado dos Estados Unidos e mandando tropas
brasileiras para o combate.
criado o Departamento Oficial de Publicidade (1931-1939), que mais tarde foi
substituído pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Em meados de 1943, o governo se viu enfraquecido e coagido pelos movimentos
estudantis e pelos subterfúgios que a Imprensa utilizava para publicar notícias em
desacordo com o governo em questão. Em fevereiro de 1937, Getúlio Vargas declara o
Ato Adicional que abria as eleições gerais, no entanto, o mesmo foi deposto em 1945.
1.3 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1970
Apesar de o Regime Militar ter perdurado de 1964 a 1985, analisaremos aqui,
mais profundamente, a década de 1970, pois é deste período que foi retirado o
corpus
para análise desta dissertação.
1.3.1 - Regime Militar (1964-1985)
O militarismo ficou conhecido pela instauração de vários Atos Institucionais
(AI), cujo primeiro deles foi baixado em 9 de abril de 1964 e consistia em: suspensão da
imunidade parlamentar, perda dos direitos políticos por dez anos entre outras restrições
para os magistrados, instalação de Inquéritos Policial-Militares (IPM) etc. Foi criado, de
acordo com Fausto (2009), também o Serviço Nacional de Informações (SNI) que tinha
por objetivo “(...) coletar e analisar informações pertinentes à seg
urança nacional, à
contra-informação e à informação sobre questões de subversão interna.
” (p.468).
1.3.2 - Governo Castelo Branco
por meio de reajustes salariais inferiores à inflação. Além disso, no setor trabalhista, foi
criado o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), em setembro de 1966.
Quanto aos Atos Institucionais, o AI-1 foi seguido do AI-2 e AI-3, todos
instituíram o reforço dos poderes do presidente e a extinção dos partidos políticos que
existiam, só podendo haver dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o
Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
1.3.3 - O governo Costa e Silva
Em março 1967, quando Costa e Silva ganhou as eleições, o descontentamento
da massa se revela por meio de movimentos estudantis e tem seu ápice na passeata dos
100 mil que aconteceu no dia 25 de junho de 1968, da qual participaram representantes
da Igreja e da classe média do Rio de Janeiro.
Nas comemorações do dia 7 de setembro, o deputado Márcio Moreira Alves
pediu um boicote à parada militar, incitando até as namoradas dos oficiais a ajudarem
nessa empreitada fazendo greve de sexo. Assim, no dia 13 de dezembro de 1968, o
presidente institui o AI-5 e fecha o Congresso.
Com o AI-5, foram estabelecidas a suspensão da garantia de
habeas corpus
, a
perda de direitos e expurgos no funcionalismo, a censura dos meios de comunicação e a
tortura. Segundo Fausto (2009), Costa e Silva sofreu um derrame e ficou incapaz de
governar o país. Dessa maneira, a partir da instituição do AI-12, os ministros Lira
Tavares, do Exército, Augusto Radamaker, da Marinha, e Márcio de Sousa e Melo, da
Aeronáutica, assumiram temporariamente o poder.
1.3.4 - O governo Médici
O General Emílio Garratazu Médici subiu ao poder em 30 de outubro de 1974.
Seu governo foi dividido em três áreas: militar, econômica e política, resultando,
segundo Fausto (2009), em um dos governos mais repressivos da história brasileira. O
governo usava a propaganda como um trunfo para manipulação política afirmando que
o Brasil se desenvolvia bem em termos econômicos haveria um crescimento diante dos
demais países. Os idosos chegaram a acreditar que, no milênio seguinte, o Brasil estaria
equiparado em termos de desenvolvimento ao Japão. Tudo isso era embalado pela
marchinha “
Pra frente Brasil”
e reforçado pela vitória brasileira na Copa do Mundo de
1970.
Assim, o Milagre Econômico durou de 1960 até 1973 devido a uma junção de
crescimento econômico com baixas taxas de inflação. Houve tomadas de empréstimos
aumentando a dívida externa de 40 bilhões de dólares, em 1967, para 97 bilhões, em
1972, chegando a 375 bilhões de dólares, em 1980. No entanto, o milagre econômico
teve pontos negativos, tais como: excessiva dependência internacional; dependência de
petróleo; má distribuição de renda; baixa dos indicadores de saúde, educação e
habitação; falta de preocupação com o meio ambiente e, consequentemente, a
desatenção com a preservação da natureza etc.
1.3.5 - O Governo Geisel
O general Ernesto Geisel foi escolhido para ser o presidente da República pelas
Forças Armadas no ano de 1973. Seu governo foi marcado por vários conflitos, entre
eles a invasão à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC- SP) e repressão
aos estudantes que estavam lá para reorganizar a União Nacional dos Estudantes (UNE);
o “desaparecimento” e “suicídio” do jornalista e professor da Universidade de São
Paulo (USP) Vladimir Herzog e do operário metalúrgico Manuel Fiel Filho.
Em 1977, foram implantados: o “pacote abril” com o recesso do Congresso; o
senador biônico para garantir a ARENA majoritária no Senado; a eleição indireta e a
alteração do mandato de presidente da República de cinco para seis anos. Essas medidas
foram executadas para impedir que o MDB chegasse ao poder, pois este se tornara o
grupo político descontente com o governo e era constituído por pessoas com ideologias
que iam desde liberais até socialistas.
A crise internacional do petróleo ocorreu em outubro de 1973 e como o Brasil
importava 80% do que consumia, o governo acabou percebendo a fragilidade
econômica do país e lançou o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) que
defendia a autonomia a partir dos investimentos para elementos básicos como o
petróleo, aço, alumínio etc. Um dos ícones da II PND foi a usina hidrelétrica de Itaipu.
Em agosto de 1977, o governo admitiu ter manipulado os índices de inflação nos
anos de 1973 e 1974, prejudicando os trabalhadores que não tinham seus salários
corrigidos corretamente. Foi grande o alvoroço contra o governo havendo greves e
protestos que começaram em São Bernardo do Campo (município do Estado de São
Paulo), liderados pelo representante sindical dos metalúrgicos, Luiz Inácio da Silva
(Lula) e que foram repercutindo por todo o país.
1.3.6 - O governo Figueiredo
1.3.7 - Balanço de 1950 a 1980
Destacados os aspectos políticos e econômicos, cabe apontar um panorama
relacionado à população brasileira:
- A partir de 1960, o índice de envelhecimento cresceu e houve uma redução da taxa de
fecundidade;
- Na década de 1970, houve um significativo aumento na expectativa de vida e um
declínio na taxa de mortalidade infantil;
- Em 1980, a maior parte da população passou a ser urbana e a massas de produtores
pobres continuou a crescer. Esta década ficou conhecida como década perdida, pois os
trabalhadores assalariados diminuíram seu poder de compra.
1.4 - História da Educação
A Educação, como foi dito na introdução deste trabalho, não é aqui nosso foco,
mas para que as notícias tivessem um tema em comum, selecionamos textos
relacionados à Educação. Deixamos claro que este é um estudo, sobretudo, linguístico e
que não abarca sentidos de valores quanto ao que é certo ou errado no sistema
educacional, mas uma explanação sobre como esse sistema funcionava, levando-nos a
entender melhor as notícias selecionadas em cada período.
Pierucci (2007) declara que a Educação, após 1930, sofreu um processo de
democratização, cujas camadas mais populares da sociedade tiveram acesso à escola. É
fato que isso não ocorreu de um dia para outro e que nem todos tinham condições reais
de frequentar a escola. Embora no período anterior fosse restrita aos mais afortunados,
agora a Educação se tornava um pouco mais aberta. Isso pode ser comprovado com o
relativo aumento das matrículas e a uniformização do ensino. Se em 1920 3,4% da
população estava matriculada no ensino de nível primário, já na década de 1970 a
porcentagem de matrícula era de 14,7%, o que demonstra um grande avanço.
ano de 1959. Na década de 1970, o Brasil foi considerado o país que, no mundo, mais
diminuiu o número de analfabetos.
Ainda segundo Pierucci (2007), a expansão do ensino médio e a maior abertura
dos cursos de supletivo fizeram com que houvesse uma expansão também dos cursos de
ensino superior. Se em 1932 havia apenas 15.943 matriculados nas faculdades de todo o
país, em 1976 as matrículas eram na ordem de 1.035.000. E o maior crescimento se deu
da década de 1980 em diante. Tal crescimento desenfreado fez surgir também escolas
superiores que não estavam tão comprometidas com a Educação em si, mas sim com os
lucros obtidos pelas mensalidades pagas pelos alunos.
Na Constituição da República de 1891, a Educação foi separada em duas partes
quase distintas: as universidades ficaram a cargo do poder Federal e os poderes
Estaduais com os demais graus de escolaridade. No entanto, de acordo com Pierucci
(2007), devido aos Estados terem parcos recursos, as escolas estaduais serviram, em sua
maioria, como mantenedoras educacionais das camadas mais populares da sociedade.
Todos os decretos que vieram depois tinham um caráter de unificação do secundário e
uma organização dos cursos preparatórios para o exame de admissão à universidade.
Voltando-se, ao longo dos anos, a uma educação mais humanitária e baseada não apenas
em conteúdos, mas sim na formação social que esse indivíduo deveria ter perante a
sociedade.
As diferenças entre as escolas de elite e as escolas voltadas para as classes
menos favorecidas existem há muito tempo, como podemos ver no excerto do
historiador Pierucci (2007) a seguir:
A legislação em vigor nas décadas de 40 e 50 preservava a antiga organização “dualista” do ensino, caracterizada como coexistência de algo como dois “sistemas” paralelos de educação, um para o povo em geral e outro para as elites, o primeiro iniciado na escola primária e continuado depois nas escolas profissionais de nível médio então existentes, e o segundo, igualmente iniciado na escola primária e continuado depois na escola secundária, organizada com a intenção de encaminhar sua clientela para as escolas superiores e para as posições mais privilegiadas na sociedade. (p. 482).
igualdade de direitos, houve uma pressão social para que se ampliasse o número de
vagas no ensino médio. De acordo com o autor:
(...) após a queda do Estado Novo. A deposição da ditadura e o fim da Segunda Guerra Mundial abriram possibilidades de manifestação de reivindicações antes reprimidas. Com a retomada do regime político baseado no voto, as aspirações populares de melhoria de vida mediante a passagem pela educação escolar encontram, no agente político em busca de eleitores, um defensor intransigente da necessidade de criação de mais escolas. (p.484).
Com a melhor estruturação educacional e a unicidade das diretrizes escolares
deu-se o acesso à escolarização das camadas mais pobres da população,
proporcionando, consequentemente, a ascensão social desse grupo. Assim, o estudo se
tornou sinônimo de ascensão social e de uma vida financeira estável. O voto secreto,
principalmente a partir de 1945, tornou um grande aliado do crescimento de escolas
secundárias, pois era a partir dele que o povo pressionava o governo à abertura de novas
escolas. Assim, para Pierucci (2007), “a escola secundária passou por mudanças
qualitativas profundas: de escola seletiva, como ainda a definia a legislação federal de
1942, passou a escola comum, tendencialmente aberta a todos.
”
(p. 487).
Foi na Lei nº. 5692 de 11 de agosto de 1971 que surgiu a Reforma do Ensino em
que se estabelecia a obrigatoriedade de 8 anos para o ensino comum (antiga 1º a 8º
série) e o primeiro ciclo do ensino médio, sendo que ambos estavam integrados e ainda
podiam ser respeitadas as necessidades locais de cada região, por exemplo, o calendário
escolar pode ser diferenciado, nas áreas rurais, devido à época de colheita.
Outra questão importante que ocorreu no processo de democratização da
Educação é que ela não foi feita de modo homogêneo por todo o território. Ao contrário,
houve diferenças significativas entre determinadas regiões do país, principalmente no
que se refere à escola rural, na maioria das vezes mais defasada em relação à escola das
capitais, o que provocou modificações específicas.
Escolar feito pela Prefeitura Municipal de São Paulo, segundo Pierucci (1997) diz que
as crianças
(...) permaneciam excluídas da escola não por falta de oportunidades, mas porque suas condições de vida não as habilitavam nem ao menos à procura de ingresso na escola comum.
Não obstante o grande número de crianças que não chegam a ingressar na escola, o mais grave desafio que ora se coloca para o sistema escolar consiste na curta permanência dos alunos no ensino comum. As análises da situação educacional apontam a denominada “evasão escolar” como o principal indicador das deficiências de ensino. (p. 492).
Vários foram os fatores para que se explicasse o fracasso escolar, como: a
repetência contínua; o conteúdo fora da realidade da comunidade local e do aluno; as
escolas multi-seriadas com um único professor, quase sempre com parcos recursos; a
própria democratização da educação que levou a camada mais popular da sociedade
para a escola etc. No enta
nto, podemos levar em consideração que a “atuação
educacional dos poderes públicos, no Brasil, após 1930, vem sendo orientada com vistas
à extensão de um maior número de anos de escolaridade ao maior número possível de
habitantes”
(p. 501), segundo o Censo Escolar de 1997 relatado por Fausto (2009).
Dessa forma, podemos dizer que foram vários os projetos realizados pelo
governo para a adequação da escola brasileira. Dentre elas temos: classes de
recuperação, merenda escolar, distribuição de leite e do gestal
1, pré-escola, cursos
noturnos e supletivos. Este último tinha o caráter de melhoria não só da população
adulta que não teve acesso à escola em idade própria, mas também a uma elevação
cultural do sistema educacional em geral, pois o pai que frequenta as aulas dá valor aos
estudos e adquire um conhecimento de mundo um pouco mais científico. Assim,
provavelmente, esse pai incentivará e propiciará para seu filho melhores estudos;
tornando-se, portanto, um propagador daquilo que aprendeu na escola dentro da própria
casa, com relação à sua família, e fora de casa por meio de projetos sociais, com maior
tomada de consciência de si como cidadão portador de direitos e deveres.
1.5 - História do jornalismo impresso
Segundo Lage (1987), a evolução e circulação do jornal se iniciou na Alemanha.
Em Bremem, no ano de 1609, e depois, no mesmo ano, em Estrasburgo, circularam os
dois primeiros jornais. O terceiro jornal surgiu ainda na Alemanha, na cidade de
Colônia, em 1610, e uma década mais tarde surgiram jornais em várias cidades
européias, tais como: Frankfurt (Alemanha), Basiléia (Suiça), Hamburgo (Alemanha),
Amsterdã (Holanda) e Antuérpia (Bélgica). A partir de então, jornais começaram a
circular em diferentes partes do mundo.
Já na primeira Guerra Mundial, segundo Erbolato (2002), o jornal impresso era
o principal meio de comunicação, ele imperava em relação às outras mídias da época, e
somente foi superado, em 1920, após o surgimento da primeira radiodifusão nos EUA.
Depois da primeira rádio e de sua expansão, a primeira revista a aparecer e fazer frente
ao jornal impresso foi a revista
Times
(1923) que tinha um caráter noticioso.
Após 1945, houve uma grande mudança em todas as mídias por causa da
popularização da televisão. Uma dessas mudanças aconteceu a partir dos estudos de
John Hohenberg (EUA) que verificou ser a falta de interesse do público, em relação às
notícias impressas, apenas uma dificuldade de compreensão, já que os textos eram
escritos de maneira rebuscada. Houve uma mudança na postura dos jornalistas e a
notícia passou a ser mais explicativa e didática. De acordo com Erbolato (2002) a
inserção de:
(...) colunas interpretativas: análises de comentários das notícias feito por um especialista, geralmente residente na capital do país que procurava oferecer sua opinião autorizada sobre um fato, além de representar os antecedentes dos assuntos nacionais e internacionais correntes (p. 32).
É por isso que Lage (1987) afirma que com essa radical mudança do jornal, a
notícia “terminaria sendo a matéria
-prima principal, conformando-se a padrões
industriais através da técnica de produção de restrições do código linguístico e de uma
estrutura relativamente estável.”
(p. 13).
Uma mídia já existente sempre muda com o surgimento de uma nova, e isso não
foi diferente com o jornalismo impresso. Este precisou superar o aparecimento do rádio
e da TV, pois ambos tiraram do jornal impresso o furo e a edição extra, na medida em
que já não se precisava mais do jornal para saber de uma notícia que acabara de
acontecer – era preciso simplesmente ligar o rádio ou a TV para se manter informado.
Assim, foi necessário ao jornal se adaptar e melhorar seu modo de produção para que
não se atrofiasse e se extinguisse. Houve uma melhoria de edição e organização, uma
vez que os jornais produzidos anteriormente não possuíam alta qualidade de editoração
e não eram bem paginados.
O jornal impresso se tornou, assim, um complemento do que o rádio, a televisão
–
e hoje em dia a internet
–
trazem para o público. Segundo Melo (1979), o jornal trata o
tema com maior profundidade, didatismo e dá ao leitor a possibilidade de absorção da
informação no momento em que for oportuno e viável, não é fugaz como uma notícia
televisionada ou transmitida pelo rádio. O jornal impresso tem seu momento e pode ser
guardado por mais tempo.
Outro aspecto a ser levado em consideração é a questão da organização, tendo
em vista a quantidade de informações. Em contraponto, uma visão mais atual, de Serva
(2005), questiona a falta de entendimento por parte do leitor, hoje em dia, devido a uma
avalanche de informações, em que não há uma efetiva organização do caos, o autor, no
trecho a seguir, discorre sobre os conflitos na Iugoslávia, afirmando que:
(...) se os leitores conhecessem a história, talvez soubesse que a guerra é um fato constante, recorrente. Então, não se surpreenderiam com notícias de cada época específica, que a rigor são „suítes‟ de velhas notícias.
A dificuldade de compreensão, segundo o referido autor, pode ser advinda das
“falsas manchetes” que, na verdade, são fatos ocorridos ao longo da história, mas que
sempre aparecem nas notícias sob uma roupagem nova, deixando o leitor, muitas vezes,
desnorteado, apesar “de serem metralhados diariamente por um cem
-número de
informações” (p.62).
Nesse sentido, é importante destacar a relevância ou não, a repercussão ou não,
de uma dada notícia, levando-se em conta que um jornal é constituído, em sua maior
parte, por esse gênero. Se, por um lado, o jornalista retém a notícia por ter uma fonte
tipo 2
2, ou seja, não muito segura; por outro lado, ele pode ser superado por outro jornal
que lançou um
furo
, mesmo que não fosse ainda comprovado.
Foi exatamente isso que aconteceu no
Caso Escola Base
, escrito por Ribeiro
(1995). Os jornais se anteciparam ao divulgar acusações de pedofilia que, segundo
denúncias, teriam ocorrido dentro de
uma escola infantil chamada “Escola Base”. A
maioria dos jornais, para não ficar atrasada em relação aos demais veículos de
comunicação, acabou se antecipando na divulgação das notícias e atrapalhando as
devidas investigações. Segundo Ribeiro, os dois casais acusados injustamente ainda
tentam superar as acusações morais e problemas financeiros com o fechamento da
escola.
O autor faz uma comparação entre
animus narrandi
e
animus denunciandi
, no
qual o primeiro é a intenção e a própria função do jornal que é de narrar, noticiar os
fatos que acontecem; e o segundo, é compulsão por denunciar, em que o jornalista não
leva em conta se a fonte é confiável ou não, ou se é preciso um maior detalhamento dos
fatos, muitas vezes acobertando denúncias sem fundamentos e maledicentes, colocando
as fontes em
off
3, ou seja, faz uso de um instrumento que deveria ser para preservar a
imagem de pessoas, perante uma possível retaliação, servir como um subterfúgio para
denúncias severas, que culminou, por exemplo, no
Caso Escola Base
(Ribeiro, 1995).
Talvez esse uso de várias fontes
off,
no
Caso Escola Base
, tenha-se dado porque a
2 Apresentaremos e discutiremos detalhadamente a classificação das fontes no item 1.6-Manual da
Redação: Folha de S. Paulo no Capítulo I.
3 Fontes em off é um artifício que o jornalista usa para proteger a fonte de eventuais represálias, mas tal
notícia tomou grandes proporções e comoção social, e a partir daí houve várias
suítes
4em torno desse fato.
Como já foi dito por Lage (1987), Erbolato (2002), Serva (2005), entre vários
outros autores que dissertaram sobre Jornalismo, o fundamental de uma notícia é a
novidade; portanto, quanto mais
suítes
houver, mais informações novas são necessárias
todos os dias para chamar a atenção do leitor.
Desse modo, seria provável que no atropelamento dos fatos d
O Caso Escola
Base
, qualquer denúncia de uma mãe ou de uma vizinha poderia ser levada como
verdadeira e nova para a
suíte
do outro dia sem levar em conta a confiabilidade da fonte.
Tal fato poderia ter sido evitado se o copidesque, mais conhecido como redator do
jornal, tivesse feito a edição e investigado melhor os fatos, ao invés de imprimir uma
notícia baseada apenas na visão do jornalista que foi colher informações do caso e não
em fatos concretos e contundentes. O papel de um copidesque é manter-se na Redação e
selecionar/retirar aquilo que for excesso de emoção do jornalista que escreveu a dada
notícia. Segundo Rossi (1994
), “a forma final em que a notícia vai aparecer no jornal é,
muitas vezes, ma
is a de quem não viu o acontecimento do que a de quem o presenciou”
(p. 29).
Isso nos leva a algumas conclusões: a notícia não é construída como ela aparece
todos os dias de manhã no jornal, dentro dela há a edição, os recortes, às vezes devido a
falta de espaço no jornal, ou ao fato de o copidesque ter a autonomia dentro do jornal
para mudar a notícia, se for conveniente. Podemos nos antecipar um pouco e dizer que a
notícia em si é polifônica, na medida em que ela representa as várias vozes das pessoas
pelas quais passou, com diferentes opiniões, conhecimentos de mundo e interesses.
Dessa maneira, a notícia passa por várias etapas de adaptação até chegar aos moldes
mais
“
adequados
” para o jornal
.
Nesse sentido, a mídia em si é poderosa e ela tem o poder de manipular, de
persuadir e até de controlar, de certa forma, as massas, a sociedade em si. Um exemplo
clássico desse poder da mídia é a chamada hipótese da
agenda sitting
, que de acordo
com Barros Filho (1995):
As pessoas agendam seus assuntos e suas conversas em função do que a mídia veicula. É o que sustenta a hipótese da agenda setting.
se de uma das formas possíveis de incidência da mídia sobre o público. É um tipo de efeito social da mídia. É a hipótese segundo a qual a mídia, pela seleção, disposição e incidência de suas notícias, vem determinar os termos sobre os quais o público falará e discutirá. (p. 169)
Desse modo, parece haver um direcionamento que induz as pessoas a falarem do
“assunto do momento”. Isso ocorre, por exemplo, no período de
eleições em que há
notícias diárias sobre as atividades de cada candidato. Foi assim também com
escândalos políticos ou temas de grande impacto como: a Queda do Muro de Berlim, no
Impechmment do presidente Collor, na questão do Mensalão, no caso Isabella, entre
outros. A
agenda sitting
não determina sobre o que os cidadãos vão falar, mas dá um
leque de opções, pautando as conversas cotidianas do dia seguinte.
Já para Serva (2005), a notícia é uma repetição de acontecimentos que, em uma
perspectiva crítica e histórica, não são fatos novos e alheios à cultura daquela
determinada região, mas que, no jornal, é apresentada como um fato novo e chocante. O
exemplo que o autor utiliza em seu livro é a sucessão de notícias sobre corpos de
combatentes encontrados mutilados em períodos e em lugares diferentes da Iugoslávia.
Uma pessoa com uma visão histórica, crítica e que tenha a memória desse
acontecimento teria como fazer a associação e concluir que retirar os olhos dos
perdedores de guerra é quase que um costume nesse país e não veria uma notícia sobre
isso como uma novidade. Esse fato estaria muito mais ligado aos costumes e valores
locais do que a algo verdadeiramente surpreendente e estranho à comunidade local.
O que permite supor que os fatos, embora separados no tempo cronológico, fazem parte de uma única cadeia, uma única ocorrência histórica da qual cada „notícia‟ é apenas uma manifestação, como um fotograma de filme de longa metragem (p. 24).
Dessa maneira, o autor vê a notícia com uma função a-histórica, na medida em
que ela não nos deixa ver a perspectiva dos fatos como procedentes de uma série de
eventos culturais anteriores, e a maioria das manchetes não se justificaria como tal, por
trazer em si fatos corriqueiros, os fatos se repetem, e temos sempre um pouco mais do
mesmo que já foi noticiado, uma nova estratégia política que já foi usada tempos atrás.
Nessa perspectiva, segundo Serva (2005), a notícia é vista como algo que é:
aparecer vestidos de novos, maquiados para voltar a surpreender (p. 50).
Lage (1987) discute não somente a falta de conexão histórica entre as notícias
impressas veiculadas pelo jornal, mas também a não profundidade, o não
questionamento, a não relação dialética entre os fatos, como vemos no excerto que se
segue:
O universo das notícias é o das aparências do mundo; o noticiário não permite o conhecimento essencial das coisas, objeto de estudo científico, da prática teórica, a não ser por eventuais aplicações a fatos concretos. Por detrás das notícias corre uma trama infinita de relações dialéticas e percursos subjetivos que elas, por definição, não abarcam. (p. 23-24).
1.5.1 - História da Folha de S. Paulo (FSP)
Fig. 1 Os vários logotipos do Grupo Folha da Manhã desde 1921
(Caderno Especial- “Novíssima!”, 23/05/2010).
O jornal FSP foi fundado em 21 de fevereiro de 1922 sob o nome de
Folha da
Noite.
Em julho de 1925, surgiu a
Folha da Manhã
, uma versão matutina do jornal.
Quanto ao surgimento deste último, um fato muito curioso, segundo Paschoal (2007), é
que havia uma charge estampada na primeira página do jornal e embaixo dela na
primeira edição da
Folha da Manhã
vinha escrito “–
Oh! Senhores! Agora o barulho é
pela manhã também?!!!”. Tal frase se torna significativa se levar
mos em conta que já
estava em circulação o jornal
Folha da Noite
fazendo uma alusão sobre a irreverência
do antigo jornal que poderia ser lido pelas manhãs também. Paulo Duarte disse ter tido
problemas com a rotativa para que houvesse a impressão dos primeiros jornais, no
entanto, “(...) antes da madrugada, com grande alívio nosso, os primeiros números da
Fig. 2 A unificação das “Folhas” (Caderno Brasil 30/12/2009)
No ano de 1931, o nome da empresa muda para
Folha
da Manhã
. Em 1949, com o
slogan
“o vespertino das
multidões”, segundo Kuschnir (2004), o jornal
Folha da Tarde
foi lançado e sua distribuição aconteceu até 31 de dezembro de
1959. Em outubro de 1967, houve a reinauguração e ele foi
extinto pela segunda vez em março de 1999.
Somente nos anos 1960, com a junção dos três jornais
–
Folha da Noite, Folha da Manhã
e
Folha da Tarde
–
surge o
jornal FSP com o nome empresarial de
Folha da Manhã
. A
empresa era então composta, até início de 1990, pelos jornais
5:
*Folha de S. Paulo;
*Última Hora -
jornal carioca fundado pelo jornalista Samuel
Wainer em 12 de junho de 1951. Foi o único jornal brasileiro a ser publicado
simultaneamente em sete cidades. São elas: Rio de Janeiro, São Paulo, Niterói, Belo
Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Recife. O jornal foi vendido à Empresa
Folha da
Manhã
em 1971, e no ano de 1979 o jornal foi vendido para Ari Carvalho
;
*Notícias Populares
-
surgiu em 15 de outubro de 1963 e foi extinto em 20 de janeiro de
2001;
*Cidade de Santos -
surgiu em 14 de julho de 1966 e teve seu fim em 15 de setembro de
1987;
*
Folha da Tarde.
No final dos anos 1990, esta última
Folha
se extinguiu e no lugar
dela foi lançado o jornal
Agora São Paulo,
em circulação até hoje.
Segundo Kuschnir (2004), o
Grupo
Folha
mostra sua história e constituição de
forma um pouco deturpada, pois para a empresa
Folha da Manhã
houve três etapas
distintas em sua formação: “Entre 1962 e 1967, houve uma reorganização financeiro
-administrativa e
tecnológica; entre 1968 e 1974, ocorreu uma „revolução tecnológica‟; e
entre 1974 e 1981, definiu-se um projeto político-
cultural.” (p. 220). No entanto, a
autora questiona essa divisão do jornalismo da
Folha
, pois ela se apresenta totalmente
desvinculada dos aspectos político-sociais em constante transformação.
No ano de 1967, segundo a autora, houve o investimento em tecnologia chamada
offset
, considerada de ponta na época e que tornou a
Folha da Tarde
o primeiro jornal
de São Paulo a ter fotos coloridas em suas páginas. Houve, também, o aumento de
frotas para que houvesse maior agilidade na entrega dos jornais. Tudo isso culminou na
transformação da FSP
no jornal mais lido no interior, segundo pesquisas do Ibope. O
que nos leva a pensar que a parceria entre Octávio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira
Filho foi de grande sucesso. Ao longo dos anos, a empresa cresceu e se tornou a
pioneira em tecnologia e em sistema de crítica interna, como o
ombdusman
6.
6 “Ombudsman é uma palavra sueca que significa representante do cidadão. Designa, nos países
Fig. 3 História Visual da Folha (Caderno Especial- “Novíssima!”, 23/05/2010)
No livro
Trajetória de Octávio Frias de Oliveira
de Engel Paschoal, publicado
em 2007
,
Octávio Frias de Oliveira Filho afirma que a abertura da economia brasileira,
na década de 1970, impulsionou seu pai a se preocupar com a qualidade editorial do
jornal, com a criticidade e com os grandes anunciantes. Dessa forma, a FSP se tornou
um jornal:
Por outro lado, Kuschnir (2004) diz que a FSP teve problemas com os militares,
chegando até a extinguir os editoriais e Octavio Frias se demitiu de todos os cargos que
ocupava. Isso ocorreu como uma espécie de protesto do jornal perante a prisão do
jornalista Lourenço Diaféria que escrevera uma crônica, intitulada
Herói. Morto. Nós,
que foi publicada em 1º de setembro de 1977, referente à Semana da Pátria e que foi
considerada ofensiva pelo general Sylvio Frota, então ministro do Exército, por tratar de
maneira desrespeitosa, segundo o próprio general, a figura de Duque de Caxias, patrono
do Exército.
Levando em conta os acontecimentos históricos, uma das bases do jornal FSP é
primar pela “objetividade”. Nesse veículo de comunicação, “o texto deve ser de fácil
compreensão, tornando a notícia legível e compreensível, pois um jornal de grande
circulação dirige-se a diversos grupos sociais”.
7A partir dessa citação, fica claro que a empresa
Folha da Manhã
deseja atingir o
maior escopo possível de leitores, público este que não é elitizado, mas heterogêneo.
Isso aparece em mais um excerto do Projeto Editorial do jornal como podemos
observar:
Em meio à balbúrdia informativa, a utilidade dos jornais crescerá se eles conseguirem não apenas organizar a informação inespecífica, aquela que potencialmente interessa a toda pessoa alfabetizada, como também torná-la mais compreensível em seus nexos e articulações, exatamente para garantir seu trânsito em meio à heterogeneidade de um público fragmentário e dispersivo.
Outra questão que se poderia levantar em relação ao que o grupo
Folha
toma
como verdade é a conceituação de seu público-alvo, para quem esse jornal é dirigido. E
é isso que vemos na propaganda no site da própria FSP, mesmo sabendo que o preço do
jornal não é tão acessível para a classe mais popular da sociedade paulistana. E que
alguns cadernos, como Cotidiano ou a antiga revista da Folha - que hoje leva o nome de
Revista São Paulo desde a segunda semana de junho de 2010 - que vem como
suplemento uma vez por semana, destacam lugares nem sempre acessíveis a todas as
classes sociais.
7 Projeto Editorial da Folha de S. Paulo, 1997. Disponível em:
Fig. 4 Sobre o público alvo do jornal Folha de S. Paulo
Fonte: Disponível em: http://publicidade.folha.com.br/Publicidade/AB/index.html. Acesso em: 19/07/2010.
Para que haja um jornal que se aproxime dos leitores e que, ao mesmo tempo,
consiga manter a sua objetividade e diretrizes, empregam-se pesquisas de opinião. Tais
pesquisas, apesar de serem consideradas um sistema aparentemente concreto,
apresentam problemas, conforme podemos verificar no excerto a seguir do mesmo
Projeto Editorial.
Pesquisas de opinião possibilitam conhecer um pouco melhor as necessidades do público e aproximar a pauta do jornal e a vivência concreta do leitor. Mas, não substituem o discernimento necessário para detectar a ocasião jornalística nos fatos que reúnam o geral e o específico, em que um processo relevante ou emergente apareça entrelaçado com sua manifestação mais sintomática e humana. Essa preocupação deveria nortear a elaboração do jornal, da pauta à edição.
(...) iniciou um processo de seminários internos que busca dar mais base a seus profissionais. Convida especialistas para falarem sobre temas de sua especialidade, para repórteres e redatores da editoria que cuidam desse assunto. O trágico é que o interesse por esses seminários, raramente tem sido grande. O que, ao menos em tese, demonstra que nem todas as culpas pelas lacunas no trabalho dos jornalistas podem ser atribuídas às empresas. (p. 39).