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Biofumigação com Brassica rapa para o controle de Meloidogyne exigua em diferentes texturas e umidades do solo

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ROSELI DOS REIS GOULART

BIOFUMIGAÇÃO COM Brassica rapa PARA O CONTROLE DE

Meloidogyne exigua em DIFERENTES TEXTURAS E UMIDADES DO

SOLO

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia, para obtenção do título de Magister Scientiae.

VIÇOSA

(2)

Ao meu pai João Justino Goulart, minha querida

mãe Margarida Emília Goulart e as minhas irmãs

Claudisse, Magnólia, Glória e Rosane, que muito

(3)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus pelo dom da vida e por sempre estar

ao meu lado nos momentos difíceis.

A toda minha família, em especial a minha mãe, que apesar de não

estar mais presente para prestigiar mais esta conquista, é a principal

responsável por tudo que sou na vida.

À Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Fitopatologia,

pela oportunidade de realização do Programa de Pós-Graduação.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

(FAPEMIG)

À professora Rosângela D’Arc de Lima Oliveira, pela orientação.

Aos professores Júlio César Lima Neves e Hugo Alberto Ruiz, pelas

sugestões e informações necessárias ao desenvolvimento deste trabalho.

Aos funcionários Delfim, Célio e Braz pela colaboração na realização de

meus trabalhos.

Às amigas, Maria e Jéssica pelo apoio e compreensão nos momentos

difíceis encontrados durante todo esse percurso.

Ao amigo de turma Gustavo pela amizade sincera.

Aos colegas da Nematologia, Rodrigo, Naylor, Dalila, Douglas, Daniela,

Elói, especialmente, ao Edson que participou ativamente na realização deste

trabalho.

E a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste

(4)

BIOGRAFIA

Roseli dos Reis Goulart, filha de João Justino Goulart e Margarida Emília

Goulart, nascida em 05 de janeiro de 1979, em Muzambinho, Minas Gerais.

Em março de 2005, graduou-se em Engenharia Agronômica pela

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Seropédica, RJ.

Em fevereiro de 2005, iniciou o Programa de Pós-Graduação em

Fitopatologia, em nível de Mestrado, na área de Nematologia, na Universidade

Federal de Viçosa.

(5)

SUMÁRIO

RESUMO ... vii

ABSTRACT ... viii

INTRODUÇÃO GERAL ... 1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 6

CAPÍTULO 1: CONTROLE DE Meloidogyne exigua PELA BIOFUMIGAÇÃO DO SOLO COM Brassica rapa... 11

INTRODUÇÃO... 12

MATERIAL E MÉTODOS ... 15

Ensaio 1: Efeito de diferentes concentrações de farinha de sementes de mostarda na eclosão de juvenis de M. exigua in vitro... 17

Ensaio 2: Efeito de diferentes concentrações de farinha de sementes de mostarda na biofumigação de solo infestado por M. exigua em casa de vegetação ... 18

RESULTADOS... 19

Ensaio 1... 19

Ensaio 2... 20

DISCUSSÃO ... 21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 27

CAPÍTULO 2: INFLUÊNCIA DA TEXTURA E UMIDADE DO SOLO NO PROCESSO DE BIOFUMIGAÇÃO COM MOSTARDA ... 31

INTRODUÇÃO ... 32

(6)

Ensaio 1: Efeito da farinha de sementes de mostarda na

mortalidade de juvenis de segundo estádio (J2) de M . exigua, in vitro, em solos de diferentes classes texturais

sob diferentes umidades ... 36

Ensaio 2: Efeito da farinha de sementes de mostarda

associada a três texturas de solo e a um potencial de água

na biofumigação de solo infestado por M. exigua em casa de vegetação ...

Ensaio 3: Efeito da biofumigação com a farinha de

sementes de mostarda em substratos para produção de

mudas de café infestados com M. exigua em casa de vegetação ...

37

38

RESULTADOS ... 39

Ensaio 1 ... 39

Ensaio 2 ... 40

Ensaio 3 ...

DISCUSSÃO...

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...

CONCLUSÃO GERAL ...

42

43

49

(7)

RESUMO

GOULART, Roseli dos Reis, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de 2007. Biofumigação com Brassica rapa para o controle de

Meloidogyne exigua em diferentes texturas e umidades do solo.

Orientadora: Rosângela D’Arc de Lima Oliveira. Co-orientadores: Onkar Dev Dhingra e Hugo Alberto Ruiz.

Os nematóides formadores de galhas radiculares, pertencentes ao

gênero Meloidogyne Goeldi, 1887, constituem um dos grupos de fitonematóides mais importantes para as culturas agrícolas. Meloidogyne exigua é uma das principais espécies que parasitam o cafeeiro, sendo mais prejudicial para a cultura no estádio de muda, pois reduz o desenvolvimento

das mesmas e impede a comercialização de mudas contaminadas. O brometo

de metila ainda é o principal produto utilizado para a desinfestação de

substratos, mas não por longo período, uma vez que o mesmo está sendo

gradativamente retirado do mercado. Dentre as alternativas de substituição

deste fumigante, a mostarda, planta da família Brassicaceae, têm–se destacado por produzir glucosinolatos, que ao sofrerem reação de hidrólise

enzimática liberam gases tóxicos como os isotiocianatos. Dessa forma,

acredita-se que a incorporação da farinha desengordurada de sementes de

Brassica rapa pode promover um controle eficiente de M. exigua na produção de mudas de cafeeiro. Com esse propósito, foram testadas diferentes

concentrações dessa farinha no controle de M. exigua e a partir de doses que propiciaram melhor eficiência estudouse a influência da umidade (10 kPa à

-500 kPa) e da textura do solo (Muito argiloso à franco-argilo-arenoso).

Comprovou-se que a farinha desengordurada teve efeito nematostático na

eclosão dos juvenis de M. exigua, nas doses menores (0,375 e 0,75 g/dm3) e efeito nematicida nas doses superiores (acima de 1,5 g/dm3). Em casa de

vegetação, a farinha na dose 2,0 g/dm3 controlou eficientemente o nematóide

com redução média de 94% no número de galhas e 93% no número de ovos. A

textura e a umidade do solo não influenciaram a eficiência da farinha na

biofumigação, exceto no solo franco-arenoso no potencial de -500 kPa.

Conclui-se que a farinha desengordurada constitui uma alternativa viável para o

(8)

ABSTRACT

GOULART, Roseli dos Reis, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, February, 2007. Biofumigation with Brassica rapa to control of Meloidogyne exigua in textures and humidities different of the soil. Adviser: Rosângela D’Arc de Lima Oliveira. Co-Advisers: Onkar Dev Dhingra and Hugo Alberto Ruiz.

The root-knot nematodes belong to the genus Meloidogyne Goeldi, 1887, and constitute one of the most important plant nematode groups to agriculture.

Meloidogyne exigua is one of the main species that parasitize coffee trees, being problematic especially in seedlings, because it reduces their development

and delays their commercialization. The methyl bromide still is the main product

used for soil and substrate disinfestation, but not for too long time, since it has

been gradually removed from the market. Among the alternatives to substitute

this fumigant, the mustard, plant from Brassicaceae family, has received special attention, because of the production of glicosinolates, which are broken down to

toxic gases, such as isoticianates, by enzymatic hydrolysis. In this way, it is

believed that soil incorporation of degreased flour of Brassica rapa seeds can promote efficient control of M. exigua in the soil. With this purpose, there were studied different flour doses for the control of M. exigua and from the best doses, it was studied the influence of soil humidity (-10 kPa to -500 kPa) and

the soil texture in the biofumigation process. It was proved that degreased flour

had nematostatic effect in M. exigua egg hatching, in the lowest doses (0,375 and 0,75 g/dm3) and nematicide affect in the superior doses (higher than 1,5

g/dm3). In greenhouse, in the dose 2,0 g/dm3 the flour controlled efficiently the

nematode, with an average reduction of 94% of galls and 93% of the eggs. Soil

texture and humidity did not affect flour efficiency in biofumigation, except in

franc-loamy soil at the potential of -500 kPa. Concluding, the degreased flour

(9)

Introdução Geral

Os nematóides pertencentes ao gênero Meloidogyne Goeldi, 1887, são causadores de galhas radiculares e constituem um dos grupos de patógenos

de maior importância econômica para a agricultura. Ocorrem em todo o mundo

e frequentemente são encontrados em regiões de clima tropical ou subtropical,

em locais de inverno curto ou moderado (Agrios,1997). Possuem ampla gama

de hospedeiros, englobando mais de 2000 espécies de plantas, o que inclui

quase todas as plantas cultivadas. Em todo o mundo são estimadas perdas

médias anuais de 12,3% na produtividade das principais culturas (Sasser &

Freckman, 1987). Plantas severamente atacadas por estes nematóides

apresentam um volume de raízes reduzido e o sistema vascular

completamente desorganizado devido a formação das galhas, comprometendo

seriamente a absorção de água e nutrientes pela planta (Netscher & Sikora,

1990). Certas espécies de nematóide promovem não só a formação de galhas

como também o desenvolvimento de raízes curtas e ramificadas, resultando

em um sistema radicular limitado, e consequentemente, com menor área de

absorção (Agrios, 1997). O ataque de nematóides fitoparasitas é mais

problemático para as plantas no estádio de muda, no qual grande número de

plantas morre no canteiro e outras nem resistem ao transplantio (Netscher &

Sikora,1990).

Na década de 70, mais de três milhões de mudas de café destinadas ao

transplantio, no estado de São Paulo (Gonçalves et al., 1978) e mais de cinco milhões no estado do Paraná (Jaehn et al., 1977) foram destruídas por estarem infectadas com Meloidogyneincognita.

Para a cultura do cafeeiro, uma espécie que merece destaque é

Meloidogyne exigua, pois está amplamente disseminada nas regiões produtoras de café do Brasil, especialmente no sul de Minas Gerais (Campos

et al., 1985) e Zona da Mata Mineira (Oliveira, 2002). No Estado do Rio de Janeiro, um estudo revelou que 70% das lavouras pesquisadas estavam

infectadas pelo nematóide (Barbosa et al., 2004). Mudas de café pesadamente infectadas por este nematóide, ao serem transplantadas para o campo,

(10)

à estação seca. Dependendo do tipo de solo, plantas de café adultas

infectadas podem sofrer intensa desfolha ou até chegar a morte (Campos et al., 1990).

Barbosa et al. (2004) relataram perdas variando entre 13 e 30% na produtividade de cafeeiros infectados, quando se encontravam com menos de

cinco anos de idade, mas as perdas atingiam 45% naqueles com mais de cinco

anos.

No sistema produtivo, as estratégias de controle deveriam ser

preventivas e não curativas, já que após o estabelecimento de altas

populações de Meloidogyne spp. no campo, é praticamente impossível suprimí-las ou mantê-suprimí-las em níveis suficientemente baixos para não causar prejuízos

(Netscher & Sikora,1990). O problema é ainda mais grave quando se trata da

comercialização de mudas, pois quando o produtor adquire uma muda

infectada com fitonematóides, a probabilidade de sucesso no desenvolvimento

da doença no campo é grande, uma vez que o nematóide já se encontra

associado ao hospedeiro suscetível, e as condições ambientais adequadas ao

desenvolvimento da muda, também favorecerão o desenvolvimento do

nematóide. A realidade é que após o estabelecimento do nematóide no campo,

a sua erradicação fica praticamente impossível. Dessa forma, o produtor

deverá adotar estratégias de manejo que visem à redução da população do

nematóide no solo a um nível tal que não traga prejuízos econômicos, o que

nem sempre é fácil. Assim, a produção de mudas sadias é ferramenta de

extrema importância no manejo de fitonematóides.

Uma prática comum e efetiva em operações de produção de mudas é a

desinfestação química do solo (Heald,1987).

O brometo de metila, usado há mais de 40 anos na fumigação do solo

em pré-plantio, têm amplo espectro de ação sobre fungos, nematóides, insetos,

ácaros, roedores, plantas daninhas e algumas bactérias (Duniway, 2002).

Contudo, este tem causado sérios problemas ambientais (Yates et al., 2002). Em base global, cerca de 75% do brometo utilizado na agricultura é destinado

ao tratamento de solo (US EPA, 1995), o que demonstra a dependência por

este produto na desinfestação de substratos usado para produção de mudas.

(11)

devido ao produto pertencer à classe das principais substâncias destruidoras

do ozônio da estratosfera (Duniway, 2002; Thomas, 1996), além de ser

altamente tóxico e reduzir a biodiversidade do solo (López-Pérez et al., 2003). Entretanto, com a crescente necessidade do produto e o reduzido

abastecimento, não haverá quantidade suficiente para suprir essa demanda

(Duniway, 2002). Atualmente, os produtores já têm encontrado dificuldade na

aquisição do brometo de metila no mercado.

Essa realidade tem estimulado o desenvolvimento de estratégias de

controle de fitonematóides menos danosas ao homem e ao ambiente, de modo

a proporcionar também alternativas viáveis para o manejo destes em áreas de

cultivo protegido e para o tratamento de substratos visando a produção de

mudas em viveiros comerciais.

Uma alternativa para a substituição dos fumigantes sintéticos é o uso de

partes de plantas ou compostos bioativos derivados de plantas. Estes

compostos, ou plantas que os contenham, podem ser utilizados como

biopesticida ou material orgânico incorporado ao solo (Yu et al., 2005).

A incorporação de material orgânico ao solo, estimula a atividade

microbiana, inclusive de microrganismos antagonistas de nematóides (Bridge,

1996). Além disso, o processo de decomposição resulta na liberação de gases,

que podem atuar na eliminação ou controle de patógenos do solo, processo

esse denominado biofumigação (UNEP, 1998). Diversas são as espécies de

plantas que ao serem incorporadas ao solo produzem compostos nematicidas

(Ferraz & Freitas, 2004), entretanto, atenção especial tem sido dada às plantas

da família Brassicaceae, devido às potencialidades de seu uso no controle de nematóides parasitas de plantas (UNEP, 1998).

Dentre as brassicáceas, merece destaque a mostarda que inclui

espécies como Brassica rapa, B. nigra e B. juncea, além de espécies no gênero Sinapsi (Fahey et al. 2001). A mostarda é originária do sul da Europa e constitui uma planta daninha de inverno. Frequentemente é encontrada em

cultivos de cereais no Sul do país, também ocorrendo em beira de estradas e

terrenos baldios (Lorenzi, 2000). Sua rusticidade pode facilitar o cultivo pelo

próprio produtor, levando a uma diminuição no custo com transporte na

(12)

O uso de plantas da família Brassicaceae se deve ao fato delas possuírem um grupo de metabólitos secundários denominados glucosinolatos

(Mojtahedi et al., 1993; Potter et al., 1998). Os glucosinolatos pertencem a um grupo de β-D- tioglucosídeos, que contêm enxofre em sua cadeia e

distinguem-se um do outro por diferenças que ocorrem em sua cadeia lateral orgânica

(grupo R). Com base nestas diferenças, os glucosinolatos são agrupados em

alifáticos, aromáticos e forma indol (Zasada & Ferris, 2003). São encontrados

em todos os tecidos da planta, armazenados nos vacúolos das células (Brown

& Morra, 2005). Quando o tecido é rompido, glucosinolatos relativamente não

reativos entram em contato com a enzima mirosinase (tioglucosídeo

glucohidrolase, EC 3.2.3.1), a qual é armazenada separadamente nas células,

resultando no processo de hidrólise e formação de nitrilas, epitionitrilas,

tiocianatos e/ou isotiocianatos (Zasada & Ferris, 2003).

Em geral, os isotiocianatos (ITCs) são considerados os produtos mais

tóxicos da hidrólise enzimática dos glucosinolatos (Morra & Kirkegaard, 2002).

São relativamente tóxicos aos nematóides, podendo ser utilizados como

nematicidas. Eles interagem de forma não específica e irreversível com

proteínas e aminoácidos para formar produtos estáveis (Brown & Morra, 1997).

O efeito pesticida dos glucosinolatos tem sido questionado por vários

pesquisadores, devido ao fato de ser atribuído mais aos produtos da

decomposição enzimática do que dos glucosinolatos propriamente ditos (Borek

et al., 1994; Lazzeri et al., 1993). Buskov et al. (2002) relataram que o glucosinolato intacto não teve efeito na mortalidade de juvenis de segundo

estádio de Globodera rostochiensis, entretanto, tal efeito foi alcançado quando a enzima mirosinase foi adicionada, liberando os produtos da hidrólise

enzimática dos glucosinolatos. O mesmo comportamento foi observado em

Caenorhabditis elegans (Donkin et al., 1995) e H.schachtii (Lazzeri et al., 1993).

A forma com que o material é incorporado ao solo vai influenciar a

velocidade com que os produtos da hidrólise dos glucosinolatos são

disponibilizados. Tecido na sua forma integral pode liberar mais lentamente os

produtos que aqueles que já sofreram uma ruptura física antes. O uso de

(13)

esmagamento das sementes promove uma extensiva ruptura celular,

maximizando a liberação dosITCs para o solo (Brown & Morra, 2005).

Lima (2006) empregou 1,6% de folha desidratada de B. rapa na biofumigação de solo infestado com M. incognita, e obteve redução de 92,7% no número de galhas, 97,7% no número de massas de ovos e 94,2% no

número de ovos em relação a tomateiros mantidos em solos não tratados. Com

a farinha desengordurada das sementes a dosagem de 0,1% (p/v) foi suficiente

para a supressão de 100% do nematóide. Foi verificada também mortalidade

superior a 95% nos juvenis de Heterodera glycines, M.incognita, M. mayaguensis, M. javanica e M. exigua utilizando folha desidratada ou farinha de sementes ou farinha desengordurada de sementes de mostarda.

Os produtos da hidrólise dos glucosinolatos têm efeito comprovado não

somente em nematóides como também em plantas daninhas (Haramoto &

Gallandt, 2004), Pseudomonas marginalis (Charron et al., 2002), Fusarium

oxysporum (Smolinska et al., 2003), Aphanomyces euteiches (Smolinka, 1997),

Rhizoctoniasolani (Chung et al., 2002), entre outros.

Vários são os trabalhos relatando o efeito da biofumigação no controle

de organismos fitopatogênicos. Contudo, fatores relevantes relacionados a este

processo devem ser levados em consideração. Brown & Morra (2005)

relataram que o tempo de vida dos produtos da hidrólise dos glucosinolatos no

solo, a volatilização, o teor de matéria orgânica no solo, a temperatura, o teor

de umidade, o pH, a textura e a atividade microbiana exercem influência no

processo da biofumigação. A farinha desengordurada obtida a partir de

sementes de B. rapa, em virtude de seu efeito nematicida recém comprovado por Lima (2006), merece maiores investigações quanto ao efeito de fatores

bióticos e abióticos na sua decomposição.

Assim, neste estudo foi dada ênfase à determinação da concentração

ideal da farinha desengordurada de sementes de mostarda (B. rapa), para a biofumigação do solo, visando ao controle de M. exigua, e ao estudo da influência da textura e umidade do solo no processo de biofumigação.

Acredita-se que a incorporação desAcredita-se material irá promover um eficiente controle de

fitonematóides em substratos para produção de mudas, criando dessa forma

uma alternativa viável para a substituição do brometo de metila e com menor

(14)

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of allyl isothiocyanate. Journal of Food Agriculture & Environment, 3(2):

218-221.

ZASADA, I. A., FERRIS, H. 2003. Sensitivity of Meloidogyne javanica and

(19)

CAPÍTULO 1

CONTROLE DE

Meloidogyne exigua

PELA BIOFUMIGAÇÃO DO

(20)

Introdução

Os nematóides formadores de galhas radiculares, pertencentes ao

gênero Meloidogyne Goeld, 1887, têm ampla disseminação por todo o mundo. As espécies pertencentes a este gênero são bastante polífagas, atacando

diversas culturas economicamente importantes. M. exigua é uma das espécies mais importantes para a cultura do cafeeiro, e está amplamente disseminada

nas regiões produtoras de café do Brasil, especialmente no sul de Minas

Gerais (Campos et al., 1985) e na Zona da Mata Mineira (Oliveira, 2002). No estado do Rio de Janeiro, 70% das lavouras analisadas estavam infestadas

pelo nematóide (Barbosa et al., 2004).

O

manejo de fitonematóides não é uma tarefa fácil, principalmente em

áreas com altas densidades populacionais. Medidas de controle isoladas não

surtem bons resultados, e por isso, elas devem ser utilizadas de forma

integrada.

O problema é ainda mais grave quando se trata da produção de mudas,

áreas de cultivo protegido e produção de olerícolas, pois os produtores são

altamente dependentes de fumigantes industrializados, como o brometo de

metila, para a desinfestação química do solo e substratos. Este produto, devido

a sua natureza biocida e seu efeito deletério ao ambiente e à destruição da

camada de ozônio, está sendo gradativamente retirado do mercado (Yates et

al., 2002).

Dessa forma, pesquisadores de todo o mundo tem se dedicado ao

estudo de métodos alternativos de controle de fitonematóides, utilizando

plantas ou compostos bioativos derivados de planta, no sentido de viabilizar

estratégias de manejo viáveis aos produtores e minimizar os impactos

negativos que os pesticidas sintéticos vêm causando à natureza. Estes

compostos, ou plantas que o contenham, podem ser utilizados como

biopesticida ou material orgânico incorporado ao solo (Yu et al., 2005).

O uso de plantas da família Brassicaceae vem ganhando espaço nas estratégias de manejo de nematóides devido à produção de compostos voláteis

com ação nematicida quando são incorporadas ao solo. Dentre esses, se

(21)

são resultantes da reação de hidrólise dos glucosinolatos pela enzima

mirosinase (Zasada & Ferris, 2003). Apesar da liberação de diferentes

produtos, os isotiocianatos (ITCs) são considerados os produtos mais tóxicos

(Morra & Kirkegaard, 2002) e por esse motivo tem sido um dos principais

compostos estudados para o controle das enfermidades de plantas (Brown &

Morra, 1997).

Estudos quanto à ação nematicida dos isotiocianatos têm sido realizados

em diversas espécies de brássicas. A mostarda, como popularmente é

denominada, é uma planta daninha de inverno, da família Brassicaceae,

frequentemente encontrada em cultivos de cereais no Sul do país, também

ocorrendo em beira de estradas e terrenos baldios (Lorenzi, 2000). Ela engloba

espécies como B. rapa, B. nigra, B. juncea, e inclusive espécies do gênero

Sinapsi (Fahey et al., 2001). Diversos trabalhos vêm sendo realizados com estas espécies de mostarda para a biofumigação do solo visando ao controle

de nematóides parasitas de plantas e de outros fitopatógenos, como por

exemplo, B. juncea-Meloidogyne javanica e Tylenchulus semipenetrans

(Zasada & Ferris, 2004), B. carinata-Heterodera schachtii (Lazzeri et al., 1993),

B. rapa-M. incognita (Lima, 2006), óleo essencial de mostarda (alil isotiocianato)-Rhizoctonia solani (Dhingra et al., 2004) e Sclerotium rolfsii e

Sclerotinia sclerotiorum (Schurt, 2006), dentre outros.

Pequenas diferenças estruturais na cadeia lateral dos glucosinolatos

provocam profundas diferenças no efeito nematicida, confirmando que a

atividade biológica é função não somente da concentração do produto da

hidrólise dos glucosinolatos, mas também da propriedade química da cadeia

lateral R (Lazzeri et al., 1993). Estes autores observaram efeito nematicida diferenciado para Heterodera schachtii quando expostos aos produtos da hidrólise enzimática de diferentes glucosinolatos, o qual variou de acordo com

a natureza do composto, a concentração e o tempo de exposição. Os produtos

da hidrólise da sinigrina à concentração de 0,5% provocou a mortalidade de

quase todos os juvenis após 24 h, enquanto os demais produtos tiveram efeito

somente após 48 h. Na concentração de 0,05% somente os compostos

derivados da sinigrina, gluconapina e glucotropeolina apresentaram efeito

(22)

Outro ponto importante é que a toxicidade dos ITCs provenientes da

incorporação de tecidos de brassicáceas é dependente não só da estrutura do

composto como também da espécie alvo (Zasada & Ferris, 2003).

Yu et al. (2005) testando diferentes concentrações de alil isotiocianato na eclosão de diferentes espécies de nematóide, observou que a concentração

de 5 µg/mL do produto inibiu completamente a eclosão de juvenis de cistos de

H. glycines, enquanto que para H. schachtii essa concentração parece ter estimulado a eclosão após dez dias de incubação. Para M. hapla 5 µg/mL de alil isotiocianato não afetou a eclosão, nesse mesmo período de incubação, no

entanto, forte efeito inibitório foi observado na eclosão de juvenis de M.

incognita. Devido a essas variações nos resultados, o autor sugeriu que as diferentes espécies de nematóides têm diferentes níveis de suscetibilidade a

um mesmo composto.

Estudos de nematicidas liberadores de isotiocianatos sobre a eclosão de

fitonematóides são raros. A ação de alguns nematicidas não fumigantes foi

verificada na eclosão em cistos de Heterodera schachtii. Com a concentração

de 5 μg/mL ou mais de aldicarb, carbofuran ou fensulfotion a eclosão do

nematóide foi inibida, entretanto, com fenamifós à dose de 1 μg/mL (menor

concentração testada) a eclosão foi eficientemente inibida (Steele, 1983).

Apesar de se ter alguns trabalhos utilizando os ITCs no controle de

fitonematóides, existem poucas informações sobre o efeito desses compostos

na eclosão dos juvenis. A maioria dos testes buscaram verificar o efeito

nematicida dos ITCs sobre os juvenis, e não o efeito ovicida destes produtos.

Zasada & Ferris (2003) testaram em laboratório o efeito de sete

isotiocianatos comerciais (Alil, benzil, butil, etil, fenil, 2-feniletil e 4-metilsulfinil

isotiocianato) e do nematicida liberador de metil isotiocianato, Metam sódio, na

mortalidade de juvenis (J2) de Tylenchulus seminetrans e M. javanica. O alil e o butil isotiocianato se igualaram ao Metam sódio como o segundo grupo mais

tóxico a Tylenchulus semipenetrans, e o 2-feniletil foi o isotiocianato mais tóxico para ambos os nematóides.

Lima (2006) avaliou o efeito dos subprodutos de B. rapa, folha desidratada, farinha de sementes e farinha de sementes desengordurada na

(23)

respectivamente. Entretanto, um estudo sobre o efeito de B. rapa na eclosão de fitonematóides é de extrema importância, uma vez que os ovos, na maioria

dos fitonematóides, correspondem à fase do ciclo de vida que persiste no solo

por períodos prolongados.

Nesse trabalho, objetivou-se testar o efeito de diferentes concentrações

da farinha desengordurada de sementes de mostarda (B. rapa) na eclosão de juvenis de M. exigua in vitro e no controle deste nematóide em casa de vegetação.

Material e Métodos

1. Obtenção e multiplicação do inóculo

Ovos de Meloidogyne exigua foram extraídos segundo Boneti & Ferraz (1981): raízes de plantas de cafeeiro infectadas, cultivadas em casa de

vegetação, foram lavadas cuidadosamente, sob água corrente para retirar as

partículas de solo aderidas à sua superfície, picadas em pedaços de

aproximadamente 1 a 2 cm, trituradas em liquidificador com uma solução de

NaOCl na concentração de 0,5% por 15 a 20 segundos. Os ovos foram

recolhidos da peneira de 0,0254 mm de abertura, após a passagem da

suspensão pela peneira de 0,074 mm. A suspensão de ovos foi ajustada para a

concentração de 1000 ovos/mL. A calibração desta suspensão foi feita em

câmara de Peters sob microscópio estereoscópio.

O inóculo foi multiplicado em plantas de pimentão, devido a eficiente

multiplicação do nematóide nessa cultura (Silva, et al., 2006). Mudas com dois a três pares de folhas foram transplantadas para vasos de plástico com

capacidade para dois litros, contendo uma mistura de solo e areia na proporção

de 2:1 previamente tratada com brometo de metila. Decorrida uma semana do

transplantio, a inoculação foi feita, adicionando-se 5mL da suspensão de ovos

obtida anteriormente, com o auxílio de uma pipeta, em quatro orifícios com

profundidade de aproximadamente 3 cm feitos ao redor das plantas.

As plantas utilizadas para a multiplicação do nematóide e na

(24)

crescimento do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de

Viçosa, recebendo os tratos culturais necessários ao desenvolvimento das

mesmas, de acordo com as recomendações técnicas para a cultura.

Os juvenis de segundo estádio (J2) de M. exigua foram obtidos utilizando-se o método do funil de Baermann (Baermann, 1917, citado por

Jacob & Bezooijen, 1977) modificado, utilizando-se uma tigela, ao invés de

funil. Decorridas doze horas os nematóides eclodidos foram descartados, com

o objetivo de se padronizar a idade dos J2. Após 24 horas do descarte inicial,

os juvenis de segundo estádio (J2) foram recolhidos e a suspensão ajustada

para a concentração de 300 J2 por mL de água.

2. Solo utilizado nos ensaios.

O substrato utilizado nos ensaios foi composto de uma mistura de solo

argiloso e areia na proporção 2:1, previamente tratado com brometo de metila,

na dosagem de 100 cc/m3 de solo.

3. Material vegetal utilizado nos experimentos

A farinha desengordurada de sementes foi obtida a partir de plantas de

mostarda (Brassica rapa) cultivadas em condições de campo no Departamento de Fitopatologia da UFV. A farinha desengordurada foi obtida moendo-se as

sementes e, posteriormente, procedendo-se a extração de seus compostos

lipídicos com solvente.

(25)

4. Efeito de diferentes concentrações de farinha de sementes de mostarda na eclosão de juvenis de M. exigua in vitro .

O ensaio foi conduzido seguindo-se a metodologia de Zasada e Ferris

(2004). Nesta, frascos de 10 mL de volume foram parcialmente preenchidos

com 8 g de solo, acrescidos da farinha nas doses de 0 g/dm3, 0,375 g/ dm3,

0,75 g/ dm3, 1,5 g/ dm3, 3,0 g/ dm3 e 6,0 g/ dm3. Sobre o solo de cada frasco foi

feita uma pequena depressão onde se depositou 1 mL do inóculo, contendo

1000 ovos e água suficiente para que este solo atingisse a umidade de

aproximadamente 60% da capacidade de campo. Em seguida, os frascos

foram tampados e vedados com filme plástico, para evitar a perda dos gases

voláteis, e incubados por 7 dias (d) em câmara de crescimento a 26ºC. Após

esse período, o solo foi retirado de cada frasco e depositado sobre o funil de

Baermann. As avaliações foram feitas em intervalos de 48 h durante 10 d,

quando os juvenis de segundo estádio (J2) eclodidos foram coletados e

contados sob microscópio de luz.

O experimento foi montado no esquema de parcelas subdivididas em

delineamento inteiramente casualizado, com 6 tratamentos e 6 repetições. As

doses da farinha constituíram os tratamentos da parcela e as épocas de

avaliação foram os tratamentos da subparcela. As análises estatísticas foram

efetuadas no programa SAEG (Euclides, 1983).

Os dados provenientes do número de J2 acumulados em cada tempo

foram submetidos à ANOVA. A seguir, procedeu-se ao desdobramento da

interação dose de farinha X época de avaliação, independentemente da sua

significância, com o propósito de avaliar o efeito da dose da farinha em cada

época de avaliação sobre os J2 acumulados mediante equações de regressão.

(26)

5. Efeito de diferentes concentrações de farinha de sementes de mostarda na biofumigação de solo infestado por M. exigua em casa de vegetação.

O ensaio foi montado em vasos plásticos de 1,5 L de capacidade. O solo

de cada tratamento foi umedecido até atingir aproximadamente 60% da

capacidade de campo, infestado com 5000 ovos/vaso e revolvido para uma

melhor homogeneização do inóculo. Em seguida, a este solo foi adicionada a

farinha desengordurada nas doses de 0 g/dm3, 0,25 g/dm3, 0,50 g/dm3, 1,0

g/dm3, 2,0 g/dm3 e 4,0 g/dm3 revolvendo-o novamente. O solo de cada

repetição foi vedado em saco plástico transparente e permaneceu em câmara

de crescimento a 26ºC por 7 d. Após esse período os sacos plásticos foram

abertos e o solo colocado nos vasos, os quais foram mantidos em casa de

vegetação por dois dias, quando mudas de pimentão com dois a quatro pares

de folhas foram transplantadas para cada vaso.

Após 90 d do transplantio procedeu-se à avaliação do ensaio,

considerando-se o número de galhas e o número de ovos por sistema radicular

de cada planta. Os dados de galhas e ovos foram submetidos à análise de

regressão no programa estatístico SAEG (Euclides, 1983). A partir das

equações de regressão calcularam-se os números médios estimados de galhas

e de ovos obtidos de cada dose. Posteriormente, foi calculado o percentual de

galhas e ovos em relação à testemunha.

O experimento foi montado em delineamento inteiramente casualizado,

com 6 tratamentos e 8 repetições. Este mesmo ensaio foi realizado por duas

vezes.

A média das temperaturas máximas do ar que ocorreram durante os

ensaios foi de 28,9 ºC e das mínimas de 13,4 ºC.

(27)

Resultados

Efeito de diferentes concentrações de farinha de sementes de mostarda na eclosão de juvenis de M. exigua in vitro.

Houve efeito significativo da dose da farinha, da época de avaliação e da

interação entre estes dois fatores (P<0,01) sobre o número de J2 eclodidos. As

equações ajustadas para o número de J2 acumulados em função da dose

dentro de cada época de avaliação, seguiram o modelo hiperbólico. Nas

menores concentrações da farinha, o percentual de redução na eclosão dos J2

foi maior nas primeiras 48 horas (h) comparado àquele obtido após 240 h

(Figura 1). Com a dose de 0,375 g/dm3 a redução estimada na eclosão dos J2

acumulados foi de 63,4% e 32,2% após 48 e 240 h, respectivamente. Com o

aumento da dose da farinha essa diferença diminuiu e a partir de 3,0 g/dm3 o

percentual estimado de redução na eclosão dos J2 manteve-se praticamente o

mesmo durante todo o período de avaliação, ou seja, 97,8% na primeira

avaliação e 95,48% na última avaliação.

Figura 1 – Percentual de redução na eclosão de juvenis de Meloidoyne exigua

(J2) acumulados em 48 e 240 hs após a biofumigação do solo com diferentes

doses da farinha de mostarda.

Y1=106,6-14,649**X-1 R2= 0,869

Y2=110,2-27,113**X-1 R2= 0,945

30 40 50 60 70 80 90 100

0 0,38 0,75 1,13 1,5 1,88 2,25 2,63 3 3,38 3,75 4,13 4,5 4,88 5,25 5,63 6

Dose de Farinha (g/dm3)

P er cen tu al d e r ed u çã o n a ecl o são d o s J2 ac u m ul ad os

(28)

Efeito de diferentes concentrações de farinha de sementes de mostarda na biofumigação de solo infestado por M. exigua em casa de vegetação.

O efeito da dose da farinha foi significativo para o número de galhas e de

ovos. A biofumigação do solo com a farinha promoveu a redução no número de

galhas e de ovos de M. exigua em ambos os ensaios (Figura 2 e 3) e esse percentual de redução aumentou à medida que a concentração da farinha

incorporada ao solo foi aumentada. As menores doses de farinha utilizadas

(0,25 e 0,50 g/dm3 ) resultaram em baixo nível de supressão de M. exigua. Já na dose de 2,0 g/dm3 o percentual de redução das galhas foi de 92,59% no

ensaio 1 e 95,58% no ensaio 2 (Figura 2). O percentual de redução nos ovos

foi de 86,43% no ensaio 1 (Casa de vegetação) e 100% no ensaio 2 (Telado)

(Figura 3). Com a incorporação de 4,0 g/dm3 da farinha ao solo a redução foi

de 100% tanto para galhas quanto para ovos nos dois ensaios. De um modo

geral, o padrão de redução de galhas e ovos nos dois ensaios seguiu a mesma

tendência.

Nenhum sintoma de fitotoxidez foi observado nas plantas de pimentão

nas doses testadas, entretanto, foi observada intensa colonização do solo pelo

fungo Trichoderma sp. nos vasos cujas doses de farinha eram maiores.

Figura 2 – Percentual relativo de galhas em raízes de plantas de pimentão cultivadas em solo infestado com Meloidogyne exigua e tratado com diferentes

0 20 40 60 80 100

0 0,25 0,5 0,75 1 1,25 1,5 1,75 2 2,25 2,5 2,75 3 3,25 3,5 3,75 4

Doses de farinha (g/dm3)

P er cen tu al r el at ivo d e g al h

as Casa de vegetação Y1

Telado Y2

(29)

Figura 3 – Percentual relativo de ovos em raízes de plantas de pimentão cultivadas em solo infestado com Meloidogyne exigua e tratado com diferentes doses de farinha desengordurada de sementes de mostarda.

Discussão

A colonização do solo tratado com a farinha de mostarda por

Trichoderma sp. pode ser vista como um ponto positivo, uma vez que esse organismo tem atuado como antagonista de vários patógenos de planta e solo,

e, por isso, tem sido estudado em associação com brássicas na biofumigação

do solo como uma alternativa ao controle químico de doenças de plantas

(Sanchi, et al., 2005).

Este fungo também colonizou o solo infestado com M. incognita quando tratado com essa mesma farinha (Lima, 2006). Segundo o autor, a presença do

fungo pode estar relacionada com a supressão dos organismos competidores

desse fungo, e com a ausência de efeito tóxico da farinha sobre Trichoderma

sp. Essa hipótese pode ser corroborada por outros relatos que mostram a

tolerância de Trichoderma sp. aos isotiocianatos. Sanchi et al., (2005), usando a combinação Brassica carinata - Trichoderma harzianum-T39 para o controle de Sclerotinia sclerotiorum e de Sclerotinia minor, observaram que a habilidade de colonização do saprófita não foi reduzida.

0 20 40 60 80 100

0 0,25 0,5 0,75 1 1,25 1,5 1,75 2 2,25 2,5 2,75 3 3,25 3,5 3,75 4 Doses de farinha (g/dm3)

P er cen tu al r elat ivo d e o vo

s Casa de vegetação Y1

Telado Y2

(30)

Contudo, esse efeito pode variar de acordo com o tipo de material

biofumigante e o patógeno alvo de controle. Dandurad et al. (2000) notaram que a atividade biológica de T. harzianum foi reduzida quando este foi incorporado ao solo juntamente com dois cultivares de B. napus (alto e baixo conteúdo de glucosinolatos) no controle de S. sclerotiorum. Em contrapartida, a aplicação desse mesmo fungo associado ao cultivar com alto conteúdo de

glucosinolatos resultou em 100% de controle de Aphanomyces euteiches. No presente estudo, como a farinha desengordurada de sementes de B. rapa não interferiu com a atividade biológica de Trichoderma sp., seu potencial de uso é crescente, por resultar num efeito aditivo dos mesmos quando usados

simultaneamente no tratamento de substratos para a produção de mudas.

A ação nematicida da farinha desengordurada já havia sido comprovada

em trabalhos anteriores para M. incognita (Lima, 2006). Foi detectado que o principal composto presente em B. rapa foi o isotiocianato de alila, com maior concentração nas sementes comparado às folhas, e que possivelmente seria o

principal responsável pela supressão do nematóide. Entretanto, sabe-se que

outros compostos voláteis não quantificados nessa análise, como nitrilas,

epitionitrilas, tiocianatos (Zasada & Ferris, 2003) e compostos de enxofre

(Lewis & Papavizas, 1971) também poderiam estar atuando em conjunto nessa

supressão.

A hipótese de que a farinha desengordurada também teria ação

nematicida sobre M. exigua foi confirmada. A dose de 2,0 g/dm3 ou 0,2% da farinha incorporada ao solo foi suficiente para reduzir o número de galhas em

92,59% no ensaio 1 e 95,58% no ensaio 2. Da mesma forma, foi verificada uma

redução no número de ovos de 86,43% e 100% nos ensaios 1 e 2,

respectivamente. Em relação a M. incognita em tomateiro, Lima (2006) obteve uma redução de 97,5% no número de ovos e 99,4% no número de galhas

quando usou a concentração de apenas 0,05% (p/v) da farinha

desengordurada. Em princípio, esses dados não são contraditórios e

confirmam o que já vem sendo relatado na literatura, pois diferentes espécies

de nematóide possuem diferentes graus de suscetibilidade a um mesmo

composto. Zasada & Ferris (2003) concluíram que a toxicidade dos ITCs

(31)

µg/mL de alil isotiocianato inibiu completamente a eclosão de H. glycines após dez dias de incubação, enquanto que para H. schachtii essa mesma concentração parece ter estimulado a eclosão. Da mesma forma, esse

composto não afetou a eclosão de M. hapla, mas exerceu forte efeito inibitório na eclosão de M. incognita (Yu et al., 2005).

Deve-se observar também que diferentes brássicas têm apresentado

resposta diferenciada de eficiência de controle sobre as espécies de

nematóides. Johnson et al. (1992) observaram que a incorporação de 1,3-2,7% de matéria fresca de B. napus ao solo não resultou na supressão de M. javanica, M. incognita e Criconemella ornata, enquanto Zasada & Ferris (2004) conseguiram 100% de supressão de M. javanica com a dose de 2% de biomassa de B. juncea e 70% de redução com a incorporação de 1,2% de B.

hirta. Há que se considerar que o tipo de glucosinolato varia de espécie para espécie vegetal, assim como também seus teores e forma de distribuição nos

diferentes órgãos da planta. A falta de supressão de fitonematóides ou a

incoerência entre os resultados alcançados em alguns trabalhos pode ser

devido a essas diferenças. Até mesmo pequenas diferenças estruturais na

cadeia lateral desses compostos podem resultar em profundas diferenças no

efeito nematicida (Lazzeri et al., 1993).

Foram observadas pequenas diferenças no percentual de redução de

galhas e ovos entre os dois ensaios deste estudo, o que pode ser atribuído a

algum efeito ambiental, uma vez que os ensaios foram realizados em épocas e

locais diferentes, isto é, o ensaio 1 em casa de vegetação e o 2 em telado.

Apesar das médias das temperaturas máximas e mínimas não terem sido muito

discrepantes entre os dois locais durante o período total de condução do

experimento, a temperatura média mínima no primeiro mês, no telado,

apresentou-se menor (em torno de 11ºC), quando comparada à 15,8ºC na casa

de vegetação. Tal condição pode ter interferido na eclosão dos juvenis,

refletindo a diferença observada no número de ovos entre os dois ensaios.

Algumas espécies de Meloidogyne são mais adaptadas aos climas com temperaturas mais altas e, por isso, apresentam desenvolvimento

embriogênico e pós-parasítico mais rápido nessas condições. Observações de

(32)

tropical, apresentou 47 a 66% de ovos anormais ou mortos quando incubados

em temperaturas de 10 e 12ºC.

Embora essa diferença tenha sido observada entre os dois ensaios,

deve-se ressaltar que o padrão de redução dessas variáveis seguiram a

mesma tendência, conforme observado nas figuras 2 e 3.

Outra vantagem da biofumigação do solo com brassicáceas em relação

à incorporação de matéria orgânica proveniente de outras fontes também é

notada quando se trata de volume do material por hectare. Considerando-se

que B. rapa, em condições de campo, produz cerca de 1200 kg de sementes por hectare e que 35% desse valor é extraído em óleo, ter-se-ão 780 kg/ha da

farinha desengordurada ( Dhingra et al., 2007, informação pessoal). Adotando-se a doAdotando-se de 2,0 g/dm3 da farinha, a qual resultou em alto nível de supressão

em M. exigua, seriam necessários 4 ton do produto para o tratamento de uma área de um hectare. Essa quantidade pode ser considerada viável na prática,

uma vez que a adição de outros tipos de matéria orgânica gira em torno de

doses similares ou superiores a essa. É recomendado, por exemplo no caso do

esterco bovino, uma dose em torno de 20 ton/ha. Considerando o propósito

deste trabalho que é a aplicação do biofumigante em menores volumes de

solo, o emprego da farinha desengordurada pode ser considerada viável.

O enfoque deste estudo foi proporcionar uma forma de erradicar M. exigua do substrato para produção de mudas de cafeeiro visando à obtenção de mudas livres de nematóides. Para a produção de mudas de meio ano

(saquinho com 20-25 cm altura, 11 cm largura) 1000 L de substrato são

suficientes para produção de 1200-1400 mudas (Guimarães et al., 1989, Alvarenga et al., 2000), partindo-se da dose de 2,0 g/dm3 da farinha desengordurada, precisaríamos de somente 2,0 kg do produto para produzir

esse número de mudas de café. Assim, se o produtor optar por produzir a

mostarda para obter a farinha para a biofumigação do substrato, com a área de

1 hectare ele produziria 780 kg da farinha, e teria quantidade do produto

suficiente para a produção de um grande volume de mudas. Outra vantagem

inerente a essa farinha é que ela pode ser armazenada por alguns meses sem

a perda da eficiência de seu princípio ativo. Entretanto, a vida de prateleira da

(33)

Os produtos voláteis da farinha de mostarda afetaram a eclosão dos J2

de M. exigua. Observou-se que esse efeito foi bastante marcante nas primeiras 48 hs após o período de incubação, com 63,4% de redução na eclosão dos J2

com a dose de 0,375 g/dm3, porém ao final das 240 hs de avaliação o

percentual de redução dos J2 caiu para 32,2%. Com 0,75 g/dm3 da farinha, o

percentual de redução foi de 82,9% e 68,4% após 48 e 240 h, respectivamente.

O trabalho feito por Lima (2006), pode corroborar com esses resultados pois,

ao quantificar o isotiocianato de alila neste tipo de farinha, detectou que o pico

de liberação do composto foi de 9,76 ppm e ocorreu cerca de seis hs após a

incorporação da farinha ao solo, caindo para 2,66 ppm após 48 hs. Pode-se

inferir que nas doses menores da farinha o efeito dos produtos voláteis sobre

os J2 foi nematostático, provocando apenas um atraso na eclosão dos

mesmos, ou seja, um retardo no desenvolvimento embrionário dos ovos.

Entretanto, conforme as doses da farinha foram sendo aumentadas essas

diferenças foram diminuindo, como se observou com 3,0 g/dm3 da farinha.

Nesta dose, o percentual de redução dos J2 foi de 97,6% e 95,5% após 48 e

240 hs, respectivamente. Depreende-se, portanto, que o efeito da farinha nas

doses superiores foi nematicida.

Para M. incognita foram necessários 8 g/dm3 da farinha de sementes de

B. rapa para uma redução de 99,7% na eclosão dos juvenis (Lima, 2006). Embora os valores sejam discrepantes quando comparados com os de M. exigua, deve-se levar em consideração que essa redução foi apenas pela ação dos subprodutos voláteis liberados durante a biofumigação. Na metodologia

empregada por Lima (2006), não houve contato direto dos ovos com o solo, ao

contrário do presente estudo que avaliou todo o potencial da farinha, já que os

ovos de M. exigua tiveram íntimo contato com o solo tratado. Então, é provável que outras substâncias não voláteis da farinha da mostarda possam ter ficado

diluídas na solução do solo, aumentando a efetividade do controle efetuado

pelos gases. Além disso, sabe-se que diferentes espécies de fitonematóides

podem ter diferentes níveis de suscetibilidade a um mesmo composto.

Efeito inibitório do alil isotiocianato na eclosão de nematóides,

especialmente de Heterodera glycines e M. incognita foi observado por Yu et

(34)

Comparando o efeito da farinha de mostarda sobre a eclosão dos J2 de

M. exigua, in vitro, com os resultados obtidos em casa de vegetação com diferentes concentrações da farinha, conclui-se que foi necessária dose

superior à mencionada anteriormente para um efetivo controle do nematóide.

Explica-se isto, considerando-se que em casa de vegetação não é possível

controlar todos os fatores que interferem com o processo de biofumigação,

como oscilação de umidade no solo e temperatura. Além de que nos testes in vitro estão envolvidos apenas solo-farinha-nematóide, enquanto em casa de vegetação acrescenta-se o fator planta, a qual pode estimular a eclosão dos

juvenis devido a presença de exsudatos radiculares (Siqueira et al., 2004). Como as condições de casa de vegetação se aproximam mais das condições

reais de produção de mudas, pode-se inferir que a dose de farinha mais

adequada ao controle de M. exigua seria de 2 g/dm3 de solo.

Um outro ponto que merece destaque é que a disponibilidade de um

produto com ação ovicida é de extrema importância para o manejo de

fitonematóides, pois sabe-se que os ovos correspondem a fase do ciclo de

vida, na maioria dos fitonematóides, que é capaz de persistir no solo por

períodos prolongados.

Dessa forma, conclui-se que a farinha desengordurada é uma alternativa

(35)

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(39)

CAPÍTULO 2

(40)

Introdução

Os nematóides fitoparasitas, principalmente os do gênero Meloidogyne, causam sérios problemas em áreas de cultivo de olerícolas e em viveiros de

produção de mudas, levando os produtores a grandes prejuízos, não só pelo

atraso no desenvolvimento das plantas doentes, mas também, pelo

impedimento da comercialização das mudas infectadas(Gonçalves et al., 1978, Jaehn et al., 1977).Medidas de tratamento químico do solo são adotadas como uma das principais ferramentas de manejo (Heald,1987), visto que as mudas

constituem um dos meios mais eficientes de disseminação de fitonematóides,

tanto a curtas como longas distâncias. Além disso, se a disseminação numa

determinada área livre destes patógenos é eficiente, a sua erradicação é

praticamente impossível (Netscher et al., 1990). Assim, o principal meio de controle destes organismos ainda é a prevenção de sua entrada no campo.

O brometo de metila é um dos principais produtos utilizados na

desinfestação de substratos para a produção de mudas. Ele é usado há mais

de 40 anos na fumigação do solo em pré-plantio pelo seu amplo espectro de

ação sobre fungos, nematóides, insetos, ácaros, roedores, plantas daninhas e

algumas bactérias (Duniway, 2002).

O problema é que o brometo é uma das substâncias mais potentes na

destruição da camada de ozônio, o que têm causado sérios danos ao

ambiente, e, por isso, o mesmo deixará de ser produzido e comercializado

(Duniway, 2002; Carpenter, 2000). Como os produtores são altamente

dependentes desse produto para o tratamento do solo e substratos, medidas

alternativas de controle, menos agressivas ao ambiente e ao homem, vem

sendo desenvolvidas a cada dia.

Uma estratégia de manejo de doenças que vem se destacando é a

biofumigação do solo pela incorporação de tecido de plantas da família

Brassicaceae. O uso dessas plantas se deve ao fato delas possuírem um grupo de metabólitos secundários denominados glucosinolatos (Potter et al., 1998), que ao serem incorporados ao solo sofrem reação de hidrólise enzimática

liberando gases tóxicos, como isotiocianatos, tiocianatos, enxofre elementar e

(41)

Em geral, os isotiocianatos (ITCs) são considerados os produtos mais

tóxicos da hidrólise enzimática dos glucosinolatos (Morra & Kirkegaard, 2002).

São relativamente tóxicos aos nematóides, podendo ser utilizado como

nematicida.

Quando se trata do controle de nematóides com fumigantes sintéticos,

deve-se considerar que sua eficiência na redução da população de nematóides

no solo fica entre 50-90%, aproximadamente (Schmitt, 1985). O desempenho

destes produtos no solo é afetado, pelo tipo de solo e textura, capacidade de

difusão, dosagem, aeração, umidade, temperatura, pH, conteúdo de matéria

orgânica e tecnologia de aplicação (Lembright,1990). É muito importante o

entendimento de cada fator que regula essa difusão e a conseqüente influência

no controle das doenças. Da mesma forma, diversos fatores podem influenciar

o processo de biofumigação. É extremamente importante que se entenda os

processos e o destino dos aleloquímicos no solo, para que se possa maximizar

o potencial benéfico no controle de pragas (Brown & Morra, 1997).

A volatilização é um fator importante para a distribuição do gás

fumigante no espaço poroso do solo (Brown & Morra, 2005). Não é desejável

que ocorram perdas de isotiocianatos do solo para a atmosfera, pois diminuiria

a quantidade de gás disponível para a supressão do organismo alvo. As perdas

dos gases fumigantes são maiores em solos de textura mais grossa. No

entanto, a textura parece exercer menor influência que outros fatores bióticos e

abióticos

Segundo Morra & Kirkegaard (2002), a melhoria na supressão dos

patógenos de solo poderá ser alcançada selecionando-se variedades com alto

conteúdo de glucosinolatos e adequado conteúdo de umidade no solo, porque

reflete na melhor produção e retenção dos isotiocianatos. Em solos mais secos

é provável que ocorra menor disponibilidade de solução para a reação de

hidrólise dos glucosinolatos (Brown & Morra, 2005), que é mediada pela

mirosinase. Entretanto, o fator que mais limita a supressão dos patógenos é a

liberação dos ITCs do tecido para o solo.

Condições de umidade constante associadas a baixas temperaturas,

poderão levar a um aumento na vida útil do ITC, ou até mesmo, aumentar o

potencial de biofumigação do solo, já que o tempo de exposição do organismo

Imagem

Figura 1 – Percentual de redução na eclosão de juvenis de  Meloidoyne exigua
Figura 2 – Percentual relativo de galhas em raízes de plantas de pimentão
Figura 3 – Percentual relativo de ovos em raízes de plantas de pimentão
Tabela 3 – Análise granulométrica dos substratos empregados na produção de
+5

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