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Estudo da polifonia nas notícias da Folha de S. Paulo relativas à educação

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(1)

PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM FILOLOGIA E LÍNGUA

PORTUGUESA

Estudo da polifonia nas notícias da Folha de S. Paulo

relativas à educação

Tânia Aiko Aragute

Orientadora: Profa. Dra. Maria Lúcia C. V. O. Andrade

São Paulo

(2)

PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM FILOLOGIA E LÍNGUA

PORTUGUESA

Estudo da polifonia nas notícias da Folha de S. Paulo

relativas à educação

Tânia Aiko Aragute

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Filologia e Língua

Portuguesa, do Departamento de Letras

Clássicas e Vernáculas, da Faculdade de

Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da

Universidade de São Paulo, para a obtenção

do título de Mestre em Letras.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Lúcia C. V. O. Andrade

São Paulo

(3)
(4)
(5)

Agradeço à minha orientadora, Maria Lúcia C. V. O. Andrade que com muito

carinho, dedicação, companheirismo e paciência me conduziu desde a minha iniciação

científica, na graduação até o fechamento desta dissertação.

Aos membros de minha banca de qualificação, Professores Doutores Paulo

Eduardo Ramos e Alessandra Castilho Ferreira da Costa pelas sugestões feitas durante o

exame.

Agradeço, também previamente aos Professores Doutores Paulo Eduardo Ramos

e Ana Rosa Ferreira Dias por gentilmente fazerem parte da minha da minha banca de

defesa.

Agradeço de forma carinhosa e especial a Franciny, Rafaela e Renata pelos

conselhos e opiniões dado ao longo do desenvolvimento do trabalho.

A Mariana pelas fotos tiradas dos jornais e pelas tardes passadas comigo no

Banco de Dados da

Folha de S. Paulo

para a compilação do

corpus

.

Ao meu amigo Thiago presente tanto nos meus problemas pessoais quanto aos

de informática durante a feitura deste trabalho.

A Edite da Secretaria da Educação da Prefeitura de Guarulhos, sem ela não seria

possível a freqüência nas disciplinas do mestrado, ela sempre compreendeu a minha luta

e a vontade de finalizar esta dissertação.

(6)
(7)

ARAGUTE, Tânia Aiko (2011).

Estudo da polifonia nas notícias da Folha de S. Paulo

relativas à educação.

Dissertação de Mestrado (Filologia Portuguesa). São Paulo:

FFLCH/ USP.

Nesta dissertação, temos por objetivo estudar a polifonia em notícias

relacionadas à Educação, publicadas no jornal

Folha de S. Paulo

, nas décadas de 1930,

1940, 1970 do século XX e na primeira década do século XXI, sob a perspectiva teórica

da Análise Crítica do Discurso. Para tanto, foram selecionadas 30 notícias com o

objetivo de investigar a construção argumentativa do texto, a partir da inserção de outras

vozes presentes, bem como os atores sociais responsáveis por tais declarações.

Considerando que a polifonia é uma categoria que vai além da simples introdução de

uma voz ou de um efeito de autoridade no texto, analisaremos o uso dos discursos direto

e indireto. No discurso direto, marcado pelas aspas, o enunciador se apropria da fala do

ou

tro e a “transcreve” para talvez se ter

um maior distanciamento do que é dito. Já o

discurso indireto é entremeado pela fala do ator social, sem o uso das aspas, no qual o

enunciador disserta, com suas próprias palavras, sobre o que foi dito pelo outro. Nesse

jogo de vozes e atores os discursos inseridos nas notícias formam um processo

argumentativo, pois o simples fato de o enunciador escolher uma declaração e não outra

implica uma estratégia argumentativa.

(8)

ARAGUTE, Tânia Aiko. Polyphony in news stories on education from Folha de S.

Paulo. Master's Thesis (Portuguese Philology). São Paulo: FFLCH/ USP.

This research aims to study polyphony in news stories related to education, as published

in the newspaper Folha de S. Paulo, in the 1930s, 1940s, 1970s, and in the first decade

of the 20th century, under the theoretical framework of the Critical Discourse Analysis

(CDA). We have selected 30 news stories to investigate the construction of arguments

from the different voices in the text, in addition to social actors uttering such statements.

Based on the idea that polyphony is a linguistic construction that goes beyond the mere

introduction of different points of view in the utterance, or authority effects of the text

self, we analyze the use of quoted and reported speeches. In quoted speech, which

appears within quotation marks, we say exactly what someone has said word by word to

attain a detachment effect from what is said. On its turn, reported speech does not use

quotation marks to enclose what the person said and it does not have to be word by

word, and when reporting someone else's speech we are usually talking about a time in

the past. In this game of voices and actors, the discourse inserted into news articles

make up an argumentative process because by simply uttering one thing and not another

Implies an argumentative strategy.

(9)

ACD

Análise Crítica do Discurso

FSP -

Folha de São Paulo

(10)

CAPÍTULO 1: HISTÓRIA E JORNALISMO ... 6

1.1 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1930 ... 6

1.1.1 - Getúlio Vargas sobe ao poder ... 8

1.1.2 -Tenentismo ... 8

1.2 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1940 ... 10

1.3 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1970 ... 11

1.3.1 - Regime Militar (1964-1985) ... 11

1.3.2 - Governo Castelo Branco ... 11

1.3.3 - O governo Costa e Silva ... 12

1.3.4 - O governo Médici ... 13

1.3.5 - O Governo Geisel ... 13

1.3.6 - O governo Figueiredo ... 14

1.3.7 - Balanço de 1950 a 1980 ... 15

1.4 - História da Educação ... 15

1.5 - História do jornalismo impresso ... 19

1.5.1 - História da Folha de S. Paulo (FSP) ... 25

1.6 - Manual da Redação:

Folha de S. Paulo

(MRFSP) ... 31

CAPÍTULO 2: A ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO: O GÊNERO NOTÍCIA E A

POLIFONIA ... 38

2.1

A Análise do Discurso Crítica ... 38

2.1.2 Discurso direto e Discurso indireto ... 41

2.1.3 Atores sociais ... 43

2.2 - O gênero discursivo notícia: definição ... 47

2.2.3 Bakhtin e seu Círculo ... 48

(11)

2.4.1 Discurso citado ... 61

2.4.2 Uso das aspas ... 62

2.4.3 Argumento de autoridade ... 63

2.4.4 Verbos introdutores de opinião ... 64

CAPÍTULO 3: ANÁLISE DO

CORPUS

... 71

3.1 - Notícias das décadas de 1930 e 1940 ... 72

3.1.2 - Características marcantes no corpus das décadas de 1930 e 1940... 95

3.2 - Notícias da década de 1970 ... 96

3.2.1 - Características marcantes no corpus da década de 1970 ... 117

3.3 - Análise do

corpus

da primeira década do século XXI (2000 a 2009) ... 118

3.3.1 - Características marcantes no corpus na primeira década do século XXI .. 147

(2000-2009) ... 147

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 148

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 151

ANEXOS ... 156

Anexo I - Décadas de 1930 e 1940 ... 157

Anexo II - Década de 1970 ... 172

(12)

INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa, temos por objetivo desenvolver um estudo da polifonia em

notícias relacionadas à Educação, publicadas no jornal

Folha de S. Paulo

nas décadas

de 1930, 1940, 1970 do século XX e na primeira década do século XXI. Essas datas

foram privilegiadas em nosso trabalho, pois ocorreram fatos históricos importantes tanto

no campo político-social, como na esfera educacional. Entre esses fatos, destacam-se: o

primeiro governo de Getúlio Vargas, na década de 1930 e 1940, período em que foi

instituído o ensino primário gratuito e de frequência obrigatória, e a ditadura militar;

com o general Médici, na década de 1970, período em que se destaca o ensino técnico

profissionalizante no Brasil. A escolha da década atual é importante para nossa pesquisa

para se proceder a um estudo comparativo com as demais.

O

corpus

relativo ao início do século XXI é constituído por notícias publicadas

no jornal

Folha de S. Paulo

entre os meses de março e abril, por se tratar do início do

ano letivo em que as notícias relativas à educação aparecem com uma freqüência maior

em relação aos outros meses do ano.

Uma vez que alguns temas sobre educação compõem assuntos divergentes e

complexos por envolver muitos interesses conflitantes, pretende-se aqui analisar a

argumentatividade das partes antagônicas que, a partir das inserções dos discursos direto

e indireto, dentro da notícia, defendem ou refutam tais tipos de avaliações.

Nesse sentido, a apresentação deste trabalho

torna-se importante, pois divulga

esse material relativo ao gênero notícia e o analisa a partir de uma perspectiva

diacrônica e crítica, contribuindo para os estudos referentes à Análise Crítica do

Discurso e em certa medida, ao Jornalismo, dado que os textos são constituídos por

meio do uso de estratégias pré-selecionadas, conforme aponta o

Manual da Redação:

Folha de S. Paulo

.

Tendo como ponto de análise a polifonia nas notícias sobre Educação no jornal

(13)

mães de alunos ao invés de a voz predominante ser a do ministro da Educação e

vice-versa?

Segundo Van Dijk (1992)

, “quando se analisa a notícia, analisa

-se, sobretudo,

seu conteúdo, que é, sem dúvida, importante, mas é apenas a metade da história,

literalmente”

(p. 129). Desse modo, não só o conteúdo é importante, mas também as

estratégias linguísticas empregadas para construir esse conteúdo, o momento histórico

de produção, a linha editorial do jornal, o enunciador, o enunciatário etc.

A polifonia, assim como a linguagem em geral, pode apresentar diferentes

intencionalidades, dependendo dos objetivos do enunciador e quais os efeitos de sentido

que se busca alcançar. Podemos dizer, então, que o estudo da polifonia é de suma

importância para entendermos o processo de construção argumentativa do texto, pois a

escolha de argumentos e vozes nos diz muito do lugar em que o enunciador se encontra,

qual a sua opinião sobre determinado assunto, como o seu discurso é construído.

Uma pesquisa diacrônica como a que estamos propondo deve levar em conta a

relação entre a produção da notícia e o contexto sócio-histórico-ideológico, o que pode

revelar a intencionalidade do enunciador, lembrando que a partir da escolha de uma

determinada voz e não de outra, o jornalista induz o leitor a uma determinada opinião

em relação a determinado evento social.

Considerando que o estilo da notícia é marcado pelo ideal de objetividade e que

o texto jornalístico deve ser de fácil compreensão para o destinatário da mensagem,

partimos do pressuposto segundo o qual para a construção da notícia devem ser

utilizadas diferentes estratégias linguísticas de forma a torná-la legível e facilmente

compreensível aos diversos grupos de leitores, os quais podem possuir interesses,

concepções e conhecimentos de mundo diversos.

(14)

Em geral, um jornal é lido de maneira seletiva. O leitor decide o que realmente é

de seu interesse, sem que haja a necessidade de ler todas as notícias de um jornal. Por

isso, nos textos jornalísticos, é usado o princípio do

lead

, que consiste na apresentação

de uma notícia nos primeiros parágrafos respondendo a seis questões: “Quem?, Como?,

Onde?, Quando?, O quê? e Por quê?”. Para o

Manual da Redação: Folha de S. Paulo

,

o

lead

é:

Imprescindível à valorização da reportagem e útil à dinâmica da leitura contemporânea- por ser uma síntese da notícia e da reportagem-, não existe, no entanto, um modelo para redação do texto do lide. Nem pode ele ser realizado de maneira automática, com escrita burocrática. (p. 28 e 29).

As informações consideradas mais importantes aparecem, contrariando a ordem

natural de uma narrativa, logo no início da manchete e no subtítulo, depois, apresenta-se

o parágrafo de

lead

e, então, o corpo do texto (

body

) é desdobrado.

Visto que não se trata de um processo aleatório, mas de uma produção escrita

que segue determinadas regras, não consideramos que a notícia seja imparcial, pelo

contrário, como em toda produção linguística, podemos nela encontrar estratégias de

seleção que orientam o sentido do texto. Para os estudiosos de textos como Brandão

(1998), Maingueneau (2002), Marcuschi (2007), entre outros, a simples seleção de

eventos a serem reproduzidos já implica escolhas, argumentação e o encaminhamento

do discurso para determinadas conclusões. Por isso, torna-se utópica a noção de

exposição de ideias objetivas, sem nenhum posicionamento pessoal, pois toda

linguagem é constituída de intencionalidade. Nesse processo, incluímos a polifonia, na

medida em que todo enunciado possui uma orientação argumentativa.

Desse modo, podemos investigar, neste trabalho, se a simples seleção de eventos

a serem reproduzidos na notícia já implica uma orientação argumentativa que

encaminha o discurso para determinadas conclusões. Além disso, se toda linguagem é

constituída de intencionalidade, inclusive a polifonia, entendemos ser de suma

importância um trabalho que coteje tal objeto de estudo.

Com o propósito de desenvolver uma pesquisa a respeito dessa estratégia

linguística em notícias publicadas no jornal

Folha de S. Paulo

, este trabalho objetiva

contribuir para o

Projeto História do Português Paulista

(PHPP - conhecido como

(15)

se trata de um

corpus

constituído por textos de diferentes épocas, o que propicia a

verificação da língua usada pela sociedade nesses diferentes momentos da história.

Trata-se de textos que foram produzidos em determinado contexto sócio-histórico,

fazendo com que o estudo de notícias, em uma perspectiva diacrônica, contribua para a

pesquisa e análise do português paulista e, consequentemente, do português brasileiro.

Dessa maneira, no primeiro capítulo, tratamos primeiro da perspectiva histórica

baseando-nos, principalmente, em Fausto (2009) e Pierucci (2007) nas décadas aqui

analisadas: 1930, 1940 e 1970 com o intuito de contextualizar o

corpus

e o leitor,

fazendo-se dessa maneira uma Análise Crítica do Discurso sob a luz da historicidade.

Depois abordamos a história da educação nesses mesmos períodos e, por último,

contemplamos a história do jornalismo impresso, que inclui a história da

Folha de S.

Paulo

e de seu manual de redação.

No segundo capítulo, conceituamos o gênero notícia e abordamos a polifonia de

acordo com os diversos autores, mas restritamente, neste trabalho, à perspectiva do

discurso direto e discurso indireto.

Já no terceiro capítulo, apresentamos a análise do

corpus

precedida sempre de

uma tabela em que os discurso direto e indireto são selecionados, bem como os atores

sociais atribuídos aos discursos. A base da análise está nos estudos de Marcuschi (2007)

que dissertou sobre os verbos introdutórios de opinião e fez uma tipologia desses verbos

em sete funções diferentes. Já o trabalho de Grillo (2001) quanto aos modalizadores e a

construção das tabelas foi, também, de suma importância para a análise, bem como os

estudos de atores sociais elaborado por Van Leuween (1997).

(16)
(17)

CAPÍTULO 1: HISTÓRIA E JORNALISMO

Para que se tenha um maior entendimento do jornalismo impresso e,

consequentemente, da transformação pela qual passou o gênero notícia ao longo das

décadas aqui analisadas, se faz necessário um levantamento histórico da constituição e

evolução da sociedade brasileira nas décadas de 1930, 1940, 1970 (século XX) e do

início do século XXI. Esse levantamento histórico é importante porque o jornal

impresso está estritamente ligado à Cultura, Economia, Política e Educação da

sociedade brasileira, no período em que circulou. Outro ponto a ser levado em

consideração é que pela Análise Crítica do Discurso (doravante ACD) tanto a notícia

reflete o que se passou naquele momento histórico, quanto o que se sabe da história se

reflete nas notícias. Esse jogo de vai e volta entre a notícia e a história é verdadeiro,

mesmo com algumas interferências.

Se por um lado a notícia está voltada para o presente, para o novo e até antecipa,

muitas vezes, o que irá acontecer; por outro lado, a história está voltada para o passado e

necessita de distanciamento cronológico para que se obtenha uma análise mais profunda

e clara. Ao contrapor notícias relativas a determinado período histórico com os livros de

história que relatam esse mesmo período, podemos notar que certos pontos convergem e

outros divergem, nem tudo o que foi noticiado na época constitui-se de fato real, como

se pode verificar ao longo do tempo.

1.1 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1930

Segundo Fausto (2009), a partir da década de 1930, iniciou-se, no Brasil, um

processo de urbanização, principalmente em São Paulo, que era um Estado

caracterizado como um grande distribuidor de produtos importados. Nessa época, o

Brasil era um país baseado em uma economia agrária e o café era o seu principal

produto de exportação.

(18)

“reduzir o poder das oligarquias nas áreas onde isso parecia mais fácil e onde eram mais

chocantes as desigua

ldades sociais.” (

p.313).

Anos depois, houve o movi

mento do tenentismo, espécie de “herdeiros” dos

“salvacionistas”, que, segundo o historiador, se contrapuseram às propostas que tinham

antes de ascender ao poder, em 1930. Conforme Fausto (2009), os tenentes tinham

como propósito “(...) dotar o país de um

poder centralizado, com o objetivo de educar o

povo e seguir uma política vagamente nacionalista.

(p.314).

Assim, para explicar a tomada de poder de Getúlio Vargas e suas consequências,

é necessário refletir sobre a Revolução de 1930. Tal revolução marcou o fim da primeira

República e iniciou-se por desentendimentos sobre o nome a ser indicado para

candidato às eleições presidenciais. O então presidente, Washington Luís, queria indicar

um representante de São Paulo, Júlio Prestes, o que não foi visto com bons olhos por

parte de mineiros e gaúchos. Daí surge o nome de Getúlio Vargas como candidato à

presidência pelo partido chamado Aliança Liberal, que tinha como foco sensibilizar a

classe média e as classes dominantes regionais não associadas ao núcleo cafeeiro.

Júlio Prestes ganhara as eleições em 1º de março de 1930, com votos forjados, o

que principiou, em outubro de 1930, a Revolução em Minas Gerais e no Rio Grande do

Sul. Uma das batalhas, a chamada Batalha de Itararé, tinha por objetivo a deposição do

presidente, que não ocorreu de fato, pois para Fausto (2009):

(...)antes do confronto decisivo, a 24 de outubro, os generais Tasso Fragoso, Mena Barreto e Leite de Castro, pelo Exército, e o almirante Isaías Noronha, pela Marinha, depuseram o presidente da República no Rio de Janeiro, constituindo uma junta provisória de governo. (p. 325).

(19)

1.1.1 - Getúlio Vargas sobe ao poder

Em outubro de 1930, Getulio Vargas sobe ao poder como chefe do governo

provisório, permanecendo no cargo durante 15 anos. Em 1950, é eleito pelo voto

popular, mas não chegou a cumprir seu mandato por ter se suicidado.

Getúlio Vargas toma o poder em um período delicado da história, pois, na

década de 1930, havia uma grande crise mundial devido à “quebra” da bolsa de Nov

a

Iorque, ocorrida em 1929. Tal depressão da economia afetou diretamente o Brasil e sua

economia agrária, baseada somente no café. Para que as consequências não fossem mais

devastadoras, o governo adotou como medida a compra do café para uma posterior

quei

ma. Essa medida beneficiou os cafeicultores que acabaram não “quebrando”, apesar

de toda a crise mundial.

O governo, que tinha também o apoio da Igreja Católica, tomou várias medidas

centralizadoras, como quando dissolveu o Congresso Nacional e demitiu a maioria dos

governadores, colocando em seu lugar interventores nomeados.

No entanto, Getúlio Vargas não foi somente um ditador que não realizou

melhorias efetivas na vida das pessoas. Ele foi um grande interventor nas políticas

trabalhistas e fortaleceu os trabalhadores instituindo: regulação do trabalho de mulheres

e menores de idade, férias, limite de oito horas de trabalho. Tudo isso foi importante e

consolidado em novembro de 1930 com a abertura do Ministério de Trabalho, Indústria

e Comércio e Juntas de Conciliação e Julgamento que serviam como um intermediário

para os conflitos entre patrões e empregados.

1.1.2 -Tenentismo

(20)

pressões externas, houve a promulgação de um Código Eleitoral em que ficou

estabelecida a obrigatoriedade do voto, seu caráter secreto e o direito de voto das

mulheres.

Além disso, nessa época, não só o campo político se destaca, mas também o

trabalhista e educacional, pois vários avanços foram obtidos a partir da Constituição de

14 de julho de 1934, tais como: salário mínimo, descanso semanal, férias remuneradas,

indenização na despedida sem justa causa com relação aos direitos trabalhistas. No que

diz respeito à educação, tema das notícias selecionadas neste trabalho, foram instituídos

o ensino primário gratuito de frequência obrigatória e o ensino religioso de frequência

facultativa.

Contudo, os acontecimentos políticos são preponderantes nesse período. Em 30

de março de 1935, é lançada a Aliança Nacional Libertadora (ANL), liderada por Carlos

Lacerda, que tinha os seguintes objetivos: suspensão da dívida externa, reforma agrária,

liberdade popular e constituição de um governo popular. Nesse ínterim, segundo Fausto

(2009), na comemoração do dia 5 de julho de 1935, Carlos Lacerda, que se encontrava

clandestino no Brasil, leu um manifesto de autoria de Prestes, pois este se encontrava

escondido e também era um clandestino. Tal manifesto apelava pela derrubada do

governo Vargas e pela tomada de poder por um governo popular, nacional e

revolucionário.

Em março de 1936 como resposta à carta lida por Lacerda, a polícia invadiu o

congresso prendendo os parlamentares que tinham alguma ligação com a ANL e criou

também, em outubro desse mesmo ano, o Tribunal de Segurança, um órgão judiciário

que ficaria sob o comando do governo

(21)

1.2 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1940

Para o historiador Boris Fausto (2009) é possível sintetizar o Estado Novo sob o

aspecto socioeconômico, “(...) dizendo que representou uma aliança da burocracia civil

e militar e da burguesia industrial, cujo objetivo comum imediato era o de promover a

industrialização do país sem grandes abalos sociais.”

(p. 367).

Nesse sentido, a grande industrialização ocorrida a partir de 1937 teve como

principal propósito substituir os produtos importados que eram consumidos no país, por

produção interna. Para que isso ocorresse, foram estabelecidas algumas medidas que

tornavam campos e lugares estratégicos restritos somente aos brasileiros. Tais

iniciativas tomadas em prol da industrialização refletiram na Educação, principalmente

no ensino industrial, quando foi instituída, em 1942, a Lei Orgânica do Ensino

Industrial e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

No campo trabalhista, Getúlio Vargas era visto como o “pai dos pobres”, como

“protetor dos trabalhadores”. Em 1940, foi estabelecido o salário mínimo que consistia

em remuneração adequada para suprimir as necessidades básicas do trabalhador, bem

como, em junho de 1943, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). No entanto,

antes disso, em agosto de 1939, foram decretadas a unidade sindical e algumas medidas

que tornavam o sindicato mais dependente do Estado. E, em julho de 1940, foi criado o

imposto sindical, uma tributação que determinava aos trabalhadores filiados ou não ao

sindicato que pagassem um dia de seu trabalho a associações trabalhistas.

Quanto à política externa, o Brasil assinou um acordo comercial, em 1935, com

os Estados Unidos e, em 1936, assinou outro com a Alemanha. Houve um impasse para

o Brasil, na medida em que esses dois países acabaram pertencendo a eixos diferentes

durante a Segunda Guerra Mundial. Esse impasse só foi resolvido quando cinco navios

brasileiros, em 1942, foram bombardeados por submarinos alemães. Nesse momento, o

país se declarou pró-aliados, ficando ao lado dos Estados Unidos e mandando tropas

brasileiras para o combate.

(22)

criado o Departamento Oficial de Publicidade (1931-1939), que mais tarde foi

substituído pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).

Em meados de 1943, o governo se viu enfraquecido e coagido pelos movimentos

estudantis e pelos subterfúgios que a Imprensa utilizava para publicar notícias em

desacordo com o governo em questão. Em fevereiro de 1937, Getúlio Vargas declara o

Ato Adicional que abria as eleições gerais, no entanto, o mesmo foi deposto em 1945.

1.3 - Panorama da sociedade brasileira da década de 1970

Apesar de o Regime Militar ter perdurado de 1964 a 1985, analisaremos aqui,

mais profundamente, a década de 1970, pois é deste período que foi retirado o

corpus

para análise desta dissertação.

1.3.1 - Regime Militar (1964-1985)

O militarismo ficou conhecido pela instauração de vários Atos Institucionais

(AI), cujo primeiro deles foi baixado em 9 de abril de 1964 e consistia em: suspensão da

imunidade parlamentar, perda dos direitos políticos por dez anos entre outras restrições

para os magistrados, instalação de Inquéritos Policial-Militares (IPM) etc. Foi criado, de

acordo com Fausto (2009), também o Serviço Nacional de Informações (SNI) que tinha

por objetivo “(...) coletar e analisar informações pertinentes à seg

urança nacional, à

contra-informação e à informação sobre questões de subversão interna.

” (p.468).

1.3.2 - Governo Castelo Branco

(23)

por meio de reajustes salariais inferiores à inflação. Além disso, no setor trabalhista, foi

criado o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), em setembro de 1966.

Quanto aos Atos Institucionais, o AI-1 foi seguido do AI-2 e AI-3, todos

instituíram o reforço dos poderes do presidente e a extinção dos partidos políticos que

existiam, só podendo haver dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o

Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

1.3.3 - O governo Costa e Silva

Em março 1967, quando Costa e Silva ganhou as eleições, o descontentamento

da massa se revela por meio de movimentos estudantis e tem seu ápice na passeata dos

100 mil que aconteceu no dia 25 de junho de 1968, da qual participaram representantes

da Igreja e da classe média do Rio de Janeiro.

Nas comemorações do dia 7 de setembro, o deputado Márcio Moreira Alves

pediu um boicote à parada militar, incitando até as namoradas dos oficiais a ajudarem

nessa empreitada fazendo greve de sexo. Assim, no dia 13 de dezembro de 1968, o

presidente institui o AI-5 e fecha o Congresso.

Com o AI-5, foram estabelecidas a suspensão da garantia de

habeas corpus

, a

perda de direitos e expurgos no funcionalismo, a censura dos meios de comunicação e a

tortura. Segundo Fausto (2009), Costa e Silva sofreu um derrame e ficou incapaz de

governar o país. Dessa maneira, a partir da instituição do AI-12, os ministros Lira

Tavares, do Exército, Augusto Radamaker, da Marinha, e Márcio de Sousa e Melo, da

Aeronáutica, assumiram temporariamente o poder.

(24)

1.3.4 - O governo Médici

O General Emílio Garratazu Médici subiu ao poder em 30 de outubro de 1974.

Seu governo foi dividido em três áreas: militar, econômica e política, resultando,

segundo Fausto (2009), em um dos governos mais repressivos da história brasileira. O

governo usava a propaganda como um trunfo para manipulação política afirmando que

o Brasil se desenvolvia bem em termos econômicos haveria um crescimento diante dos

demais países. Os idosos chegaram a acreditar que, no milênio seguinte, o Brasil estaria

equiparado em termos de desenvolvimento ao Japão. Tudo isso era embalado pela

marchinha “

Pra frente Brasil”

e reforçado pela vitória brasileira na Copa do Mundo de

1970.

Assim, o Milagre Econômico durou de 1960 até 1973 devido a uma junção de

crescimento econômico com baixas taxas de inflação. Houve tomadas de empréstimos

aumentando a dívida externa de 40 bilhões de dólares, em 1967, para 97 bilhões, em

1972, chegando a 375 bilhões de dólares, em 1980. No entanto, o milagre econômico

teve pontos negativos, tais como: excessiva dependência internacional; dependência de

petróleo; má distribuição de renda; baixa dos indicadores de saúde, educação e

habitação; falta de preocupação com o meio ambiente e, consequentemente, a

desatenção com a preservação da natureza etc.

1.3.5 - O Governo Geisel

O general Ernesto Geisel foi escolhido para ser o presidente da República pelas

Forças Armadas no ano de 1973. Seu governo foi marcado por vários conflitos, entre

eles a invasão à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC- SP) e repressão

aos estudantes que estavam lá para reorganizar a União Nacional dos Estudantes (UNE);

o “desaparecimento” e “suicídio” do jornalista e professor da Universidade de São

Paulo (USP) Vladimir Herzog e do operário metalúrgico Manuel Fiel Filho.

(25)

Em 1977, foram implantados: o “pacote abril” com o recesso do Congresso; o

senador biônico para garantir a ARENA majoritária no Senado; a eleição indireta e a

alteração do mandato de presidente da República de cinco para seis anos. Essas medidas

foram executadas para impedir que o MDB chegasse ao poder, pois este se tornara o

grupo político descontente com o governo e era constituído por pessoas com ideologias

que iam desde liberais até socialistas.

A crise internacional do petróleo ocorreu em outubro de 1973 e como o Brasil

importava 80% do que consumia, o governo acabou percebendo a fragilidade

econômica do país e lançou o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) que

defendia a autonomia a partir dos investimentos para elementos básicos como o

petróleo, aço, alumínio etc. Um dos ícones da II PND foi a usina hidrelétrica de Itaipu.

Em agosto de 1977, o governo admitiu ter manipulado os índices de inflação nos

anos de 1973 e 1974, prejudicando os trabalhadores que não tinham seus salários

corrigidos corretamente. Foi grande o alvoroço contra o governo havendo greves e

protestos que começaram em São Bernardo do Campo (município do Estado de São

Paulo), liderados pelo representante sindical dos metalúrgicos, Luiz Inácio da Silva

(Lula) e que foram repercutindo por todo o país.

1.3.6 - O governo Figueiredo

(26)

1.3.7 - Balanço de 1950 a 1980

Destacados os aspectos políticos e econômicos, cabe apontar um panorama

relacionado à população brasileira:

- A partir de 1960, o índice de envelhecimento cresceu e houve uma redução da taxa de

fecundidade;

- Na década de 1970, houve um significativo aumento na expectativa de vida e um

declínio na taxa de mortalidade infantil;

- Em 1980, a maior parte da população passou a ser urbana e a massas de produtores

pobres continuou a crescer. Esta década ficou conhecida como década perdida, pois os

trabalhadores assalariados diminuíram seu poder de compra.

1.4 - História da Educação

A Educação, como foi dito na introdução deste trabalho, não é aqui nosso foco,

mas para que as notícias tivessem um tema em comum, selecionamos textos

relacionados à Educação. Deixamos claro que este é um estudo, sobretudo, linguístico e

que não abarca sentidos de valores quanto ao que é certo ou errado no sistema

educacional, mas uma explanação sobre como esse sistema funcionava, levando-nos a

entender melhor as notícias selecionadas em cada período.

Pierucci (2007) declara que a Educação, após 1930, sofreu um processo de

democratização, cujas camadas mais populares da sociedade tiveram acesso à escola. É

fato que isso não ocorreu de um dia para outro e que nem todos tinham condições reais

de frequentar a escola. Embora no período anterior fosse restrita aos mais afortunados,

agora a Educação se tornava um pouco mais aberta. Isso pode ser comprovado com o

relativo aumento das matrículas e a uniformização do ensino. Se em 1920 3,4% da

população estava matriculada no ensino de nível primário, já na década de 1970 a

porcentagem de matrícula era de 14,7%, o que demonstra um grande avanço.

(27)

ano de 1959. Na década de 1970, o Brasil foi considerado o país que, no mundo, mais

diminuiu o número de analfabetos.

Ainda segundo Pierucci (2007), a expansão do ensino médio e a maior abertura

dos cursos de supletivo fizeram com que houvesse uma expansão também dos cursos de

ensino superior. Se em 1932 havia apenas 15.943 matriculados nas faculdades de todo o

país, em 1976 as matrículas eram na ordem de 1.035.000. E o maior crescimento se deu

da década de 1980 em diante. Tal crescimento desenfreado fez surgir também escolas

superiores que não estavam tão comprometidas com a Educação em si, mas sim com os

lucros obtidos pelas mensalidades pagas pelos alunos.

Na Constituição da República de 1891, a Educação foi separada em duas partes

quase distintas: as universidades ficaram a cargo do poder Federal e os poderes

Estaduais com os demais graus de escolaridade. No entanto, de acordo com Pierucci

(2007), devido aos Estados terem parcos recursos, as escolas estaduais serviram, em sua

maioria, como mantenedoras educacionais das camadas mais populares da sociedade.

Todos os decretos que vieram depois tinham um caráter de unificação do secundário e

uma organização dos cursos preparatórios para o exame de admissão à universidade.

Voltando-se, ao longo dos anos, a uma educação mais humanitária e baseada não apenas

em conteúdos, mas sim na formação social que esse indivíduo deveria ter perante a

sociedade.

As diferenças entre as escolas de elite e as escolas voltadas para as classes

menos favorecidas existem há muito tempo, como podemos ver no excerto do

historiador Pierucci (2007) a seguir:

A legislação em vigor nas décadas de 40 e 50 preservava a antiga organização “dualista” do ensino, caracterizada como coexistência de algo como dois “sistemas” paralelos de educação, um para o povo em geral e outro para as elites, o primeiro iniciado na escola primária e continuado depois nas escolas profissionais de nível médio então existentes, e o segundo, igualmente iniciado na escola primária e continuado depois na escola secundária, organizada com a intenção de encaminhar sua clientela para as escolas superiores e para as posições mais privilegiadas na sociedade. (p. 482).

(28)

igualdade de direitos, houve uma pressão social para que se ampliasse o número de

vagas no ensino médio. De acordo com o autor:

(...) após a queda do Estado Novo. A deposição da ditadura e o fim da Segunda Guerra Mundial abriram possibilidades de manifestação de reivindicações antes reprimidas. Com a retomada do regime político baseado no voto, as aspirações populares de melhoria de vida mediante a passagem pela educação escolar encontram, no agente político em busca de eleitores, um defensor intransigente da necessidade de criação de mais escolas. (p.484).

Com a melhor estruturação educacional e a unicidade das diretrizes escolares

deu-se o acesso à escolarização das camadas mais pobres da população,

proporcionando, consequentemente, a ascensão social desse grupo. Assim, o estudo se

tornou sinônimo de ascensão social e de uma vida financeira estável. O voto secreto,

principalmente a partir de 1945, tornou um grande aliado do crescimento de escolas

secundárias, pois era a partir dele que o povo pressionava o governo à abertura de novas

escolas. Assim, para Pierucci (2007), “a escola secundária passou por mudanças

qualitativas profundas: de escola seletiva, como ainda a definia a legislação federal de

1942, passou a escola comum, tendencialmente aberta a todos.

(p. 487).

Foi na Lei nº. 5692 de 11 de agosto de 1971 que surgiu a Reforma do Ensino em

que se estabelecia a obrigatoriedade de 8 anos para o ensino comum (antiga 1º a 8º

série) e o primeiro ciclo do ensino médio, sendo que ambos estavam integrados e ainda

podiam ser respeitadas as necessidades locais de cada região, por exemplo, o calendário

escolar pode ser diferenciado, nas áreas rurais, devido à época de colheita.

Outra questão importante que ocorreu no processo de democratização da

Educação é que ela não foi feita de modo homogêneo por todo o território. Ao contrário,

houve diferenças significativas entre determinadas regiões do país, principalmente no

que se refere à escola rural, na maioria das vezes mais defasada em relação à escola das

capitais, o que provocou modificações específicas.

(29)

Escolar feito pela Prefeitura Municipal de São Paulo, segundo Pierucci (1997) diz que

as crianças

(...) permaneciam excluídas da escola não por falta de oportunidades, mas porque suas condições de vida não as habilitavam nem ao menos à procura de ingresso na escola comum.

Não obstante o grande número de crianças que não chegam a ingressar na escola, o mais grave desafio que ora se coloca para o sistema escolar consiste na curta permanência dos alunos no ensino comum. As análises da situação educacional apontam a denominada “evasão escolar” como o principal indicador das deficiências de ensino. (p. 492).

Vários foram os fatores para que se explicasse o fracasso escolar, como: a

repetência contínua; o conteúdo fora da realidade da comunidade local e do aluno; as

escolas multi-seriadas com um único professor, quase sempre com parcos recursos; a

própria democratização da educação que levou a camada mais popular da sociedade

para a escola etc. No enta

nto, podemos levar em consideração que a “atuação

educacional dos poderes públicos, no Brasil, após 1930, vem sendo orientada com vistas

à extensão de um maior número de anos de escolaridade ao maior número possível de

habitantes”

(p. 501), segundo o Censo Escolar de 1997 relatado por Fausto (2009).

Dessa forma, podemos dizer que foram vários os projetos realizados pelo

governo para a adequação da escola brasileira. Dentre elas temos: classes de

recuperação, merenda escolar, distribuição de leite e do gestal

1

, pré-escola, cursos

noturnos e supletivos. Este último tinha o caráter de melhoria não só da população

adulta que não teve acesso à escola em idade própria, mas também a uma elevação

cultural do sistema educacional em geral, pois o pai que frequenta as aulas dá valor aos

estudos e adquire um conhecimento de mundo um pouco mais científico. Assim,

provavelmente, esse pai incentivará e propiciará para seu filho melhores estudos;

tornando-se, portanto, um propagador daquilo que aprendeu na escola dentro da própria

casa, com relação à sua família, e fora de casa por meio de projetos sociais, com maior

tomada de consciência de si como cidadão portador de direitos e deveres.

(30)

1.5 - História do jornalismo impresso

Segundo Lage (1987), a evolução e circulação do jornal se iniciou na Alemanha.

Em Bremem, no ano de 1609, e depois, no mesmo ano, em Estrasburgo, circularam os

dois primeiros jornais. O terceiro jornal surgiu ainda na Alemanha, na cidade de

Colônia, em 1610, e uma década mais tarde surgiram jornais em várias cidades

européias, tais como: Frankfurt (Alemanha), Basiléia (Suiça), Hamburgo (Alemanha),

Amsterdã (Holanda) e Antuérpia (Bélgica). A partir de então, jornais começaram a

circular em diferentes partes do mundo.

Já na primeira Guerra Mundial, segundo Erbolato (2002), o jornal impresso era

o principal meio de comunicação, ele imperava em relação às outras mídias da época, e

somente foi superado, em 1920, após o surgimento da primeira radiodifusão nos EUA.

Depois da primeira rádio e de sua expansão, a primeira revista a aparecer e fazer frente

ao jornal impresso foi a revista

Times

(1923) que tinha um caráter noticioso.

Após 1945, houve uma grande mudança em todas as mídias por causa da

popularização da televisão. Uma dessas mudanças aconteceu a partir dos estudos de

John Hohenberg (EUA) que verificou ser a falta de interesse do público, em relação às

notícias impressas, apenas uma dificuldade de compreensão, já que os textos eram

escritos de maneira rebuscada. Houve uma mudança na postura dos jornalistas e a

notícia passou a ser mais explicativa e didática. De acordo com Erbolato (2002) a

inserção de:

(...) colunas interpretativas: análises de comentários das notícias feito por um especialista, geralmente residente na capital do país que procurava oferecer sua opinião autorizada sobre um fato, além de representar os antecedentes dos assuntos nacionais e internacionais correntes (p. 32).

(31)

É por isso que Lage (1987) afirma que com essa radical mudança do jornal, a

notícia “terminaria sendo a matéria

-prima principal, conformando-se a padrões

industriais através da técnica de produção de restrições do código linguístico e de uma

estrutura relativamente estável.”

(p. 13).

Uma mídia já existente sempre muda com o surgimento de uma nova, e isso não

foi diferente com o jornalismo impresso. Este precisou superar o aparecimento do rádio

e da TV, pois ambos tiraram do jornal impresso o furo e a edição extra, na medida em

que já não se precisava mais do jornal para saber de uma notícia que acabara de

acontecer – era preciso simplesmente ligar o rádio ou a TV para se manter informado.

Assim, foi necessário ao jornal se adaptar e melhorar seu modo de produção para que

não se atrofiasse e se extinguisse. Houve uma melhoria de edição e organização, uma

vez que os jornais produzidos anteriormente não possuíam alta qualidade de editoração

e não eram bem paginados.

O jornal impresso se tornou, assim, um complemento do que o rádio, a televisão

e hoje em dia a internet

trazem para o público. Segundo Melo (1979), o jornal trata o

tema com maior profundidade, didatismo e dá ao leitor a possibilidade de absorção da

informação no momento em que for oportuno e viável, não é fugaz como uma notícia

televisionada ou transmitida pelo rádio. O jornal impresso tem seu momento e pode ser

guardado por mais tempo.

Outro aspecto a ser levado em consideração é a questão da organização, tendo

em vista a quantidade de informações. Em contraponto, uma visão mais atual, de Serva

(2005), questiona a falta de entendimento por parte do leitor, hoje em dia, devido a uma

avalanche de informações, em que não há uma efetiva organização do caos, o autor, no

trecho a seguir, discorre sobre os conflitos na Iugoslávia, afirmando que:

(...) se os leitores conhecessem a história, talvez soubesse que a guerra é um fato constante, recorrente. Então, não se surpreenderiam com notícias de cada época específica, que a rigor são „suítes‟ de velhas notícias.

(32)

A dificuldade de compreensão, segundo o referido autor, pode ser advinda das

“falsas manchetes” que, na verdade, são fatos ocorridos ao longo da história, mas que

sempre aparecem nas notícias sob uma roupagem nova, deixando o leitor, muitas vezes,

desnorteado, apesar “de serem metralhados diariamente por um cem

-número de

informações” (p.62).

Nesse sentido, é importante destacar a relevância ou não, a repercussão ou não,

de uma dada notícia, levando-se em conta que um jornal é constituído, em sua maior

parte, por esse gênero. Se, por um lado, o jornalista retém a notícia por ter uma fonte

tipo 2

2

, ou seja, não muito segura; por outro lado, ele pode ser superado por outro jornal

que lançou um

furo

, mesmo que não fosse ainda comprovado.

Foi exatamente isso que aconteceu no

Caso Escola Base

, escrito por Ribeiro

(1995). Os jornais se anteciparam ao divulgar acusações de pedofilia que, segundo

denúncias, teriam ocorrido dentro de

uma escola infantil chamada “Escola Base”. A

maioria dos jornais, para não ficar atrasada em relação aos demais veículos de

comunicação, acabou se antecipando na divulgação das notícias e atrapalhando as

devidas investigações. Segundo Ribeiro, os dois casais acusados injustamente ainda

tentam superar as acusações morais e problemas financeiros com o fechamento da

escola.

O autor faz uma comparação entre

animus narrandi

e

animus denunciandi

, no

qual o primeiro é a intenção e a própria função do jornal que é de narrar, noticiar os

fatos que acontecem; e o segundo, é compulsão por denunciar, em que o jornalista não

leva em conta se a fonte é confiável ou não, ou se é preciso um maior detalhamento dos

fatos, muitas vezes acobertando denúncias sem fundamentos e maledicentes, colocando

as fontes em

off

3

, ou seja, faz uso de um instrumento que deveria ser para preservar a

imagem de pessoas, perante uma possível retaliação, servir como um subterfúgio para

denúncias severas, que culminou, por exemplo, no

Caso Escola Base

(Ribeiro, 1995).

Talvez esse uso de várias fontes

off,

no

Caso Escola Base

, tenha-se dado porque a

2 Apresentaremos e discutiremos detalhadamente a classificação das fontes no item 1.6-Manual da

Redação: Folha de S. Paulo no Capítulo I.

3 Fontes em off é um artifício que o jornalista usa para proteger a fonte de eventuais represálias, mas tal

(33)

notícia tomou grandes proporções e comoção social, e a partir daí houve várias

suítes

4

em torno desse fato.

Como já foi dito por Lage (1987), Erbolato (2002), Serva (2005), entre vários

outros autores que dissertaram sobre Jornalismo, o fundamental de uma notícia é a

novidade; portanto, quanto mais

suítes

houver, mais informações novas são necessárias

todos os dias para chamar a atenção do leitor.

Desse modo, seria provável que no atropelamento dos fatos d

O Caso Escola

Base

, qualquer denúncia de uma mãe ou de uma vizinha poderia ser levada como

verdadeira e nova para a

suíte

do outro dia sem levar em conta a confiabilidade da fonte.

Tal fato poderia ter sido evitado se o copidesque, mais conhecido como redator do

jornal, tivesse feito a edição e investigado melhor os fatos, ao invés de imprimir uma

notícia baseada apenas na visão do jornalista que foi colher informações do caso e não

em fatos concretos e contundentes. O papel de um copidesque é manter-se na Redação e

selecionar/retirar aquilo que for excesso de emoção do jornalista que escreveu a dada

notícia. Segundo Rossi (1994

), “a forma final em que a notícia vai aparecer no jornal é,

muitas vezes, ma

is a de quem não viu o acontecimento do que a de quem o presenciou”

(p. 29).

Isso nos leva a algumas conclusões: a notícia não é construída como ela aparece

todos os dias de manhã no jornal, dentro dela há a edição, os recortes, às vezes devido a

falta de espaço no jornal, ou ao fato de o copidesque ter a autonomia dentro do jornal

para mudar a notícia, se for conveniente. Podemos nos antecipar um pouco e dizer que a

notícia em si é polifônica, na medida em que ela representa as várias vozes das pessoas

pelas quais passou, com diferentes opiniões, conhecimentos de mundo e interesses.

Dessa maneira, a notícia passa por várias etapas de adaptação até chegar aos moldes

mais

adequados

” para o jornal

.

Nesse sentido, a mídia em si é poderosa e ela tem o poder de manipular, de

persuadir e até de controlar, de certa forma, as massas, a sociedade em si. Um exemplo

clássico desse poder da mídia é a chamada hipótese da

agenda sitting

, que de acordo

com Barros Filho (1995):

As pessoas agendam seus assuntos e suas conversas em função do que a mídia veicula. É o que sustenta a hipótese da agenda setting.

(34)

se de uma das formas possíveis de incidência da mídia sobre o público. É um tipo de efeito social da mídia. É a hipótese segundo a qual a mídia, pela seleção, disposição e incidência de suas notícias, vem determinar os termos sobre os quais o público falará e discutirá. (p. 169)

Desse modo, parece haver um direcionamento que induz as pessoas a falarem do

“assunto do momento”. Isso ocorre, por exemplo, no período de

eleições em que há

notícias diárias sobre as atividades de cada candidato. Foi assim também com

escândalos políticos ou temas de grande impacto como: a Queda do Muro de Berlim, no

Impechmment do presidente Collor, na questão do Mensalão, no caso Isabella, entre

outros. A

agenda sitting

não determina sobre o que os cidadãos vão falar, mas dá um

leque de opções, pautando as conversas cotidianas do dia seguinte.

Já para Serva (2005), a notícia é uma repetição de acontecimentos que, em uma

perspectiva crítica e histórica, não são fatos novos e alheios à cultura daquela

determinada região, mas que, no jornal, é apresentada como um fato novo e chocante. O

exemplo que o autor utiliza em seu livro é a sucessão de notícias sobre corpos de

combatentes encontrados mutilados em períodos e em lugares diferentes da Iugoslávia.

Uma pessoa com uma visão histórica, crítica e que tenha a memória desse

acontecimento teria como fazer a associação e concluir que retirar os olhos dos

perdedores de guerra é quase que um costume nesse país e não veria uma notícia sobre

isso como uma novidade. Esse fato estaria muito mais ligado aos costumes e valores

locais do que a algo verdadeiramente surpreendente e estranho à comunidade local.

O que permite supor que os fatos, embora separados no tempo cronológico, fazem parte de uma única cadeia, uma única ocorrência histórica da qual cada „notícia‟ é apenas uma manifestação, como um fotograma de filme de longa metragem (p. 24).

Dessa maneira, o autor vê a notícia com uma função a-histórica, na medida em

que ela não nos deixa ver a perspectiva dos fatos como procedentes de uma série de

eventos culturais anteriores, e a maioria das manchetes não se justificaria como tal, por

trazer em si fatos corriqueiros, os fatos se repetem, e temos sempre um pouco mais do

mesmo que já foi noticiado, uma nova estratégia política que já foi usada tempos atrás.

Nessa perspectiva, segundo Serva (2005), a notícia é vista como algo que é:

(35)

aparecer vestidos de novos, maquiados para voltar a surpreender (p. 50).

Lage (1987) discute não somente a falta de conexão histórica entre as notícias

impressas veiculadas pelo jornal, mas também a não profundidade, o não

questionamento, a não relação dialética entre os fatos, como vemos no excerto que se

segue:

O universo das notícias é o das aparências do mundo; o noticiário não permite o conhecimento essencial das coisas, objeto de estudo científico, da prática teórica, a não ser por eventuais aplicações a fatos concretos. Por detrás das notícias corre uma trama infinita de relações dialéticas e percursos subjetivos que elas, por definição, não abarcam. (p. 23-24).

(36)

1.5.1 - História da Folha de S. Paulo (FSP)

Fig. 1 Os vários logotipos do Grupo Folha da Manhã desde 1921

(Caderno Especial- “Novíssima!”, 23/05/2010).

O jornal FSP foi fundado em 21 de fevereiro de 1922 sob o nome de

Folha da

Noite.

Em julho de 1925, surgiu a

Folha da Manhã

, uma versão matutina do jornal.

Quanto ao surgimento deste último, um fato muito curioso, segundo Paschoal (2007), é

que havia uma charge estampada na primeira página do jornal e embaixo dela na

primeira edição da

Folha da Manhã

vinha escrito “–

Oh! Senhores! Agora o barulho é

pela manhã também?!!!”. Tal frase se torna significativa se levar

mos em conta que já

estava em circulação o jornal

Folha da Noite

fazendo uma alusão sobre a irreverência

do antigo jornal que poderia ser lido pelas manhãs também. Paulo Duarte disse ter tido

problemas com a rotativa para que houvesse a impressão dos primeiros jornais, no

entanto, “(...) antes da madrugada, com grande alívio nosso, os primeiros números da

(37)

Fig. 2 A unificação das “Folhas” (Caderno Brasil 30/12/2009)

No ano de 1931, o nome da empresa muda para

Folha

da Manhã

. Em 1949, com o

slogan

“o vespertino das

multidões”, segundo Kuschnir (2004), o jornal

Folha da Tarde

foi lançado e sua distribuição aconteceu até 31 de dezembro de

1959. Em outubro de 1967, houve a reinauguração e ele foi

extinto pela segunda vez em março de 1999.

Somente nos anos 1960, com a junção dos três jornais

Folha da Noite, Folha da Manhã

e

Folha da Tarde

surge o

jornal FSP com o nome empresarial de

Folha da Manhã

. A

empresa era então composta, até início de 1990, pelos jornais

5

:

*Folha de S. Paulo;

*Última Hora -

jornal carioca fundado pelo jornalista Samuel

Wainer em 12 de junho de 1951. Foi o único jornal brasileiro a ser publicado

simultaneamente em sete cidades. São elas: Rio de Janeiro, São Paulo, Niterói, Belo

Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Recife. O jornal foi vendido à Empresa

Folha da

Manhã

em 1971, e no ano de 1979 o jornal foi vendido para Ari Carvalho

;

*Notícias Populares

-

surgiu em 15 de outubro de 1963 e foi extinto em 20 de janeiro de

2001;

*Cidade de Santos -

surgiu em 14 de julho de 1966 e teve seu fim em 15 de setembro de

1987;

(38)

*

Folha da Tarde.

No final dos anos 1990, esta última

Folha

se extinguiu e no lugar

dela foi lançado o jornal

Agora São Paulo,

em circulação até hoje.

Segundo Kuschnir (2004), o

Grupo

Folha

mostra sua história e constituição de

forma um pouco deturpada, pois para a empresa

Folha da Manhã

houve três etapas

distintas em sua formação: “Entre 1962 e 1967, houve uma reorganização financeiro

-administrativa e

tecnológica; entre 1968 e 1974, ocorreu uma „revolução tecnológica‟; e

entre 1974 e 1981, definiu-se um projeto político-

cultural.” (p. 220). No entanto, a

autora questiona essa divisão do jornalismo da

Folha

, pois ela se apresenta totalmente

desvinculada dos aspectos político-sociais em constante transformação.

No ano de 1967, segundo a autora, houve o investimento em tecnologia chamada

offset

, considerada de ponta na época e que tornou a

Folha da Tarde

o primeiro jornal

de São Paulo a ter fotos coloridas em suas páginas. Houve, também, o aumento de

frotas para que houvesse maior agilidade na entrega dos jornais. Tudo isso culminou na

transformação da FSP

no jornal mais lido no interior, segundo pesquisas do Ibope. O

que nos leva a pensar que a parceria entre Octávio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira

Filho foi de grande sucesso. Ao longo dos anos, a empresa cresceu e se tornou a

pioneira em tecnologia e em sistema de crítica interna, como o

ombdusman

6

.

6 Ombudsman é uma palavra sueca que significa representante do cidadão. Designa, nos países

(39)

Fig. 3 História Visual da Folha (Caderno Especial- “Novíssima!”, 23/05/2010)

No livro

Trajetória de Octávio Frias de Oliveira

de Engel Paschoal, publicado

em 2007

,

Octávio Frias de Oliveira Filho afirma que a abertura da economia brasileira,

na década de 1970, impulsionou seu pai a se preocupar com a qualidade editorial do

jornal, com a criticidade e com os grandes anunciantes. Dessa forma, a FSP se tornou

um jornal:

(40)

Por outro lado, Kuschnir (2004) diz que a FSP teve problemas com os militares,

chegando até a extinguir os editoriais e Octavio Frias se demitiu de todos os cargos que

ocupava. Isso ocorreu como uma espécie de protesto do jornal perante a prisão do

jornalista Lourenço Diaféria que escrevera uma crônica, intitulada

Herói. Morto. Nós,

que foi publicada em 1º de setembro de 1977, referente à Semana da Pátria e que foi

considerada ofensiva pelo general Sylvio Frota, então ministro do Exército, por tratar de

maneira desrespeitosa, segundo o próprio general, a figura de Duque de Caxias, patrono

do Exército.

Levando em conta os acontecimentos históricos, uma das bases do jornal FSP é

primar pela “objetividade”. Nesse veículo de comunicação, “o texto deve ser de fácil

compreensão, tornando a notícia legível e compreensível, pois um jornal de grande

circulação dirige-se a diversos grupos sociais”.

7

A partir dessa citação, fica claro que a empresa

Folha da Manhã

deseja atingir o

maior escopo possível de leitores, público este que não é elitizado, mas heterogêneo.

Isso aparece em mais um excerto do Projeto Editorial do jornal como podemos

observar:

Em meio à balbúrdia informativa, a utilidade dos jornais crescerá se eles conseguirem não apenas organizar a informação inespecífica, aquela que potencialmente interessa a toda pessoa alfabetizada, como também torná-la mais compreensível em seus nexos e articulações, exatamente para garantir seu trânsito em meio à heterogeneidade de um público fragmentário e dispersivo.

Outra questão que se poderia levantar em relação ao que o grupo

Folha

toma

como verdade é a conceituação de seu público-alvo, para quem esse jornal é dirigido. E

é isso que vemos na propaganda no site da própria FSP, mesmo sabendo que o preço do

jornal não é tão acessível para a classe mais popular da sociedade paulistana. E que

alguns cadernos, como Cotidiano ou a antiga revista da Folha - que hoje leva o nome de

Revista São Paulo desde a segunda semana de junho de 2010 - que vem como

suplemento uma vez por semana, destacam lugares nem sempre acessíveis a todas as

classes sociais.

7 Projeto Editorial da Folha de S. Paulo, 1997. Disponível em:

(41)

Fig. 4 Sobre o público alvo do jornal Folha de S. Paulo

Fonte: Disponível em: http://publicidade.folha.com.br/Publicidade/AB/index.html. Acesso em: 19/07/2010.

Para que haja um jornal que se aproxime dos leitores e que, ao mesmo tempo,

consiga manter a sua objetividade e diretrizes, empregam-se pesquisas de opinião. Tais

pesquisas, apesar de serem consideradas um sistema aparentemente concreto,

apresentam problemas, conforme podemos verificar no excerto a seguir do mesmo

Projeto Editorial.

Pesquisas de opinião possibilitam conhecer um pouco melhor as necessidades do público e aproximar a pauta do jornal e a vivência concreta do leitor. Mas, não substituem o discernimento necessário para detectar a ocasião jornalística nos fatos que reúnam o geral e o específico, em que um processo relevante ou emergente apareça entrelaçado com sua manifestação mais sintomática e humana. Essa preocupação deveria nortear a elaboração do jornal, da pauta à edição.

(42)

(...) iniciou um processo de seminários internos que busca dar mais base a seus profissionais. Convida especialistas para falarem sobre temas de sua especialidade, para repórteres e redatores da editoria que cuidam desse assunto. O trágico é que o interesse por esses seminários, raramente tem sido grande. O que, ao menos em tese, demonstra que nem todas as culpas pelas lacunas no trabalho dos jornalistas podem ser atribuídas às empresas. (p. 39).

Por meio das notícias, o jornalista reflete e avisa a sociedade sobre determinado

tema revelando também a evolução lingüística, isto é, a constituição e a mudança da

língua portuguesa nos textos por ele produzidos. A seguir abordaremos alguns aspectos

do

Manual da Redação:

Folha de S. Paulo

, analisando se há concordância entre o que é

dito no manual e o que acontece efetivamente no cotidiano da redação das notícias.

1.6 - Manual da Redação: Folha de S. Paulo (MRFSP)

O MRFSP já está na 14° edição, o que demonstra a sua força e a sua

proporcional vendagem. Nesse sentido, o que faz um jornal ser capaz de ampliar seus

negócios, lançando um livro de normas e estilos para redação e este se tornar

conceituado a partir da alta legitimidade e da desejável “neutralidade do jornal” em si?

Quanto à organização, o manual é dividido em quatro capítulos: “

Projeto

Folha”, “Procedimentos”, “Padronização e estilo” e “Estrutura da Folha”

. Para este

trabalho, daremos mais atenção aos dois primeiros capítulos; o primeiro por se tratar da

base filosófica da constituição do jornal como instituição social e o público-alvo a que

se quer chegar dentro dessa sociedade; e o segundo por estar relacionado às normas, que

devem ou deveriam ser seguidas pelos jornalistas no dia a dia do jornal, e que

verificaremos, ao longo dessa dissertação, se efetivamente foram respeitadas.

Referências

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