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Satisfação do doente com a informação sobre a doença e morbidade.

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Academic year: 2017

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SATI SFAÇÃO DO DOENTE COM A I NFORMAÇÃO SOBRE A DOENÇA E MORBI DADE

José Carlos Am ado Mart ins1

O est udo t ev e com o obj et iv o av aliar a r elação ent r e a sat isfação dos doent es com a infor m ação sobr e a doença e a sua m or bidade. É um est udo descr it ivo- cor r elacional, r esult ant e da aplicação de quest ionár io a duas am ostras: 235 indivíduos com experiência recente de doença ( am ostra em redes) e 254 doentes oncológicos, internados pós- cirurgia ( am ostra consecutiva) . Utilizada a Escala de Conhecim entos sobre a Doença e a Rotterdam Sym pt om Checklist . Os r esult ados m ost r am que os indivíduos inquir idos se apr esent am insat isfeit os com a inform ação, sendo essa insat isfação m ais pronunciada nos doent es int ernados. Verifica- se correlação inversa estatisticam ente significativa ( p< 0,001) entre a satisfação dos doentes com a inform ação e a m orbidade física, psicológica e global. Conclui- se que os result ados obt idos apont am para a necessidade de m aior invest im ent o dos profissionais de saúde na inform ação aos doent es e reforçam o lado posit ivo dessa área dos cuidados de en f er m agem .

DESCRI TORES: sat isfação do usuário; inform ação; doença; m orbidade

PATI ENTS’ SATI SFACTI ON W I TH I NFORMATI ON ON DI SEASE AND MORBI DI TY

This descriptive- correlational study aim ed to evaluate the relation between patients’ satisfaction with inform ation t hey have about t heir disease and it s m orbidit y. A quest ionnaire was applied in t wo sam ples: 235 individuals w it h r ecen t ex per ien ce of illn ess ( n et w or k sam plin g) an d 2 5 4 h ospit alized can cer pat ien t s post - su r ger y ( consecutive sam pling) . The Escala de Conhecim entos sobre a Doença( 12) [ Patients’ Satisfaction with I nform ation Quest ionnaire - PSI Q] and t he Rot t erdam Sym pt om Checklist were used. Result s show t hat part icipant s were dissat isfied wit h inform at ion received and t his dissat isfact ion was m ore pronounced in hospit alized pat ient s. An inverse st at ist ically significant correlat ion ( p< 0.001) is observed bet ween pat ient s’ sat isfact ion wit h inform at ion and physical, psychological and global m orbidity. The conclusion is that obtained results appoint to the need for healt h professionals t o invest m ore in pat ient inform at ion and reinforce t he benefit s of t his area of nursing car e.

DESCRI PTORS: consum er sat isfact ion; inform at ion; disease; m orbidit y

LA SATI SFACCI ÓN DEL PACI ENTE CON LA I NFORMACI ÓN OFRECI DA SOBRE SU

ENFERMEDAD Y MORBI LI DAD

Obj etivo: el obj etivo del estudio fue evaluar la relación entre la satisfacción de los pacientes con la inform ación sobre la enferm edad y su m orbilidad. Metodología: se trata de un estudio descriptivo y de correlación resultante de la aplicación de un cuest ionario a dos m uest ras; siendo una de 235 personas con experiencia recient e de enferm edad ( m uest ra en redes) y la ot ra de 254 pacient es hospit alizados después de una cirugía de cáncer ( m uestra consecutiva) . Fue utilizada la Escala de Conocim ientos sobre la Enferm edad y el Rotterdam Sym ptom Checklist . Result ados: los encuest ados se m uest ran insat isfechos con la inform ación, y est a insat isfacción es m ás pronunciada en los pacient es hospit alizados. Exist e una correlación inversa est adíst icam ent e significat iva ( p< 0,001) ent re la sat isfacción de los pacient es con la inform ación y su m orbilidad física, psicológica y global. Conclusión: los result ados sugieren la necesidad de cont ar con una m ayor part icipación de los profesionales ofreciendo inform ación a los pacient es, lo que reforzaría los aspect os posit ivos de est a área de at ención de en f er m er ía.

DESCRI PTORES: sat isfacción de los consum idores; inform ación; enferm edad; m orbilidad

(2)

I NTRODUÇÃO

N

o s v á r i o s p a íse s d a Eu r o p a sã o r e co n h e ci d o s a o s d o e n t e s d i r e i t o s q u e v i sa m a proteção da sua autonom ia. O direito de ser inform ado sobre a sua situação de saúde é um deles e, talvez, o m ais im por t ant e, e do qual t ant o se t em falado e escrito nos últim os anos. Vários estudos dem onstram o desej o de os doent es serem inform ados( 1- 2).

Ap e sa r d e o s p r o f i ssi o n a i s d e sa ú d e atestarem a im portância do direito à inform ação para o s d o e n t e s, a ssu m e m q u e n e m se m p r e e sse é respeitado( 3). Se por um lado vive- se hoj e tem pos de

forte valorização da autonom ia do doente, reside ainda no espír it o de alguns pr ofissionais r eceio de que a i n f o r m a çã o e m d e m a si a p o ssa se r p r e j u d i ci a l , especialm ent e em sit uação de doença grave.

Os doent es, cer t am ent e, t êm dir eit o a ser infor m ados sobr e o seu est ado de saúde. Sabe- se, n o e n t a n t o , q u e n ã o e x i st e p a d r ã o d e f i n i d o d e in for m ação aos doen t es, par a qu e essa possa ser por eles procurada e interiorizada de diversas form as, o que se t raduz em diferent es níveis de inform ação, m a s, p r i n ci p a l m e n t e , e m d i f e r e n t e s n ív e i s d e sat isfação com essa infor m ação. Par ece, pois, que se se quiser cent r ar a at uação no doent e, m ais do que inform ar, segundo um protocolo im pessoal, rígido, dev er á ocor r er infor m ação de for m a per sonalizada, levando em consideração cada doent e específico.

Obj et iv o

O o b j e t i v o d e st e e st u d o f o i a n a l i sa r a sat isfação dos doent es com a inform ação que det êm sobr e a doença e a sua r elação com a m or bidade física, psicológica e global.

O direit o de o doent e a ser inform ado

A r elação en t r e p r of ission ais d e saú d e e doent e se m odificou bast ant e nas últ im as décadas, pelos profundos avanços que se fizeram sent ir e que concederam à m edicina novas form as de int ervenção j unt o ao doent e. Tam bém , pelas enorm es alt erações sociais e cu lt u r ais qu e t êm dado for t e ên fase aos direit os e liberdades individuais e a dem onst rar que, na m aioria das sit uações, exist em inúm eros valores em j ogo, que v ão m uit o além das ex pect at iv as de cura. Hoj e, a relação ent re os profissionais de saúde e os doent es deve ser assum ida com o um a espécie

d e co n t r a t o so ci a l e n t r e p e sso a s m o r a l m e n t e est ranhas ent re si (m oral st rangers)( 4), vindo a ser o

r e sp e i t o p e l a a u t o n o m i a d o d o e n t e u m v a l o r fundam ent al. Nessa visão, que preconiza o abandono progressivo do estatuto de doente ( que via os cuidados de saúde com o um a dádiva) para um a post ura cada vez m ais de cliente ( que tem direito aos cuidados de saú d e p el o s q u ai s p ag a o u p ag o u ) , esp er a- se e est im ula- se at it udes m ais curiosas e exigent es( 5).

Sabe- se, hoj e, que a inform ação é um a real necessidade par a os doent es, na m edida em que é ela que per m it e a const r ução de at it udes posit iv as face à doença, às respost as m ais adequadas face à situação, à participação efetiva na tom ada de decisão e à perspectiva do futuro. A inform ação tem tam bém p ap el cen t r al n os p r og r am as d e ed u cação p ar a a saúde( 6). A infor m ação é t am bém essencial por que

condiciona a at it ude per ant e a pr ópr ia doença, as decisões que se t om am e as at uações post eriores do pr ópr io doent e e da fam ília, que v ão influenciar a qualidade de vida( 7).

Assim , a inform ação é devida ao doente não só com o um requisito ao respeito pela sua autonom ia, m as t am bém com o u m r eal ben efício( 8 ). Têm sido

v ár ios os au t or es a ap on t ar os ef eit os b en éf icos q u an d o se d ão i n f o r m açõ es cl ar as ao s d o en t es, influenciando posit ivam ent e a prevenção, t rat am ent o e r e cu p e r a çã o d a d o e n ça , a m u d a n ça d e co m p o r t a m e n t o s, f a ci l i t a n d o a p a r t i ci p a çã o n a decisão, a cont inuidade dos cuidados e m axim izando os result ados em saúde( 9- 11).

METODOLOGI A

(3)

Par a am b os os g r u p os f or am cr it ér ios d e i n cl u sã o : t e r m a i s d e d e zo i t o a n o s, se r d e nacionalidade port uguesa, possuir capacidades físicas e psicológicas para ler, int er pr et ar e dar r espost as por escrit o e concordar em part icipar do est udo.

A t odos os part icipant es foram garant idos o anonim at o e a confidencialidade das r espost as. Foi ainda gar ant ida a inexist ência de cont r apar t idas ou prej uízos decorrent es da part icipação no est udo.

A ap l i cação d o q u est i o n ár i o ao s d o en t es i n t er n ad o s f o i au t o r i zad a p el a Ad m i n i st r ação d o Cen t r o d e On colog ia, ap ós p ar ecer d a r esp ect iv a Com issão d e Ét ica. Tod os os q u est ion ár ios f or am precedidos de conversa inform al ent re o aut or e os d o e n t e s, q u a n d o f o i so l i ci t a d a a co l a b o r a çã o e gar ant ido o r espeit o por t odos os pr incípios ét icos. Foi ut ilizado form ulário de consent im ent o escrit o.

Para a aplicação do questionário à população solicit ou- se o apoio dos est udant es de dois cur sos u n i v er si t ár i o s d e Co i m b r a. At r av és d el es, f o r am dist r ibuídos m il quest ionár ios, t endo sido inst r uídos que não deveriam responder a nenhum quest ionário, m as ant es pedir a colaboração de fam iliares, am igos ou v izin h os com ex p er iên cia r ecen t e d e d oen ça. Dadas as particularidades desse tipo de am ostragem , foi solicit ado par ecer independent e à Com issão de Ética do Centro de Saúde de São João, um a instituição de saúde na área m et ropolit ana da cidade do Port o. A r e ce p çã o d o s q u e st i o n á r i o s co m p l e t a e corret am ent e preenchidos da população foi assum ida com o sinal de concordância em part icipar no est udo, t endo esse pressupost o sido validado pela Com issão de Ét ica.

Do inst rum ent o de colet a de dados fizeram part e um quest ionário sociodem ográfico, a Escala de Conhecim ent os sobre a Doença ( ECsD)( 12) e a versão

p o r t u g u e sa d o Ro t t e r d a m Sy m p t o m Ch e ck l i st ( RSCL)( 13).

A ECsD perm it e ident ificar a sat isfação dos doentes com a inform ação que detêm sobre a doença at r av és de 28 it ens div ididos igualm ent e por duas d i m e n sõ e s: a d i m e n sã o r e l a t i v a à i n f o r m a çã o proj etiva e de autocontrole – que inclui itens relativos ao im pact o fut uro da doença e aos conhecim ent os e e st r a t é g i a s f o m e n t a d o r e s d a a u t o n o m i a - e a dim en são r elat iv a à in f or m ação m édica qu e in clu i aspectos relativos à doença em si, ao seu diagnóstico e t rat am ent o. Apresent a bons crit érios de validade e fidelidade, com valores de Consistência I nterna ( alpha de Cronbach) de 0,93 para o global da escala e de

0 , 9 3 e 0 , 9 2 par a cada u m a das dim en sões an t es r efer idas, r espect iv am en t e. A ECsD u t iliza v alor es m édios no global e em am bas as dim ensões, podendo essa pont uação variar ent re zero ( correspondent e à r espost a “ não sei nada” ) e t r ês ( cor r espondent e à respost a “ sei o necessário” ) .

O RSCL é inst rum ent o que perm it e o est udo da m orbidade dos inquiridos at ravés da avaliação da ocorrência ( e sua intensidade) de trinta sintom as pré-definidos num a lista. É um instrum ento abrangente e de r espost a sim ples. Esses t r in t a sin t om as f or am dist r ibu ídos por dois f at or es qu e der am or igem à classificação que dist ingue os sint om as físicos dos sintom as psicológicos. Os sintom as psicológicos ( fator 1 ) são : i r r i t ab i l i d ad e, p r eo cu p açõ es, d ep r essão , nervosism o, dificuldade em adorm ecer, desespero em r el a çã o a o f u t u r o , t en sã o n er v o sa , a n si ed a d e e p r o b l e m a s d e co n ce n t r a çã o . D o s r e st a n t e s 2 1 sint om as, dezoit o são classificados com o sint om as físicos e três são excluídos pela assim etria encontrada nas respostas ( obstipação, náuseas e vôm itos) . Alguns dos est u dos m ais r ecen t es qu e u t ilizar am o RSCL r e co m e n d a m a su a u t i l i za çã o p e l a v a l i d a d e e fiabilidade dem onst radas pelo inst rum ent o.

Nest e est udo ut ilizou- se a dist r ibuição dos it en s p elos d ois f at or es t al com o p r op ost o p elos autores. Elim inou- se, ainda, o sintom a 16 – dim inuição do int eresse sexual – um a vez que não se t ornaria pertinente aos doentes internados e ainda porque não foi respondido por grande part e dos indivíduos com ex p er iên cia r ecen t e d e d oen ça ( n ão in t er n ad os) , especialm ent e os m ais idosos.

A análise de consist ência int er na do RSCL revelou valores de alpha de 0,92 no global e de 0,90 e 0 , 8 3 n a s d i m e n sõ e s r e l a t i v a s à m o r b i d a d e psicológica e à m orbidade física, respect ivam ent e.

Fo r a m u t i l i za d a s m ed i d a s d escr i t i v a s d e tendência central e dispersão. Dado que a distribuição do global e de am bas as dim ensões da ECsD não é norm al, foram ut ilizados t est es não- param ét ricos ( U de Mann- Whit ney e correlação de Spearm an) para a análise infer encial.

RESULTADOS

(4)

civil “ casado” ( 70,4% ) . Apenas 18,8% dos inquiridos possuíam form ação de nível superior ( bacharelat o ou licen ciat u r a) . Pr at icam en t e m et ade dos in qu ir idos habit a em am bient e rural.

Na Tabela 1, pode- se observar alguns valores est at íst icos d escr it iv os r elat iv os à sat isf ação d os inquiridos com a inform ação sobre a doença. A m édia das respost as para a dim ensão “ inform ação m édica” é d e 1 , 8 2 p o n t o s, e n q u a n t o q u e a d i m e n sã o “ infor m ação pr oj et iv a e de aut ocont r ole” apr esent a m éd i a d e r esp o st as l i g ei r am en t e su p er i o r ( 1 , 9 7 pont os) . Globalm ent e, a m édia é de 1,90 pont os.

Tabela 1 – Est at íst icas descrit ivas relat ivas à ECsD

s a c i t s í t a t s E o ã ç a m r o f n I e d e a v i t e j o r p e l o r t n o c o t u a a c i d é m . f n

I Global

a i d é

M 1,97 1,82 1,90

o i v s e D o ã r d a

p 0,84 0,80 0,78

s it n e c r e P 5

2 1,36 1,25 1,36

0

5 2,21 1,93 2,14

5

7 2,57 2,43 2,46

Qu an do se com par a os v alor es m édios da sat isfação dos inquiridos com a inform ação sobre a d oen ça, v er if ica- se q u e esses são in f er ior es n os d o e n t e s i n t e r n a d o s co m p a r a t i v a m e n t e a o s n ã o int ernados, sendo essas diferenças est at ist icam ent e significativas ( p< 0,001) tanto para o global com o para cada um a das dim ensões da ECsD, de acordo com o t est e U de Mann-Whit ney.

Em relação à m orbidade, verifica- se que os sint om as que regist ram m aior ocorrência/ int ensidade est ão quase t odos incluídos na dim ensão r elat iva à m o r b i d a d e p si co l ó g i ca , e n q u a n t o a q u e l e s q u e r eg i st r ar am m en o r o co r r ên ci a/ i n t en si d ad e est ão incluídos na dim ensão relat iva à m orbidade física.

Qu an do se com par a os v alor es m édios da m orbidade ent re os doent es int ernados no m om ent o da coleta de dados e aqueles com história de doença r e ce n t e ( m a s n ã o i n t e r n a d o s n e sse m o m e n t o ) , v er ifica- se qu e os doen t es in t er n ados apr esen t am valores ligeiram ent e inferiores aos out ros, t ant o nas dim ensões com o no global do RSCL. Essas diferenças são est at ist icam ent e significat iv as par a o global do RSCL ( p < 0 , 0 0 1 ) , t a l n ã o a co n t e ce n d o q u a n d o analisadas as dim ensões separ adam ent e.

Form ula–se- , aqui, a hipótese de trabalho que prevê a relação ent re a sat isfação dos doent es com a i n f o r m a çã o q u e d e t ê m so b r e a d o e n ça e a ocor r ência/ int ensidade de sint om as.

Par a t est ar a hipót ese for m ulada, r ealizou-se um conj unto de testes de correlação de Spearm an ent re as dim ensões e o global da ECsD e o global e am bas as dim ensões da RSCL, cuj os resultados estão apr esent ados na Tabela 2 . Nela, pode- se obser var que existe correlação negativa, fraca, entre as várias dim ensões e os globais da ECsD e da RSCL e que t o d a s e ssa s r e l a çõ e s sã o e st a t i st i ca m e n t e significat ivas ( p< 0,001) .

Tab ela 2 - Resu lt ad os d o t est e d e cor r elação d e Spearm an entre a satisfação com a inform ação sobre a doença e a m orbidade ( n= 428)

Qu an do r ealizadas an álises separ adas em função do t ipo de doent e ( int ernado ou com doença r e ce n t e ) , co n t i n u a - se a e n co n t r a r co r r e l a çõ e s n e g a t i v a s e d e e l e v a d a si g n i f i câ n ci a e st a t íst i ca ( p< 0,001) em t odas as sit uações, m ant endo- se os v alor es de rs pr óx im os de 0 , 3 nos indiv íduos com

ex per iên cia r ecen t e de doen ça, m as su bin do par a v a l o r e s e m t o r n o d e 0 , 5 n o ca so d o s d o e n t e s int er nados.

DI SCUSSÃO

Ve r i f i co u - se q u e o s i n q u i r i d o s e st ã o insat isfeit os com a infor m ação que det êm sobr e a doen ça. Ten do com o v alor m áx im o t r ês pon t os, a m édia obt ida nest a am ost ra ficou m uit o aquém , não at ingindo os dois pont os, t ant o para o global com o p ar a cad a u m a d as d i m en sõ es d a ECsD . Ou t r o s est u d os t êm r ev elad o q u e a m aior ia d os d oen t es r ef er em t er r eceb i d o m en o s i n f o r m a çã o d o q u e aqu ela qu e desej av am( 2 , 1 4 ). Par ece en t ão qu e, n a

p r á t i ca , n em o s d o en t es est ã o co n seg u i n d o t er satisfeito um direito fundam ental nem os profissionais estão cum prindo o seu dever de inform ar os doentes de form a clara e com plet a.

L C S R D s C E o ã ç a m r o f n I e d e a v i t e j o r p e l o r t n o c o t u a o ã ç a m r o f n I a c i d é

m Global

s

r p rs p rs p

e d a d i b r o M a c i s í

f -0,28 0,000 -0,22 0,000 -0,27 0,000

e d a d i b r o M a c i g ó l o c i s

p -0,32 0,000 -0,28 0,000 -0,32 0,000

e d a d i b r o M l a b o l

(5)

Verifica- se que, t ant o para as dim ensões da ECsD com o par a o seu global, os v alor es m édios obtidos são sem pre inferiores na am ostra de doentes i n t e r n a d o s, co m p a r a t i v a m e n t e à a m o st r a d e indivíduos com história de doença em passado recente, m as não internados no m om ento da coleta de dados, se n d o e ssa s d i f e r e n ça s e st a t i st i ca m e n t e m u i t o significat ivas ( p< 0,001) . Ou sej a, a part ir dos dados recolhidos pode- se afirm ar que os indivíduos que j á ult r apassar am a fase aguda do episódio de doença est ã o si g n i f i ca t i v a m en t e m a i s sa t i sf ei t o s co m a in f or m ação qu e det êm sobr e a doen ça do qu e os i n t er n a d o s. Lem b r a - se, a q u i , q u e a a m o st r a d e d oen t es in t er n ad os é u n icam en t e con st it u íd a p or indiv íduos com pat ologia oncológica, subm et idos à cirurgia, não tendo existido qualquer controle no tipo de patologia na outra am ostra, o que pode determ inar algum as diferenças. No ent anto, parece que o tem po decorrido desde a fase aguda da doença perm ite aos doent es não só recuperar o equilíbrio em t erm os de sa ú d e , m a s t a m b é m v e r sa t i sf e i t a s a s su a s necessidades de infor m ação.

At r av és do RSCL, av aliou- se a ocor r ência/ intensidade de um conj unto de sintom as. A dim ensão relat iva à m orbidade física apresent a valores m édios proporcionalm ent e ( em função do núm ero de it ens) m ais baix os que a dim ensão r elat iv a à m or bidade psicológica, o que é um achado com um à m aior ia dos est udos que ut ilizam o RSCL.

Cont rariam ent e ao que seria de esperar, os doent es int ernados apresent am índices de m orbidade física, psicológica e global ligeiram ent e inferiores aos indivíduos com experiência recent e de doença ( m as não internados no m om ento da coleta de dados) . Não se pode esquecer que os doent es int er nados est ão se recuperando de cirurgia recente, m utiladora, num a grande parte dos casos. Na literatura, não se encontra n e n h u m e st u d o p a ssív e l d e se r u t i l i za d o p a r a com paração, o que requer invest igação fut ura m ais apr ofu n dada.

At r a v é s d e u m co n j u n t o d e t e st e s d e correlação de Spearm an entre as dim ensões e o global da ECsD e o global e am bas as dim ensões da RSCL, v er if icou - se q u e ex ist e cor r elação n eg at iv a e d e elev ada significância est at íst ica ( p< 0,001) ent r e as várias dim ensões e os globais da ECsD e da RSCL, correlações essas que se m ant êm quando realizadas análises separadas em função da sit uação de saúde dos inquiridos ( int ernados ou com hist ória de doença recent e) , confirm ando- se, nest a am ost ra, a hipót ese

de que exist e relação ent re a sat isfação dos doent es com a inform ação que detêm sobre a doença e a sua m orbidade, em que os doent es m ais sat isfeit os com a i n f o r m a çã o a p r e se n t a m ín d i ce s i n f e r i o r e s d e m orbidade física, psicológica e global.

A RSCL tem sido utilizada internacionalm ente e m v á r i o s e st u d o s, f u n d a m e n t a l m e n t e e m inv est igações cent r adas na qualidade de v ida e no so f r i m e n t o d o s d o e n t e s. Po r e x e m p l o , e st á p er f eit am en t e d em on st r ad a a associação en t r e a m orbidade global, física e psicológica dos doent es e os seus nív eis de sofr im ent o( 15). Não se encont r ou

trabalhos que m ostrassem relações entre a m orbidade dos doent es e o seu conhecim ent o da doença ou o seu desej o de serem inform ados.

Po d e - se , n o e n t a n t o , a p r e se n t a r a l g u n s est udos que se debr uçar am sobr e alguns sint om as específicos. Num a revisão sistem ática recente( 16) ficou

dem onst rada a associação ent re a inform ação dada a o s d o en t es n o p r é- o p er a t ó r i o e a d o r n o p ó s-operat ório, sendo essa m ais baixa nos doent es m ais bem inform ados. Vários est udos t êm dem onst rado o e f e i t o b e n é f i co d a s i n t e r v e n çõ e s d e st i n a d a s a m elh or ar a r elação p r of ission al saú d e/ d oen t e em ár eas com o a d or, a q u alid ad e d e v id a, o st at u s

funcional e o bem - est ar e os níveis de ansiedade e depr essão( 17).

Na pr át ica, a m aior ia dos enfer m eir os t em ex em plos pr át icos nessa ár ea, dem onst r ando com o a i n f o r m a çã o e a t e n çã o a o d o e n t e sã o t ã o im por t an t es com o o an algésico, o r elax an t e ou o antidepressivo, entre outros. Ao longo dos vários anos de ex per iência pr ofissional na ár ea da oncologia, o autor deste estudo, vivenciou m uitos desses exem plos que agor a são consolidados pelas vár ias evidências cient íficas.

A avaliação dos result ados não pode deixar de lev ar em con t a algu m as lim it ações do est u do, i m p o n d o - se p r u d ê n ci a n a su a i n t e r p r e t a çã o e , principalm ent e, na sua generalização, especialm ent e no que se refere aos dados relat ivos aos indivíduos com experiência recent e de doença ( não int ernados) , tanto pelo tam anho da am ostra com o pela técnica de am ost r agem .

CONCLUSÃO

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sendo cada vez m ais fracos os argum ent os para que se o cu l t e m i n f o r m a çõ e s a o d o e n t e , m e sm o e m sit uação de doença gr av e. O pr esent e est udo v em contribuir para evidenciar a im portância da satisfação dos doent es com a inform ação sobre a doença.

Na am ost r a est u dada, obser v a- se algu m a in sat isf ação dos in qu ir idos com a in f or m ação qu e det êm sobre a doença e, em função dos result ados, p o d e - se a f i r m a r q u e , q u a n t o m a i s sa t i sf e i t o s est iv er em os d oen t es com a in f or m ação sob r e a

doença, m enor será a sua m orbidade, ist o é, m enor a ocorrência e int ensidade sent ida pelos sint om as, o que vem ao encontro de vários estudos que afirm am os efeit os benéficos da inform ação para o doent e.

Esses result ados t êm fort es im plicações para a pr át ica de enfer m agem , pois cont r ibuem par a a l e g i t i m a çã o d e u m co m p o n e n t e i m p o r t a n t e d o s cuidados. Sim ult aneam ent e, sugerem a necessidade de m aior invest im ent o dos profissionais de saúde na infor m ação aos doent es.

REFERÊNCI AS

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