w w w . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r
REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
Artigo
original
Sobreposic¸ão
de
esclerose
sistêmica
e
artrite
reumatoide:
uma
entidade
clínica
distinta?
Alex
Magno
Coelho
Horimoto
a,∗e
Izaias
Pereira
da
Costa
a,b aUniversidadeFederaldeMatoGrossodoSul,CampoGrande,MS,BrasilbUniversidadedeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem24demaiode2014
Aceitoem23dedezembrode2014
On-lineem4demarçode2015
Palavras-chave:
Esclerosesistêmica
Artritereumatoide
Sobreposic¸ão/overlap Anticitrulina
Fatorreumatoide
r
e
s
u
m
o
Introduc¸ão: Aesclerosesistêmica(ES)éumaenfermidadedotecidoconjuntivodecaráter
autoimunecaracterizadapelatríadedeinjúriavascular,autoimunidade(celularehumoral)
efibrosetecidual.Estima-sequeadormusculoesqueléticasejaumaqueixafrequentedos
pacientescomES,queoscilaentre40%e80%,eprincipalmenteempacientescomdoenc¸a
difusaprecoce.Aartrite,clinicamenteobservada,podeserumacaracterísticaobservadana
apresentac¸ãodaES,frequentementelevaaerrosdiagnósticosiniciaiscomartrite
reuma-toide(AR).Nocursodaenfermidade,aartriteéobservadaem24%a97%dospacientescom
ES.
Objetivos:CorrelacionaraocorrênciaounãodeartriteempacientescomESdaregião
Centro--OestedoBrasilcompossíveismanifestac¸õesclínicaselaboratoriaisdistintasobservadas
em trêsgruposdepacientes.Relatarafrequênciadeverdadeiraassociac¸ãoentre
escle-rosesistêmicaeartritereumatoideempacientescomsinoviteclínicaeradiologicamente
observada.
Métodos:Foramavaliados61 pacientesportadores de ESsubsequentementea cadatrês
mesesduranteumano,parafinsdeseconstatarclinicamenteaocorrênciadesinovitee
padrõesdeevoluc¸ão.Ospacientesforamdivididosemtrêsgrupos:41comESsemartrite,
16comEScomartriteequatrocomsobreposic¸ãoentreESeAR.Todosospacientesforam
submetidosaexameradiológicosdasmãosnofimdoestudo.
Resultados: Dentretodosospacientesavaliados,encontrou-sepredomíniofeminino(98,7%),
idademédiade50,94anos,corbranca(49,2%),formalimitadadadoenc¸a(47,6%),tempode
diagnósticoentrecincoe10anos(47,6%)etempodeevoluc¸ãodadoenc¸ade8,30anos.Entre
todosospacientes,14(22,9%)apresentavamfatorreumatoide(FR)positivo,emboraentre
aquelescomFRpositivoapenas10apresentaramartriteduranteoseguimentodeumano.
Oanticorpoanticitrulina(anti-CCP)foifeitoem24pacientes,compositividadeemquatro
deles(16,7%),observadasomentenospacientescomsobreposic¸ãoES/AR.Nacomparac¸ão
dasmanifestac¸õesclínicasentreosgruposdepacientes,observou-seamaiorocorrênciade
gastriteevalvulopatiacardíacaempacientescomESeartrite,masnãonosdemaisgrupos.
NogrupodepacientescomoverlapES/ARenospacientescomESeartriteobservou-se
reduc¸ãoimportantedequalidadedevida,medidapeloíndiceHAQ,sobretudonospacientes
∗ Autorparacorrespondência.
E-mails:clinicaactivite@gmail.com,amchor@ibest.com.br(A.M.C.Horimoto).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2014.12.011
0482-5004/©2015ElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobalicenc¸adeCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/
clínica.Encontramosalterac¸õesradiográficasem42,6%dospacientescomES.Contudo,
nospacientescomsinovite,encontraram-sealterac¸õesradiológicascompatíveiscomartrite
reumatoideem50%.
Conclusões: Enquantoafrequênciadeartriteclínicaobservadaempacientescomesclerose
sistêmicafoide32,8%,averdadeirasobreposic¸ãoentreESeARfoide6,6%nesteestudo.
Observou-seaindaafrequênciadeanti-CCPpositivoem20%dos pacientescomartrite
contranenhumpacientecomESsemartrite.
©2015ElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobalicenc¸adeCCBY-NC-ND
(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Overlap
between
systemic
sclerosis
and
rheumatoid
arthritis:
a
distinct
clinical
entity?
Keywords:
Systemicsclerosis
Rheumatoidarthritis
Overlap Anticitrulin
Rheumatoidfactor
a
b
s
t
r
a
c
t
Introduction: Systemicsclerosis(SSc)isanautoimmunediseaseoftheconnectivetissue
characterizedbythetriadofvascularinjury,autoimmunity(cellularandhumoral)andtissue
fibrosis.Itisestimatedthatmusculoskeletalpainisacommoncomplaintofpatientswith
SSc,rangingfrom40to80%,andmainlyinpatientswithearlydiffusedisease.Arthritis,
clinicallyobserved,maybeafeatureseeninthepresentationofSSc,oftenleadingtoearly
diagnosticerrorswithrheumatoidarthritis(RA).Inthecourseofthedisease,arthritisis
observedin24to97%ofpatientswithSSc.
Objectives: TocorrelatetheoccurrenceornonoccurrenceofarthritisinpatientswithSScof
theMidwestregionofBrazilwithpossibledistinctclinicalandlaboratorymanifestations
observedinthreegroupsofpatients.Toreportthefrequencyoftrueassociationbetween
systemicsclerosisandrheumatoidarthritisinpatientswithclinicallyandradiologically
observedsynovitis.
Methods: Sixty-oneSScpatientsweresubsequentlyassessedevery3monthswithin1year,
inordertoclinicallyobservetheoccurrenceofsynovitisanditspatternsofprogression.
Pati-entsweredividedinto3groups:41patientswithSScwithoutarthritis,16SScpatientswith
arthritisand4patientswithoverlapofSScandRA.Allpatientsunderwentaradiological
examinationofthehandsattheendofthestudy.
Results: Amongallpatientsevaluated,wefoundafemalepredominance(98.7%),meanage
of50.94years,whitecolor(49.2%),limitedformofthedisease(47.6%),timeofdiagnosis
between5to10years(47.6%)anddurationofthediseaseof8.30years.Amongallpatients,
14(22.9%)hadpositiverheumatoidfactor(RF),whileamongthosewithpositiveRF,only
10patientshadarthritisduringone-yearfollow-up.Theantibodyanticitrulline(anti-CCP)
testwasperformed in24 patients, being positivein 4of them(16.7%), with positivity
beingobservedonlyinpatientswithSSc/RAoverlap.Comparingtheclinical
manifesta-tionsamongthegroupsofpatients,therewasahigherincidenceofgastritisandcardiac
valvulopathyinpatientswithSScandarthritis,butnotintheothers.Inthegroupof
pati-entswithSSc/RAoverlapandinpatientswithSScandarthritisasignificantreductionin
qualityoflifewasobserved,measuredbyHAQindex,especiallyinpatientswitharthritis
presentduringclinicalevaluation.Wefoundradiographicchangesin42.6%ofpatientswith
SSc.However,inpatientswithsynovitis,radiologicalchangesconsistentwithrheumatoid
arthritiswerefoundin50%ofpatients.
Conclusions: Whilethefrequencyofclinicalarthritisobservedinpatientswithsystemic
sclerosiswas32.8%,thetrueoverlapbetweenofSScandRAwas6.6%inthisstudy.We
alsoobservedthefrequencyofpositiveanti-CCPin20%ofpatientswitharthritisversusno
patientswithSScwithoutarthritis.
©2015ElsevierEditoraLtda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-ND
license(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Aesclerosesistêmica(ES)éumaenfermidadedotecido
con-juntivodecaráterautoimune,extremamenteheterogêneana
suaapresentac¸ãoclínica,comacometimentodevários
siste-masesegueumcursovariáveleimprevisível.1Suaetiologia
permanecedesconhecida,ésugeridaumacausamultifatorial,
possivelmentedesencadeadaporfatoresambientaisemum
AESécaracterizadaprincipalmentepor
microvasculopa-tia,ativac¸ãodefibroblastoseexcessivaproduc¸ãodecolágeno.3
Trata-sedepatologiaúnicaaoexibir característicasdetrês
processos fisiopatológicos distintos: consiste na tríade de
injúriavascular,autoimunidade(celularehumoral)efibrose
tecidualelevaaacometimentocutâneo,alémdeemdiversos
órgãosinternos,comopulmão,corac¸ãoetratogastrintestinal,
bemcomoamanifestac¸õesmusculoesqueléticas.3,4
Estima-seque a dor musculoesquelética (ME) seja uma
queixafrequentedospacientescomES,oscilaentre40%e80%
eprincipalmenteempacientescomdoenc¸adifusaprecoce.5
Osprincipais sintomasME apresentadossão limitac¸õesde
movimento,dore/ouedemaarticular.6Aartrite,clinicamente
observada,podeserumacaracterísticanaapresentac¸ão
ini-cialdaES,frequentementelevaaerrosdiagnósticosiniciais
comartritereumatoide(AR).7,8Emumasériedecasosdescrita
porRodnaneMedsgerJr,em41%dospacientesa
poliartral-giaouaartritefoiosintomainicialousedesenvolveudentro
doprimeiroanoapósoiníciodofenômenodeRaynaud.8No
cursodaenfermidade,aartriteéobservadaem24%a97%dos
pacientescomES.6
Lesõesarticulares,quevariam de osteopenia
periarticu-lareestreitamentodoespac¸oarticularatéerosõesevidentes,
têmsidorelatadasnasmetacarpofalangeanas,
interfalange-anas proximais e interfalangeanas distais, bem como nos
punhos.5,6SegundoRodnan,aanormalidaderadiológicamais
comumente observada nos ossos e nas articulac¸ões dos
pacientes com ES foi a reabsorc¸ão das falanges terminais
(acrosteólise), quemuitasvezes foi acompanhadade
calci-nosesubcutânea.8Defato,apósevoluc¸ãosuperioraseteanos
de ES, observaram-se erosões ósseas, particularmente nas
mãos,em4%a57% dospacientes,enquanto areduc¸ão do
espac¸oarticularfoiobservadaem16a92%doscasos.5Embora
muitasalterac¸õesradiológicastenhamsidoidentificadasnas
articulac¸õesdepacientescomES,importanteartropatia
ero-sivaéconsideradaincomum.9
Biópsias sinoviaisdas articulac¸ões de pacientescom ES
demonstraramevidênciadeinflamac¸ãodegravidadevariável,
observou-senamaioriadoscasosuminfiltradodelinfócitose
plasmócitosdistribuídosdifusamentenotecidooucoletados
empequenosagregadosfocais.8Diferentementedosachados
observadosempacientescom AR,relatou-senospacientes
comESpoucaounenhumatendênciaàformac¸ãodopannus
eintensafibrosesinovialmaistardenocursodadoenc¸a.8
Existemrelatos isolados de artrite erosiva queacomete
punhosemãos,com característicasradiológicase
sorológi-cas indistinguíveisdaquelas observadas naAR.10 Contudo,
encontra-seaindaemdiscussãoseaartriteerosivaéparte
daESesepoderiaseramanifestac¸ãodeumasíndromede
sobreposic¸ão ou a manifestac¸ão de uma doenc¸a diferente
independente.11 Seaartritereumatoideeaesclerose
sistê-micapoderiam coexistir nomesmo paciente,também tem
sidoassuntodemuitacontrovérsia.6Enquantoalgunsestudos
associamartriteerosivacomapresenc¸adofatorreumatoide,
esugeremumaassociac¸ãoentreambasasdoenc¸as,7,12outros
nãoconfirmaramessesdados.10,11,13
Neste estudo esperava-se confirmar a ocorrência de
manifestac¸ões clínicas e laboratoriais próprias em um
subgrupodepacientescomEScomartriteclínicae
radiolo-gicamenteobservada,comosugeridaporestudosprévios.
Objetivos
Correlacionar a ocorrência ou não de artrite em
pacien-tes com ESda regiãoCentro-Oeste doBrasilcompossíveis
manifestac¸õesclínicaselaboratoriaisdistintasobservadasem
trêsgruposdepacientes.
Relatarafrequênciadeverdadeiraassociac¸ãoentre
escle-rosesistêmicaeartritereumatoideempacientescomsinovite
clínicaeradiologicamenteobservada.
Métodos
Estudo observacional, do tipo analítico e de delineamento
transversal.
Aselec¸ãode61pacientesdeformaaleatóriafoifeitaapartir
dolevantamentodosprontuáriosmédicosdoServic¸ode
Reu-matologiadoHospitalUniversitáriodaFaculdadedeMedicina
daUniversidadeFederaldeMatoGrossodoSul(FM-UFMS).
Parafinsdecomparac¸ão,ospacientesforamsubdivididos
emtrêsgrupos:
- 41comESsemartrite;
- 16comEScomartrite;
- quatrocomsobreposic¸ãoentreESeAR.
Ospacientes,paraserselecionados,deveriamobedeceraos
seguintescritérios:
- Preencherosnovoscritériosdeclassificac¸ãode2013para
ES;14
- Nocasodenãoapresentarespessamentocutâneo,deveriam
preencheroscritériosdeESprecocedeLeRoyeMedsgerde
2001;15
- Paraodiagnósticodeverdadeirasobreposic¸ãocomartrite
reumatoide,foramusados oscritériosdeclassificac¸ão de
ARdoACR/Eularde2010,16acrescidosdapresenc¸a
obrigató-riadoanticorpoanticitrulina(anti-CCP)e/oumanifestac¸ões
radiológicastípicasdaenfermidade;
- Foram excluídos os pacientes que apresentavam outras
doenc¸asinfecciosasassociadasouneoplasiasmalignas.
Asinformac¸ões necessáriaspara acaracterizac¸ão
socio-demográfica eclínicada doenc¸aforamobtidasapartirdos
registros médicos contidos nos prontuários de cada
paci-ente e complementadas com entrevistas do paciente. Na
primeiraconsultaforamcolhidosdadosdemográficose
clíni-cos,incluindotempodedoenc¸a,anodediagnóstico,escore
cutâneo de Rodnan modificado,17 pesquisa de
autoanticor-pos,exameclínicocompletoetratamentoatual.Ospacientes
foramavaliadossubsequentementeacadatrêsmesesdurante
umano,parafinsdeseconstatarclinicamenteaocorrência
desinoviteepadrõesdeevoluc¸ão.Todosospacientesforam
submetidosaexameradiológicodasmãosnofimdoestudo.
Dados específicos sobre os critérios de gravidade de
Medsger,18 critérios de atividade de Valentini da doenc¸a19
eoSclerodermaHealthAssessmentQuestionnaire(sHAQ)20
foramcolhidosnaavaliac¸ãoinicialdopacienteetambémem
umasegundaavaliac¸ão,somentenaquelesque
Comrelac¸ão às amostrasde soros foramusados para a
feituradapesquisa,sorosdospacientespreviamente
seleci-onadosequeseencontravamadequadamentecongeladosa
–50◦CearmazenadosnoLaboratóriodoHospitalUniversitário
daUFMS.
a)Anticorposantinucleares(FAN)
Foiusadaatécnicadeimunofluorescênciaindiretaparaa
pesquisadoFAN,que tevecomo substratoascélulasHEp2
(técnicadeFaar),eforamusadososcritériosdoIIconsenso
brasileirodefatorantinuclearemcélulasHep-2(2003)21para
ainterpretac¸ãodosresultados.
Ossorosforamconsideradospositivossetítulomaiorou
iguala160ediluídosatéobter-seanegativac¸ãoda
fluores-cência.
b)Pesquisadeanti-Sm,anti-RNP,anti-Jo1,anti-Ro(SSA)e
anti-La(SSB)
Foiusadatécnicadeensaioimunoenzimático(Elisa),como
previamentedescritaporMcClain,22comousodekits
espe-cíficos de substrato para cada teste e de acordo com as
especificac¸õesdofabricante(HemagenDiagnostics,Inc).Foi
consideradopositivoquandoovalorencontradoeratrêsvezes
oumaissuperioraocut-off.
c)Pesquisadefatorreumatoide
Foiusadaatécnicadenefelometriaeconsideradopositivo
seotítulofossemaiordoque40Ui/ml.
d)Pesquisadeanti-CCP
Foiusadaatécnicadeensaioimunoenzimático(Elisa)com
ousodasespecificac¸õesdofabricante(InovaQuantaLiteTM
CCP3.1IgG/IgAElisa).Foiconsiderandonãoreagentese<20
unidades,fracamentereagenteentre20e39unidades,
mode-radamente reagente entre 40 e 60 unidades e fortemente
reagente(valoreselevados)se>60unidades.
e)Pesquisadeanticentrômero
Foiusadaatécnicadeimunofluorescênciaindiretaqueteve
comosubstratoascélulasHEp2conformeoscritériosdoII
con-sensobrasileirodefatorantinuclearemcélulasHep-2(2003)21
paraainterpretac¸ãodosresultados.
f)Pesquisadeanti-DNAtopoisomerase1(anti-SCL70)
Foi usada a técnica de ensaio imunoenzimático,23 com
kit específico Quanta Lite TM Scl-70 do laboratório Inova
(InovaDiagnostics,Inc;SanDiego,CA,USA),deacordocom
asespecificac¸õesdofabricante.Foiconsideradonãoreagente
se<20unidades,fracamentereagenteentre20e39unidades,
moderadamentereagenteentre40e80unidadesefortemente
reagente(valoreselevados)se>80unidades.
g)Anticorpoanti-RNApolimeraseIII
FoiusadaatécnicadeElisacomopreviamentedescrita,24
comkit específicoQuantaLiteRNAPOLIIIElisado
labora-tórioInova(InovaDiagnostics,Inc.;SanDiego,CA,USA),de
acordocomasespecificac¸õesdofabricante.Foram
considera-dosnegativososvalores<20unidades,fracamentereagentes
entre 20 e 39 unidades, moderadamente reagentes entre
40e80 unidadesefortementereagentes(valoreselevados)
se>80unidades.
Análise
estatística
Acomparac¸ãoentreospacientescomesemartrite,emrelac¸ão
àsvariáveisquantitativasavaliadasnesteestudo,foifeitapor
meiodotestetdeStudent.Otestedoqui-quadradofoiusado
naavaliac¸ãodaassociac¸ãoentrepresenc¸aounãodeartrite
com asvariáveis qualitativasmensuradas nesteestudo.Os
resultadosdasdemaisvariáveisavaliadasnesteestudoforam
apresentadosnaformadescritivaounaformadetabelase
grá-ficos.AanáliseestatísticafoifeitacomosoftwareSPSS,versão
20.0,considerandoumníveldesignificânciade5%.
Resultados
Encontraram-se61pacientes,60(98,7%)mulhereseum(1,6%)
homem,comidademédiade50,94±2,40anos(média±erro
padrãodamédia).
Dospacientes,30(49,2%)referiamcorbranca,28(45,9%)cor
pardaetrês(4,9%)cornegra.
Comrelac¸ãoaodiagnóstico,58(95,1%)pacientes
diagnos-ticadospreenchiamoscritériosdeclassificac¸ãoACR/Eularde
2013para ES.Ostrês (4,9%)pacientesque nãopreenchiam
essescritériospreenchiamosdeLeroy/MedsgerparaES
pre-coce.
Comrelac¸ãoàsformasclínicasdadoenc¸a,29(47,6%)
paci-entes tinham alimitada, 20 (32,8%) a difusa, três (4,9%) a
precoce,oito(13,1%)adeoverlapeum(1,6%)asinescleroderma.
Comrelac¸ãoaotempodediagnóstico,16(26,2%)
pacien-tesforamdiagnosticadoshámaisde10anos,29(47,6%)entre
cincoe10anose16(26,2%)hámenosdecincoanos.Otempo
deevoluc¸ãodadoenc¸adospacientesemgeralfoide8,30±
1,01anos.
Entre todos os pacientes,14 (22,9%)apresentavam fator
reumatoidepositivo. Apositividadedofatorreumatoidefoi
de9,8%nogrupodepacientescomESsemartrite,de37,5%no
grupoEScomartriteede100%nogrupocomsobreposic¸ão
ES/AR. O anticorpo anticitrulina (anti-CCP) foi feito em
24pacientes,compositividadeemquatro(16,7%)deles,
obser-vadasomentenospacientescomassociac¸ãoES/AR.Entreos
pacientescomverdadeirasobreposic¸ãoES/AR,metadeerada
formalimitada(n=2-50%),umeradaformadifusa(n=1
-25%)eumapresentavaassociac¸ãocomsíndromedeSjögren
(n=1-25%).
Osresultadosreferentesaosdadosepidemiológicos eao
índicedemonitoramento,empacientescomESsemartrite,
EScom artriteesobreposic¸ãoES/ARestãoapresentadosna
tabela1.Não houvediferenc¸asignificativaentreos
pacien-tescomESsemartrite,EScomartriteesobreposic¸ãoES/AR
emrelac¸ãoàsvariáveisquantitativasidade,tempode
fenô-menodeRaynaud(FRy)antesdodiagnóstico,tempodedoenc¸a
semcontaroFRyeíndicesdemonitoramento(testeAnovade
umavia,valordepentre0,046e0,872;HQ2:testetde
Stu-dent,p=0,071).Damesmaformanãohouveassociac¸ãoentre
osdiferentesgruposexperimentaiseasvariáveisqualitativas
nominaisouordinaissexo,cor,tempodediagnósticoeforma
clínica(testedoqui-quadrado,valordepentre0,758a0,941).
Na tabela 2 está apresentada a distribuic¸ão dos
paci-entes avaliados neste estudo e resultados referentes às
manifestac¸ões cutâneas, vasculares emusculoesqueléticas,
empacientescomESsemartrite,EScomartriteesobreposic¸ão
ES/AR.Deformageral,nãohouveassociac¸ãoentreosgrupos
experimentaiseasvariáveis relacionadasàsmanifestac¸ões
Tabela1–Aspectosdemográficoseíndicesdemonitoramento,empacientescomESsemartrite,EScomartritee sobreposic¸ãoES/AR
Variável Grupo Valordep
ESsemartrite EScomartrite Sobreposic¸ãoES/AR
Dadosepidemiológicos
Idade 50,83±1,96 50,31±3,04 54,00±8,18 0,872
Sexo
Masculino 1(2,4) 0(0,0) 0(0,0) 0,780
Feminino 40(97,6) 16(100,0) 4(100,0)
Cor
Branca 20(48,8) 9(56,2) 1(25,0) 0,758
Parda 19(46,3) 6(37,5) 3(75,0)
Negra 2(4,9) 1(6,2) 0(0,0)
Tempodediagnóstico
Menosde5anos 11(26,8) 4(26,7) 1(25,0) 0,595
Entre5e10anos 17(41,5) 8(53,3) 3(75,0)
Maisde10anos 13(31,7) 3(20,0) 0(0,0)
TempodeFRyantesdiagnóstico 2,68±0,84 5,56±2,16 6,50±4,57 0,235
Tempodedoenc¸asemcontarFRy 9,41±1,05 7,44±1,20 6,25±1,03 0,396
Formaclínica
Limitada 18(43,9) 9(52,6) 2(50,0) 0,941
Difusa 14(34,1) 5(31,2) 1(25,0)
Iníciorecente 3(7,3) 0(0,0) 0(0,0)
Overlap 5(12,2) 2(12,5) 1(25,0)
Sine 1(2,4) 0(0,0) 0(0,0)
Índicesdemonitoramento
sHAQ1(n=61) 0,59±0,07 0,71±0,08 0,97±0,17 0,163
sHAQ2(n=20) - 0,75±0,08a 1,09±0,14a 0,071a
Escaladegravidade 5,29±0,49 4,00±0,53 4,50±1,04 0,300 Escaladeatividade 2,29±0,21 2,50±0,34 2,50±0,68 0,854
ES:esclerosesistêmica,AR:artritereumatoide,FRy:FenômenodeRaynaud,sHAQ:SclerodermaHealthAssessmentQuestionnaire(Questionário deAvaliac¸ãodaSaúdeemEscleroseSistêmica).
Osresultadosestãoapresentadosemmédia±erropadrãodamédiaouemfrequênciaabsoluta(frequênciarelativa).ValordepnotesteAnova deumavia.Letrasiguaisnalinhaindicamquenãohádiferenc¸asignificativaentreosgruposnopós-testedeTukey.
a ValordepnotestetdeStudent.
pacientesavaliadosnesteestudo(testedoqui-quadrado,valor
depentre0,145e0,630).Tambémnãohouvediferenc¸aentre
ospacientescomesemartriteemrelac¸ãoaoescorecutâneo
(testeAnovadeumavia,p=0,513).
Com excec¸ão para gastrite (p=0,016) e valvulopatias
(p=0,014),emquepacientescomEScomartrite(gastrite:n=7
-43,8%;valvulopatia:n=7-100%)apresentaramuma
percen-tualmaiordecasos quandocomparadoscom aquelescom
ESsem artrite(gastrite: n=5- 12,2%;valvulopatia:n=11
-26,8%),nãohouveassociac¸ãoentreosgruposexperimentais
ESsemartrite,EScom artriteesobreposic¸ãoES/ARcom as
variáveis relacionadas àsdemais manifestac¸ões
gastrintes-tinais,cardiopulmonareserenaisobservadasnospacientes
avaliados neste estudo (teste do qui-quadrado, valor de p
entre0,088e0,924).Nãohouvediferenc¸asignificativaentreos
gruposexperimentaisemrelac¸ãoàvariávelquantitativa
capa-cidadevitalfuncionalpulmonar(CVF)(teste Anovadeuma
via,p=0,313).Alémdisso,nãofoipossívelcompararpacientes
comESsemartrite,EScomartriteesobreposic¸ãoES/AR,em
relac¸ãoàpressãoestimadanaartériapulmonarpelo
ecocardi-ograma(EcoPSAP),poisdos16pacientescomEScomartrite,
essamedidasófoifeitaemumenãofoifeitoemqualquer
dospacientescomsobreposic¸ãoES/AR.Essesresultadosestão
apresentadosnatabela3.
Osresultadosreferentesaosexameslaboratoriaisem
paci-entes com ES sem artrite, ES com artrite e sobreposic¸ão
ES/ARestãoapresentadosnatabela4. Nãohouvediferenc¸a
entrepacientes com esemartriteemrelac¸ão àvelocidade
dehemossedimentac¸ão,proteínaCreativa,
creatinofosfoqui-nase,creatinina,complementosC3eC4(testeAnovadeuma
via,valordepentrep=0,467ep=0,952).Ainda,emrelac¸ão
aosresultadosreferentesaosexameslaboratoriais,nãohouve
associac¸ãoentreosgruposexperimentaiseoresultadoparaos
anticorposanti-Ro,anti-La,anti-Sm,anti-RNP,anti-Jo1,
anti--Scl70,anticentrômeroeanti-RNAPol3,bemcomo como
resultadorelativoàsalterac¸õesgeraisnaradiografia(Rx)de
mãos(testedoqui-quadrado,valordepentre0,073e0,816).
Poroutrolado,opercentualdepacientescomsobreposic¸ão
ES/ARqueapresentavamreduc¸ãonoespac¸oarticularou
ero-sõessubcondraisnoRxdasmãosouaindaanticorpoanti-CCP
positivo (n=4-100%)foimaiordoqueaqueledepacientes
comEScomesemartrite(n=0-0%).Alémdisso,opercentual
depacientescom EScom artriteecomsobreposic¸ãoES/AR
Tabela2–Manifestac¸õescutâneas,vascularesemusculoesqueléticas,empacientescomESsemartrite,EScomartrite esobreposic¸ãoES/AR
Variável Grupo Valordep
ESsemartrite EScomartrite Sobreposic¸ãoES/AR
Manifestac¸õescutâneas Calcinose
Sim 8(19,5) 2(12,5) 0(0,0) 0,535
Mãos
Comalterac¸ões 32(78,0) 15(93,8) 3(75,0)
Achadosnasmãos(n=50)
Faseedematosa 10(31,2) 7(46,7) 0(0,0) 0,197
Faseindurativa 8(25,0) 6(40,0) 1(33,3)
Faseatrófica 14(43,8) 2(13,3) 2(66,7)
EscorecutâneoRodnan 13,66±1,28 11,50±1,76 16,00±4,74 0,513
Manifestac¸õesvasculares FRy
Objetivo 28(68,3) 13(81,2) 2(50,0) 0,408
Subjetivo 13(31,7) 3(18,8) 2(50,0)
Microcicatrizes
Sim 12(29,3) 1(6,2) 1(25,0) 0,177
Úlcerasativas
Sim 5(12,2) 1(6,2) 0(0,0) 0,630
Necroseouamputac¸ão
Sim 6(14,6) 0(0,0) 0(0,0) 0,197
Telangectasias
Sim 26(63,4) 11(68,8) 4(100,0) 0,327
Manifestac¸õesmusculoesqueléticas Contraturaemflexão
Sim 6(14,6) 1(6,2) 1(25,0) 0,538
Crepitac¸ãotendínea
Sim 2(4,9) 0(0,0) 0(0,0) 0,604
Fraquezamuscular
Sim 7(17,1) 1(6,2) 0(0,0) 0,401
Atrofia
Sim 7(17,1) 0(0,0) 0(0,0) 0,145
ES:esclerosesistêmica,AR:artritereumatoide,FRy:FenômenodeRaynaud.
Osresultadosestãoapresentadosemmédia±erropadrãodamédiaouemfrequênciaabsoluta(frequênciarelativa).ValordepnotesteAnova deumavia.
n=4-100%,respectivamente)foisignificativamentemaiordo queodaquelespacientescom ESsemartrite,quetambém apresentavamfatorreumatoidepositivo(n=4-9,8%;testedo qui-quadrado,p<0,05). Essesresultadosestãoilustrados na
figura1.
Entre os pacientes que apresentavam artrite (n=20), os
medicamentosmaisfrequentementeprescritosforam
meto-trexate(n=9-45%),azatioprina(n=7-35%),prednisona(n=6
-30%),difosfatodecloroquina(n=6-30%)eleflunomida(n=6
-30%).Essesresultadosestãoapresentadosnatabela5.
Discussão
Envolvimentoarticularcomintensasinoviteérelativamente
incomumempacientescomesclerosesistêmica(ES).25Cerca
de11%dospacientescomESseapresentamcomartriteno
iníciodadoenc¸a,usualmentecaracterizadapormonoou
oli-goartrite,responsiva aterapiacomcorticoides. Noentanto,
alguns pacientes com ES apresentam artrite erosiva mais
agressiva,quesimulaaartritereumatoide(AR)clássica.25
Observou-se neste estudo uma taxa de 6,6% de
sobreposic¸ão com AR em 61 pacientes portadores de ES
e as manifestac¸ões musculoesqueléticas foram muito
pre-valentes nesses pacientes com ou sem associac¸ão entre
as doenc¸as, representadas sobretudo por artrite emquase
um terc¸odosmesmos. Outrosestudos noBrasil
encontra-ram maior prevalência de manifestac¸ões osteoarticulares
(47,7%),26 com artralgia entre 70,5% a 84,5%,10,27,28 além
de artritedescritaem17,6% a44,4% dospacientes.10,27 No
entanto,aprevalênciadesobreposic¸ãoverdadeiracomARfoi
descritaentre 4,3a 5,2%emoutrosestudoscom pacientes
comES.6,11,12
Umaspecto importanteobservadonosnossos pacientes
foiqueapresenc¸adeartritecontribuiuemmuitoparao
défi-citfuncionaleabaixaqualidadedevidaaferidospelosHAQ.
Observou-se, por meio do sHAQ, escores de incapacidade
muitomaiselevadosnasegundaavaliac¸ãoclínicanos
pacien-tesqueapresentavamartrite,emboranãofossepossíveluma
comparac¸ãodiretacomospacientessemartrite.Moritaetal.
relataramqueospacientescomaformadifusadaES
Tabela3–Manifestac¸õesgastrintestinais,cardiopulmonareserenais,empacientescomESsemartrite,EScomartrite esobreposic¸ãoES/AR
Variável Grupo Valordep
ESsemartrite EScomartrite Sobreposic¸ãoES/AR
Manifestac¸õesgastrintestinais Acometimentoesôfago
Sim 30(73,2) 9(56,2) 3(75,0) 0,447
Sintomasgastrintestinais
DRGE 9(22,0) 5(31,3) 2(50,0) 0,414
Esofagite 11(26,8) 2(12,5) 1(25,0) 0,510
Gastrite 5(12,2)b 7(43,8)a 0(0,0)ab 0,016
Hipotoniaesofágica 6(14,6) 1(6,3) 2(50,0) 0,088
Dilatac¸ãoesôfago 2(4,9) 1(6,3) 0(0,0) 0,875
Manifestac¸õescardiopulmonares
CVF 81,83±2,32 88,31±3,47 85,00±4,74 0,313
CVF-classificac¸ão
>80% 22(53,7) 11(68,8) 3(75,0) 0,887
Entre70e80% 13(31,7) 4(25,0) 1(25,0)
Entre50e69% 4(9,8) 1(6,2) 0(0,0)
<50% 2(4,9) 0(0,0) 0(0,0)
Tomografiadotórax
Alterada 19(46,3) 9(56,2) 1(25,0)
Achadosnatomografia(n=29)
Fibrose 14(73,7) 5(55,6) 1(100,0) 0,496
Padrão“vidrofosco” 5(26,3) 4(44,4) 0(0,0)
EcoPSAP 31,23±3,19(n=13) 42,00(n=1) -
-Resultadonoecocardiograma
Alterado 26(63,4) 7(43,8) 1(25,0)
Achadosnoecocardiograma(n=34)
Valvulopatia 11(26,8)b 7(100,0)a 0(0,0)ab 0,014
HVEconcêntrica 9(22,0) 0(0,0) 1(100,0) 0,189
Disfunc¸ãodiastólicaVE 6(14,6) 2(28,6) 0(0,0) 0,924
HAPleveoumoderada 5(12,2) 1(14,3) 0(0,0) 0,668
Pericardite 4(9,8) 2(28,6) 0(0,0) 0,665
Manifestac¸õesrenais Criserenal
Sim 1(2,4) 0(0,0) 0(0,0) 0,780
ES:esclerosesistêmica,AR:artritereumatoide,DRGE:doenc¸adorefluxogastroesofágico,CVF:capacidadevitalfuncionalpulmonar,EcoPSAP: pressãoestimadanaartériapulmonarpeloecocardiograma,HVE:hipertrofiadoventrículoesquerdo,HAP:hipertensãoarterialpulmonar. Osresultadosestãoapresentadosemmédia±erropadrãodamédiaouemfrequênciaabsoluta(frequênciarelativa).ValordepnotesteAnova deumavia.Letrasdiferentesnalinhaindicamdiferenc¸asignificativaentreosgruposnopós-testedeTukey.
aosdospacientescomAR,LESeoutrasdoenc¸asdocolágeno.29
Observou-seaindaquepacientescomESeenvolvimento
arti-culartinhampontuac¸õesmaioresnoHAQdoquepacientes
com artrite psoriásica; enquanto o domínio dor foi maior
empacientescomESdoquecomAR.30 Jáfoidescritauma
associac¸ãoentreHAQeodéficit funcionalocasionadopelo
comprometimentodasmãos.31 Ademais,descreve-se quea
incapacidadecausadapeloenvolvimentodasmãosnos
paci-entescomESquenãotinhamFRynomomentodaavaliac¸ão
foi tãointensa quanto aobservada emuma populac¸ãode
pacientescomARcomdurac¸ãodadoenc¸acomparávelde10
anos.20AutilidadedoHAQnaavaliac¸ãodepacientescomES
foi demonstradaporestudosque reportaram queele pode
predizeraevoluc¸ãoesobrevida nessespacientes.32,33 Neste
trabalho,houvecorrelac¸ãolinearpositivasignificativaentre
osHAQnospacientes comartriteeaatividadeda doenc¸a,
medidapormeiodotestedePearson.Medsgeretal.
encon-traramqueosíndicesdeincapacidadedoHAQapresentavam
forte correlac¸ãocom espessamentocutâneo, envolvimento
cardíaco,contraturasdigitais,crepitac¸ãotendíneae
envolvi-mentorenalem1.000pacientescomES.18
Objetivou-seestudarnestapopulac¸ãoheterogêneade
paci-entesdoCentro-OestedoBrasilacorrelac¸ãoentreapresenc¸a
de artrite clínica e radiologicamente comprovada com as
manifestac¸õesclínicaselaboratoriaisobservadasem
pacien-tes com ES. Os pacientes com artrite observada durante o
período doestudototalizaram32,8% dospacientes,a
mai-oria apresentava um padrão de mono ou oligoartrite com
remissãoapósiníciodotratamentopadrãoparaesclerose
sis-têmica. Contudo,dos20pacientescomartritecomprovada,
seisapresentavamumpadrãodepoliartritesimétricaeaditiva
queacometiamgrandesepequenasarticulac¸õescomrigidez
matinalprolongada,necessitavamdeleflunomida,associada
ounãoametotrexate,entreoutrasmedicac¸ões.Dessesseis
pacientescomartritepersistente,quatroapresentavam
anti-peptídeo cíclico citrulinado (anti-CCP) positivo, bem como
reduc¸ão do espac¸o articular e/ou erosões subcondrais nas
Tabela4–ExameslaboratoriaiseradiografiasdasmãosdepacientescomESsemartrite,EScomartriteesobreposic¸ão ES/AR
Variável Grupo Valordep
ESsemartrite EScomartrite Sobreposic¸ãoES/AR
VHS 28,49±3,10 27,81±6,44 25,00±6,44 0,951
PCR 10,21±2,67 14,34±7,09 11,21±6,28 0,792
CPK 130,24±17,99 124,25±18,13 68,25±10,09 0,518
Creatinina 0,77±0,04 0,70±0,03 0,79±0,03 0,467
C3 129,90±4,52 127,50±5,17 128,75±2,87 0,952
C4 32,56±1,76 31,19±2,01 33,25±1,89 0,884
Anti-Ro
Positivo 4(9,8) 3(18,8) 0(0,0) 0,479
Anti-La
Positivo 0(0,0) 1(6,2) 0(0,0) 0,239
Anti-Sm
Positivo 0(0,0) 1(6,2) 0(0,0) 0,239
Anti-RNP
Positivo 7(17,1) 2(12,5) 1(25,0) 0,816
Anti-Jo1
Positivo 2(4,9) 0(0,0) 0(0,0) 0,604
RXmãos
Alterado 18(43,9) 6(37,5) 4(100,0)
AchadosnoRXdemãos(n=26)
Calcinose 6(33,3) 3(50,0) 0(0,0) 0,249
Reabsorc¸ãofalanges 12(66,7) 3(50,0) 2(50,0) 0,688
Reduc¸ãoespac¸o/erosõessubcondrais 0(0,0)b 0(0,0)b 4(100,0)a <0,001
Anti-SCL70
Positivo 10(24,4) 5(31,2) 2(50,0) 0,519
Anticentrômero
Positivo 16(39,0) 8(50,0) 2(50,0) 0,718
Anti-RNAPol3
Positivo 7(17,1) 0(0,0) 0(0,0) 0,145
Fatorreumatoide
Positivo 4(9,8)b 6(37,5)a 4(100,0)a <0,001
Anti-CCP (n=4) (n=16) (n=4)
Positivo 0(0,0)b 0(0,0)b 4(100,0)a <0,001
ES:esclerosesistêmica,AR:artritereumatoide,VHS:velocidadedehemossedimentac¸ão,PCR:proteínaCreativa,CPK:creatinofosfoquinase, C3:frac¸ãodocomplementoC3,C4:frac¸ãodocomplementoC4,Rx:radiografia.
Osresultadosestãoapresentadosemmédia±erropadrãodamédiaouemfrequênciaabsoluta(frequênciarelativa).ValordepnotesteAnova deumavia.Letrasdiferentesnalinhaindicamdiferenc¸asignificativaentreosgruposnopós-testedeTukey.
inequívocacomartritereumatoideefoinecessárioassociar rituximabe aoesquema terapêutico dedois pacientes para melhorcontroledosíndicescompostosdeatividadearticular. Existem relatosisolados de artrite erosiva queacomete punhosemãos, comcaracterísticasradiológicase sorológi-cas indistinguíveisdaquelas observadas na AR.10 Contudo,
encontra-seaindaemdiscussãoseaartriteerosivaéparte
da ES,se poderiaseramanifestac¸ão de umasíndromede
sobreposic¸ão ou a manifestac¸ão de uma doenc¸a diferente
independente.11 Seaartritereumatoideeaesclerose
sistê-mica poderiam coexistir no mesmo paciente também tem
sidoassuntodemuitacontrovérsia.6Enquantoalgunsestudos
associamartriteerosivacomapresenc¸adofatorreumatoidee
sugeremumasobreposic¸ãoentreambasasdoenc¸as,7,12outros
nãoconfirmaram esses dados.10,11,13 Nosnossos pacientes,
Tabela5–Medicamentosmaisfrequentementeusados empacientescomartrite
Medicamentos(entrepacientescomartrite–n=20) (n)%
Anti-inflamatóriosnãohormonais 13(65,0)
Methotrexate 9(45,0)
Azatioprina 7(35,0)
Prednisona 6(30,0)
Difosfatodecloroquina 6(30,0)
Leflunomida 6(30,0)
Rituximabe 2(10,0)
9,8% (n = 4)
0,0% (n = 0) 37,5%
a
(n = 6)
0,0% (n = 0) 100,0%
a
(n = 4)
100,0% b
(n = 4)
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0
Fator reumatóide Anticorpo Anti-CCP
Percentual de pacientes (%)
Resultado positivo
ES sem artrite ES com artrite Sobreposição ES/AR Grupo
Figura1–Gráficoqueapresentaopercentualdepacientes comfatorreumatoideouanticorpoanti-CCPpositivoou negativo,entrepacientescomESsemartrite,EScomartrite ecomsobreposic¸ãoES/AR.Cadacolunarepresentaovalor percentualdepacientes.aDiferenc¸asignificativaemrelac¸ão aospacientescomESsemartrite(testedoqui-quadrado, p<0,001).bDiferenc¸asignificativaemrelac¸ãoaospacientes comESsemartriteeEScomartrite(testedoqui-quadrado, p<0,001).ES:esclerosesistêmica,AR:artritereumatoide.
emboraapresenc¸adefatorreumatoideestivesserelacionada
comaocorrênciadeartritenospacientes,somenteoanti-CCP
indiscutivelmenteesteverelacionadocomarealocorrênciade
sobreposic¸ãoentreESeAR,bemcomooachadodereduc¸ão
doespac¸oarticulareerosõessubcondraisnasradiografiasdas
mãosdessespacientes.
A prevalência de associac¸ão entre ES/AR varia de 4,3%
a5,2% entre pacientes com esclerose sistêmica.6,11,12
Ade-mais,foi encontradamaiorincidênciade ARempacientes
com ES do que na populac¸ão geral.34 Sugeriu-se que tal
sobreposic¸ãoES/ARsejaumaentidadedistinta,deacordocom
obackgroundgenéticodistintodospacientes:frequências
sig-nificantementeaumentadasdeHLA-DR3eHLA-DR11foram
observadasnaES/ARemcomparac¸ãocompacientescomAR
eindivíduossaudáveis;bemcomofrequênciasdealelosdo
HLA-DR1eHLA-DR4(epítoposcompartilhados)foram
signi-ficativamentemaioresemES/AReARdoqueempacientes
comESoucontroles.12Noentanto,resultadosobtidosemuma
grandecoortedepacientescaucasianoseuropeuscomESnão
apoiaramaimplicac¸ãodegenes(CCL21,CD244,CDK6)
recen-tementeidentificadoscomodesusceptibilidadeàARnesses
pacientes.13
Aindaassim,oelogenéticorepresentaamelhorexplicac¸ão
paraaocorrênciadesobreposic¸ãoES/AR.35Diversosestudos
demonstramqueasdoenc¸as autoimunesseagrupam
den-trodasfamíliasdepacientescomES.36-39Empopulac¸ãocom
719pacientescomES,aARfoiasegundadoenc¸amais
pre-valenteemumestudodepoliautoimunidade(21%)eamais
comumente observada na autoimunidade familial (18%).34
Issoapoiaoconceitodequeessasdoenc¸aspodemsurgirem
umabasegenéticacompartilhadasubjacenteavários
fenó-tipos autoimunes, sendo o overlapentre ES/AR apenasum
desses.
Szücsetal.descreveramempacientescomsobreposic¸ão
entreES/ARummisto demanifestac¸õesclínicas
caracterís-ticas tantoparaESquantopara AR,compoliartriteerosiva
em 82%, fibrose pulmonar em 77%, acometimento
esofá-gico em 55% e manifestac¸ões cardiovasculares, enquanto
envolvimentorenalocorreuem23%dessespacientes.12
Rela-taram ainda um padrão clínico-sorológico único, já que a
maioria dospacientescomoverlaperamdaformalimitada,
compositividadedoantitopoisomeraseem23%dos
pacien-tes,masanticentrômeropositivoemapenas9%.12 Contudo,
encontramosnesteestudonospacientescomoverlapES/AR
igual proporc¸ão de pacientes com a forma limitada e a
difusa, bem como 50% de positividade do
antitopoisome-raseedoanticentrômero.Alémdomais,aocompararmosas
manifestac¸õesclínicasdospacientesdogrupocomartrite
pre-sente,mesmoosubgrupodesobreposic¸ãoES/AR,comogrupo
depacientescomESsemartrite,nãofoipossívelconfirmar
queooverlapES/ARsejaumaentidadeclinicamentedistinta
dameraassociac¸ãoentreESeAR.
Apresenc¸adefatorreumatoide(FR)jáfoiobservadaem
até25%dospacientescomES,6emconcordânciacomo
pre-senteestudo,queencontroutaxadepositividadedoFRem
22,9%entre61pacientes.Nonossocaso,apresenc¸adeartrite
se correlacionou significativamente com a positividade do
FR. Misraet al. encontraram apositividade doFR em 80%
dospacientescom artritedeformanteemcomparac¸ãocom
13% depositividadenosdemaispacientescomES.6
Encon-tramos FRpositivo em50% dospacientes comartriteeem
100% dos pacientes com artrite deformante relacionada a
alterac¸õesradiográficas,contra9,8%dospacientes
portado-res de ES semartrite. Nesse último grupo de pacientes, o
fator reumatoide provavelmente estava relacionado à
sín-dromedesobreposic¸ão,jáqueosquatropacientesdessegrupo
comFRpositivoapresentavamassociac¸ãocomsíndromede
Sjögren.
Recentemente, por meio da disponibilidade de ensaios
antipeptídeoscíclicoscitrulinados(anti-CCP),aporcentagem
deassociac¸ãocomARanti-CCPpositivotemsidoreportadaem
1%a15%dospacientescomES.5Descreve-seumacorrelac¸ão
estatisticamentesignificativaentreapositividadedoanti-CCP
eapresenc¸adeartritecomerosõesmarginaisempacientes
comES,oquepoderiaauxiliarnodiagnósticodasobreposic¸ão
entreESeARepossibilitar otratamentoapropriado.9
Con-tudo,os anticorposanti-CCPporsimesmosnãodefinema
artritereumatoide,umavezquenãoseconhecea
frequên-ciadapositividadedessesanticorposempacientesportadores
deESsemartrite.5 Encontramosapositividadedoanti-CCP
em 20% dospacientes com ES com artrite presente e em
100% dos pacientes com artrite deformante relacionada a
alterac¸õesradiográficas,contranenhum dospacientes com
ESsemartrite.
Encontramosalterac¸õesradiográficasem42,6%dos
paci-entescom ES,caracterizadassobretudo porreabsorc¸ãodas
falanges distais (65,4%) e calcinose (34,6%) em ambos os
gruposcomesemartrite.Contudo,nospacientescom
sino-vitequeapresentavamalterac¸õesnasradiografiasdasmãos,
artritereumatoideem50%dessespacientes,caracterizadas
por reduc¸ão doespac¸o articular e/ou erosões subcondrais.
Essasalterac¸õesARlikesomenteforamencontradasem
qua-tropacientescomdiagnósticodeoverlapES/AR.Contudo,tanto
empacientescomESeartriteoupacientescomsobreposic¸ão
ES/AR,observou-seapresenc¸adereabsorc¸ãodasfalanges
dis-taisecalcinose,porémessasalterac¸õespatognomônicasde
ESforamobservadasmenoscomumentenosegundogrupo.
Enquantoisso,Allalietal.encontraramalterac¸ões
radiológi-casem80%de46pacientescomESqueapresentavamartrite,
incluindoreduc¸ãodoespac¸oarticularem37%eerosõesem
43%dessespacientes.9Omesmopesquisadorencontroucomo
sítiosmaiscomunsdeocorrênciadeerosõesasarticulac¸ões
interfalangeanasproximaiseasradiocarpais.9Emumacoorte
com58pacientescomES,Schmeiseretal.encontraramsinais
deartriteem31%dospacientes,19%clinicamentee26%
radi-ologicamente.Emmetanálisedeseteestudos,foiobservadaa
prevalênciade26%deartritedetectávelradiologicamenteem
pacientescomES.11
A maior ocorrência de gastrite e valvulopatia cardíaca
observadasomenteempacientescomESeartrite,masnão
nosdemais grupos, podeserexplicada pelo usomais
pro-longado eem maior quantidade de anti-inflamatórios não
hormonais(AINHs)emdecorrênciadasdores articulares.O
grupodepacientescomsobreposic¸ãoES/AR,apesarde
apre-sentarartritepersistente,prontamenteiniciouusodedrogas
modificadorasdocursodadoenc¸a(DMARDs)emdetrimento
do uso de AINHs. O bloqueio da ciclooxigenase causado
pelo uso de AINHs reduz a produc¸ão de prostaglandinas
inflamatórias, altera o balanc¸o de fatores
vasoconstrito-res e dilatadores, contribui com a retenc¸ão hídrica e
elevac¸ão da pressão arterial, ocasiona descompensac¸ãode
insuficiência cardíaca e valvulopatias.40,41 Os pacientes do
estudo com ES e artrite apresentavam maior associac¸ão
com hipertensão arterialsistêmica (dados não publicados)
eos dois pacientes do estudocom ES e artrite, que
apre-sentavamvalvulopatias,não apresentavamassociac¸ãocom
febre reumática,lúpus eritematoso sistêmico ou síndrome
antifosfolípide.
Emrelac¸ãoaousodeDMARDs,aliteraturaéescassasobre
leflunomida (LFD) na esclerose sistêmica. Sebastiani et al.
observaramemtrêspacientesqueaLFDfoicapazdemelhorar
aartriteassociadaàES.Alémdomais,oenvolvimento
orgâ-nicopermaneceuestávelemdoiscasos,enquantoaesclerose
cutâneamelhorounooutropaciente.25
Aeficáciadousoderituximabe(RTX)comodroga
modi-ficadora empacientes com artrite reumatoidejá está bem
documentada.EmpacientescomESseuusopareceserseguro
ebemtolerado.42-44EstudocontroladopréviocomRTX
indi-couqueelepodemelhorarafunc¸ãopulmonardepacientes
comES,42 alémde tersido descritaumamelhoria cutânea
pormeio doescorede Rodnanmodificado42-44oumétodos
histológicos,42,44oquepoderiasugerirumpapelpotencialde
modificadordadoenc¸anoprocessofisiopatológicodefibrose
naES, pormeio da deplec¸ãode linfócitosB.Na AR, a
res-postaclínicaeficaznãosecorrelacionounecessariamentecom
ograudeinfiltrac¸ãodecélulasBemtecidossinoviaisantes
dotratamento.43 Masnamedidaemqueainfiltrac¸ãolocal
de célulasBseja umcomponente importante domodode
ac¸ãodoRTX,Lafyatisetal.salientamqueessaterapiapode
sermaiseficazquandoostecidos-alvomostram infiltrados
repletos de células B, tais como na fibrose pulmonar
associadaàES.43
Nãoforamusadosnosnossospacientesosmedicamentos
biológicos bloqueadoresdo fatorde necrosetumoral
(anti--TNF), embora eles tenham se mostrado úteis e efetivos
no tratamento de artrite inflamatória associada à ES.45–48
Bosello et al.sugeriram que o uso de anti-TNF em médio
prazopoderiaserbenéficotambém parareduzira
progres-são da doenc¸a fibrótica e o controle das ulcerac¸ões.46 No
entanto,outrosestudosnãoobservarammelhoriadoescore
cutâneoedafunc¸ãopulmonarcomaterapia.45,47 Ademais,
Omairetal.relataram malignidades(câncerdemama,
car-cinomabasocelulareleucemia)emumterc¸odospacientes
que receberam terapia anti-TNF47 e atualmente o grupo
europeu deespecialistasempesquisaeensaios com
escle-rodermiaeesclerosesistêmica(Eustar)nãorecomendaouso
rotineiro.48
Emrelac¸ãoaousodeoutrosbiológicosnaES,nãofoi
neces-sário ouso nosnossos pacientes com artritedevido àboa
respostacomusoderituximabe,emboraogrupoEustartenha
concluídoemestudoobservacionalquetocilizumabee
aba-tacepte pareceramserseguroseefetivosnotratamento de
poliartriterefratáriaempacientescomES,porémnãoforam
observadasmudanc¸assignificativasnafibrosepulmonarou
cutâneaemambososgrupos.49
O ponto fraco do estudo foi a heterogeneidade da
populac¸ãoestudada,compacientescomlongoestadiamento
clínicodaenfermidade,bemcomoonúmeropequenode
paci-entes nogrupo de overlapES/AR. Arelevância doestudoé
descreverpelaprimeiraveznopaísascaracterísticas
clínico--laboratoriaisdessasobreposic¸ãoempacientescomES.Ainda,
estetrabalhoratificaopapelrelevantedaradiografiadasmãos,
dofatorreumatoideedoanti-CCPnaavaliac¸ãodeartriteem
pacientescomES.Épossívelcorrelacionarapositividadede
ambosanticorposcomaocorrênciadeassociac¸ãoentreESe
AR.
Conclusões
Enquantoafrequênciadeartriteclínicaobservadaem
paci-entes com esclerose sistêmica foi de 32,8%, a verdadeira
sobreposic¸ão entreesclerosesistêmicaeartritereumatoide
foide6,6%nesteestudo.
Comexcec¸ãodemaiorocorrênciadegastriteevalvulopatia
cardíaca, não seobservaram distintas manifestac¸ões
clíni-casempacientesportadoresdeESepresenc¸adeartriteem
comparac¸ãocomgrupodepacientessemartrite.
Noentanto,opercentualdepacientescomartriteque
apre-sentavamalterac¸õesradiográficasefatorreumatoidepositivo
foisignificativamentemaiordoqueodaquelespacientescom
ESsemartrite.Observou-seaindaafrequênciadeanti-CCP
positivo em20% dospacientes comartrite contranenhum
pacientecomESsemartrite.
Conflitos
de
interesse
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
1. VargaJ,AbrahamD.Systemicsclerosis:aprototypic
multisystemfibroticdisorder.JClinInvest.2007;117(3):557–67.
2. HerrickAL,WorthingtonJ.GeneticepidemiologySystemic sclerosis.ArthritisRes.2002;4(3):165–8.
3. Coral-AlvaradoP,PardoAL,Casta ˜no-RodriguezN,
Rojas-VillarragaA,AnayaJM.Systemicsclerosis:aworldwide globalanalysis.ClinRheumatol.2009;28:757–65.
4. BeyerC,SchettG,GayS,DistlerO,DistlerJHW.Hypoxiainthe pathogenesisofsystemicsclerosis.ArthritisResTher. 2009;11:220–9.
5. ClementsPJ,AllanoreY,KhannaD,SinghM,FurstDE. Arthritisinsystemicsclerosis:systematicreviewofthe literatureandsuggestionsfortheperformanceoffuture clinicaltrialsinsystemicsclerosisarthritis.SeminArthritis Rheum.2012;41:801–14.
6. MisraR,DartonK,JewkesRF,BlackCM,MainiRN.Arthritis inscleroderma.BritishJRheumatol.1995;34:831–7.
7. CatoggioLJ,EvisonG,HarknessJAL,MaddisonPJ.The arthropathyofsystemicsclerosis(scleroderma);comparison withmixedconnectivetissuedisease.ClinExpRheumatol. 1983;1:101–12.
8. RodnanGP,MedsgerTAJr.Therheumaticmanifestationsof progressivesystemicsclerosis(scleroderma).ClinOrthopRel Res.1968;57:81–92.
9. AllaliF,TahiriL,SenjariA,AbouqalR,Hajjaj-HassouniN. Erosivearthropathyinsystemicsclerosis.BMCPublicHealth. 2007;7:260.
10.FernandesSEM,MarquesNetoJF,FinettiRMI,SamaraAM. Manifestac¸õesosteoarticularesnaesclerosesistêmica.Rev BrasReumatol.1988;28(3):65–9.
11.SchmeiserT,Pons-KühnemannJ,ÖzdenF,Müller-LadnerU, DinserR.Arthritisinpatientswithsystemicsclerosis.EuropJ InternMed.2012;23:25–9.
12.SzücsG,SzekaneczZ,ZilahiE,KapitányA,BaráthS,Szamosi S,etal.Systemicsclerosis-rheumatoidarthritisoverlap syndrome:auniquecombinationoffeaturessuggestsa distinctgenetic,serologicalandclinicalentity.Rheumatology. 2007;46:989–93.
13.CoustetB,DieudeP,WipffJ,AvouacJ,HachullaE,DiotE,etal. Associationstudyof3rheumatoidarthritisrisklociin systemicsclerosisinaEuropeancaucasianpopulation.Clin ExpRheumatol.2011;29(65):S6–9.
14.HoogenF,KhannaD,FransenJ,JohnsonSR,BaronM,Tyndall A,etal.2013classificationcriteriaforsystemicsclerosis:an Americancollegeofrhematology/Europeanleagueagainst rheumatismcollaborativeinitiative.AnnRheumDis. 2013;72:1747–55.
15.LeRoyEC,MedsgerTAJr.Criteriafortheclassificationofearly systemicsclerosis.JRheumatol.2001;28(7):1573–6.
16.AletahaD,NeogiT,SilmanAJ,FunovitsJ,FelsonDT,Bingham COIII,etal.2010Rheumatoidarthritisclassificationcriteria. AnAmericanCollegeofRheumatology/EuropeanLeague AgainstRheumatismcollaborativeinitiative.Arthritis Rheum.2010;62(9):2569–81.
17.ValentiniG,D’AngeloS,RossaAD,BencivelliW,Bombardieri S.EuropeanSclerodermaStudyGrouptodefinedisease activitycriteriaforsystemicsclerosis.IV.Assessmentofskin thickeningbymodifiedRodnanskinscore.AnnRheumDis. 2003;62:904–5.
18.MedsgerTAJr.Naturalhistoryofsystemicsclerosisandthe assessmentofdiseaseactivity,severity,functionalstatus,and psychologicwell-being.RheumDisClinNAm.2003;29:255–73.
19.ValentiniG,SilmanAJ,VealeD.Assessmentofdisease activity.ClinExpRheumatol.2003;21(S29):S39–41.
20.RannouF,PoiraudeauS,BereznéA,BaubetT,Le-GuernV, CabaneJ,etal.Assessingdisabilityandqualityoflifein systemicsclerosis:constructvaliditiesoftheCochinhand functionscale,healthassessmentquestionnaire(HAQ), systemicsclerosisHAQ,andmedicaloutcomesstudy36-item shortformhealthsurvey.ArthritisRheum.2007;57(1):94–102.
21.DellavanceA,GabrielAJr,CintraAFU,XimenesAC,Nuccitelli B,TabilertiBH,etal.IIConsensoBrasileirodeFator
AntinuclearemcélulasHep-2.RevBrasReumatol. 2003;43(3):129–40.
22.McClainMT,RamslandPA,KaufmanKM,JamesJA.Anti-Sm autoantibodiesinsystemiclupustargethighlybasicsurface structuresofcomplexedspliceosomalautoantigens.J Immunol.2002;168:2054–62.
23.SatoS,HamaguchiY,HasegawaM,TakeharaK.Clinical significanceofanti-topoisomeraseIantibodylevels determinedbyElisainsystemicsclerosis.Rheum. 2001;40:1135–40.
24.CodulloV,MorozziG,BardoniA,SalviniR,DeleonardiG,Pità O,etal.Validationofanewimmunoenzymaticmethodto detectantibodiestoRNApolymeraseIIIinsystemicsclerosis. ClinExpRheumatol.2007;25:373–7.
25.SebastianiM,GiuggioliD,VespriniE,CarusoA,FerriC. Successfultreatmentwithleflunomideofarthritisin systemicsclerosispatients.Rheumatology.2006;45:1175–6.
26.Sampaio-BarrosPD,BortoluzzoAB,MarangoniRG,RochaLF, DelRioAPT,SamaraAM,etal.Survival,causesofdeath,and prognosticfactorsinsystemicsclerosis:analysisof947 Brazilianpatients.JRheumatol.2012;39:1971–8.
27.SkareTL,LucianoAC,FonsecaAE,AzevedoPM.
Autoanticorposemesclerodermiaesuaassociac¸ãoaoperfil clínicodadoenc¸a.Estudoem66pacientesdosuldoBrasil.An BrasDermatol.2011;86(6):1075–81.
28.JezlerSFO,SantiagoMB,AndradeTL,AraujoNetoC,BragaH, CruzAA.Comprometimentodointerstíciopulmonarem portadoresdeesclerosesistêmicaprogressiva.Estudodeuma sériede58casos.JBrasPneumol.2005;31(4):300–6.
29.MoritaY,MuroY,SugiuraK,TomitaY,TamakoshiK.Results oftheHealthAssessmentQuestionnaireforJapanese patientswithsystemicsclerosis–measuringfunctional impairmentinsystemicsclerosisversusotherconnective tissuediseases.ClinExpRheumatol.2007;25:367–72.
30.PopeJ.Measuresofsystemicsclerosis(Scleroderma).Arthritis CareRes.2011;63(S11):S98–111.
31.MerkelPA,HerlynK,MartinRW,AndersonJJ,MayesMD,Bell P,etal.Measuringdiseaseactivityandfunctionalstatusin patientswithsclerodermaandRaynaud’sphenomenon. ArthritisRheum.2002;46(9):2410–20.
32.GeorgesC,ChassanyO,MouthonL,TievK,ToledanoC,Meyer O,etal.ValidationofFrenchversionoftheScleroderma HealthAssessmentQuestionnaire(SScHAQ).ClinRheumatol. 2005;24:3–10.
33.DanieliE,AiròP,BettoniL,CinquiniM,AntonioliCM, CavazzanaI,etal.Health-relatedqualityoflifemeasuredby theShortForm36(SF-36)insystemicsclerosis:correlations withindexesofdiseaseactivityandseverity,disability, anddepressivesymptoms.ClinRheumatol.2005;24:48–54.
34.HudsonM,Rojas-VillarragaA,Coral-AlvaradoP, López-GuzmánS,MantillaRD,ChalemP,etal.
Polyautoimmunityandfamilialautoimmunityinsystemic sclerosis.JAutoimm.2008;31:156–9.
35.AgarwalSK,TanFK,ArnettFC.Geneticsandgenomicstudies inscleroderma(systemicsclerosis).RheumDisClinNAm. 2008;34(1):17–40.
36.KoumakisE,DieudéP,AvouacJ,KahanA,AllanoreY.Familial autoimmunityinsystemicsclerosis–resultsofa
37.HemminkiK,LiX,SundquistJ,SundquistK.Familial associationsofrheumatoidarthritiswithautoimunediseases andrelatedconditions.ArthritisRheum.2009;60(3):661–8.
38.JawaheerD,SeldinMF,AmosCI,ChenWV,ShigetaR, MonteiroJ,etal.Agenomewidescreeninmultiplex rheumatoidarthritisfamiliessuggestsgeneticoverlapwith otherautoimunediseases.AmJHumGenet.2001;68:927–36.
39.CaramaschiP,BiasiD,VolpeA,CarlettoA,CecchettoM, BambaraLM.Coexistenceofsystemicsclerosiswithother autoimunediseases.RheumatolInt.2007;27:407–10.
40.McGettiganP,HenryD.Currentproblemswithnon-specific COXinhibitors.CurrPharmDes.2000;6(17):1693–724.
41.BrooksPM,KeanWF,KassamY,BuchananWW.Problems ofantiarthritictherapyintheelderly.JAmGeriatrSoc. 1984;32(3):229–34.
42.DaoussisD,LiossisSNC,TsamandasAC,KalogeropoulouC, KazantziA,SirinianC,etal.Experiencewithrituximabin scleroderma:resultsfroma1-year,proof-of-principlestudy. Rheumatology.2010;49:271–80.
43.LafyatisR,KissinE,YorkM,FarinaG,VigerK,FritzlerMJ,etal. Bcelldepletionwithrituximabinpatientswithdiffuse cutaneoussystemicsclerosis.ArthritisRheum. 2009;60(2):578–83.
44.SmithV,PraetJTV,VandoorenB,DerCruyssenBV,Naeyaert JM,DecumanS,etal.Rituximabindiffusecutaneous
systemicsclerosis:anopen-labelclinicaland histopathologicalstudy.AnnRheumDis.2010;69: 193–7.
45.PhumethumV,JamalS,JohnsonSR.Biologictherapy forsystemicsclerosis:asystematicreview.JRheumatol. 2011;38:289–96.
46.BoselloS,DeSantisM,TolussoB,ZoliA,FerraccioliG.Tumor necrosisfator-␣ inhibitortherapyinerosivepolyarthritis secundarytosystemicsclerosis.AnnInternMed. 2005;143(12):918–20.
47.OmairMA,PhumethumV,JohnsonSR.Long-termsafetyand effectivenessoftumournecrosisfatorinhibitorsinsystemic sclerosispatientswithinflammatoryarthritis.ClinExp Rheumatol.2012;30(71):S55–9.
48.DistlerJHW,JordanS,AiròP,Alegre-SanchoJJ,AllanoreY, GurmanAB,etal.IstherearoleforTNF-␣ antagonistsinthe treatmentofSSc?EUSTARexpertconsensusdevelopment usingtheDelphitechnique.ClinExpRheumatol. 2011;29(65):S40–5.