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Artigo
de
Revisão
Síndrome
do
túnel
do
carpo
–
Parte
I
(anatomia,
fisiologia,
etiologia
e
diagnóstico)
夽
Michel
Chammas
a,
Jorge
Boretto
b,
Lauren
Marquardt
Burmann
c,
Renato
Matta
Ramos
c,
Francisco
Carlos
dos
Santos
Neto
ce
Jefferson
Braga
Silva
c,∗aServic¸odeCirurgiadaMãoedosMembrosSuperiores,CirurgiadosNervosPeriféricos,HospitalLapeyronie(CentroHospitalar
Universitário),Montpellier,Franc¸a
bServic¸odeCirurgiadaMão,HospitalItaliano,BuenosAires,Argentina
cServic¸odeCirurgiadaMão,HospitalSãoLucas,PontifíciaUniversidadeCatólicadoRioGrandedoSul(PUC-RS),PortoAlegre,RS,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem10dejulhode2013
Aceitoem28deagostode2013
On-lineem20dejunhode2014
Palavras-chave:
Síndromedotúneldo
carpo/fisiopatologia
Síndromedotúnel
docarpo/etiologia
Síndromedotúnel
docarpo/diagnóstico
Nervomediano
r
e
s
u
m
o
A síndrome dotúnel docarpo(STC)é definidapelacompressãodonervo medianono
punho.Éamaisfrequentedassíndromescompressivaseacausamaisfrequenteéa
idiopá-tica.Aindaqueasregressõesespontâneassejampossíveis,oagravamentodossintomas
é aregra.Odiagnósticoé,acima detudo,clínico pelossintomasetestesprovocativos.
Umexameeletroneuromiográficopodeserrecomendadonopré-operatórioouemcasode
doenc¸alaboral.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora
Ltda.Todososdireitosreservados.
Carpal
tunnel
syndrome
–
Part
I
(anatomy,
physiology,
etiology
and
diagnosis)
Keywords:
Carpaltunnel
syndrome/physiopathology
Carpaltunnelsyndrome/etiology
a
b
s
t
r
a
c
t
Carpaltunnelsyndrome(CTS)isdefinedbycompressionofthemediannerveinthewrist.It
isthecommonestofthecompressivesyndromesanditsmostfrequentcauseisidiopathic.
Even thoughspontaneousregressionispossible,thegeneralruleisthatthesymptoms
willworsen.Thediagnosisisprimarilyclinical,fromthesymptomsandprovocativetests.
夽
TrabalhodesenvolvidoporumaequipemultinacionalnoServic¸odeCirurgiadaMãoedosMembrosSuperiores,CirurgiadosNervos
Periféricos,HospitalLapeyronie(CentroHospitalarUniversitário),Montpellier,Franc¸a,enoServic¸odeCirurgiadaMão,HospitalSãoLucas,
PontifíciaUniversidadeCatólicadoRioGrandedoSul(PUC-RS),PortoAlegre,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:jeffmao@terra.com.br(J.B.Silva).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2013.08.007
Carpaltunnel syndrome/diagnosis
Mediannerve
Electroneuromyographicexamination mayberecommendedbeforetheoperationor in
casesofoccupationalillnesses.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora
Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
ASTCéamaisfrequente dassíndromescompressivaseé
definidapelacompressãoe/outrac¸ãodonervomedianoao
níveldopunho.Suaprimeiradescric¸ãoéatribuídaaPaget,1
quereportouumcasodecompressãodonervomedianoem
consequênciade umafratura dorádio distal. Marie eFoix
em19132publicaramaprimeiradescric¸ãoanatômicae
his-topatológicadeumalesãoemampulhetadonervomediano
comneuromaproximalaoretináculodosflexores(RF).A
par-tirdosanos1950,ostrabalhosdePhalen3estabeleceramos
princípiosdaSTC.
A prevalência do STC é estimada entre 4% e 5%
da populac¸ão, sobretudo entre 40 e 60 anos.4 Em 2008,
127.269pessoascom20anosoumaisforamoperadasdeum
STC na Franc¸a metropolitana, uma incidênciade 2,7/1.000
(sexo feminino3,6/1.000, masculino 1,7/1.000).5 Houvedois
picosdefrequência,o primeiro,omaiselevado,entre45 e
59anos(75%dosexofeminino)eosegundoentre75e84(64%
dosexofeminino).
Anatomia
Limites
Otúneldocarpoéumtúnelosteofibrosoinextensíveldefinido
comooespac¸osituadoentreoretináculodosflexores(RF),que
constituioteto,eacaneletacarpiana,ofundo.Eleé
delimi-tadonabordaulnarpelohâmulodohamato,opiramidale
opisiformeenabordaradialpeloescafoide,otrapézioeo
tendãodoflexorradialdocarpo(FRC).Abaseéformadapela
cápsulaeosligamentosradiocárpicosanterioresrecobremas
porc¸õessubjacentesdoescafoide,dosemilunar,docapitato,
dohamato,dotrapézioedotrapezoide.
Conteúdo
O nervo mediano é acompanhado pelos quatro tendões
dos flexores superficiais dos dedos (FSD), os quatro
tendões dos flexores profundos dos dedos (FPD) e o
ten-dãoflexorlongodopolegar (FLP).OFLPéo elementomais
radial.
Naentradadotúnel,onervomedianoestásituado
dorsal-menteemrelac¸ãoaopalmarlongo(PL)ouentreoflexorradial
docarpo(FRC)eoPL.Emposic¸ãoneutradopunho,onervo
medianoestáemfrenteaoFSDdoindicador,entreoFLPeo
FSDdoindicadorouemfrenteaoFSDdodedomédio.Naparte
distaldotúnelonervomedianosedivideemseisramos:o
ramomotoroutenar,trêsnervosdigitaispalmarespróprios
(radialeulnardopolegareradialdoindicador)eosnervos
digitaispalmarescomunsdosegundoedoterceiroespac¸os.
Oramotenarpassaatravésdeumtúnelseparadoantesde
entrarnosmúsculostenaresem56%doscasos.
Variac¸õesanatômicas
Podemexplicarasvariac¸õesdasintomatologiaepode-se
cor-reroriscodelesãoiatrogênica.
Variac¸õesanatômicasdosnervos
Nervomedianobífidopordivisãoalta:aincidênciaéde1%a
3,3%doscasosepodeestarassociadaaumapersistênciada
artériamedianaouaumramoacessóriodoFSDdoterceiro
dedo.6Noscasosdenervomedianobífido,aporc¸ãoradialéa
maisimportante.
Variac¸õesdoramomotordonervomediano
Lanz7 encontrou cincotiposdepontos departida ede
tra-jetodoramotenar:aformaextraligamentar,amaisfrequente
(46%),asubligamentar(31%)eatransligamentar(23%).Kozin8
encontrouem4%doscasosdoisramosmotoresque
atraves-samoRF.Osfascículosnervososdestinadosaoramotenar
sãolocalizados radialmenteaonervomedianoem60%dos
casos,anteriormenteem20%ecentralmenteem18%.9
Algu-masvezesoramotenarpassaatravésdeumtúnelantesde
entrarnosmúsculostenarianos.Essasvariac¸õespodem
expli-car o impacto motor variável nas compressões severas do
nervomediano.9
Variac¸õesdoramocutâneopalmardonervomediano
Habitualmente o ramo cutâneo palmar nasce de 4 a 7cm
acimada prega dopunhoesegue por1,6a2,5cmao lado
donervomediano,depois entraemumtúnelformadopela
fáscianabordamedialdoFRCparaemergir0,8cmacimada
pregadeflexãodopunhoeinervarapeledaeminênciatenar.
Oramocutâneopalmarpodeatravessaroligamento
trans-versodocarpoouseguiraoladoulnardonervomediano.6
Posic¸ãointratúneldonervoulnar
Raríssima anomalia, sintomatologia combinada de nervos
medianoeulnar.6
Territóriosdeinervac¸ãodonervomedianonamão
Oterritóriosensitivodonervomedianoocupaafacepalmar
de trêsdedosradiaiseametade radialdodedoanular.Na
facedorsal,elecompreendeasduasúltimasfalangesdostrês
primeirosdedoseametade radialdoquarto.Quantomais
proximaloramocutâneopalmaracimadoligamento
ante-rior,maisexplicadaéafaltadeparticipac¸ãonasintomatologia
da zona tenariana.Sobre o plano motor,o nervomediano
dopolegar,oponentedopolegarefeixesuperficialdoflexor
curtodopolegar)eosdoisprimeirosmúsculoslumbricais.
Existemanastomosescomonervoulnar,sensitivasnaface
palmar(Berretini)enafacedorsaloumotora(MartineGrüber
noantebrac¸oedeRicheeCannieunamão).
AnastomosesensitivapalmardeBerretini
Essaanastomose,encontradaem67%a92%doscasos,sesitua
abaixodoarcopalmarsuperficial,responsávelpelasvariac¸ões
deterritóriosensitivo aoníveldaborda ulnardoterceiroe
doquartodedosedaborda radialdoquinto,entreos
ner-vosmedianoeulnar.10,11 Emcertoscasosessaanastomose
éimediatamentedistalaoRF.12
AnastomosemotoradeRicheeCannieu
Essaanastomose,muitofrequente(77%a100%),11é
responsá-velpeladistribuic¸ãodainervac¸ãodosmúsculostenaresentre
osnervosmedianoeulnareassumediversasformas:
• Amaisclássicaéumramocomunicanteentreoramotenar
domedianoeoramoprofundodonervoulnar.
• Anastomosenoníveldomúsculoadutordopolegar.
• Anastomoseentreoramotenareoramoprofundodonervo
ulnarnoníveldoprimeirolumbrical.
• Anastomoseentreumnervocolateraldopolegareoramo
profundodonervoulnar.
• Nota-sequeainervac¸ãodoslumbricaisésobrepostaaodo
FPD.
Anastomosemedianaulnarnoantebrac¸odeMartin-Grüber eMarinacci
As anastomoses donervo mediano para o nervoulnar do
antebrac¸oforamdescritasporMartineGrüber.Suaincidência
variade5%a40%.13Aanastomoseprovémdonervomediano,
donervointerósseoanteriorouésituadaentreosramosque
inervamoFPD.14Essaanastomosecoexistemais
frequente-mentecomumaanastomosenamão13econtémfibrasque
inervamoFPDeosmúsculosintrínsecos.11Aparticipac¸ãode
fibrassensitivasécontroversa. Asanastomosesinversasdo
nervoulnaraonervomedianosãomuitorarasesituadasna
partedistaldoantebrac¸o.
AnastomosesdeLeiboviceHastings
TipoI(60%):anastomosedomedianocomoulnarque
con-tinua na mão por inervac¸ão dos músculos normalmente
inervadosunicamentepelomediano(Ia)oucomalguns
mús-culosinervadospeloulnar(Ib).15
TipoII(35%): anastomose domedianocom oulnar que
continuanamãoparainervac¸ãodosmúsculosnormalmente
inervadospeloulnar.15
TipoIII(3%):anastomosedonervoulnarcomomediano
quecontinuanamão porinervac¸ãodosmúsculos
normal-menteinervadospelomediano.15
TipoIV(1%):anastomosedonervoulnarcomomediano
quecontinuanamão porinervac¸ãodosmúsculos
normal-menteinervadospelonervoulnar.15
Variac¸õesvasculares
Persistênciadaartériadonervomediano
Esse resíduo embrionário é observado em 1% a 16%
dos casos.16 Para Kleinert et al.,17 que o encontraram
em3,4%doscasos, participousignificativamenteda arcada
palmar superficial em 0,5% doscasos. Um nervomediano
bífidopodeestarassociado.Acomplicac¸ãoéumatrombose
responsávelporumaSTCaguda.
Aartériaulnarestáemsituac¸ãosuperficial,sobafásciae
sobreomúsculo.6
Variac¸õesmuscularesetendinosas
Músculopalmarlongo
Éumavariac¸ãodomúsculopalmarlongocomtendão
intra-túnel, chamado palmar longo profundo, que se insere na
faceprofundadaaponeurosepalmarepodeocasionaruma
constric¸ãodonervomediano;oudeummúsculopalmarlongo
emposic¸ãoinversacomcorposmuscularesintratúneis,
cha-madopalmarlongoinverso.11,18
Flexorsuperficialdosdedos
Aextensãodocorpomuscularnotúneldocarpoéavariac¸ão
maisfrequente,46%emmulherese7,8%emhomens.19Um
corpomuscularacessórioouumaanastomosecomopalmar
longofoidescritoemassociac¸ãocomumaSTC.11,16,18
Músculoslumbricais
Podeserconstatadaumaextensãodainserc¸ãointratúnelou
umainserc¸ãoanormalsobreoflexorsuperficialdoindicador,
cujaresponsabilidadeporumacompressãodonervomediano
nãoestáprovada.6,18
Fisiopatologia
e
etiologia
Anomaliasnervosasultraestruturaisecorrelac¸õesclínicas
Dopontodevistafisiopatológico,umasíndromecompressiva
combina fenômenos de compressão e tensão.
Anatomica-mente,existemdoislocaisdecompressãodonervomediano:
umnoníveldolimiteproximaldotúneldocarpo,ocasionado
pelaflexãodopunhoporcausadaalterac¸ãonaespessura,na
rigidezdafásciaantebraquialenaporc¸ãoproximaldoRF;eo
segundononíveldaporc¸ãomaisestreita,próximodohâmulo
dohamato.11
Compressão e trac¸ão nervosa podem criar, de maneira
sequencial, problemas namicrocirculac¸ão sanguínea
intra-neural,lesõesnoníveldabainhademielinaenonívelaxonale
alterac¸õesnotecidoconjuntivodesuporte.Lundborg20propôs
umaclassificac¸ãoanatomoclínica:
Estágioprecoce–Inicial,caracterizadoporsintomatologia
intermitenteunicamentenoturna.NaSTCidiopática,
múlti-plosfatoressãoaorigemdoaumentodepressãointratúnel
• Redistribuic¸ão,emposic¸ãosupina,dosfluidosàs
membra-nassuperiores;
• Faltadeummecanismodebombamuscularquecontribua
paradrenagemdosfluidosintersticiaisnotúneldocarpo;
• Tendênciaaposicionar opunhoemflexãoeaumentara
pressãointratúnel;
• Aumentodapressãoarterialnasegundametadedanoite.
Se a pressão ultrapassar 40-50mmHg, irá interferir no
retornovenosodamicrocirculac¸ãointraneuralecausaruma
diminuic¸ãodoaportedeoxigêniointraneuraleestasevenosa
comproblemasdepermeabilidadeoriginadadeedema
endo-neural.Oaumentodapressãode30mmHgduranteduashoras
levaaoabrandamentoprogressivodotransporteaxonallento
erápido.Issosecorrigequandoopacientereposicionaseu
punho,fazmovimentosdosdedosepermiteadrenagemdo
edema.Apósoalíviodacompressão,umamelhoriarápidados
sintomasocorre.
Estágio intermediário– Ossintomas sãonoturnos e
diur-nos.Asanomaliasdamicrocirculac¸ãosãopermanentes,com
edemaintersticialepineuraleintrafascicular,quecausaum
aumento de pressão dos fluidos endoneurais. Esse edema
intersticialprovoca umafluxocelularecausaum
espessa-mentodoenvelopeconjuntivo,notadamentedoepineuro.Há
tambémumadestruic¸ãodabainhademielinaedosnodos
deRanvier, nabasedeconduc¸ãosaltatóriade influxopara
superfíciedefibrasnervosasmielinizadas.Apósalívioda
com-pressão,umamelhoriarápidadossintomasocorreporcausa
dorestabelecimentodamicrocirculac¸ãointraneural.Ao
con-tráriodareparac¸ão,abainhademielinademandadesemanas
amesesecausasintomasintermitenteseanomalias
eletrofi-siológicaspersistentes.
Estágio avanc¸ado – Há sintomas permanentes e,
sobre-tudo, sinais de déficit sensitivo ou motor traduzidos pela
interrupc¸ãodeumnúmerodeaxôniosmaisoumenos
impor-tantes(axoniotmeses). Adegenerac¸ão walleriana existeno
níveldosaxônios interrompidos. Osenvelopes conjuntivos
são a sedede um espessamento fibroso reacional. Após a
liberac¸ão nervosa, a recuperac¸ão depende da regenerac¸ão
nervosa, demanda vários meses e pode ser incompleta.
A importância da recuperac¸ão dependerá do potencial de
regenerac¸ãoaxonaldopaciente,principalmenteporcausada
idade,daexistênciadeumapolineuropatiaedaseveridadede
umacompressão.
Narealidade,mesmocomacompressãodetodasasfibras
nervosasnointeriordeummesmonervo,elasnãoestarão
nomesmoestágiode lesão. Foidemonstrado queasfibras
nervosasperiféricasnaregiãodotronconervososão
afeta-dasantesqueasfibrasmaiscentraise,damesmaforma,as
mielinizadasemrelac¸ãoàsmenoreseassensitivasemrelac¸ão
àsmotoras.
NaSTCcrônica,apioriapodeaconteceremmesesouanos.
Patologiasassociadas
Polineuropatia
Todasaspolineuropatias,inclusiveasrelacionadasaodiabetes
melittus,favorecemumaSTCcomalterac¸õesestruturaise
fun-cionaisdonervomediano,queotornamaissensívelatodos
osfenômenoscompressivos.21
A neuropatiahereditáriacom hipersensibilidade à
pres-são (HNPP) éumaneuropatia sensitivo-motorahereditária,
focal e recorrente. Os primeiros sintomas raramente
apa-recem antes dos 20 anos. É caracterizada pela ocorrência
de crises com paralisia e parestesia em território bem
definido de um tronco nervoso. Essas crises, geralmente
secundáriasaumtraumatismomínimoouauma
compres-sãoprolongada,muitasvezesregridem.Recidivaéfrequente.
Umaparalisiapodeseinstalardemaneiradefinitiva.Sobreo
planoeletrofisiológico,essacondic¸ãoécaracterizadaporuma
mielinopatiacomalongamentodaslatênciasmotorasdistais.
Abiópsiadonervomostrazonasdeespessamentofocalde
mielinaemformadesalsichas(tomacula).AHNPPéherdada
comoumalesãogenéticaautossômicadominanteem80%dos
casos porumadelec¸ãodocromossomo 17.Otratamentoé
sintomático.
Síndromedecompressãonervosa:“Síndromedadupla constric¸ão”
OconceitodaduplacompressãodonervoéatribuídoaUpton
eMacComas22em1973eébaseadonofatodequeuma
com-pressãoproximalsobreotrajetodeumnervotorna-omais
suscetível em relac¸ão aum elemento compressivosituado
maisdistalmente,porefeitoscumulativossobreos
transpor-tesaxonaisanterógrados.Damesmaforma,umacompressão
distal,poralterac¸ãodostransportesaxonaisretrógrados
(“Sín-dromedadupla constric¸ãoinvertida”).Issopodeocorrerna
práticaemcasodeassociac¸ãoentrecompressãoproximalda
raiznervosa nonívelvertebralousíndromedodesfiladeiro
torácicoeaSTCdistal.Umexameclínicocuidadoso,
auxili-adoporumestudoeletrofisiológico,irádeterminarqualéo
sítiodecompressão,proximaloudistal,queéoprincipal
res-ponsávelpelossintomas,afimde orientarotratamento.O
tratamentoaplicadoaosítiodecompressãoprincipal
geral-menteésuficienteparatrataropaciente.Umacompressão
dacamadanervosadeveserlembradaemcasoderesultado
incompletooudefalhaterapêuticanotratamentomédicoou
cirúrgico.
Etiologias
Nagrandemaioriadoscasos,aSTCéditaidiopática.AsSTCs
secundáriaspodem serrelacionadas aanomaliasdo
conti-nente oudoconteúdo. Além disso, asSTCs dinâmicassão
frequentementeencontradasempatologiaslaborais.
Síndromedotúneldocarpoidiopática
Ocorremaisfrequentementenosexofeminino(65%a80%),
entre40e60anos,50%a60%sãobilaterais.23 A
caracterís-tica bilateral aumentacom adurac¸ão dossintomas.24 Está
ligadaaumahipertrofiadasinovialdostendõesflexorespor
causadeumadegenerac¸ãodotecidoconjuntivocomesclerose
vascular,edemaefragmentac¸ãodocolágeno.25Das
metaná-lisesem200226eem200827foidemonstradoquesexo,idade
efatoresgenéticoseantropométricos(tamanhodotúneldo
carpo)representamosfatoresdepredisposic¸ãomais
impor-tantes. As atividades manuais repetitivas e a exposic¸ão a
vibrac¸õeseaofriosãoosmenosimportantes.Outrosfatores
Síndromedotúneldocarposecundário
Anomaliasdocontinente
Qualquer condic¸ão que modifique as paredes do túnel do
carpopodecausarcompressãodonervomediano.
• Anomalias da forma ou da posic¸ão dosossos docarpo:
luxac¸ãoousubluxac¸ãodocarpo;28,29
• Anomaliasdaformadaextremidadedistaldorádio:fratura
(translac¸ãodemaisde35%)30ouconsolidac¸ãoviciosado
rádio distal, material de osteossíntese na face anterior
dorádio;31
• Anomalia articular: artrose do punho,32 artrite
infla-matória33(porhipertrofiasinovial,deformac¸ãoósseae/ou
encurtamento do carpo) ou infecciosa,34,35 rizartrose,36
sinovitevilonodular;37
• Acromegalia.38
Anomaliasdoconteúdo
• Hipertrofiatenossinovial:
• Tenossinovite inflamatória: reumatismo inflamatório,33
lúpus,infecc¸ão;
• Tenossinovite metabólica: diabetes melittus21 (anomalia
do turn over do colágeno), amiloidose primária ou
secundária(hemodiálisecrônicacomdepósito de
beta-2-microglobulina),39gota,40condrocalcinose;41
• Anomalias de distribuic¸ão dos fluidos: gravidez,42,43 em
0,34% a 25% dos casos, sobretudo ao terceiro trimestre,
com sinais deficitários frequentes em 37% a 85% dos
casos,hipotireoidismo,44insuficiênciarenalcrônica(fístula
arteriovenosa).39
• Músculo anormal ou supranumerário: músculo palmar
profundo,45 posic¸ãointratúneldocorpomusculardo
fle-xorsuperficial,46extensãoproximaldocorpomusculardos
músculoslumbricais;47
• Hipertrofiaarterialdonervomedianopersistente;48
• Tumorintratúnel:lipoma,sinovial(cisto,sinoviossarcoma),
neural(Schwannoma,neurofibroma,lipofibroma);
• Hematoma: hemofilia,49 acidente anticoagulante,50
trau-matismo;51
• Obesidade.52
Síndromedotúneldocarpodinâmica
Apressãonointeriordotúneldocarpoaumentaem
exten-sãoeemflexãodopunho.53Osmovimentosrepetitivosem
flexão-extensãodo punho, assimcomo flexão dosdedos e
supinac¸ãodoantebrac¸o,foramimplicadosnesseaumento.54
UmaincursãodoscorposmuscularesdoFSDedoFPDparao
túnel,quandoemextensãodopunhoedosdedos,foi
encon-tradaem50%doscasos.55Essegestoparticularpodeservisto
empatologiasocupacionais.56
STCetrabalhoemcomputadores
NãohouveaumentodaprevalênciadaSTCemcasode
tra-balhonocomputadoremmaisde15horasporsemana.Uma
tendênciaaoaumentofoidemonstradaparaalémde20horas
porsemana.57
Exposic¸ãoàvibrac¸ão
Aexposic¸ãoàvibrac¸ãorepresentaumdosfatores
predispo-nentes menores.27,54 Asconsequências ultraestruturaissão
problemasde compressão microcirculatóriaeedema
intra-neuralapóslesãodamielinaedosaxônios.
Síndromedotúneldocarpoaguda
Etiologias:
• Traumatismo:deslocamento,porfraturadorádiodistalou
luxac¸ãodopunho;
• Infecc¸ão;
• Hemorragiaporoverdosedeanticoagulanteouemcasode
hemofilia;
• Injec¸ãodealtapressão;
• Tromboseagudadaartériadonervomediano;
• Queimadura.
Diagnóstico
Aabordagemclínicaempacientecomacroparestesiadamão
incluicincoetapas:
• Discutirodiagnósticonointerrogatório,nostestes
provo-cativos, na análise de eventuais patologias associadas e
diagnósticadiferencial;
• Determinaraetiologia;
• Avaliar agravidade da compressãopor análiseda
sensi-bilidadediscriminativanotestedeWeber edaforc¸ados
músculostenarianosinervadospelonervomediano;
• Julgaraoportunidadedefazerexamescomplementares,em
primeirolugaroexameeletroneuromiográfico(ENMG);
• Proporo tratamentoadaptado aoestado degravidade, à
etiologia,aolocaleaocontextodeatividade.
Emprimeirolugar,nãohápadrão-ouroparaodiagnóstico
positivodaSTC.
Ostestesdeprovocac¸ão
Onervomedianoestáacessívelemfrenteàdobradeflexão
dopunhoeatrásdotendãodopalmarlongoounomeiodo
punho.
• SinaldeTinel:otesteépositivoseopacientepercebe
pares-tesiaduranteapercussãomanualdafacepalmardopunho
noníveldonervomediano.Asensibilidadeéde26%a79%
eaespecificidadeéde40%a100%;58
• SinaldePhalen:otesteépositivoseaocursodeuma
fle-xãoativamáximadopunhoduranteumminuto(cotovelo
estendido)aparecerparestesianoterritóriodonervo
medi-ano;nota-seumatrasodoaparecimentodossintomasem
segundos.Asensibilidadeéde67%a83%eaespecificidade
éde47%a100%.58,59
• TestedePaleyeMcMurphy:60osinalépositivosea
pres-sãomanualpróximodonervomedianoentre1cme2cm
parestesia.Asensibilidadeéde89%eaespecificidadeéde
45%.58
• Testedecompressãoemflexãodopunho:61umapressão
adois dedoséefetuadasobrearegiãomedianadotúnel
docarpo, o punho flexionado a 60◦, cotovelo estendido,
antebrac¸o em supinac¸ão. O teste é positivo se aparecer
parestesiano território do nervomediano. Tetro et al.61
encontraramumasensibilidade de82%euma
especifici-dadede99%
ParaSzabo,aexistênciadeacroparestesianoturnaéo
sin-tomamaissensível(96%).Otestecommelhorsensibilidadeé
acompressãodireta(PaleyeMcMurphy)(89%),seguidodode
Phalen,dodemonofilamentodeSemmes-Weinstein(83%)e,
enfim,dapontuac¸ãodeKatzetal.62(76%)nasuaformatípica
comformigamentos,dormência,inchac¸oouhipoestesiacom
ousemdorqueatingeaomenosdoisdostrêsprimeirosdedos,
palmaedorsodamãoexcluídos.
Ostestesmaisespecíficossãoapontuac¸ãodeKatzetal.62
(76%) e o sinal de Tinel (71%). A combinac¸ão de
qua-trotestesanormais(testede compressão, monofilamentos,
pontuac¸ãodeKatzetal.,62sintomasnoturnos)fazcomqueo
diagnósticodeSTCtenhaumaprobabilidadede0,86.Seesses
quatrotestessãonormais,aprobabilidadedeopacienteter
umaSTCéde0,0068.OsautoresconcluemqueoENMGnãoé
maisfrequentementeusadoemdiagnósticodeumaSTCem
formamoderadaousevera.
Apreciaragravidade:classificac¸ãoanatomoclínica deLundborg
Grac¸as à análise do horário dos sintomas e da pesquisa
desinaisneurológicosdeficitáriospodemosclassificá-losem
estadosprecoces,intermediárioseavanc¸ados.Asparestesias
ocorremànoite,demanhãoudurantetodoodia.Paraa
sen-sibilidade,otestedeWeber,queestudaadiscriminac¸ãopela
polpadosdedosdedoispontos,émuitoprático.Apartirde
umadistânciade6mmasensibilidadeéconsideradacomo
anormal.Aonívelmotor,esseestudocompreendeaforc¸ade
oposic¸ãodopolegareinvestigac¸ãodeumaamiotrofiatenar.
Exameeletroneuromiográfico(ENMG)
AENMGcompreendeumaetapadeestímuloeumaetapade
detecc¸ão.Eleébilateral.Aetapaestímulo-detecc¸ãopermite
estudaraconduc¸ãonervosasensitivaemotoradonervo
medi-anoedestacaoabrandamentoeletivonapassagemdotúnel
docarpo.Elapermiteigualmenteaanálisedaamplitudeeda
durac¸ãodasrespostasmotorasesensitivas.Essaexplorac¸ão
écompletadaporumamedidadaconduc¸ãonervosadonervo
ulnarhomolateraleporestudosdoladocontralateral.
Aanomaliaelétricamaisprecoceemaissensíveléuma
diminuic¸ão da velocidadedeconduc¸ão sensitiva
(eventual-menteidentificadapelométodocentimétrico)entreapalma
damãoeosdedoseopunho.Podemosaceitarumavelocidade
transtúneldomediano<45m/spatológica,porumanormal
≥50m/s.63,64
Esseexameéoperador-dependente.Atemperatura
cutâ-neaeaidadeinfluemnosresultados.AENMGpodeserpositiva
em0%a46%desujeitosassintomáticosenegativosem16%a
24%depacientescomdiagnósticoclínicodaSTC.65–68Serror69
avaliou aENMGemcasodeestudoisoladodalatência
dis-talmotoraeencontrouumasensibilidadede54%,mascom
umaespecificidadede97,5%.AENMGnãoforneceevidências
suplementaresnodiagnósticodeSTCemrelac¸ãoàavaliac¸ão
clínica quando o diagnóstico clínico parece evidente.70 As
variac¸õesanatômicasdotipoMartin-GrubereRiche-Cannieu
podemperturbarainterpretac¸ãodaanálise
eletroneuromio-gráficaemestimulodetecc¸ão.
OgrupodetrabalhodaAgenceNationaled’Accréditation
etd’ÉvaluationenSanté(Anaes)daFranc¸a71concluiuque:
• ENMGsesituaapósoexameclínico;
• ENMGnãoéindispensávelparaodiagnósticodeumaforma
típica;
• ENMGnãoénecessárioantesdainfiltrac¸ãodecorticoide;
• Érecomendadoemcasosdedúvida.Éumauxiliarno
diag-nósticodiferencial;
• Recomenda-seantesdadecisãocirúrgica;
• Ésolicitadonoreconhecimentodeumadoenc¸a
ocupacio-nal.
Imagens
Radiografiasdopunhoeincidênciadotúneldocarpo
Emumestudode300pacientes(477casos),72asanomalias
radiográficas foramencontradasem33%doscasose18,6%
dospacientestinhamlesõesquepodiamestarenvolvidasno
aparecimento daSTC.Nenhumadessasetiologias modifica
o tratamento da STC. Emdois casos de 477, as anomalias
necessitavamdetratamentoespecífico.Conclui-sequeexame
radiográficosistemáticonãofoisuficientementecontributivo
paraserjustificado.
Asradiografiasdopunho(face,perfil,incidênciadotúnel
docarpo)sãoúteisemcasode:73
• Justificativasdeexameclínico;
• Justificativadaanamnese.
Ecografia
Exameoperadorematerialdependente.Nasformasiniciais,
onervomedianopodeconservarumamorfologianormal.Um
aspectonormaldonervomedianonãoeliminaumaSTC.A
ecografiapodeajudarnodiagnósticoetiológicoparaanálise
morfológicadoconteúdo.Aáreadonervomedianoémaisbem
obtidanoultrassomnaalturadorádiodistaloudopisiforme,
queéconsideradootúneldocarpoproximalealocalizac¸ão
esperadaparaoedemamáximodonervo.Aoassumiraforma
elíptica,aáreadonervonotúneldocarpoproximalnão
deve-riasermaiordoque10mm.74
Imagemporressonânciamagnéticanuclear
ARMIéraramenteindicada,maspodeserútilnodiagnóstico
etiológico:
• Emexamedeumapatologiasinovialsecundária;
• ComopartedeumaSTCdacrianc¸aoudoadultojovem,afim
dedetectarumaanomaliamuscularintratúnel,
Considerac¸ões
finais
O conhecimento anatômico detalhado é de fundamental
importânciaparaapráticamédica,vistoquevariac¸ões
anatô-micas,quandodesconhecidas,podemacarretarcomplicac¸ões
gravesemprocedimentoscirúrgicos.Jáacompreensãoclínica
deuma doenc¸a sóéatingida quandosão conhecidas suas
fisiopatologiaeetiologia;apartirdisso,possíveis
tratamen-tospodemseranalisados.Assim,apesardeaSTCseremsua
maioriaidiopática,énecessárioconheceroutrascausaspara
progredircomumtratamentoeumaprevenc¸ãoadequados.
Outradificuldadeparaesclareceressasíndromeéaausência
deumpadrão-ouroparaconfirmac¸ão.Dessaforma,o
diagnós-ticoéprimariamenteclínicoeamaioriadostestesquepodem
seraplicadosparaavaliarsuagravidadevariaquantoà
sen-sibilidadeeespecificidade,porém sãodegrandevalorpara
eliminaroutraspossíveispatologias.
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