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(1)

Características odontológicas e prevalência da

ardência bucal em doentes com diabetes

mellitus

do

tipo 2

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de mestre em Ciências

Área de concentração: Neurologia

Orientador: Prof. Dr. José Tadeu Tesseroli de Siqueira

(2)
(3)

Aos meus pais, Sami e Astrid, pela companhia, por acreditarem e me apoiarem em muitos momentos profissionais, entre tantos outros.

Aos meus irmãos, Marco, Francine, Victor e Denise, pelo incentivo.

(4)

Muitas pessoas me auxiliaram em cada uma das etapas deste trabalho. A todos gostaria de expressar meu agradecimento.

Ao Dr. José Tadeu T. de Siqueira, pelo incentivo, pela confiança e por constantemente nos lembrar do grande valor da Odontologia.

Ao Dr. Claudomiro Barbosa, pela receptividade com que me acolheu no ambulatório de neuropatia diabética e pela grande disponibilidade que sempre demonstrou para ensinar e discutir sobre cada paciente avaliado.

Aos Drs. João Augusto Figueiró e João Carlos Gomes, pelo acolhimento na triagem do Grupo de Dor da Neurologia.

A Dra. Eliane Prado, pela permissão em realizar a avaliação odontológica no Setor de Odontologia da Psiquiatria.

A Dra. Sílvia Siqueira, pela amizade e pelo auxílio com a revisão deste trabalho.

A Dra. Gisele Fabri, pela ajuda nas avaliações periodontais.

(5)

A estatística Creuza Dalbó, pelo auxílio com a análise estatística.

A bibliotecária Rogéria Dias, pelo auxílio com a formatação deste documento.

As Dras. Thais Rolim e Sumatra Jales, pela ajuda na tabulação dos dados e principalmente pela amizade.

A Dra. Valderez Terribili, pelo constante incentivo, pelo conhecimento transmitido e por não desistir.

Aos funcionários da Divisão de Odontologia do HC-FMUSP

(6)

Esta dissertação está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento desta publicação:

Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias. Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A, L. Freddi, Maria F.Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 2ª ed.

São Paulo: Serviço de Biblioteca e Documentação; 2005.

(7)

Lista de abreviaturas Lista de tabelas Lista de figuras Resumo

Summary

1.0 Introdução 1

1.1 Saúde bucal 2

1.2 Diabetes mellitus 3

1.2.1 Etiologia e prevalência 4 1.2.2 Classificação do Diabetes mellitus 5 1.2.3 Complicações do Diabetes mellitus 6 1.2.4 Neuropatia Diabética 8 1.3 Diabetes mellitus e saúde bucal 10

1.4 Dor Orofacial 12

1.4.1 Mecanismos neurais das dores orofaciais 13

1.4.2 Epidemiologia das dores orofaciais 18

1.4.3 Classificação das dores orofaciais 19

1.4.4 Disfunções temporomandibulares 20

1.4.5 Dores neuropáticas orofaciais 23

1.5 Síndrome da Ardência Bucal 24

1.5.1 Classificação da SAB 25

(8)

3.0 Casuística e métodos 29

4.0 Resultados 33

4.1 Características dos doentes com Diabetes mellitus tipo 2 33

4.2 Características odontológicas 35

4.3 Prevalência e características das dores orofaciais 35

4.4 Avaliação e prevalência de dor e Disfunção temporomandibular (RDC/TMD Eixo 1) 38

4.5 Avaliação emocional e de incapacidade por dor (RDC/TMD Eixo 2) 41

4.6 Avaliação da sensibilidade trigeminal 43

4.7 Avaliação da sensibilidade trigeminal comparativamente entre o grupo de doentes com Diabetes mellitus tipo 2 e o controle 47

5.0 Discussão 49

6.0 Conclusão 58

Anexos 59

(9)

5HT serotonina

ATM articulação temporomandibular autoAc autoanticorpos

AVC acidente vascular cerebral BK bradicinina

CGRP proteína relacionada ao gene da calcitonina CPME corno posterior da medula espinal

DLP dislipidemia DM Diabetes mellitus

DTM disfunção temporomandibular EVA escala visual analógica

GABA ácido gama-aminobutírico H histamina

HAS hipertensão arterial sistêmica HbA1c hemoglobina glicada

IMC índice de massa corporal MMII membros inferiores MMSS membros superiores ND neuropatia diabética NMDA n-metil d- aspartato NO óxido nítrico

(10)

PG prostaglandina

QST testes quantitativos de sensibilidade SAB síndrome da ardência bucal

SNC sistema nervoso central SP substância P

(11)

Tabela 1 Distribuição dos doentes avaliados segundo o controle glicêmico e o tempo de tratamento do DM.

Tabela 2 Localização das queixas de neuropatia diabética dos doentes com DM (n=29).

Tabela 3 Morbidades associadas encontradas nos doentes com DM (n=29).

Tabela 4 Prevalência de dores e de auto-relatos de bruxismo do sono nos doentes com DM obtidos através da ficha EDOF-HC (n=29).

Tabela 5 Número de descritores e índice de dor de acordo com o questionário Mcgill de avaliação de dor.

Tabela 6 Características da dor orofacial nos doentes com DM 2.

Tabela 7 Distribuição dos doentes quanto ao diagnóstico de dor na musculatura mastigatória de acordo com o questionário RDC/TMD Eixo 1.

(12)

doentes com DM (n=29).

Tabela 10 Comparação das algiometrias do V par craniano entre os doentes

com DM, respectivamente com e sem dor orofacial (n=29).

Tabela 11 Algiometria do território trigeminal dos doentes com DM (n=29).

Tabela 12 Correlação entre glicemia, HbA1c e algiometria dos doentes com

DM.

Tabela 13 Correlação entre as algiometrias de V1, V2 e V3 nos doentes com

(13)

Figura 1 – Distribuição dos doentes segundo a limitação da função mandibular

(RDC/TMD Eixo 1).

Figura 2 – Distribuição dos doentes segundo o grau de dor crônica e

incapacidade. (RDC/TMD Eixo 2).

Figura 3 – Distribuição dos doentes segundo a presença de traços de

depressão (RDC/TMD Eixo 2).

Figura 4 – Distribuição dos doentes quanto a presença de sintomas físicos

inespecîficos (RDC/TMD Eixo 2).

Figura 5 – Avaliação da algiometria trigeminal comparativamente entre o grupo

de estudo (DM) e o grupo controle.

Figura 6 – Boxplot para comparação entre a algiometria de V2 lado direito

(14)

Arap AMM. Características odontológicas e prevalência da ardência bucal em doentes com Diabetes mellitus do tipo 2 [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2009. 84p.

O Diabetes mellitus (DM) é o transtorno endócrino mais comum e afeta 6% da população mundial. A neuropatia diabética é uma das complicações do DM e acomete até 60% dos doentes diabéticos. Este é um estudo descritivo que teve como objetivo avaliar as condições odontológicas e a prevalência da ardência bucal nos doentes diabéticos tipo 2 com neuropatia diabética. Foram utilizados os seguintes instrumentos de avaliação: exame sensitivo padronizado da face (algiometria), questionário RDC/TMD eixos 1 e 2, (critérios de diagnóstico em pesquisa) para o diagnóstico de disfunção temporomandibular (DTM), protocolo de avaliação de dor orofacial (EDOF-HC), questionário McGill para avaliação de dor e exame periodontal (IS – índice de sangramento, PCS – profundidade clínica de sondagem, PCI – profundidade clínica de inserção). A prevalência de dor orofacial foi 55,2% e de ardor bucal foi 17,2%. Os valores de glicemia em jejum e HbA1c apresentaram-se acima dos valores normais. Dos doentes

avaliados, 44,8% eram totalmente desdentados, 41,2% dos doentes apresentaram doença periodontal avançada, prevalência de dor miofascial mastigatória foi 31%. Traços de depressão moderada e grave e de sintomas físicos inespecíficos moderados e graves foram encontrados em 51,7% dos doentes, de incapacidade baixa e moderada em 37,9%. Observou-se comprometimento da sensibilidade dolorosa em V2 lado D (p=0,007), correlacionada com os valores de HbA1c.

(15)

ARAP AMM. Dental characteristics and burning mouth prevalence in type 2 Diabetes mellitus patients. [dissertation]. “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2009. 84p.

Diabetes mellitus (DM) is one of the most common metabolic diseases affecting

6% of the world population. Diabetic neuropathy is one of DM complications and it affects up to 60% of diabetic patients. This descriptive study aimed to evaluate the dental characteristics and burning mouth prevalence of type 2 DM patients. The following instruments were used: pain sensory test, RDC/TMD questionnaire axis 1 and 2 (research diagnostic criteria for temporomandibular disorders), EDOF-HC protocol (for orofacial pain), Mcgill’s pain questionnaire and periodontal evaluation (bleeding index, clinical probing depth, clinical probing insertion). Orofacial pain was found in 55,2% of the patients, burning mouth was found in 17,2%. Fasting blood glucose and HbA1c levels were found

to be higher than the recommended. 44,8% of the patients were totally edentulous, severe periodontal disease prevalence was 41,2%. Masticatory myofascial pain was found in 31% of the evaluated patients. Traces of severe and moderate depression and severe and moderate nonspecific physical symptoms were found in 51,7% of the patients; moderate and low disability in 37,9%. There was significative difference in the algometry values of the V2 right side compared to the left side and to the study group (p=0,007), with positive correlation with the increased values of the HbA1c.

(16)

O Diabetes mellitus (DM) é o transtorno endócrino mais comum,

caracterizado pela anormalidade no metabolismo de carboidratos, lipídios e

proteínas e resultante da deficiência grave ou absoluta de insulina, ou ainda

da resistência dos órgãos alvo aos efeitos celulares deste hormônio (Vernillo,

2001).

No mundo, o DM afeta 6% da população, o que significa mais de 100

milhões de pessoas. No Brasil, em 2000, o número de diabéticos era de 4,6

milhões e estima-se que em 2030 aumente para 11,3 milhões de pessoas, ou

seja, em 30 anos espera-se um aumento de 148,3% (Adeghate et al., 2006).

As complicações metabólicas do DM, normalmente mais graves nos

indivíduos com DM tipo 1, incluem maior susceptibilidade a infecções, atraso

no processo de reparação tecidual, neuropatias, nefropatia, retinopatia e

doenças micro e macrovascular (Vernillo, 2001).

A neuropatia diabética está entre as complicações mais comuns e

atinge até 60% dos doentes. Os sintomas são mais pronunciados em

membros inferiores e podem ser dolorosos (queimação, choque) ou não

(formigamento, anestesia) (Spruce et al, 2003; Boulton, 2005). Pode também

acometer nervos cranianos e nestes casos, o nervo oculomotor é o mais

(17)

Um amplo espectro de manifestações orais do DM já foi relatado:

xerostomia, alterações do paladar e perda da sensibilidade, ardor bucal,

cáries dentárias, doença periodontal e infecções fúngicas (Manfredi et al.,

2004). As neuropatias também constituem fator de risco para a perda dental e

para a disfunção temporomandibular em doentes idosos com DM tipo 2

(Shinkai et al., 2004).

As alterações do paladar e as disfunções sensitivas podem sugerir

alterações neuropáticas, primárias como na Síndrome da ardência bucal

(SAB), ou secundárias a doenças crônicas, ou condições sistêmicas, que

originariam neuropatias periféricas (Nasri et al., 2007).

1.1 SAÚDE BUCAL

Saúde bucal significa não apenas ter dentes e gengivas sadias.

Significa estar livre de dores crônicas e outras doenças que acometem o

aparelho mastigatório. Implica na possibilidade de uma pessoa exercer

plenamente funções como mastigação, deglutição e fonação, exercitar a

auto-estima e relacionar-se socialmente sem inibição ou constrangimento, o que

contribuirá para sua saúde geral (Petersen, 2003).

Particularmente a doença periodontal merece atenção por ser doença

infecciosa e ter inúmeras implicações sistêmicas. Dados epidemiológicos

(18)

e claro aumento da prevalência com a idade (Löe et al., 1978; Albandar,

Rams, 2002). Levantamento epidemiológico populacional sobre saúde bucal,

realizado pelo Ministério da Saúde, entre 2002-2003, a porcentagem de

pessoas sem problema periodontal, nas faixas etárias de 15 a 19, 35 a 44 e

65 a 74 anos de idade, foi, respectivamente, 46,2%, 21,9% e 7,9%. A

porcentagem de pessoas com bolsas periodontais maiores que 4 mm foi de

1,3%, 9,9% e 6,3%, respectivamente nas mesmas faixas etárias acima

citadas. Com a idade eleva-se o número de dentes perdidos, e na faixa etária

de 65 a 74 anos mais de 80% dos sextantes examinados eram desdentados

ou apresentavam apenas um dente funcional (Projeto SB Brasil, 2003).

1.2 DIABETES MELLITUS (DM)

Segundo a Associação Americana de Diabetes, o Diabetes mellitus

(DM) é um conjunto de doenças metabólicas caracterizada por hiperglicemia

resultante de defeitos na secreção da insulina, na sua ação ou em ambos os

casos. Essa hiperglicemia crônica está associada a disfunções e falência de

alguns órgãos, especialmente dos rins, coração, tecido nervoso, tecido

vascular e olhos. Diversos processos patogênicos, que variam desde a

destruição auto-imune das células β pancreáticas até anormalidades que

resultam na resistência à insulina, estão envolvidos no desenvolvimento do

(19)

1.2.1Etiologia e prevalência

A etiologia multifatorial, envolvendo fatores genéticos e ambientais, é

mais aceita atualmente para o DM. A freqüência de doentes diabéticos com

história familiar positiva varia de 25 % a 50% (Adeghate et al., 2006).

O DM é uma das doenças metabólicas mais comuns, e afeta quase 6%

da população mundial (Adeghate et al., 2006). Sua prevalência ainda cresce

decorrente do aumento e envelhecimento da população, urbanização,

aumento dos casos de obesidade e inatividade física. Estima-se que o

número total de doentes diabéticos alcance 366 milhões em 2030, a faixa

etária mais acometida seja dos 45 aos 64 anos (Wild et al., 2004) e cerca de

97% dos casos será do tipo 2. Este tipo de diabetes tem predominância

discretamente maior em mulheres que em homens, e é mais comum em

áreas urbanas do que nas rurais (Adeghate et al., 2006).

Na América do Sul, a prevalência do DM tipo 2 varia de acordo com

região e pais, o Brasil é o que apresenta maior prevalência (2,7% - 17,4%),

particularmente em áreas urbanas como São Paulo (12,1%) (Adeghate et al.,

2006). Coronho et al (2001) relataram 5 milhões de pessoas no Brasil com

DM e a estimativa para o ano de 2030 é de 11,3 milhões (WIld et al., 2004).

O DM tem altos índices de morbidade e de mortalidade, sendo responsável

(20)

1.2.2 Classificação do Diabetes mellitus

Designar um tipo específico de DM para o indivíduo depende de suas

circunstâncias no momento do diagnóstico e nem sempre as pessoas

encaixam-se em uma única classe (ADA, 2007).

O DM tipo 1 ou diabetes imunomediado responde somente por 5 a

10% dos casos e tem início antes dos 30 anos de idade. Previamente

denominado diabetes insulino dependente ou diabetes juvenil, resulta da

destruição celular auto imune das células β pancreáticas. Essa destruição é

variável e pode ocorrer rapidamente (em crianças) ou mais lentamente (em

adultos) (ADA, 2007; Manfredi et al., 2004).

A destruição auto-imune apresenta predisposições genéticas e

influência ambiental, estas ainda pouco esclarecidas. Os marcadores

imunológicos incluem autoAc à insulina e autoAc às células da ilhota. Os

doentes com DM tipo 1 têm mais propensão à outras doenças auto imunes,

tais como a doença celíaca, doença de Addison, miastenia grave, tireodite de

Hashimoto, hepatite auto imune e anemia perniciosa. (ADA, 2007).

Segundo White et al., 2003, o DM tipo 2 é caracterizada por

hiperglicemia crônica causada por defeitos na secreção de insulina (função

deficiente na célula B) e na sua ação (resistência insulínica pelo fígado e

tecido muscular). Esses defeitos ocorrem precocemente no curso da doença e

estão presentes antes do diagnóstico. Este tipo de DM produz ou contribui

(21)

de tratamento devem ser utilizadas para o estrito controle glicêmico. Estas

estratégias incluem o uso precoce da insulina, sozinha ou combinada com

outros agentes hipoglicemiantes.

O valor considerado normal da glicemia em jejum é < 100mg/dL. O

diagnóstico de DM (deve ser confirmado com teste de tolerância a glicose)

será dado quando a glicemia for > 126mg/dL. O valor ideal de HbA1c varia de

4% a 7% (White et al., 2003; ADA 2007).

1.2.3 Complicações do Diabetes mellitus

A hiperglicemia é a conseqüência metabólica imediata do DM, porém

ocorre também um dano multissistêmico difuso, particularmente

microvascular. Todas as formas de DM são caracterizadas por hiperglicemia,

avaliada durante o teste de tolerância à glicose por via oral. Os testes de

glicemia em jejum e de tolerância à glicose alteradas são usadas para indicar

um estado metabólico intermediário entre a normalidade da homeostase da

glicose e a condição de Diabetes mellitus (Manfredi et al., 2004).

As complicações metabólicas crônicas são, normalmente, mais graves

nos doentes com DM tipo 1, e são as seguintes: maior susceptibilidade a

infecções, atraso no processo de cicatrização, neuropatia, retinopatia,

nefropatia (doença microvascular), aterosclerose acelerada, associada à

infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), aneurismas

(22)

A doença macrovascular afeta 20% dos doentes com DM tipo 2 e

constitui a principal causa de morte nestes indivíduos. As complicações

microvasculares estão presentes em 30 a 45% dos diabéticos tipo 2. Fatores

de risco conhecidos para estas complicações incluem controle glicêmico

precário, duração da doença, HAS e DLP. A síndrome metabólica,

caracterizada pela presença de dois ou mais dos seguintes fatores: HAS,

obesidade, DLP, microalbuminuria (associada a resistência à insulina),

também constitui fator de risco para doença cardiovascular (Costa et al.,

2004).

Estudos demonstram que a obesidade generalizada favorece o risco de

desenvolvimento de DM tipo 2 por induzir resistência a insulina. Esse risco é

diretamente associado ao aumento do Índice de Massa Corporal (IMC). O

IMC é um método de avaliação do estado nutricional de adultos e idosos a

partir do peso e da altura. O quadro abaixo mostra a classificação nutricional

segundo o IMC (Marques et al., 2007).

Classificação (OMS) IMC (Kg/m2)

Abaixo do peso < 18,5

Faixa normal 18,5 – 24,9

Sobrepeso ≥ 25

Pré-obesidade 25 – 29

Obesidade grau I 30 – 34,9

Obesidade grau II 35 – 39,9

(23)

As complicações do DM decorrem principalmente da duração e

gravidade da hiperglicemia, cujos sinais e sintomas mais freqüentes são:

poliúria, polidipsia, polifagia, fadiga, perda de peso; essas queixas ocorrem

principalmente no início da doença em doentes jovens, quando ocorre

profunda deficiência de insulina (Vernillo, 2001).

1.2.4 Neuropatia diabética (ND)

De acordo com Boulton (2005), a ND é definida como a presença de

sinais ou sintomas de disfunção nervosa periférica em doentes diabéticos,

após a exclusão de outras causas. Está entre as complicações mais comuns

e atinge cerca de 50% dos doentes diabéticos. É dividida em dois principais

grupos: a neuropatia sensitiva aguda e neuropatia sensitivomotora crônica. A

primeira tem aparecimento agudo com sintomas sensitivos graves (dor em

queimação e alodínea) e sem alterações motoras, pode ter início com

episódio de instabilidade glicêmica e a melhora gradual dos sintomas ocorre

com tratamento sintomático apropriado e controle da glicemia. A neuropatia

crônica é uma das complicações mais debilitantes do DM. Muitos doentes são

assintomáticos e o déficit é descoberto em exame de rotina. As manifestações

sensitivas são mais pronunciadas em membros inferiores e em casos mais

graves pode atingir as mãos e dedos. Os sintomas podem ser dolorosos

(queimação, congelante, choque) ou não (formigamento, adormecimento,

anestesia) e são constantes. Pode ocorrer falta de firmeza nos membros, os

(24)

o uso de tricíclicos, anticonvulsivantes, tratamento tópico com capsaicina e

opióides, uma vez que não há restauração da função neuronal, o tratamento

farmacológico baseia-se no controle dos sintomas dolorosos (Spruce et al.,

2003).

A ND manifesta-se como diferentes síndromes clínicas. Diversos

mecanismos fisiopatológicos contribuem e podem agir simultaneamente para

seu aparecimento, incluindo alterações metabólicas, vasculares e

inflamatórias (Kelkar, 2005). Associados a isso, a glicemia e insulinemia,

idade do doente e duração do DM, álcool, tabagismo e albuminúria são

fatores de risco para seu desenvolvimento (Gagliardi, 2003). A redução dos

valores de HbA1c diminui a incidência de complicações, inclusive da ND. Esta

mostrou-se presente em 60% dos casos quando a HbA1c esteve maior que

7% (Vernillo, 2001).

A neuropatia periférica em DM tipo 2 mostrou-se mais freqüente em

doentes com síndrome metabólica e teve aumento proporcional e associado

às anormalidades metabólicas (Costa et al., 2004).

Nos últimos 20 anos, diversas teorias foram propostas para explicar a

fisiopatologia da ND. A hiperglicemia persistente leva ao acúmulo de produtos

da via dos polióis (sorbitol e frutose) no tecido nervoso. A partir daí ocorre

uma diminuição no tamponamento contra a oxidação, inibição do relaxamento

vascular e por fim isquemia crônica (Gagliardi, 2003; Kelkar, 2005). A

(25)

assimétricas são causadas por vasculopatias inflamatórias ou vasculites. O

tecido nervoso no diabético tem susceptibilidade aumentada aos fatores

imunes celulares e humorais, incluindo a ativação de linfócitos, deposição de

imunoglobulinas e ativação do sistema complemento. O acúmulo dos

produtos finais da glicação interfere no transporte axonal, diminuindo a

velocidade de condução nervosa. A deficiência de insulina e de fatores de

crescimento, que contribuem para a função, reparação e manutenção da

estrutura nervosa, contribuem para o desenvolvimento da ND. Anormalidades

nos canais iônicos de cálcio e sódio da membrana neuronal também tem

papel na gênese neuropatia (Kelkar, 2005).

1.3 DIABETES MELLITUS E SAÚDE BUCAL

Diversas alterações decorrentes do DM têm impacto na saúde bucal.

Um fluxo salivar adequado é crucial para manter conforto e uma condição de

saúde. Com a redução salivar pode-se esperar um impacto negativo nas

cáries dentárias e em outras infecções, além da redução da capacidade

tampão e da atividade antimicrobiana. A xerostomia é freqüente queixa entre

os indivíduos diabéticos e pode decorrer diretamente do DM, de doenças

comumente associadas a ela como, por exemplo, a hipertensão arterial ou da

(26)

Atualmente, é aceito que as neuropatias diabéticas e as alterações na

microcirculação causam mudanças na cavidade oral. A doença periodontal é

considerada uma complicação do DM e há evidências de que o controle da

infecção periodontal leva à um melhor controle metabólico pela redução do

TNF-α, o que diminui o valor do HbA1c (Mealey, Rose, 2008). São queixas

freqüentes dos doentes diabéticos a diminuição do fluxo salivar, alteração da

composição da saliva, perda de sensibilidade, inflamação, mudanças do

paladar, adormecimento, síndrome da ardência bucal e lesões em língua e

mucosa oral. As neuropatias periféricas e autonômicas também constituem

fatores de risco independentes para perda dental e disfunção

temporomandibular em doentes idosos com DM tipo 2, porém a doença não

interfere na sensibilidade intraoral (Shinkai et al, 2004).

Manfredi et al, 2004 relatam um largo espectro de manifestações

bucais em doentes com DM. A xerostomia em doentes com DM tipo 1 está

relacionada ao controle glicêmico e em doentes com o tipo 2 está ligada ao

uso de drogas xerogênicas e à neuropatia autonômica; a diminuição do

paladar pode sugerir alteração nestes receptores. A maior propensão dos

diabéticos à cárie pode refletir maiores concentrações de glicose na saliva,

porém a maioria deles desenvolve cárie por higiene oral precária. O autor

também relata maior propensão a infecções fúngicas superficiais e sistêmicas

(27)

Mealey, Rethman (2003) relataram que a Associação Americana de

Periodontia publicou a evidência da periodontite agravada pelo DM em

comparação aos indivíduos que não o tem. Qualquer aumento no risco de

desenvolvimento da doença periodontal em DM pode ser influenciado pela

redução na proliferação e crescimento celular e síntese de colágeno e

glicosaminoglicanas, eventos associados à hiperglicemia (Manfredi et al.,

2004).

1.4 DOR OROFACIAL

Genericamente, a denominação Dor Orofacial refere-se às condições

álgicas relacionadas às estruturas da cavidade oral e da face propriamente

dita.

De acordo com a Academia Americana de Dor Orofacial, o campo de

atuação nessa área inclui as condições álgicas decorrentes dos diferentes

tecidos da cabeça e do pescoço, incluindo todas as estruturas que formam a

cavidade oral (Okeson, 1996; AAOP, 2008). São múltiplas as origens de dores

orofaciais e ocorrem em diferentes áreas da cabeça e do corpo humano,

envolvendo disciplinas médicas ou odontológicas, exigindo frequentemente

treinamento e abordagem interdisciplinar (Blasberg, Greenberg, 2003,

(28)

Os estudos que investigam dores orofaciais crônicas demonstram que

os doentes apresentam, freqüentemente, alterações neurais e emocionais;

parecem ter também maior susceptibilidade à dor músculo-esquelética,

apresentando, com maior freqüência, queixa de dores em várias partes do

corpo (Ren, Dubner, 2002; John et al., 2003, Camparis, Siqueira, 2006). A dor

aguda é associada a condições clínicas de início recente, que cessam com o

tratamento da causa. Quanto às dores crônicas, têm diversas origens e nem

sempre cessam com a eliminação da causa e, atualmente, utiliza-se o critério

temporal (acima de seis meses) para caracterizá-la (Merskey, Bogduk, 1994).

1.4.1 Mecanismos neurais das dores orofaciais

Sob o aspecto neuroanatômico, no segmento cefálico destaca-se o

complexo trigeminal por ser o principal responsável pela sensibilidade da

região. A enorme convergência neuronal para o núcleo do trato espinal do

nervo trigêmeo seja da face ou do crânio, conduzida pelos nervos trigêmeo,

facial, glossofaríngeo e vago respondem, em parte, pela complexidade das

dores crânio-faciais, sob o aspecto clínico (Sessle, 2005).

Resumidamente, os mecanismos periféricos e centrais das dores

orofaciais podem ser apresentados do seguinte modo (Hu et al., 1997;

Teixeira, 2001; Sessle, 2005):

Componentes periféricos: incluem as terminações nervosas livres

(A-delta e C); os mediadores da inflamação, a exemplo da bradicinina (BK), da

(29)

neurotransmissores, como a substância P (SP), o peptídeo relacionado ao

gene da calcitonina (CGRP) e a serotonina (5HT). A intensidade do estímulo

nociceptivo e a sua resposta inflamatória determinam a extensão da lesão. Os

estímulos nociceptivos alcançam as terminações nervosas e há transdução do

estímulo, que será conduzido pelas vias nervosas. No local da lesão ocorre,

portanto, uma sensibilização das terminações nervosas conhecida como

sensibilização periférica, onde há redução do limiar de percepção de dor

(hiperalgesia). Este é um importante fenômeno na geração da dor e na sua

própria manutenção, pois a complexidade dos componentes envolvidos, de

acordo com a intensidade do estímulo, gera fenômenos como da inflamação

neurogênica que alastram a dor, espalhando-a pelas adjacências da área

atingida.

Componentes centrais: a região do tronco encefálico recebe as

informações de face e crânio, particularmente a informação sensitiva é

realizada pelo sistema nuclear trigeminal. Como em qualquer outra condição

álgica, o tálamo e o córtex cerebral participam ativamente na modulação da

informação dolorosa. Por essas áreas passarão os estímulos provenientes de

boca, face e da duramáter. A conexão dessas estruturas com o sistema

neurovegetativo (simpático e parassimpático) explica muitas das

manifestações clínicas globais, como: taquicardia, náusea e aumento de

pressão sanguínea periférica. Além disso, a sensibilidade da face também é

realizada pelos nervos: facial, glossofaríngeo, vago e cervicais superiores,

(30)

de dor. A convergência neuronal ampla de toda a região (face e crânio) para o

núcleo do trato espinal do trigêmeo justifica, em parte, o fenômeno da dor

referida nesse segmento do corpo humano. A estrutura laminar do subnúcleo

caudal do trato espinal do trigêmeo tem características próprias, apesar de ser

a continuidade do corno posterior da medula. Nele ocorre a modulação da dor

orofacial e a conexão com os neurônios de segunda ordem. Mediadores

químicos envolvidos na transmissão dolorosa, como o glutamato e a

substância P, excitatórios, e seus receptores, como o NMDA (n-metil

d-aspartato), e moduladores inibitórios da dor como a serotonina, encefalina e

GABA, predominam nessa região, em comparação com outras do sistema

trigeminal. Marcadores da atividade neuronal, como a proteína c-Fos, são

predominantemente aí encontrados.

Modulação da transmissão nociceptiva: o resumo apresentado no ítem

anterior explica, em parte, a presença de relês que modulam a intensidade da

dor orofacial no sistema nervoso central (SNC). Existem projeções

descendentes inibitórias do SNC que modulam a atividade no sistema nuclear

trigeminal, além da presença de interneurônios inibitórios. A região cinzenta

periaquedutal contém corpos celulares de neurônios que recebem estímulos

dos centros superiores e projetam-se para regiões rostrais da medula, e estão

envolvidos com a inibição da dor. Por exemplo, o reflexo de abertura da boca

e algumas atividades nociceptivas orofaciais, são moduladas por várias

regiões do tronco encefálico e por centros superiores, como região

(31)

antigos mostram que a dor pulpar experimental é modulada nessas áreas do

cérebro. Entender minimamente estes aspectos contribui para a aplicação de

terapêuticas anti-álgicas na atividade clínica, evitando abordagens repetitivas

na região operada.

Neuroplasticidade: a intensidade e a freqüência do estímulo nocivo

decorrente do traumatismo e da inflamação dos tecidos periféricos, como é o

caso das cirurgias na cavidade oral, alteram e excitam a atividade no SNC,

particularmente nas áreas citadas nos itens anteriores. Essas alterações

centrais são morfológicas, bioquímicas e funcionais. Elas contribuem para a

expansão dos campos receptores dos neurônios nociceptivos cutâneos,

aumentando sua atividade espontânea, elevando sua resposta ao estímulo

irritante e reduzindo o limiar de tolerância aos estímulos na região afetada.

Estudos experimentais em laboratório mostram que a remoção da polpa

dentária produz alterações em regiões específicas do sistema nuclear

trigeminal, mais precisamente no núcleo interpolar. Essas alterações são

verdadeiras “cicatrizes” que representam as mudanças neurais decorrentes

da manipulação periférica. O estímulo irritante, através da dor, deixa cicatrizes

invisíveis. Neuropeptídeos como a substância P como aminoácidos

excitatórios (glutamato) estão envolvidos nos mecanismos da

neuroplasticidade. Ativam os neurônios de segunda ordem que despolarizam

intensamente e aumentam a excitabilidade dos neurônios nociceptivos. Em

decorrência, há ativação dos receptores NMDA, que são considerados

(32)

(hiperalgesia secundária e alodínia). Esta por sua vez, por gerar fenômenos

como da desinibição, que contribuem para susceptibilização à dor, e decorrem

de processos inflamatórios crônicos (Sessle, 2005).

Efeitos excitatórios centrais: a seqüência de eventos acima descrita

propicia a resposta ampla do organismo perante estímulos dolorosos. Seja na

dor aguda ou na dor crônica, esses eventos ativam o sistema nervoso

neurovegetativo responsável por parte dessas manifestações, da mesma

forma que ativa o sistema motor (p.ex.: músculo-esquelético mandibular). A

perfuração por broca da dentina não anestesiada, ao provocar dor, gera

resposta imediata pelo doente, como: palidez, taquicardia e fuga. Doentes

com dores crônicas no segmento facial podem ter dor muscular secundária, a

exemplo de algumas disfunções temporomandibulares, independente das

condições oclusais que apresentem. Neste aspecto, o controle da dor

pós-cirúrgica em implantodontia é fundamental para a prevenção de todos esses

fatores, que muitas vezes são mal compreendidos na prática clínica.

Saliente-se que as alterações emocionais que Saliente-se Saliente-seguem ao estímulo nocivo, e fazem

parte da resposta dolorosa, jamais deveriam ser subestimadas. Seu

reconhecimento pelo clínico demonstra seu domínio nos mecanismos de dor e

facilita o controle desta (Sessle, 2005).

Além disso, estudos recentes mostram que inflamação e infecção de

tecidos periféricos, incluindo a região orofacial, induzem alterações

imunológicas no SNC que contribuem para a cronicidade da dor e

(33)

citocinas inflamatórias que contribuem para a hiperalgesia (Watkins, Maier,

2000; Xie et al., 2007).

Na dor por nocicepção, especialmente a aguda, a modulação é

realizada por diversas substâncias: bradicinina, acetilcolina, prostaglandina,

histamina, serotonina, leucotrieno, tromboxano, fator de ativação plaquetária,

radicais ácidos, íons potássio, substância P, neurocinina A e B, CGRP e óxido

nítrico (NO) (Anbar, Gratt, 1997) e contribuem para sensibilização, periférica e

central, e para a neuroplasticidade (Lamote, 1992). Na dor crônica ocorrem

alterações no sistema nervoso central, como sensibilização central,

neuroplasticidade, disfunção do sistema descendente inibitório e alterações

emocionais (Ren, Dubner, 2002) e os doentes parecem ter mais

susceptibilidade à dor músculo-esquelética facial quando apresentam dores

freqüentes no corpo (John et al., 2003; Camparis, Siqueira, 2006). Sabe-se

também que inflamação e infecção periféricas causam sensibilização do

sistema nervoso central (Xie et al., 2007, Staud, 2007).

1.4.2 Epidemiologia das dores orofaciais

Levantamento sobre as dores mais freqüentes na população brasileira

indicou que lombalgia (65,9%), dor de cabeça tensional (60,2%), dores

musculares (50,1 %), enxaqueca (48,6 %), dor de estômago (43,2 %), dor nas

costas (41,2 %) e dor de dente (38,4%) constituíam-se as principais queixas

(Teixeira, 1994). Estes dados confirmam, também entre os brasileiros, que o

(34)

realçado pela importância das estruturas aí alojadas e pela multiplicidade de

especialistas dedicados às diversas sub-especialidades que se dedicam a

esse segmento do corpo.

A prevalência da dor crônica nas comunidades varia de 7 a 40%

(Andersen, Worm-Perdensen, 1987). No Brasil, mais de 1/3 da população

julga que a dor crônica compromete as atividades habituais e mais de 3/4

consideram que a dor crônica limita as atividades recreacionais, relações

sociais e familiares (Teixeira et al., 1999). Dores orofaciais nos últimos seis

meses que precederam a investigação ocorreram em cerca de 22% da

população consultada (Lipton et al., 1993). Dores de dente (odontalgias) têm

múltiplas origens e ocorrem em cerca de 12% dos adolescentes brasileiros

em área urbana, sendo que 8% deles relatam afastamento das atividades

diárias, na família ou na escola (Góes, 2001).

No Brasil, as odontalgias e as cefaléias são queixas de 38 e 60%

respectivamente da população investigada, sendo que as cefaléias são de

múltiplas origens, incluindo a região orofacial (Teixeira et al., 1999). Estudo

sobre dor orofacial persistente mostrou que cerca de 22% deles

apresentavam dor dental, pulpar ou periodontal, difusa na região crânio-facial

(Siqueira et al., 2004).

1.4.3 Classificação das dores orofaciais

Existem diversas classificações de dor, entre elas destaca-se a

(35)

International Classification of Headache Disorders, 2004), que considera em

seu item 11 as cefaléias secundárias ou dor facial associada a distúrbio de

crânio, pescoço, olhos, ouvidos, nariz, seios, dentes, boca ou a outras

estruturas da face ou crânio, e no seu item 13 trata das neuralgias cranianas e

causas centrais de dor facial.

Recentemente, a Academia Americana de Dor Orofacial publicou nova

edição do seu Guidelines for Assessment, Diagnosis, and Management

(AAOP, 2008), onde complementa a classificação de cefaléias e sugere

critérios para o diagnóstico diferencial de subgrupos específicos de dores

orofaciais.

Portanto, quanto à origem, há multiplicidade de fontes potenciais de

dores orofaciais, podendo-se genericamente classificá-las do seguinte modo:

alvéolo-dentárias, musculoesqueléticas, neuropáticas, neurovasculares,

psiquiátricas / psicológicas ou referidas de áreas adjacentes da cabeça e

pescoço ou de outras regiões do corpo (Okeson, 2006; AAOP, 2008).

1.4.4 Disfunção Temporomandibular (DTM)

Pelo Guidelines for Assessment, Diagnosis, and Management (AAOP,

2008), disfunções temporomandibulares são anormalidades

musculoesqueléticas do aparelho mastigatório que podem causam dores,

agudas ou crônicas, normalmente recorrentes, e associadas a impacto leve

ou moderado na atividade social do doente. Portanto, quando presente, a dor

(36)

é decorrente de várias anormalidades ou doenças; pode ser aguda ou crônica

e não obrigatoriamente progressiva (de Leeuw et al., 1994). A dor muscular

tem origem nos músculos mastigatórios e pode envolver as cadeias

musculares adjacentes da região cervical. Portanto, a denominação DTM

engloba condições dolorosas, normalmente crônicas, decorrentes de

músculos mastigatórios, ATM e estruturas associadas (McNeill, 1993).

A etiologia das DTM é multifatorial, englobando fatores locais e

sistêmicos, como oclusão dentária, bruxismo, sexo, traumatismos, doenças

sistêmicas, genéticos, etc (AAOP, 2008; Scrivani et al., 2008). O sexo

feminino aumenta o risco para a dor musculoesquelética mandibular, a

exemplo de outras dores crônicas, como cefaléias primárias, lombalgias e

fibromialgia. É possível que o uso de estrógenos no período da menopausa

aumente o risco de DTM (LeResche et al., 1994). Entre outros vários fatores

envolvidos encontram-se os: comportamentais, hormonais, morfológicos e

emocionais (Unruh, 1996). Considera-se que a idade de pico é aos 45 anos,

com variações que dependem do subgrupo de anormalidade envolvido. Em

geral há redução da dor por DTM nas idades mais avançadas (Von Korff et

al., 1988).

A localização da dor primária por DTM freqüentemente é o ouvido, a

região pré-auricular, a face, o ângulo da mandíbula, a órbita, a têmpora e a

nuca. A dor pode ser unilateral ou bilateral e pode haver história de dor

(37)

manutenção da dor pode sensibilizar o sistema nervoso central e causar

alterações musculares secundárias, do que resulta ampliação da área de

representação da dor para o crânio e região cervical (Siqueira, 2001).

A despeito dos inúmeros testes que avaliam os ruídos da ATM ou a

atividade da musculatura mandibular, o diagnóstico das DTM é ainda

essencialmente clínico. Devem-se descartar doenças estruturais que

provocam sintomatologia similar, como os tumores do complexo

maxilo-mandibular ou das áreas adjacentes, como crânio e orofaringe. A limitação de

abertura bucal, os desvios mandibulares durante a função, os ruídos

articulares e o movimento mandibular doloroso podem ser evidenciados.

Anormalidades da oclusão dentária, desgastes dentários de natureza diversa

e dor dentária devem ser avaliados no contexto do histórico do doente e não

isoladamente. Os músculos sensíveis à palpação, as regiões de

endurecimento muscular e a presença de pontos dolorosos desencadeantes

de dor são elementos relevantes para o diagnóstico de dor muscular (Travell,

Simon, 1992).

Os mecanismos envolvidos na patogênese dos sinais e sintomas de

DTM incluem (Stohler, 1999): (1) sensibilização periférica dos tecidos; (2)

neuroplasticidade nos circuitos pró-nociceptivos e anti-nociceptivos e (3)

sensibilização comportamental, associada com alterações emocionais e com

(38)

mecanismos podem explicar a grande variabilidade de apresentação clínica

das DTM.

1.4.5 Dores neuropáticas orofaciais

A dor neuropática é a dor iniciada ou causada por lesão primária ou

disfunção do sistema nervoso (IASP, 1994). Ela é de difícil tratamento e pode

ser periférica ou central, sendo que a cavidade oral pode ser afetada em

decorrência de traumatismos externos ou cirúrgicos ou secundária a doenças

locais ou sistêmicas que afetem a cavidade oral, como é o caso do DM

(Okeson, 1996; The International Classification of Headache Disorders,

2004).

Segundo Collin et al. (2000), a ND constitui fator de risco para a DTM

uma vez que a perda da sensibilidade pode induzir deformidades e alterações

articulares. Por outro lado, a hiperestesia ou disestesia pode limitar a

manutenção da higiene oral diária, o que levaria à maior prevalência de cárie

e doença periodontal.

Em neuropatias periféricas ocorrem sensibilizações das sinapses das

unidades nociceptivas centrais e aumento do número de receptores e das

dimensões dos botões sinápticos das fibras nervosas remanescentes,

expansão do campo receptivo e melhor eficácia das conexões sinápticas dos

aferentes das regiões vizinhas àquela afetada, proliferação das terminações

axonais e aumento na distribuição espacial das terminações dos aferentes

(39)

al., 1999). Além disso, hipoatividade das vias inibitórias pré-sinápticas

segmentares, alteração no padrão da organização da chegada dos potenciais

de ação ao corno posterior da medula espinal (CPME), aumento do número

de potenciais ectópicos, degeneração das projeções centrais dos aferentes

primários, modificação da quantidade de neurotransmissores liberados pelas

terminações nervosas proximais, perda das conexões sinápticas normais,

modificação do padrão morfológico celular, aumento do volume dos neurônios

do CPME, modificações anatômicas e funcionais nas células de origem dos

tratos rostrocaudais na medula espinal e nas vias caudorrostrais e nos

neurônios das unidades do tronco encefálico e tálamo participam na

fisiopatologia da dor neuropática (Teixeira, 2001).

1.5 SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL (SAB)

A Associação Internacional para o Estudo da Dor (Merskey, Bogduk,

1994) define a síndrome da ardência bucal (SAB) como dor em queimação na

língua ou em outra mucosa oral. Já a Classificação Internacional de Cefaléias

e Dores Crânio-faciais (The International Classification of Headache

Disorders, 2004), no seu item 13, classifica a SAB como dor facial de causa

central. Portanto, a SAB é considerada uma afecção intra-oral dolorosa, onde

(40)

queimação na mucosa oral, não relacionada a anormalidades clínicas ou

laboratoriais (Bergdahl, Anneroth, 1993, Grushka, 1987).

Vários sinônimos são utilizados para descrever esta síndrome, como:

glossopirose, estomatopirose, glossodínia, estomatodínia, língua ardente,

queimação bucal e disestesia oral. Porém, o termo síndrome parece mesmo o

mais apropriado, uma vez que muitos doentes também relatam outros

sintomas associados, como xerostomia subjetiva, alteração de sabor, dor de

cabeça, insônia, etc (Zakrzewska, 2002). Sede, dor na articulação

temporomandibular, dor ou sensibilidade nos músculos da mastigação, do

pescoço, dos ombros e dos suprahioídeos também podem acompanhar a

sensação de ardor (Gorsky et al., 1991). Irritabilidade, mudanças nos hábitos

alimentares, depressão e diminuição da sociabilidade também acompanham

os sintomas locais (Maltsman-Tseikhin et al., 2007).

1.5.1 Classificação da SAB

Como os conceitos de SAB mostram-se insuficientes para estabelecer

critérios adequados para o seu diagnóstico e tratamento, atualmente existe a

tendência de agrupar os doentes com queixa de ardor bucal em dois grupos

(Scala et al., 2003):

a) ardência primária, essencial ou idiopática, quando não se encontram

(41)

b) ardência secundária, onde os sintomas são resultado de alguma

doença local ou sistêmica, como aftas, odontalgias, infecções, DM,

fibromialgia e anemia, entre outras.

Estudo em nosso meio, sobre doentes com queixas de queimação na

cavidade oral, mostrou que cerca da metade apresentavam doenças crônicas

ou condições sistêmicas que poderiam originar neuropatias periféricas, e

entre eles 7% relatavam ter DM (Nasri et al., 2007). Outro estudo também

realizado em nosso meio mostrou que o câncer oral também deve ser incluído

no diagnóstico diferencial da queimação oral, pois em cerca de 3.5%, de 271

doentes a ardência bucal foi o motivo inicial da procura por assistência à

saúde (Cuffari et al., 2006).

1.5.2 Ardor bucal e neuropatia diabética

Apesar da etiologia da SAB ainda ser desconhecida, fortes indícios na

literatura recente sugerem que a SAB seja uma dor neuropática. Grushka,

Sessle (1991) observaram mudanças no paladar e/ou disfunções

sensitivas/químicas sugerindo uma origem neuropática para esta síndrome.

Distúrbios na percepção de estímulos térmicos (Svensson et al., 1993);

alterações na transmissão neuronal e aumento na sensibilidade trigeminal

(Gao et al., 2000); polineuropatia subclínica envolvendo perda funcional das

fibras nervosas de pequeno diâmetro (Lauritano et al., 1998); mudanças

morfológicas difusas nas fibras nervosas do epitélio e subepitélio, compatíveis

(42)

nervosas. Maltsman-Tseikhin et al. (2007) e Yilmaz et al. (2007) sugerem que

a SAB pode estar associada à neuropatia sensitiva de pequenas fibras

trigeminais.

Outras neuropatias faciais, como a neuralgia do trigêmeo e a

neuralgia pós-herpética, comprometem a sensibilidade orofacial, envolvendo,

inclusive os ramos trigeminais ipsolaterais não afetados (Siqueira et al., 2006;

2007; Kurogi et al., 2007). Também em doentes com ardência bucal foram

encontradas alterações no nervo corda do tímpano (Eliev et al., 2007).

Curiosamente, as neuropatias estão entre as complicações mais

comuns do DM, afetando até 50% dos doentes diabéticos e são classificadas

em neuropatia sensitiva aguda, que é precipitada por instabilidade glicêmica,

e neuropatia sensitiva motora crônica, que é a forma mais comum de

neuropatia periférica (Boulton, 2005).

Até o presente momento não existem estudos que quantifiquem a

sensibilidade do território trigeminal em doentes diabéticos, e muito menos

naqueles que já apresentam diagnóstico de neuropatia diabética em outras

(43)

2 .0 OBJETIVOS

Neste estudo foram avaliados doentes com diagnóstico de Diabetes

mellitus tipo 2, com os seguintes objetivos:

a) avaliar as características gerais da amostra;

b) determinar a prevalência de dores orofaciais e de queixas de

ardência bucal;

c) avaliar a condição de saúde bucal;

d) avaliar a prevalência de dor e disfunção mandibular;

e) avaliar os aspectos emocionais e de impacto da dor nos doentes

com Diabetes mellitus tipo 2.

f) avaliação quantitativa da sensibilidade dolorosa no território de

(44)

3.0 CASUÍSTICA E MÉTODOS

Dentre 62 doentes com diagnóstico de Diabetes mellitus avaliados no

Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo, no período de janeiro/2007 a janeiro/2008, 29

preencheram os critérios de inclusão para este estudo e foram encaminhados

ao ambulatório da Equipe de Dor Orofacial da Divisão de Odontologia do

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo (EDOF-HCFMUSP). Os doentes selecionados tinham idade entre 37 a

77 anos (média de 57,86 anos), 17 eram do sexo feminino (58,6%) e 12 do

sexo masculino (41,4%).

O estudo foi aprovado pela CAPPesq – Comissão de Ética do Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

[Anexo 1] e o termo de consentimento livre e esclarecido foi informado e assinado por todos os doentes da pesquisa [Anexo 2]

Desenho do estudo: transversal exploratório

Instrumentos de avaliação:

Os doentes serão submetidos a anamnese e exame físico detalhados,

utilizando-se os seguintes instrumentos diagnósticos:

1) Ficha clínica da Divisão de Odontologia da EDOF-HCFMUSP:

protocolo de avaliação clínica em dores orofaciais, incluindo as características

(45)

intensidade, fator inicial, tratamentos realizados, tipo de dor, fatores de

melhora e de piora, presença cefaléia e de dores generalizadas no corpo e

morbidades associadas (Siqueira, Teixeira, 2001) [Anexo 3];

2) Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders

(RDC/TMD): questionário para uso em pesquisa, traduzido para o português e

adaptado culturalmente (Pereira et al., 2004; Kosminsky et al., 2004)[Anexo

4];

3) Questionário McGill para avaliação de dor, validado na língua

portuguesa (Pimenta, Teixeira, 1996) [Anexo 5]; 4) Ficha de Exame Periodontal [Anexo 6];

A avaliação periodontal constou dos seguintes índices: Índice de

Sangramento (IS) à sondagem; Profundidade Clínica de Sondagem (PCS) e

Profundidade Clínica de Inserção (PCI), para avaliar, através destes

parâmetros clínicos o grau de comprometimento periodontal e atividade de

doença. A inflamação gengival foi avaliada pelo índice de sangramento

gengival, determinado pelo número de superfícies sangrantes após sondagem

com sonda periodontal, multiplicado por 100 e dividido pelo número total de

superfícies (Ainamo, Bay 1975).

6) Exames sensitivos orofaciais correspondentes à região trigeminal

(pele e mucosa oral) (Siqueira et al.,2006) [Anexo 7];

6.1 Sensibilidade dolorosa com algiômetro de agulha (Micromar,

Diadema, Brasil)

Para avaliação complementar dos resultados dos testes quantitativos

de sensibilidade trigeminal (QST), foi utilizado um grupo controle para

(46)

homens e 14 mulheres), sem queixas de dores orofaciais ou morbidades

sistêmicas, com média de idade de 40,13 anos, com a mínima de 16 anos e a

máxima de 75 anos.

7) Análise estatística: inicialmente todas as variáveis foram analisadas

descritivamente. Para as variáveis quantitativas esta análise foi feita através

da observação dos valores mínimos e máximos, e do cálculo de médias e

desvios-padrão e medianas. Para as variáveis qualitativas, calcularam-se

freqüências absolutas e relativas. Para se testar a hipótese de igualdade entre

os dois lados foi utilizado o teste não-paramétrico de Wilcoxon e para a

comparação entre os grupos o teste não-paramétrico de Mann-Whitney, pois

a suposição de normalidade dos dados foi rejeitada. A correlação entre duas

variáveis foi analisada através do coeficiente de correlação de Spearman.

O nível de significância utilizado para os testes foi de 5%.

Critérios de inclusão

Doentes encaminhados do Centro Multidisciplinar de Dor da Divisão de

Neurologia do HC-FMUSP com diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 2 e

neuropatia diabética periférica, ainda sem tratamento para esta condição

(47)

Critérios de exclusão

Doentes com Diabetes mellitus do tipo 1 e doentes com doenças

psiquiátricas graves, sem condição cognitiva de participar do estudo,

(48)

4.0 RESULTADOS

4.1 Características dos doentes com Diabetes mellitus tipo 2

A glicemia média em jejum da amostra foi de 166 mg/dL e a taxa média

de hemoglobina glicada (HbA1c) foi de 9,17% (Tabela 1)

Tabela 1 – Distribuição dos doentes avaliados segundo o controle glicêmico e o tempo de tratamento do DM (n = 29).

N Média (± dp) Mediana Variação Glicemia em jejum

(mg/dL) 27

163,67

(± 74,16) 150 77 – 335 Hemoglobina glicada

(%) 27

9,17

(± 2,13) 8,90 5,1 - 14,6 Índice de massa

corpórea (IMC) 25

29,4

(±6,50) 29,3 18,4 - 46,4 Tempo de tratamento

do DM (em anos) 27

9,74

(±7,47) 10 1 – 30

Os membros inferiores, especialmente os pés e a região da panturrilha,

foram os locais de maior prevalência de neuropatia diabética, sejam avaliados

isolados ou associadamente a outras regiões acometidas com a condição

(49)

Tabela 2 – Localização das queixas de neuropatia diabética dos doentes com DM (n = 29).

Local da neuropatia N %

MMII* 14 48,2

MMII e MMSS** 6 20,6

MMII e Tronco 4 13,7

Tronco 3 10,3

MMSS 1 3,4

MMSS e Tronco 1 3,4

Total 29 100,0

*- membros inferiores; **- membros superiores

Todos os doentes do grupo estudado apresentavam outra doença

concomitante, além do DM, sendo que a mais predominante foi a hipertensão

arterial sistêmica (HAS). A Tabela 3 mostra a distribuição dessas doenças. O

número total de morbidades associadas foi maior que o da amostra avaliada,

pois grande parte dos doentes apresentava mais que duas alterações

sistêmicas concomitantes.

Tabela 3 – Morbidades associadas encontradas nos doentes com DM (n = 29).

Morbidades associadas N (%)

Hipertensão arterial sistêmica (HAS) 15 (51,7%)

Gastrite 10 (34,4%)

Alterações sistema cardiovascular 7 (24,1%)

Alterações sistema respiratório 6 (20,6%)

Alterações renais 5 (17,2%)

Depressão 3 (10,3%)

Câncer 3 (10,3%)

(50)

4.2 Características odontológicas

Na amostra avaliada, 16 doentes (55,2%) eram parcialmente dentados,

sendo que 6 (20,6%) apresentaram doença periodontal leve/moderada; 4

(13,7%) doença periodontal avançada e 6 (20,6%) doença periodontal

avançada localizada; 13 doentes (44,8%) eram totalmente desdentados.

O índice médio de sangramento gengival na amostra foi de 18,94%.

4.3 Prevalência e características das dores orofaciais

Queixa de dor orofacial estava presente em 16 casos (55,2%), sendo

que em 5 (representam 17,2% da amostra total) a dor era em queimor,

ardência ou formigamento na região orofacial. O valor médio (±dp) da Escala

Visual Analógica (EVA) foi de 5,6 (±3,53). Dois doentes (6,8%) referiram

ranger os dentes à noite. Observe os dados relativos às queixas de dores em

diferentes regiões do corpo, incluindo o segmento cefálico, e relato de

(51)

Tabela 4 – Prevalência de dores e de auto-relatos de bruxismo do sono nos doentes com DM obtidos através da ficha EDOF-HC (n = 29)

Sim Não Não sabe Total Dor orofacial 16 (55,2%) 13 (44,8%) 0 29 (100%) Ardor bucal 5 (17,2%) 24 (82,8%) 0 29 (100%) Dor de cabeça 16 (55,2%) 13 (44,8%) 0 29 (100%) Dor de ouvido 7 (24,2%) 22 (75,8%) 0 29 (100%)

Dor no corpo 29 (100%) 0 0 29 (100%)

Dor matinal no rosto 7 (24,2%) 22 (75,8%) 0 29 (100%) Dor matinal no corpo 23 (79,3%) 6 (20,6%) 0 29 (100%) Ranger dos dentes 2 (6,8%) 22 (75,8) 5 (17,2%) 29 (100%)

Na avaliação da dor através do questionário McGill, oito doentes (50%)

relataram os descritores latejante, pontada e agulhada, e nove doentes (56%)

relataram calor, queimação formigamento ou ardor. Os descritores mais

freqüentes foram: latejante em seis doentes (37,5%) e pontada em quatro

(25%). Dos descritores afetivos, cansativa em oito doentes (50%) foi a mais

freqüente. Veja na Tabela 5 os resultados do questionário McGill.

Tabela 5 – Número de descritores e índice de dor de acordo com o questionário McGill de avaliação de dor

Média do número de descritores n (%)

Média dos índices de dor n (%)

Sensitivos 4 (51,2%) 8 (66,6%)

Afetivos Avaliativos Miscelânea

1,5 (19,2%) 0,7 (8,9%)

1,4 (17,9%)

1,8 (15%) 1,2 (10%)

2,7 (22,5%)

(52)

Em relação à intensidade da dor, seis (37,5%) doentes apresentaram

dor de intensidade forte, cinco (31,25%) de intensidade moderada e cinco

(31,25%) com intensidade fraca (Tabela 6).

Tabela 6 - Características da dor orofacial nos doentes com DM (ficha clínica EDOF-HC).

Intensidade da dor Freqüência Fraca

n (%)

Moderada n (%)

Forte n (%)

Total n (%)

Contínua 0 1 (6,25) 1 (6,25) 2 (12,5)

Intermitente 5 (31,25) 4 (25) 5 (31,25) 14 (87,5) Total 5 (31,25) 5 (31,25) 6 (37,5) 16 (100)

Nos 16 doentes com queixa de dor orofacial, nove (56,2%) relataram

a mastigação, nervosismo, deglutição, frio e calor como fatores de piora da

dor. Os fatores de melhora relatados por oito (50%) dos doentes foram: uso

de analgésicos, pressão local, medicação para o DM, ingestão de açúcar,

(53)

4.4 Avaliação da prevalência de dor e disfunção mandibular (RDC/TMD Eixo 1)

Quanto às disfunções musculares, nove doentes (31%) apresentaram

dor miofascial e 20 (69%) não receberam qualquer outro diagnóstico deste

grupo de disfunções (Tabela 7).

Tabela 7 - Distribuição dos doentes quanto ao diagnóstico de dor muscular mastigatória de acordo com o questionário RDC/TMD Eixo 1

Dor miofascial Dor miofascial com limitação de abertura bucal

Ausência de

sintomas Total

n (%) n (%) n (%) n (%)

9 (31) 0 20 (69%) 29 (100%)

Quanto ao deslocamento do disco articular, na ATM direita, um

doente (3,4%) apresentou diagnóstico de deslocamento com redução, três

(10,3%) apresentaram diagnóstico de deslocamento de disco sem redução e

sem limitação de abertura bucal e 25 (86,2%) não apresentaram alterações;

na ATM esquerda, três doentes (10,3%) apresentaram deslocamento sem

redução e com limitação da abertura bucal e 26 (89,7%) não apresentaram

alterações. Não há outros diagnósticos em qualquer dos lados.

Dos 29 doentes, dois (6,9%) apresentaram artralgia do lado D e dois

(6,9%) do lado esquerdo; 27 (93,1%) não tinham alterações do lado direito

(54)

Tabela 8 - Diagnóstico de anormalidades da articulação temporomandibular (ATM) de acordo com o questionário RDC/TMD Eixo 1

Variável ATM D n (%) ATM E n (%)

Desloc. c/ redução 1 (3,4) 0

Desloc. s/ redução, s/ Lim. abertura bucal 3 (10,3) 0 Desloc. s/ redução, c/ Lim. abertura bucal 0 3 (10,3)

Artralgia 2 (6,9) 2 (6,9)

Osteoartrite 0 0

Osteoartrose 0 0

Desloc=deslocamento, Lim=limitação, c/=com, s/=sem

As características referentes à mobilidade mandibular podem ser

observadas na Tabela 9. Dois doentes não tiveram valores levados em

consideração por serem desdentados totais e não utilizarem próteses

dentárias, o que inviabilizou a aferição das medidas.

Tabela 9 – Características da mobilidade mandibular (RDC/TMD Eixo 1) nos doentes com DM (n = 29).

(55)

A função mandibular foi normal em 26 (89,7%) dos doentes avaliados,

três doentes (10,3%) apresentaram grau de limitação moderada da função

mandibular (Figura 1).

Grau de limitação

moderado normal

30

20

10

0

Freqüênci

a

(Nu

m

. Do

entes)

(56)

4.5 Avaliação emocional e de incapacidade por dor (RDC/TMD Eixo 2)

Observamos que 10 (34,5%) dos doentes apresentaram algum tipo de

incapacidade baixa, seja ela com baixo nível de dor ou com dor alta; a

incapacidade moderada foi observada em um doente (3,4%).

A figura 2 mostra o grau de dor crônica observado nos doentes.

Grau de dor crônica

alta dor ,mod. Incapac. dor alta,

incap. baixa

ausência

20

15

10

5

0

Freqüê

ncia

(N

um. D

o

en

te

s

)

dor e incap. baixa

(57)

Na amostra avaliada, oito doentes (27,6%) apresentaram traços

depressão moderada e sete deles (24,1%) apresentaram traços de

depressão grave (Figura 3).

Grau de depressão

grave moderado

normal

1

1 2.5

0.0

7.5

5.0

2.5

0.0

Freqüênci

a

(Nu

m

. Do

entes)

(58)

Em relação aos sintomas físicos inespecíficos, nove doentes (31%)

tiveram traços moderados e seis doentes (20,7%) traços graves (Figura 4).

4.6 Avaliação da sensibilidade trigeminal

A avaliação algiométrica do nervo trigêmeo nos doentes com DM foi

realizada comparativamente entre doentes com e sem dores orofaciais;

entretanto não houve diferença estatisticamente significativa entre eles

(Tabela 10).

Sintomas físicos

grave moderado

normal 12.5

10.0

7.5

5.0

2.5

0.0

Freqüênci

a

(Num. Doentes)

(59)

Tabela 10 – Comparação das algiometrias do V par craniano entre os doentes com DM, respectivamente com e sem dor orofacial (n = 29).

Variável Dor

orofacial n Média dp Mínimo Máximo Mediana p* Algiometria V1D Sim 16 49,25 33,10 12 100 35 0,092

Não 13 24,08 7,15 10 36 26

Algiometria V1E Sim 16 40,63 27,84 10 100 38 0,200

Não 13 27,69 23,05 14 100 20

Algiometria V2D Sim 16 34,75 23,21 12 100 28 0,423

Não 13 27,00 11,80 14 52 22

Algiometria V2E Sim 16 32,00 23,49 10 100 26 0,232

Não 13 20,69 12,82 10 58 17

Algiometria V3D Sim 16 34,38 20,35 10 80 26 0,589

Não 13 29,08 17,62 10 70 25

Algiometria V3E Sim 16 34,63 23,91 10 100 28 0,329

Não 13 24,85 10,82 10 42 24

(*) nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Mann-Whitney.

Na avaliação dos doentes com DM houve diferença estatisticamente

significativa no valor da algiometria de V2 lado direito em comparação com o

(60)

Tabela 11 – Algiometria do território trigeminal dos doentes com DM (n = 29).

Variável n Média dp Mínimo Máximo Mediana p* Algiometria V1 lado D 29 37,97 27,77 10 100 28 0,229 Algiometria V1 lado E 29 34,83 26,19 10 100 24

Algiometria V2 lado D 29 31,28 19,07 12 100 24 0,017 Algiometria V2 lado E 29 26,93 19,97 10 100 20

Algiometria V3 lado D 29 32,00 19,03 10 80 25 0,746 Algiometria V3 lado E 29 30,24 19,51 10 100 26

(*) nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Wilcoxon

Na correlação entre a algiometria com a glicemia e HbA1c, a correlação

foi positiva em relação à algiometria de V2 direito e V3 esquerdo e a HbA1c

(Tabela 12).

Tabela 12 – Correlação entre glicemia, HbA1c e algiometria dos doentes com DM.

algioV1D algioV1E algioV2D algioV2E algioV3D algioV3E Glicemia r 0,359 0,313 0,206 0,142 0,119 0,139

p 0,066 0,112 0,302 0,479 0,553 0,490

HbA1c r 0,365 0,334 0,383 0,271 0,250 0,440

p 0,067 0,095 0,054 0,181 0,218 0,024

(r) coeficiente de correlação e Spearman

Na correlação entre as algiometrias de V1, V2 e V3 do grupo de estudo

houve correlação significativa tanto do lado D quanto E, mostrando que o

aumento no valor de um dos ramos implica no aumento do valor dos outros

(61)

Tabela 13 – Correlação entre as algiometrias de V1, V2 e V3 dos doentes com DM.

V2 D V3 D V2 E V3 E

V1 D r 0,611 0,426 V1 E r 0,698 0,763 p <0,001 0,021 p <0,001 <0,001

n 29 29 n 29 29

V2 D r 0,521 V2 E r 0,678

p 0,004 p <0,001

n 29 n 29

(62)

4.7 Avaliação de sensibilidade trigeminal, comparativamente entre os doentes com DM (estudo) e o grupo controle

Na comparação entre grupo de doentes com DM e o grupo de sujeitos

saudáveis também houve diferença estatisticamente significativa (p=0,007)

(Figura 5).

37,9

31,232 32,5

20,7 27,7

34,8

26,930,2 28,6 20,1

29,4

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Estudo D Controle D Estudo E Controle E

V1 V2 * V3

*p=0,007 – comparativamente ao V2 D do grupo de estudo.

iometria

g

Valor da al

Referências

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