Júnior César Bonam
Um Estudo do Teorema de Unicidade de
Holmgren
Pós-Graduação em Matemática
Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas Rua Cristóvão Colombo, 2265, 15054-000
Júnior César Bonam
Um Estudo do Teorema de Unicidade de
Holmgren
Orientador:
Prof. Dr. Waldemar Donizete Bastos
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas
Campus de São José do Rio Preto
Bonam, Júnior César.
Um estudo do teorema de unicidade de Holmgren / Júnior César Bonam -São José do Rio Preto: [s.n.], 2011.
49 f. : il. ; 30 cm.
Orientador: Waldemar Donizete Bastos.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas.
1. Análise matemática. 2. Equações diferenciais parciais. 3. Teoria do controle. I. Bastos, Waldemar Donizete. II. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas. III. Título.
JÚNIOR CÉSAR BONAFIM
Um estudo do teorema de unicidade de Holmgren
Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Matemática, junto ao Programa de Pós-Graduação em Matemática do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Câmpus de São José do Rio Preto.
BANCA EXAMINADORA Waldemar Donizete Bastos
Professor Doutor
UNESP - São José do Rio Preto Orientador
Maurilio Márcio Melo Professor Doutor
UFG - Universidade Federal de Goiás
Andréa Cristina Prokopczyk Arita Professora Doutora
UNESP - São José do Rio Preto
Agradecimentos
Ao concluir este trabalho agradeço:
Primeiramente a Deus, pelas bençãos de todos os dias e pelas oportunidades concedidas a mim.
À minha família, em especial aos meus pais Ademir e Luzia, à minha irmã Vanessa, minha avó Lucia e meu cunhado Cesar que durante estes anos de graduação e mestrado estiveram sempre presentes me apoiando e me dando todas as condições para prosseguir com meus estudos.
Ao meu orientador Prof. Dr. Waldemar pelo apoio, incentivo e principalmente pela paciência durante todos estes anos.
Aos meus amigos de graduação em especial Cintya, Gustavo, Jucilene, Aroldo, Eduardo, Eduardo Costa, João, Clayton, Alan e Marcos.
Aos meus amigos de pós-graduação, em especial Glauce, Andrea, Michelli, André, Érica, Meire, Rodiak e Rafael pelo agradável convívio tanto nos momentos de estudo como nos de descontração em nossa sala de estudos e em nossos churrascos.
Aos Professores do Departamento de Matemática IBILCE/UNESP - São José do Rio Preto pelo conhecimento transmitido e por despertarem em mim o desejo de seguir a mesma carreira.
À CAPES, pelo auxílio nanceiro.
Uma pessoa é capaz de conseguir qualquer coisa se o seu entusiasmo não tiver limites
Resumo
O objetivo deste trabalho é apresentar o Teorema clássico de Unicidade de Holmgren e mostrar uma aplicação na teoria de controle em equações diferenciais parciais por meio de um exemplo relativamente simples.
)>IJH=?J
The aim of this work is to present the classical Holmgren's uniqueness theorem and give an application in control theory in partial dierential equations through a relatively simple example.
Sumário
Introdução p. 9
1 O Teorema de Holmgren p. 10
1.1 Conceitos Iniciais . . . p. 10 1.2 Apresentação do Teorema de Holmgren . . . p. 16 1.3 Preparação para a demonstração: Parte 1 . . . p. 17 1.4Preparação para a demonstração: Parte 2 . . . p. 21 1.5 Demonstração do teorema . . . p. 24
2 Uma Aplicação do Teorema de Holmgren p. 28
2.1 Noções de controlabilidade . . . p. 28 2.2 Controlabilidade Aproximada para a Equação da Onda . . . p. 32 2.2.1 Formulação do Problema . . . p. 32 2.2.2 Resolução do problema para T 2r. . . p. 36
2.2.3 Resolução do problema para T < 2r . . . p. 39
Apêndice A O Espaço dos Estados com Energia Finita p. 41
'
Introdução
O objetivo deste trabalho é apresentar o Teorema clássico de Unicidade de Holmgren e mostrar uma aplicação deste teorema na teoria de controle em equações diferenciais parciais por meio de um exemplo relativamente simples. No primeiro capítulo, inicialmente daremos algumas denições e resultados necessários ao entendimento do teorema de unicidade de Holmgren, dentre eles o Teorema de Cauchy-Kovalevsky.O Teorema de Holmgren é enunciado e demonstrado em seguida para um operador diferencial linear de segunda ordem.A demonstração do teorema tem como referências [4] e [11].
No capítulo seguinte aplicaremos o Teorema de Holmgren na resolução de um problema de controle aproximado para equação de onda em três dimensões. Como referências usamos os trabalhos [8] e [9].Fornecemos também no início do mesmo capítulo os resultados na teoria de controle que se fazem necessários para o entendimento do exemplo dado.
Capítulo 1
O Teorema de Holmgren
Neste capítulo apresentaremos a demonstração do teorema de unicidade de Holmgren para o caso particular de um operador diferencial parcial linear de ordem dois. Antes, porém apresentaremos os conceitos necessários para a demonstração.
1.1 Conceitos Iniciais
Entendemos por superfície em Rn um conjunto S ={x ∈ Rn; φ(x) = 0} onde φ :Rn−→ Ré função diferenciável com ∇φ(x) ∈= 0para todo x∈ S. A superfície S é dita analítica seφ é função real analítica.
Um operador diferencial parcial linear de ordem m num domínio Ω⊂Rn pode ser escrito como
P =
|α|m
aα(x)Dα
onde α = (α1, . . . , αn) ∈ Nn, |α| = n
i=1
αi, Dα =
∂|α|
∂xα1
1 ∂xα
2
2 · · ·∂xαnn
e aα com
|α|m são funções reais denidas em Ω.
Muitas das propriedades das soluções de equações P u=f dependem
ape-nas dos termos com derivadas de maior ordem. Estes termos compõem a parte principal de P, ou seja, a parte principal do operador P é o operador
Pm =
|α|=m
1.1 Conceitos Iniciais
Chamamos equação característica associada ao operador P a equação
Q(ξ) =
|α|=m
aα(x)ξα = 0
onde ξ= (ξ1, . . . , ξn)∈Rn eξα =ξ1α1ξ2α2. . . ξnαn.
Um vetor não nulo ξ = (ξ1, ξ2, . . . , ξn) ∈ Rn dene uma direção em Rn.
Toda solução não nula da equação característica é chamada direção característica. Observe que se ξ ∈= 0 é uma direção característica então λξ
também o é, para todo λ∈= 0.
É importante notar que se os coecientes da parte principal do operador
P são constantes, então as direções características não dependem do ponto x∈Rn.
Denição 1.1. Seja S uma superfície dada por S = {x ∈ Rn; φ(x) = 0} onde φ é uma função diferenciável com ∇φ ∈= 0 em S. Dizemos que S é
característica em x0 ∈S em relação ao operador P se
Q(∇φ(x0)) =
|α|=m
aα(x0)(∇φ(x0))α = 0.
A superfície S é chamada superfície característica em relação ao operador P
se S é característica em todos os seus pontos.
Segue da denição acima que uma superfície S é característica em x0 ∈S
se o vetor normal à S em x0 for uma direção característica.
Denição 1.2. Nas condições da denição anterior, S é dita não
caracterís-tica em x0 ∈S em relação ao operador P se
Q(∇φ(x0)) =
|α|=m
aα(x0)(∇φ(x0))α ∈= 0.
A superfícieS é chamada superfície não característica em relação ao operador P se S é não característica em todos os seus pontos.
Exemplo 1.1. Consideremos o operadorLu=utt−uxx−uyy. A parte principal
de L é o próprio operador, assim sua equação característica é
1.1 Conceitos Iniciais
As direções características para esse operador são vetores que fazem ângulo de 450 com eixo t. Observe ainda que planos cujo vetor normal faz ângulo de
450 com o eixo t são superfícies características para o operador dado. Uma
importante família de superfícies características para este operador são cones cujo vetor normal faz ângulo de 450 com o eixo t. Tais cones são chamados
cones característicos.
Exemplo 1.2. [7] Consideremos a equação de onda em duas dimensões
uyy−uxx = 0, (1.1)
com dados iniciais sobre y= 0, −1< x <1. Sua equação característica é
ξ22−ξ12 = 0.
Suas superfícies características são retas que fazem ângulo de 450 com o eixo
y.
Seja
φ(x, y) = (x−y+ 1)(x+y−1).
Escrevendo Sλ, −1 λ < 0 como o arco da hipérbole φ(x, y) = λ que
permanece dentro do triângulo de vértices (−1,0), (1,0) e (0,1), observamos
que para todo λ com −1 λ < 0, Sλ é não característica em relação ao
operador da equação (1.1). Além disso as curvas Sλ preenchem todo o interior
do triângulo acima citado, como mostra a Figura 1.1 abaixo.
Uma situação análoga a esta ocorre quando estamos trabalhando em espaços de dimensão superior onde o triângulo é substituído por um cone característico que tem seu interior preenchido por superfícies não característi-cas.
1.1 Conceitos Iniciais !
Figura 1.1
Consideremos a equação diferencial parcial linear de ordem m
P u=
|α|m
aα(x)Dαu=f, (1.2)
onde os coecientes aα ef são funções denidas num domínio Ω⊂Rn. Sejam
S a parte de uma superfície de Rn contida em Ω, ν = ν(x) o vetor normal unitário à superfície S no ponto x∈S eϕ0, . . . , ϕm−1 funções dadas,denidas
em S.
Figura 1.2
1.1 Conceitos Iniciais "
u|S =ϕ0,
∂u ∂ν
S =ϕ1, . . . ,
∂m−1u
∂νm−1
S =ϕm−1 (1.3)
em S. Aqui ∂u ∂ν, . . . ,
∂m−1u
∂νm−1 são as derivadas normais de u até ordem m−1,
dadas por
∂Ju
∂νJ =
|α|=J
J!
α!ν
αDαu, J = 1, . . . , m.
Observação 1.1. Seja S uma superfície em Ωe u: Ω−→R uma função com derivadas parciais contínuas até ordem m−1. Os dados de Cauchy (1.3) para
tal funçãoudeterminam de maneira única todas as derivadas Dαu,|α|m−1
sobreS e, reciprocamente, se conhecermos todas as derivadas Dαu,|α|m−1
em S, podemos determinar os dados de Cauchy (1.3) para a função uao longo
de S.
Em vista da observação acima os problemas de Cauchy podem ser reformu-lados e escritos da seguinte forma: dadas as funções gα, |α| ≤m−1denidas
em S e f denida em Ω, achar uma função u : Ω −→ R sucientemente derivável satisfazendo:
P u=f Dαu=ϕ
α sobre S para todo |α|m−1.
(1.4)
O exemplo a seguir ilustra a importância das superfícies características. Exemplo 1.3. Seja o operador D1 =
∂
∂x um operador diferencial parcial no
domínio Ω =R2. Sua equação característica é
ξ1 = 0,
e (0,1) é a única direção característica. Portanto suas curvas características
são retas y=cte.
Seja C uma curva não característica em relação a D1. Assim o vetor
normal a C tem componentex não nula em todo ponto de C. Logo C pode ser
dada por uma equação do tipo
1.1 Conceitos Iniciais #
Considere o seguinte problema de Cauchy com condições iniciais ao longo de C
D1u= 0
u
h(y), y
=f(y) (1.6)
onde f é uma função dada.
A equação diferencial do problema acima nos diz que u não depende da
variável x. Seja u(x, y) = g(y) uma solução da equação. Logo
f(y) = u(h(y), y) = g(y). Assim f = g e portanto u(x, y) = f(y) é a única
solução do problema (1.6).
Suponhamos agora que C é uma curva característica, por exemplo y = 0,
e considere o problema de Cauchy
D1u= 0
u(x,0) =f(x) (1.7)
onde f é dada. Se f não é constante, então não pode haver solução para o
problema (1.7) pois a equação diferencial contradiz a condição inicial sobre
y = 0. Por outro lado, se f(x) =k para todo x, então para toda função g(y)
com g(0) =k, a função
u(x, y) =g(y)
é uma solução do problema (1.7).
Assim quando a curva inicial C é característica, pode não existir solução
para o problema de Cauchy ou poderá haver uma innidade de soluções.
Na demonstração do Teorema de Holmgren faremos uso do Teorema de Cauchy-Kovalevsky. Enunciaremos tal teorema para uma equação diferencial parcial linear de segunda ordem. Observamos que o mesmo vale para equações quasi-lineares de ordem superior.
Teorema 1.1 (Cauchy-Kovalevsky). Considere a equação
Lu=
n
i=1
n
j=1
aij
∂2u
∂xi∂xj
+
n
j=1
bj
∂u ∂xj
+cu=f. (1.8)
Seja Ω ⊂ Rn um aberto, S a parte de uma superfície em Rn contida em Ω e x0 ∈ S um ponto. Suponha que os coecientes aij, bj, c, f são analíticos
1.2 Apresentação do Teorema de Holmgren $
x0 em relação ao operador L. Então o problema de Cauchy
Lu=f Dβu(x) =g
β(x), |β|1, x∈S
(1.9)
com dados iniciais gβ(x), |β|1analíticos tem uma única soluçãou analítica
numa vizinhança de x0.
Demonstração: Veja [3] ou [4].
1.2 Apresentação do Teorema de Holmgren
A estratégia para provar o Teorema de Holmgren é motivada por um resultado abstrato envolvendo o operador linear e seu adjunto. Suponha que
X e Y são espaços vetoriais normados e T : X −→ Y um operador linear. O
operador adjunto T∗ :Y′ −→X′ do operador T é denido por
T∗y′, x =y′, T x , ∀ y′ ∈Y′, ∀ x∈X,
ondeX′ eY′ são os espaços duais de X eY respectivamente e , representa
a respectiva dualidade.
Proposição 1.1. Se a imagem do operador T∗ é densa em X′, então
ker(T) ={0}, ou seja, u= 0 é o único u∈X satisfazendo T u= 0.
Demonstração: Para todo y′ ∈Y′ e todo u∈ker(T), y′, T u = 0. Logo
T∗y′, u = 0, ∀ y′ ∈Y′, ∀ u∈ker(T).
Seja x′ ∈ X′. Usando a densidade da imagem de T∗, existe sequência
(x′
k)∈Im(T∗) tal que lim k→∞x
′
k =x′. Seja yk′ ∈Y′ tal que T∗yk′ =x′k.
Parau∈ker(T) temos a expressão
x′, u =lim
k→∞x ′
k, u =lim k→∞T
∗y′
k, u = lim k→∞T
∗y′
k, u = 0,
ou seja,
1.3 Preparação para a demonstração: Parte 1 %
Do Teorema de Hahn-Banach segue que
uX = sup x′∈X′
x′1
|x′, u |= 0.
Logo u= 0.
Concluímos então que a existência de soluções da equação adjunta T∗v =g
para um conjunto de funções g, que seja denso no espaço ao qual pertença u,
prova a unicidade de solução da equação T u=f.
A seguir enunciaremos e demonstraremos o Teorema de Holmgren para uma equação diferencial parcial linear de ordem dois. Este teorema, assim como o Teorema de Cauchy-Kovalevsky, também vale para equações diferenciais parciais lineares de ordem superior a dois.
Teorema 1.2 (Teorema de Unicidade de Holmgren). Seja L o operador
diferencial linear
Lu=
n
i=1
n
j=1
aij
∂2u
∂xi∂xj
+
n
j=1
bj
∂u ∂xj
+cu (1.10)
com coecientes aij, bj, creais analíticos num domínio Ω⊂Rn, aij =aji para
todo i e j. Seja S = {x ∈ Rn; φ(x) = 0} ⊂ Ω uma superfície analítica não característica em relação a L. O problema de Cauchy
Lu=f em Ω
Dβu(x) =g
β(x), |β|1, x∈S
(1.11)
com dados iniciais e f de classeC2 tem no máximo uma solução clássica numa
vizinhança de S.
1.3 Preparação para a demonstração: Parte 1
1.3 Preparação para a demonstração: Parte 1 &
aL. Se u e v são funções tais que
Dβu(x) = 0, |β|1, x∈Γ1, (1.12)
Dβv(x) = 0, |β|1, x∈Γ2. (1.13)
Figura 1.3
Estaremos interessados na unicidade de solução do problema
Lu= 0 em G, (1.14)
com dados (1.12),isto é,em concluir que u≡0 em G.
Integrando o produto vLu em G,obtemos as igualdades
G
vLu dx=
G v n i=1 n j=1 aij
∂2u
∂xi∂xj
+ n j=1 bj ∂u ∂xj
+cu dx
= G v n i=1 n j=1
∂2u
∂xi∂xj
aij +
v n j=1 ∂u ∂xj
bj +vcu dx
= G v n i=1 n j=1
∂2u
∂xi∂xj
aij dx+
G v n j=1 ∂u ∂xj
bj dx+
G
vcu dx.
(1.15)
1.3 Preparação para a demonstração: Parte 1 ' G v n i=1 n j=1
∂2u
∂xi∂xj
aij dx=−
G n i=1 n j=1 ∂u ∂xj ∂ ∂xi
(aijv)dx+
∂G n i=1 n j=1 ∂u ∂xj
aijvνidS,
onde νi é a componente i do vetor normal unitário à ∂G.
Integrando por partes novamente temos
G v n i=1 n j=1
∂2u
∂xi∂xj
aij dx=
G n i=1 n j=1 u ∂ 2
∂xi∂xj
(aijv)dx+
∂G n i=1 n j=1 ∂u ∂xj
aijvνi dS−
− ∂G n i=1 n j=1 u ∂ ∂xj
(aijv)νj dS.
Observemos que as integrais sobre a fronteira de G se anulam devido às
condições (1.12) e (1.13). Portanto concluímos que
G v n i=1 n j=1
∂2u ∂xi∂xj
aij dx=
G n i=1 n j=1 u ∂ 2
∂xi∂xj
(aijv) dx.
Integrando por partes também a segunda integral de (1.15) e obtemos a igualdade G n j=1 ∂u ∂xj
bjv dx =−
G n j=1 u ∂ ∂xj
(bjv) dx+
∂G n
j=1
ubjvνj dS.
Novamente a integral na fronteira deGse anula devido às condições (1.12)
e (1.13). Concluímos então que
G
v(Lu) dx=
G
M(v)u dx, (1.16)
onde
M v =
n i=1 n j=1 ∂2
∂xi∂xj
(aijv)− n
j=1
∂ ∂xj
(bjv) +cv,
o qual chamamos operador adjunto de L.
Da denição deM vemos que sua parte principal é igual à parte principal
1.3 Preparação para a demonstração: Parte 1
relação a M.
Agora suponhamos que o problema adjunto
M v =w em G
Dβv = 0, |β|1, x∈Γ
2
(1.17)
tenha uma solução para wvariando num conjunto W denso no espaço ao qual
pertença a função u. De (1.16), obtemos a identidade
0 =
G
v(Lu) dx=
G
M(v)u dx=
G
wu dx. (1.18)
Supondow=u, obtemos a igualdade
0 =
G
u2 dx,
de onde segue que u= 0 em G.
Sew∈=utomemos uma sequência(wn)emW convergindo uniformemente
para u e Consideremos o problema adjunto
M vn =wn em G
Dβv
n= 0, |β|1, x∈Γ2,
(1.19)
n= 1,2, . . . . Temos
0 =
G
vn(Lu) dx=
G
M(vn)u dx=
G
wnu dx.
Aplicando o limite vem
0 = lim
n→∞
G
wnu dx=
G
u2 dx.
Logo u= 0 em G.
O argumento acima exposto é a essência da demonstração do Teorema de Holmgren.
1.4 Preparação para a demonstração: Parte 2
1.4 Preparação para a demonstração: Parte 2
Seja S = {x ∈ Rn; φ(x) = 0} como no enunciado do teorema de Holmgren. Seja S0 uma parte compacta de S. Vamos supor que existe uma
superfície analítica dada por S′ ={x ∈ Rn; α(x) = 0} tal que a fronteira de
S0 seja dada por
∂S0 ={x∈Rn; φ(x) = 0} ∩ {x∈Rn; α(x) = 0}.
Figura 1.4
SejaΦ : Rn×[0,1]−→ R denida por Φ(x, λ) = (1−λ)φ(x) +λα(x). A aplicação Φéuma homotopia entre φ eα e éanalítica nas variáveis xe λ. As
superfícies de nível Φ(x, λ) = 0 preenchem toda a região entre S0 e a parte de
S′ acima de S como na Figura 1.3. Assim, Φ deforma S
0 continuamente
mantendo xa a fronteira de S0.
Denamos a família
Sλ ={x∈Rn; Φ(x, λ) = 0}, 0λ1.
CadaSλéuma superfície analítica. Vamos mostrar agora a seguinte armação:
Lema 1.1. Existe λ,¯ 0λ¯ 1 tal que para todo 0λ¯λ a superfície Sλ é
1.4 Preparação para a demonstração: Parte 2
Demonstração: Para demonstrar o lema exibiremos λ¯ tal que
∇Φ(x, λ)∈= 0, ∇Φ(x, λ)A∇Φ(x, λ)t∈= 0
para todo x ∈ Sλ e 0 λ ¯λ. Aqui A = [aij] é a matriz dos coecientes da
equação.
A aplicação x −→ ∇φ(x) é contínua em Rn e positiva no compacto
S0. Do teorema de Heine-Borel concluímos que existe δ1 > 0 e um compacto
U ⊂Rn contendo S0 em seu interior tal que
∇φ(x)δ1, x∈U.
Notemos que ∇Φ(x, λ) = (1−λ)∇φ(x) +λ∇α(x), e assim
∇Φ(x, λ)2 = (1−λ)2∇φ(x)2+λ2∇α(x)2 + 2(1−λ)λ∇φ(x)∇α(x).
Para cadax xo em U temos a igualdade
lim
λ→0+∇Φ(x, λ)
2 =∇φ(x)2 δ2 1.
De onde concluímos que para um ponto x0 qualquer em U tem-se a expressão
lim
x→x0
lim
λ→0+∇Φ(x, λ)
2 =∇φ(x
0)2 δ21.
Mas a função (x, λ) −→ ∇Φ(x, λ)2 é contínua em Rn×R. De onde segue
que
∇Φ(x0,0)2 = lim (x,λ)→(x0,0+)
∇Φ(x, λ)2 =∇φ(x
0)2 δ12,
para todo x0 ∈U, ou seja, ∇Φ(x,0)δ1 para todo x∈U.
Usando a continuidade de (x, λ) −→ ∇Φ(x, λ) em Rn × [0,1] e a compacidade de U × {0} em Rn+1, o teorema de Heine-Borel e a desigualdade
∇Φ(x,0)δ1, x∈U
concluímos que existe ¯λ,0λ¯1 tal que
∇Φ(x, λ)δ1
1.4 Preparação para a demonstração: Parte 2 !
Agora consideremos em Ω×[0,1] a função contínua
(x, λ)−→ ∇Φ(x, λ)A∇Φ(x, λ)t=Q(∇Φ(x, λ)).
Temos, para cada x0 ∈S, que
Q(∇Φ(x0,0)) =Q(∇φ(x0))∈= 0.
Usando o mesmo argumento acima, podemos encontrar vizinhança compacta
˜
U de S0,δ˜1 >0 eλ˜ com 0<˜λ1tais que
Q(∇Φ(x, λ))∈= 0
para todox∈U˜ e todoλcom0λλ˜. Ajustando os elementosU, U ,˜ ¯λ, ˜λ, δ1
eδ˜1 se necessário, teremos o lema provado.
Para λ1 e λ2 com 0 λ1 < λ2 ¯λ, denotemos por Rλ1λ2 a região
determinada por Sλ tal que λ1 λλ2 e escrevemos R=R0¯λ.
Figura 1.5
Para concluirmos a demonstração do teorema precisaremos do seguinte lema, o qual será demonstrado posteriormente.
Lema 1.2. Existe ε > 0 tal que se 0 λ < µ λ¯ e µ−λ < ε, então a
equação M(v) = w em Rλμ, com Dβv = 0 sobre a superfície Sμ, |β| 1 tem
1.5 Demonstração do teorema "
1.5 Demonstração do teorema
Podemos agora passar a demonstração do teorema de Holmgren. Suponhamos então que Lu = 0 em R = R0¯λ com Dβu = 0, |β| 1 sobre
a superfícieS0. Podemos encontrar um subconjunto nito
0 =λ0 < λ1 <· · ·< λk = ¯λ
de forma que
λj+1−λj <
ε
2, j = 1, . . . , k−1,
onde ε é como no lema 1.2.
Pelo lema 1.2 sabemos que o problema
M(v) =w
Dβv(x) = 0, |β|1, x∈S λ2
(1.20)
tem solução em R0λ2 para um conjunto de funções w denso em C(R0λ2). A
fronteira de R0λ2 é ∂R0λ2 = S0 ∪Sλ2 onde u e suas primeiras derivadas são
nulas sobreS0 ev e suas primeiras derivadas são nulas sobre Sλ2. Veja Figura
1.6. Da densidade de W em R0λ2, existe sequência {wk} ∈ W, tal que wk
Figura 1.6
converge uniformemente para u em R0λ2. Para cada k, existe solução vk do
problema
M(vk) =wk
Dβv
k(x) = 0, |β|1, x∈Sλ2
(1.21)
1.5 Demonstração do teorema #
0 =
R0λ2
Luvk dx=
R0λ2
uM vk dx=
R0λ2
uwk dx.
Aplicando o limite temos
0 = lim
k→∞
R0λ2
uwk dx=
R0λ2
lim
k→∞uwk dx=
R0λ2
u2 dx.
Portanto u≡0 em R0λ2.
Usaremos o mesmo raciocínio para a região Rλ1λ3 que tem como fronteira
∂Rλ1λ3 =Sλ1∪Sλ3. ComoSλ1 ⊂R0λ2, tantoucomo suas derivadas de primeira
ordem são nulas sobre Sλ1, assim se {wk} é uma sequência de funções em W
convergindo uniformemente parauemRλ1λ3. Para cadak , existe solução para
o problema
M(vk) =wk
Dβv
k(x) = 0, |β|1, x∈Sλ3
(1.22)
em Rλ1λ3 de onde obtemos que
0 = lim
k→∞
Rλ1λ3
uwk dx =
Rλ1λ3
lim
k→∞uwk dx=
Rλ1λ3
u2 dx.
Portanto u≡0 em Rλ1λ3.
Repetindo o processo nitas vezes obtemosu≡0emR0¯λ o que completa a
demonstração do teorema.
Demonstração do Lema 1.2: Para λ, µ com 0 λ < µ ¯λ,
suponhamos u, v : Rλμ −→ R funções com todas as derivadas necessárias
para nossa discussão e tais que
Dβu(x) = 0, |β|1, x∈S λ,
Dβv(x) = 0, |β|1, x∈Sμ.
Da seção 1.3 vem que
Rλµ
v(Lu)dx=
Rλµ
M(v)u dx (1.23)
1.5 Demonstração do teorema $
em Rλμ é necessário que possamos resolver o problema de Cauchy adjunto
M v =w em Rλμ
Dβv(x) = 0, |β|1, x∈S μ
(1.24)
para uma classe de funções wque seja densa em C(Rλμ)e desde que possamos
garantir que todas as soluções v = v(w) estejam numa mesma vizinhança
contendo Rλμ, independente de w.
Inicialmente, escolhemos w do tipo
wθ(x) = exp(θ·x),
sendoθ∈Rn com|θ|1. Aquiθ·xé o produto interno entreθ ex. A escolha
das funçõeswθ como acima obedece duas razões: Primeiro, o conjunto de suas
combinações lineares, ao qual chamaremos W, é denso em C(Ω), observemos
que cada monômio xα = xα1
1 · · ·xαnn pode ser aproximado uniformemente em
cada subconjunto limitado por combinações lineares de wθ, |θ|1, a saber,
xα = lim
ξ→0
n
k=1
exkξk −1
ξk
αk
e segundo, que a família {wθ(x), |θ|1} é uma família de funções analíticas
parametrizada no compacto {θ ∈Rn; |θ|1}.
O problema de Cauchy adjunto para esse caso é
M v = exp(θ·x) em Ω
Dβv(x) = 0, |β|1, x∈S μ.
(1.25)
Observe que:
1) Os coecientes do operador M são analíticos.
2) A parte principal de M é a mesma de L.
3) De 2) segue que Sμ é não característica em relação ao operador M.
As três propriedades acima não dependem do espaço onde está mergulhada
1.5 Demonstração do teorema %
variáveis x, θ, µ. Os dados iniciais Dβv(x) = 0, |β|1 valem no conjunto
{(x, θ, µ)∈R2n+1; x∈Sμ, |θ|1, 0µλ}.¯
Pelo Teorema de Cauchy-Kovalevsky existe uma vizinhança de Sμ em
Rn×Rn×R onde o problema (1.25) tem uma solução v(x, θ, µ). Projetando tal vizinhança em Rn, obtemos solução para todas as wθ(x)com |θ|1numa
δ-vizinhança de Sμ em Rn.
Usando a linearidade do operadorM podemos obter soluções v para todas
as combinações lineares de wθ(x) com |θ|1, nessa mesma δ-vizinhança.
Logo existe δ > 0 tal que para quaisquer θ, µ com |θ| 1 e 0µλ¯, a
solução v(x, θ, µ) está denida para todo xnuma δ-vizinhança de Sμ.
Usando a continuidade da deformação de S0 concluímos que existe ε > 0
tal que se os parâmetros λ, µcom 0λ < µ¯λ satiszerem 0< µ−λ < ε,
então existe solução v para o problema
M v = exp(θ·x) em Rλμ
Dβv(x) = 0, |β|1, x∈S μ.
(1.26)
e a demonstração do lema está completa.
&
Capítulo 2
Uma Aplicação do Teorema
de Holmgren
Na primeira seção desse capítulo apresentaremos o conceito de controlabilidade aproximada para um operador linear de ordem dois. Na seção seguinte aplicaremos o teorema de Holmgren em um problema de controle para equação de onda.
2.1 Noções de controlabilidade
Sejam Ω⊂Rn um domínio e Lo operador
Lu=utt− n
i,j
∂ ∂xj
aij(x)
∂u ∂xi
+c(x)u,
onde
n
i,j
aij(x)ξiξj > a0|ξ|2, x∈Ω, ξ ∈Rn, a0 >0, c(x)0, ∀ x∈Ω.
Considere o sistema
⎧
⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎩
Lu= 0 em Ω×R+
u(·,0) =u0, ut(·,0) =u1 em Ω
Bu=h em ∂Ω×R+
(2.1)
onde (u0, u1)∈H1×H2 =H, h∈ B, H1, H2 eB são espaços de Hilbert. B é
2.1 Noções de controlabilidade '
Agora suponhamos que para todo (u0, u1) ∈ H, para todo h ∈ B, exista
solução u de (2.1) tal que (u(·, t), ut(·, t))∈ H para todo t ∈ R+ e para cada
T >0 existe K =K(T)>0 tal que
(u(·, t), ut(·, t))HK(hB +(u0, u1)H)
para todo t ∈(0, T).
Denição 2.1. Dizemos que (2.1) é controlável aproximadamente no instante
T >0 se dados ε >0, (u0, u1)∈ H, (v0, v1)∈ H existe controle h∈ B tal que
a solução de (2.1) com dados (u0, u1) e h satisfaz a desigualdade
(u(·, T), ut(·, T))−(v0, v1)H < ε.
Observemos que se (2.1) é controlável aproximadamente em T > 0 e
u0 = u1 = 0 temos para todo ε > 0, para todo (v0, v1) ∈ H existe h ∈ B
tal que a solução de
⎧
⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎩
Lu= 0 em Ω×R+
u(·,0) =ut(·,0) = 0 em Ω
Bu=h em ∂Ω×R+
(2.2)
satisfaz
(u(·, T), ut(·, T))−(v0, v1)H < ε.
Consideremos o operador linear limitado
ST :B −→ H
h−→ST(h) = (uh(·, T), uht(·, T))
onde uh é solução de (2.2).
Teorema 2.1. O sistema (2.1) é controlável aproximadamente em T > 0 se,
e somente se,
H=Im(ST)
H
.
Demonstração: (=⇒) Imediato da denição.
2.1 Noções de controlabilidade !
resolvamos o problema
⎧
⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎩
Lw = 0 em Ω×(0, T)
w(·,0) =u0, wt(·,0) = u1 em Ω
Bw=z em ∂Ω×(0, T)
. (2.3)
Fixemos (w(·, T), wt(·, T))∈ H. Da hipótese, existem h1, h2 ∈ B tais que
ST(h1)−(v0, v1)H<
ε
2
e
ST(h2)−(w(·, T), wt(·, T))H <
ε
2.
Se ST(h1) = (w1(·, T), w1t(·, T))eST(h2) = (w2(·, T), w2t(·, T)), então w1 ew2
são soluções de
⎧
⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎩
Lw1 = 0 em Ω×(0, T)
w1 =w1t= 0 em Ω
Bw1 =h1 em ∂Ω×(0, T)
(2.4)
e ⎧
⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎩
Lw2 = 0 em Ω×(0, T)
w2 =w2t= 0 em Ω
Bw2 =h2 em ∂Ω×(0, T)
(2.5)
respectivamente. Denamos agora
W =w+w1−w2.
Assim W é solução do problema
⎧
⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎩
LW = 0 em Ω×(0, T)
W(·,0) =u0, Wt(·,0) =u1 em Ω
BW =z+h1−h2 em ∂Ω×(0, T)
(2.6)
e valem as igualdades
(W(·, T), Wt(·, T)) = (w(·, T), wt(·, T)) + (w1(·, T), w1t(·, T))−(w2(·, T), w2t(·, T))
2.1 Noções de controlabilidade !
Logo
(W(·, T), Wt(·, T))−(v0, v1) = (w(·, T), wt(·, T))−ST(h2) +ST(h1)−(v0, v1).
De onde segue que
(W(·, T), Wt(·, T))−(v0, v1)H
ST(h1)−(v0, v1)H+ST(h2)−(w(·, T), wt(·, T))H
ε
2 +
ε
2 =ε.
Portanto existe h =z+h1−h2 ∈ B tal que a solução de ⎧
⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎩
LW = 0 em Ω×(0, T)
W(·,0) =u0, Wt(·,0) =u1 em Ω
BW =h em ∂Ω×(0, T)
(2.7)
satisfaz a desigualdade
(W(·, T), Wt(·, T))−(v0, v1)H< ε,
como queríamos.
Do Teorema acima vemos que a denição de controlabilidade aproximada é equivalente à
Denição 2.2. O sistema (2.1) é controlável aproximadamente no instante
T >0 se para todoε >0, para todo(v0, v1)∈ H existe h∈ B tal que a solução
u de ⎧
⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎩
Lu= 0 em Ω×(0, T)
u(·,0) =ut(·,0) = 0 em Ω
Bu=h em ∂Ω×(0, T)
(2.8)
satisfaz
(u(·, T), ut(·, T))−(v0, v1)H < ε.
2.2 Controlabilidade Aproximada para a Equação da Onda !
2.2 Controlabilidade Aproximada para a Equação
da Onda
Ilustraremos o conceito de controlabilidade aproximada para equação de onda num domínio circular do plano R2. Mostraremos a utilidade do Teorema de Holmgren no estudo desses problemas.
2.2.1 Formulação do Problema
Considereemos o sistema
⎧
⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩
∂2u
∂t2 −
∂2u
∂x2 −
∂2u
∂y2 = 0 em Ω×R +
u(·,0) = 0, ut(·,0) = 0 em Ω
∂u
∂n =h em ∂Ω×R
+
(2.9)
onde
• Ω ={(x, y)∈R2; x2+y2 < r2};
• n=n(x, y, t) é vetor normal unitário ao cilindro ∂Ω×R+.
Figura 2.1
Seja
2.2 Controlabilidade Aproximada para a Equação da Onda !!
Para todo (w, v)∈H temos
v2
L2(Ω)+
∂w ∂x 2
L2(Ω)
+ ∂w ∂y 2
L2(Ω)
<∞.
Denamos
E(w, v) = v2L2(Ω)+
∂w ∂x 2
L2(Ω)
+ ∂w ∂y 2
L2(Ω)
.
A relação ∼ denida em H por
(w, v)∼(z, y)⇐⇒ E(z−w, y−v) = 0
é uma relação de equivalência em H.
Denotemos [w, v] a classe de equivalência de (w, v) e por HE o espaço
quociente H/∼.
Em HE denimos o produto interno
, HE :HE ×HE −→R
por
[w, v],[z, y]
HE =
Ω
vy+∇w· ∇z
dxdy. (2.10)
HE, , HE
é um espaço de Hilbert (ver apêndice A). A norma proveniente do produto interno
HE :HE −→R
é dada por
(w, v)HE =
E(w, v).
Aqui não faremos distinção entre H e HE identicando o par
(w, v) ∈ H com sua classe de equivalência [w, v], ver apêndice. Daqui para
frente o espaço dos estados nais H será HE, isto é, H = HE. Também
2.2 Controlabilidade Aproximada para a Equação da Onda !"
Consideremos novamente o operador linear limitado
ST :L2(∂Ω×(0, T))−→HE
h−→ST(h) = (uh(·, T), uht(·, T)),
onde uh é solução do problema
⎧
⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩
∂2u
∂t2 −
∂2u
∂x2 −
∂2u
∂y2 = 0 em Ω×(0, T)
u(·,0) = 0, ut(·,0) = 0 em Ω
∂u
∂n =h em ∂Ω×(0, T).
Im(ST) é subespaço de HE, assim de acordo com o teorema 2.1, o sistema
(2.9) será controlável aproximadamente no instante T > 0 se, e somente se,
Im(ST) é densa em HE com a topologia induzida pela norma · HE.
Os próximos resultados nos fornecerão uma condição necessária e suciente para a controlabilidade aproximada do problema (2.9).
Proposição 2.1. Para todo subconjunto M ∈= ∅ de um espaço de Hilbert H,
o span de M é denso em H se, e somente se, M⊥={0}.
Detalhes da demonstração em [5]
Corolário 2.1. Seja M subespaço de um espaço de Hilbert H, então M é
denso em H se, e somente se, M⊥ ={0}.
Proposição 2.2. Sejam (v1, v2) ∈ HE e v ∈ H1(Ω × (0, T)) solução
fraca de
⎧
⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩
∂2v
∂t2 −
∂2v
∂x2 −
∂2v
∂y2 = 0 em Ω×(0, T)
v(·, T) =v1, vt(·, T) =v2 em Ω
∂v
∂n = 0 em ∂Ω×(0, T)
(2.11)
então (v1, v2)⊥ Im(ST) se, e somente se,
∂v
∂t ≡0 em ∂Ω×(0, T).
Demonstração: Para h ∈ L2(∂Ω×(0, T)), seja u (= uh) solução de (2.9).
2.2 Controlabilidade Aproximada para a Equação da Onda !#
0 =
Ω×(0,T)
∂v ∂t
∂2u
∂t2 −
∂2u
∂x2 −
∂2u
∂y2
+ ∂v
∂x
∂2u
∂t∂x − ∂2u
∂x∂t + ∂u ∂x
∂2v
∂t∂x− ∂2v
∂x∂t
+∂v
∂y
∂2u
∂t∂y − ∂2u
∂y∂t + ∂u ∂y
∂2v
∂t∂y − ∂2v
∂y∂t
+ ∂u
∂t
∂2v
∂t2 −
∂2v
∂x2 −
∂2v
∂y2
dxdydt=
Ω×(0,T)
div ⎛ ⎜ ⎜ ⎜ ⎜ ⎜ ⎝ −∂v ∂t ∂u ∂x − ∂u ∂t ∂v ∂x −∂v ∂t ∂u ∂y − ∂u ∂t ∂v ∂y ∂v ∂t ∂u ∂t + ∂v ∂x + ∂u ∂x + ∂v ∂y + ∂u ∂y ⎞ ⎟ ⎟ ⎟ ⎟ ⎟ ⎠ dxdydt.
Do teorema da divergência segue que
0 = Ω ∂v ∂t ∂u ∂t + ∂v ∂x ∂u ∂x + ∂v ∂y ∂u ∂y
t=T
− ∂v ∂t ∂u ∂t + ∂v ∂x ∂u ∂x + ∂v ∂y ∂u ∂y t=0 dxdy +
∂Ω×(0,T)
−∂v ∂t ∂u ∂n − ∂u ∂t ∂v ∂ndS.
Observando as condições deuemt = 0e as condições de fronteira devobtemos
∂Ω×(0,T)
∂v
∂th dS =
Ω ∂u ∂t ∂v ∂t + ∂u ∂x ∂v ∂x + ∂u ∂y ∂v ∂y
t=T
dxdy,
ou seja,
∂Ω×(0,T)
∂v
∂th dS =
uh(·, T), uht(·, T)
,(v1, v2)
HE.
de onde segue o resultado.
Do corolário 2.1 e da proposição 2.2 segue que o sistema (2.9) não será controlável aproximadamente em T > 0 se, e somente se, existir estado
terminal
v(·, T), vt(·, T)
= (v1, v2) ∈ HE com norma não nula tal que a
solução v de
⎧ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩
∂2v
∂t2 −
∂2v
∂x2 −
∂2v
∂y2 = 0 em Ω×(0, T)
v(·, T) = v1, vt(·, T) =v2 em Ω
∂v
∂n = 0 em ∂Ω×(0, T)
2.2 Controlabilidade Aproximada para a Equação da Onda !$
satisfaz a condição
∂v
∂t ≡0 em ∂Ω×(0, T).
2.2.2 Resolução do problema para
T
2
r
Apresentaremos agora o resultado quando T 2r.
Teorema 2.2. O problema
⎧
⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩
∂2u
∂t2 −
∂2u
∂x2 −
∂2u
∂y2 = 0 em Ω×R
+
u(·,0) = 0, ut(·,0) = 0 em Ω
∂u
∂n =h em ∂Ω×R
+
(2.13)
é controlável aproximadamente no instante T 2r nos espaços HE e
L2(∂Ω×(0, T)).
Demonstração: Analisemos o problema de controle para o tempo T = 2r
(=diâmetro de Ω). O comportamento dos cones característicos para T = 2r é
descrito pela Figura 2.2.
Figura 2.2
Suponhamos que o problema não seja controlável aproximadamente. En-tão, pela proposição 2.2, existe estado nal(v1, v2)∈HE com norma não nula
tal que a solução v da equação ∂2v
∂t2 −
∂2v
∂x2 −
∂2v
2.2 Controlabilidade Aproximada para a Equação da Onda !%
com estados nais (v1, v2) satisfazendo as condições
• ∂v
∂t ≡0 em ∂Ω×(0, T); • ∂v
∂n = 0 em ∂Ω×(0, T).
Assumindo que v ∈ C3(Ω×(0, T)) e escrevendo U = ∂v
∂t vemos que U
satisfaz o problema de Cauchy
⎧
⎨
⎩
∂2U
∂t2 −
∂2U
∂x2 −
∂2U
∂y2 = 0
DβU = 0, |β|1em ∂Ω×(0, T)
. (2.15)
Observemos que a superfície inicial do problema acima é o cilindro
∂Ω×(0, T)que pode ser descrito por
C ={(x, y, t)∈Rn; x2+y2 =r2, 0t T}.
Tal superfície é não característica em relação ao operador
L= ∂
2
∂t2 −
∂2
∂x2 −
∂2
∂y2.
O teorema de Holmgren pode então ser utilizado no estudo do problema (2.15). O Teorema de Holmgren garante que U ≡ 0 numa região que pode ser
preenchida com superfícies não características. Armamos que U ≡ 0 na
regiãoG compreendida entre ∂Ω×(0, T) e os cones característicos emanando
da base e do topo do cilindro Ω×[0, T] em direção ao seu interior. Podemos
obter tal região preenchendo o triângulo de vértices(0, r,0), (0, r,2r)e(0,0, r)
de maneira análoga como feito no Exemplo 1.2 e então rotacionando as curvas obtidas em torno do eixo t. Ver Figura 2.3.
Assim ∂v
∂t ≡ 0 em alguma vizinhança de cada ponto (x, y, r)
(r = T2 = 12diam(Ω)) com 0 < x2 +y2 r2. De onde segue que ∂2v
∂t2 ≡ 0
a.e. para t=r.
Pondo v(x, y, r) = ˜v(x, y), temos
∂2v˜
∂x2 +
∂2v˜
2.2 Controlabilidade Aproximada para a Equação da Onda !&
Figura 2.3
˜
v é solução do problema elíptico
⎧
⎪ ⎨
⎪ ⎩
∂2˜v
∂x2 +
∂2v˜
∂y2 = 0 em Ω
∂v˜
∂n = 0 em ∂Ω
(2.16)
o qual tem solução v˜≡const.
Assim
∂v
∂t(x, y, r) = ∂v
∂x(x, y, r) = ∂v
∂y(x, y, r)≡0.
Logo
E(v(x, y, r), vt(x, y, r)) = 0.
Da conservação de energia do sistema vem
E(v(x, y,2r), vt(x, y,2r)) = 0,
acarretando
(v1, v2)HE = 0,
o que é um absurdo.
2.2 Controlabilidade Aproximada para a Equação da Onda !'
ParaT > 2r o comportamento dos cones característicos é como mostrado
na Figura 2.4.
Figura 2.4
Procedendo de modo análogo obtemos a controlabilidade aproximada para
este caso.
Observemos que assumimos v ∈ C3(Ω×(0, T)). No caso de v ser solução
fraca do problema (2.13) o resultado também é válido e se baseia no enunciado acima já que solução fraca é limite de soluções C∞. Detalhes em [9].
2.2.3 Resolução do problema para
T <
2
r
Quando T <2r, o resultado anterior não é valido como mostra o seguinte
teorema.
Teorema 2.3. O problema
⎧
⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨
⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩
∂2u
∂t2 −
∂2u
∂x2 −
∂2u
∂y2 = 0 em Ω×R
+
u(·,0) = 0, ut(·,0) = 0 em Ω
∂u
∂n =h em ∂Ω×R
+
(2.17)
não é controlável aproximadamente no instante T < 2r nos espaços HE e
2.2 Controlabilidade Aproximada para a Equação da Onda "
Demonstração: Para T < 2r, os cones característicos se intersectam
formando um disco o qual chamaremos K, como mostra a gura 2.5.
Sejam v1 = v(x, y,T2) e v2 = vt(x, y,T2) estados com v1, v2 ∈ C∞(Ω),
(v1, v2)HE ∈= 0 e v2 se anulando fora do compacto K.
Fazendo este "estado inicial" evoluir nos sentidos crescente e decrescente do tempo via equação (2.14), que é reversível no tempo, obtemos solução v(x, y, t)
de (2.14) satisfazendo
v(x, y, t)≡vt(x, y, t)≡0em ∂Ω×(0, T).
Da conservação de energia do sistema segue que
v(·, T), vt(·, T)HE ∈= 0.
Portanto o sistema não é aproximadamente controlável para T <2r.
Figura 2.5
"
Apêndice A
O Espaço dos Estados com Energia
Finita
Sejam Ωum domínio limitado do Rn e
H =H1(Ω)×L2(Ω)
ondeH1 eL2são os espaços usuais de Sobolev de ordem 1e0respectivamente.
Para todo (w, v)∈H temos
v2
L2(Ω)+
n
i=1
∂w ∂xi
2
L2(Ω)
<∞.
Denimos
E(w, v) = v2L2(Ω)+
n
i=1
∂w ∂xi
2
L2(Ω)
.
Proposição A.1. A relação ∼ denida em H por
(w, v)∼(z, y)⇐⇒ E(z−w, y−v) = 0
é uma relação de equivalência em H.
Demonstração: A simetria e a reexidade são óbvias. Vejamos a transitividade. Sejam (w, v), (z, y), (β, α)∈H tais que
Apêndice A O Espaço dos Estados com Energia Finita "
Temos
α−y2
L2(Ω)+
n i=1 ∂β ∂xi − ∂z ∂xi 2
L2(Ω)
(α−vL2(Ω)+v−yL2(Ω))2+
n i=1 ∂β ∂xi − ∂w ∂xi
L2(Ω)
+ ∂w ∂xi − ∂z ∂xi
L2(Ω)
2
2(α−v2L2(Ω)+v−y2L2(Ω)) + 2
n i=1 ∂β ∂xi − ∂w ∂xi 2
L2(Ω)
+ ∂w ∂xi − ∂z ∂xi 2
L2(Ω)
=
2
α−v2L2(Ω)+
n i=1 ∂β ∂xi − ∂w ∂xi 2
L2(Ω)
+ 2
v−y2L2(Ω)+
n i=1 ∂w ∂xi − ∂z ∂xi 2
L2(Ω)
=
2E(β−w, α−v) + 2E(w−z, v−y) = 0
pois
(z, y)∼(w, v) =⇒ E(w−z, v−y) = 0 (w, v)∼(β, α) =⇒ E(β−w, α−v) = 0 .
Denotemos [w, v] a classe de equivalência de (w, v) e por HE o espaço
quociente H/∼.
Lema A.1. Se β ∈H1(Ω) é tal que ∂β
∂xi
= 0 a.e. em Ω, i= 1, . . . , n, então β
é constante em Ω.
Demonstração: A desigualdade de Poincaré-Wirtinger nos dá
β−β¯ L2(Ω) C∇βL2(Ω) = 0,
logo
β = ¯β = 1
|Ω|
Ω
β dx a.e.
Proposição A.2. HE é um espaço vetorial real, onde as operações são denidas
por:
• [w, v] + [z, y] =: [w+z, v+y],
Apêndice A O Espaço dos Estados com Energia Finita "!
e o vetor nulo é classe [1,0], onde 1 denota a função constante igual a 1 em Ω.
Demonstração: Vejamos que a adição está bem denida. Sejam
[w, v],[z, y]
=
[w1, v1],[z1, y1]
. Veriquemos a validade de
[w, v] + [z, y] = [w1, v1] + [z1, y1],
isto é,
[w+z, v+y] = [w1+z1, v1 +y1]. (A.1)
Temos
[w1, v1] = [w, v]⇐⇒(w, v)∼(w1, v1)⇐⇒ E(w−w1, v−v1) = 0
⇐⇒ v−v1L2(Ω)= 0,
∂w ∂xi
− ∂w1 ∂xi
L2(Ω)
= 0, i= 1, . . . , n. (A.2)
Analogamente
y−y1L2(Ω) = 0,
∂z ∂xi
− ∂z1 ∂xi
L2(Ω)
= 0, i= 1, . . . , n. (A.3)
Agora veja que (A.1) vale se, e somente se,
(v1+y1)−(v+y)2L2(Ω)+
n i=1 ∂ ∂xi
(w1+z1)−
∂ ∂xi
(w+z)
2
L2(Ω)
= 0. (A.4)
Além disso segue de (A.2) e (A.3) que
(v1+y1) + (v+y)2L2(Ω) 2(v1−v2L2(Ω)) +y1−y2L2(Ω)) = 0,
∂ ∂xi
(w1+z1)−
∂ ∂xi
(w+z)
2
L2(Ω) 2 ∂w1 ∂xi − ∂w ∂xi 2
L2(Ω)
+ ∂z1 ∂xi − ∂z ∂xi 2
L2(Ω)
= 0,
com i= 1, . . . , n por (A.2) e (A.3).
Logo vale (A.4). Portanto a soma denida em HE está bem denida.
Apêndice A O Espaço dos Estados com Energia Finita ""
Seja[β, α]∈HE tal que
[β, α] + [w, v] = [w, v], ∀[w, v]∈HE.
Logo
[w+β, v+α] = [w, v],
isto é,
(w+β, v+α)∼(w, v).
Assim E =
(w+β)−w,(v+α)−v
= 0, ou seja, E(β, α) = 0. Logo
α2
L2(Ω)+
n i=1 ∂β ∂xi 2
L2(Ω)
= 0.
Portanto α= 0, ∂β ∂xi
= 0 a.e. em Ω, i= 1, . . . , n.
Segue do Lema A.1 que existe λ ∈ R tal que β = λ em Ω. Logo
(β, α) = (λ,0), mas(λ,0)∼(1,0), ou seja, [λ,0] = [1,0]. Portanto [β, α] = [1,0].
As demais propriedades de espaço vetorial podem ser vericadas sem maiores
diculdades.
Denição A.1. Em HE denimos o produto interno
, E :HE×HE −→R
por
[w, v],[z, y]
=
Ω
vy+∇w· ∇y
dx. (A.5)
Vejamos que a função , E está bem denida.
Suponha
[w, v],[z, y]
=
[w1, v1],[z1, y1]
emHE×HE. Segue que[w, v] =
[w1, v1]e [z, y] = [z1, y1], logo
v−v12L2(Ω) =y−y12L2(Ω) =
∂w1 ∂xi − ∂w ∂xi 2
L2(Ω)
= ∂z1 ∂xi − ∂z ∂xi 2
L2(Ω)
= 0, i= 1, . . . , n.
Assim
v =v1, y =y1,
∂w1
∂xi
= ∂w
∂xi
, ∂z1 ∂xi
= ∂z
∂xi
Apêndice A O Espaço dos Estados com Energia Finita "#
Portanto
v1y1+∇w1· ∇z1 =vy+∇w· ∇z a.e. em Ω,
de onde segue que
Ω
v1y1+∇w1· ∇z1
dx=
Ω
vy+∇w· ∇z
dx,
ou seja,
[w, v],[z, y]
E =
[w1, v1],[z1, y1]
E.
Proposição A.3. A função , E denida por (A.5) é um produto interno
em HE.
Demonstração: As linearidades são de vericação imediata. Vejamos:
[w, v],[w, v]
E = 0 =⇒[w, v] = [1,0].
De fato,
Ω
v2+∇w
2
dx= 0 =⇒v = 0 a.e., ∂w
∂xi
= 0 a.e. i= 1, . . . , n.
Logo, como já observado, w=λ=const a.e. em Ω. Assim
[w, v] = [λ,0] = [1,0].
A norma proveniente deste produto interno é dada por
[w, v]
E =
[w, v],[w, v]
E =
Ω
v2+∇w 2 dx 12 .
Nosso objetivo agora é mostrar que
HE, , E
é um espaço de Hilbert. O espaço H = H1(Ω) ×L2(Ω) é um espaço de Hilbert com o produto
interno.
(w, v),(z, y)
H =w, z H1(Ω)+v, y L2(Ω).
Em H o subespaço M =
(1,0)
, gerado pelo vetor (1,0) é um subespaço
fechado pois tem dimensão um. A relação ≈ denida em H por
Apêndice A O Espaço dos Estados com Energia Finita "$
é uma relação de equivalência e o espaço quociente H/ ≈ é um espaço de
Banach com norma
[w, v]
H/≈ =dist
(w, v), M
= inf (z, y)
H; (z, y)∈
[w, v]!
. (A.6)
Veja [2]páginas 8-9.
Observemos inicialmente que para todo (w, v)∈H tem-se
[w, v]
= [w, v]. (A.7)
Basta ver que (z, y)∼(w, v)⇐⇒(z, y)≈(w, v). De fato,
(z, y)∼(w, v)⇐⇒
⎧
⎪ ⎨
⎪ ⎩
v−yL2(Ω)= 0
∂w ∂xi
− ∂z ∂xi
L2(Ω)
= 0 i= 1, . . . , n
⇐⇒
⎧
⎨
⎩
v−y= 0 a.e. em Ω
∂ ∂xi
(w−z) = 0, i= 1, . . . , n a.e. em Ω
⇐⇒
v =y a.e. em Ω
w−z =const em Ω
⇐⇒(w, v) = (z+const, y) = (z, y) +const(1,0)
⇐⇒(w, v)−(z, y)∈M ⇐⇒(z, y)≈(w, v).
De (A.7) vemos que vale a seguinte igualdade
HE =H/≈.
No entanto as topologias de
HE, · E
e
H/≈, · H/≈
Apêndice A O Espaço dos Estados com Energia Finita "%
De (A.6) temos
[w, v] 2
H/≈ = inf
(w, v) +λ(0,1) 2
H; λ∈R
!
= inf"
w+λ2
H1(Ω)+v2L2(Ω); λ∈R
#
= inf"
w+λ2
L2(Ω)+v2L2(Ω)+
Ω ∇w 2
dx; λ∈R#
=$inf
λ∈Rw+λ 2
L2(Ω)
%
+v2
L2(Ω)+
Ω ∇w 2 dx
w+ ¯w2L2(Ω)+v2L2(Ω)+
Ω ∇w 2
dx, w¯ = 1
|Ω|
Ω
w dx.
Da desigualdade de Poincaré-Wirtinger obtemos
[w, v] 2 H/≈ K(Ω) Ω ∇w 2
dx+v2L2(Ω)+
Ω ∇w 2 dx
K(Ω) + 1
v2
L2(Ω)+
Ω ∇w 2 dx . Portanto
[w, v]
H/≈ C(Ω)
[w, v]
E.
Temos provado que existe C(Ω)>0 tal que
[w, v]
H/≈C(Ω)
[w, v]
E (A.8)
para todo (w, v)∈H.
Teorema A.1. Seja Ω ⊂ Rn um domínio limitado com a propriedade do prolongamento. O espaço HE com a norma proveniente de , E é um espaço
de Hilbert.
Demonstração: Seja
[wn, vn]
∞
n=1 ⊂ HE uma sequência de Cauchy. De
(A.8) vemos que $
[wn, vn]
%∞
n=1 ⊂H/≈ é de Cauchy em H/≈. Logo existe
(w, v)∈H tal que
[wn, vn]
−→
[w, v]
em H/≈.
Seja$
[wnk, vnk] %∞
k=1 uma subsequencia tal que
[wnk, vnk]
−
[w, v]
H/≈<
1
2k, k= 1,2, . . . .
∴ inf
λ∈R
(wnk−w, vnk −v)−λ(1,0)
H1(Ω)×L2(Ω)
!
< 1
Apêndice A O Espaço dos Estados com Energia Finita "&
Para cadak = 1,2, . . . escolha λk ∈R tal que
(wnk −w, vnk −v)−λk(1,0)
H1(Ω)×L2(Ω) <
1 2k.
Portanto
(wnk −λk, vnk)−(w, v) 2
H1(Ω)×L2(Ω)<
1 2k
2
(A.9) para todo k = 1,2, . . . . Usando
Ω
v2 dx+
Ω
∇w
2
dx(w, v)
H2(Ω)×L2(Ω),
obtemos
vnk−v 2
L2(Ω)+
Ω
∇(wnk−w) 2
dx(wnk−λk, vnk)−(w, v) 2
H1(Ω)×L2(Ω) <
1 2k
2
,
ou seja,
[wnk, vnk]−[w, v]
E
1
2k, k= 1,2, . . . .
Assim,
[wn, vn]
∞
n=1 possui subsequência convergente em HE. Logo a própria
"'
Referências Bibliográcas
[1] R. Courant, D. Hilbert, Parcial Dierential Equations, Methods of Math-ematical Physics vol. 2, Interscience, New York, 1962.
[2] S. Goldberg, Unbounded Linear Operator, Theory and Applications, Dover, New York 1985.
[3] F. John, Partial Dierential Equations, Applied Mathematical Sciences vol. 1, Springer-Verlag, New York, 1981.
[4] F. John, L. Bers, M. Schechter, Partial Dierential Equations, Lectures In Applied Mathematics, vol. 3, John Wiley and Sons, New York, 1964. [5] E. Kreyszig, Introductory Functional Analysis With Applications, John
Wiley and Sons, New York, 1978.
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[7] M. Renardy, R. C. Rogers, An Introduction to Partial Dierential Equations, Texts in Applied Mathematics, Springer-Verlag, New York, 2004.
[8] D. L. Russel, Control ofDistributed Parameter Systems with More Than One Space Variable, Technical Report 1, Control Science Center University of Minnesota, 1969.
[9] D. L. Russel, Boundary Value Control ofthe Higer-Dimensional Wave Equation, SIAM J. Control, 9, pp. 29-42, 1971.
[10] D. L. Russel, Controllability and Stabilizability Theory for Linear Partial Dierential Equations: Recent Progress and Open Questions, SIAM Review, vol 20, N. 4, pp. 639-739, 1978.
[11] J. Smoller, Shock Waves and Reaction-Diusion Equations, Springer-Verlag, New York, 1983.