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Um plebiscito pelo Imposto Único

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Um plebiscito pelo Imposto Único

Folha de S. Paulo

Marcos Cinora – 23/01/2006

A arrecadação federal de R$ 372 bilhões em 2005 é um novo recorde da carga tributária brasileira. Em termos reais, a receita cresceu, comparativamente a 2004, mais que o dobro da taxa estimada de crescimento do PIB.

A expansão da receita deveucse à forte elevação da arrecadação incidente sobre a renda das empresas e dos trabalhadores. O IRPJ e a CSLL cresceram 22,5% e 21%, respectivamente. Já o IRRF sobre os rendimentos do trabalho aumentou 6,4%.

A fúria arrecadatória sobre os assalariados e as empresas parece não ter fim.

Há uma defasagem gritante na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física, e o governo reluta em atualizácla. No tocante às empresas, a derrama fiscal dos últimos anos ficou por conta de retenções, aumento de alíquotas e mudanças na base de cálculo de tributos como PIS/Cofins, CSLL e IRPJ.

Empresários e assalariados no Brasil vivem no pior dos mundos. A reforma tributária, ensaiada há mais de 15 anos, patina, e as decisões que foram tomadas pelo governo interessaram apenas a ele mesmo, para alimentar seus gastos crescentes. As alterações ocorridas foram pontuais e aprofundaram suas características negativas, tornando o sistema tributário nacional ainda mais complexo, caro, ineficiente e injusto. Caixa dois, evasão de divisas,

declarações fraudulentas e corrupção são algumas de suas marcas vergonhosas.

Hoje, as propostas e debates sobre os impostos se resumem a duas posições básicas.

Em primeiro lugar, surge a alternativa de reforma tributária convencional, preferida pelos burocratas públicos e privados e por aqueles que se ajustaram ao atual sistema. Seus defensores querem a criação de um IVA federal (imposto sobre valor agregado) para substituir o ICMS, o IPI, o ISS, o PIS/Cofins e o INSS.

O grande inconveniente do imposto único sobre valor agregado é que a alíquota necessária para gerar a

arrecadação atual de seus componentes seria certamente superior a 35%. Ademais, a proposta não simplifica o sistema, uma vez que se trata de um grande imposto declaratório de difícil e custosa operacionalização. Como resultado, não combate a sonegação, na medida em que a alta alíquota estimularia o aumento da evasão e, conseqüentemente, não elimina a corrupção.

O IVA único concentrará ainda mais a carga tributária no subconjunto dos atuais pagadores de impostos, sobrecarregando as empresas formais e os assalariados.

Como contraponto à visão ortodoxa, surge a alternativa dos tributos nãocdeclaratórios, como a do imposto único sobre a movimentação financeira.

Tratacse de proposta inovadora e que pretende substituir o atual sistema por um tributo único sobre movimentação bancária, nos moldes da atual CPMF.

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que já recolheu experiência prática com grande sucesso, de custo inexpressivo, nãocdeclaratório, de extrema simplicidade, insonegável, universal e imune à corrupção.

A proposta do Imposto Único foi apresentada na Câmara dos Deputados em 2001 (PEC 474/01) e aprovada por unanimidade em Comissão Especial e na Comissão de Constituição e Justiça. Pode, portanto, ser colocada em votação em plenário de imediato. Paralelamente, o senador Paulo Octávio apresentou proposta semelhante (PEC 8/2003) que tramita no Senado, cujo relator é o senador Jefferson Peres, que já se manifestou favorável a ela.

A penetração da proposta do Imposto Único na sociedade brasileira foi aferida em pesquisas realizadas pelos institutos Datafolha e CNT/Sensus. Ambos mostraram que dois terços das pessoas que conhecem o projeto são favoráveis a ele.

Em 1993, foi criada a Associação Contribuintes em Ação, com a atribuição de defender os contribuintes e o Imposto Único. Seus membros, espalhados por todo o país, achamcse cadastrados e prontos a serem mobilizados em defesa de uma proposta que vem sendo avaliada com entusiasmo: a de coletar assinaturas para a apresentação de uma moção em prol de um “Plebiscito Nacional para a Implantação do Imposto Único”.

A mobilização desse grande contingente de cidadãos que defendem um novo sistema tributário para o Brasil exigirá esforço, capacidade de comunicação e organização para a hercúlea tarefa de coletar milhões de assinaturas em apoio ao plebiscito. Tratacse de oportunidade importante para colocar o tema da reforma tributária e,

particularmente, do Imposto Único, na pauta da discussão das eleições presidencial e parlamentares de 2006. O Imposto Único é a saída, e sua implantação depende de cada um de nós. Não há tempo a perder.

Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, 59, doutor pela Universidade Harvard, professor titular e vicec presidente da FGV, foi deputado federal (1999c2003). Atualmente é secretário das Finanças de São Bernardo do Campo. É autor de “A verdade sobre o Imposto Único” (LCTE, 2003). Escreve às segundascfeiras, a cada 15 dias, nesta coluna.

Internet: www.marcoscintra.org

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