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Caracterização dos pacientes de um ambulatório de disfunção temporomandibular e dor orofacial.

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Academic year: 2017

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CARACTERI ZAÇÃO DOS PACI ENTES DE UM AMBULATÓRI O DE

DI SFUNÇÃO TEMPOROMANDI BULAR E DOR OROFACI AL

1

Sonia Regina Kr et ly Bov e2 Ant onio Sér gio Guim ar ães3 Ricar do Luiz Sm it h4

Bo v e SRK, Gu i m ar ães AS, Sm i t h RL. Car act er i zação d o s p aci en t es d e u m am b u l at ó r i o d e d i sf u n ção t em porom andibular e dor orofacial. Rev Lat ino- am Enferm agem 2005 set em bro- out ubro; 13( 5) : 686- 91.

O obj et ivo dest e t rabalho é descrever as caract eríst icas dos pacient es de um serviço especializado em disfunção t em porom andibular e dor orofacial e discut ir a inserção da assist ência de enferm agem nesse serviço. Foi ut ilizado um quest ionár io baseado no r efer encial de et apas do Pr ocesso de Enfer m agem , aplicado em um a am ost r a de 150 pacient es, no per íodo de m aio a agost o de 2003. Os pacient es de am bos os sex os e idades ent re 12 e 77 anos foram adm it idos no est udo seqüencialm ent e. Os dados revelaram que a m aioria foi do sexo fem inino ( 85% ) , predom ínio da faixa et ária de 21 a 60 anos ( 76% ) , apenas 3% não apresent a nenhum grau de inst r ução for m al. O papel da enfer m eir a, int r oduzido nessa clínica m ult idisciplinar cr iou condições par a av aliar d ad os d em og r áf icos, ep id em iológ icos, id en t if icar n ecessid ad es d os p acien t es e d esen v olv er h ab ilid ad es e at it udes de aut ocuidado. O m odelo pr opost o possibilit ou or ganizar a colet a de dados e fav or ecer a r ealização de pesqu isas.

DESCRI TORES: cuidados de enfer m agem ; ar t iculação t em por om andibular ; dor facial; odont ologia

CHARACTERI ZATI ON OF PATI ENTS I N A TEMPOROMANDI BULAR

DYSFUNCTI ON AND OROFACI AL PAI N OUTPATI ENT CLI NI C

Th is st u dy aim s t o descr ibe t h e ch ar act er ist ics of pat ien t s at a t em por om an dibu lar dy sfu n ct ion an d orofacial pain out pat ient clinic and t o discuss t he insert ion of nursing care in t his service. A quest ionnaire based on t he st eps of t he Nursing Process was applied t o a sam ple of 150 pat ient s at t ended from May t o August 2003. Pat ient s fr om bot h gender s and aged bet w een 12 and 77 y ear s old w er e sequent ially adm it t ed t o t he st udy . Populat ion dat a revealed t hat a m aj orit y was fem ale ( 85% ) ; t he predom inant age was from 21 t o 60 years old ( 76% ) ; only 3% did not pr esent any for m al inst r uct ion. The nur sing r ole int r oduced in t his m ult idisciplinar y clinic cr eat ed condit ions t o assess dem ogr aphic and epidem iologic dat a, ident ify user needs and dev elop self-car e abilit ies an d at t it u des. Th e pr oposed m odel m ade is possible t o or gan ize dat a collect ion an d pr om ot e r esear ch .

DESCRI PTORS: nur sing car e; t em por om andibular j oint ; facial pain, dent ist r y

CARACTERÍ STI CAS DE PACI ENTES EN UN AMBULATORI O DE

DI SFUNCI ÓN TEMPOROMANDI BULAR Y DOLOR OROFACI AL

Los obj et os de est e est udio son los de describir las caract eríst icas de los pacient es en un am bulat orio de disfunción t em por om andibular y dolor or ofacial y discut ir la inser ción de la at ención de enfer m er ía en est e ser v icio. Se ut ilizó un cuest ionar io basado en el r efer encial de et apas del Pr oceso de Enfer m er ía aplicado en una m uest r a de 150 pacient es at endidos en m ay o- agost o de 2003. Los pacient es de am bos los sex os y con edad en t r e 1 2 y 7 7 añ os f u er on adm it idos en el est u dio en secu en cia. Las in f or m acion es r ev elar on qu e la m ay or ía ( 85% ) es del sex o fem enino y del gr upo de edad de 21 a 60 años ( 76% ) ; sólo el 3% no pr esent ó n in gú n gr ado de in st r u cción f or m al. El papel de la en f er m er a in t r odu cido en est e ser v icio m u lt idisciplin ar io sir v ió par a ev aluar dat os dem ogr áficos y epidem iológicos, ident ificar necesidades de los usuar ios y desar r ollar habilidades y act it udes de aut ocuidado. El m odelo propuest o perm it ió organizar la obt ención de dat os y fom ent ar la r ealización de ot r as inv est igaciones.

DESCRI PTORES: at ención de enfer m er ía; ar t iculación t em por om andibular ; dolor facial; odont ología

1 Trabalho extraído da dissert ação de m estrado; 2 Enferm eira, Especialist a em Gerenciam ent o de Enferm agem SOBRAGEN, Professor do Curso Técnico de

Enferm agem HSP, Audit or de Serviços de Saúde, Minist ério da Saúde, e- m ail: acbove@superig.com .br; 3 Cirurgião Dent ist a, Especialist a e Dout or,

Responsável pelo Serviço de DTM e Dor Orofacial no Am bulatório da Cabeça, HSP; 4 Professor Tit ular da Escola Paulist a de Medicina da Universidade de São

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I NTRODUÇÃO

A

d i sf u n çã o t e m p o r o m a n d i b u l a r ( D TM) abr ange v ár ios pr oblem as clínicos que env olv em a m u scu l a t u r a d a m a st i g a çã o , a a r t i cu l a çã o t em por om andibular ( ATM) e est r ut uras associadas. Com o sintom as, o paciente pode ter dor na m andíbula e n a r e g i ã o d a ATM, d o r d e ca b e ça , r u íd o n a ar t iculação, dificuldade par a abr ir e fechar a boca, d if icu ld ad e p ar a m or d er e cor t ar alim en t os, m as t am bém ocorre enquant o a boca est á em repouso. A DTM ger alm ent e cont r ibui par a o agr avo da dor de cabeça pr é- ex ist en t e, cu j o descon f or t o e est r esse podem causar t ensão nos m úsculos da m ast igação, p od en d o se est en d er aos m ú scu los d o p escoço e om bro. A dor orofacial não é am eaçadora para a vida, m as p od e ser ex t r em am en t e an g u st ian t e p ar a o pacient e. É im port ant e conhecer alguns dos fat ores q u e p od em con t r ib u ir p ar a o d esen v olv im en t o e m anutenção da DTM com o, por exem plo, o bruxism o, lesões, est r esse, ansiedade, ar t r it e, pr ocedim ent os dent ários prolongados e out ros( 1- 2).

En t r e a s d e so r d e n s q u e a p r e se n t a m m a n i f e st a çõ e s d o l o r o sa s, a d i sf u n çã o tem porom andibular e dor orofacial aparecem com alta p r ev alên cia n a p op u lação, sen d o q u e os sin ais e sint om as est ão present es em at é 86% da população ocidental. Em bora possam ocorrer em qualquer idade, são m ais com uns entre indivíduos de 13 a 35 anos e quat ro vezes m ais prevalent es em m ulheres do que em hom ens( 3).

Na p e r sp e ct i v a d e u m t r a b a l h o m ult idisciplinar, o cont at o com out r os pr ofissionais v em con t r ibu in do par a qu e a en f er m agem acesse o u t r a s á r ea s d e a t u a çã o , co m o r ecen t em en t e o espaço dentro das clínicas de dor com o, por exem plo, a assist ência ao pacient e oncológico( 4), neurológico( 5), e out r os com dor cr ônica( 6). Assim , o envolvim ent o n a assist ên cia aos doen t es com as m ais div er sas p at olog ias e su as r esp ect iv as p ar t icu lar id ad es, a e n f e r m a g e m t a m b é m se e n co n t r o u d i a n t e d a possibilidade e necessidade de atuar j unto ao paciente com disfunção t em por om andibular e dor or ofacial, na área de odont ologia.

O indivíduo com DTM e dor crônica precisa de ações de cuidado, pois est á fragilizado, t ant o nas condições físicas com o em ocionais. Qualquer que sej a a sua doença, o doente precisa conhecer as condições f a v o r á v ei s q u e l h e p r o p o r ci o n a a cu r a . É n esse m om ent o que a enferm agem pode at uar com o pont o

de apoio e confiança. O cuidado auxilia no processo de cura, acelerando e tornando- o m enos traum ático( 7). O e n v o l v i m e n t o n a a ssi st ê n ci a a e sse s doent es e suas respect ivas part icularidades foi o que m ot ivou o present e t rabalho. Diant e da possibilidade e necessidade de at uar j unt o ao pacient e com dor or ofacial e disfunção t em por om andibular, pr ocur ou-se deou-senvolver um espaço ainda pouco ocupado pela en f er m ag em n essa ár ea d a saú d e. Par a t an t o, o conhecim ent o das car act er íst ias de um a população at en d id a em u m ser v iço esp ecializad o d e car át er m ult idisciplinar, se faz necessário.

OBJETI VO

O ob j et iv o d est e t r ab alh o é d escr ev er as pr in cipais car act er íst icas e con dições de saú de de pacient es de um serviço de odont ologia especializado em disfunção t em por om andibular e dor or ofacial e discu t ir a in ser ção da assist ên cia de en f er m agem nesse ser v iço.

MÉTODO

O est u d o f oi r ealizad o n o Am b u lat ór io d a Cabeça da UNI FESP/ HSP, na especialidade de DTM e dor orofacial, no período de m aio a agost o de 2003, com 1 5 0 u su ár ios qu e pr ocu r ar am o ser v iço par a triagem . A am ostra consistiu de cerca de 10% de um universo de 1.557 pacient es, at endidos desde o ano 2000. Os pacient es de am bos os sexos, com idades en t r e 1 2 e 7 7 an os, f or am ad m i t i d os n o est u d o seqüencialm ent e.

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est á sendo consolidado para ser t est ado e validado. Fo r am o b t i d o s o s d ad o s d e p eso , al t u r a ( obtido o índice de m assa corpórea- I MC( 10)) , pressão art erial e pulso. Out ros dados referent es ao exam e f ísico n ão con st ar am d o est u d o. Os d ad os f or am t a b u l a d o s e a n a l i sa d o s a t r a v é s d e e st a t íst i ca descr it iv a.

A pesquisa foi aprovada pelo Com itê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo e os pacient es assinaram um t erm o de consent im ent o livre e esclarecido.

RESULTADOS

O estudo m ostrou que a m aioria dos pacientes que procurou o serviço foi do sexo fem inino ( 85% ) , sendo 45% com idade entre 21 e 40 anos, 31% entre 41 e 60 anos, 11% entre 15 e 20 anos, 11% m ais de 60 anos e 3% m enores de 14 anos. Quanto ao estado civil, 47% eram casados, 43% solt eiros, 5% viúvos, 1% div or ciado e 4% separ ados. A m aior par t e dos pacient es possuía nível de inst rução fundam ent al ou m édio ( 74% ) , m as havia tam bém pacientes com nível superior ( 21% ) e sem i- alfabet izados ( 5% ) . Quarent a e u m por cent o dos pacient es n ão t in h am v ínculo em pregat ício form al ( incluindo aqui, 25% de donas-de- casa, 12% de est udant es e 4% de aposent ados) , en q u an t o q u e 3 6 % est av am em p r eg ad os e 2 3 % desem pr egados. Em r elação à r aça, 65% r efer ir am serem brancos, 31% negros e 4% am arelos.

A origem do encam inham ent o dos pacient es foi de clínicas particulares ( 35% ) , de serviços públicos de saúde ( 33% ) , de clínicas universit árias ( 23% ) e de indicações pessoais ( 9% ) .

Tabela 1 - Dist r ibuição dos par t icipant es do est udo em relação ao m otivo de procura da clínica. São Paulo, 2003

o v it o

M Nºdepacientes % M T A a d o ã i g e r a n r o d m o

C 66 44

s a m o t n i s s o r t u o e r o d m o

C 67 44,7

s a m o t n i s s o r t u o e r o d m e

S 17 11,3

l a t o

T 150 100

A Tabela 1 m ostra os m otivos pelos quais os pacient es procuraram o serviço da especialidade em DTM e dor or ofacial. A m aior par t e dos pacien t es ( 88, 7% ) pr ocur ou o ser v iço com queix a de dor na região tem porom andibular. Classificou- se os pacientes q u e ap r esen t av am ex clu siv am en t e d or n a r eg ião

t e m p o r o m a n d i b u l a r, se p a r a n d o - o s d o s q u e apr esent avam dor na ATM acom panhada de out r os si n t o m a s ( t r av a m en t o , so m a r t i cu l a r, b r u x i sm o, a p e r t a m e n t o d o s d e n t e s, p r o b l e m a s a u d i t i v o s, d i f i cu l d a d e d e a b r i r a b o ca , d e sl o ca m e n t o d a m andíbula) e dos que não apr esent avam dor, m as outros sintom as na região da face ou regiões próxim as d a ATM ( p r ob lem as au d it iv os e son s ar t icu lar es, d i f i cu l d a d e d e f a l a r, t r a v a m e n t o d e m a n d íb u l a , problem as de est ét ica) .

Em relação ao que esperavam da equipe de saúde, os pacient es referiram que buscavam a cura, o u a m e l h o r a d o s si n t o m a s. Re l a t a v a m e st a r ca n sa d o s d e p e r co r r e r d i v e r so s p r o f i ssi o n a i s e se r v i ço s se m o b t e r so l u çã o o u o r i e n t a çã o p a r a am enizar suas queix as.

Tabela 2 - Distribuição do usuário conform e os hábitos or ais s o ti b á

H N.depacientes % r a g it s a m a r a p l a i c n e r e f e r p o d a l m e

T 116 82

a i d o e t n a r u d s e t n e d s o r a t r e p

A 87 58

e ti o n a e t n a r u d s e t n e d s o r a t r e p

A 84 56

s e t n e d s o r e g n a

R 69 46

a u g n íl a r e d r o

M 56 37

s a m o g r a c s a

M 52 35

s e t n e d s o a r t n o c a u g n íl a r a r r u p m

E 49 33

o i b á l o r e d r o

M 42 28

e t n e r f a r a p a l u b í d n a m a r a r r u p m

E 39 26

a c o b a n a t e n a c r a c o l o

C 39 26

s a h n u r e o

R 36 24

a h c e h c o b a r e d r o

M 25 17

s o t e j b o r e d r o

M 18 12

Os d a d o s d a Ta b e l a 2 sã o i n f o r m a çõ e s relacionadas à disfunção do aparelho da m ast igação. Além de 82% dos pacient es t erem relat ado um lado pr efer encial para m ast igar, os out r os hábit os orais for am incluídos com o cat egor ias de par afunção da m a st i g a çã o , v i n cu l a d a s à D TM. A m a i o r i a d o s pacientes tem m ais de um hábito oral sendo os m ais citados o apertam ento e ranger dos dentes. Os obj etos q u e os p acien t es cit ar am q u e cost u m am m or d er foram : palit o de dent e, “ plást icos”, “ qualquer coisa”, lápis, canet a, e borracha. Alguns deles referiram que t am bém cost um am m ast igar sem ent es, grãos, cravo, canela ou m order os dedos.

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e 34% praticavam atividade física; 95% dorm iam m ais de 5 horas por noite.

Co n si d er a n d o a p er cep çã o d o s si n t o m a s físicos, a m aior ia r efer iu dor es de cabeça ( 84% ) e problem as no aparelho locom ot or, relat ados at ravés d e d o r e s e m o u t r a s a r t i cu l a çõ e s ( 7 1 % ) , d o r e s m u scu lar es ( 6 1 % ) , câim br as ( 4 6 % ) , lim it ação de alg u m m ov im en t o d o cor p o ( 4 5 % ) , d or es ósseas ( 4 3 % ) , f o r m i g a m e n t o s ( 3 5 % ) e d i m i n u i çã o d a sensibilidade ( 16% ) .

Quant o aos sint om as em ocionais, a m aioria se sent ia ansiosa ( 87% ) e irrit ada ( 70% ) .

Ou t r as in f or m ações obt idas n as con su lt as m ost raram que a m aioria dos pacient es ( 81% ) t eve ex per iên cias an t er ior es com ou t r as doen ças, 6 3 % realizaram algum t ipo de cirurgia e 71% faziam uso de m edicam ent os. Dos pacient es ent revist ados, 25% tinham níveis elevados de pressão arterial ( m aior que 120x80 m m Hg) , 47% t inham I MC de 20 a 25 ( norm al) , 12% abaixo de 20 e 41% acim a de 25, sendo que 67% tiveram variação de peso nos últim os seis m eses.

DI SCUSSÃO

A disfunção t em porom andibular/ dor orofacial é um a especialidade da odont ologia que at ualm ent e est á sendo considerada com o m ult idisciplinar, devido às caract eríst icas apresent adas pelos pacient es que pr ocur am t r at am ent o.

Segundo a lit erat ura, a DTM e dor orofacial acom et em indivíduos preferencialm ent e m ulheres nas id ad es acim a d e 1 8 an os, con f or m e r ef er id o n os est udos epidem iológicos de prevalência( 3). Os dados obt idos nest e est udo m ost r ar am que a m aior ia dos p a ci en t es q u e p r o cu r a r a m o ser v i ço n o p er ío d o estudado foram m ulheres ( 85% ) e m aiores de 18 anos ( 96% ) .

Gr ande par t e dos pacient es incluídos nest a am ost r a possu ía gr au de in st r u ção fu n dam en t al e m édio, en qu an t o qu e 2 1 % possu ía n ív el su per ior. Em bora houvesse diversidade da situação profissional d os p acien t es, as en con t r ad as em m aior n ú m er o f o r a m d e d o n a s- d e - ca sa , e st u d a n t e s e desem pr egados. Por ser o at endim ent o do ser v iço r ealizado no hor ár io com er cial, ent ende- se que os indivíduos sem vínculo em pr egat ício for m al t enham m aior disponibilidade de com parecer ao am bulat ório. Na literatura, foi citado que, em pacientes hipertensos, apenas os inat iv os e as donas de casa beneficiam

-se co m o at en d i m en t o am b u l at o r i al d i u r n o e/ o u dissociado do local de t rabalho( 11).

A d ist r ib u ição d as r aças d a am ost r a est á p r ó x i m a à d a ci d a d e d e Sã o Pa u l o , m a s n ã o cor r esp on d e ao cen so d e 2 0 0 0 , on d e 7 0 , 8 % são brancos, 27,8% negros e 1,6% out ras raças( 9).

Obser v ou - se qu e par t e dos pacien t es qu e procuraram o serviço foram encam inhados de clínicas particulares ( 35% ) . Esse fato pode ser explicado pela e x i st ê n ci a d e p o u co s se r v i ço s co n t a n d o co m esp ecialist as n essa ár ea, ou aos alt os cu st os d o t rat am ent o da disfunção em clínicas privadas, o que pode incluir o uso de “ placas de m ordida”, ut ilizadas p a r a r el a x a m en t o d a m u scu l a t u r a d a f a ce e d a m andíbula.

O principal m otivo da procura do serviço por p a r t e d o s p a ci e n t e s f o i a d o r n a r e g i ã o t em porom andibular, em bora part e apresent ava out ras queixas sem dor, relacionadas à DTM.

A dor é um a queix a hum ana com um e em um est udo realizado na Am érica do Nort e em 1998, f oi en con t r ad o q u e a m aior ia d as p essoas h av ia ex per im ent ado dor física e que, em m édia, t r ês a qu at r o difer en t es t ipos de dor por in div ídu o er am e x p e r i m e n t a d a s a ca d a a n o . Ma i s d e 8 1 % d a população nort e- am ericana relat ou, no m ínim o, um a experiência de dor significante na vida. As desordens m uscular es env olv endo os m úsculos da m ast igação são análogas às desordens dos m úsculos esqueléticos que ocor r em em out r as ár eas da cabeça, pescoço, corpo e extrem idades. Os m ecanism os que produzem dor nos m úsculos esquelét icos ainda não são bem conhecidos( 1- 2).

Além das queixas de dor, os pacient es com DTM m u it as v ezes t êm m ov im en t os m an dibu lar es lim itados, ou assim étricos, e os sons da ATM descritos com m ais freqüência são cliques, est ouros, rangidos ou crepit ações. As queixas m ais com uns incluem dor nos m axilar es, dor de ouvido, dor de cabeça e dor facial( 1), o que t am bém foi verificado nest e est udo.

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atrapalha o sono do parceiro de cam a( 1- 2) . O bruxism o acom et e 8% da população adult a e est á associado com as at iv id ad es d os m ú scu los d a m ast ig ação, caract erizadas por cont rações repet it ivas( 13).

A pesquisa dos hábit os orais realizada nest e est udo procurou evidenciar a at ividade dos m úsculos da m ast igação denom inada parafunção ( apert am ent o d a m a n d íb u l a n ã o r e l a ci o n a d o à a l i m e n t a çã o ) , r econ h ecida com o u m possív el f at or et iológico da DTM(1-2).

Brincar com a m andíbula ( j aw play) é o hábito que causa m ais dano e disfunção tem porom andibular. Ma sca r g o m a s i n t e n si v a m e n t e é u m f a t o r q u e con t r ib u i p ar a o ap ar ecim en t o d e son s e d or n a ar t iculação( 14), sendo que o som ar t icular pode ser decorrent e dos hábit os de m ascar gom as, onicofagia, m o r d e r o b j e t o s e st r a n h o s, m a st i g a r se m e n t e s, m ast igar gelo e brincar com a m andíbula( 15). A não se r d u r a n t e a m a st i g a çã o , d e g l u t i çã o e f a l a , a m andíbula deve est ar em posição relaxada, com os dentes separados e a língua em repouso no assoalho d a b o ca co m a p o r çã o a n t e r i o r r e p o u sa n d o suavem ent e cont ra o palat o ant erior( 1).

Os m aus hábit os orais com o chupar dedos, chupet as, deglut ição, r espir ação bucal, onicofagia, b r u x i sm o e a u t o m u t i l a çõ e s p o d e r i a m ca u sa r anom alias bucais durant e o crescim ent o( 16).

Em r elação ao h áb it o d e h ig ien e or al, as inform ações dos pacientes indicaram que a escovação diária era prat icada freqüent em ent e, porém não foi realizado o exam e para a const at ação das condições de higiene oral.

A necessidade de orient ar os pacient es com DTM quant o à rot ina diária de higiene oral e visit as ao dent ist a foi r efer ida na lit er at ur a( 17). Pesquisas m ostraram que a m aioria dos pacientes com disfunção cont inuav a com sua r ot ina diár ia de higiene bucal, enquant o 15% r elat ou t er m udado seus hábit os de h igien e or al e 6 3 % r efer iu m u dan ça de h ábit o de visit as ao dent ist a por causa da sua DTM.

Ne st e e st u d o , q u a n d o q u e st i o n a d o s e m relação a out ros sint om as, os pacient es relat aram a p r esen ça d e d or es em v ár ias r eg iões d o cor p o e t am bém sint om as em ocionais de ansiedade.

A d o r cr ô n i ca d o s p aci en t es co m D TM é sim ilar a outras desordens de dor quanto ao im pacto n os p acien t es. O est ad o em ocion al m ais com u m ,

associado com dor cr ônica, é a depr essão, em bor a a n si e d a d e t a m b é m p o d e se r a sso ci a d a à D TM, reforçando que os dent ist as deveriam est reit ar seus relacionam ent os com profissionais da saúde m ent al, quando t rat ar pacient es com dor crônica( 18).

A m aioria dos pacientes desta am ostra referiu t er t ido ex per iência com out r as doenças, além dos sint om as de dor e a aut om edicação. O uso incorret o e abusivo de m edicam ent os é um a preocupação no t rat am ent o farm acológico da DTM( 1).

O tem a DTM e dor orofacial é pouco discutido na enferm agem brasileira e internacional. Por ser um a atuação inovadora na área de enferm agem e tam bém d e o d o n t o l o g i a , e st e t r a b a l h o i n t r o d u z u m a abor dagem do pacient e de car át er m ult idisciplinar, contribuindo para a assitência hum anizada e integral. At r av és da consult a de enfer m agem pode-se identificar os hábitos nocivos à saúde do usuário e sensibilizá- lo sobr e a necessidade de m odificações no seu est ilo de vida, orient ando o aut ocuidado para am enizar a dor orofacial, considerando a sit uação de saúde indiv idualizada.

Os per qu isador es par t icipar am dos r elat os desesper ador es dos usuár ios que j á per am bular am pelos serviços de saúde em busca de solução para o seu pr oblem a. Muit os deles conv iv endo com dor es há anos e quando pr ocur ar am assist ência m édica, ou odont ológica, o que conseguiam er a m ais um a r ecei t a d e an al g ési co s e en cam i n h am en t o s p ar a outras especialidades. Além disso, chegaram a pensar que est avam com um a “ doença ruim ” e o desespero d i f i cu l t a v a o co n v ív i o co m f a m i l i a r e s, o s relacionam ent os no t rabalho e sociais.

A m odificação de hábit os orais é um a part e im por t ant e do pr ogr am a de t r at am ent o global dos p acien t es com DTM, p r in cip alm en t e p ar a aq u eles r ef r at ár ios a t r at am en t os con ser v ad or es m éd ico/ odont ológicos. Apesar de hábit os sim ples poder em ser m odificados quando o usuário est á cient e deles, m udar hábit os per sist ent es pode necessit ar de um pr ogr am a est r ut ur ado, assessor ado por pr ofissional t reinado em m odificação com port am ent al( 1).

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REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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